Buscar

2012-dis-padias

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE MEDICINA 
DEPARTAMENTO DE CIRURGIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIRURGIA 
 
 
 
 
 
 
PAULO ARAUJO DIAS 
 
 
 
 
 
EFEITOS DA ACUPUNTURA, ELETROACUPUNTURA E MOXABUSTÃO NA 
QUALIDADE DE VIDA E NO CONTROLE DA DOR EM MULHERES 
FIBROMIÁLGICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2012 
PAULO ARAUJO DIAS 
 
 
 
EFEITOS DA ACUPUNTURA, ELETROACUPUNTURA E MOXABUSTÃO NA 
QUALIDADE DE VIDA E NO CONTROLE DA DOR EM MULHERES 
FIBROMIÁLGICAS 
 
 
 
 
 
Dissertação submetida à Coordenação do 
Programa de Pós-Graduação em Cirurgia da 
Faculdade de Medicina da Universidade 
Federal do Ceará, como requisito parcial para 
a obtenção do título de Mestre em Cirurgia. 
Área de concentração: Metabolismo e 
comportamento biocelular no estresse. 
 
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Botelho 
Guimarães 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2012 
 
 PAULO ARAUJO DIAS 
 
 
EFEITOS DA ACUPUNTURA, ELETROACUPUNTURA E MOXABUSTÃO NA 
QUALIDADE DE VIDA E NO CONTROLE DA DOR EM MULHERES 
FIBROMIÁLGICAS 
 
 
Dissertação submetida à Coordenação do 
Programa de Pós-Graduação em Cirurgia da 
Faculdade de Medicina da Universidade 
Federal do Ceará, como requisito parcial para 
a obtenção do título de Mestre em Cirurgia. 
Área de concentração: Metabolismo e 
comportamento biocelular no estresse. 
 
 
Aprovada em: 31/09/2012 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
_______________________________________________ 
 Prof. Dr. Sérgio Botelho Guimarães 
Universidade Federal do Ceará - UFC 
 
 
 
______________________________________________ 
Profª. Dra. Maria Luzete Costa Cavalcante 
Universidade Federal do Ceará - UFC 
 
 
 
_______________________________________________ 
 Prof. Dr. Francisco das Chagas Medeiros 
Universidade Federal do Ceará - UFC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Não é condenável a ciência ou simples 
conhecimento de quaisquer coisas que, 
consideradas em si mesmas são boas e 
ordenadas por Deus; mas é sempre preferível 
uma consciência reta e uma vida virtuosa”. 
Tomás de Kempis (Imitação de Cristo – Livro 
I,3). 
 
 
 
 
 AGRADECIMENTOS 
 
A Deus que me agraciou com o dom da vida e que me permitiu chegar até aqui. 
 
Ao Prof. Dr. Sérgio Botelho Guimarães que mais do que orientador, foi um amigo cujo apoio 
e incentivo foram fundamentais para a conclusão deste trabalho. 
 
Ao Prof. Dr. Paulo Roberto Leitão de Vasconcelos, Coordenador do Programa de Pós-
Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia, que gentilmente colocou o 
Departamento de Cirurgia à nossa disposição para o desenvolvimento da pesquisa. 
 
À Dra. Maria Luzete Costa Cavalcante que prestimosamente colocou à minha disposição um 
dos elementos fundamentais da pesquisa: o algômetro de Fischer 
 
Aos meus pais Ana Almira Araújo Dias e Flaviano Dias de Carvalho (“in memoriam”) que 
mesmo em outra dimensão tenho certeza que continuam torcendo por mim. 
 
À minha irmã Carmélia Gislane Araujo Dias, por ter pacientemente me suportado durante a 
execução deste trabalho e por me estimular nos momentos de pusilanimidade. 
 
Ao meu irmão José Peregrino Araújo Dias que mesmo distante, sempre monitorizava o 
andamento da pesquisa e me incentivava a prosseguir. 
 
À acadêmica de enfermagem Andrea de Oliveira Albuquerque e à acadêmica de farmácia 
Karoline Lucas de Oliveira pela dedicação e indispensável colaboração na coleta e conclusão 
dos dados da pesquisa. 
 
Aos meus pacientes que espontaneamente se comprometeram a participar da pesquisa. 
 
A todos os que direta ou indiretamente contribuíram para a execução deste trabalho, alguns 
demonstrando paciência, outros, confiança, incentivo, dedicação, cada um, enfim, 
contribuindo a seu modo com sua valiosa parcela. 
 RESUMO 
Dias, Paulo Araujo. Efeitos da acupuntura, eletroacupuntura e moxabustão na qualidade 
de vida e no controle da dor em mulheres fibromiálgicas. Dissertação de Mestrado. 
Programa de Pós-Graduação (Stricto Sensu) em Cirurgia. Universidade Federal Ceará. 
Professor: Dr. Sérgio Botelho Guimarães. 
 
A dor é uma das principais causas do sofrimento humano, aflige a humanidade desde o inicio 
de sua existência e, independentemente de seu caráter agudo ou crônico, desencadeia no 
homem alterações nos padrões de sono, apetite e libido, irritabilidade, diminuição da 
capacidade de concentração, além de dificuldades em atividades familiares, profissionais e 
sociais. A fibromialgia (FB) é uma síndrome musculoesquelética crônica caracterizada por 
dor generalizada, de etiologia ainda não completamente esclarecida, que ocorre 
predominantemente em indivíduos de cor branca, afetando 2,5% da população brasileira, com 
maior incidência no sexo feminino, na fase produtiva (antes dos 50 anos de idade), podendo 
também afetar crianças e idosos. Na ausência de marcadores específicos, o diagnóstico da FB 
é baseado em achados clínicos conforme critérios estabelecidos pelo American College of 
Rheumatology: dor generalizada presente no esqueleto axial e em ambos os hemicorpos, 
acima e abaixo da cintura, presença de 11 ou mais dos18 tender points e dor crônica por mais 
de 3 meses. O tratamento da FB tem como objetivo reduzir a dor e os sintomas associados e 
melhorar a qualidade de vida. Antidepressivos associados a tratamentos não farmacológicos 
incluindo exercícios aeróbicos de baixo impacto, alongamentos, programas de fortalecimento 
ou relaxamento muscular, reabilitação e fisioterapia têm sido usados com resultados nem 
sempre satisfatórios. Outras terapias são recomendadas, como balneoterapia, termoterapia, 
terapia magnética, homeopatia, manipulação manual, dietoterapia, musicoterapia e 
acupuntura, pelos seus efeitos auto-reguladores, analgésicos e antiinflamatórios. Na busca de 
outras opções terapêuticas, este estudo objetiva avaliar os efeitos da acupuntura, da eletro- 
acupuntura e da moxabustão sobre a dor e a qualidade de vida em mulheres fibromiálgicas. 
Participaram do estudo 30 mulheres com idades entre 20 e 60 anos (média 46,90±9,24), 
selecionadas segundo critérios pré-definidos, portadoras de fibromialgia, que apresentavam 
dor de intensidade moderada a grave (Algometria de Fischer <4kg/cm
2
). As pacientes foram 
distribuídas aleatoriamente em três grupos (n=10) e tratadas com acupuntura (AC) [G-1], 
eletroacupuntura (EAC) [G-2] e moxabustão (MX) [G-3], durante 8 semanas (sessões 
semanais). Agulhas de aço inoxidável foram inseridas em acupontos específicos 
bilateralmente (Neiguan/PC-6, Hegu/IG-4, Yanglingquan/VB-34, Sanyinjiao/BP-6 e 
Taichong/F-3) em todas as pacientes e retidas por 30 minutos. Adicionalmente, foram 
aplicadas a EAC (G-2) ou a MX (G-3) durante 30 minutos. Para avaliação da intensidade da 
dor foram utilizados o questionário McGill, a Escala de Faces de Wong-Baker e o Algômetro 
de Fischer. A qualidade de vida foi avaliada utilizando o questionário The Medical Outcomes 
Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36), traduzido, adaptado e validado para a 
língua portuguesa em 1999. Os dados foram tabulados utilizando-se o software Excel para 
Windows 2007® da Microsoft Corporation (U.S.A.) e analisados pelo programa de análise 
estatística GraphPad Prism® v.5.00 (GraphPad Software, San Diego, Califórnia, U.S.A). Os 
resultados mostram que nenhum dos três métodos de tratamento utilizados no estudo (AC, 
EAC, MX) promove redução da dor em mulheres fibromiálgicas, após 8 semanas de 
tratamento. Por outro lado,tanto a EAC como a MX melhoram a saúde mental; a AC 
promove a melhora da vitalidade nessas pacientes. 
 
Descritores: Fibromialgia. Medicina Tradicional Chinesa. Acupuntura. Eletroacupuntura. 
Transferência de Calor. 
 
ABSTRACT 
 
Dias, Paulo Araujo. Effects of acupuncture, electroacupuncture and moxibustion on quality 
of life and control of pain in fibromyalgic women. Master´s degree. Post-graduation Program 
(StrictoSensu) in Surgery.Federal University of Ceará. Professor: Dr.Sérgio Botelho Guimarães. 
 
Pain is one of the major causes of human suffering, afflicted humanity since the beginning of its 
existence and, regardless of its acute or chronic character, triggers in man changes in sleep 
patterns, appetite and libido, irritability, decreased ability to concentrate, in addition to 
difficulties in family, professional and social activities. Fibromyalgia (FB) is a syndrome 
characterized by chronic widespread musculoskeletal pain, etiology not yet fully clarified, that 
occurs predominantly in white individuals, affecting 2.5% of the Brazilian population, with 
higher incidence in females, in the productive phase (before 50 years of age), and may also affect 
children and the elderly. In the absence of specific markers, the diagnosis of FB is based on 
clinical findings according to criteria established by the American College of Rheumatology: 
widespread pain present in the axial skeleton and in both hemibodies, above and below the waist, 
presence of 11 or more of the 18 tender points and chronic pain for more than 3 months. FB 
treatment aims to reduce pain and associated symptoms and improve quality of life. 
Antidepressants associated with non-pharmacological treatments including low impact aerobic, 
stretching, strengthening programs, or muscle relaxation, rehabilitation and physical therapy 
have been used with results not always satisfactory. Other therapies such as balneotherapy, 
thermotherapy, magnetic therapy, homeopathy, manual handling, dietotherapy, music therapy 
and acupuncture are recommended for its self-regulatory, analgesic and anti-inflammatory 
effects. In search of other therapeutic options, this study aims to evaluate the effects of 
acupuncture, electroacupuncture and moxibu stion on the pain and quality of life in 
fibromyalgic women. Thirty women aged between 20 and 60 years (mean age 46.90±9.24), 
selected according to predefined criteria, with FB, who had pain of moderate to severe intensity 
(<4kg/cm
2
) were included in the study. The patients were randomized, distributed in three groups 
(n=10) and treated with acupuncture (AC) [G-1], electroacupuncture (EAC) [G-2] and 
moxibustion (MX) [G-3], during 8 weeks (weekly sessions). Stainless steel needles were inserted 
into specific acupoints bilaterally (Neiguan/PC-6, Hegu/G-4, Yanglingquan/VB-34, 
Sanyinjiao/BP-6 and Taichong/F-3) in all patients, and retained for 30 minutes. Additionally, 
EAC (G-2) or MX (G-3) were applied during 30 minutes. To evaluate the intensity of the pain 
the McGill questionnaire, the Wong-Baker Faces Scale and the Fischer Algometer device were 
used. The quality of life was assessed using the questionnaire The Medical Outcomes Study 36-
Item Short-Form Health Survey (SF-36), translated, adapted and validated for the Portuguese 
language in 1999.The data was tabulated using the Excel 2007 software for Windows ® from 
Microsoft Corporation (U.S.A). GraphPad Prism ® v. 5.00 (GraphPad Software, San Diego, 
California, U.S.A) program was used for statistical analysis. The results show that none of the 
three treatment methods used in the study (AC, EAC, MX) promotes reduction of pain in 
fibromyalgic women, after 8 weeks of treatment. However, both EAC as MX treatments improve 
the mental health. Additionally, the AC improves vitality in these patients. 
 
Keywords: Fibromyalgia. Medicine, Chinese Traditional. Acupuncture. Electroacupunture. Heat 
transfer. 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Meridianos, segundo a MTC, utilizados no estudo ...................................... 30 
Figura 2 - Acupontos PC-6 e IG- 4............................................................................. 31 
Figura 3 - Acupontos VB-34.......................................................................................... 32 
Figura 4 - Acupontos BP-6 e F-3................................................................................ 32 
Figura 5 - Desenho do estudo........................................................................................ 33 
Figura 6 - Agulha de acupuntura................................................................................... 34 
Figura 7 - Aparelho de eletroacupuntura NKL 608 ...................................................... 35 
Figura 8 - Parâmetros utilizados na calibração do eletro-estimulador EL-608............. 35 
Figura 9 - Artemisia vulgaris. Fonte: http://gallery.nen.gov.uk/asset63644_161-.html 36 
Figura 10 - Moxa (embalagem original e bastão contendo folhas secas de Artemisia 
vulgaris)....................................................................................................... 
 
37 
Figura 11 - Escala de faces de Wong-Baker.................................................................... 38 
Figura 12 - Algômetro de pressão modelo Fischer PTM (Pressure Threshold Meter, 
Pain Diagnostics & Thermography, EUA)……………………………… 
 
39 
Figura 13 - Distribuição das pacientes por faixa etária.................................................... 42 
Figura 14 - Idade das pacientes incluídas (n=30) nos três grupos estudados 
(Acupuntura, Eletroacupuntura e Moxabustão)............................................ 
 
43 
Figura 15 - Sintomas clássicos da Fibromialgia, apresentados pelas pacientes ............. 44 
Figura 16 - Co-morbidades mais frequentes referidas pelas pacientes............................ 45 
Figura 17 - Uso dos dez medicamentos mais frequentes utilizados pelas pacientes....... 46 
Figura 18 - Número de tender points <4Kg/cm² antes do inicio (T0) e após o término 
do tratamento (T1)......................................................................................... 
 
48 
Figura 19 Percepções dolorosas referidas pelas pacientes, avaliadas pelo teste de 
faces de Wong-Baker após o término da 8ª sessão (T1), comparada à 
avaliação pré-tratamento (T0)....................................................................... 
 
 
49 
Figura 20 Aplicação da acupuntura pelo questionário SF-36 nos tempos T0 e T1....... 51 
Figura 21 Aplicação da eletroacupuntura pelo questionário SF-36 nos tempos T0 e 
T1.................................................................................................................. 
 
51 
Figura 22 – Aplicação da moxabustão pelo questionário SF-36 nos tempos T0 e T1..... 51 
Figura 23 – Aplicação da acupuntura, eletroacupuntura e moxabustão nas pacientes 
avaliadas pelo questionário SF-36, antes do inicio (T0) e ao término do 
estudo (T1).................................................................................................... 
 
 
52 
http://gallery.nen.gov.uk/asset63644_161-.html
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 – Idade das pacientes incluídas (n=30) nos três grupos estudados 
(Acupuntura, Eletroacupuntura e Moxabustão).............................................. 
 
43 
Tabela 2 – Fatores que agravam ou reduzem a intensidade da sensação dolorosa em 30 
mulheres com fibromialgia.............................................................................. 
 
46 
Tabela 3 – Distribuição dos descritores verbais do Questionário McGill referidos com 
maior frequência pelos pacientes, na avaliação inicial (T0)............................ 
 
47 
Tabela 4 – Número de tender points <4Kg/cm² antes do início (T0) e após o término 
do tratamento (T1)...........................................................................................48 
Tabela 5 – Percepções dolorosas referidas pelas pacientes, avaliadas pelo teste de faces 
de Wong-Baker após o término da 8ª sessão (T1), comparada à avaliação 
pré-tratamento (T0)......................................................................................... 
 
 
49 
Tabela 6 – Média e desvio-padrão da qualidade de vida em 30 mulheres avaliadas pelo 
SF-36 nos tempos T0 e T1 (antes do início e após o término do estudo)........ 
 
50 
Tabela 7 – Aplicação da acupuntura, eletroacupuntura e moxabustão nas pacientes 
avaliadas pelo questionário SF-36, antes do inicio (T0) e ao término do 
estudo (T1). N= 30.......................................................................................... 
 
 
52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
AA Analgesia por Acupuntura 
AC Acupuntura 
ACR American College of Rheumatology 
ACTH Adrenocorticotropic Hormone 
AF Aparelho de Fischer 
AMB Associação Médica Brasileira 
ARA American Rheumatism Association 
BP Baço-Pâncreas 
CFM 
DNIC 
Conselho Federal de Medicina 
Diffuse Noxious Inhibitory Controls 
EAC Eletroacupuntura 
EVA Escala Visual Analógica 
F Fígado 
FB Fibromialgia 
FIQ Fybromyalgia Impact Questionnaire 
GB 
GH 
Gall Bladder 
Growth Hormone 
Hz Hertz 
IASP International Association for the Study of Pain 
IG Intestino Grosso 
IGF Insulin-like Growth Factor 
IL Interleucinas 
Kgf /cm² Quilograma por Centímetro Quadrado 
Kgf/s Quilograma Força por Segundo 
L Liver 
LI Large Intestine 
mA MiliAmpères 
MPQ McGill Pain Questionnaire 
MTC Medicina Tradicional Chinesa 
MX Moxa 
NIH National Institutes of Health 
PC Pericardium 
PET Positron Emission Tomography 
PG Ponto Gatilho 
PPS Pulso por Segundo 
PRI 
PTM 
Pain Rating Index 
Pressure Threshold Meter 
REM 
SMF 
Rapid Eyes Moviment 
Síndrome Miofascial 
SNC Sistema Nervoso Central 
SP Spleen 
TENS Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation 
TP Tender Points 
VAS Visual Analogue Scale 
WBS 
WHO 
 Wong Baker Scale 
World Health Organization 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 14 
1.1 Epidemiologia...................................................................................................... 15 
1.2 Etiologia e etiopatogenia..................................................................................... 15 
1.3 Diagnóstico........................................................................................................... 17 
1.4 Sintomas............................................................................................................... 19 
1.5 Tratamento........................................................................................................... 20 
1.5.1 Acupuntura (AC).................................................................................................. 21 
1.5.1.1 Mecanismo de ação da acupuntura ................................................................... 22 
1.5.1.2 Pontos de acupuntura............................................................................................ 22 
1.5.2 Eletroacupuntura (EAC)...................................................................................... 24 
1.5.2.1 Mecanismo de ação da Eletroacupuntura (EAC)................................................. 24 
1.6 Moxabustão (MX)................................................................................................ 25 
1.7 Diagnóstico pela MTC......................................................................................... 26 
2 OBJETIVO.......................................................................................................... 27 
3 MÉTODO ............................................................................................................ 28 
3.1 Tipo de estudo, local, período............................................................................. 28 
3.2 Casuística.............................................................................................................. 28 
3.3 Critérios de inclusão e exclusão............................................................................ 29 
3.4 Aspectos éticos e pacientes.................................................................................... 29 
3.5 Abordagem inicial das pacientes............................................................................. 29 
3.5.1 Acupontos utilizados no estudo.......................................................................... 30 
3.6 Delineamento do estudo...................................................................................... 32 
3.7 Plano de tratamento............................................................................................ 33 
3.8 Técnica de agulhamento...................................................................................... 33 
3.9 Técnica de eletroacupuntura.............................................................................. 34 
3.10 Técnica de aplicação da moxabustão................................................................. 36 
3.11 Métodos de avaliação da dor.............................................................................. 37 
3.12 Escala de Faces de Wong Baker (WBS)............................................................ 37 
3.13 Questionário de dor McGill................................................................................ 38 
3.14 Avaliação da intensidade dolorosa e do número de tender points utilizando 
o Algômetro de Fischer (AF).............................................................................. 
 
39 
3.15 Avaliação da qualidade de vida.......................................................................... 40 
3.16 Análise estatística................................................................................................. 41 
4 RESULTADOS.................................................................................................... 42 
4.1 Dados demográficos............................................................................................. 42 
4.2 Sintomas mais frequentes................................................................................... 44 
4.3 Co-morbidades..................................................................................................... 44 
4.4 Medicação em uso pelas pacientes..................................................................... 45 
4.5 Fatores que agravam ou reduzem a intensidade da sensação dolorosa......... 46 
4.6 Classificação da dor segundo o questionário McGill (MPQ).......................... 47 
4.7 Aferição da sensibilidade à dor induzida por compressão.............................. 48 
4.8 Escala de Faces de Wong Baker......................................................................... 49 
4.9 O Questionário SF-36.......................................................................................... 50 
5 DISCUSSÃO........................................................................................................ 53 
6 CONCLUSÃO...................................................................................................... 60 
 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 61 
 APÊNDICES........................................................................................................ 77 
 ANEXOS.............................................................................................................. 93 
 
 
14 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Dor é um fenômeno decorrente do processo evolutivodo ser humano e até 
necessário à sua sobrevivência, haja vista as graves consequências da doença estrutural do 
sistema nervoso conhecida como analgesia congênita. A dor decorrente de alguma 
enfermidade é uma das principais causas do sofrimento humano e aflige a humanidade desde 
o inicio de sua existência. Em Gênesis (3:16) lê-se “Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; 
darás à luz com dor teus filhos”. 
A dor, independentemente de seu caráter agudo ou crônico, desencadeia no 
homem sintomas diversos, tais como alterações nos padrões de sono, apetite e libido, 
irritabilidade, alterações de energia, diminuição da capacidade de concentração, além de 
dificuldades em atividades familiares, profissionais e sociais (KRELING; CRUZ; PIMENTA, 
2006). 
 A fibromialgia (FB) (fibro, tecido fibroso + mys, músculo + algos, dor) é uma 
síndrome musculoesquelética crônica caracterizada por dor generalizada, de etiologia ainda 
não completamente esclarecida (TABER, 2000). É definida pelo Colégio Americano de 
Reumatologia (ACR) como dor generalizada há mais de 3 meses, em combinação com a 
sensibilidade em pelo menos 11 dos 18 pontos sensíveis à palpação, localizados em várias 
regiões do corpo e conhecidos como tender points (WOLFE et al., 1990). Embora 
importantes para a caracterização da síndrome, isoladamente estes pontos não são 
determinantes para o estabelecimento do diagnóstico, devendo-se levar em conta um conjunto 
de sinais e sintomas e as afecções satélites (MARTINEZ, 2006), já que até hoje não se 
conhecem exames complementares que determinem o diagnóstico desta doença. 
O principal sintoma da FB é a dor musculoesquelética associada à fadiga crônica, 
disfunção cognitiva, distúrbios do sono, rigidez matinal, sintomas gastrointestinais, cefaleia, 
síndrome do cólon irritável, síndrome da bexiga irritável ou cistite intersticial, distúrbio 
têmporo-mandibular, depressão e ansiedade (CLAUW, 2009). Um aspecto curioso é que os 
pacientes queixam-se de dor crônica e outros sintomas somáticos, mas sem exibirem nenhum 
dano tecidual ou inflamação aparentes (IASP, 2010). A dor crônica e a fadiga interferem 
negativa e intensamente na qualidade de vida dos pacientes com fibromialgia. A FB é 
considerada como o protótipo da síndrome de dor central crônica pelo seu caráter de dor 
generalizada que oscila espontaneamente (CLAUW, 2009). Alguns estudos demonstram a 
existência de uma atividade cerebral alterada nestes pacientes (COOK, 2004; GRACELY, 
15 
 
2002). A síndrome fibromiálgica apresenta os maiores índices de dor, estresse psicoativo e 
incapacidade funcional, quando comparada com outras doenças reumáticas (HAWLEY; 
WOLFE, 1991; WHITE et al., 1999a). 
Entenda-se por estresse um processo psicofisiológico desencadeado pelo contato com um 
agente estressor. Trata-se de uma reação fisiológica do organismo, que funciona como um 
mecanismo de defesa, em busca da homeostase (VASCONCELLOS, 1992). A dimensão 
fisiológica do estresse compreende três fases distintas: inicialmente uma reação de alarme, a 
seguir uma fase de resistência e finalmente a exaustão através do acionamento do eixo 
hipotálamo – hipófise - supra renal (SELYE, 1956). A partir de 1980 a FB foi considerada 
uma síndrome de dor crônica, real, causada por um mecanismo de sensibilização do sistema 
nervoso central à dor (PROVENZA et al., 2004). 
 As escassas referências existentes na literatura sobre o tratamento da FB com 
diferentes métodos da MTC, foi o que motivou este nosso estudo. 
 
1.1 Epidemiologia 
 
A FB ocorre predominantemente em indivíduos de cor branca e do sexo feminino, 
sendo menos de 20% do sexo masculino, chegando a ocorrer na proporção de nove mulheres 
para cada homem (FORSETH; GRAN, 1992; PONGRATZ; SIEVERS, 2000; RUSSEL, 
2001). Senna et al. (2004) registraram a ocorrência de FB em 2,5 % da população brasileira, 
com maior incidência no sexo feminino, das quais 40,8% se encontravam entre 35 e 44 anos 
de idade, coincidindo com outros estudos (WHITE et al., 1999b; LINDELL et al., 2000), 
embora já tenha sido encontrada em crianças e idosos (GOWIN, 2000). A prevalência da FB 
está aumentada em membros da família de pacientes portadores desta síndrome. Arnold et al. 
(2004) relataram que a frequência da síndrome entre os parentes de primeiro grau dos 
pacientes, foi de 6,4 %. 
 
1.2 Etiologia e etiopatogenia 
 
Apesar da sua grande incidência e de muitas pesquisas, a etiologia da FB 
permanece desconhecida (ALARCÓN; BRADLEY, 1998, PONGRATZ; SIEVERS, 2000 e 
RUSSEL, 2001) e ainda continua em discussão se a FB é um transtorno reumatológico, 
psiquiátrico, somatoforme ou neuroendócrino, existindo, no entanto, um consenso de que seja 
16 
 
uma condição heterogênea, podendo existir subgrupos que possuem fisiopatologias distintas, 
com características diferentes de resposta ao tratamento (TURK et al., 1998). Estudos 
tentando explicações no campo morfológico, histoquímico, imunológico, biofísico ou 
molecular nos músculos, tendões e estruturas articulares, têm sido inconclusivos, no entanto, 
alguns autores sugerem que a dor da fibromialgia seja consequência de alteração central, por 
hiperativação no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando à produção elevada de hormônio 
adrenocorticotrófico (ACTH) ectópica. O que não se sabe ainda é se a hiperatividade deste 
eixo se dá por alteração genética ou se por conseqüência de uma qualidade de vida exaustiva e 
estressante para o paciente. Além disso, haveria também alteração na interpretação dos 
estímulos aferentes nociceptivos, aumento do nível de neurotransmissores e de substância P 
no líquido cefaloraquidiano e na alteração do fluxo sanguíneo cerebral de pacientes 
fibromiálgicos (KEEL et al., 1998; ALARCÓN; BRADLEY, 1998). 
A deficiência de antinociceptivos nos pacientes com FB resulta na redução do 
nível de Serotonina. Klein e Berg (1995) encontraram anticorpos para a Serotonina em cerca 
de 70% dos pacientes com esta síndrome. Sabe-se hoje que uma das explicações da 
intolerância à dor decorre dos baixos níveis de serotonina e altas taxas de substancia P no 
líquor por disfunção de neurotransmissores. De Stefano et al. (2000) referem que a substância 
P é um neurotransmissor armazenado no interior da fibra nociceptiva aferente e está presente 
na dor crônica musculoesquelética. Hiperalgesia e hipoalgesia em animais têm apontado a 
substância neuropeptídica P como causa principal pela sensibilização central. A elevação da 
substância P no fluido cérebroespinhal foi um dos primeiros achados bioquímicos da FB 
(REYNOLDS, 1988). De acordo com o estudo de Coderre et al. (1993) o aumento da 
substância P foi 3 vezes maior no líquor de pacientes fibromiálgicos do que no grupo 
controle. Estudos de imagens funcionais do Sistema Nervoso Central (SNC) revelaram 
ativação aumentada das áreas relacionadas com a dor nos pacientes portadores da síndrome 
fibromiálgica (GRACELY, 2002). Um estudo utilizando tomografia com emissão de 
pósitrons (PET) demonstrou redução de receptores opioides μ em regiões cerebrais 
relacionadas com a dor (HARRIS et al., 2007). Alguns estudos demonstraram que pacientes 
com FB possuem menos volume total e menor densidade de substância cinzenta no SNC que 
o restante da população (KUCHINAD, 2007; SCHWEINHARDT, 2008). Estas perdas foram 
registradas nas áreas relacionadas à modulação da dor e estresse, como no córtex cingulado, 
córtex insular, córtex frontal medial, giros para-hipocampais, tálamo e amígdala 
(BURGMER, 2009; SCHMIDT–WILCHE et al., 2007). 
17 
 
Wallace et al. (2001) avaliaram as concentrações de interleucinas (IL) e 
encontraram diferenças entre o grupo de voluntários saudáveis e os fibromiálgicos, sendo que 
os valores mais altos das IL-8 foram encontrados em doentes com fibromialgia. 
Demonstraram também que a IL-6 pode induzir alguns sintomas da síndrome fibromiálgica,como hiperalgesia, fadiga e depressão. Gür et al. (2002) também verificaram alterações das 
citocinas na FB. As IL-2 r (IL 2 receptora) e as IL-8 apresentaram aumento quando 
comparados aos voluntários sadios. Os autores concluem que a IL-8 pode ser um fator 
importante na síndrome fibromiálgica. Feng concluiu que os portadores de FB possuem níveis 
plasmáticos elevados da citocina pró-inflamatória IL-1β (FENG et al., 2009). Foi observado, 
além disso, que os níveis de citocinas anti-inflamatórias encontram-se diminuídos em 
pacientes com FB (ÜCEYLER et al., 2006). Plasticidade neuronal e inflamação estão 
presentes em várias doenças e a FB é uma doença de neuroplasticidade (isto é, modificação 
neuronal). Qualquer doença promove neuroplasticidade com suas implicações (MARTINEZ, 
2006). Grande parte dos pacientes apresentam a doença com início insidioso, enquanto outros 
relacionam seus sintomas com fatores ambientais como traumas físicos ou emocionais, 
síndrome de dor miofascial ou alguma doença aguda como processos infecciosos, estresse por 
alteração do sistema imunológico ou endócrino (ALARCÓN; BRADLEY, 1998; BENNETT 
et al., 2007). 
No caso de traumas que gerem sofrimento psicológico, a dor permanece mesmo 
após o processo cicatricial (BUSKILA, 2001). Entre os estressores psicossociais estão os 
fatores relacionados ao trabalho (HARKNESS et al., 2004). Com relação à influência 
genética, é provável que o desenvolvimento da síndrome fibromiálgica seja influenciado por 
genes múltiplos, como acontece com outras doenças genéticas complexas (BRADLEY, 2009). 
Mork et al., em 2010, verifica que sobrepeso, obesidade e ausência de atividade física 
regular, estão associados a maior risco de contrair a enfermidade. 
 
1.3 Diagnóstico 
 
Devido a ausência de marcadores específicos, o diagnóstico da FB é puramente 
clínico e os critérios aceitos são os determinados pelo American College of Rheumatology 
(ACR): dor generalizada presente no esqueleto axial e em ambos os hemicorpos, acima e 
abaixo da cintura, 11 ou mais dos18 tender points e dor crônica por mais de 3 meses (HAUN; 
18 
 
FERRAZ; POLLAK, 1999). Estes pontos estão localizados bilateralmente nas seguintes 
regiões anatômicas (WOLFE et al., 1990): 
- Região occipital: inserções dos músculos occipitais e suboccipitais; 
- Região cervical inferior: parte anterior dos espaços intervertebrais C5 - C7; 
- Trapézio: centro da borda superior do músculo trapézio; 
- Supraespinhoso: sobre o músculo supraespinhoso, nas origens, acima da espinha 
escapular, vizinho à borda medial; 
- Segunda costela: acima da segunda união costocondral; 
- Epicôndilo lateral – 2 cm distalmente aos epicôndilos laterais no antebraço; 
- Região glútea: quadrante superior externo das nádegas; 
- Trocanter maior: posterior à sua proeminência; 
- Joelhos: próximo à patela, no coxim adiposo medial. 
Novos critérios, porém, estão sendo propostos no exame do paciente 
fibromiálgico (WOLFE et al., 2010), abolindo-se a necessidade de pesquisa dos pontos 
dolorosos, introduzindo ao invés disso um índice de dor generalizada e um escore de 
severidade dos sintomas. Por outro lado, isto pode fazer com que o médico se distancie mais 
do fibromiálgico, o qual já sofre de alijamento social e de falta de atenção. A aprovação deste 
novo método, no entanto, ainda não foi concretizada, necessitando de maiores estudos na 
prática clinica. 
Continua motivo de discussão a utilidade do exame dos 18 pontos dolorosos na 
FB. Inicialmente estes pontos foram usados pela Associação de Reumatologia Americana 
(ARA) com a finalidade de pesquisa e não tinha a intenção de ser utilizada na prática clínica. 
Apesar dos esforços para padronizar o procedimento de contagem destes pontos dolorosos 
pela palpação, não se tem demonstrado que possa ser reproduzível em diferentes condições 
clínicas (PETZKE et al., 2003). “Um estudo recente avaliou o valor de discriminação de 
todos os pontos dolorosos, isoladamente e combinados, por meio da investigação da 
magnitude apropriada da pressão que deveria ser aplicada sobre eles. Constatou-se que todos 
os pontos dolorosos com determinados valores de ponto de corte de pressão, discriminaram de 
forma significativa os indivíduos com FB com relação aos controles” (TASTEKIN, 2010). O 
Dr. Andrew A. Fischer, professor associado ao Departamento de Medicina Física e 
Reabilitação da Escola de Medicina de Mt. Sinai - Nova York desenvolveu em 1988 um 
aparelho com o objetivo de mensurar a dor, que se tornou conhecido como algômetro de 
Fischer. 
19 
 
1.4 Sintomas 
 
Além da dor músculo-esquelética difusa, os sintomas mais frequentemente 
encontrados nesta síndrome são: fadiga, alterações do sono, rigidez muscular matinal, 
ansiedade, depressão e sensibilidade à palpação de determinados sítios anatômicos pré-
estabelecidos (músculos/tendões), denominados “tender points” (MARQUES et al., 2002), 
mas não é raro que o paciente apresente outras queixas, como cefaleia, síndrome do cólon 
irritável, bexiga irritável, dismenorreia, fenômeno de Raynaud e síndrome das pernas 
inquietas (BALDRY, 1992). São frequentes as queixas de cervicalgia e dor na cintura 
escapular. A má postura, com o consequente desequilíbrio axial da coluna, levam ao 
encurtamento da musculatura anterior e ântero-lateral do pescoço. Esta contratura produz 
compressão do paquete vásculo-nervoso interescalênico, que se apoia na primeira costela e 
que ocasiona braquialgia com ou sem parestesia (ANDRADE FILHO, 2001). 
Buskila (2001) concluiu que nos casos de lesões cervicais, a possibilidade de 
desenvolver sintomas de FB é 13% maior do que se a lesão ocorresse nos membros inferiores. 
Os sintomas, como: cefaleia, otalgia, dores nos braços e nas mãos, no trocanter, nas pernas, 
acompanhando o trajeto do nervo fibular e nos pés, formam o rosário de dores que massacram 
estes pacientes. Goldenberg (1987) já entendia que a depressão, muitas vezes presente na FB, 
é de natureza psicobiológica. A fadiga muscular é frequentemente referida pelos que sofrem 
com a doença, como fator incapacitante, maior até do que a própria dor (HENRIKSON, 
1995). O eletroencefalograma do sono nestes pacientes, demonstra distúrbio da fase do sono 
não REM (Rapid Eye Movement) pela intrusão das ondas alfa, com progressão para os 
estágios 3 e 4 do sono (ROIZENBLATT et al., 2002). 
No entanto, sabe-se que durante o sono são liberados alguns hormônios, como por 
exemplo, o hormônio do crescimento (GH), que estimula o desenvolvimento de todos os 
órgãos. Normalmente, na população em geral, ele é liberado entre os estágios 3 e 4 do sono 
não-REM, mas nos pacientes com FB, o valor do nível do fator de crescimento da insulina 
(IGF) é baixo, demonstrando desta forma, a baixa liberação do hormônio de crescimento 
(GH) (MILLEA; HOLLOWAY, 2000). Os sintomas da FB provocam um impacto negativo 
importante na qualidade de vida dos pacientes (MARTINEZ, 1999). O impacto global 
envolve um amplo leque de aspectos, entre eles os pessoais, profissionais, familiares e sociais, 
além de implicações legais, econômicas e psicológicas (FILSHIE e WHITE, 2002), motivos 
mais do que suficientes para fazer com que o paciente superdimensione suas queixas. 
20 
 
1.5 Tratamento 
 
Os objetivos no tratamento da FB consistem, notadamente, em reduzir a dor e os 
sintomas associados e melhorar a qualidade de vida (IASP, 2010). Há muitos anos os 
antidepressivos têm sido usados para tratamento da dor crônica e ultimamente, para o 
tratamento da FB, por reduzirem seus sintomas (MILLEA; HOLLOWAY, 2000). A dose dos 
antidepressivos deve ser individualizada e qualquer mudança de humor concomitante, 
adequadamente tratada (HEYMANN et al., 2010). O cloridrato de amitriptilina, pamoato de 
imipramina e cloridrato de imipramina (ARNOLD, KECK JR; WELGE, 2000), são os mais 
utilizados porque reduzem a dor, a fadiga e a depressão, além de melhoraremo sono e a 
qualidade de vida (HÄUSER et al., 2009). Parece que mesmo reduções moderadas na 
intensidade da dor, podem levar a aumento considerável da qualidade de vida (MOORE, 
2010). Para o tratamento da FB são usadas doses menores de antidepressivos do que as 
utilizadas na depressão (MILLEA; HOLLOWAY, 2000). Por possuírem efeito analgésico, 
agindo no bloqueio da recaptação da serotonina e da noradrenalina, os antidepressivos alteram 
a atividade de neurotransmissores, como a substancia P (TEIXEIRA et al., 2001). Dentre os 
compostos tricíclicos, a amitriptilina e entre os relaxantes musculares a ciclobenzaprina, são 
os fármacos que reduzem a dor e frequentemente melhoram a capacidade funcional, sendo por 
este motivo recomendadas para o tratamento da fibromialgia (CARVILLE et al., 2008). No 
estudo de Heymann et al. (2010), a nortriptilina foi recomendada para o tratamento da 
fibromialgia, ao contrário da imipramina e da clomipramina que foram excluídas. 
Dentre os tratamentos não farmacológicos normalmente associados aos 
farmacológicos, têm se mostrado eficazes para os pacientes fibromiágicos: exercícios 
aeróbicos de baixo impacto, como caminhadas, alongamentos de duas a 3 vezes semanais 
(MILLEA; HOLLOWAY, 2000; JONES et al., 2006), programas de fortalecimento ou 
relaxamento muscular, reabilitação e fisioterapia, dependendo das necessidades de cada 
paciente (CARVILLE et al., 2008). Outros estudos complementares objetivando o tratamento 
do paciente fibromiálgico, evidenciam a eficácia das técnicas de relaxamento individual ou 
em grupo (RUCCO et al., 1995; KEEL et al., 1998), de terapia comportamental (BRADLEY; 
ALBERTS, 1999; BUSKILA, 2001) e de técnicas de treinamento autógeno (RUCCO et al., 
1995). A orientação psiquiátrica e eventualmente a psicoterapia, são úteis naqueles pacientes 
que apresentam depressão, ansiedade ou pânico. No entanto, a principal arma continua sendo 
um bom rapport médico-paciente, fazendo-lhe ver que os sintomas possuem causas orgânicas 
21 
 
e neurológicas (WEIDEBACH, 2002). A utilização de métodos alternativos de tratamento 
tem motivado pesquisadores na busca de uma forma eficaz de combate à dor e do resgate dos 
pacientes portadores de fibromialgia, permitindo sua reintegração na sociedade. Não existem 
evidências científicas de que terapias alternativas, como chás, terapias ortomoleculares, 
cristais, cromoterapia e florais de Bach, entre outros, sejam eficazes, bem como também não 
há evidências concretas de que infiltrações nos pontos dolorosos da fibromialgia sejam 
eficazes (HEYMANN et al., 2010). Diversas outras terapias são também recomendadas, como 
balneoterapia, termoterapia, terapia magnética, homeopatia, manipulação manual, medicina 
mente-corpo, dietoterapia, musicoterapia e acupuntura (BARANOWSKY et al., 2009), 
pelos seus efeitos auto-reguladores, analgésico e antiinflamatório. 
 
1.5.1 Acupuntura (AC) 
 
Não é possível estabelecer uma data precisa para o aparecimento da acupuntura, 
porque as suas origens perdem-se no tempo (HONG, 2005). Etimologicamente, acupuntura é 
uma palavra composta derivada do latim, formada pelos vocábulos acus - agulha e pungere - 
puncionar (FARIA, 1985; HONG, 2005). 
A Europa tomou conhecimento da acupuntura nos séculos XVI e XVII através de 
missionários Jesuitas que chegavam do Oriente trazendo a novidade. Na década de 1950 
passou-se a usar a acupuntura com base científica e integração da medicina chinesa com a 
ocidental. Nos anos 60 iniciaram-se pesquisas utilizando anestesia com acupuntura. Na 
década de 70, devido à explosão demográfica na China, o governo autorizou o atendimento 
com acupuntura por pessoas não qualificadas, conhecidas como “médicos pés descalços”, o 
que resultou em graves complicações, inclusive óbitos. Diante desta experiência desastrosa, o 
governo determinou que a acupuntura fosse realizada apenas por médicos com formação em 
escolas especializadas de MTC e integrada aos conhecimentos da medicina ortodoxa 
ocidental. Hoje a acupuntura é aceita e praticada em diversos países do mundo, inclusive no 
Brasil, onde já é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina 
(CFM) desde 1995, conforme a resolução normativa 1455 e pela Associação Médica 
Brasileira (AMB) em 1998 (HONG, 2005). 
 
 
 
22 
 
1.5.1.1 Mecanismo de ação da acupuntura 
 
A acupuntura é uma forma de terapia que busca a cura das enfermidades pela 
aplicação de estímulos através da pele, com a inserção de agulhas finas, maleáveis, 
descartáveis, de aço inoxidável, em pontos específicos, denominados acupontos. Sabe-se que 
ela induz a liberação de diversos neurotransmissores com finalidades analgésica, 
antidepressiva, ansiolítica e antiinflamatória, entre outras (HONG, 2005). 
A acupuntura deve muito de sua respeitabilidade à descoberta que a inserção de 
agulhas libera peptídeos opioides (CLEMENT-JONES et al., 1979). 
Os fenômenos locais, tanto objetivos como subjetivos provocados pela 
acupuntura, são conhecidos com o termo chinês “De Qi”, o que indica que a agulha atingiu o 
fluxo de QI (energia) ao longo dos meridianos (linhas imaginárias que percorrem o corpo). É 
essencial a obtenção do “De Qi” para que se obtenha êxito terapêutico. A inserção das 
agulhas usando uma técnica suave, estimula apenas as fibras grandes (Aδ II) e vai resultar em 
uma sensação de agulhamento, enquanto uma técnica mais dolorosa estimulará 
preferencialmente as fibras pequenas (Aδ III b). Girar a agulha suavemente faz com que as 
fibras musculares “se enrosquem” ao redor da agulha, promovendo também estimulação das 
fibras nervosas grandes. Segundo relatos de Stux e Pomeranz (1986), o entorpecimento 
provocado pelo agulhamento pode ser gerado pela estimulação das fibras aferentes grandes e 
a sensação forte pode ser provocada pela estimulação de fibras grandes aferentes de baixo 
limiar do tipo Aδ III a (FILSHIE; WHITE, 2002). 
Nakano e Yamamura (2010) atribuem a sensação de “De Qi” ao estímulo de 
vários tipos de receptores nervosos relacionados aos pontos de acupuntura, assim: o estímulo 
das fibras Aδ superficiais pode promover sensação de dor; o estímulo de fibras mais 
profundas, ao nível dos músculos e tendões proporcionam sensação de peso e o estímulo das 
fibras C provocam predominantemente reações autonômicas, como formigamento e 
parestesia. 
 
1.5.1.2 Pontos de acupuntura 
 
Os acupontos, ou pontos clássicos de acupuntura, são locais do corpo nos quais as 
fibras nervosas se encontram mais acessíveis; representados nos gráficos de acupuntura 
(SIVIN 1987; CHAPMAN; GUNN, 1990), exteriorizam-se na pele, possuem dimensão que 
23 
 
não ultrapassam alguns milímetros quadrados e representam o meio de comunicação da pele 
com os órgãos internos. Existem 361 pontos clássicos de acupuntura distribuídos em 12 
meridianos (canais) regulares e em dois meridianos ditos “extraordinários”. Os pontos dos 
meridianos regulares estão situados em pares à esquerda e à direita, enquanto que os 
acupontos dos meridianos extraordinários estão situados na linha mediana posterior e anterior 
do corpo humano e não são pareados (HECKER et al., 2007). 
Os acupontos apresentam algumas peculiaridades e características bioelétricas 
próprias e dependendo do grau dessas variações bioelétricas (impedância, polaridade), podem 
chegar a tornar-se dolorosos ou mesmo passar a apresentar manifestações funcionais ou 
orgânicas como consequência do estado energético dos órgãos internos (YAMAMURA, 
2001). Constituem a área mais externa do corpo energético e possuem a função de captores e 
de barreira contra os fatores atmosféricos (frio, calor, secura, umidade, vento), que na ótica da 
medicina chinesa podem se tornar causadores de adoecimento. Quando estes fatores 
atmosféricos ou energias ambientais atingem os pontos de acupuntura, modificam o potencial 
elétrico da pele e através de estímulos nervososautonômicos se espalham ao longo do trajeto 
dos meridianos, penetram nas estruturas mais profundas do corpo, atingindo os órgãos 
internos e podendo, de acordo com a resistência individual, provocar variadas doenças 
(YAMAMURA, 2001). 
Pesquisas relativamente recentes evidenciaram que a superfície da pele não possui 
o mesmo potencial elétrico e as áreas com potenciais elétricos diferentes correspondem à 
descrição clássica de ponto de acupuntura (YAMAMURA, 2001). 
Estudos anátomo-histológicos evidenciaram que os pontos de acupuntura são 
regiões ricas em terminações nervosas livres e em receptores, como corpúsculos de Paccini, 
de Meissner, de Golgi, de Mazzoni e de Krause. Quando uma agulha de acupuntura é inserida 
na pele, estimula as terminações nervosas livres, os receptores articulares, o fuso muscular e 
os estímulos são veiculados principalmente pelas fibras Aδ e C (YAMAMURA, 2001). O 
estímulo de diferentes receptores pela inserção da agulha de acupuntura pode explicar os 
múltiplos efeitos observados. 
Estímulos diferentes podem determinar respostas diferentes. Assim, pesquisas 
neurofisiológicas mostraram que em macacos, quando se faz um estímulo na pele da mão, no 
sentido da esquerda para a direita, existe uma excitação; quando, porém, se faz o mesmo 
movimento com a mesma intensidade, mas em sentido contrário, promove-se inibição. 
Simplesmente mudando-se a movimentação do folículo piloso com movimento sutil, muda-se 
24 
 
também o comportamento excitação/inibição. Assim, compreende-se porque os chineses 
apregoavam que para tonificar o paciente a inserção da agulha deveria ser no sentido da 
corrente de energia e para sedá-lo, a inserção deveria ser no sentido contrário. O movimento 
da agulha também deveria variar de acordo com o efeito que se desejasse obter: para tonificar, 
movimento horário e para sedar, movimento anti-horário (YAMAMURA, 2001). 
 
1.5.2 Eletroacupuntura (EAC) 
 
A eletroacupuntura (EAC) consiste na passagem de uma corrente elétrica de baixa 
intensidade e frequência variável através do corpo por meio de agulhas de acupuntura, com 
finalidade terapêutica. 
O método passou a ficar mais em evidência no ocidente quando alguns médicos 
americanos visitaram a China no início da década de 70 e constataram que a acupuntura era 
usada como único agente anestésico para realização de alguns procedimentos cirúrgicos. 
Inicialmente, quando a técnica foi lançada, os anestesistas estimulavam manualmente as 
agulhas durante todo o procedimento cirúrgico, mas além de ser uma tarefa cansativa, não se 
mantinha a regularidade do estímulo e atrapalhava a equipe cirúrgica. Foi então que surgiram 
os geradores de pulsos elétricos que acabaram substituindo a estimulação manual. A analgesia 
por acupuntura espalhou-se por toda a China de tal forma que em 1971 já haviam sido 
realizadas 4.900 operações só em Beijing. A técnica, então, ganhou notoriedade e passou a ser 
utilizada para a realização de vários tipos de procedimentos cirúrgicos, como craniotomia, 
cirurgias otorrinolaringológicas, extração dentária, toracotomia, cesarianas e cirurgias de 
membros inferiores (FILSHIE, WHITE, 2002). 
 
1.5.2.1 Mecanismo de ação da Eletroacupuntura (EAC) 
 
O mecanismo de ação da eletroacupuntura se processa pelas mesmas vias 
nervosas da acupuntura clássica (referida também como acupuntura manual), diferenciando-
se, no entanto, em relação à liberação de tipos diferentes de neurotransmissores, dependentes 
da frequência de corrente elétrica transmitida ao ponto de AC (CHEN; HAN, 1992). 
Na EAC os impulsos atuam sobre nervos sensoriais aferentes de características 
nociceptivas, gerando analgesia e regulação autonômica reflexas (FILSHIE; WHITE, 2002). 
25 
 
Pesquisadores demonstraram que a utilização de baixa frequência medeia a 
liberação de encefalinas e ß-endorfina, as quais têm afinidade pelos receptores µ e δ no 
cérebro; por outro lado, estímulos de alta frequência medeiam a liberação de dinorfina, que 
tem afinidade pelo receptores κ na região medular (HAN; XIE, 1984; CHEN; HAN 1992). 
Qualquer estímulo cutâneo seja ele mecânico, elétrico, térmico ou químico, é 
capaz de provocar uma resposta autonômica (CHONGHUO, 1993). Para produzir algum 
efeito terapêutico, a corrente deve estar acima de um limiar específico. Experimentalmente, 
Pomeranz (1989) demonstrou que a analgesia se desenvolve assim que a corrente for 
suficientemente forte para estimular as fibras musculares aferentes do tipo II e III, 
equivalentes às fibras Aδ. Aceita-se como baixa freqüência, o estímulo de até 10 Hz e alta 
frequência a partir de 100 Hz. Com o uso alternado das duas frequências, com duração de 3 
segundos cada, obtém-se o estímulo dos três receptores opioides µ, δ, e ĸ , simultaneamente, 
propiciando a liberação desses três neurotransmissores e potencializando o efeito analgésico 
(CHEN; HAN, 1992). 
Diversos estudos controlados, entre eles o de Deluze et al. (1992) comprovam que 
os pacientes que sofrem de fibromialgia podem se beneficiar com o uso da eletroacupuntura. 
 
1.6 Moxabustão (MX) 
 
 A palavra moxa pode ser originária tanto do termo português mechia (mecha), 
quanto do japonês mogussá (AUTEROCHE; AUTEROCHE, 1996). A moxa é um material 
aveludado, preparado com folhas secas de uma planta cosmopolita pertencente à família das 
Compostas (Figura 9), denominada Artemisia vulgaris (KIKUCHI, 1979). Outras variedades 
da planta também são usadas. 
Os efeitos terapêuticos da moxa resultam da estimulação térmica dos pontos de acupuntura, 
promovendo maior fluxo da circulação sanguínea, aumentando, consequentemente, a 
resistência do organismo contra as doenças (SHIN et al., 2006). A moxabustão tem efeitos 
anti-inflamatórios ou imunomoduladores em indivíduos portadores de condições inflamatórias 
crônicas (CHO et al., 2006). 
Quanto ao modo de utilização da técnica, diz-se que a moxabustão pode ser direta, 
quando se aproxima o cone da pele ou indireta quando se interpõem alguns produtos entre o 
bastão e a pele, como rodelas de alho, de gengibre ou o sal grosso (CHONGHUO, 1993). 
Quando usada em forma de bastão aquecido, aproxima-se do ponto desejado a um distância 
26 
 
de 0,5 a 1cm da pele, sem tocá-la. O procedimento demora de 3-5 minutos devendo o paciente 
sentir apenas uma agradável e suave sensação de calor. No intuito de evitar aquecimento 
excessivo ou mesmo queimadura no paciente, regula-se a sensação de calor que está sendo 
emitida pela moxa, interpondo-se a mão entre o bastão e a área que está sendo tratada. 
 
1.7 Diagnóstico pela MTC 
 
No pensamento clássico chinês, os vários fenômenos interrelacionam-se como 
parte de um padrão, onde os fatos e objetos não possuem nenhum significado se vistos 
isoladamente. Enquanto o pensamento básico ocidental é analítico, o oriental é holístico. Na 
medicina chinesa, importa mais a pessoa do que a doença propriamente dita, haja vista as 
doenças mentais, emocionais e físicas que estão intimamente relacionadas e não são 
consideradas como doenças de espécies diferentes. Como a doença é vista como o resultado 
de um desequilíbrio, o tratamento por sua vez será direcionado para restaurar este equilíbrio. 
Um aspecto interessante da MTC que diverge do pensamento ocidental é que 
importa mais a função do órgão do que seu aspecto estrutural ou morfológico (BENSKY, 
1996). 
Sendo assim, é fácil entender porque na medicina clássica chinesa não existem as 
especialidades médicas. O diagnóstico na MTC é dado pela identificação do padrão de 
desarmonia, que consiste no conjunto de sinais e sintomas gerados pela disfunção dos órgãos 
internos e inclui aspectos orgânicos, energéticos e emocionais. Esta disfunção, fruto do 
desequilíbrio de todo o sistema orgânico, pode ser gerada por agentes externos ou internos, 
como mudanças climáticas, emoções, erros alimentares, traumas,etc. (CHONGHUO, 1993). 
De acordo com a disfunção do órgão atingido, podem-se encontrar diversos 
padrões de desarmonia, como por exemplo: deficiência do QI do Rim, deficiência do Yin do 
Fígado, deficiência do yang do Baço-Pâncreas, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
2 OBJETIVO 
 
 Avaliar os efeitos da acupuntura, da eletroacupuntura e da moxabustão sobre a dor 
e a qualidade de vida em mulheres fibromiálgicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
3 MÉTODO 
 
3.1 Tipo de estudo, local e período 
 
Trata-se de um estudo prospectivo randomizado, com 30 pacientes do sexo 
feminino, com idades entre 20 e 60 anos (média 46,90 ± 9,24), que apresentavam dor de 
intensidade moderada a grave (Algometria de Fischer < 4kg/cm
2
), com diagnóstico de 
fibromialgia, realizado de acordo com a classificação do Colégio Americano de Reumatologia 
(WOLFE et al.,1990). 
O estudo foi realizado no ambulatório de acupuntura do Hospital Universitário 
Walter Cantídio, da Universidade Federal do Ceará, no período de Maio de 2010 a Abril de 
2012 com pacientes fibromiálgicas. O ambulatório de acupuntura funciona desde Maio de 
2009 às Segundas-Feiras, no período de 07:00 às 17:00 h, acoplado ao Ambulatório de Dor e 
atende notadamente pacientes com queixas de dor músculo esquelética, por procura 
espontânea ou enviados pelos diversos Serviços do próprio hospital, especialmente os de 
Ortopedia, Neurologia e Endocrinologia. 
 
3.2 Casuística 
 
Na ausência de estudo prévio semelhante, objetivou-se estudar o efeito dos 
diversos tratamentos da MTC em um grupo de 30 pacientes. Os diversos Serviços do hospital 
foram informados da realização do estudo, ocasião em que se solicitava o encaminhamento de 
pacientes fibromiálgicas ao Serviço de Acupuntura. Quarenta e nove indivíduos atenderam à 
solicitação inicial. Para o estudo foram selecionadas 30 pacientes, de acordo com os critérios 
de inclusão/exclusão discriminados a seguir. As pacientes foram distribuídas em três grupos: 
grupo 1 (acupuntura), 10 pacientes; grupo 2 (eletroacupuntura), 10 pacientes e grupo 3 
(moxa), 10 pacientes. Os 5 primeiros pacientes foram alocados no grupo 1, os próximos 5 
pacientes no grupo 2 e os outros 5 pacientes no grupo 3. Este processo foi repetido 2 vezes, 
totalizando 10 pacientes em cada grupo. 
 
 
 
 
29 
 
3.3 Critérios de inclusão e exclusão 
 
- Critérios de inclusão: as pacientes deviam ser regularmente cadastradas no Hospital 
Universitário Walter Cantídio da UFC, enquadrar-se na faixa etária pré-estabelecida (20-60 
anos) e apresentar sintomas característicos da fibromialgia, conforme estabelecido pelo 
Colégio Americano de Reumatologia (WOLFE et al., 2010). 
 
- Critérios de exclusão: mulheres com menos de 20 e mais de 60 anos de idade, em 
tratamento de distúrbio psiquiátrico, com discrasia sanguínea, suspeita ou confirmação de 
gravidez, cardiopatias graves e portadores de enfermidade incluída no diagnóstico diferencial 
da FB descrita pelo Colégio Americano de Reumatologia (WOLFE et al., 2010). 
 
3.4 Aspectos éticos e pacientes 
 
Após aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa do 
Hospital Universitário Walter Cantídio/UFC (protocolo nº 152.12.09) e a assinatura do Termo 
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos sujeitos da pesquisa (Apêndice A), 
procedeu-se a randomização dos pacientes selecionados, conforme descrito acima. A seguir, 
deu-se início à coleta preliminar de dados, antes do início do tratamento. Todas as pacientes 
que se encontravam sob tratamento médico nas várias especialidades, tiveram suas 
prescrições mantidas. 
 
3.5 Abordagem inicial das pacientes 
 
No primeiro contato com a paciente, através de um diálogo informal, sem tempo 
estabelecido para a consulta, explicava-se qual o objetivo do projeto. A seguir era realizada a 
avaliação clinica (inspeção, anamnese e exame físico). 
Embora na prática clínica da MTC a escolha dos pontos possa ser individualizada, 
para permitir a reprodutividade da técnica, em todos os pacientes foram utilizados pontos de 
acupuntura padronizados, de uso corrente na prática diária da acupuntura, para o alívio da dor, 
da ansiedade e da depressão. A descrição da localização destes pontos obedeceu à 
nomenclatura internacional, segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1991), 
traduzindo-se os termos para o idioma português (Figura 1). 
30 
 
Figura 1 – Meridianos, segundo a MTC, utilizados no estudo 
Inglês Símbolo Português Símbolo 
Liver L Fígado F 
Large Intestine LI Intestino Grosso IG 
Pericardium PC Pericárdio PC 
Gall Bladder GB Vesícula Biliar VB 
Spleen SP Baço-Pâncreas BP 
 
 
3.5.1.1 Acupontos utilizados no estudo 
 
Os acupontos selecionados para utilização no estudo foram: PC-6 (Neiguan), 
 IG-4 (Hegu), VB-34 (Yanglingquan), BP-6 (Sanyinjiao) e F-3 (Taichong), devido à 
freqüente utilização e ampla indicação destes pontos na prática da acupuntura. 
PC 6 – Neiguan (“passagem estratégica interna”). Localizado próximo à prega 
distal do punho, no meio da face anterior do antebraço, entre os tendões dos músculos palmar 
longo e flexor radial do carpo. A agulha de acupuntura atravessa a pele e a tela subcutânea, 
penetra entre os tendões dos músculos flexor radial do carpo e palmar longo, ultrapassa os 
músculos flexores superficiais e profundos dos dedos e atinge o músculo pronador quadrado; 
relaciona-se superficialmente com os nervos cutâneo medial e cutâneo lateral do antebraço, 
com o ramo palmar do nervo mediano e profundamente, com o nervo mediano. Indicações: 
insônia, palpitação, desordens mentais (YAMAMURA, 2001). Fig. 2 
 IG 4 – Hegu (“vale da junção”). Encontra-se sobre o 1º músculo interósseo dorsal 
da mão. A agulha atravessa a pele, tela subcutânea, penetra o 1º músculo interósseo do dorso 
e atinge o músculo adutor do polegar. Superficialmente a agulha relaciona-se com os nervos 
digitais dorsais do ramo superficial do nervo radial e com os nervos digitais palmares próprios 
do nervo mediano. Profundamente relaciona-se com o ramo profundo do nervo ulnar. 
Indicações: cefaleia, odontalgia, rinite, obstrução nasal, astenia mental, artrite têmporo-
mandibular, dor dos membros superiores, neurastenia, dores em geral, depressão 
(YAMAMURA, 2001). Fig. 2 
VB 34 – Yanglingquan (“fonte do monte Yang”). Localizado no terço superior da 
face lateral da perna, em uma reentrância muscular, localizada distalmente e à frente da 
cabeça da fíbula. A agulha atravessa a pele e a tela subcutânea, penetra os músculos fibular 
31 
 
longo e extensor logo dos dedos e atinge a membrana interóssea. Ao se aprofundar mais a 
agulha, atinge-se o músculo tibial posterior. Relaciona-se superficialmente com os ramos do 
nervo cutâneo lateral e profundamente com ramos articulares do nervo fibular comum. 
Indicações: dores em geral, favorece a mobilidade articular, relaxante muscular 
(YAMAMURA, 2001). Fig. 3 
BP 6 – Sanyinjiao (“reunião dos 3 canais Yin”). Situado próximo ao maléolo 
interno, junto à margem medial da tíbia. A agulha atravessa a pele e a tela subcutânea, penetra 
entre a margem medial da tíbia e o tendão do calcâneo e atinge os músculos flexor longo dos 
dedos e flexor longo do hálux. Relaciona-se superficialmente com os ramos cutâneos mediais 
da perna (nervo safeno) e profundamente com os ramos do nervo tibial. Indicações: 
menstruações irregulares, dismenorreia, astenia, distensão epigástrica, tontura, insônia, 
amnésia (YAMAMURA, 2001).Fig. 4 
F 3 – Taichong – (“grande impulso de energia”). No dorso do pé, entre o 1º e o 2º 
osso metatarsiano. A agulha atravessa a pele e a tela subcutânea, penetra entre os tendões dos 
músculos extensor curto do hálux e extensor longo dos dedos e atinge o músculo interósseo 
dorsal. Relaciona-se com a bifurcação do nervo fibularprofundo em nervos digitais dorsais 
(laterais do hálux e medial do segundo dedo) e profundamente com o nervo plantar medial 
(nervo tibial). Indicações: dismenorreia, irregularidade menstrual, cefaleia, vertigens, agitação 
psicomotora, insônia, sensação de plenitude torácica, irritabilidade, sonhos excessivos 
(YAMAMURA, 2001). Fig. 4 
 
 Figura 2 – Acupontos PC-6 e IG- 4 
 
 
 
 
PC6 
 
 
IG4 
32 
 
 Figura 3– Acuponto VB-34 
 
 
 
 Figura 4 – Acupontos BP-6 e F-3 
 
 
 
3.6 Delineamento do estudo 
 
Antes do inicio do tratamento, as pacientes foram submetidas a uma avaliação 
quanto à intensidade e características da dor, utilizando o questionário McGill, a Escala de 
Faces de Wong-Baker (WBS), a pesquisa e identificação dos tender points e o The Medical 
Outcomes Study 36-Item Short- Form Health Survey (SF-36), traduzido e adaptado para a 
população brasileira (CICONELLI et al., 1999). As pacientes descreveram a intensidade da 
dor nos diversos tender points, com base em uma Escala de Faces de Wong-Baker (WBS), 
que atribui valores de 0 a 5, à sensação dolorosa descrita pelos pacientes (WONG; BAKER, 
1988). Todos os resultados foram obtidos nos dias T0 (antes do inicio) e T1 (logo após o 
VB 34 
 
VB 34 
BP 6 
 
F 3 
F 3 
BP 6 
33 
 
último tratamento). Cada grupo foi submetido a uma sessão semanal de tratamento 
(acupuntura, eletroacupuntura ou moxabustão), durante 8 semanas, totalizando 8 sessões 
(Figura 5). 
 
Figura 5 – Desenho do estudo 
 
3.7 Plano de tratamento 
 
O procedimento era cuidadosamente explicado à paciente, ressaltando os riscos 
inerentes ao procedimento, sua duração e periodicidade. A seguir, o paciente era colocado em 
decúbito dorsal, onde permanecia por 5 minutos em repouso. Realizava-se, então, antissepsia 
local com algodão hidrófilo embebido em álcool a 70 %. Isso feito, procedia-se com a 
aplicação do tratamento, de acordo com o grupo onde a paciente fora alocada. 
 
3.8 Técnica de agulhamento 
 
Após a preparação da paciente, passava-se à inserção das agulhas de acupuntura, 
bilateralmente, observando a seguinte seqüência: Neiguan (PC-6, 6º ponto do meridiano do 
Pericárdio), Hegu (IG-4, 4º ponto do meridiano do Intestino Grosso), Yanglingquan (VB-34, 
34º ponto do meridiano da Vesícula Biliar), Sanyinjiao (BP-6, 6º ponto do meridiano do Baço 
Pâncreas) e Taichong (F-3, 3º ponto do meridiano do Fígado), iniciando pelo lado esquerdo 
da paciente. Foram utilizadas agulhas de aço inoxidável, esterilizadas, descartáveis, medindo 
0,25 mm de diâmetro por 40 mm de comprimento (Figura 6), da marca Dong Bang (Dong 
34 
 
Bang Acupuncture, Inc, Chingnam, Korea). A profundidade de inserção variava de 0,5 – 1,5 
cm. Seguia-se a rotação das agulhas nos sentidos horário e anti-horário, alternadamente e de 
maneira delicada, com a finalidade de despertar uma sensação descrita na MTC como De Qi. 
As agulhas permaneciam nos pontos escolhidos por 30 minutos, quando, então, eram 
removidas e coletadas em caixa especial para descarte de material pérfuro-cortante. O 
procedimento era finalizado com uma inspeção dos locais de inserção, à procura de possível 
sangramento local; nada sendo constatado, a paciente era liberada. 
 
 Figura 6 – Agulha de acupuntura 
 
 
3.9 Técnica de eletroacupuntura 
 
Após a inserção das agulhas nos pontos determinados conforme descrito acima, 
iniciava-se a colocação dos eletrodos através de pequenas garras (“jacarés”) que eram apensas 
ao cabo das agulhas em uma extremidade e conectadas ao eletro-estimulador na outra 
extremidade, iniciando-se pelo lado esquerdo e observando o pareamento Sanyinjiao (BP-6) 
<> Taichong (F3) e Neiguan (PC-6) <> Hegu (IG-4) bilateralmente. O estímulo elétrico foi 
mantido por 30 minutos, utilizando o eletroestimulador modelo EL 608 (NKL Produtos 
Eletrônicos, Brusque, Santa Catarina, Brasil) (Figura 7), contendo 8 saídas isoladas por meio 
de transformadores de pulso e registrado na ANVISA sob o nº 80191680002. A corrente de 
saída pode atingir um valor máximo por pulso de 10 mA e a forma de onda básica gerada pelo 
aparelho é de pulso alternado assimétrico. O aparelho foi calibrado no laboratório de Física da 
UFC, estando de conformidade com as normas técnicas NBR IEC 60601-1 e NBR IEC 
60601-2. A intensidade da corrente era ajustada quando o paciente referia que não mais 
detectava o estímulo elétrico, ocasião em que se aumentava gradativamente a intensidade da 
35 
 
corrente até o limite máximo, de modo que a estimulação fosse perceptível e suportável pela 
paciente. Na realidade, os humanos apresentam uma tendência a acomodação (tolerância) do 
estímulo. Após 30 minutos de eletroestimulação o aparelho era desligado, os cabos 
desconectados, as agulhas removidas e o paciente liberado. Os parâmetros usados para 
calibração do aparelho antes de sua utilização, estão listados na Figura 8. 
 
Figura 7 – Aparelho de eletroacupuntura NKL 608 
 
 Fonte: autor 
Figura 8 – Parâmetros utilizados na calibração do eletro-estimulador EL-608 
Tipo de onda: Densa -dispersa 
Frequência (F1) = 2 Hz 
Intervalo de repouso (T1) = 5s 
Largura de pulso (F1) = 600 μseg 
Frequência (F2) = 100 Hz 
Intervalo de repouso (T2) = 5s 
Largura do pulso (F2) = 400 μseg 
Tempo de aplicação do aparelho (Timer eletrônico automático) 30 min 
Intensidade máxima = ≤ 10 mA 
Intensidade de corrente utilizada: a suportada pela paciente (≤ 10 mA) 
36 
 
3.10 Técnica de aplicação da moxabustão 
 
Após a preparação da paciente, aproximava-se um bastão de artemísia sinensis, de 
11 cm de comprimento, aquecido, da marca chinesa Wu Yan Ai Tao, durante 3 minutos em 
cada um dos pontos selecionados (os mesmos pontos usados para a acupuntura/ 
eletroacupuntura): Neiguan (PC-6), Hegu (IG-4), Yanglingquan (VB-34), Sanyinjiao (BP-6) e 
Taichong (F-3), na mesma sequência descrita para a acupuntura/eletroacupuntura, iniciando-
se pelo lado esquerdo, bilateralmente, a uma distância aproximada de 5 cm da paciente, 
suficiente apenas para provocar sensação de tepidez e assim não acarretar nenhum tipo de 
lesão dérmica. Durante o tratamento, tomava-se o cuidado de desligar o aparelho de ar 
condicionado, para evitar interferência do frio, um dos fatores de adoecimento, segundo a 
MTC. Após a aplicação a paciente era liberada. 
 
 Figura 9 – Artemisia vulgaris. 
 
 Fonte: http://gallery.nen.gov.uk/asset63644_161-.html. 
 
 
 
 
 
 
http://gallery.nen.gov.uk/asset63644_161-.html
37 
 
Figura 10 – Moxa (embalagem original e bastão contendo folhas secas de Artemisia vulgaris). 
 
 Fonte: autor 
 
3.11 Métodos de avaliação da dor 
 
Considerando que a dor é uma experiência subjetiva e difícil de ser quantificada, 
(HUSKISSON, 1974; SOUSA, 2002), na tentativa de alcançar uma maior precisão na coleta 
de dados concernentes às queixas dolorosas, foram utilizados 04 instrumentos de avaliação, 
descritos a seguir. Todos os protocolos foram aplicados verbalmente e as respostas anotadas 
pelo mesmo entrevistador. 
 
3.12 Escala de Faces de Wong-Baker (WBS) 
 
Os instrumentos ditos unidimensionais quantificam apenas a severidade ou a 
intensidade da dor e são utilizados com mais freqüência em hospitais e/ou clínicas para se 
obterem informações rápidas, não invasivas, sobre a dor e a analgesia (SOUSA, 2002). Como 
as pacientes selecionadas poderiam apresentar graus de instrução diversificados, outro método 
utilizado foi a Escala de Faces de Wong-Baker (WBS),que consiste numa gravura contendo 6 
faces (Figura 11): na extremidade esquerda, lê-se o descritor “sem dor” e à direita, “dor 
insuportável” (HUSKISSON 1974; SABBAG, 2007). A escala de faces foi concebida para 
38 
 
avaliação de crianças. Entretanto, vários pesquisadores já utilizaram essa escala em adultos, 
com resultados confiáveis (SHRESTHA et al., 1995; GA et al., 2007; BENAIM et al., 2007). 
 
Figura 11 – Escala de Faces de Wong-Baker 
 
Fonte: Oliveira e Barbosa (2008) 
 
3.13 Questionário de dor McGill 
 
O Questionário de dor McGill (MPQ) utiliza palavras para descrever a percepção 
da dor. O MPQ foi desenvolvido por Melzack em 1975, adaptado e padronizado para a língua 
portuguesa por Pimenta e Teixeira (1996). No MPQ estão relacionadas 78 palavras 
(descritores) com a função de descrever aspectos quantitativos e qualitativos da dor. Os 78 
descritores são organizados em 20 subgrupos. Cada subgrupo é composto por 2 a 6 palavras, 
representando uma crescente sensação de dor ou desconforto. Os subgrupos de 1 a 10 
representam respostas sensitivas à experiência dolorosa (tração, calor, torção, entre outros); os 
descritores dos subgrupos de 11 a 15 são respostas de caráter afetivo (medo, punição, 
respostas neurovegetativas, etc.); o subgrupo 16 é avaliativo (avaliação da experiência global) 
e os de 17 a 20 são uma miscelânea (PIMENTA; TEIXEIRA, 1996). 
A informação quantitativa é fornecida através do índice de intensidade da dor 
(valor máximo = 78). O índice de intensidade da dor (pain rating index – PRI) é baseado em 
valores de classificação de palavras (em cada subgrupo). Nesse sistema é atribuído o valor 1 
para a primeira palavra do conjunto (subcategoria), que representa a dor de menor 
intensidade. A próxima palavra tem valor 2 e assim sucessivamente. Os valores de 
classificação das palavras selecionadas pela paciente são somados para obter-se o índice de 
intensidade da dor (PRI) para cada uma das classes de dor: sensitiva (subclasses 1-10), afetiva 
(subclasses 11-15), avaliativa (subclasse 16) e miscelânea (subclasses 17-20) (MELZACK, 
1975). 
 
39 
 
3.14 Avaliação da intensidade dolorosa e do número de tender points, utilizando o 
Algômetro de Fischer (AF) 
 
Para a avaliação dos tender points (TP) com o algômetro modelo Fischer PTM 
(Pressure Threshold Meter, Pain Diagnostics & Thermography, EUA) utilizou-se o método 
descrito inicialmente em 1986 (FISCHER, 1986) e já validado cientificamente (FISCHER, 
1986; FISCHER, 1997; SOLA, 2001). Realizou-se inicialmente a identificação e localização 
dos TP, que eram assinalados com lápis dermatográfico. Em cada TP o algômetro era 
posicionado perpendicularmente e o pesquisador aumentava a pressão colocada 
progressivamente, preocupando-se em manter o instrumento numa velocidade constante de 
1Kg/min sem bruscas variações. O indivíduo era orientado a relatar o início da sensação 
dolorosa e neste momento a pressão era interrompida e o valor observado anotado. O limiar 
de dor foi definido pela mínima pressão necessária para induzir dor em cada ponto. O ponto 
foi considerado doloroso ao ocorrer dor à pressão do AF inferior a 4 kg/cm
2
. A seqüência 
utilizada na identificação dos TP era sempre a mesma, começando pela região occipital e 
finalizando no joelho. Os escores dos vários TP de cada indivíduo foram somados para 
quantificar a intensidade individual total de dor em kg/cm
2
. 
 
Figura 12 – Algômetro de pressão modelo Fischer PTM (Pressure Threshold Meter, Pain 
Diagnostics & Thermography, EUA). 
 
 Fonte: autor 
 
40 
 
3.15 Avaliação da qualidade de vida 
 
Aplicado sob a forma de entrevista, o instrumento de avaliação da qualidade de 
vida The Medical Outcomes Study 36-Item Short- Form Health Survey (SF-36), foi 
desenvolvido por Ware Jr. e Sherboune (1992) e traduzido, adaptado e validado para a língua 
portuguesa por Ciconelli et al. (1999). O SF-36 é um instrumento multidimensional, 
composto por 11 questões e 36 itens que envolvem 8 domínios (chamados também de 
componentes ou dimensões): capacidade funcional (10 itens), aspectos físicos (4 itens), o 
nível de dor (2 itens), o estado geral de saúde (5 itens), a vitalidade (4 itens), os aspectos 
sociais (2 itens), aspectos emocionais (3 itens) e saúde mental (5 itens) e uma questão 
comparativa sobre a percepção atual da saúde há um ano, cada um avaliado separadamente. O 
escore em cada domínio varia de 0 a 100, sendo que 0 corresponde ao pior e 100 ao melhor 
estado de saúde. Ao final, estabelece-se um valor numérico para cada domínio (SOUSA, 
2002). Para obtenção de uma nota final (de 0 a 100), transformam-se os valores brutos de 
cada questão em valores ponderados, através da utilização da fórmula abaixo, onde os valores 
“limite inferior” e variação” são estipulados em uma tabela específica (CICONELLI et 
al.,1999). 
 
 
Valor ponderado – limite inferior x 100 
Variação (score range) 
 
 
 Condições como artrite reumatóide e osteoartrite (DIAS, 1999), benefícios do 
exercício físico (MACEDO et al., 2003), insuficiência renal crônica (DE CASTRO et al., 
2003), e FB (PAGANO et al., 2004), entre outras doenças, já foram avaliadas com este 
método. 
Sendo de fácil administração e compreensão, o SF-36 é útil para avaliar de forma 
genérica a qualidade de vida dos pacientes. Neste questionário, inexiste propositadamente um 
único valor que represente toda a avaliação, para que com isso não se deixe de investigar os 
diversos fatores implicados na doença. 
 
 
41 
 
3.16 Análise estatística 
 
Os dados foram tabulados utilizando-se o software Excel para Windows 2007® da 
Microsoft Corporation (U.S.A.). Os dados demográficos (idade, estado civil, origem das 
pacientes, procura espontânea e a prática de atividades físicas) foram analisados à luz da 
estatística descritiva e expressos em percentuais. As variáveis quantitativas, contínuas e 
discretas, foram inicialmente analisadas pelo teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a 
normalidade da distribuição. Os dados obtidos com a aplicação da Escala de Wong-Baker e a 
aferição da sensibilidade à dor no tender points pelo uso do algômetro de Fischer antes do 
inicio (T1) e ao término do estudo (T2) num mesmo grupo (análise intragrupo) foram 
avaliados pelo teste t para variáveis emparelhadas (dados paramétricos) ou pelo teste de 
Wilcoxon (variáveis não paramétricas), conforme apropriado. As comparações entre os três 
grupos (análise intergrupos) utilizou-se a análise de variância (Teste de Friedman). 
As variáveis qualitativas nominais (descritores do SF-36) foram convertidas em 
valores quantitativos, segundo os valores de referência para o cálculo do Raw Scale 
(CICONELLI et al., 1999). (ANEXO 1). Nas comparações entre o inicio (T1) e término do 
estudo (T2), num mesmo grupo (análise intragrupo) utilizou-se o teste t para variáveis 
emparelhadas (dados paramétricos) ou teste de Wilcoxon (variáveis não paramétricas) 
conforme apropriado (ARMITAGE; BERRY, 1994; MOTULSKY, 1995). Para comparação 
entre os três grupos estudados (análise intergrupos), utilizou-se o Teste de Kruskal-
Wallis/Dunn. 
Para os cálculos estatísticos, utilizou-se o programa de análise estatística Graph 
Pad Prism® versão 5.00 para Windows, GraphPad Software, San Diego, Califórnia, U.S.A., 
www.graphpad.com. Parte dos gráficos foi gerada com o auxilio do software Excel para 
Windows 2007®. A maior parte dos gráficos foi gerada pelo programa de análise estatística 
GraphPad Prism® versão 5.00 para Windows. Os resultados foram apresentados sob forma 
de tabelas e gráficos. A significância estatística foi fixada em 0,05% (p<0,05). 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
4 RESULTADOS 
 
4.1 Dados demográficos 
 
A idade das pacientes variou de 21 a 60 anos com predominância da faixa 41-50 
anos (40%) (Figura

Continue navegando

Outros materiais