Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O imperialismo A partir de 1870, as potências europeias lançaram-se em: a) uma disputa por mercados consumidores para os seus manufaturados e áreas produtoras de matérias-primas (cobre, borracha, ferro etc.) para suas indústrias. b) uma busca de oportunidades de investimentos para seus capitais e colônias a fim de acomodar parte de seu excedente populacional. c) uma corrida pelo controle das minas, das reservas minerais e da mão de obra nativa. Essa corrida por colônias pela Ásia, África e Oceania, no século XIX, é chamada de imperialismo ou neoco- lonialismo (para diferenciar do colonialismo vigente entre os séculos XVI e XVIII). Com base no darwi- nismo social e em outras teorias racistas, os europeus brancos assumiram a tarefa de levar a civilização, isto é, o progresso e os “bons cos- tumes” àqueles povos que consideravam incivilizados e racialmente inferiores a eles. Passaram, assim, a defender que os povos “adiantados” tinham uma missão civili- zadora para com os povos “atrasados”. Essas teorias buscavam legitimar o impe- rialismo na África e na Ásia. CO LE ÇÃ O P A RT IC U LA R. F O TO : A KG -IM AG ES /A LB U M /F O TO A RE N A » “A França levará ao Marrocos a civilização, a riqueza e a paz.” Le Petit Journal, 1911. Nesta ilustração da capa de um jornal francês, vê-se a França na forma de uma mulher grande e poderosa que distribui ouro (civilização) aos marroquinos. 43 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 43D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 43 9/25/20 1:18 PM9/25/20 1:18 PM Quinino: planta medicinal de gosto amargo utilizada no tratamento da malária. África: dominação e resistência Entre os séculos XV e XVIII os europeus restringiram sua ocupação a uma estreita faixa do litoral da África, onde fundaram estabelecimentos permanentes em pontos como Costa do Ouro, Benin, Angola e Moçambique. A partir do século XIX, no entanto, passaram a penetrar o interior do território africano e a submeter seus povos. Em 1880, os europeus ocupavam apenas 1/10 do continente africano; em 1910, já eram senhores de 9/10 da África. E, por meio da ciência, do uso da metralhadora, do barco a vapor e do quinino foram retalhando e se apossando de territórios africanos. As “armas” do imperialismo Para subir e descer os rios e fazer o reconhecimento da região, os europeus usavam o barco a vapor; para submeter e conquistar as populações locais, usavam rifles de tiro rápido e metralhadoras. Cabos submarinos de telégrafo e estradas de ferro ajudavam a consolidar a dominação. Veja o que um oficial britâ- nico disse sobre a conquista da Birmânia (atual Mianmar): [...] se os birmaneses estives- sem tão bem providos com toda espécie de armas iguais às nossas, o país não teria sido subjugado tão depressa como foi. O seu sistema de defesa era bom, sua bravura indiscutível, mas eles não tinham armas efi cientes. MESGRAVIS, L. A colonização da África e da Ásia: a expansão do imperialismo europeu no século XIX. São Paulo: Atual, 1994. p. 19. (História geral em documentos). Para refletir e argumentar Reflita e argumente. No século XIX, a ciência e a tecnologia deram poder a Estados nacionais e empresas. Nos dias atuais, isso continua ocorrendo? Cite exemplos. Não escreva no livro » A gravura de 1876 representa três ícones do progresso tecnológico no século XIX: o telégrafo, a locomotiva a vapor e, ao fundo, o barco a vapor. Publicado por Currier & Ives, Nova York, 1876. CH A RL ES P HE LP S CU SH IN G /C LA SS IC ST O CK /G ET TY IM AG ES Consultar as Orientações para o Professor. 44 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 44D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 44 9/24/20 8:58 PM9/24/20 8:58 PM A resistência africana Durante muito tempo, a África foi vista, descrita e analisada de uma perspectiva europeia. A história africana era um apêndice da história da Europa, e só aparecia em capítulos como Grandes Navegações dos séculos XV e XVI, ou Imperialismo europeu na África e na Ásia no século XIX. Assim, tanto em um caso quanto no outro, a África aparecia como um figu- rante mudo, um território vencido e dominado pelos europeus. Nas últimas quatro décadas, historiadores especializados em África, dos dois lados do Atlântico, publi- caram inúmeros estudos sobre episódios de resistência africana ao imperialismo europeu, como a Revolta de Bailundo e a Revolta Bambata. A Revolta de Bailundo ocorreu em Angola, entre 1902 e 1904, e foi lide- rada por Mutu-ya-Kevela. Essa revolta reuniu diferentes povos de matriz bantu, como umbundos, ovibundos e congos. Unidos, esses grupos se rebelaram contra a tomada de suas terras e o controle do comércio local pelos portugueses. Os rebeldes conseguiram um sucesso temporário, obrigando comerciantes e colonos portugueses a deixarem as montanhas habitadas pelos nativos. Já a Revolta Bambata se insere em um contexto de lutas sucessivas na África do Sul, entre as quais se destaca a guerra dos zulus contra os britânicos. As prin- cipais razões desse conflito armado, que se estendeu de 1906 a 1908, foi uma usurpação das terras dos zulus e a imposição da religião cristã e de costumes ingleses a eles. Os britânicos viam os africanos como povos “pri- mitivos” e julgavam ter a missão de civilizar esses povos a qualquer custo, incluindo nesse universo a imposição do cristianismo. No conflito armado acabou prevalecendo a superioridade bélica dos britânicos. Embora tenham sido derrotados na Revolta Bambata, os zulus conser- varam muito de sua religião e tradições, que continuam presentes na sua vida social até os dias atuais. » Rei Zulu em uma representação de 1888. U N IV ER SA L HI ST O RY A RC HI VE /U N IV ER SA L IM AG ES G RO U P/ G ET TY IM AG ES 45 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 45D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 45 9/24/20 8:58 PM9/24/20 8:58 PM » Imagem de um jornal francês a respeito da entrada dos franceses em Abomey (atual Benin). Notem que o artista mostra o francês em primeiro plano com um ar de vitória, e os africanos perfilados transportando fardos, exceto o primeiro da fila, que ostenta a bandeira francesa. A imagem é um olhar europeu da ocupação francesa na África. Henri Meyer, 1892. Protetorado: sistema de dominação em que o país conquistador permite a existência de governantes locais e os fiscaliza rigidamente por meio de um representante seu, chamado, geralmente, de residente. Marfim: as presas de elefante, compradas na África por um preço irrisório ou confiscadas à força, alcançavam altos preços na Europa, onde serviam para fabricar desde dentaduras até teclas de piano. Franceses na África A França iniciou sua investida na África com a conquista das terras onde hoje é a Argélia em 1830. Inicialmente, os franceses instalaram nessas terras um protetorado, obrigando os governantes locais a praticarem sua política. Posteriormente, assumiram o governo local, tomaram as terras dos nativos e os obrigaram a trabalhar nas culturas de oliveiras, vinhos, frutas e legumes destinados à exportação. O governo francês prometia integrar os argelinos à “civilização”; mas, na prática, impedia que tivessem acesso a direitos básicos, como, por exemplo, a instrução primária. Além da Argélia, a França submeteu terras e povos em várias outras partes da África. No oceano Índico, conquistou Madagascar. Belgas na bacia do rio Congo Há tempos, o rei Leopoldo II, da Bélgica, ambicionava possuir uma colônia na África Central, pois sabia que a região era riquíssima em borracha e marfim. Em 1884, Leopoldo II apossou-se do Congo – um território dezenas de vezes maior do que a Bélgica – e conseguiu que outras nações europeias reconhecessem esse país africano como uma propriedade particular sua. Depois, dividiu o Congo em unidades, nomeou civise militares belgas para administrá-lo e encarregou-os de forçar os congoleses a trabalhar na extração de borracha e marfim. BR ID G EM A N /F O TO A RE N A 46 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 46D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 46 9/24/20 8:58 PM9/24/20 8:58 PM » A charge ironiza a paixão do rei Leopoldo II por dinheiro; note que ele é mostrado ao centro carregando sacos cheios de dinheiro. Charge de James Jacques Tissot, publicada na revista Vanity Fair, em 1869. » Quatro africanos carregando uma imensa presa de elefante. O marfim dela extraído alcançava altos preços na Europa, onde era usado para fazer desde teclas de piano até joias e objetos de arte. Zanzibar (Tanzânia), 1875. Estima-se que o imperialismo belga no Congo tenha provocado a morte de cerca de 10 milhões de africanos. Levante uma hipótese: que consequências isso trouxe para a África Central? Dialogando Por meio da intimidação e da propaganda, o rei conse- guiu manter um manto de silêncio sobre as atrocidades que ele e seus súditos vinham praticando no Congo. Uma delas era a grande quantidade de borracha exigida de cada nativo ao final do dia de trabalho. No entanto, em 1903, o diário escrito pelo missionário da igreja batista A. E. Scrivener revelou-as ao mundo. Eis um trecho desse documento: [...] Quando um homem trazia menos que a porção apro- priada, o homem branco encolerizava-se e tomando um rifl e de um dos guardas fuzilava-o na hora. MESGRAVIS, L. A colonização da África e da Ásia: a expansão do imperialismo europeu no século XIX. São Paulo: Atual, 1994. p. 33. (História geral em documentos). Para abafar o escândalo, o governo belga retirou de Leopoldo II o direito sobre o Congo e substituiu os admi- nistradores locais. Isso, porém, não foi suficiente para restabelecer a paz social ou apagar da memória dos con- goleses os horrores da dominação belga no Congo. M A RY E VA N S/ G LO W IM AG ES A PI C/ G ET TY IM AG ES 47 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 47D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 47 9/24/20 8:58 PM9/24/20 8:58 PM » Fac-símile da capa do livro Nzingha: Warrior Queen of Matamba, Angola, Africa, 1595, de Patricia C. McKissack. Nova York: Scholastic Inc. 2000. A rainha Nzingha Mbande tornou-se conhecida por ter liderado a resistência contra a dominação colonial portuguesa. Britânicos na África Na década de 1880, os ingleses estabeleceram um protetorado no Egito, que se encontrava endividado em razão de empréstimos tomados para a construção do Canal de Suez (1869). Como o Sudão estava sob o domínio egípcio, também passou ao domínio inglês. Na África os ingleses adotaram principalmente a administração indireta: os antigos chefes locais eram mantidos no poder e transformados em colaboradores dos ingleses. Os habitantes muçulmanos do Sudão, chamados de dervixes, resistiram ao imperialismo inglês pelas armas e chegaram a retomar Cartum, a capital do Sudão. A luta era vista por eles como “guerra santa”. Mas, empregando os mais modernos armamentos da época, como os rifles de tiro rápido, os ingleses os venceram na Batalha de Omdurman (1898). Além do Egito e do Sudão, a Inglaterra se apossou de Uganda, da África Oriental (atual Quênia) e da Rodésia (atual Zimbábue); o nome Rodésia é uma homenagem ao empresário, polí- tico e explorador inglês Cecil Rhodes. Outros europeus na África Portugal, por sua vez, manteve a maior parte dos territórios con- quistados nos séculos XV e XVI, como Guiné, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e as ilhas de Cabo Verde. A Alemanha entrou na corrida pela África estabelecendo uma colônia banhada pelo Atlântico (o Sudoeste Africano Alemão) e outra banhada pelo Índico (a África Oriental Alemã). A Espanha conservou uma parte do Marrocos, o Marrocos Espanhol. Canal de Suez: canal situado entre os continentes africano e asiático e que se tornou a rota mais curta entre a Europa e o oceano Índico. Sudão: país que se encontra ao sul do Egito e é habitado por uma população majoritariamente negra. A partir de 9 de julho de 2011 as terras sudanesas passaram a abrigar dois países: o Sudão e o Sudão do Sul. Documentário sobre a história da África e seu processo de colonização. DOCUMENTÁRIO África no passado rique- zas e glórias a história que ninguém contou. Vídeo (33min7s). Publicado pelo canal Balaio Afro-Indígena. Disponível em: https://youtu. be/z_GMoM9wuaU. Acesso em: 31 ago. 2020. Dica SC H O LA ST IC IN C. 48 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 48D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 48 9/24/20 8:58 PM9/24/20 8:58 PM https://youtu.be/z_GMoM9wuaU » O chanceler alemão Otto von Bismarck é mostrado portando uma faca e prestes a repartir o bolo que, na imagem, representa a África. Ele aparece rodeado de outros delegados europeus presentes na Conferência de Berlim. Charge publicada no jornal L’Illustration, em Paris (França), 1885. A Conferência de Berlim As principais potências perceberam que a corrida imperialista poderia alterar o equilíbrio de poder e provocar uma guerra entre elas. Por isso, em 28 de fevereiro de 1885, reuniram-se na Conferência de Berlim para criar regras e condições favo- ráveis à ocupação da África. Com esse objetivo, os europeus decidiram: a) permitir a livre navegação nas bacias dos rios Congo e Níger, duas importan- tes vias naturais de penetração no continente. b) liberar o comércio na bacia do rio Congo. c) considerar que uma nação europeia só teria direito sobre um território afri- cano se comunicasse sua ocupação às demais nações e enviasse para a área uma autoridade capaz de manter a ordem. d) conceder direitos especiais de proteção aos missionários e exploradores europeus. e) reconhecer o Estado Livre do Congo como propriedade particular do rei Leopoldo II da Bélgica. Esse território imenso serviu como Estado-tampão, separando as demais áreas ocupadas pelos europeus. f) fixar regras para as futuras ocupações das costas da África. A partilha da África não ocorreu durante a Conferência de Berlim, mas depois e a partir dela a corrida no continente africano ganhou uma aceleração jamais vista. Nos anos que se seguiram à conferência, a África foi partilhada entre as potências europeias, por meio de dezenas de acordos bilaterais. M A RY E VA N S/ G LO W IM AG ES 49 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 49D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 49 9/24/20 8:58 PM9/24/20 8:58 PM Entre esses acordos cabe citar os tratados anglo-alemães de 1890, 1891 e 1893, que acabaram colocando a região do Alto Nilo sob influência britânica. Outro exemplo é o tratado anglo-português, de 1891, que reconheceu o domínio de Portugal sobre Angola e Moçambique. Os tratados bilaterais que se seguiram à Conferência de Berlim desenharam um novo mapa da África, concluído por volta de 1910. Entre 1880 e 1910, com exceção da Europa e da América, boa parte da Terra passou ao domínio de potências como Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália e Bélgica. Observe os mapas. Fonte: SERRYN, P. Atlas Bordas Historique et Géographique. Paris: Bordas, 1988. p. 26. OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO Trópico de Câncer M ar Verm elho Mar Mediterrâneo Equador 0º 0º M er id ia no d e G re en w ic h Trópico de Capricórnio COSTA DO OURO SENEGAL BISSAU GABÃO ÁSIA EUROPA NATAL ANGOLA MO ÇA MB IQ UE PROVÍNCIA DO CABO ARGÉLIA CEUTAI. da Madeira Is. Canárias M AD AG A SC A R SUSERANATO OTOMANO 0 540 Espanha Portugal Grã-Bretanha França Império Otomano Estados bôeres Áreas sob o domínio de: » África em 1880 A LL M A PS 50 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 50D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 50 9/24/20 8:58 PM9/24/20 8:58 PM Fontes: BARRACLOUGH, G. (ed.). Atlas da história do mundo. São Paulo: Folha da Manhã,1995. p. 236. CALDINI, V.; ÍSOLA, L. Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2009. Observe o mapa de 1910 e perceba que os europeus dividiram a África segundo seus próprios interesses: fixaram fronteiras artificiais, separando povos de cultu- ras semelhantes e misturando, em um mesmo território, povos rivais, com línguas e costumes diferentes, o que alimentou e continua alimentando rivalidades e con- flitos entre os africanos até os dias atuais. A partilha da Ásia Cobiçado desde quando os portugueses começaram a trazer especiarias de Calicute, na Índia, em 1498, o imenso e populoso continente asiático também foi alvo do imperialismo europeu. OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO 0º 0º Trópico de Capricórnio Trópico de Câncer M ar Verm elho M a r M e d i t e r r â n e o Equador M er id ia no d e G re en w ic h EUROPA ÁSIA ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA ÁFRICA EQUATORIAL FRANCESA MARROCOS ARGÉLIA LÍBIA EGITO SUDÃO ABISSÍNIA ERITREIA NIGÉRIA CONGO BELGA LIBÉRIA RIO DE ORO Ilhas Canárias (ESP) Ilha da Madeira (POR) SOMÁLIA DJIBUTI ANGOLA SUDOESTE AFRICANO UNIÃO SUL-AFRICANA RODÉSIAS TANGANICA ÁFRICA ORIENTAL ÁFRICAÁFRICAÁFRICAÁFRICAÁFRICAÁFRICA ORIENTALORIENTALORIENTALORIENTALORIENTALORIENTALORIENTALORIENTALORIENTALORIENTAL MO ÇA M BI Q U E C AM AR ÕE S M AD AG A SC A R CABO VERDE Alexandria Cairo Fachoda Mombasa Dar-es-Salaam Beira Cidade do Cabo Luanda Libreville Lagos Bingerville Dacar Agadir Argel da França da Grã-Bretanha da Alemanha de Portugal da Bélgica da Espanha da Itália Países independentes Territórios 0 560 » África em 1910 A LL M A PS 51 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 51D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 51 9/24/20 8:58 PM9/24/20 8:58 PM » Representação contemporânea da Revolta dos Sipaios (1857- -1858) feita por um artista indiano. Marajá: título dos príncipes ou potentados da Índia. Nababo: o equivalente a governador na Índia. Sipaios: soldados nacionalistas hindus que integravam uma milícia destinada a servir e proteger os representantes do poder inglês na Índia. A Revolta dos Sipaios é chamada de Grande Rebelião pelos indianos. Britânicos na Índia Os ingleses chegaram na Índia no século XVII e, aos poucos, foram se impondo por meio da palavra e/ou da força. Ora criavam pequenas guerras contra marajás e nababos, ora aliavam-se a eles. Assim, por volta de 1750, apoderaram-se de quase todo o território hindu, transformando-o em um protetorado inglês. Então, passaram a vender seus tecidos na Índia a preços baixos e aumentaram os impos- tos sobre os tecidos indianos, forçando a alta de seus preços. Com isso, os ingleses levaram os produtores de tecidos indianos à falência. A Índia, antes grande expor- tadora de tecidos, passou a comprá-los da Inglaterra. Exportando para a Inglaterra a matéria-prima (algodão bruto) e importando manufaturados ingleses, a Índia se tornou no século XIX a joia mais preciosa da Coroa britânica. Para os trabalhadores indianos, porém, a situação piorou: trabalha- vam mais tempo e, apesar disso, viviam endividados, pois os impostos retiravam a maior parte daquilo que eles produziam. Eram eles também os maiores prejudicados pela constante escassez de alimentos: na segunda metade do século XIX, a Índia foi atingida por seis crises de fome, que mataram cerca de 15 milhões de hindus. A Revolta dos Sipaios Os abusos das autoridades inglesas na Índia, o empobrecimento dos hindus e o racismo inglês provocaram a explosão da Revolta dos Sipaios, iniciada em maio de 1857. Os sipaios começaram a rebelião atacando seus superiores hierárquicos (oficiais ingleses) e logo obtiveram apoio popular. BR ID G EM A N IM AG ES /F O TO A RE N A 52 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 52D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 52 9/24/20 8:58 PM9/24/20 8:58 PM » Caricatura de um jornal estadunidense mostrando John Bull, personagem que representa a Inglaterra, forçando um chinês a “beber” o ópio. Charge de Honoré Daumier, 1858. 1. O que se pode concluir lendo a tabela? 2. Que reflexão essa leitura nos permite fazer? Dialogando A superioridade bélica dos ingleses, no entanto, acabou prevalecendo; fazendo uso de canhões e metralhadoras, eles sufocaram a revolta. O governo inglês dis- solveu, então, a Companhia Inglesa das Índias Orientais (que detinha o monopólio do comércio com a Índia) e nomeou um vice-rei para governar o país. Em 1876, a rainha Vitória, da Inglaterra, foi proclamada imperatriz da Índia. A Índia enviava milhões de libras para a Inglaterra todos os anos. Com uma parte desses capitais, o governo inglês ampliou sua dominação na Ásia, conquis- tando a Birmânia e parte da China. Além disso, estendeu sua dominação à Nova Zelândia e à Austrália. Em 1900, o Império Britânico era o maior do mundo e incluía territórios que iam do Mar Vermelho ao oceano Pacífico. Para se proteger de seus competidores, a Inglaterra formou, com as áreas sob seu domínio, a British Commonwealth of Nations (Comunidade Britânica de Nações). Britânicos na China Com uma civilização antiga e uma cultura material e espiri tual variada e rica, a China sempre atraiu os europeus, que a visi- taram ao longo dos séculos. Desde o século XVI, os europeus compra- vam da China seda, chá e porcelanas, artigos que os chineses exigiam que eles pagas- sem com ouro ou prata. Como os chineses não se interessavam por artigos europeus, o comércio com a China era sempre favorável a ela. Por volta de 1820, porém, a situação se inverteu. É que os ingleses descobriram um produto – o ópio – que poderia ter grande aceitação entre os chineses, pois era capaz de viciar quem o experimentasse. Fonte de pesquisa: SPENCE, J. D. Em busca da China moderna: quatro séculos de história. Trad. Tomás Rosa Bueno e Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 140. Vendas inglesas de ópio para a China Ano Quantidade de caixas 1800 4 570 1810 4 968 1816 5 106 1823 7 082 1828 13 131 1832 23 570 PI CT U RE S FR O M H IS TO RY /B RI D G EM A N /F O TO A RE N A 53 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 53D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 53 9/24/20 8:58 PM9/24/20 8:58 PM » Imagem representando a partilha da China pelas grandes potências. Note a expressão de sofrimento do dragão chinês. À esquerda, vê-se o urso, que representa o Império Russo. Atrás dele, a águia estadunidense; ao lado dele, o galo francês, e, no canto inferior, um leopardo, com uma adaga em sua boca, representa o Japão. À direita, o leão, símbolo do Império Britânico e, no canto inferior, o lobo, com o punhal nas costas, representa a Itália. Ao centro, a águia do Império Alemão e abutres representando a Áustria. Charge de Henri Meyer, 1900. O ópio prejudicava a saúde dos chineses e arruinava famílias inteiras, que se viciavam no consumo da droga. Em 1839, Lin Zexu, conselheiro do imperador chinês, reclamou, em carta à rainha Vitória, dos prejuízos que o tráfico da droga vinha causando ao povo chinês. A resposta da rainha foi o silêncio. Os chineses decidiram, então, lançar ao mar 1 400 toneladas de ópio que estavam em navios ingleses estacionados no porto chinês de Cantão. Alegando prejuízos à propriedade privada, a Inglaterra iniciou uma guerra contra a China (a Primeira Guerra do Ópio – 1839-1842) e, depois de vencê-la, obrigou-a a assinar o Tratado de Nanquim, que estabelecia: • a abertura de cinco portos da China para que os mercadores ingleses pudes- sem comerciar livremente; • o pagamento aos ingleses de uma indenização de 21 milhões de dólares pela perda do ópio jogado ao mar e pelos prejuízos causados pela guerra; • o controle de Hong Kong pelos ingleses; • o direito de os britânicos serem julgados por suas próprias leis, caso cometessem crime em território chinês. Depois dosingleses, os norte-americanos, os franceses e os russos também obtiveram dos chineses, por meio da intimidação, acordos que abriram os portos da China às grandes potências. O Japão permaneceu isolado do Ocidente até a década de 1540, quando os primeiros navegadores portugueses chegaram a Kyushu, no sul do país, acompanhados de jesuítas que, liderados por Francisco Xavier, propagaram fortemente o cristianismo entre os japoneses. Por volta de 1600, já havia cerca de 300 mil japoneses cristãos. Artigo que trata de alguns momentos cruciais da história da China. MITTER, R. Cinco elementos do passado da China que explicam seu presente. BBC, 29 abr. 2018. Disponível em: https://www.bbc. com/portuguese/internacional- 43874269. Acesso em: 31 ago. 2020. Dica BR ID G EM A N IM AG ES /F O TO A RE N A 54 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 54D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 54 9/24/20 8:58 PM9/24/20 8:58 PM https://www.bbc.com/portuguese/internacional-43874269 » Representação do samurai Sumimoto Hosokawa em pintura de Kano Motonobu, 1507. Museu Eisei Bunko, Tóquio (Japão). Essa ofensiva jesuítica e a consequente penetração da cultura europeia no Japão provocaram uma forte reação do governo local, o xogunato. Nesse sistema, o xogum, chefe de governo e comandante militar, possui o poder de fato; já o imperador, mesmo sendo uma figura sagrada, era um prisioneiro em seu palácio. Os xoguns governavam com o apoio dos daimios, grandes proprietários de terras que contavam com a força dos samurais – guerreiros profissionais que colocavam suas espadas a serviço deles. Entre os séculos XII e XIX, o xogunato foi controlado por quatro famílias poderosas: Minamoto (1192-1225), Fujiwara (1225-1338), Ashikaga (1338-1603) e Tokugawa (1603-1868). A partir de 1622, os Tokugawa moveram dura perseguição ao cristianismo e executaram milhares de cristãos japoneses. Depois, por um decreto de 1634, proibiram os japoneses de receber portugueses ou espanhóis e manter contato com o exterior, ameaçando os infratores com a pena de morte. A chegada de navios estrangeiros devia ser informada a Edo (antigo nome de Tóquio, sede do xogunato). Esse isolamento, chamado de sakoku, durou mais de dois séculos, até que, em 1854, uma esquadra norte- -americana comandada pelo almirante Matthew C. Perry apontou suas canhoneiras para o Japão, forçando-o a abrir seus portos ao comér- cio com os Estados Unidos. Logo depois, o Japão foi obrigado também a fran- quear seus portos a outras potências, como Inglaterra, França, Rússia e Holanda. Isso enfraqueceu o xogunato e fortaleceu seus opositores, que promoveram uma revolta, derrubaram o xogum e entre- garam o poder ao jovem imperador Mutsuhito. PI CT U RE S FR O M H IS TO RY /B RI D G EM A N /F O TO A RE N A 55 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 55D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 55 9/24/20 8:59 PM9/24/20 8:59 PM » O desenho mostra aspectos da Era Meiji, que abriu o Japão ao comércio e às ideias estrangeiras. A modernização do Japão incluiu a construção de uma extensa rede ferroviária. Na imagem, o artista japonês Tsukioka Yoshitoshi representa uma locomotiva a vapor, símbolo do progresso ocidental à época. A estrada de ferro Takanawa na baía de Shinagawa, de Tsukioka Yoshitoshi, 1871. Em 1868, ele anunciou uma política de modernização e industrialização ace- leradas; modernização para os japoneses era absorver a tecnologia ocidental conservando sua cultura tradicional japonesa. O Japão ingressava, assim, em uma era de grande progresso conhecida como Era Meiji (luzes). Os japoneses apropriaram-se do conhecimento técnico ocidental e o aplicaram em múltiplas empresas estatais e particulares e à fabricação de armas e de navios. Sob o lema “Fukoku kyohei” (isto é, “um país rico, um Exército forte”), o Japão iniciou a arrancada modernizadora: a) aboliu as obrigações que pesavam sobre os camponeses; b) revolucionou a educação (edificando milhares de prédios escolares, tornando o Ensino Fundamental obrigatório para todos e melhorando o Ensino Médio e Universitário); c) instituiu o iene como moeda padrão; d) construiu uma extensa malha ferroviária; e) desenvolveu a imprensa e o telégrafo; f) equipou e profissionalizou o Exército e a Marinha. O governo de Mutsuhito investiu também em grandes complexos industriais e, depois, os transferiu para a iniciativa privada; nasciam, assim, grandes conglo- merados econômicos conhecidos como zaibatsu. PI CT U RE S FR O M H IS TO RY /B RI D G EM A N /F O TO A RE N A 56 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 56D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 56 9/24/20 8:59 PM9/24/20 8:59 PM » Pedaço por pedaço, D.R. Fitzpatrick, 1937. Charge estadunidense sobre o expansionismo japonês na Ásia. Note que o cartunista desenhou bandeiras japonesas em território chinês. No último quartel do século XIX, o Japão, que parecia se preparar para se defender das potências ocidentais, passou ao ataque: lançou-se à corrida imperialista por colônias e esferas de influên- cia na Ásia. Em 1894, o Japão provocou e venceu uma guerra contra a China, que, na época, tinha o domínio sobre a Coreia. Pelo tratado de paz assi- nado a seguir, obrigou a China a lhe pagar uma indenização alta, a reconhecer a independência da Coreia e a ceder-lhe a ilha de Formosa, também conhecida como Taiwan. No passo seguinte os japoneses atacaram Port Arthur, fortaleza situada no litoral chinês e controlada pelos russos, dando origem à Guerra Russo-Japonesa (1904). Após esmagar as forças russas, o Japão impôs um acordo pelo qual obtinha Port Arthur e transformava a região chinesa da Manchúria em um protetorado japonês. Cinco anos depois, o Japão anexou a Coreia. Fonte: ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha de S.Paulo/Times Books, 1995. p. 256-257. Diu (T.P.) Damão (T.P.) Karikal (T.F.) Yanaon (T.F.) Cantão Formosa (Taiwan) FILIPINAS INDONÉSIA TERRA DO IMPERADOR GUILHERME NOVAS HÉBRIDAS (T.F. E T.B.) NOVA CALEDÔNIA NOVA GUINÉ BORNÉU JAVA SUMATRA TIMOR (T.P.) INDOCHINA SIÃO CHINA COREIA BIRMÂNIAÍNDIA PÉRSIAKUWAIT ARÁBIA MADAGASCAR AUSTRÁLIA NOVA ZELÂNDIA ÁFRICA ÁSIA RÚSSIA JAPÃO Is. Maldivas NAURU Guam (EUA) Is. Marianas IS. COCOS Is. Andaman Is. Nicobar Arq. de Chagos Is. Carolinas IS. SALOMÃO Is.Ellice FIJI Is. Tonga Is. Norfolk Samoa (EUA) Is. Gilbert ILHAS MARSHALL Hong Kong (T.B.) Macau (T.P.) Goa (T.P.) Pondichéri (T.F.) Mahé (T.F.) 120° L OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO Equador 0º Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio 0 1325 Áreas sob domínio Britânico Francês Holandês Português Alemão Japonês Estadunidense Russa Britânica Francesa Áreas de dominação econômica (T.B.) Território(s) sob domínio britânico (T.F.) Território(s) sob domínio francês (T.P.) Território(s) sob domínio português » Imperialismo: Ásia e Oceania (início do século XX) G RA N G ER , N YC ./A LA M Y/ FO TO A RE N A A LL M A PS 57 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 57D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 57 9/24/20 8:59 PM9/24/20 8:59 PM A resistência africana O assalto ao continente africano em função da expansão imperialista mudou o padrão da presença europeia desde pelo menos o século XV. Com exceção do Norte, [...] a presença europeia na África fi cou restrita ao litoral no período que vai do século XV ao XVIII. Em três séculos eles não foram além de uma pequena faixa litorânea em alguns pontos estratégicos, como as regiões da Serra Leoa, Costa do Ouro, Benin, Gabão, Angola, Cabo da Boa Esperança, Moçambique e Zanzibar. O contato com os nativos foi pautado pelo escambo e pelo comércio de escravos. Na segunda metade do século XIX, os africanos foram surpreendidos com uma grande novidade: os europeus não queriam apenas fazer trocas, mas dominar o território.O litoral já não satisfazia suas ambições; agora queriam não só adentrar o interior, mas ocupar e dominar a região. Os Estados, reinos e sociedades africanas ofereceram resistência a esta mudança, defenderam com as armas e recursos disponíveis a manutenção de sua autonomia. ARNAUT, L.; LOPES, A. M. História da África: uma introdução. Belo Horizonte: Crisálida, 2005. p. 67 Um exemplo de resistência africana, na época, foi a oferecida pelo Império Zulu, unidade política fundada em meados do século XIX. Liderados por um comandante a quem chamavam Chaka, os zulus tra- varam uma guerra demorada contra os bôeres e conseguiram vencê-los diversas vezes nos campos de batalha. No final, porém, acabaram derrotados graças, prin- cipalmente, à superioridade tecnológica e bélica. Impressionados com as estratégias do comandante zulu, os vencedores o ape- lidaram de “Napoleão Negro”. Para refletir e argumentar 1. Explique a mudança de comportamento dos europeus em relação ao território da África a partir do contexto histórico do imperialismo. 2. Na sua opinião, como essa mudança alterava o papel dos africanos na visão dos europeus? 3. Debata com os colegas: qual o significado da resistência africana frente à mudança de postura dos europeus em relação a eles? Não escreva no livro » Fac-símile da capa do livro História da África: uma introdução, de Ana Mónica Lopes e Luiz Arnaut.CR IS Á LI DA Consultar as Orientações para o Professor. 58 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 58D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 58 9/24/20 8:59 PM9/24/20 8:59 PM 1. (Unicamp-SP) Os viajantes, missionários, administradores coloniais e etnógrafos europeus, no pas- sado, tenderam a fundir múltiplas identidades em um único conceito de tribo. O uso da palavra tribo para descrever as sociedades africanas surgiu de um desejo de enaltecer o Estado-nação, ao mesmo tempo em que sugeria a inferioridade inerente de outros. Em resumo, conotava políticas primitivas que eram menos desenvolvidas do que as políticas dos Estados-nação. (Adaptado de PARKER, J.; RATHBONE, R. A ideia de África in: História da África. Lisboa: Quimera, 2016. p. 56-58.) Baseado no texto acima e em seus conhecimentos, assinale a alternativa correta. a) A formação e a difusão do conceito de tribo no pensamento europeu acompanharam os avanços do colonialismo na África no século XIX, legitimando o domínio de seus povos por agentes oriundos de nações que se consideravam civilizadas e superiores. b) O conceito de tribo ganhou força no pensamento ocidental, porque na África não havia formações políticas que cobriam grandes extensões territoriais como na Europa. Ou seja, os europeus não encontraram estruturas políticas acima das unidades tribais. c) As sociedades africanas eram organizadas a partir de pequenas tribos lideradas por chefes guerreiros, o que gerava fragmentação política e guerras, inviabilizando nesse continente a formação de unidades políticas complexas nos moldes europeus. d) Em razão das tradições milenares e do respeito aos ancestrais, as tribos eram uni- dades sociais e políticas estáticas assentadas em uma identidade homogênea. Os europeus comumente desrespeitavam todas essas características na colonização. 2. (UNESP) O mapa representa a divisão da África no final do século XIX. Essa divisão: a) persistiu até a vitória dos movimentos de descolonização da África, ocorridos nas duas primeiras décadas do século XX. b) foi rejeitada pelos países participantes da Conferência de Berlim, em 1885, por con- siderarem que privilegiava os interesses britânicos. c) incluiu áreas conquistadas por europeus tanto durante a expansão marítima dos séculos XV-XVI quanto no expansionismo dos séculos XVIII-XIX. d) foi determinada após negociação entre povos africanos e países europeus, durante o Congresso Pan-Africano de Londres, em 1890. e) restabeleceu a divisão original dos povos africanos, que havia sido desrespeitada durante a colonização europeia dos séculos XV-XVIII. Retomando U N ES P Consultar as Orientações para o Professor.Não escreva no livro 59 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 59D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 59 9/24/20 8:59 PM9/24/20 8:59 PM 3. Observe a charge a seguir. » Charge do artista estadunidense Thomas Nast intitulada Os larápios mundiais. 1885. a) O que você vê na cena? O artista deu à charge o título de: Os larápios mundiais; quem seriam eles? b) Que elementos da imagem nos per- mitem identificar o país de origem dos personagens da charge? c) Que relação a charge tem com o título do capítulo? d) A que processo ela se refere? 4. (UPE) O darwinismo social pode ser definido como a aplicação das leis da teoria da seleção natural de Darwin na vida e na sociedade humanas. Seu grande mentor foi o filósofo inglês Herbert Spencer, criador da expressão “sobrevivência dos mais aptos”, que, mais tarde, também seria utilizada por Darwin. Fonte: BOLSANELLO, M. A. Darwinismo social, eugenia e racismo científico: sua repercussão na sociedade e na educação brasileiras. http://www.scielo.br/pdf/er/n12/n12a14.pdf/Adaptado. Essa teoria foi utilizada no século XIX pelas nações europeias para justificar a a) independência da Oceania. b) colonização dos Estados Unidos. c) dominação imperialista na Ásia e África. d) supremacia racial das nações latino-americanas. e) inferioridade dos Estados Unidos frente ao Japão. 5. (UNESPAR-PR) No século XIX ocorreram intensas transformações sociais decorrentes, entre outros fatores, do rompimento com as tradições culturais, religiosas, econô- micas e políticas, com mudanças nas relações de trabalho e na produção de bens de consumo. Estas mudanças foram objeto de estudo para os pensadores e intelectuais da época, e três deles, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber, se destacam por dedicar seus estudos aos fenômenos sociais, firmando a sociologia como ciência que se dedica às pesquisas no âmbito das relações sociais. Pode-se afirmar que as carac- terísticas das pesquisas destes pensadores são as seguintes: I. Durkheim se caracteriza pela definição dos fatos sociais como forma básica às pes- quisas sociais. II. Karl Marx estudou as relações de produção dos meios para subsistência humana e sua influência na organização social. III. Weber discute a influência do capitalismo na racionalização das relações sociais. a) Somente alternativa II está correta; b) Somente alternativas I e II estão corretas; c) Somente alternativas I e III estão corretas; d) Somente alternativas II e III estão corretas; e) Todas estão corretas. TH E G RA N G ER C O LL EC TI O N /G LO W IM AG ES 60 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 60D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 60 9/24/20 8:59 PM9/24/20 8:59 PM 6. (UNESPAR-PR) “Afirmar que o racismo no Brasil é sutil significa fechar os olhos para a crueldade a que foi historicamente submetida a população negra. Verificam-se, então, dois mecanis- mos que se conjugam, traduzindo algumas facetas do racismo brasileiro. Por um lado, temos a ‘quase invisibilidade’ da questão racial. Embora os inúmeros dados demons- trativos da situação injusta e crítica vivenciada pelos negros no Brasil estivessem em desníveis há décadas, somente nos últimos anos eles foram trazidos a público, no bojo dos debates sobre a implementação de políticas afirmativas, em decorrência das ini- ciativas do movimento negro. Por outro lado, coloca-se a crença no mito da democracia racial e na ideia de que o Brasil teria superado a escravidão e o racismo por meio do processo de miscigenação que, por sua vez, nos teria livrado de problemas existentes apenas em outras paragens, tais como Estados Unidos ou a África do Sul”. Fonte: PACHECO, J. Q.; SILVA, M. N. Introdução in PACHECO, J. Q.; SILVA, M. N (orgs). O negro na universidade: o direito à inclusão. Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2007.p. 1-6 Tomando por base o texto de Pacheco e Silva, é correto afirmar que: a) O racismo no Brasil é sutil e imperceptível; b) A miscigenação eliminou o racismo nas relações sociais; c) Estados Unidos e África do Sul são exemplos de tolerância racial e eliminação de preconceitos; d) Os dados estatísticos desmentem a ideia de que no Brasil não existe racismo; e) Políticas de Ações Afirmativas são desnecessárias no contexto brasileiro. 7. Sobre a Revolta Bambata, veja o que uma historiadora diz sobre o assunto. Bambata constitui-se um conflito armado que durou de 1906 a 1908 contra o colo- nialismo e a ocidentalização imposta pelos administradores coloniais e reforçada pelos missionários britânicos [...] que, convencidos da justeza da imposição do “poderio, da riqueza e da técnica” da civilização branca [...], combateram violentamente a “barbárie e o fetichismo” dos povos da África meridional e dos zulus em particular. Mas, ainda que tenham sido submetidos à força à colonização britânica, os zulus, extremamente apegados às suas tradições, não sucumbiram à ocidentalização, mantendo muito de suas crenças e tradições até os dias de hoje. HERNANDEZ, L. L. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005. p. 125. a) Identifique no texto os motivos que levaram à Revolta Bambata. b) Por que a autora do texto colocou os termos “bar- bárie” e “fetichismo” entre aspas? c) Embora tenham perdido a luta armada, muitos povos africanos, como é o caso dos zulus, preser- varam elementos de suas culturas tradicionais, resistindo assim à europeização de seus hábitos, costumes e religiões. Na história do Brasil, pode-se dizer que aconteceu o mesmo? HULTON ARCHIVE/GETTY IMAGES » Representação de guerreiros zulus se preparando para um ataque durante a Guerra Anglo-Zulu (1879). Ilustração publicada no jornal britânico The Graphic, em 1879. 61 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 61D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 61 9/24/20 8:59 PM9/24/20 8:59 PM 8. O texto a seguir é trecho de um discurso feito em 28 de julho de 1885 pelo então pri- meiro-ministro francês Jules Ferry no Parlamento francês. As raças superiores têm um direito perante as raças inferiores. Há para elas um direito porque há um dever para elas. As raças superiores têm o dever de civilizar as inferiores [...]. Vós podeis negar [...] que há mais justiça, mais ordem material e moral, mais equi- dade, mais virtude sociais na África do Norte desde que a França a conquistou? MESGRAVIS, L. A colonização da África e da Ásia: a expansão do imperialismo europeu no século XIX. São Paulo: Atual, 1994. p. 14. (História geral em documentos). a) Quem são as “raças superiores” e as “inferiores” no discurso do primeiro-ministro francês? b) O que seria o “dever de civilizar” no contexto do século XIX? c) Qual a visão do primeiro-ministro francês a respeito dos africanos? d) Que relação se pode estabelecer entre o discurso de Jules Ferry e o darwinismo social? 9. O texto a seguir é de Marina Mello e Souza, professora de História da África da Universidade de São Paulo (USP). Leia-o com atenção. [...] Pela guerra, por meio de acordos diplomáticos, controlando os chefes locais ou substituindo-os por funcionários do seu governo, os países colonizadores dominaram quase todo o continente africano de cerca de 1890 a 1960. [...] Mesmo sendo consequência de um pro- cesso que não aconteceu de uma hora para outra, do ponto de vista africano a partilha do continente foi um brusco reagrupamento no qual cerca de 10 mil unidades sociais foram reduzidas a quarenta. [...] Essas unidades sociais originais foram chamadas de “tribos” pelos colonizadores, que ignoraram os laços comerciais, políticos e culturais que as haviam unido até então. Muitas vezes reorganizados a partir das novas fronteiras coloniais que foram traçadas sem a participação dos que moravam nas terras divididas, os grupos sociais tiveram de construir novas identidades a partir da língua a da religião do colonizador. [...] No período anterior – do tráfico de gente – as pessoas eram retiradas da África para trabalhar na América [...]. Agora as pessoas eram postas a trabalhar dentro da própria África [...]. Era enorme a espoliação que o continente africano sofria ao ter parte de sua força de trabalho drenada para a América, em troca da intensificação das guerras e do aumento do poder de alguns chefes. E continuou sendo enorme, senão maior, a espoliação imposta ao continente africano pela exploração de sua força de trabalho em benefício de empresários estrangeiros e uns poucos nativos e pela extração de suas riquezas naturais. Ouro, diamantes, petróleo e muitos minérios são ainda hoje retirados em grande quantidade do solo de regiões da África, por companhias francesas, inglesas e norte-americanas principalmente. » Fotografia de acordo entre um europeu e uma autoridade africana, c. 1914. BI BL IO TE CA D O C O N G RE SS O , W A SH IN G TO N 62 D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 62D3-CHS-EM-3074-V2-U1-C2-036-063-LA-G21-AVU-2.indd 62 9/24/20 8:59 PM9/24/20 8:59 PM
Compartilhar