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Psicologia Comunitária 4 - Políticas Públicas e Estratégias de Ação Comunitária

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18/01/2023 12:01 Políticas públicas e estratégias de ação comunitária
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03564/index.html# 1/40
Políticas públicas e estratégias
de ação comunitária
Prof. Renato Cezar Silvério Júnior
Descrição
A Psicologia Comunitária e suas formas de atuação, a importância das políticas públicas para as mudanças sociais, a regionalização da Psicologia
Comunitária na América Latina e a atuação do psicólogo comunitário em instituições.
Propósito
O trabalho com comunidades é primordial para as mudanças sociais e a produção de saúde mental. É importante que o psicólogo tenha
consciência das contradições e potencialidades ao atuar na área social, além de conhecimento sobre políticas públicas e atuação em instituições
para que o seu trabalho tenha significado e eficiência.
Objetivos
Módulo 1
Formas de abordagem da Psicologia Comunitária
Identificar as formas de atuação em Psicologia Comunitária.
Módulo 2
Relações comunitárias: solidariedade e autonomia
Reconhecer o compromisso social para geração de autonomia e saúde.
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Módulo 3
O trabalho comunitário na América Latina
Analisar a regionalização latino-americana da Psicologia Social Comunitária.
Módulo 4
A instituição como via de acesso à comunidade
Identificar a relação entre instituição e comunidade.
Introdução
O que seria uma comunidade? Fazemos parte de comunidades? Como as vivências nesses espaços influenciam nosso emocional, nossa tomada de
decisões e como as interações nas vivências comunitárias acontecem? Seria possível separar totalmente o sujeito das comunidades das quais ele
faz parte? Como atua o psicólogo nas comunidades?
Todos fazemos parte de uma comunidade e as relações que ali se estabelecem atuam diretamente na nossa subjetividade, na nossa forma de
produzir saúde e de interpretar o mundo. Esse não é um movimento individual, é primordialmente coletivo. As nuances de cada comunidade estão
interligadas com sua herança histórica, sua cultura local, sua classe social, suas expressões de gênero e etnias. Isso configura um complexo desafio
de atuação para o psicólogo.
A Psicologia Comunitária é uma forma de trabalho recente em Psicologia que visa expandir a prática para além do atendimento tradicional e
individual, levando e produzindo saúde no coletivo e com autonomia.
Para nos introduzirmos nessa forma de trabalho, é necessário muito estudo, reflexão, diálogo, experimentações e relações diretamente com o local
que estamos nos propondo a trabalhar, pois as demandas, a forma de trabalho e as conclusões são produzidas diretamente nas relações
comunitárias.
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1 - Formas de abordagem da Psicologia Comunitária
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as formas de atuação em Psicologia Comunitária.
O que é Psicologia Comunitária?
Prática a partir das realidades locais
Quando falamos de Psicologia Comunitária, estamos falando de uma Psicologia que se expande para além do consultório tradicional, da
intervenção individual e do simples atendimento de demandas das instituições de ensino, trabalho, hospitalares etc.
Exemplo
A professora de Juquinha se queixa de que o garoto não presta atenção na aula e faz bagunça em sala. Um psicólogo tradicional poderia pensar em
intervenções, diagnósticos, pontuações, modelagens e atitudes a serem tomadas diretamente com Juquinha, sua professora e família.
Quando falamos em uma perspectiva comunitária, o foco é outro: quem mais na sala faz bagunça? Se não estão interessados na aula, estão
interessados em quais assuntos? As crianças que prestam atenção na aula se organizam de que forma? Quais as concepções que as crianças têm
de escola? O que chama a atenção dessas crianças, quais assuntos, quais angústias e curiosidades essas crianças têm e como a escola cria ou não
espaços para isso ser trabalhado, discutido?
A indisciplina é um aspecto, uma demanda que simboliza apenas o final de processos que essas crianças estão vivendo. Ela não contempla
questões mais abrangentes como:
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As famílias dessa comunidade estão implicadas no processo escolar?
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Como se dá o diálogo entre escola e comunidade?
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
Como podemos modificar o diálogo a fim de produzir entendimento para as crianças, suas famílias e a escola?
Juquinha, assim como outros indisciplinados da sala, podem estar simbolizando um descompasso entre metodologia de ensino, cultura local,
temas cotidianos e instituição escolar.
Se apenas reinserirmos novamente Juquinha no cotidiano escolar, sem entender suas demandas e o que significavam os problemas que ele
apresentou, não haverá autonomia, pois pensaremos por Juquinha a partir das perspectivas que nós julgamos serem as melhores. Estudar é
fundamental, mas haveria problemas com a metodologia, com a instituição ou fatores afetivos e coletivos que impedem esse estudo formal?
Estamos falando de uma Psicologia que dialoga com os sujeitos em suas interações sociais, que procura entender a organização, a cultura e o
emocional de cada espaço em vez de levar um saber pronto do que é bom ou ruim, do que deve ou não ser feito, do que é assertivo ou inadequado.
Portanto, a Psicologia Comunitária é uma prática ampla que se faz a partir das realidades locais, tendo a comunidade como protagonista ativa de
significados, deixando de lado saberes especializados que muitas vezes não dialogam com as realidades locais e que podem estar enviesados de
moralismos e cristalizações culturais.
Psicologia Social e Psicologia Comunitária
A Psicologia Comunitária é uma vasta área dentro da Psicologia Social, que visa promover intervenções em comunidades como modo próprio de
trabalho. Portanto:
A comunidade é a protagonista do processo e não o especialista.
O trabalho em Psicologia Comunitária tem os seguintes objetivos:
Entender os direitos e deveres dos sujeitos sociais.
Facilitar e fortalecer os vínculos comunitários, a organização social e a promoção de saúde e cidadania. 
Vasconcelos (1987) já explicava que a Psicologia Comunitária seria um novo paradigma (modelo, padrão a ser seguido) de trabalho dentro da
Psicologia, que agora pretende atingir outras camadas sociais, principalmente as populares, oferecendo intervenções e diálogos diferentes dos
tradicionais.
Essa Psicologia, assim, trata o ser humano da seguinte maneira:
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Não percebe o ser humano como uma individualidade independente e separada de seu campo social.
Percebe o ser humano como um ser interdependente e produtivo dentro dessas mesmas relações.
É por isso que o exemplo do aluno Juquinha não pode ser tomado como um caso isolado, pois todas as crianças sempre estão em relação com
outros seres humanos em suas comunidades, e a indisciplina de Juquinha (e de muitos outros) é construída dentro desse contexto.
Essas relações é que são objeto de estudo da Psicologia Comunitária, e não o sujeito individual numa perspectiva
de adaptação sem crítica ao meio.
Gomes (1999) destaca que o termo Psicologia Comunitária seria de difícil conceituação, pelos seguintes motivos:
Dependeria muito do referencial teórico adotado pelo profissional, sendo múltiplas abordagens possíveis.
Dependeria do caráter processual, isto é, conforme vai a campo, o profissional vai desenvolvendo sua forma de trabalho, de acordo com as
relações que são estabelecidas e o contexto comunitário.
Esse aspecto não deve ser visto como uma fragilidade teórica e técnica, mas sim como uma característica da constante criatividade eflexibilidade
necessárias para atuar nesse campo, junto com a complexidade dos problemas sociais.
A Psicologia Comunitária possui uma abordagem pragmática.
Ela é voltada para a prática e dá muito mais ênfase às relações comunitárias do que a fatores intrapsíquicos.
O que é uma comunidade?
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Associação de pessoas
Comunidade seria uma associação de pessoas (um bairro, uma escola, um hospital, uma organização etc.) em que existam alguns interesses,
crenças e sentimentos em comum e, principalmente, vinculação afetiva entre seus membros, dada a constância de convivência.
Cada comunidade tem sua cultura, sua forma específica de convívio, e seus sistemas de relacionamentos têm certa continuidade no tempo e no
espaço.
Assim, a Psicologia Comunitária surge como uma tentativa de produzir saúde mental nas comunidades, tendo o cuidado de manter os sujeitos
ativos diante das demandas e soluções que vão se construindo naquele espaço, ajudando a produzir cidadania e saúde mental e reduzindo
vulnerabilidades.
Se a Psicologia Comunitária não acontece dentro dos consultórios tradicionais nem deve estar subordinada aos interesses de empresas, escolas,
partidos e outras instituições, onde essa Psicologia vai acontecer?
A atuação do psicólogo comunitário se dá diretamente na relação com a comunidade, de forma coletiva e dialógica. Essa atuação pode ocorrer em
repartições públicas como:
CRAS
Centro de Referência de Assistência Social.
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CREAS
Centro de Referência Especializado de Assistência Social.
CAPS
Centro de Atenção Psicossocial.
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UBS
Unidade Básica de Saúde.
Além desses, projetos sociais, ONGs (organizações não governamentais), centros comunitários e até mesmo instituições religiosas com projetos
voltados para a diminuição de vulnerabilidades sociais, desde que o profissional separe muito bem sua atuação profissional como psicólogo das
intervenções religiosas, também são espaços em que o psicólogo comunitário pode atuar.
Políticas públicas e Psicologia Comunitária
A Psicologia Comunitária está sempre em interação com as políticas públicas, já que um de seus maiores objetivos é diminuir a vulnerabilidade
social e gerar autonomia.
O que são políticas públicas?
Em linhas gerais, são as decisões de um governo de como resolver demandas e problemas de grande relevância social e a definição dos
mecanismos para execução dessas decisões. Elas demandam ação e mudanças. As políticas públicas sempre precisam de marcos (leis) que
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respaldem a sua execução (BUCCI, 2017).
Atenção!
É sempre importante que o psicólogo comunitário fique atento às políticas públicas para respaldar seu trabalho e poder ser promotor da diminuição
de vulnerabilidades sociais.
Há inúmeras políticas públicas em andamento. Veja algumas delas a seguir:
Direito do uso de nome social por pessoas transexuais.
Recebimento de auxílios financeiros atrelados à participação em programas sociais para pessoas de baixa renda.
Inclusão de pessoas com deficiência.
Cotas para a população negra.
Disque denúncia para violência.
Estratégias contra o feminicídio.
Campanhas de vacinação.
Acolhimento à população de rua.
Demarcação de terras indígenas.
Reforma agrária.
Aposentadoria.
Um bom exemplo de política pública é o NASF (Núcleo Ampliado de Saúde da Família). Esse programa visa reorganizar a forma de promover saúde
junto com a população, realizando atendimentos, diálogos e acompanhamentos fora das instituições, dentro da própria comunidade e em interação
com sua cultura regional, tendo o grupo familiar como ponto de partida.
É preciso haver uma mudança de paradigmas, não esperando os problemas se expressarem para que se busque ajuda pontual em ambulatórios. Em
vez disso, deve-se ajudar a população a entender seus próprios hábitos, suas demandas e formas de se organizar a fim de produzir uma sociedade
mais saudável.
Isso é o que chamamos de atenção primária à saúde.
O próprio conceito de saúde não é algo fechado e pronto, pois ele implica o envolvimento e o entendimento dos sujeitos no processo, ou seja, não é
algo que pode ser definido apenas pelo estado físico funcional. Saúde não significa a ausência de doenças, mas sim os recursos que os sujeitos
podem desenvolver para lidar com os problemas e perturbações que a vida traz (ALMEIDA FILHO, 2012).
A abordagem em Psicologia Comunitária é primordialmente de atenção primária.
Ao propor essa reorganização na forma de produção de saúde, muitas relações comunitárias se farão presentes no processo.
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Os profissionais (agentes comunitários, médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, educadores físicos etc.)
devem estabelecer rotinas e relações que vão muito além das instruções pontuais e das atitudes estruturadas.
Exemplo
Dona Olga é uma senhora de 68 anos que vive sozinha há muito tempo. Ela vai constantemente à UBS para aferir sua pressão, pois sofre de
hipertensão arterial. As técnicas de Enfermagem percebem que Dona Olga costuma ir até a unidade com mais frequência do que deveria, pois o
momento da consulta é um dos poucos nos quais interage com outras pessoas.
Quando os agentes comunitários vão até sua casa, ela os convida para entrar e, muitas vezes, se queixa de mal-estar físico para poder estender a
conversa. Começa a ficar claro que o que dona Olga realmente anseia é convivência! A hipertensão é apenas uma demanda explícita do que ela
precisa, pois a demanda implícita (aquela que não é dita e muitas vezes nem percebida pelo sujeito) é que ela precisa ter trocas com outros seres
humanos.
Perceba que, assim como Dona Olga, todas as pessoas necessitam de convivência, inclusive para a construção daquilo que chamamos rede de
apoio: vinculação com pessoas que possuem proximidade e laços afetivos no dia a dia, fornecendo suporte material e emocional, bem como
significações de vida.
Fenômenos sociais e assistência social
O assistencialismo
Assistir alguém significa amparar, cuidar, ajudar e/ou auxiliar. É algo necessário e que faz parte da própria condição humana. Porém, o
assistencialismo é outra coisa: trata-se de uma política que presta auxílio aos mais necessitados, mas sem um projeto que retire a população de sua
posição de dependência. Por exemplo: num projeto que dê marmitas à população de rua, a marmita resolve o problema da fome temporariamente,
mas é preciso criar formas de essa população se engajar significativamente e conseguir seu próprio alimento, além de outras necessidades.
Atrelado ao assistencialismo vem o economicismo, a ideia de que todos os problemas sociais podem ser resolvidos apenas com dinheiro, que a
ajuda é sempre física, restringindo-se à alimentação, ao vestuário e à moradia. É como diz Souza:
Tende a reduzir todos os problemas sociais e políticos à lógica da acumulação econômica.
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(SOUZA, 2009, p. 16)
Embora o capital seja muito importante e as necessidades básicas humanas precisem estar garantidas, é da Sociologia e da Psicologia que vem
uma grande contribuição:
O ser humano é social e cultural, precisa de vínculos, de simbolizações que extrapolem o capital, de conexões e
produções de significados para sua existência,apenas o material não basta.
Somente assim problemas como a violência, o abandono e o adoecimento poderão ser estabilizados. Mais do que a sobrevivência, é necessário
produção de significados de vida.
A Psicologia Comunitária trabalha em formatos diferentes do assistencialismo e do economicismo, já que um de seus objetivos é promover a
autonomia da comunidade. Infelizmente, em nosso país, o assistencialismo é um fenômeno popular e de grande alcance cultural. Existem muitos
grupos políticos, religiosos, empresariais e de organizações não governamentais que, mesmo que sejam atravessados por boas intenções, acabam
apenas reproduzindo o assistencialismo por meio de intervenções e doações que “resolvem” o problema apenas por um curto período.
O Bolsa Família é um programa assistencialista?
Tendo sido substituído pelo Auxílio Brasil desde abril de 2022, o Bolsa Família é uma política pública que visa auxiliar as famílias mais vulneráveis
socialmente, mediante pagamento mensal de transferência e complementação de renda (cerca de R$400,00 em 2022).
Se o assistencialismo é uma política que visa manter a população dependente do auxílio, o programa Bolsa Família (ou Auxílio Brasil) não pode ser
considerado assistencialista justamente porque, para receber o auxílio, é preciso que a família se comprometa com várias ações sociais. São elas:
Rotina de consultas e carteira de vacinação em dia.
Frequência dos menores de idade à escola.
Participação em grupos de convivência comunitária (dentro de CRAS, CREAS, UBS etc.).
Acompanhamento permanente com a assistência social.
Sistema Único de Assistência Social
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Os benefícios de transferência de renda fazem parte das importantes políticas públicas para garantia de proteção social do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS), que realiza a gestão nacional da assistência social no Brasil. O SUAS foi instituído em 2005 e teve sua continuidade
assegurada pela Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011.
O SUAS respalda-se na Constituição de 1988, que coloca a assistência social como direito do cidadão e dever do Estado. Em 1993, é publicada a Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS, ampliando sua atuação.
Dito isso, compõem o tripé da seguridade social brasileira:

SUAS

SUS

Previdência Social
Este tripé de seguridade social brasileira, em teoria, compõe milhares de políticas públicas das mais bem estruturadas do planeta.
Comentário
Nossa legislação social é considerada uma das mais avançadas do mundo! A complexidade está em colocá-la em prática, principalmente quando
falamos das dificuldades da dinâmica político-partidária brasileira e da falta de capacitação e gestão dos técnicos.
O psicólogo comunitário, juntamente com a equipe interdisciplinar com a qual atua, tem grandes desafios. Vejamos dois deles a seguir:
A maioria das pessoas não tem conhecimentos sobre seus direitos e deveres e tampouco sabem se inserir nas políticas públicas para
usufruir de um atendimento em rede.
Os próprios trabalhadores dessa rede não têm muita noção de como executar seu trabalho para além do assistencialismo e do saber técnico,
de como se aproximar da população sem levar um conhecimento pronto e idealizado sobre o que deve ser feito, de como manejar situações
comunitárias partindo da realidade na qual se está inserido, ao mesmo tempo que mantém o protagonismo da comunidade.
As relações comunitárias são complexas e únicas, não havendo um roteiro prévio de quais intervenções funcionam e quais não. É sobre esse
aspecto que estudaremos melhor mais à frente.
Desconhecimento dos direitos e deveres 
Incompreensão da eficácia do trabalho assistencial 

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Políticas públicas e Psicologia Comunitária
Entenda as principais características do campo de atuação chamado Psicologia Comunitária em interface com as políticas públicas brasileiras.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
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A Psicologia Comunitária é um campo pragmático de atuação e que possui uma metodologia processual, isto é, que vai criando sua forma de
trabalho enquanto estabelece relações com a comunidade atendida. Nessa perspectiva, sobre a Psicologia Comunitária, assinale a alternativa
correta.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A Psicologia Comunitária visa dar voz à comunidade e suas demandas, não leva um saber ou técnica pronta para atuar. O compromisso é
sempre com as demandas locais da comunidade, que só podem ser conhecidas após o estabelecimento de vínculos e o relacionamento dos
membros com o profissional.
Questão 2
Ao atuar em Psicologia Comunitária, é importante estar atento às políticas públicas de nosso país, afinal, essas políticas vão respaldar e
instrumentalizar nosso trabalho em busca de cidadania e saúde. O que seriam políticas públicas?
Parabéns! A alternativa B está correta.
A
Constitui-se de clínicas comunitárias que oferecem psicoterapia individual a baixo custo ou gratuitamente para a população
mais vulnerável.
B Possui técnicas próprias e bem definidas de como levar informação, diálogo e assertividade para a comunidade.
C Utiliza-se sempre de referencial fenomenológico para a atuação do profissional.
D Parte sempre das demandas da comunidade atendida, comprometendo-se com essas demandas.
E É um saber especializado que define o que é saudável ou não para uma comunidade. 
A A publicidade feita em torno de figuras políticas para eleição e reeleição.
B Ações para resolução de demandas de grande relevância social.
C A concepção de que com recursos financeiros se pode resolver todos os problemas sociais.
D Uma ajuda pontual à população, mas que mantém a população dependente dessa ajuda.
E Um conjunto de ações assistencialistas e economicistas.
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As políticas públicas constituem-se em ações dos governos para sanar demandas de grande relevância social. Elas não devem estar atreladas
a ações de marketing partidário nem podem se respaldar no economicismo ou no assistencialismo.
2 - Relações comunitárias: solidariedade e autonomia
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o compromisso social para geração de autonomia e saúde.
Compromisso social e construção de autonomia pela comunidade
Na perspectiva da Psicologia Comunitária, não existe uma dicotomia entre a individualidade e a comunidade: nossos desejos, nossa cultura, nosso
comportamento e significações de vida são feitos a partir das interações que temos em nossa comunidade.
As relações comunitárias são produtoras de nossa individualidade e, por sua vez, também produzimos parte das
relações comunitárias.
Não se trabalha com um sujeito único porque esse sujeito é uma expressão das relações nas quais está inserido. Alunos indisciplinados, idosos
depressivos, adolescentes atuando com comércio ilegal, maridos violentos, estigmas com a população de rua etc. São todos exemplos de
problemas sociais, não estão “dentro” dos sujeitos, mas se constroem nas interações desses sujeitos. Por isso a abordagem não é individual, e o
psicólogo deve sempre pensar na possibilidade de solidariedade entre membros como forma de gerar redes de apoio, soluções e entendimentos de
problemas com autonomia.
Bock (2007) discute o conceito de compromisso social, criado por Silvia Lane, que poderia ser visto como um compromisso do psicólogo ao atuar
na sociedade de forma a compreender e comprometer-se com a realidade brasileira e latino-americana na construção justa e igualitária. É precisoque o psicólogo comunitário saiba identificar as demandas de sua comunidade de atuação de acordo com os interesses da população atendida e se
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comprometa com essa perspectiva, não levando pontos de vista moralistas de um sistema hegemônico burguês, mas partindo do ponto de vista
daquele local.
Valores comunitários
É sempre importante que se construa um espaço de fala em que todos possam se expressar e ser ouvidos. O psicólogo pode e deve ser mediador
da construção desse espaço, porém ele não é o detentor do saber, pois o saber será produzido pelo grupo.
Todos os espaços construídos por pessoas são constituídos por contradições e violências (físicas ou simbólicas), e isso faz parte da condição
falha do ser humano.
Com as comunidades não é diferente, uma vez que há muitos preconceitos de classe com a população de alta vulnerabilidade, assim como esses
preconceitos também estão presentes na própria relação dessas pessoas umas com as outras.
A mudança desse paradigma é lenta, pois as pessoas precisam se conscientizar de sua interdependência para que as mudanças realmente possam
acontecer. O individualismo contemporâneo é um dos grandes desafios a serem superados.
Assim, temos as seguintes reflexões que precisam ser feitas na atuação com comunidades:
Somente a partir dessa tomada de consciência é que pode existir solidariedade e autonomia.
Não existe uma fórmula pronta para se promover essas mudanças, pois, como já estudamos até aqui, a atuação em Psicologia Comunitária é
processual:
O pro�ssional pode levar alguns disparadores, porém, as demandas sempre partem do grupo, de sua realidade local.
Quais as culturas produzidas no local?
Como as relações de gratuidade podem ser valorizadas e ampliadas ajudando a construir novos significados para além da dominação
do paradigma de consumo?
Como as pessoas constroem seu autoconceito e como enxergam seus pares?
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Imagine um grupo de adolescentes de uma comunidade com alta vulnerabilidade que utiliza entorpecentes (álcool, maconha, cocaína, crack etc.).
Seria efetivo simplesmente realizar palestras explicando os riscos dessas substâncias para o corpo e dizer que é errado utilizá-las? Evidentemente
que não, pois essa é uma metodologia fadada ao fracasso. O uso de entorpecentes é apenas uma parte das vivências daquele grupo, constituindo-
se um efeito de suas relações produzidas.
Estratégias da Psicologia Comunitária
Vínculo com o grupo
Primeiramente, é importante vincular-se ao grupo. O profissional não é um elemento neutro, ele traz sua história, sua subjetividade e suas
representações sociais ao entrar em qualquer tipo de relação com o grupo. Os seguintes aspectos como:
Sua vestimenta.
Seu vocabulário.
As características da classe social a qual pertence.
A região de onde veio.
Sua expressão de gênero.
Sua etnia etc.
Tudo isso vai permear a construção da vinculação com o grupo que, a partir de sua cultura, vai atribuir significados à presença daquele profissional
e de quem ele é.
É preciso estar muito atento a esse aspecto. A neutralidade se torna impossível, pois é do ser humano atribuir significados às suas relações. O
profissional também deve estar atendo aos sentimentos e significados que desenvolve acerca daquele grupo com o qual se propõe a trabalhar.
Em um segundo momento, é importante construir espaço de fala e escuta para o grupo, pois é esse espaço que vai fundamentar a construção de
laços comunitários mais solidários. Antes mesmo de pensar no uso de entorpecentes, é preciso que o grupo vá pensando sua identidade:
Não se deve romantizar a relação com comunidades vulneráveis, pois elas são compostas de seres humanos e, como tais, estão cheias de defeitos
e paradoxos. Não basta apenas ter “boas intenções” para que o trabalho ocorra. Haverá conflitos entre membros, conflitos entre membros e
profissional e conflitos com a instituição. Esses conflitos fazem parte do trabalho e deles se deve tirar muitas reflexões, uma vez que são material
clínico a ser trabalhado e pensado.
Como é sua rotina? Quais são seus valores? O que acham engraçado? Quais assuntos são tabus e
ironizados?
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Regras morais, medo e punição para reprimir essa “indisciplina” natural do grupo em vez de pensar a respeito delas são atitudes perigosas, pois não
promovem a reflexão e a autonomia, podendo gerar revolta, submissão, apatia etc.
O espaço de fala
Quando o espaço de fala é instituído, os afetos começam a circular e o grupo vai percebendo aquilo que não percebia antes. O uso de entorpecentes
de forma destrutiva pode simbolizar muitas outras coisas e processos, por exemplo:
Conflitos e expectativas com a família.
Frustrações, desamparo, solidão e baixa autoestima.
Dificuldade de produzir relações significativas.
Dificuldade de se sentir útil e participante etc.
Sentimentos que podem estar sendo reprimidos ou disfarçados com ironia.
O trabalho com o grupo deve pautar-se nessas demandas implícitas e aproximar-se delas é algo gradual, com grandes oscilações e tentativas.
Conforme o grupo toma consciência de parte dos processos nos quais está inserido, decisões podem ser tomadas, novas formas de vivências são
desenvolvidas e a autonomia começa a ser construída.
A autonomia é um dos grandes objetivos de toda intervenção em Psicologia Comunitária e precisa ser produzida
em qualquer grupo de atuação (jovens, população de rua, mulheres, idosos, homens etc.).
Perceba que o ato de o profissional realizar apenas palestras sobre o perigo do uso de entorpecentes é um posicionamento elitista, pois o saber é
levado já pronto, em uma linguagem moralista de certo ou errado, bem como é produzido em outro ambiente, com outros alicerces culturais e
afetivos de classe. O encontro daqueles jovens com os entorpecentes pode ter significações totalmente diferentes das imaginadas por um saber
burguês. Não se trata de juízo de valores de qual saber é melhor, mas de linguagem e cultura, de qual saber pode fazer sentido.
Outro perigo é utilizar preceitos religiosos para justificar o que é proibido com valores metafísicos, abstratos e de imposição.
Isso não é promover autonomia, não é colocar o grupo para pensar a partir de sua realidade e, portanto, não é Psicologia Comunitária.
Embora os valores religiosos sejam muito comuns na cultura comunitária, não cabe ao psicólogo utilizar desses valores para criar regras, doutrinar,
justificar ou modelar comportamentos.
Historicamente, a Igreja Católica esteve presente em muitos bairros de alta vulnerabilidade e suas comunidades eclesiais de base tiveram
importante papel na organização da autonomia popular e na luta por direitos, principalmente entre as décadas de 1960 e 1970.
Recomendação
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Um psicólogo pode até ser religioso e ter atuações dentro de sua crença, porém, quando o faz, está exercendo seu direito como cidadão e não deve
utilizar a Psicologia simultaneamente às práticas religiosas (naquele momento ele é missionário, catequista, evangelizador, filho de fé etc. e não
está atuando como psicólogo, isso deve estar claro).
Apesar de reconhecer a religião como direito e muitas vezes produtora de saúde mental, nenhuma abordagem em Psicologia utiliza preceitos
religiosos.
Eles são saberes e práticas diferentes e que devem ser utilizados separadamente.
Segundo o Código de Ética do Psicólogo, desrespeitar essa regra é passível de punição. É dever do psicólogo fiscalizar as práticas da Psicologia e,
caso algum profissionalesteja utilizando Psicologia atrelada a saberes religiosos, deve ser reportado ao conselho profissional.
O�cinas terapêuticas
Pois bem, imagine que você é a psicóloga que acabou de passar no concurso público para a prefeitura de sua cidade. Você é então encaminhada
para trabalhar em um CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), uma instituição regionalizada, isto é, visa inserir-se na cultura da
comunidade com a qual vai interagir, é um local com atendimentos/intervenções a “portas abertas” e em constante diálogo e interação com sua
região (assim como deveriam ser CREAS, CAPS, UBS etc.). Nessa unidade do CRAS, trabalham também assistentes sociais, pedagogas e outros
psicólogos. A coordenadora lhe diz que acontecem alguns grupos de convivência e oficinas terapêuticas de música, crochê, dança e esporte.
Agora, imagine que a coordenadora do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) diz que naquela comunidade há muitos idosos solitários,
grande índice de gravidez na adolescência e abuso de substâncias. Dessa forma, ela gostaria que você começasse com algumas oficinas: existem
algumas adolescentes encaminhadas pelo conselho tutelar (o trabalho das instituições deve ser em rede) e você poderia começar propondo um
grupo com elas, pois uma das preocupações é justamente a gravidez precoce.
Existe uma tentativa de se produzir novas formas de Psicologia que ampliem o modelo tradicional de psicoterapia. As oficinas parecem ser uma boa
alternativa.
Benetti (2008) detecta que o abandono de tratamentos psicoterápicos tradicionais gratuitos pelas comunidades
mais vulneráveis é muito alto.
Isso quer dizer que as abordagens e os modelos terapêuticos, mesmo tendo sua eficiência comprovada, demandam investigação de sua adequação
à população atendida: nem todas as pessoas se identificam com o formato “fale sobre você e seus sentimentos”.
Relembrando
Você lembra que em Psicologia Comunitária não é o profissional quem leva o saber pronto e que as intervenções devem ser produzidas juntamente
com o grupo, gerando autonomia?
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Pois bem, não é uma boa ideia você reunir essas garotas e começar a dizer o que é certo ou errado, a simplesmente dar palestras de prevenção à
gravidez já concluindo que aquilo deve ser feito e de que a cultura, o uso do sexo e a vida dessas garotas simplesmente pode ser reduzida a uma
mudança de atitude pensada por outros.
A questão é muito mais complexa! Primeiro é preciso uma construção de vínculo com essas garotas, que se estabelece da seguinte forma:
É assim que o trabalho deve se desenvolver: processualmente e a partir do contexto do grupo em sua comunidade. Trata-se de um desafio para o
psicólogo comunitário que, além de estudar muito, deve ter disponibilidade afetiva para se colocar em relação e aprender empaticamente sobre
culturas locais.
O compromisso social da Psicologia Comunitária
Compreenda as principais características da atuação com grupos no espaço comunitário e a importância do conceito de compromisso social que
deve permear essas práticas.
É preciso que haja espaço para elas falarem, produzirem entendimento e se apoiarem, e isso não acontece de forma rápida.
É preciso se aproximar de sua cultura: quais recursos elas têm para se sentir importantes, valorizadas, vistas e participantes? Que
ideias elas trazem do feminino e do masculino? Como se relacionam com os homens?
É preciso entender seus prazeres, sonhos e desejos: em seu cotidiano, quais são seus desejos e como elas fazem para realizá-los?
Quais formas de sentir prazer e felicidade elas conhecem? Quais problemas elas enfrentam?

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A psicóloga social Silvia Lane destaca em muitos de seus trabalhos que a Psicologia deve atuar com compromisso social, desvinculando-se de
saberes elitistas e descontextualizados da realidade comunitária. Sobre o termo compromisso social, observe as assertivas:
I – É sempre importante formalizar o compromisso com a comunidade por meio de contratos escritos e, se possível, registrá-los.
II – É primordial que o psicólogo saiba identificar as demandas da comunidade onde atua e se comprometa com essas demandas.
III – A Psicologia pode definir o que é assertivo ou não para determinada comunidade, e o psicólogo deve se comprometer com essa
assertividade.
IV – A Psicologia Comunitária deve utilizar seus saberes a serviço das transformações de uma comunidade.
Está correto o que se afirma apenas em
A I e II.
B II e III.
C I e IV.
D II e IV.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
O compromisso social da Psicologia se faz alicerçado nas demandas da comunidade e não a partir de demandas institucionais ou teóricas.
Não é possível definir a vida de uma comunidade como assertiva ou não antes de estabelecer diálogos e debates locais, essa definição virá do
próprio local. Não é necessário firmar contratos escritos e registrados.
Questão 2
Uma forma de atuação com comunidades é por meio das oficinas terapêuticas. Essa proposta pode utilizar vários disparadores, tais como os
esportes, as artes, o artesanato, as rodas de conversa etc. Sobre as oficinas terapêuticas, é correto dizer que
Parabéns! A alternativa E está correta.
Em uma oficina, o grupo se reúne em torno de um disparador (esporte, artes, rodas de conversa etc.), mas o foco maior é na troca afetiva, na
construção de redes de apoio, no diálogo, na escuta, na identificação de demandas e na tomada de consciência. O grupo é quem vai mostrando
a necessidade de regras e objetivos, já que se trata de um trabalho processual.
E II, III e IV.
A ainda não são reconhecidas pelo Ministério da Saúde como uma prática em saúde primária e coletiva, apesar de efetivas.
B
é preciso, para uma oficina funcionar, que regras rígidas e todos os objetivos sejam bem definidos já no primeiro contato com o
grupo para evitar problemas futuros.
C são cursos que sempre visam à profissionalização e à geração de renda pelo grupo.
D consistem em dinâmicas de grupo para “consertar” os comportamentos, tornando-os mais assertivos.
E o objetivo principal é a convivência, visando à reabilitação psicossocial, gerando redes de apoio e autonomia dos usuários.
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3 - O trabalho comunitário na América Latina
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a regionalização latino-americana da Psicologia Social Comunitária.
Psicologia Comunitária na América Latina
A Psicologia Comunitária desenvolve-se em um contexto político (política entendida em sua origem grega, como a relação dos seres humanos na
organização da polis [cidade], os valores éticos que vão permear a formação dessas relações são chamados de política), com atores sociais e
lideranças comunitárias em busca de autonomia perante o sistema hegemônico.
istema hegemônico
Imposição de valores de um povo sobre o outro, seja por meio da cultura, seja mediante força militar.
A história da Psicologia Comunitária está ligada a momentos históricos importantes da América Latina, desenvolvendo em nossa região uma forma
própria de trabalho nascida das características e demandas sociais dessa parte do continente americano (SVARTMAN; GALEÃO-SILVA, 2016).
Svartman e Galeão-Silva têm algo a nos dizer sobre isso:
Apesar do caráter pluralista da história da Psicologia Comunitária, como enfatizado anteriormente, a revisão
bibliográfica permite identificar alguns elementos que conferem certa unidade ao campo,como, por exemplo, o
desenvolvimento de trabalhos e pesquisas conduzidos em parceria com as comunidades, o rompimento da
tradicional hierarquia de poder-saber presente na academia, a formação de grupos de pesquisa que
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transcendem os limites e as demarcações das especialidades disciplinares, assim como a utilização e o
incentivo do compromisso político coletivo muito mais que a aspiração a uma neutralidade política e
ideológica.
(SVARTMAN; GALEÃO-SILVA, 2016, p. 333)
Na América Latina foi criada a Psicologia Social Comunitária, com o intuito de conferir identidade a essa prática local e investigar os problemas
sociais e políticos dessa região. Lembre-se de que a atuação em Psicologia Comunitária é sempre feita da perspectiva do território onde se está.
Entre as décadas de 1960 e 1980, a América Latina viveu regimes ditatoriais que correspondiam muito à ordem mundial vigente do colonialismo.
Esses regimes implementados em países cuja colonização se deu por sistema de exploração vieram a dar continuidade a um cenário de violência,
repressão e imposição. Em um regime ditatorial, não há espaço para debates e construção de saberes, a ordem social é hegemônica e imposta às
diferentes regiões sem levar em conta as características essenciais de cada uma. Como psicólogos, sabemos que medo e punição não geram
comportamentos assertivos, assim como os saberes devem ser produzidos a partir do local onde são trabalhados e não trazidos como valores
universais elaborados por poucas pessoas.
Necessidades de transformações sociais
No Brasil, a Psicologia Comunitária tem seu nascimento justamente no momento de luta pela redemocratização do país (final dos anos 1970).
Portanto, essa Psicologia é voltada para as necessidades de transformações sociais que superem a subjugação dos sujeitos a um sistema violento,
desigual e desconectado de sua realidade.
Vasconcelos (1987) destaca que a história da Psicologia Comunitária está ligada a uma crise dentro da própria Psicologia tradicional, que, no final
dos anos 1960 (muito influenciada pelos eventos de maio de 1968 na França), começou a questionar se as relações sociais no Ocidente (trabalho,
vida social, vida familiar, cultura etc.) estavam organizadas de forma a gerar saúde mental.
Acredito que a sociedade ocidental vem participando desde os anos sessenta de um processo gradativo de rede�nição
da saúde mental.
(VASCONCELOS, 1987, p. 11)
Tal movimento chega à América Latina e coloca em questão a cultura local de dominação e exploração das comunidades:
Estaria a Psicologia apenas representando os interesses das instituições, sem questioná-los?
Seria a Psicologia uma prática higienista que apenas classifica os “doentes/indesejados” propondo exclusão ou adaptando as pessoas a um
sistema social sem criticá-lo?
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A Psicologia nas organizações deve apenas recrutar, selecionar e treinar bons candidatos ou deve estar a serviço do trabalhador, pensando a
organização do trabalho como fonte de saúde mental e não apenas como atividade para gerar sustento? Tais indagações colocam a Psicologia em
uma redefinição de seus objetivos, e é daí que começa a nascer o compromisso social.
Psicologia Comunitária no Brasil
História do Brasil e desigualdade social
No Brasil, em meados dos anos 1970, muitos psicólogos começam a perceber que suas práticas não poderiam ser respaldadas pela importação de
metodologias em Psicologia, pois a história, a cultura e os problemas sociais de nossa região são diferentes de outras partes do mundo. Ao mesmo
tempo, as ferramentas de trabalho deveriam ser desenvolvidas aqui, a partir da realidade e dos problemas de cada localidade. Nessa época havia
pouquíssimas políticas públicas voltadas ao desenvolvimento das comunidades em vulnerabilidade.
Os fatos que trouxeram sérias configurações às relações sociais contemporâneas, ainda pautadas por elitismo, autoritarismo e violências (físicas e
simbólicas), compondo a base da desigualdade social e de aspectos emocionais problemáticos de nosso país, são:
Exploração
O Brasil foi um país colonizado por exploração (assim como a América Latina), os nativos foram violentamente dizimados e suas terras tomadas.
Escravidão
O Brasil foi um país escravocrata por 388 anos, sendo nosso país o último no continente americano a aboli-la, evento que ocorreu há menos de 150
anos.
Apenas no final dos anos 1980, depois da reivindicação de muitos movimentos sociais, políticas públicas voltadas à diminuição de vulnerabilidades
são decretadas via a nova Constituição de 1988.
Já vimos o quanto o trabalho da Psicologia Social Comunitária precisa pautar-se em políticas públicas para auxiliar as pessoas a se apropriarem de
seus direitos e executarem seus deveres.
Esse processo é longo e, tanto no Brasil quanto na América Latina, está apenas no começo, pois uma coisa é a lei decretar, e outra totalmente
diferente é a mudança efetiva no comportamento social.
Desa�os para a Psicologia Comunitária
O ser humano não pode ser entendido como separado da realidade social onde se constrói. Não é possível generalizar comportamentos e
naturalizar atitudes de forma universal para todos, pois o momento histórico e social tem grande influência sobre o psiquismo e as relações que se
estabelecem. Está aí um dos principais desafios para a Psicologia Comunitária.
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A Psicologia Comunitária no Brasil surgiu a partir da interação com diversos movimentos sociais que foram denunciando formas de sofrimento
político e mecanismos de dominação presentes na organização social. Essa organização se deu à margem das instituições oficiais. A seguir, veja
dois exemplos de formas de resistência, modificação social e criação de autonomia, essenciais para a saúde mental.
A organização de sindicatos a partir do movimento operário (explorado com jornadas de trabalho massacrantes, acidentes e riscos de trabalho,
ambiente insalubre, ausência de auxílios e de descanso, baixos salários etc.).
A educação popular nos moldes propostos por Paulo Freire.
Em certo momento, surgiu a necessidade de sistematizar esse campo de atuação, de caracterizar essa Psicologia de forma acadêmica, a fim de
alicerçar as práticas da Psicologia Social Comunitária.
Marcos para a Psicologia Social Comunitária no Brasil
Criação da ABRAPSO
No ano de 1979, aconteceu em São Paulo o I Encontro de Psicologia Social e Problemas Urbanos.
Foi a partir do diálogo entre psicólogos, sociólogos, antropólogos, médicos e educadores que se estabeleceu a criação da Associação Brasileira de
Psicologia Social (ABRAPSO) preocupada, entre outras coisas, em estabelecer um diálogo entre os saberes científicos e as práticas locais no
território brasileiro.
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A ABRAPSO tem como uma de suas práticas a promoção de encontros nacionais e regionais para alicerçar as práticas e pesquisas em Psicologia
Social Comunitária e constitui-se da mais importante associação para divulgação, sistematização e alicerce da atuação do psicólogo em
comunidades.
Institucionalmente, a ABRAPSO define seus objetivos gerais e suas ações da seguinte forma:
Congregar pessoas que se empenham no desenvolvimento da Psicologia Social no Brasil.
Garantir e desenvolver as relações entre pessoas dedicadas ao estudo, ensino, investigação e práxis da Psicologia Social no Brasil.
Propiciar a difusão e o intercâmbio de informações sobre o desenvolvimento do conhecimento e da prática da Psicologia Social.
Promover a integração da PsicologiaSocial com outras áreas do conhecimento que atuem em uma perspectiva social crítica.
Incentivar e apoiar institucionalmente o desenvolvimento de ações no campo social.
Promove, ministra, realiza, organiza, assiste, incentiva e participa de atividades técnico-científicas, tais como: congressos, cursos,
palestras, seminários, debates, conferências e reuniões.
Promove a edição e publicação de trabalhos de interesse para o desenvolvimento da Psicologia Social.
Mantém relações institucionais de âmbito nacional e internacional visando à cooperação com entidades afins.
Manifesta-se publicamente em relação a problemas sociais, com vistas à promoção da justiça social.
A ABRAPSO foi de extrema importância para a sistematização das práticas em Psicologia Social Comunitária. Um de seus grandes expoentes foi a
psicóloga Silvia Lane, que destacou a importância do compromisso social da Psicologia e ajudou a alicerçar as práticas em Psicologia no Brasil
dialogando com a realidade da América Latina.
Criação do CREPOP
Outro importante marco para a Psicologia Social Comunitária no Brasil foi em 2006 com a criação, pelo Conselho Federal de Psicologia, do Centro
de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP). Desde então, esse centro tem a finalidade de promover a qualificação
profissional dos psicólogos que atuam com políticas públicas.
A criação desse centro é uma consequência direta das reflexões sobre a prática crítica em Psicologia no Brasil a partir da década de 1970 e vai ao
encontro de uma necessidade de maior sistematização da atuação em Psicologia Comunitária para os complexos desafios sociais que
enfrentamos. Já vimos o quão importante são as políticas públicas para promover as mudanças sociais com autonomia e efetividade.
Objetivos 
Ações 
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O Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas deve fazer, permanentemente, um esforço
de identificar as práticas dos psicólogos no interior das políticas públicas, práticas essas que estão dispersas,
desorganizadas ou são eventuais, e convocar os seus protagonistas, ou seja, aqueles psicólogos que são
pioneiros ou que estão respondendo por essa prática, no sentido de que eles se organizem para produzir
referências sobre essa atuação, para que depois possam ser documentadas e possam ser colocadas à
disposição daqueles que as necessitam. Essas referências devem estar à disposição dos psicólogos que
desejam trabalhar nessa esfera de políticas públicas, dos contratantes dos psicólogos, no sentido que eles
possam ter clareza da contribuição específica e das expectativas legítimas que podem ser cultivadas acerca da
participação da Psicologia nessas políticas públicas, e das universidades e centros de formação, no sentido de
que o conhecimento dessas práticas possa orientar o preparo dos futuros psicólogos já sintonizados com a
realidade do mercado profissional.
(CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005, p. 5)
Por se tratar de um campo recente, a atuação em Psicologia Social Comunitária requer muito estudo e capacitação técnica, então o CREPOP vem
para auxiliar nos desafios para as necessárias mudanças sociais que estão em curso no nosso país.
A Psicologia Social Comunitária na América Latina
Confira uma apresentação da criação da Psicologia Social Comunitária a partir da realidade latino-americana e a criação da ABRAPSO e do CREPOP
como consequências dessa realidade.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A Psicologia Comunitária ganha força no Brasil em um momento de luta pela redemocratização do país (meados de 1970) e faz parte da
Psicologia Social Comunitária latino-americana. Sobre a Psicologia Social Comunitária desenvolvida na América Latina, é correto dizer que esse
campo
Parabéns! A alternativa B está correta.
A Psicologia Comunitária sempre parte da realidade na qual está inserida aquela comunidade, por isso é importante a regionalização dos
saberes. A América Latina possui uma história de colonização por violência e esses aspectos ainda estão muito presentes nas relações sociais.
Sendo assim, a Psicologia Social Comunitária trabalha para a desconstrução dessas opressões.
Questão 2
A entende o ser humano separado da sociedade em que vive, buscando por comportamentos universais e naturalizados.
B procura desconstruir a opressão social vivida pela ancestralidade e ainda presente nas relações sociais dos latino-americanos.
C estuda formas de o psicólogo comunitário promover a neutralidade política e religiosa entre os membros da comunidade.
D
tem como objetivo principal profissionalizar os membros das comunidades latinas para corresponder às demandas do mercado
global.
E importou as teorias sociais estadunidenses e as validarou na América Latina com poucas alterações regionais.
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A Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) foi criada no final de 1979 a partir das necessidades detectadas no I Encontro de
Psicologia Social e Problemas Urbanos. Sobre a ABRAPSO, observe as afirmativas:
I – Mantém relações institucionais de âmbito nacional e internacional visando à cooperação com entidades afins.
II – Promove a integração da Psicologia Social com outras áreas do conhecimento que atuem em uma perspectiva social crítica.
III – Desenvolve suas pesquisas sempre em formato experimental, primordialmente em laboratórios e a partir do comportamento animal.
IV – Não dialoga com saberes regionais e culturais da América Latina.
Está correto o que se afirma nas assertivas
Parabéns! A alternativa A está correta.
Segundo o estatuto da ABRAPSO, um de seus principais objetivos é manter relações institucionais de âmbito nacional e internacional visando à
cooperação com entidades afins, e uma de suas principais ações é promover a integração da Psicologia Social com outras áreas do
conhecimento que atuem em uma perspectiva social crítica.
4 - A instituição como via de acesso à comunidade
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a relação entre instituição e comunidade.
A I e II.
B I e III.
C III e IV.
D I, II e III.
E I, II, III e IV.
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Instituições e suas contradições
O psicólogo comunitário não possui um espaço específico de trabalho, pois sua atuação acontece primordialmente vinculada a uma instituição:
escolas, CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), CAPS (Centros de
Atenção Psicossocial), UBS (Unidade Básica de Saúde), ONGs (organizações não governamentais), empresas com projetos sociais etc.
Atenção!
É importante frisar que instituições são espaços com cultura própria, cheios de contradições e relações complexas, típicas do ser humano. Existe
um campo de estudos chamado Psicologia Institucional que estuda justamente as múltiplas instituições na gigante sociedade ocidental.
A Psicologia Institucional busca estudar e compreender o funcionamento das instituições, seus paradoxos, sua estrutura concreta e simbólica. A
atuação do psicólogo comunitário em instituições busca aplicar conceitos científicos em uma perspectiva ampla e de benefício social, expandindo a
atuação tradicional, tendo o cuidado de questionar e provocar mudanças de acordo com as possibilidades, comprometendo-se com uma conduta
ética e não com os vícios e demandas da instituição.
A seguir, confira alguma contradições que existem em instituições:
Escola
Se a escola é um ambiente de socialização,aprendizado e desenvolvimento, por que estaria Juquinha tão agitado, entediado e agressivo? O que
pode a escola oferecer diante da cultura, das questões, dos medos, anseios e alegrias que Juquinha e outras crianças vivem em sua comunidade?
O currículo formal é capaz de abarcar essas questões?
Quais estratégias a escola utiliza para manter a frequência de seus alunos? Notas, avaliações, sanções disciplinares, rótulos, ironias etc. não
seriam contradições e violências da forma como são empregadas? Não seria essa uma das grandes contradições dessa instituição?
Hospital
Se a saúde precisa ser promovida com autonomia e mudanças existenciais, não é contraditório que uma pessoa vá ao hospital com uma queixa
pontual e física saindo de lá com poucas informações do que lhe acontece, assim como não entende o que significa aquela queixa em todo o seu
contexto de vida?
Uma senhora que vai até o hospital porque sente mal-estar descobre que tem hipertensão e sai de lá medicada, mas quantas outras senhoras
existem nessa situação? Ao buscar atendimento, essas senhoras buscam apenas a regularização da pressão arterial? Essa pressão alta pode
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estar simbolizando processos mais complexos que se expressam nesses corpos. Quais recursos afetivos, econômicos e comunitários essas
senhoras têm para se cuidar, para produzir saúde, para entenderem seus corpos?
O hospital (ou mesmo a UBS em um formato restrito de atendimento ambulatorial) abarca as complexidades por trás de uma queixa tão comum
ou médica de forma paliativa: se a pressão fica regularizada, as questões de saúde estão encerradas.
Penitenciária
Se tais instituições visam, inicialmente, à ressocialização de seus internos para que possam voltar à sociedade (a punição seria algo secundário),
como aquele local pode ajudar os internos a refletirem sobre si mesmos, a modificarem e entenderem suas vidas?
A cultura própria de uma penitenciária, seu funcionamento e os motivos que levam alguém até lá são aspectos muito complexos e que não são
pensados pela instituição. É uma grande contradição que tal local apenas aplique mais violência e gere mais problemas sociais do que soluções,
que reproduza as mesmas mazelas sociais que geraram essa violência dentro do ambiente de ressocialização, assim como é um dado
importante, porém ignorado, que a maioria dos detentos seja de classes sociais mais vulneráveis e de etnias afrodescendentes.
Desinstitucionalização e luta antimanicomial
Erving Goffman (1922-1982) foi um antropólogo e sociólogo canadense que se dedicou, entre outras coisas, a estudar as contradições das
instituições modernas.
Sua obra Manicômios, prisões e conventos, de 1961, é um marco de grande influência acadêmica, justamente por expor a complexidade que é a
cultura institucional, por mais “bem-intencionada” que pareça ser.
Goffman fala das instituições totais, aquelas que atendem o indivíduo separado do restante da sociedade no formato de internação em tempo
integral, acarretando transformações íntimas e profundas na formação do eu de cada integrante ao diagnosticar, rotular e inserir o sujeito na rotina
da instituição, fato que pode ser amplamente comprovado em hospitais psiquiátricos e penitenciárias, por exemplo.
A Psicologia Comunitária trabalha pela desinstitucionalização, cujos objetivos são:
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A retirada dos internos das instituições totais e sua reinserção novamente na sociedade.
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A diminuição ou encerramento de novas internações.
Os hospitais psiquiátricos e muitas comunidades terapêuticas são um grande exemplo, pois muitas pessoas foram internadas nessas instituições e
sofreram ou sofrem abusos físicos e psicológicos, excesso de medicação e exclusão social, permanecendo anos sobrevivendo de forma precária
dentro do local, o que configura um verdadeiro desrespeito aos direitos humanos.
É dever da sociedade adaptar-se e abrir espaço para aqueles que possuem formas de subjetivação diferentes das tradicionais, que percebem o
mundo de outra forma. A luta antimanicomial é um exemplo de organização da comunidade civil e científica pela desinstitucionalização de pessoas
em sofrimento mental, sendo contrária ao isolamento dessas pessoas em instituições.
Essa proposta surgiu oficialmente em 18 de maio de 1987, quando a comunidade civil e científica já havia estabelecido um diálogo com o
movimento global pela desinstitucionalização dos pacientes psiquiátricos, diálogo esse que teve como um de seus expoentes, no Brasil, o psiquiatra
italiano Franco Basaglia (1924-1980), que já estava obtendo sucesso com a desinstitucionalização na Itália e inspirando políticas públicas
regionalizadas de saúde mental por todo o Ocidente. No Brasil, o dia 18 de maio é celebrado como o dia nacional da luta antimanicomial.
O Programa de Volta para Casa é um exemplo de política pública voltada para a desinstitucionalização de pacientes psiquiátricos e é uma proposta
avançada de reinserção de pessoas com transtornos mentais na sociedade.
Política em instituições governamentais
Atenção primária em Saúde Coletiva
A política presente em instituições governamentais como CRAS, CREAS, CAPS e UBS possui um caráter de atenção primária em Saúde Coletiva, isto
é, essas instituições trabalham diretamente com a comunidade numa perspectiva de prevenção, partindo da realidade local e objetivando criar redes
de apoio e mudanças sociais, tendo o usuário do serviço como protagonista.
O serviço é feito por:
Busca espontânea
Portas abertas.
Encaminhamento
De outros profissionais e instituições.
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Captação
Busca ativa a partir do trabalho da própria equipe.
Ele não se restringe apenas ao ambiente físico da instituição, pois os profissionais devem realizar visitas e interações constantes na comunidade. O
trabalho deve ser interdisciplinar e feito em rede.
Não se separa o indivíduo da comunidade que gera esse adoecimento, pelo contrário, procura-se trabalhar com o
indivíduo nesse contexto aversivo ao mesmo tempo em que são geradas estratégias coletivas para a sua
modificação.
A internação só é realizada em casos muito específicos e não apresenta sucesso terapêutico a médio ou longo prazos, além de, na grande maioria
das vezes, ferir os próprios direitos humanos do paciente. O paciente deve ser visto como o efeito de relações comunitárias doentes, ou seja, a
patologia está no sistema e não no sujeito.
Não há respaldo teórico e técnico em Psicologia Comunitária para o tipo de atuação em instituições totais, que separam o sujeito de suas vivências
comunitárias em um ambiente controlado e isolado. As mudanças devem ocorrer dentro da própria comunidade, com seus entraves e
potencialidades, pois ali estão as relações que desencadeiam os problemas e é ali que elas precisam ser trabalhadas. Em resumo: não é possível
fazer Psicologia Comunitária fora da comunidade.
Demandas o�ciais e demandas implícitas
A Psicologia Institucional tem como um dos principais objetivos conhecer as contradições das instituições a fim de promover mudanças mais
efetivas e que ampliem a participação de todos, trabalhando diretamente com as estruturas concretas e simbólicas que mantêm relações sociais
violentas e desiguais. Esse objetivo se estende para as comunidades em que essas instituições estão inseridas.
A análise institucional é uma abordagem de origem francesa em Psicologia e que nos oferece uma interessante ferramenta como ponto de partida
para atuar em instituições. Trata-se dos termos “demandas oficiais” e “demandas implícitas”.
Exemplo
Vamos imaginar que você é uma psicóloga contratada para trabalhar em uma escola e a coordenadoradiz que gostaria que você fizesse
intervenções com o terceiro ano A, que está muito indisciplinado. A demanda oficial dessa instituição é: “Quero que o terceiro ano A deixe de ser
indisciplinado”.
Quando pensamos nas demandas implícitas, estamos falando das reais demandas que “se escondem” por trás daquilo que é pedido, demandas que
muitas vezes a instituição e seus alunos ou usuários não são capazes de detectar e expressar diretamente.
As demandas implícitas fazem as queixas funcionarem, se manterem. Apenas olhar para as demandas oficiais é uma forma de trabalhar com os
sintomas sem agir diretamente sobre os mecanismos que fazem esses sintomas aparecerem.
No caso de uma classe indisciplinada, não basta pensar apenas em formas de adequá-la à instituição, de “fazer os alunos ficarem quietos”, mas,
antes, deve-se pensar e investigar quais os significados daquela indisciplina, por que existe tédio, agressão, deboche, ironia etc. nessa classe.
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Quando a sala se recusa a participar das atividades, sua energia está empregada em quê? Quais são seus interesses, suas angústias, suas
diversões etc.
O projeto educacional abre espaço para essas demandas? O que é proposto aos alunos faz parte de sua realidade? Perceba que essas são as
demandas implícitas, os verdadeiros temas que devem começar a ser trabalhados!
A demanda oficial é apenas o resultado de questões que não têm espaço para ser trabalhadas diretamente, é o efeito daquilo que não é acessado
pelo grupo. Trabalhe com as demandas implícitas e as demandas oficiais vão naturalmente se resolvendo ou se adequando.
Isso vale para qualquer atuação em Saúde Coletiva: um idoso que tem insônia chega a uma UBS e é medicado para dormir. A perda de seu sono é a
demanda oficial, mas o que representa isso na história daquela pessoa? Esse idoso sofre de solidão, tem rede de apoio, tem produção de
significados de vida, faz atividades físicas? Quais as demandas implícitas desse idoso e de outras pessoas de sua comunidade? Que profissionais e
instituições eles precisariam começar a conhecer? Somente colocar o idoso para dormir não é a solução do problema com autonomia e
solidariedade. Ele não deve ser visto separado de sua comunidade, pois ali estão relações que contribuem para essa insônia.
Um exemplo importante de estratégia preocupada em detectar as demandas implícitas por instituições de saúde
em comunidades é o matriciamento, ou apoio matricial.
O matriciamento é uma política pública que visa integrar os diversos profissionais e serviços (trabalho em rede) criando formas de intervenções
pedagógico-terapêuticas, uma vez que o sujeito aprender com o seu grupo sobre a sua saúde é uma forma de se promover autonomia, pois esse
aprendizado se dá a partir de sua realidade comunitária, não é trazido de fora pronto e de maneira definitiva.
Trabalho em rede
O matriciamento
O trabalho em rede se faz necessário e vai muito além do encaminhamento de um paciente para outros profissionais, serviços e instituições que
podem também ajudá-lo. Esse tipo de trabalho estabelece um diálogo constante entre profissionais e usuários, na busca de estratégias para a
produção de saúde a partir da realidade da comunidade em que estão inseridos.
O matriciamento contempla as seguintes ações:
Construção de planos conjuntos.
Visitas comunitárias e domiciliares.
Acompanhamento de famílias.
Interconsultas, consultas coletivas e educação permanente.
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A troca de informações e a construção de saberes é feita de forma horizontal (todos no mesmo patamar), o que permite a adequação das terapias
tradicionais às demandas reais de cada região. O matriciamento é uma constante coleta e reflexão de dados produzidos a partir das interações com
a comunidade.
Para que o matriciamento ocorra, é preciso que os profissionais saiam do modelo tradicional de atendimento individual e ambulatorial, partindo para
ações em atenção básica à saúde (ou atenção primária em Saúde Coletiva). Nem todas as instituições e profissionais estão preparados, abertos e
engajados nesse modelo de trabalho. É preciso diálogo, tentativas, estudo e capacitação constantes para que essa mudança de paradigma possa
iniciar o seu curso, superando o atendimento tradicional individual.
A redução de danos
Outra política pública muito utilizada em atenção primária à saúde para minimizar contradições institucionais é a redução de danos. Essa política
busca construir intervenções com os usuários de substâncias (lícitas ou ilícitas). A redução de danos é uma estratégia psicossocial de promoção de
saúde respaldada pelo saber científico e ético. Nessa perspectiva, não existe uma visão moralizante sobre o uso de drogas, cabendo ao usuário
construir sua compreensão a partir de suas experiências, sem o uso da culpa e do medo como “ferramentas terapêuticas”.
A relação das pessoas com as substâncias entorpecentes em comunidades de alta vulnerabilidade possui variáveis diferentes das vivências sociais
burguesas, e aproximar-se dessa realidade com respeito e ética é um dos desafios do psicólogo.
Nessa perspectiva, o indivíduo é visto para além do uso de entorpecentes. A droga não é o definidor daquele sujeito
nem deve ser o tema central e constante das intervenções, até porque o uso de drogas é uma demanda oficial e o
trabalho do psicólogo comunitário é primordialmente com as demandas implícitas.
Para a estratégia de redução de danos, há nuances e formas de construir saúde que estão muito além das opções polarizadas de destrutividade
pela dependência ou internação com a suspensão total.
Muitos indivíduos não estão dispostos a deixar o vício ou o uso recreativo. Sendo assim, a redução de danos parte dos recursos e concepções que
uma pessoa tem e não impõe um modo de vida correto, pois dentro dessas concepções dos usuários existem muitas possibilidades. Os usuários
podem reduzir o uso da substância gradativamente, utilizá-las em situações de menor vulnerabilidade, adquirir hábitos de higiene, informações para
prevenir overdoses e proteger-se de infecções e outras patologias.
O foco está em diminuir os prejuízos causados pelo uso de entorpecentes tanto para o próprio sujeito como para a comunidade.
Atenção!
Uma intervenção moralista de “certo ou errado” ou religiosa de “pecado e punição” pode afastar a maioria das pessoas que ouvem esse discurso
reducionista, além de não condizer com nenhuma abordagem em Psicologia.
A política de redução de danos não trabalha com a internação em instituições psiquiátricas ou comunidades terapêuticas, pois entende que as
questões afetivas devem ser trabalhadas na comunidade e nas relações em que o indivíduo está inserido, não em práticas asilares. Tal
posicionamento é ético e humanitário e é condizente com a forma de trabalho da Psicologia Social Comunitária. Os sujeitos adoecem nas relações
comunitárias e essa comunidade precisa ser modificada, tanto para uma efetiva melhora do sujeito como para a prevenção de futuros problemas.
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Existem cursos de capacitação e literatura recente sobre o trabalho com redução de danos. O psicólogo precisa
manter uma rotina de estudos constante e desenvolver sua sensibilidade, pois esse trabalho é processual e suas
características vão se desenvolvendo por experimentações, tentativas e erros, diálogo e tomada de consciência,
enfim, um verdadeiro desafio.
É também importante refletir constantemente sobre todas as instituições às quais nos vinculamos e suas metodologias de trabalho, pois o
psicólogo não pode se tornar um “apagador de incêndios”, respondendo unicamente às demandas oficiais que lhe são postas.Já sabemos que as
instituições são como as pessoas: cheias de contradições e com violências explícitas e veladas. Manejar essa cultura em relação à comunidade,
aos técnicos trabalhadores e a si mesmo é um outro desafio ao qual somos convocados diariamente. Nosso compromisso ético deve ser sempre
com as demandas comunitárias.
A atuação do psicólogo em instituições e intervenções comunitárias
Entenda os conceitos de demandas oficiais e demandas implícitas provenientes da análise institucional a fim de instrumentalizá-lo para atuar de
forma crítica. Serão utilizadas como exemplo as políticas públicas de matriciamento e de redução de danos.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A Psicologia Institucional tem como um de seus objetivos estudar as contradições, violências e características de atuação dentro das
instituições. A partir desses estudos, criou-se a concepção e necessidade de desinstitucionalização. O que seria a desinstitucionalização?
Parabéns! A alternativa B está correta.
O principal objetivo da desinstitucionalização é reinserir na sociedade o paciente internado, ao mesmo tempo que produz formas de tratamento
com os pacientes em suas comunidades, não realizando internações.
Questão 2
Uma psicóloga que atua em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) é chamada pela gestora do local que lhe pede para desenvolver um trabalho
em grupo com idosos que apresentam hipertensão. A psicóloga contará com o apoio de enfermeiras, médicas, agentes de saúde e
nutricionistas da rede, que também estão em contato com esses pacientes. Pensando na análise institucional francesa, estabilizar a
hipertensão é
A A recusa dos profissionais de saúde a trabalhar em instituições.
B A reinserção, na dinâmica social, dos pacientes internados.
C A ampliação e financiamento de comunidades terapêuticas em detrimento da manutenção de CAPS.
D A luta antimanicomial posiciona-se contra o processo de desinstitucionalização, pois este fere os direitos humanos.
E O atendimento individual e sem discussões interprofissionais. 
A apoio matricial.
B redução de danos.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Demandas oficiais são os problemas aparentes e que estão postos, são a queixa inicial e principal de uma instituição. Essas demandas podem
ser um ponto de partida, mas o psicólogo precisa olhar além. A hipertensão desses idosos tem muito mais significados e simboliza muitos
outros processos que são as reais demandas a serem trabalhadas. Trabalhe com as demandas implícitas e as demandas oficiais vão
naturalmente se resolvendo ou se adequando.
Considerações �nais
As relações sociais brasileiras herdaram aspectos violentos, elitistas e excludentes de nossa colonização por exploração, escravidão, ditadura etc.
Os estigmas aos quais as classes, gêneros e etnias mais vulneráveis estão expostos colocam em risco toda a sociedade. A Psicologia Comunitária
está comprometida com a modificação desses aspectos, não podendo comprometer-se com demandas institucionais e mercadológicas apenas.
O trabalho em Psicologia Comunitária é processual, pois vamos desenvolvendo e aperfeiçoando as metodologias conforme as relações em
comunidade se apresentam. Essa flexibilidade não é uma fragilidade técnica, mas sim o ponto criativo, inovador e potente dessa Psicologia que
ainda está apenas em seu início, mas que é uma das grandes ferramentas para as necessárias mudanças sociais.
Podcast
Para finalizar, ouça uma breve descrição sobre a história da Psicologia Comunitária na América Latina, o trabalho em interface com políticas
públicas e a atuação do psicólogo comunitário em instituições.
C demanda oficial.
D demanda implícita.
E desinstitucionalização.

Referências
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SOUZA, J. A ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.
VASCONCELOS, E. M. O que é Psicologia Comunitária. São Paulo: Brasiliense, 1987.
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O livro Psicologia Comunitária: contribuições teóricas, encontros e experiências, organizado por Cláudia Stella e publicado em 2014 pela Editora
Vozes, é uma importante publicação para começar a aprofundar seus estudos.
O livro Descolonizando a Psicologia: contribuições para uma prática, organizado por Wesley Henrique Alves da Rocha e publicado em 2021 pela
Editora Pimenta Cultural, traz importantes atualizações para a atuação em Psicologia Social Comunitária.
O Ministério da Saúde disponibiliza um Guia prático de matriciamento em saúde mental para auxiliar o desafio da construção do apoio matricial.
Faça o download do arquivo pelo site do MS.
Aprenda sobre instituições totais e saúde mental assistindo ao clássico e premiado filme norte-americano Um estranho no ninho, dirigido por Milos
Forman em 1976.
As comunidades terapêuticas religiosas para reorientação sexual (cura gay) são tema do aclamado filme Boy erased: uma verdade anulada,
produção norte-americana dirigida por Joel Edgerton em 2018.

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