Prévia do material em texto
XXX Congresso de Iniciação Científica da UNICAMP – 2022 1 Avaliação da Qualidade de Vida de pessoas com lesão medular usuárias do Ambulatório de Reabilitação Raquimedular do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas Palavras-Chave: Lesão medular, Qualidade de vida, Reabilitação Autores/as: Sofia Gallina Ferreira [Unicamp] Tamy Haase [PUC – Campinas] Prof. Titular Alberto Cliquet Junior (orientador) [Unicamp] INTRODUÇÃO Lesões da medula espinhal (LME) são caracterizadas por comprometimento neurológico parcial ou completo de funções motora, sensitiva, visceral e sexual do indivíduo acometido e a manifestação clínica de cada caso depende do grau de acometimento e nível da lesão.1 A incidência na maioria dos países varia de 30 a 70 novos casos em 1 milhão de habitantes/ano 2 enquanto que, no cenário brasileiro, a estimativa é de 40 casos novos por milhão de habitantes/ano, ou seja, estima-se a ocorrência, no país, de mais de 10 mil novos casos de lesão medular ao ano.1 Possuem etiologia traumática - acidentes automobilísticos, ferimentos por arma de fogo, mergulho em águas rasas ou quedas de lugares altos - ou não traumática, devido a tumores, infecções, alterações vasculares, malformações e processos degenerativos ou compressivos na coluna vertebral.3 Dentre as apresentadas, a principal causa é traumática e a maioria da população atingida é abaixo de 40 anos, sendo que 80% das vítimas são homens. 1,2,4 Entretanto, é observado um aumento de casos na população idosa por trauma de baixo impacto devido à fragilidade óssea desse grupo.5 Percebe-se que a LME acomete uma população predominantemente hígida, ativa e de forma inesperada, levando-a a um quadro grave de perda funcional e de importante impacto em sua atividade cotidiana.4 Nesse cenário, o estudo da Qualidade de Vida (QV) torna-se uma ferramenta relevante na elaboração de uma proposta terapêutica efetiva, principalmente de agravos crônicos, como a LME, pois consegue avaliar múltiplos aspectos - físicos, ocupacionais, psicológicos e sociais - que interferem na vida de um indivíduo.6 O World Health Organization Quality of Life - Bref (WHOQOL-bref) é um questionário elaborado pela OMS que busca contemplar esta multidimensionalidade da vida de uma pessoa.7 O presente trabalho teve como objetivo avaliar a QV de trinta pacientes que apresentam LME e frequentam o Ambulatório de Biomecânica e Reabilitação do Aparelho Locomotor do HC - Unicamp através da aplicação do questionário WHOQOL-bref. Espera-se que seja possível contribuir para a reabilitação e elaboração de planos de cuidado mais aprimorados. XXX Congresso de Iniciação Científica da UNICAMP – 2022 2 METODOLOGIA Foi realizado um estudo transversal com os pacientes cadastrados no Ambulatório de Biomecânica e Reabilitação do Aparelho Locomotor. Foi aplicado o questionário WHOQOL-bref durante as sessões de fisioterapia. Antes da participação o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido era entregue. Se o mesmo não concordasse, não era mais incluído na pesquisa. Também se fez uma tabulação de dados gerais dos pacientes uma vez que essas informações puderam corroborar com a compreensão dos resultados encontrados. Foram analisados descritivamente a fim de serem correlacionados com as respostas obtidas. Estas foram armazenadas no banco de dados computadorizado - Statistical Package for Social Sciences 18. Posteriormente, os dados foram analisados descritivamente com apresentação em tabelas de frequências para variáveis categóricas e medidas de posição e dispersão para variáveis contínuas. Para a relação entre variáveis numéricas foi utilizado o coeficiente de correlação linear de Spearman e, para a comparação de medidas contínuas entre 2 grupos foi aplicado o teste de Mann-Whitney. O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%. O projeto encontra-se aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), CAAE 46482021.6.0000.5404. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados epidemiológicos da amostra avaliada assemelham-se aos encontrados na literatura brasileira e norte-americana em relação à etiologia e ao sexo.1,8 Dos 30 pacientes, 80% são do sexo masculino e 46.7% são portadores de LME por acidentes automobilísticos. Em relação aos dados gerais da amostra estudada, há um predomínio de pessoas que se autodeclaram brancas de 76.7%. Metade é procedente de Campinas e 37.9% natural dessa mesma cidade. O estado civil predominante é o solteiro, perfazendo 46.7% dos participantes e a escolaridade de 30% é de Superior completo e 23.3% de Ensino Médio completo. A escolaridade dos acometidos, nesta amostra, se mostrou superior ao de outros estudos brasileiros.9,10 Quanto aos hábitos de vida dessa população, 36.7% são tabagistas e 46,7% ingerem álcool e 20% fazem uso de substâncias psicoativas (SPA), evidenciando um consumo maior dessas substâncias nesta amostra do que na população geral brasileira.11,12 Condizente com o esperado de que muitos portadores de LME fazem tal uso com a tentativa de aliviar dor crônica, aumentar libido e lidar com as novas limitações.13, 14,15 Entretanto, sabe-se que o tabagismo tem importante influência na fisiopatologia das complicações mais frequentes de pessoas com LME - infecção urinária, úlceras por pressão, pneumonias15 e o uso de psicodepressores está associado à diminuição da capacidade de adquirir novas habilidades, o que poderia prejudicar a reabilitação.15 Além disso, indivíduos que não faziam uso dessas substâncias, nesta amostra, apresentaram melhores notas no domínio psicológico em comparação aos demais. Para facilitar a visualização dos resultados obtidos na análise das 30 respostas do questionário WHOQoL-bref, o Gráfico 1 abaixo foi organizado para evidenciar os domínios que mais se correlacionaram com as questões sobre autoavaliação geral de qualidade de vida e saúde - questões 1 e 2, respectivamente. XXX Congresso de Iniciação Científica da UNICAMP – 2022 3 Gráfico 1. Correlação da autoavaliação de Qualidade de Vida e Saúde com os Domínios do questionário WHOQoL-Bref. Considerando * P < 0.005; ** P < 0.01; ***P < 0.001. Na autoavaliação da QV, 63.3% dos respondentes classificaram-na como “boa” e, na percepção sobre a sua saúde, 50% dos pacientes consideram-se “satisfeitos” e “muito satisfeitos” e 43.3% “nem satisfeitos, nem insatisfeitos” com a mesma; resultados semelhantes ao encontrado no estudo de Aracajú.10 Os domínios obtiveram a seguinte pontuação: 63.2 físico, 71.5 psicológico, 67.5 relações sociais e 68.0 meio ambiente. Sendo o psicológico o de maior correlação com a QV e com a saúde (p < 0.001 e p < 0.05, respectivamente), como visto no gráfico 1, despontando-o como relevante no estudo. Observando esse domínio com maior detalhamento, nota-se que as questões se referem a quanto a pessoa aproveita a vida, vê sentido a esta e consegue se concentrar; se aceita sua aparência física, quanto está satisfeito consigo mesmo e com que frequência experimenta sentimentos negativos (como mau humor, desespero, ansiedade, depressão). As questões sobre religiosidade e satisfação consigo mesmo são as que apresentaram maior correlação com o psicológico; a primeira apresentou um total de 83.3% de participantes considerando que existe “bastante” ou “extremamente” sentindo em sua vida e, a segunda obteve 76.7% dos pacientes “satisfeitos” e “muito satisfeitos” consigo mesmos. Dado interessante, no qual pode se relacionar com o fato de que existe uma alta religiosidade presente no Brasil.16 A satisfação pessoal também pode estar relacionada com a questão sobre aceitação de aparência física, em que 70% da amostra respondeu entre aceitar “muito” e “completamente” sua aparência. Já a questão sobre sentimentos negativos trouxe um dado que pode ser condizente com a literatura de que essa população possui maior taxa de depressão,17 pois 53.3% relataramexperimentar “algumas vezes” e “frequentemente” mau humor, desespero, ansiedade e depressão, e 10% afirmaram apresentar “sempre” tais sentimentos. No entanto, essa questão é bastante ampla e não possibilita inferir sobre qual sentimento o indivíduo estava se referindo ao respondê-la, pode ser a depressão, como também o mau humor. O fato de os pacientes terem respondido que possuem muito sentido para a vida e ao mesmo tempo essa alta prevalência em sentimentos negativos pode sugerir que não há direta relação desses sintomas com a perda de sentido de vida para essa população estudada, podendo haver outras esferas interferindo XXX Congresso de Iniciação Científica da UNICAMP – 2022 4 nesses dados. É relevante o uso de instrumentos mais específicos para avaliação desses sentimentos nessa população, visto que a taxa de suicídio é mais alta nesse grupo do que na população geral.17 Outro ponto que a avaliação oferecida no questionário é insuficiente refere-se à concentração. Nesta amostra, 70% dos pacientes consideram que conseguem se concentrar “bastante” e “extremamente”. Porém, sabe-se que existe um possível comprometimento cognitivo das pessoas que sofreram LME18 e, portanto, a avaliação pormenorizada do cognitivo seria significante para rastreamento de possíveis problemas nessa esfera. No oposto, o domínio físico foi o de menor nota e o segundo que mais se correlacionou com a autoavaliação da QV (Gráfico 1). Neste domínio, as questões que mais se correlacionaram com ele foram as de capacidade para desempenhar as atividades do cotidiano e para o trabalho, sendo que 66.7% e 53.6% responderam estar “satisfeitos” e “muito satisfeitos”, respectivamente, com esses itens. Dado interessante é sobre a capacidade para se locomover, em que 70% dos indivíduos responderam como “boa” ou “muito boa”, informação divergente do estudo de Brasília,9 em que a maioria respondeu ter mobilidade reduzida, porém em tal estudo a população avaliada possuía menos de 1 ano de lesão e, nesta amostra, todos possuem mais de 1 ano de lesão. Fato esse que indica uma provável mudança na percepção da LME pelo indivíduo com o passar do tempo. No domínio de relações sociais, a questão sobre satisfação com a vida sexual trouxe um dado inesperado de que 53.3% assinalaram entre “satisfeitos” e “muito satisfeitos”. Dado divergente da literatura de que a atividade sexual nesses indivíduos pode ser bastante comprometida,19 o que afetaria a qualidade de vida. Todavia, são necessárias pesquisas mais específicas a respeito, buscando entender o motivo da atividade sexual ser melhor avaliada nesta amostra. Neste domínio também há a questão sobre a satisfação com as relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas) no qual, nesta amostra, 76.7% disseram estar entre “satisfeitos” e “muito satisfeitos”, dado que merece atenção visto que, possivelmente, locais de convívio social, como o próprio Ambulatório de Reabilitação, podem ser positivos para o cuidado oferecido a esses indivíduos. CONCLUSÕES Em suma, a amostra mostra-se com uma QV boa e saúde satisfatória. Porém, quando destrinchado, o questionário WHOQoL-Bref evidencia a necessidade de ampliar a investigação sobre determinados assuntos na vida dessa população com LME, principalmente no que refere à saúde mental, cognição e atividade sexual. O questionário se mostrou uma ferramenta útil para identificar áreas de maior impacto na qualidade de vida dessa população, porém para a realização de planos de cuidado e reabilitação mais efetivos existem aspectos que precisam ser melhor abordados. BIBLIOGRAFIA 1. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular. Brasília; 2. ed; 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_pessoa_lesao_medular.pdf. 2. Masini M. Estimativa da incidência e prevalência de lesão medular no Brasil. Jornal Brasileiro de Neurocirurgia. [S.l]; [s.n]; 2001; 12(2): 97-100. Disponível em: https://jbnc.emnuvens.com.br/jbnc/article/view/385/327. 3. Oliveira MM, Nazare BSA, Oliveira PCL, Silva PD. Avaliação em pacientes com traumatismo raquimedular: um estudo descritivo e transversal. ConScientiae Saúde.[S.l];[s.n];2011;10(1):69-76. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/929/92917188010.pdf. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_pessoa_lesao_medular.pdf https://jbnc.emnuvens.com.br/jbnc/article/view/385/327 https://www.redalyc.org/pdf/929/92917188010.pdf XXX Congresso de Iniciação Científica da UNICAMP – 2022 5 4. Rabeh SAN, Caliri MHL. Capacidade funcional em indivíduos com lesão de medula espinhal. Acta paul. enferm. São Paulo; [s.n]; jun 2010; 23(3):321-327. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002010000300002&lng=en&nrm=iso. 5. Eckert MJ, Martin MJ. Trauma: Spinal Cord Injury. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28958356/. Acesso em: 27 de março de 2021. 6. Franca ISX et al. Qualidade de vida de adultos com lesão medular: um estudo com WHOQOL-bref. Rev. esc. enferm. USP. São Paulo; [s.n]; dez 2011; 45(6):1364-1371. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000600013&lng=en&nrm=iso. 7. World Health Organization (WHO). WHOQOL Measuring Quality of Life. Division of Mental Health and Prevention of Substance Abuse. Geneva;[s.n];1997. 9 8. Ginop M. Spinal Cord Injury Information Pages [Internet]. Estados Unidos da América; 2022. Disponível em: https://www.sci-info-pages.com/spinal-cord-injury-facts-and-statistics/ 9. Bampi NSL, Guilhem D, Lima DD. Qualidade de vida em pessoas com lesão medular traumática: um estudo com o WHOQOL-bref. Rev Bras Epidemiol. [S.l]; [s.n]; 2008; 11(1):67-77. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbepid/v11n1/06.pdf. Acesso em: 27 de março de 2021. 10. Ettinger LFC, Soares MS, Vaez AC, Araújo DC, Pinheiro FGMS, Sousa DS. Qualidade de Vida das Vítimas de Trauma Raquimedular atendidas em Centros de reabilitação de Aracajú. Interfaces Científicas - Saúde E Ambiente [Internet]; 2017; 5(2): 53–62. Disponível em: https://doi.org/10.17564/2316-3798.2017v5n2p53- 62. 11. Saunders LL, Krause Js, Carpenter MJ, Saladin M. Risk behaviors related to cigarette smoking among persons with spinal cord injury. Nicotie & Tobacco research [S.l]; [s.n]; 2013; 16(2): 224-230. doi:10.1093/ntr/ntt153. 12. Stroud MW, Bombardier CH, Dyer JR, Rimmele CT, Esselman PC. Preinjury alcohol and drug use among persons with spinal cord injury: Implications for rehabilitation. J Spinal Cord Med. 2011;34(5):461-72. doi: 10.1179/2045772311Y.0000000033. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3184483/ 13. Tétrault M, Courtois F. Use of psychoactive substances in persons with spinal cord injury: A literature review. Annals of Physical and Rehabilitation Medicine [S.l]; Elsevier; 2014; 57(9-10):684-695. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1877065714018004?via%3Dihub. 14. Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. IBGE [internet]; Brasil, 2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude/9160-pesquisa-nacional-de- saude.html?edicao=29270&t=resultad 15. Bastros, FIPM et al. (Org.). III Levantamento Nacional sobre o uso de drogas pela população brasileira. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ICICT, 2017. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34614 16. Global Index of Religiosity and Atheism [Internet]. Suíça; 2012. Disponível em: https://www.redcresearch.ie/wp-content/uploads/2015/10/RED-C-press-release-Religion-and-Atheism-25-7- 12.pdf 17. Araújo AXP, Gomes WS, Ribeiro PMT. Qualidade de vida do paciente de lesão medular: uma revisão da literatura. Revista eletrônica Acervo Saúde. [Internet];[s.n]; 2018;11(1):178.Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/178/9718. Li Y, Cao T, Ritzel RM, He J, Faden AL, Wu J. Dementia, Depression, and Associated Brain Inflammatory Mechanisms after Spinal Cord Injury. Cells [Internet]; [s.n]; 2020; 9(6):1420. Disponível em: https://www.mdpi.com/2073-4409/9/6/1420/htm 19. Baasch AKM. Sexualidade na Lesão Medular [Dissertação]. Florianópolis: Universidade do Estado de Santa Catarina; 2008. Disponível em: https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/vinculos/00006c/00006c56.pdf https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28958356/ http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000600013&lng=en&nrm=iso https://www.sci-info-pages.com/spinal-cord-injury-facts-and-statistics/ https://www.scielo.br/pdf/rbepid/v11n1/06.pdf https://doi.org/10.17564/2316-3798.2017v5n2p53-62 https://doi.org/10.17564/2316-3798.2017v5n2p53-62 https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1877065714018004?via%3Dihub https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude/9160-pesquisa-nacional-de-saude.html?edicao=29270&t=resultados https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude/9160-pesquisa-nacional-de-saude.html?edicao=29270&t=resultados https://www.redcresearch.ie/wp-content/uploads/2015/10/RED-C-press-release-Religion-and-Atheism-25-7-12.pdf https://www.redcresearch.ie/wp-content/uploads/2015/10/RED-C-press-release-Religion-and-Atheism-25-7-12.pdf https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/178/97 https://www.mdpi.com/2073-4409/9/6/1420/htm https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/vinculos/00006c/00006c56.pdf