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Desenvolvimento de Formulações Cosméticas Antienvelhecimento

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XXX Congresso de Iniciação Científica da UNICAMP – 2022 1 
DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÕES COSMÉTICAS 
ANTIENVELHECIMENTO 
Palavras-Chave: cosmético, antienvelhecimento, formulação 
Autoras: 
Jéssica Cristina Alves [Faculdade de Ciências Farmacêuticas - UNICAMP] 
Mariane Massufero Vergilio [Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP] 
Prof.ª Dr.ª Gislaine Ricci Leonardi (orientadora) [Faculdade de Ciências Farmacêuticas 
- UNICAMP] 
INTRODUÇÃO: 
Existe uma forte demanda no mercado por cosméticos que previnem os sinais de 
envelhecimento cutâneo. Com o avanço da idade, a pele torna-se sujeita a múltiplas mudanças, 
apresentando uma gama de características peculiares. As alterações cutâneas mais comuns, 
resultantes do efeito cumulativo da exposição UV, incluem aumento acentuado da aspereza da pele, 
discromias, perda de elasticidade, enrugamento e falta de firmeza (FIBRICH; LALL, 2018; HARMAN, 
2003). 
Nesse contexto, as substâncias ativas objeto de estudo deste projeto possuem potencial para 
agir na melhoria das condições gerais da pele. A niacinamida, ou nicotinamida (nomenclatura INCI: 
Niacinamide) é a forma amida biologicamente ativa da vitamina B3, utilizada em diversas 
formulações cosméticas e de cuidados pessoais. Sua aplicação tópica demonstrou benefícios à pele, 
ao aumentar a função de barreira do estrato córneo (MOHAMMED et al., 2013). O ingrediente ativo 
Cellynkage ™ (nomenclatura INCI: Propanediol, Water, Sccharide Isomerate) é um 
exopolissacarídeo, obtido por processo biotecnológico, proveniente do microrganismo marítimo 
Halomonas eurihalina, tem como ação promover a expressão dos genes relacionados às conexinas 
(LIPOTEC, 2017; CALADO et al., 2018). 
O objetivo desse projeto foi desenvolver e avaliar a estabilidade preliminar de formulações 
cosméticas para pele com sinais de envelhecimento, contendo a associação de niacinamida e 
exopolisacarídeos provenientes do microrganismo marítimo Halomonas eurihalina. 
METODOLOGIA: 
Desenvolvimento das formulações: Formulações semissólidas contendo os ingredientes 
ativos objetos de estudo foram desenvolvidas, levando em consideração: o pH de estabilidade, a 
concentração de uso, as características sensoriais, a interação entre as matérias-primas empregadas 
nas formulações cosméticas, bem como a compatibilidade das substâncias ativas em estudo. 
 
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Testes preliminares de estabilidade: 
Teste de centrifugação consistiu em submeter as formulações, após 24 horas da preparação, 
à centrifugação com velocidade de 3000 rpm por 30 minutos em centrífuga Centrilab 80-2b (Global Trade 
Technology, São Paulo, Brasil). Esse teste permitiu verificar, em um curto espaço de tempo, os possíveis 
processos de instabilidade decorrentes do aumento da força de gravidade como cremeação e separação 
de fases (BRASIL, 2004). 
Teste de estabilidade acelerada tem como objetivo prever a estabilidade de um produto, seu 
tempo de vida útil e a compatibilidade com o material de acondicionamento. Para tal, as amostras em 
triplicata foram armazenadas em frascos de vidro em temperatura ambiente, com a presença e ausência 
de luz, em estufa (45 ± 2 °C) e em geladeira (5 ± 2ºC) e foram avaliadas a partir de suas características 
organolépticas, e pH nos tempos zero (T0), 1 (T1), 2 (T2), 3 (T3), 4 (T4), 8 (T8), 16 (T16) semanas após 
a manipulação (BRASIL, 2004). Os parâmetros avaliados foram características organolépticas, como 
aspecto, cor e odor, e pH. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO: 
Formulação base: 
Após a revisão bibliográfica foram definidos os constituintes e a composição do gel hidrofílico 
(Tabela 1). No teste de centrifugação o resultado obtido (Tabela 2) indica que não houve instabilidade 
significativa da formulação base, visto que não ocorreram precipitação, separação de fase e 
coalescência, segundo o Guia de Estabilidade de Produtos Cosméticos da ANVISA (BRASIL, 2004). 
No teste de estabilidade acelerada (Tabela 3), a formulação base manteve os parâmetros de 
aspecto e cor inalterados, entretanto, o odor sofreu leve modificações. A formulação apresentou leve 
variação de pH entre 6,0 e 7,0 nas condições determinadas (Tabela 4). 
Formulação com substâncias ativas: 
A formulação consistiu na adição niacinamida e Cellynkage ™, nas concentrações indicadas na 
Tabela 1, em relação a formulação base. A adição dos ativos não influenciou no teste de centrifugação, 
visto que não houve indicações de instabilidade nas formulações estudadas, em triplicata (Tabela 2) 
(BRASIL, 2004). 
O teste de estabilidade acelerada orienta no desenvolvimento das formulações e auxilia na 
determinação das características organolépticas, sendo importante para fornecer estabilidade física e 
influenciar no prazo de validade final do produto (ISAAC, 2008). 
Avaliando as condições em que foram submetidas as formulações, observou-se que as mesmas 
mantiveram os parâmetros iniciais durante 7 dias nas condições de ambiente com luz, ambiente sem 
luz, geladeira e estufa. Quando atingiu 15 e 30 dias, as formulações mantiveram as características 
organolépticas intactas na condição de geladeira. Entre os dias 7 e 120 em condições de ambiente 
 
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com luz, ambiente sem luz e estufa, e entre os dias 60 e 120 em condições de geladeira não houve 
alteração na cor, entretanto, as formulações apresentaram odor levemente modificado (Tabela 3). 
A niacinamida é um composto hidrofílico e devido sua forma amida apresenta pH neutro 
(MOHAMMED et al., 2013), ademais, o cellynkage deve ser utilizado em formulações com pH entre 5,0 
e 8,5 (LIPOTEC, 2017). O pH inferior a 3,0 e superior a 8,0 pode levar a desnaturação da queratina 
presente na pele, causando ressecamento, portanto, o pH ideal da formulação é de 6,50 (BEZERRA; 
REBELLO, 2011). 
As formulações sofreram ajuste de pH na preparação e foram avaliados durante 120 dias, no 
qual apresentaram variações de pH entre 6,0 e 6,7 (Tabela 4). Portanto, o pH permaneceu dentro da 
faixa de variação aceitável para aplicações cosméticas. 
Tabela 1: Composição quali e quantitativa da base e do gel hidrofílico com ativos. 
Componente 
(INCI, Internacional Nomeclature 
of Cosmetic Ingredients) 
Base (B) 
Concentração em % (w/w) 
Formulação com ativo (F) 
Concentração em % (w/w) 
Carbomer (Carbopol® Ultrez 30) 0,5 0,5 
 Glycerin 4,0 4,0 
Niacinamide - 5,0 
Propanediol, Saccharide 
Isomerate 
- 2,0 
Phenoxyethanol e 
Ethylhexylglicerin 
0,5 0,5 
Disodium EDTA 0,1 0,1 
Sodium Hidroxide qs (pH 6,5) qs (pH 6,5) 
Aqua qsp qsp 
 
Tabela 2: Avaliação preliminar da estabilidade da formulação base e com ativos. 
Condição Tempo 3000 rpm / 30 min 
B1 B2 B3 F1 F2 F3 
Centrífuga T1 N N N N N N 
Legenda: N – aspecto normal, B1 – triplicata 1, B2 – triplicata 2, B3 – triplicata 3, F1 – triplicata 1, F2 – triplicata 2, F3 – triplicata 3. 
 
Tabela 3: Avaliação de estabilidade normal da base e da formulação com ativos. 
 Condições de armazenamento da 
Base 
Condições de armazenamento da 
Formulação com ativo 
T arm 
(semanas) 
/ variáveis 
T0 T1 T2 T3 T4 T8 T16 T0 T1 T2 T3 T4 T8 T16 
25 ºC ± 2,0 ºC (presença de luz) 
Aspecto N N LM LM LM LM LM N N LM LM LM LM LM 
Cor LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM 
Odor LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM 
25 ºC ± 2,0 ºC (abrigo de luz) 
Aspecto N N LM LM LM LM LM N N LM LM LM LM LM 
Cor LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM 
 
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Odor LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM 
5,0 ± 2,0 ºC 
Aspecto N N LM LM LM LM LM N N LM LM LM LM LM 
Cor LM LM N N LM LM LM LM LM N N LM LM LM 
Odor LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM 
45,0 ± 2,0 ºC 
Aspecto N LM LM LM LM LM LM N LM LM LM LM LM LM 
Cor LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM 
Odor LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM LM 
Legenda: N – normal, LM – levemente modificado.Tabela 4. Avaliação de pH da base e da formulação com ativos. 
Valor de 
pH 
B1 B2 B3 
Média das 
triplicatas 
Desvio 
padrão das 
triplicatas 
F1 F2 F3 
Média das 
triplicatas 
Desvio 
padrão das 
triplicatas 
25 ºC ± 2,0 ºC (presença de luz) 
pH 
T1 6,1 6,3 6,5 6,3 0,2 6,5 6,4 6,3 6,4 0,1 
T7 6 6,2 6,3 6,2 0,2 6,3 6,2 6,3 6,3 0,1 
T15 6,3 6,5 6,5 6,4 0,1 6,4 6,3 6,4 6,4 0,1 
T30 6,5 6,4 6,6 6,5 0,1 6,4 6,4 6,4 6,4 0,0 
T60 6,7 6,5 7 6,7 0,3 6,5 6,5 6,4 6,5 0,1 
T90 6,7 6,9 6,9 6,8 0,1 6,4 6,3 6,4 6,4 0,1 
T120 6 6,6 6,6 6,4 0,3 6 6,2 6,1 6,1 0,1 
25 ºC ± 2,0 ºC (abrigo de luz) 
pH 
T1 6,1 6,3 6,5 6,3 0,2 6,5 6,4 6,3 6,4 0,1 
T7 6,3 6,3 6,2 6,3 0,1 6,4 6,3 6,3 6,3 0,1 
T15 6,4 6,4 6,3 6,4 0,1 6,5 6,4 6,4 6,4 0,1 
T30 6,5 6,5 6,4 6,5 0,1 6,5 6,4 6,4 6,4 0,1 
T60 6,7 6,9 6,7 6,8 0,1 6,4 6,7 6,6 6,6 0,2 
T90 6,6 6,7 6,9 6,7 0,2 6,3 6,5 6,5 6,4 0,1 
T120 6,3 6,4 6,4 6,4 0,1 6,4 6,2 6,4 6,3 0,1 
5,0 ± 2,0 ºC 
pH 
T1 6,1 6,3 6,5 6,3 0,2 6,5 6,4 6,3 6,4 0,1 
T7 6,1 6,2 6,2 6,2 0,1 6,2 6,3 6,2 6,2 0,1 
T15 6,3 6,4 6,5 6,4 0,1 6,4 6,4 6,3 6,4 0,1 
T30 6,4 6,4 6,5 6,4 0,1 6,4 6,5 6,5 6,5 0,1 
T60 6,7 6,5 6,6 6,6 0,1 6,2 6,2 6,2 6,2 0,0 
T90 6,4 6,5 6,6 6,5 0,1 6,2 6,4 6,4 6,3 0,1 
T120 6 6,9 6,5 6,5 0,5 6,4 6,4 6,3 6,4 0,1 
45,0 ± 2,0 ºC 
pH 
T1 6,1 6,3 6,5 6,3 0,2 6,5 6,4 6,3 6,4 0,1 
T7 6,2 6,3 6,3 6,3 0,1 6,3 6,2 6,3 6,3 0,1 
 
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T15 6,3 6,4 6,4 6,4 0,1 6,4 6,3 6,4 6,4 0,1 
T30 6,4 6,4 6,6 6,5 0,1 6,3 6,3 6,4 6,3 0,1 
T60 6,2 6,5 6,2 6,3 0,2 6,3 6,2 6,2 6,2 0,1 
T90 6,6 6,9 6,8 6,8 0,2 6,6 6,6 6,5 6,6 0,1 
T120 6,2 6,5 6,2 6,3 0,2 6,4 6,3 6,3 6,3 0,1 
Legenda: B1 – triplicata 1, B2 – triplicata 2, B3 – triplicata 3, F1 – triplicata 1, F2 – triplicata 2, F3 – triplicata 3. 
CONCLUSÕES: 
A partir dos testes realizados, foi observado que a formulação base e com ativos não sofreram 
alterações significativas nas características organolépticas, apresentou boa estabilidade no teste de 
centrifugação e ocorreu leves variações de pH. Conclui-se que as formulações base e com ativos 
apresentaram estabilidade preliminar. 
 
BIBLIOGRAFIA 
BEZERRA, S. V.; REBELLO, T. Guia de produtos cosméticos. 3. ed. São Paulo: Editora Senac, São 
Paulo, 2001. 
BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Guia de estabilidade de produtos 
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CALADO, R.; LEAL, M. C.; GASPAR, H.; SANTOS, S.; MARQUES, A.; NUNES, M. L.; VIEIRA, H. 
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FIBRICH, B. D.; LALL, N. Fighting the Inevitable: Skin Aging and Plants. In: Medicinal Plants for 
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ISAAC, V. L. B.; CAFALI, L. C.; CHIARI, B. G.; OLIVEIRA, C. C. L.; CORRÊA, M. A. Protocolo para 
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