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PROVA DISCURSIVA Técnicas para resolução de questões discursivas, peças e pareceres. • Fonte de estudo: � Curso de Peças e Pareceres – ADVOCACIA PÚBLICA – Teoria e Prática - Juspodivm Informações preliminares •Assessor Jurídico Legislativo: �1 Parecer Jurídico (Mín. 75 linhas – Máx. 150 linhas) �2 questões discursivas (Mín. 10 linhas – Máx. 20 linhas) •Procurador: �1 Parecer Jurídico ou 1 Peça Judicial (Mín. 75 linhas – Máx. 150 linhas) �3 questões discursivas (Mín. 10 linhas – Máx. 20 linhas) Ficar atento! •Não identificar a prova (citar caso da prova da ARSETE); •Caneta azul ou preta; •caso seja exigida assinatura, o candidato deverá utilizar apenas o termo “Advogado”. Ao texto que contenha outra assinatura será atribuída nota 0 (zero), por se tratar de identificação do candidato em local indevido (item 12.5.2.2); •Não poderá ser usada legislação; PARECER JURÍDICO •Parecer jurídico é um documento jurídico com análise e informações técnicas, referências doutrinárias, jurisprudenciais e indicações legislativas sobre um tema em específico, e pode ser produzido por advogados e apresentada a clientes em consultorias jurídicas ou em processos em que o advogado especialista é chamado para oferecer um parecer. •O parecer jurídico deve conter, assim: �análise do tema demandado; �referências doutrinárias; �referências jurisprudenciais; �indicações das legislações correlatas; �informações técnicas que fundamentem a opinião ou interpretação do tema. • Não há um padrão estabelecido em lei para um modelo de parecer jurídico, mas há elementos que podem ser tomados como exemplos para quem deseja elaborar um parecer. É, portanto, a estrutura de um modelo de parecer jurídico: � título: parecer jurídico nº 0000 (o número é opcional, mas contribui para a organização da Procuradoria, e, em geral, está centralizado); � requerente: é o endereçamento, com nome dos solicitantes; em regra é uma autoridade quem solicita o parecer � ementa: assunto abordado, com indicação das principais palavras-chave, tal qual nas jurisprudências; � Sumário ou resumo ou assunto: indicação dos tópicos abordados no parecer – é optativo e nem sempre indicado como elemento necessário, mas é positivo, sobretudo, em pareceres extensos; � relatório: resumo da consulta demandada, com indicação do fatos que a constituem, como relatório do processo ou informações trazidas pelo cliente; � fundamentação: argumentos jurídicos propriamente ditos, com indicação, assim, da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras informações técnicas; � conclusão: resposta às informações da fundamentação e às solicitações do cliente – o advogado deve indicar aqui a que é favorável e finalizar com, por exemplo, “diante do exposto, é-se favorável/desfavorável a tais argumento. É o parecer. À aprovação”. � local, data, advogado e OAB: assinatura final. RELATÓRIO •Nesta parte devemos descrever os fatos objeto da consulta. Devemos relatar somente os fatos trazidos pelo cliente/consulente. •Caso haja várias questões importantes e independentes elas deverão também ser incluídas no relatório. •Caso haja perguntas formuladas pelo cliente/consulente é possível listá-las nessa parte. •Trata-se de consulta formulada por (autoridade/pessoa jurídica ou pessoa física), acerca de (Copiar os dados trazidos). • “É o relatório. Passo a opinar”.(Para finalizar o relatório) FUNDAMENTAÇÃO •É a parte mais importante do parecer. Na parte relativa a fundamentação o parecerista deve elaborar as teses que se apoiarão a sua conclusão final. •Devendo abordar com clareza e concisão cada um dos temas sugeridos, procurando dar sempre uma resposta precisa e convincente com, base na lei vigente, podendo recorrer à doutrina e à jurisprudência. •Caso o problema trazido apresente mais de uma solução é recomendável que você divida a fundamentação em itens (ex: a, b, c). •Em cada um dos questionamentos, podemos montar o seguinte silogismo: 1) Questionamento; 2) Fundamentos de fato e de direito relativos à questão; 3) Conclusão. CONCLUSÃO •A conclusão corresponde a uma síntese de todas as conclusões que foram tiradas na parte da fundamentação. •A conclusão simplesmente responde o que foi questionado pelo cliente/consulente. •Caso tenha havido perguntas é necessário respondê-las. •Deve ser finalizada com a seguinte expressão: “É o parecer”. E logo abaixo, a data, o local, nome e a assinatura do(a) advogado(a). •Exemplo de conclusão: Ante o exposto, respondendo a cada um dos questionamentos formulados na consulta, opino pela (opina-se pelo que foi perguntado). •É o parecer. (sempre concluir com essa frase, porque o cliente não está vinculado ao parecer) • Local, data. •Advogado(a) Parecer jurídico nº 00001 Requerente: Empresa de materiais de construção XXXXX Ementa: DIREITO AMBIENTAL. INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL. CONSTRUÇÃO DE INDÚSTRIA. POLUIÇÃO AMBIENTAL. Assunto: Relatório: a Empresa XXXX, no dia 27 de setembro de 2019, solicitou parecer jurídico com análise sobre as eventuais infrações à legislação ambiental na implementação de um indústria da construção civil na localidade de XXXX. Trouxe, para a elaboração do parecer, os documentos tais, apresentados em anexo (anexos I e II) e questionou, tendo em vista a legislação sobre o tema, a favorabilidade pelo empreendimento. Fundamentação: O art. 225 da Constituição Federal, assim, estabelece: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.” O seguinte autor, dessa maneira, escreve que as ações das empresas devem ser responsáveis também pelos danos não previstos, visando a garantia constitucional de um direito transgeracional. De igual modo, a jurisprudência do STF é pacífica ao estabelecer isso, como se observa do acórdão na ação de inconstitucionalidade nº 0000000: “DIREITO AMBIENTAL. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI QUE AUTORIZA A CONSTRUÇÃO DE EMPRESAS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL.” Este tribunal, assim, entende que… Conclusão Diante do exposto, entende-se que a construção da empresa violaria tais fundamentos, indo de encontro à doutrina e jurisprudência pacífica, motivo pelo qual este parecer mostra-se desfavorável ao solicitado pela requerente. É o parecer. Local e data Advogado PEÇA JUDICIAL 1. Endereçamento – Lembrar das divisões abaixo; a) Competência Absoluta x Relativa b) Competência – Justiça Federal x Justiça Estadual c) Justiça Federal – x Vara Federal da Subseção Judiciária d) Justiça Estadual – Vara Cível da Comarca x– Estado •Para definição da competência lembrar do artigo 109, CFRB/88. 2. Estrutura: a) Endereçamento; b) Resumo; c) Fundamentação; d) Pedidos. •Nome da peça de forma clara, ou seja, deve estar centralizado e no meio da primeira página. 3. Primeiramente, a estética é um dos elementos que deve ser levado em conta, já que o aspecto visual acaba sendo o primeiro a ser avaliado pelo destinatário, qual seja o examinador. •Também será necessário respeitar um espaço razoável entre o cabeçalho da petição e o texto propriamente dito, tudo isso para que o aspecto visual não fique sobrecarregado, prejudicando a leitura. 4. Objetividade e clareza. De uma forma geral, vale ser objetivo e conciso, considerando que petições muito extensas podem até mesmo dificultar a análise do pedido. O que pode ser escrito em poucas páginas não precisa ser estendido a muitas, considerando que a repetição constante de ideias é desnecessária e confunde o leitor. 5. Preliminares. Lembrar que preliminares são questões anteriores ao mérito que devem servir como o fim de extinguir o processo sem julgamento de mérito. As principais preliminares estão no artigo 337, NCPC, sendo certo que algumas podem ser alegadas em qualquer grau de jurisdição. •Observar que na contestação a Reconvenção e a exceçãode incompetência relativa passaram a integrar a referida defesa. 6. Doutrina e jurisprudência. Doutrina e jurisprudência devem ser citadas com moderação e apenas quando realmente tenham ligação com o aquilo que se postula no caso concreto. Da mesma forma, não é necessário discorrer sobre conhecimento jurídico, transcrevendo diversos artigos de lei e súmulas. Será mais eficaz apenas indicar a relação do caso concreto com a sua previsão legal. 7. Ponto – Pedido / Requerimentos •Lembrar de requerer a reforma da decisão em eventual recurso ou mesmo a improcedência do pedido em caso de peça de defesa. •Ainda aqui para facilitar, observe os artigos 485 e 487, NCPC, de forma que se houver preliminar esta será examinada antes dando origem a um julgamento sem mérito, enquanto que se não houver preliminar haverá julgamento com mérito. •Quanto aos Recursos, deve-se observar o capítulo de cada qual no NCPC, requerendo eventual efeito suspensivo e, após, o provimento com reforma da decisão. 8. Data, local e assinatura. Lembrar de assinar como “Advogado” QUESTÕES DISCURSIVAS - 01 • Questão 01. Quanto ao regramento do teto remuneratório do Procuradores Municipais previstos na Constituição Federal e na Lei Orgânica do Município de Teresina/PI discorra sobre os seguinte pontos: • a) o Procurador do Município está submetido ao teto geral do Poder Executivo Municipal ou possui subteto específico? • b) qual o entendimento consolidado do STF sobre o tema? A questão é centrada na aplicação do art. Art. 23, § 2º cumulado com o art. 75, VIII da Lei Orgânica Municipal: ⮲ Art. 23 § 2º A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional do Município, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos, bem como proventos, pensões ou outra forma remuneratória, recebidos cumulativamente ou não, ficarão impedidos de perceber, em espécie, no que exceder ao do Prefeito, observando-se o disposto no art. 75, inciso VIII, desta Lei Orgânica. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 26/2016). ⮲ Art. 75 A administração pública direta, indireta de qualquer dos Poderes do Município, atenderá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e, também, ao seguinte: VIII - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros dos Poderes Executivo e Legislativo, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, do Prefeito, no âmbito do Poder Executivo Municipal, e o subsídio dos Deputados Estaduais aos agentes políticos no âmbito do Poder Legislativo Municipal, na forma do art. 29, VI, “f” da Constituição Federal, aplicando-se aos Procuradores do Município e aos Auditores Fiscais da Receita Municipal o limite estabelecido no art. 37, XI, in fine, da Constituição Federal; (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 26/2016) Portanto, é correto afirmar que o Teto remuneratório do Procuradores Municipais não é o subsídio do Prefeito (que é a regra geral do funcionalismo público no âmbito do Poder Executivo Municipal), mas sim segue uma regra de exceção, sendo seu teto atrelado ao subsídio dos Desembargadores do TJ. Por fim, o STF pacificou a matéria, com repercussão geral, RE 663696, nos seguintes termos: Ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO. REPERCUSSÃO GERAL. CONTROVÉRSIA DE ÍNDOLE CONSTITUCIONAL ACERCA DO TETO APLICÁVEL AOS PROCURADORES DO MUNICÍPIO. SUBSÍDIO DO DESEMBARGADOR DE TRIBUNAL DE JUSTIÇA, E NÃO DO PREFEITO. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. 1. Os procuradores municipais integram a categoria da Advocacia Pública inserida pela Constituição da República dentre as cognominadas funções essenciais à Justiça, na medida em que também atuam para a preservação dos direitos fundamentais e do Estado de Direito. 2. O teto de remuneração fixado no texto constitucional teve como escopo, no que se refere ao thema decidendum, preservar as funções essenciais à Justiça de qualquer contingência política a que o Chefe do Poder Executivo está sujeito, razão que orientou a aproximação dessas carreiras do teto de remuneração previsto para o Poder Judiciário. 3. Os Procuradores do Município, consectariamente, devem se submeter, no que concerne ao teto remuneratório, ao subsídio dos desembargadores dos Tribunais de Justiça estaduais, como impõe a parte final do art. 37, XI, da Constituição da República. 4. A hermenêutica que exclua da categoria “Procuradores” - prevista no art. 37, XI, parte final, da CRFB/88 – os defensores dos Municípios é inconstitucional, haja vista que ubi lex non distinguit, nec interpres distinguere debet. 5. O termo “Procuradores”, na axiologia desta Corte, compreende os procuradores autárquicos, além dos procuradores da Administração Direta, o que conduz que a mesma ratio legitima, por seu turno, a compreensão de que os procuradores municipais, também, estão abrangidos pela referida locução. Precedentes de ambas as Turmas desta Corte: RE 562.238 AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, Segunda Turma, DJe 17.04.2013; RE 558.258, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJe 18.03.2011. 6. O texto constitucional não compele os Prefeitos a assegurarem aos Procuradores municipais vencimentos que superem o seu subsídio, porquanto a lei de subsídio dos procuradores é de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo municipal, ex vi do art. 61, §1º, II, “c”, da Carta Magna. 7. O Prefeito é a autoridade com atribuição para avaliar politicamente, diante do cenário orçamentário e da sua gestão de recursos humanos, a conveniência de permitir que um Procurador do Município receba efetivamente mais do que o Chefe do Executivo municipal. 8. As premissas da presente conclusão não impõem que os procuradores municipais recebam o mesmo que um Desembargador estadual, e, nem mesmo, que tenham, necessariamente, subsídios superiores aos do Prefeito. 9. O Chefe do Executivo municipal está, apenas, autorizado a implementar, no seu respectivo âmbito, a mesma política remuneratória já adotada na esfera estadual, em que os vencimentos dos Procuradores dos Estados têm, como regra, superado o subsídio dos governadores. 10. In casu, (a) o Tribunal de Justiça de Minas Gerais reformou a sentença favorável à associação autora para julgar improcedentes os pedidos, considerando que o art. 37, XI, da Constituição da República, na redação conferida pela Emenda Constitucional 41/03, fixaria a impossibilidade de superação do subsídio do Prefeito no âmbito do Município; (b) adaptando-se o acórdão recorrido integralmente à tese fixada neste Recurso Extraordinário, resta inequívoco o direito da Recorrente de ver confirmada a garantia de seus associados de terem, como teto remuneratório, noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. 11. Recurso extraordinário PROVIDO. Tese da Repercussão Geral: A expressão ‘Procuradores’, contida na parte final do inciso XI do art. 37 da Constituição da República, compreende os Procuradores Municipais, uma vez que estes se inserem nas funções essenciais à Justiça, estando, portanto, submetidos ao teto de noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. (RE 663696, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 28/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-183 DIVULG 21-08-2019 PUBLIC 22-08-2019) RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TETO REMUNERATÓRIO (CF, ART. 37, XI). PROCURADORES MUNICIPAIS. LIMITE DO SUBSÍDIO DO PREFEITO. INTERPRETAÇÃODA PARTE FINAL DO DISPOSITIVO. PRETENSÃO DE APLICAÇÃO DA EXCEÇÃO TAMBÉM PARA OS ADVOGADOS PÚBLICOS MUNICIPAIS. LIMITE DO SUBSÍDIO DOS DESEMBARGADORES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADUAL. QUESTÃO CONSTITUCIONAL COM REFLEXOS INDIRETOS NA ESFERA JURÍDICA DOS PROCURADORES DE TODOS OS ENTES MUNICIPAIS DA FEDERAÇÃO. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL SOB OS ÂNGULOS JURÍDICO E ECONÔMICO (CPC, ART. 543-A, § 1º). (RE 663696 RG, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 15/12/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-155 DIVULG 07-08-2012 PUBLIC 08-08-2012 RDECTRAB v. 19, n. 218, 2012, p. 18-24 ) Vamos à régua de correção: Questionamento Fundamento Composição da Nota da Questão o Procurador do Município está submetido ao teto geral do Poder Executivo Municipal ou possui subteto específico Os vencimentos do Procurador do Município está submetido ao subteto do subsídio dos Desembargadores do TJPI. Art. 23, § 2º cumulado com o art. 75, VIII da Lei Orgânica Municipal (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 26/2016). 50% qual o entendimento consolidado do STF sobre o tema O entendimento do STF sobre o assunto fora pacificado, com repercussão geral, por meio do RE 663696 50% QUESTÕES DISCURSIVAS - 02 • José Fernando ajuizou ação de reparação por danos civis e morais por atropelamento ocasionado por veículo da Câmara Municipal de Teresina/PI dirigido pelo servidor público municipal João Antônio, que ultrapassara o sinal vermelho. Conforme o Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Teresina/PI e a jurisprudência dos Tribunais Superiores discorra quais as possibilidades de cobrança do erário dos valores que venha a ser condenado por ato culposo/doloso cometido pelo Servidor João Antônio. A questão é centrada na responsabilidade civil da administração pública por ato cometido por servidor, previsto no art. 37, § 6º da CF/88, e no art. 134, § 1º e § 2º do Estatuo dos Servidores Públicos Municipais de Teresina/PI. Portanto, deve o aluno discorrer sobre a responsabilidade do estado em danos causados pelo servidor público, e do eventual direito de regresso em ação própria contra o servidor que causou o dano: Art. 37 § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Art. 134. A responsabilidade civil do servidor municipal decorre de procedimento doloso ou culposo, que importe em prejuízo à Fazenda Municipal ou a terceiros, mesmo quando não em exercício de suas funções, utilizando-se indevidamente de bens pertencentes ao Município. § 1o O servidor que, nessa qualidade, dolosa ou culposamente causar danos a terceiros, responderá perante a Fazenda Municipal, em ação regressiva, proposta depois de prolatada decisão judicial, da qual não caiba nenhum recurso, que houver condenado a Fazenda Municipal a indenizar os terceiros prejudicados. § 2o Se o prejuízo resultar de alcance, desfalque, remissão ou omissão em efetuar recolhimento ou entradas, nos prazos legais, o servidor será obrigado a repor a importância respectiva de uma só vez, independentemente de outras cominações legais, estatutárias ou regulamentares. Deve-se notar que numa eventual contestação desta ação deve o aluno abrir preliminar de denunciação à lide, chamando o servidor que ocasionou o dano para participar do processo, nos termos do art. 125 a 129 do CPC. : ⮲ Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. § 1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. § 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131 . Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu. Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado; II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso. Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art131 Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado. Por fim, deve o candidato está atento ao entendimento endossado pelo STF e pelo STJ que faz uma leitura bem específica do art. 37, § 6º da CF/88. De fato, entende estes Tribunais que no referido dispositivo possui uma previsão constitucional de dupla garantia: uma em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que preste serviço público; outra, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertencer. Portanto, trata-se de direito subjetivo do servidor ser demandado em ação regressiva própria. Todavia, mesmo existindo essa garantia ao servidor de apenas ser demandado em ação regressiva própria por eventual prejuízo que tenha causado ao erário, os espelhos de provas subjetivas e peças processuais, principalmente da FCC, sempre cobraram que o candidato ao Cargo de Advogado Público denunciasse à lide o servidor causador do dano, como forma de testar o aluno e cobrar do mesmo que utilizasse todos os mecanismos processuais disponíveis à Fazenda Pública em sua defesa. Vide RE 327904/SP, rel. Min. Carlos Britto, 15.8.2006. (RE-327904) Íntegra do Informativo 436 e REsp 976730 / RS RECURSO ESPECIAL 2007/0183280-0. http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo436.htm Vamos à régua de correção: Questionamento Fundamento Composição da Nota da Questão Responsabilidade do estado por dano causado por servidor Discorrer sobre a previsão do art. 37, § 6º da CF/88, e no art. 134, § 1º e § 2º do Estatuo dos Servidores Públicos Municipais de Teresina/PI, que estabelece a responsabilidade do estado por dano ocasionado por culpa ou dolo de servidor 30% Numa eventual ação de dano proposta pelo terceiro, caberia ao Procurador denunciar à lide o servidor que ocasionou o dano Deveria o candidato denunciar à lide, chamando o servidor que ocasionou o dano para participar do processo, nos termos do art.125 a 129 do CPC. 30% Posicionamento do STF e STJ sobre a denunciação à lide do servidor Entende estes Tribunais que no referido dispositivo possui uma previsão constitucional de dupla garantia: uma em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que preste serviço público; outra, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertencer. Vide RE 327904/SP, rel. Min. Carlos Britto, 15.8.2006. (RE-327904) Íntegra do Informativo 436 e REsp 976730 / RS RECURSO ESPECIAL 2007/0183280-0. 40% http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo436.htm http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo436.htm QUESTÕES DISCURSIVAS - 03 José Fernando é servidor municipal há mais de 10 anos. Há 6 anos vem exercendo funções de chefia na seção em que trabalha. Além de seus regulares vencimentos, percebe gratificação mensal. Nos termos da Lei n° 2.138/1992, discorra sobre as gratificação previstas aos servidores públicos Municipais de Teresina abordando os seguintes temas: a) Esta gratificação se incorpora à sua remuneração, em razão de seu caráter episódico e decorrente de função comissionada? b) Esta gratificação se submete ao teto estabelecido para os servidores municipais? A questão é centrada na aplicação do art. Art. 64 e seguintes do Estatuto dos Servidores Públicos Municipais de Teresina. Portanto, no que se refere ao item “a” se depreende que a gratificação por exercício de cargo em comissão possui caráter transitório, devendo ser recebido pelo servidor apenas e enquanto esteja exercendo a chefia. Inclusive, tal gratificação não sofre incidência da contribuição previdenciária. Assim, salutar a análise do art. 76 e 77 do Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Teresina/PI: Art. 76.A gratificação pelo exercício de cargo em comissão será concedida ao servidor investido em cargo de provimento em comissão na forma em lei. Art. 77.Ao servidor público investido em função de confiança é devida a uma gratificação pelo seu exercício, nos termos da lei. Por fim, a gratificação por exercício de cargo em comissão está submetida ao teto remuneratório estabelecido no art. 23 da Lei Orgânica do Município de Teresina. Por conseguinte, o somatório de toda a remuneração do servidor público municipal, incluído seus vencimentos estão submetidos ao vencimento do Prefeito. Importante ficar atento as duas exceções a este teto: verdadeiramente os Procuradores Municipais e os Auditores Fiscais estão submetidos ao teto remuneratório do subsídio dos Desembargadores do TJPI: ⮲ Art. 23 § 2º A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional do Município, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos, bem como proventos, pensões ou outra forma remuneratória, recebidos cumulativamente ou não, ficarão impedidos de perceber, em espécie, no que exceder ao do Prefeito, observando-se o disposto no art. 75, inciso VIII, desta Lei Orgânica. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 26/2016). ⮲ Art. 75 A administração pública direta, indireta de qualquer dos Poderes do Município, atenderá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e, também, ao seguinte: VIII - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros dos Poderes Executivo e Legislativo, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, do Prefeito, no âmbito do Poder Executivo Municipal, e o subsídio dos Deputados Estaduais aos agentes políticos no âmbito do Poder Legislativo Municipal, na forma do art. 29, VI, “f” da Constituição Federal, aplicando-se aos Procuradores do Município e aos Auditores Fiscais da Receita Municipal o limite estabelecido no art. 37, XI, in fine, da Constituição Federal; (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 26/2016) Vamos à régua de correção: Questionamento Fundamento Composiçã o da Nota da Questão Esta gratificação se incorpora à sua remuneração, em razão de seu caráter episódico e decorrente de função comissionada? a gratificação por exercício de cargo em comissão possui caráter transitório, devendo ser recebido pelo servidor apenas e enquanto esteja exercendo a chefia. Inclusive, tal gratificação não sofre incidência da contribuição previdenciária. Assim, salutar a análise do art. 76 e 77 do Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Teresina/PI 50% Esta gratificação se submete ao teto estabelecido para os servidores municipais? a gratificação por exercício de cargo em comissão está submetida ao teto remuneratório estabelecido no art. 23, parágrafo segundo da Lei Orgânica do Município de Teresina. Por conseguinte, o somatório de toda a remuneração do servidor público municipal, incluído seus vencimentos estão submetidos ao vencimento do Prefeito 50% QUESTÕES DISCURSIVAS - 04 • Discorra sobre a diferença entre a licença para a capacitação e a Licença para estudo e curso de aperfeiçoamento? De fato, apesar da semelhança dos nomes, trata-se de licenças diferentes, com requisitos próprios. A reposta a presente questão requer do candidato o domínio do disposto nos arts. 100, 101, 102 e 107 do Estatuto dos Servidores Públicos Municipais de Teresina/PI: ⮲ Art. 100. Ao servidor público após cada qüinqüênio de efetivo serviço prestado exclusivamente ao Município, inclusive nas autarquias e fundações, será automaticamente assegurada licença especial de 3 (três) meses mantida a percepção integral do vencimento e vantagens do cargo que estivar ocupado na data em que entrar em gozo deste beneficio. Parágrafo Único - Os períodos de licença de que trata o caput não são acumuláveis Art. 101. O qüinqüênio de efetivo exercício e contado a partir do dia imediato ao término de qüinqüênio anterior. Parágrafo Único - Excetuam-se, do disposto no caput deste artigo, os servidores incluídos no regime jurídico único por força da Lei Municipal no 2.023, de 31 de agosto de 1990, ficando assegurada a contagem do tempo de serviço ininterrupto prestado ao Município, anterior à vigência da referida lei. Art. 102. A licença de que trata esta Seção não será concedida se houver o servidor público, no qüinqüênio correspondente: I - sofrido pena disciplinar de suspensão, superior a 30 (trinta) dias, resultante de inquérito administrativo, salvo se ocorrer prescrição; II - faltado ao serviço, sem justificativa aceita, por período de tempo que, somado, atinja mais de 30 (trinta) dias; III - gozado licença para trato de interesse particular, por período superior a 90 (noventa) dias: IV - cumprido pena privada de liberdade, em decorrência de sentença definitiva. Parágrafo Único - Verificando-se qualquer das hipóteses previstas neste artigo, será iniciada a contagem de novo qüinqüênio de efetivo serviço, a partir: I - da data da reassunção do exercício, voluntário ou não, pelo servidor, nos casos de licença ou afastamento previstos nesta Lei; II - do dia imediato ao da última falta ao serviço, a que se refere o inciso II do caput deste artigo. Art. 107. Ao servidor poderá ser concedida licença para atualização, curso de aperfeiçoamento e pós-graduação dentro e fora do Município, desde que o conteúdo programático do evento esteja relacionado com o cargo ou atividades afins e que seja do interesse do município. § 1o A ausência não excederá a 02 (dois) anos, e, finda a licença, somente decorrido igual período, será permitida uma nova ausência. § 2o Ao servidor beneficiadopelo disposto neste artigo não será concedida licença para tratar de interesse particular antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada hipótese de ressarcimento da despesa havida com o seu afastamento. § 3o O servidor no exercício desta licença deverá comprovar a freqüência e/ou aproveitamento nos cursos previstos no caput deste artigo. § 4o Para a concessão de licença para fora do município, será necessária a comprovação, por parte do interessado, da inexistência de curso similar em faculdade ou escola superior em funcionamento na cidade de Teresina. Vamos à régua de correção: Questionamento Fundamento Composição da Nota da Questão Licença para capacitação Artigos 100, 101 e 102 do Estatuo dos Servidores Públicos Municipais de Teresina/PI, que estabelece o regramento da Licença para capacitação 50% Licença para para atualização, curso de aperfeiçoamento Artigo 107 do Estatuo dos Servidores Públicos Municipais de Teresina/PI, que estabelece o regramento da Licença para capacitação 50% QUESTÕES DISCURSIVAS - 05 • Sobre as espécies de empresas estatais reconhecidas pelo ordenamento jurídico vigente, esclareça: • a) as características comumente presentes nessas espécies e em razão das quais elas se assemelham e se diferenciam entre si e em relação a outras espécies da Administração descentralizada; • b) na condição de Procurador da Câmara Municipal de Teresina/Assessor Jurídico Legislativo, como se posicionaria quanto à Proposta Legislativa que pretende a aplicação ou não da regra de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a, da CF) em um caso envolvendo a cobrança de imposto municipal de sociedade de economia mista estadual que tem suas ações negociadas em bolsa de valores; • c) o(s) regime(s) de responsabilidade extracontratual aplicável(is) a essas empresas estatais. • d) como se dá a representação judicial e extrajudicialmente estas empresas estatais? Esta questão está centrada em conceitos gerais previstos no Direito administrativo quanto a atuação do Poder Público, subdividindo-se essa forma de atuação em administração direta e administração indireta. Esta última pode ser subdividida em: I) Entes com personalidade jurídica de direito público (Autarquias e Fundações públicas) e II) Entes com personalidade jurídica de direito privado (Empresas Públicas, Sociedade de Economia Mista e Fundações Privadas). Note-se, que a Lei de Organização Administrativa do Município de Teresina/PI, Lei 2.959/2000, em seu art. 5º, parágrafo único, V estabelece que a PGM organizará o Sistema Integrado da Gestão dos Serviços Jurídicos do Município de Teresina/PI. Entretanto, isso não dá a PGM a atribuição e competência para representar judicial e extrajudicialmente as entidades da administração indireta com personalidade de direito privado (art. 2º da LC 4.995/2017), no caso as Empresas Públicas (visto que no Município de Teresina/PI não possuem Sociedades de Economia Mista, nem Fundações Privadas). Vamos à régua de correção: Questionamento Fundamento Composição da Nota da Questão a) as características comumente presentes nessas espécies e em razão das quais elas se assemelham e se diferenciam entre si e em relação a outras espécies da Administração descentralizada Análise comparativa das características das empresas públicas e sociedades de economia mista, apontando as semelhanças e diferenças entre estas duas espécies e também em relação às autarquias e fundações. Empresa pública: é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. Ademais, desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade do ente político, será admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Lei 13.303/16, art. 3º); sociedade de economia mista: é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta (Lei 13.303/16, art. 4º); autarquia: pessoa jurídica de direito público, criada por lei, com capacidade de autoadministração, para o desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei (Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro); fundação pública: é a fundação instituída pelo Poder Público como o patrimônio, total ou parcialmente público, dotado de personalidade jurídica de direito público ou privado e destinado, por lei, ao desempenho de atividades do Estado de ordem social, com capacidade de autoadministração e mediante controle da Administração Pública, nos limites da lei (Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro); 30% b) na condição de Procurador do Município de Teresina, como se posicionaria quanto à aplicação ou não da regra de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a, da CF) em um caso envolvendo a cobrança de imposto municipal de sociedade de economia mista estadual que tem suas ações negociadas em bolsa de valores Exige-se o posicionamento de um procurador judicial do município. Este, portanto, deverá defender a não aplicação de regra contida no art. 150, VI, a, da CF/88, posto que mais benéfico ao município arrecadar o tributo. Deve-se sustentar que, ainda que se trate de uma entidade de administração pública do Estado, é empresa que prevê distribuição de lucros aos seus investidores, sendo-lhe aplicável o art. 173, p. 1, II, da CF/88. A referência ao caso que agrada julgamento no STF, em regime de repercussão geral (RE 600.867) complementa a nota desse item 30% c) o(s) regime(s) de responsabilidade extracontratual aplicável(is) a essas empresas estatais Deve-se mencionar a distinção feita entre as situações em que há prestação de serviço público e as de mero exercício de atividade econômica. A partir daí, identificar a aplicação da regra da responsabilidade objetiva da entidade no primeiro caso (art. 37, p. 6, da CF/88) e da responsabilidade subjetiva no caso de exercício de atividade econômica. 20% d) como se dá a representação judicial e extrajudicialmente estas empresas estatais? a PGM não possui atribuição nem competência para representar judicial e extrajudicialmente as entidades da administração indireta com personalidade de direito privado (art. 2º da LC 4.995/2017), no caso as Empresas Públicas (visto que no Município de Teresina/PI não possuem Sociedades de Economia Mista, nem Fundações Privadas). Deverão fazer concurso para o cargo específico, ou contratar escritório advocatício. 20% QUESTÕES DISCURSIVAS - 06 Considerando o regramento estabelecido pela Constituição Federal de 1988 para a defesa do Estado e das instituições democráticas, discorra a respeito do estado de defesa. Em seu texto, descreva: 1) o conceito do instituto e as hipóteses que justificam a sua decretação; 2) os direitos fundamentais que podem sofrer restrição durante a sua vigência; 3) os tipos de controle e o momento em que podem ser exercidos. O estado de defesa, assim como o estado de sítio, representa o que a doutrina denomina de “sistema constitucional de crises”. Tais institutos constitucionais qualificam-se como regimes jurídicos para situações de crise grave (decorrentes de guerra, golpe de estado, calamidades) que expressam mecanismos de autopreservação da Constituição. No que toca às hipóteses que autorizam a decretação do estado de defesa, o art. 136 da CRFB dispôs que o instituto serve para preservar ou restabelecer a ordem pública ou a paz social em duas situações: (i) grave e iminente instabilidade institucional;(ii) calamidades de grandes proporções na natureza (40%). Em relação aos direitos fundamentais que podem sofrer restrição, o art. 136, § 1º, da CRFB, indica os seguintes: (i) direito de reunião; (ii) sigilo de correspondência; (iii) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. (30%) Quanto aos tipos de controle e o momento em que podem ser exercidos, temos: (i) o controle político exercido pelo Congresso Nacional para aprovar o decreto que instaurou o estado de defesa e seja para analisar o relatório apresentado pelo presidente da República, após cessado o estado de defesa; (ii) o controle judicial sobre a legalidade das prisões e medidas executadas durante o estado de defesa. (30%). QUESTÕES DISCURSIVAS - 07 • Durante a execução do contrato de uma obra pública, a empresa construtora atrasou a obra e pleiteou a dilação do prazo de execução. À luz das normais legais pertinentes aos contratos públicos, redija um texto dissertativo que responda aos seguintes questionamentos: 1- Que situação(ões) pode(m) ser legalmente aceita(s) como justificativa(s) para prorrogação de prazo de execução? 2- Na situação hipotética considerada, caso o pleito da empresa construtora seja aceito, que procedimentos devem ser adotados para se ajustar o cronograma? • 1- Os prazos poderão ser prorrogados, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo: a) alteração do projeto ou de suas especificações pela administração; b) superveniência de fato excepcional ou imprevisível; c) retardamento na expedição da ordem de execução do serviço ou autorização de fornecimento, interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo do trabalho, por ordem e no interesse da administração; d) aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato; e) impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro; f) omissão ou atraso de providências a cargo da administração. (50%) 2- Caso o pleito seja aceito, o cronograma contratual deverá ser alterado mediante aditivo contratual. Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do contrato, o prazo ou cronograma de execução será prorrogado automaticamente por igual tempo. O contrato deve ser aditivado ainda no prazo de vigência do contrato, com justificação escrita e previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o ajuste. QUESTÕES DISCURSIVAS - 08 • Paula foi contratada por um microempreendedor individual, mediato contrato de experiência com prazo de duração de 90 dias. No octogésimo segundo dia de prestação de serviço, Paula descobriu que estava grávida e comunicou a gravidez ao seu empregador. No final do prazo contratual, Paula não foi efetivada pela empresa contratante sob a justificativa de que não estaria devidamente qualificada para prestar o serviço. Após o nascimento de seu filho, Paula fez o requerimento de salário maternidade ao Instituto Nacional do Seguro Social, tendo sido o pedido indeferido, sob o argumento de que Paula não faria jus ao benefício previdenciário em razão da natureza do contrato de emprego. A autarquia previdenciária argumentou, ainda, que, mesmo se houvesse direito ao salário maternidade, não seria ela a responsável direta pelo pagamento do benefício, cabendo obrigação ao empregador, conforme legislação vigente. Inconformada, Paula compareceu a uma unidade da Defensoria Pública da União em busca de orientação jurídica. Em face dessa situação hipotética, responda, com fundamento na constituição federal, na legislação infraconstitucional trabalhista e na previdenciária e na jurisprudência sumulada pelo Tribunal Superior do Trabalho, as indagações que se seguem. - há amparo no ordenamento jurídico e na jurisprudência para manutenção da referida relação de emprego? ; - em sendo devido o benefício de salário maternidade, qual seria o responsável direto pelo seu pagamento, de acordo com a legislação previdenciária? •Espera-se que o candidato responda à questão conforme o que se segue. A garantia provisória de emprego (ou estabilidade temporária) está garantida, no presente caso, pelo disposto no Ato de Disposições Constitucionais Transitórias (art. 10, II, “b”), bem como na jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (Súmula n.º 244, III). O Instituto Nacional do Seguro Social equivocou-se ao indeferir o salário-maternidade à empregada, uma vez que a autarquia tem responsabilidade direta pelo pagamento do benefício previdenciário, de acordo com o art. 72, § 3.º, da Lei n.º 8.213/1991. QUESTÕES DISCURSIVAS - 09 • Redija um texto dissertativo a respeito dos possíveis momentos de realização do controle de constitucionalidade pelo Poder Judiciário. Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: 1- diferença entre o controle repressivo e o controle preventivo de constitucionalidade; 2- posicionamento do STF quanto à possibilidade de utilização da via do mandado de segurança para a realização de controle de constitucionalidade repressivo e preventivo; 3- posicionamento do STF quanto à possibilidade de realização de controle jurisdicional de constitucionalidade preventivo de projeto de lei por alegação de inconstitucionalidade material. 1 – (40%) Controle preventivo O primeiro ocorre antes do nascimento jurídico da lei ou ato normativo, ou seja, legitima mecanismos hábeis ao sujeito para impedir que o objeto maculado contamine o ordenamento jurídico, por conta de não observar parâmetros constitucionais. Cabe agora, identificar os legitimados dessa nobre proteção preventiva. Subordinados ao Poder Legislativo, identifico os parlamentares, responsáveis pela aprovação, ou não, dos projetos de leis. Os protagonistas dessa tarefa integram a famosa Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável por uma perspectiva jurídica, antes que o projeto prossiga para a votação no plenário da Casa Legislativa. Subordinado ao Poder Executivo, assinalo o Chefe do Poder Executivo, responsável pela promulgação ou rejeição de leis e atos normativos. No tocante a rejeição, o Presidente da República poderá vetar a lei ou o ato, com base em fundamentos jurídicos, caso considere o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público. Por fim, subordinado ao Poder Judiciário, aponto os magistrados que, em conjunto com os parlamentares, garantem a coibição da promulgação de objetos inconstitucionais, isto é, o parlamentar pode impetrar mandado de segurança contra projeto de lei que, em sua opinião, é inconstitucional. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 Por sua vez, o Controle de Constitucionalidade Repressivo é posterior a promulgação da lei ou ato normativo. Dispõe como norte o objetivo de expulsar do ordenamento jurídico a norma acabada, incompatível com as disposições previstas na Carta Maior. Esse segundo momento de controle é feito, em regra, pelo Poder Judiciário, em que os sujeitos legitimados procuram a Justiça para que a norma inconstitucional deixe de surtir efeitos no plano material. Todavia, em se tratando de Medida Provisória, o Poder Legislativo poderá exercer repressivamente o Controle de Constitucionalidade, ou seja, cabe à Comissão Mista de Deputados e Senadores examinar as Medidas Provisórias e, sobre elas, emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. Outra possibilidade de intervenção legislativa, refere-se à lei delegada ou ao decreto autônomo/independente, nos casos em que o Presidente da República exorbita o poder concedido de legislar e o Congresso Nacional susta ou suspende a norma criada. A última possibilidade de intervenção legislativa, está relacionada caso em que o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-19882 – (30%) Posicionamento do STF quanto à possibilidade de utilização da via do mandado de segurança para a realização de controle de constitucionalidade repressivo e preventivo Segundo entendimento sumulado pelo Enunciado nº 266, do Supremo Tribunal Federal, é incabível Mandado de Segurança contra lei em tese, devendo ser essa interpretação estendida para todos os atos normativos que possuam caráter de generalidade e abstração, de acordo com o que restou demonstrado acima, bem como em jurisprudência nacional: EMENTA: - CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. LEI EM TESE: NÃO-CABIMENTO. Súmula 266-STF. I. - Se o ato normativo consubstancia ato administrativo, assim de efeitos concretos, cabe contra ele o mandado de segurança. Todavia, se o ato - lei, medida provisória, regulamento - tem efeito normativo, genérico, por isso mesmo sem operatividade imediata, necessitando, para a sua individualização, da expedição de ato administrativo, então contra ele não cabe mandado de segurança, já que, admiti-lo implicaria admitir a segurança contra lei em tese: Súmula 266-STF. II. - Segurança não conhecida. (STF - RMS 24266, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em 07/10/2003, DJ 24-10-2003 PP-00030 EMENT VOL-02129-02 PP-00481) 3 – (30%) Posicionamento do STF quanto à possibilidade de realização de controle jurisdicional de constitucionalidade preventivo de projeto de lei, por alegação de inconstitucionalidade material MS nº 32.033/DF STF?CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DE PROJETO DE LEI.INVIABILIDADE. 1. Não se admite, no sistema brasileiro, o controle jurisdicional de constitucionalidade material de projetos de lei (controle preventivo denormas em curso de formação). O que a jurisprudência do STF tem admitido, como exceção, é ?a legitimidade do parlamentar - e somente doparlamentar - para impetrar mandado de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de lei ou emendaconstitucional incompatíveis com disposições constitucionais que disciplinam o processo legislativo? (MS 24.667, Pleno, Min. Carlos Velloso, DJde 23.04.04). Nessas excepcionais situações, em que o vício de inconstitucionalidade está diretamente relacionado a aspectos formais e procedimentaisda atuação legislativa, a impetração de segurança é admissível, segundo a jurisprudência do STF, porque visa a corrigir vício já efetivamenteconcretizado no próprio curso do processo de formação da norma, antes mesmo e independentemente de sua final aprovação ou não. 2. Sendoinadmissível o controle preventivo da constitucionalidade material das normas em curso de formação, não cabe atribuir a parlamentar, a quem aConstituição nega habilitação para provocar o controle abstrato repressivo, a prerrogativa, sob todos os aspectos mais abrangente e mais eficiente, deprovocar esse mesmo controle antecipadamente, por via de mandado de segurança. 3. A prematura intervenção do Judiciário em domínio jurídico epolítico de formação dos atos normativos em curso no Parlamento, além de universalizar um sistema de controle preventivo não admitido pelaConstituição, subtrairia dos outros Poderes da República, sem justificação plausível, a prerrogativa constitucional que detém de debater e aperfeiçoar osprojetos, inclusive para sanar seus eventuais vícios de inconstitucionalidade. Quanto mais evidente e grotesca possa ser a inconstitucionalidade materialde projetos de leis, menos ainda se deverá duvidar do exercício responsável do papel do Legislativo, de negar-lhe aprovação, e do Executivo, de apor-lheveto, se for o caso. Partir da suposição contrária significaria menosprezar a seriedade e o senso de responsabilidade desses dois Poderes doEstado.E se, eventualmente, um projeto assim se transformar em lei, sempre haverá a possibilidade de provocar o controle repressivo peloJudiciário, para negar-lhe validade, retirando-a do ordenamento jurídico. 4. Mandado de segurança indeferido.?. (MS 32033/DF, Relator o Min. GilmarMendes, Relator (a) p/ Acórdão: Min. Teori Zavascki, DJe de 18/2/14). QUESTÕES DISCURSIVAS - 10 • Procurador Municipal - PGM-São Luis-MA - Ano: 2018 - Banca: AOCP - Direito Administrativo - Ato Administrativo - Muitos atos da Administração Pública são realizados por interesse do administrador que desprovido de conhecimento, ou excepcionalmente por má-fé, não respeita a legalidade exigida aos Atos Administrativos. Uma vez detectada eventual ilegalidade, o ato administrativo pode ser anulado pela própria Administração? Fundamente sua resposta. A anulação do ato administrativo consiste no seu próprio desfazimento por motivo de ilegalidade, efetuada pelo próprio Poder que o editou ou determinada pelo Poder Judiciário. A anulação efetuada pela própria Administração decorre do princípio de autotutela administrativa. Identificada a ilegalidade do ato, a Administração tem o dever de anulá-lo com base no princípio da legalidade, sendo em casos específicos justificável a sua manutenção, pois as consequências do desfazimento em si e sua repercussão acarretariam maior prejuízo que a subsistência do ato. Não existe previsão legal quanto ao prazo para a anulação do ato administrativo, todavia já existem leis específicas prevendo o prazo de 5 anos. A anulação tem efeito ex tunc. A Súmula 473 do STF prevê que “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. ” QUESTÕES DISCURSIVAS - 11 O Município de Teresina/PI e o Estado do PI constituíram consórcio público, com personalidade jurídica de direito público, para atuar na área de saúde, mediante subscrição de protocolo de intenções, edição de leis federal e estadual ratificando o protocolo de intenções e celebração de contrato de programa e de contrato de rateio, para, respectivamente, disciplinar as obrigações e definir o montante de recursos repassados por cada um dos entes consorciados. O consórcio público regularmente constituído, após extensa pesquisa de preços no mercado, celebrou contrato de aquisição de material hospitalar com a empresa que forneceu os menores preços, e, para capilarização dos serviços, qualificou determinada organização não‐governamental como Organização Social e com ela firmou contrato de gestão. A partir da hipótese sugerida, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. I. Os atos praticados pelo consórcio público foram regulares? II. Os atos praticados pelo consórcio público submetem‐se ao controle do Tribunal de Contas? III. E os atos praticados pela Organização Social? I. O consórcio público regularmente constituído pode celebrar contratos ou firmar outros acordos, conforme previsão constante do Art. 2º, § 1º, I, da Lei nº 11.107/2005. Entretanto, por constituir pessoa jurídica de direito público, integrante da Administração Indireta dos entes consorciados, está sujeito a normas do direito público, como a realização de licitação. A contratação, sem licitação, de empresa para fornecer material hospitalar, portanto, foi irregular. O consórcio público pode, ainda, firmar contrato de gestão, com base no mesmo dispositivo. Não pode, entretanto, qualificar uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, como Organização Social. Tal qualificação é prerrogativa do Poder Executivo, conforme previsão do Art. 1º da Lei nº 9.637/1998, e o consórcio público, que adquire personalidade jurídica própria e integra a Administração Indireta dos entes consorciados, não pode oferecer tal qualificação. O contrato de gestão firmado, portanto, também foi irregular. II. Sim, os atos praticados pelo consórcio público submetem-se ao controle do Tribunal de Contas, não apenas pela previsão constante do art. 9º, parágrafo único da Lei nº 11.107/2005,expressa quanto à fiscalização dos consórcios, mas também pela do Art. 70, § único, da Constituição da República e do art. 5º, I, da Lei nº 8.443/1992, aplicáveis a toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize recursos públicos. III. Também com base no Art. 70, § único, da Constituição da República ou no Art. 5º, I, da Lei nº 8.443/1992, os atos praticados pela Organização Social estão sujeitos à fiscalização do Tribunal de Contas, uma vez que tal entidade recebeu recursos públicos, advindos de pessoa jurídica de direito público (recursos, em última análise, reconduzidos à União e ao Estado X, que os repassaram ao consórcio mediante contrato de rateio). QUESTÕES DISCURSIVAS - 11 • O vereador X apresenta proposta de Emenda à Lei Orgânica do Município de Teresina/PI inserindo, na competência exclusiva da Câmara Municipal de Teresina, a de aprovar os nomes “dos presidentes das entidades da administração pública indireta”, após indicação do Prefeito do Município de Teresina/PI. Elabore parecer acerca da constitucionalidade dessa proposta. PARECER Nº Autoridade Consulente: Assunto: PL. Constitucionalidade/legalidade de PL que estabelece competência da Câmara Municipal de Teresina para aprovação dos nomes dos dos presidentes das entidades da administração pública indireta”, após indicação do Prefeito Municipal de Teresina/PI. Ementa: Relatório Trata-se de consulta formulada pelo Vereador X sobre proposta de Emenda à Lei Orgânica do Município de Teresina/PI inserindo, na competência exclusiva da Câmara Municipal de Teresina/PI, a de aprovar os nomes“ dos presidentes das entidades da administração pública indireta”, após indicação do Prefeito Municipal de Teresina/PI. É o breve relatório. Fundamentação 1. O Controle de Constitucionalidade de Emenda Constitucional Inicialmente devemos verificar a própria possibilidade de controle de constitucionalidade de emenda à Lei Orgânica do Município de Teresina/PI genericamente considerada. Ainda que possível no direito brasileiro, é válida a afirmação de que a aferição da constitucionalidade de Emenda observa um espectro mais restrito do que o controle de constitucionalidade dos demais atos normativos. Isso porque além da verificação do respeito às formalidades do processo legislativo (cujo descumprimento gera a chamada inconstitucionalidade formal),só é possível verificar a constitucionalidade material de uma emenda em face das cláusulas pétreas constitucionais, as quais estão elencadas no rol do artigo 60, § 4º, da CF. Na nossa história constitucional contemporânea –marcada pelo advento da constituição de 1988 –há precedentes de controle de constitucionalidade de emenda, sendo tal possibilidade aceita, pacificamente, pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Assim, o parâmetro possível para a aferição da compatibilidade da alteração constitucional proposta é se ela viola alguma das cláusulas pétreas presentes no texto constitucional, especificamente, aquela relativa a separação de poderes. 2.1. As entidades da administração indireta Conforme tradicional conceito doutrinário a Administração Indireta é composta de pessoas jurídicas criadas ou autorizadas através de lei específica vinculadas a uma entidade política (para o exercício de forma descentralizada de atividades administrativas). Compõem a administração indireta as entidades com personalidade jurídica: Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista. As Autarquias são entidades da Administração Indireta criadas por lei específica, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. Fundações Públicas são entidades dotadas de personalidade jurídica de direito público ou de privado, segundo a jurisprudência do STF, criada após autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos do Estado e de outras fontes. Empresa Pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo do ente instituidor, criada por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas no Direito. Também possível a existência de empresas públicas não exploradoras de atividade econômica, e sim prestadoras de serviço público. Sociedade de Economia Mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de Sociedade Anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria ao ente federativo criador ou à entidade de sua Administração Indireta. 2.2. A Separação de Poderes e a diferenciação entre as entidades pretensamente abrangidas pela norma O Princípio da separação de poderes é previsto no artigo 2° da Constituição Federal, sendo fundamento para a República. A atual previsão constitucional da Carta de 1988 se funda na doutrina de Montesquieu, que defendia a separação entre os Poderes para fins de autolimitação. A divisão de atribuições entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário é prevista de forma taxativa nas Constituições dos mais diversos países, entre eles o Brasil. Tais atribuições, entretanto, não apenas dizem respeito às atividades precípuas de cada um dos Poderes. Isto é, além da atividade de elaboração de normas, de administração do Município através do cumprimento das leis e do julgamento de ações, as Constituições e Leis Orgânicas Municipais determinam meios de controle entre os Poderes. Tais meios de controle são denominados de freios e contrapesos. Através do sistema de freios e contrapesos, os Poderes acabam possuindo atribuições que limitam a atuação de outro Poder. Assim, são impedidas eventuais arbitrariedades e excessos de um Poder, no exercício de suas atribuições. Nesse sentido, a Constituição de 1988 prevê inúmeros mecanismos fundamentados nesse sistema. Por exemplo, a nomeação de Ministros do STF é realizada através da indicação do Chefe do Poder Executivo de pessoa que é sabatinada no Poder Legislativo para que, então, se aprovada para exercer cargo na cúpula do Poder Judiciário Nacional. In casu, é possível vislumbrar, em um primeiro momento, a possibilidade de Emenda à Lei Orgânica do Município de Teresina/PI determinar a atribuição exclusiva da Câmara Municipal de aprovar os nomes “dos presidentes das entidades da administração pública indireta” após indicação do Prefeito Municipal. Tal mecanismo, em uma primeira análise, poderá ser considerado compatível com a Constituição Federal que, embora não o faça expressamente, admite o sistema de freios e contrapesos. A Constituição Federal, inclusive, traz previsão expressa no artigo 52, III, alínea d da atribuição do Senado Federal de aprovar, após arguição pública, a escolha de Presidente do Banco Central que é uma autarquia federal. Ressalte-se que a Lei Federal 11.036/2004 previu, em seu artigo 2°, a transformação do cargo de Presidente do Banco Central em cargo de Ministro de Estado. Além disso, convém ressaltar que a Emenda à LOM não irá retirar do Executivo a prerrogativa de escolher os dirigentes das entidades da Administração Indireta, cabendo ao Legislativo apenas aprová-la ou rejeitá-la. Não se está transferido ao Legislativo o poder de escolher os dirigentes das entidades da Administração Indireta, mas apenas de exercer um controle sobre a escolha efetuada pelo Prefeito. Conclui-se, portanto, que à luz do sistema de freios e contrapesos é possível que a Lei Orgânica do Município de Teresina/PI preveja que aCâmara Municipal deverá aprovar, após arguição pública, os Presidentes de autarquias e fundações públicas. Nesse sentido se orienta a jurisprudência do STF. Entretanto, quanto às empresas públicas e sociedades de economia mista, o entendimento daquela Corte Maior não é no mesmo sentido. A previsão da criação dessas entidades em decorrência de imperativo de segurança nacional ou relevante interesse coletivo, no artigo 173 da Constituição da República, determina que tais entidades se submetem ao regime jurídico de empresas privadas. Nas sociedades empresárias privadas inexiste tal mecanismo, ou seja, não há previsão no Código Civil, nem na Lei 6.404/64 de nomeação de dirigentes de entidades por terceiros que não fazem parte do quadro de sócios da sociedade. Nem sequer existe no direito privado a previsão de submissão da escolha dos dirigentes de empresas a pessoas que não possuem vinculo empresarial com a sociedade. Logo, ausente a previsão legal nesse sentido, não será possível que norma da Lei Orgânica do Município de Teresina/PI preveja atribuição exclusiva da Câmara Municipal para aprovar os nomes dos presidentes das empresas públicas e sociedades de economia mista após indicação do Prefeito Municipal, eis que tal dispositivo viola o artigo 173,§1°, inciso I da CRFB. 2.3. A jurisprudência do STF acerca do tema A jurisprudência do STF é pacífica no sentido do descrito acima, ou seja, a impossibilidade de submissão à aprovação da Câmara Municipal dos indicados as empresas estatais, seja de que natureza estas forem. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ALÍNEA "d" DO INCISO XXIII DO ARTIGO 62 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. APROVAÇÃO DO PROVIMENTO, PELO EXECUTIVO, DOS CARGOS DE PRESIDENTE DAS ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA ESTADUAL PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NO ARTIGO 173, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. DISTINÇÃO ENTRE EMPRESAS ESTATAIS PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO E EMPRESAS ESTATAIS QUE DESENVOLVEM ATIVIDADE ECONÔMICA EM SENTIDO ESTRITO. REGIME JURÍDICO ESTRUTURAL E REGIME JURÍDICO FUNCIONAL DAS EMPRESAS ESTATAIS. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL. INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO. 1. Esta Corte em oportunidades anteriores definiu que a aprovação, pelo Legislativo, da indicação dos Presidentes das entidades da Administração Pública Indireta restringe-se às autarquias e fundações públicas, dela excluídas as sociedades de economia mista e as empresas públicas. Precedentes. 2. As sociedades de economia mista e as empresas públicas que explorem atividade econômica em sentido estrito estão sujeitas, nos termos do disposto no § 1º do artigo 173 da Constituição do Brasil, ao regime jurídico próprio das empresas privadas. 3. Distinção entre empresas estatais que prestam serviço público e empresas estatais que empreendem atividade econômica em sentido estrito 4. O § 1º do artigo 173 da Constituição do Brasil não se aplica às empresas públicas, sociedades de economia mista e entidades (estatais) que prestam serviço público. 5. A intromissão do Poder Legislativo no processo de provimento das diretorias das empresas estatais colide com o princípio da harmonia e interdependência entre os poderes. A escolha dos dirigentes dessas empresas é matéria inserida no âmbito do regime estrutural de cada uma delas. 6. Pedido julgado parcialmente procedente para dar interpretação conforme à Constituição à alínea "d" do inciso XXIII do artigo 62 da Constituição do Estado de Minas Gerais, para restringir sua aplicação às autarquias e fundações públicas, dela excluídas as empresas estatais, todas elas.ADI 1642-MG 2.4. A interpretação conforme à Constituição A interpretação conforme a Constituição determina que, quando o aplicador de determinado texto legal se encontrar frente a normas de caráter polissêmico ou, até mesmo, plurissignificativo, deve priorizar a interpretação que possua um sentido em conformidade com a Constituição. Por conseguinte, uma lei não pode ser declarada nula quando puder ser interpretada em consonância com o texto constitucional. A interpretação conforme a Constituição pode ter lugar também quando um conteúdo ambíguo e indeterminado de uma norma resultar coerente graças ao conteúdo da Constituição. Pode-se perceber, com maior clareza no Brasil nas decisões do Supremo Tribunal Federal, duas dimensões abarcadas pelas possibilidades de interpretação conforme a Constituição. Por um lado, sua utilização em casos concretos vincularia apenas as partes envolvidas pela decisão, por meio do controle difuso de constitucionalidade. Por outro, a interpretação conforme a Constituição pode ser justamente utilizada no controle abstrato de normas. Em ambas as situações, limita-se o órgão judiciário a declarar a legitimidade do ato questionado desde que interpretado em conformidade com a Constituição. No presente, a interpretação mais evidente da proposta de emenda à LOM confere à CMT a prerrogativa de aprovar os nomes de todos os “presidentes das entidades da administração pública indireta” após indicação do Prefeito Municipal. Conforme vimos, tal possibilidade é vedada pelo ordenamento jurídico. Porém, adotando-se a técnica da interpretação conforme à Constituição temos que, é possível extrair da norma uma autolimitação, a qual restringe sua incidência somente aos presidentes das autarquias e fundações públicas, eis que assim, preserva-se o conteúdo da norma no seu sentido constitucionalmente possível. 3. Conclusão Pelo exposto, verificamos que a proposta de emenda é constitucional no que diz respeito à indicação dos presidentes da autarquias e fundações públicas não sendo porém, em relação às empresas públicas e sociedades de economia mista. Local, Data, Advogado. •Hipóteses •1.Assim sendo, levando-se em consideração a chamada “interpretação conforme a Constituição” verifica-se que o preceito normativo é constitucional, desde que, tenha clareza que seu âmbito normativo é mais restrito do que aparenta ser, não se aplicando a empresas públicas e sociedades de economia mista. •2.Assim sendo, por razões de segurança jurídica, em que pese a possibilidade de adoção de interpretação conforme a constituição sugerimos a adoção de redação que expressamente aborde autarquias e fundações públicas. QUESTÕES DISCURSIVAS - 12 A empresa “seu sonho é o nosso sonho” foi contratada pela Câmara Municipal para servir o coffee break no evento a ser realizado em 28/07/2015. Em contrato acordou-se que o pagamento seria em 3 parcelas de R$ 5.000,00 (cinco mil) cada, todas através de depósito bancário diretamente na conta da empresa, vencendo-se a primeira na assinatura do contrato que se deu em 01/08/2014, a segunda na data do evento e a terceira em 01/10/2014. Por ausência de pagamento da 2ª parcela a empresa “seu sonho é o nosso sonho” ingressou em 01/08/2020 com a ação de execução em face da Câmara Municipal. Como procurador da CMT, apresente a medida cabível ao caso apresentado, esclarecendo que: •A execução veio acompanhada de memória de cálculo que: 1) aplicou a correção monetária; 2) aplicou juros de 1% desde a data vencida; 3) aplicou multa de 20% ao mês. •A atualização da execução nos moldes acima descritos não constava em contrato. •A Câmara Municipal foi devidamente citada em 17/08/2019. � PEÇA CABÍVEL - Embargos à Execução � Procedimentos – Art.914,art. 917,inciso III e art. 919, todos do CPC; � COMPETÊNCIA - Vara da Fazenda Pública da Comarca de ... � ENDEREÇAMENTO - Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da____Vara da Fazenda Pública da Comarca de.../... � PRELIMINAR - 1) Prescrição quinquenal - artigo 1º do Decreto Lei nº 20.910, de 6 de janeiro de 1932. � DOS FATOS - Argumentar de forma coerente os fatos apresentados no problema. � DO DIREITO - 1) Fundamentação jurídica com base no artigo 917, inciso III do CPC, com legislação e jurisprudência; � DOS PEDIDOS - Requerer : a) Intimação do Embargado, na pessoa de seu Advogado,para que, querendo, apresente impugnação no prazo legal; b) o ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR com a extinção imediata da execução, c) sejam julgados PROCEDENTES os embargos e decretar a nulidade da execução e condenar o embargado ao pagamento das custas e honorários de advogado; d) Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito permitidos e, em especial, pela realização de perícia contábil. � DO VALOR DA CAUSA - Dá-se a causa o valor de R$.... Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ______ Vara da Fazenda Pública da Comarca de.../... Câmara Municipal de _____,(qualificação completa), por seu procurador infra-assinado, nos autos da execução que lhe move “seu sonho é o nosso sonho” à vista do contido na inicial, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa. com fulcro no art. 914, art. 917,inciso III, art. 919, todos do CPC opor EMBARGOS ÀEXECUÇÃO C/C PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO, consoante razões de fato e de direito a seguir aduzidas: PRELIMINARMENTE: A presente execução está fulminada pela prescrição quinquenal, conforme artigo 1º do Decreto Lei nº 11.20.910, de 6 de janeiro de 1932, haja vista a cobrança ser de título vencido em 28/07/2014 e a execução distribuída em 01/08/2019. (Citar jurisprudência). Pelo exposto, por se tratar de matéria de ordem pública, imprescindível o reconhecimento daprescrição. FATOS: Narrado conforme o problema16 DIREITO Superadas as preliminares arguidas, ad argumentandum, tem-se que no mérito melhor sorte não guarda ao embargado, pois conforme se verifica da memória de cálculo apresentada há um excesso de execução. Conforme memória que acompanha essa peça processual, o valor da execução é de R$.... Portanto, conforme nossa legislação pátria e o entendimento dos nossos tribunais: (Citar legislação e jurisprudência.) DOS PEDIDOS Isto posto, requer: a) a intimação do Embargado, na pessoa de seu Advogado, para que, querendoapresente impugnação no prazo legal; b) o ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR com a extinção imediata da execução, c) sejam julgados PROCEDENTES os embargos e decretar a nulidade da execução e condenar o embargado ao pagamento das custas e honorários de advogado; d) Protesta pela produção de todos os meios de prova28.em direito permitidos e, em especial, pela realização de perícia contábil. Dá-se a causa o valor de R$...... Nestes Termos, Pede e Espera Deferimento. Local, Data. Advogado Nada te perturbe, nada te amedronte. Tudo passa, a paciência tudo alcança. A quem tem Deus nada falta. Só Deus basta! (Santa Teresa D’Ávila) É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca. (Dom Helder Câmara) OBRIGADO! Ari Ferreira ari_ricardo@yahoo.com.br ari_ricardo (86) 99911-1010 mailto:ari_ricardo@yahoo.com.br
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