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VOLUME 1 EDUCAÇÃO INFANTIL PLANO DE AÇÃO REFERÊNCIA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO Versão Preliminar 2018 2 PREFEITO MUNICIPAL Odelmo Leão SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO Prof.ª Célia Mª do Nascimento Tavares ASSESSORA PEDAGÓGICA Prof.ª Rosana Gonçalves Torquette COORDENADORAS FORMADORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Daniela Silva de Paula Maria de Fátima Santos Cunha 3 IDEALIZADORA E COORDENADORA GERAL DO PLANO DE AÇÃO REFERÊNCIA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO: Rosana Gonçalves Torquette - Assessora Pedagógica / 2017-2018 COORDENADORAS FORMADORAS DOS GRUPOS DE TRABALHO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Daniela Silva de Paula Maria de Fátima Santos Cunha EQUIPE DE ARTICULADORES DOS GRUPOS DE TRABALHO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: Betânia Pereira da Silva – EMEI Hipólita Teresa Eranci Fernanda Ferreira Resende – EMEI Profª Cornélia Yara Castanheira Geise Martins – EMEI Roosevelt Hélida Cristina B. Nunes – EMEI do Bairro Custódio Pereira Hitala Jéssica Miranda Ribeiro – EMEI Raimundo Vieira da Cunha Jaqueline Cássia da Silva – EMEI do Bairro Tibery Maria Cristina Alves – EMEI do Bairro Luizote de Freitas Maura Lourenço de Almeida – EMEI do Bairro Martins Nilzélia Cortes Carrijo – EMEI Maria Beatriz Vilela de Oliveira Silvia Patrícia Pereira – EMEI Planalto ARTICULADORA COLABORADORA: Vanessa Portes Galvão Gonzaga - E.M. de Sobradinho INSPETORA ESCOLAR COLABORADORA: Ana Claudia de Melo – Secretaria Municipal de Educação REVISÃO TÉCNICA Elaine Cristina Fonseca - E. M. Sebastião Rangel 4 REPRESENTANTES DAS UNIDADES ESCOLARES NO GRUPO DE TRABALHO EDUCAÇÃO INFANTIL - GT BEBÊS: Arlene Ferreira Muniz - EMEI do Bairro Mansour Carla Aparecida Pereira Gonzaga - EMEI Profª Maria Claro Cássia Maria Lopes – EMEI Jean Piaget Elisangela Alves – EMEI do Bairro Esperança Fabiana Caetano da Silva – EMEI do Bairro Tocantins Kely Cristina Serafim Alves – Centro de Educação Infantil Tia Lia Marilene de Brito – EMEI Anísio Spinola Teixeira Meirileusa Ferreira Voss – EMEI do Bairro Tubalina Michella Teles Rodirigues – EMEI Eurípedes Rocha Nayara Alves da Costa Almeida – EMEI Maria Floripes Alves Patrícia da Rocha Silva – EMEI do Bairro Patrimônio Rute J. Pinheiro de L. Parreira – Centro Solidário de Educação Infantil Simene Gonçalves Coelho – EMEI do Bairro Marta Helena Thamires Soares Leite – EMEI do Bairro Shopping Park 5 REPRESENTANTES DAS UNIDADES ESCOLARES NO GRUPO DE TRABALHO EDUCAÇÃO INFANTIL - GT CRIANÇAS BEM PEQUENAS: Adriana Mª Fonseca de F. Oliveira – EMEI Profª Stela Mª de Paiva Carrijo Angela Cristina Chagas – EMEI Maria Terezinha Cunha Silva Carmem Lúcia da Silva - EMEI do Bairro Patrimônio Celene Cristina Dias Silva – EMEI do Bairro Guarani Cintia Gonçalves dos Santos – EMEI Líria Emília Saraiva Cristina Cândida de Faria – EMEI do Bairro Tibery Daylla Ranyelle Ferreira A. Dias – EMEI Profª Izildinha Mª. M. do Amaral Dina Marta Ferreira – EMEI Francisco Bueno Monteiro Edna Lucia Alves da S. Borges – EMEI Jornalista Luiz Fernando Quirino Francimeire Pereira de Oliveira - Centro Educacional Criança Feliz Hellen Vieira Fernandes Ribeiro – Centro Educ. Renascer da Criança Héllen V. Fernandes Ribeiro – Missão Sal da Terra Parque São Jorge II Idenice Alves de Lima – Centro Educacional Divino Espírito Santo Janaina Parreira – EMEI do Bairro Aparecida Jeane Meire Fernandes N. Santos – EMEI Profª Gesimeire Fátima Araújo Keila de Freitas Barbosa – EMEI Anísio Spínola Teixeira Lazara Martins Silva Bastos – EMEI Monteiro Lobato Lilian Francisca da Silva Alves – EMEI do Bairro Shopping Park Luanna Ferreira Bueno – EMEI Paulo Freire Lúcia Helena de O. Rodrigues Alves – EMEI B. Nossa Sª das Graças Lucicleide de Melo M. Santos – EMEI Profª Mª Luiza Barbosa de Souza Maria dos Reis Silva – EMEI do Bairro Dom Almir Maria Inês Fernandes Beviláqua – EMEI Profª Cornélia Yara Castanheira Marileia Vieira Barbosa Munakata – Centro Educ. Helder de C. Basto Marinêz Januário de Sousa – EMEI do B. Santa Luzia Marister Paes Leme de O. Cândido – EM. Antonino Martins da Silva Miriam Goulart Cunha – EMEI Profª Edna Aparecida de Oliveira Mônica Duarte Silva – EMEI Profª Sônia Aparecida Álvares de Oliveira Mônica Eliene F. Venâncio – Missão Sal da Terra Natália Gomes Cândido – EMEI do Bairro Luizote de Freitas Núbia Teles Marques Pinto – EMEI Prof. Sérgio Aparecido da Silva Raquel Cristina Rosa – EMEI Zacarias Pereira da Silva Renata Morais de Araújo – Missão Sal da Terra Rosângela Divina Borges – Centro Educ. Inf. Irmã Odélcia Leão Carneiro Valéria Silva – EMEI Augusta Maria de Freitas 6 REPRESENTANTES DAS UNIDADES ESCOLARES NO GRUPO DE TRABALHO EDUCAÇÃO INFANTIL - GT CRIANÇAS PEQUENAS: Abadia Goulart Soares – EM. Dom Bosco Alzira de Almeida Ferreira dos Santos – EM. José Marra da Fonseca Ana Paula Machado Pereira – EMEI do Bairro Shopping Park Angela Marques da Silva Camilho – EM. Irmã Odélcia Leão Carneiro Annette Cesar Lara – EMEI Profª Verediana Rodrigues Carneiro Belquiz Machado de Menezes – EM. Domingas Camin Camila Ribeiro do Nascimento – EMEI Profª Elôah Marisa de Menezes Cláudia Silva Borges de Oliveira – EM. Boa Vista Denise Peixoto Bernardes – Centro Educacional José de Souza Prado Dinéia Mª Cardoso de Castro de Cesero – EMEI Vera Anita N. de Souza Elcione Apda Gonçalves Oliveira – EMEI Profª Shirley Lourdes de M. Vieira Elisângela Moreira Nunes – EMEI do Bairro Mansour Fernanda Martins de Paula – EMEI Prof. Horlandi Violatti Glaucyone A. de Bastos Borges – EM Profª Benedita Pimentel de Ulhôa R. Janaína Laudejudh Martins Boreli Fernandes – EMEI do Conj. Santa Luzia Karen Cecília Soares de Souza – EMEI Profª Izildinha Mª. M. do Amaral Keila Aparecida Duarte Rufino – EMEI Grande Otelo Leiliane Soares Rodrigues – EMEI Cecilia Meireles Letícia Cristina da Silva – EM. Eugênio Pimentel Arantes Lívia Andrade Ferreira – EMEI Cora Coralina Mara Cristina Oliveira Rodrigues – EMEI Eurípedes Rocha Márcia Helena Santos Araújo – EMEI Profª Clesilda Alves Rosa Maria de Fátima Caetano – EMEI Vera Anita Nascimento de Souza Marisa Helena Santos Shmutzler – EMEI Raimundo Vieira da Cunha Mirlene Porfírio da Silveira – EMEI São Francisco Monalisa Santos Negreiro – EMEI do Bairro Luizote Nilvania Gomes Moreira Borges – EM. Profº Ladário Teixeira Núbia Duarte Lana – EM. Prof. Luís Rocha e Silva Sandra Mara Pereira Luiz – EM Freitas de Azevedo Silvana Pavarine Pereira – EMEI Maria Pacheco Rezende Suzana Maria dos Santos Dutra – EMEI Prof. Thales de Assis Martins Tatiane Cristina de Oliveira Luiz – EM. Profª Olga Del Fávero Thais Lermen de Oliveira Paulino – EM. Prof. Valdir Araújo Valéria Martins Santos – EM. Profª Stella Saraiva Peano Valéria Santos Ferreira – EMEI do Bairro Dom Almir Vanessa Rodrigues Carvalho – EMEI Hipólita Teresa Eranci Vasti Garcia Rosa de Sousa – EMEI Prof. Saint’ Clair Netto 7 AGRADECIMENTOS: A Secretaria Municipal de Educação, por meio da Equipe de Coordenadores Formadores da Assessoria Pedagógica agradece a todos osprofissionais que atuam na Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia, especialmente aos REPRESENTANTES das Unidades Escolares da referida Rede, bem como às ARTICULADORAS que, num processo de construção coletiva, elaboraram o presente Plano de Ação Referência da Educação Infantil. A contribuição de todos os profissionais, desde o início do referido Plano, tem sido de fundamental importância para a implementação da Base Nacional Comum Curricular - BNCC na Rede Municipal de Ensino de Uberlândia. E, também, para que esse possa cumprir seu papel de orientador na elaboração, reelaboração e avaliação dos Planejamentos nas Unidades Escolares. Um agradecimento especial às Coordenadoras Formadoras Daniela Silva de Paula e Maria de Fátima Cunha que, com responsabilidade, compromisso, competência e presença constante, levaram todos os profissionais envolvidos a refletirem sobre a Educação Infantil, orientando os diálogos na construção desse importante documento. A beleza desse trabalho não está só no produto que ora apresentamos, mas sim no movimento de construção coletiva que foi realizado por todos esses profissionais que escolheram caminhar conosco em busca de uma Educação Infantil de qualidade para a nossa Rede Municipal de Ensino. A todos vocês o nosso MUITO OBRIGADA! Profª Rosana G. Torquette 8 APRESENTAÇÃO: AOS PROFISSIONAIS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO É com grande satisfação que concluímos a primeira etapa da elaboração do Plano de Ação Referência para a Rede Municipal de Ensino. Este documento contou com a colaboração de todos os envolvidos que de alguma forma tenham participado dos registros curriculares que foram produzidos ao longo da história da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia. O trabalho realizado pelos representantes de cada nível ou modalidade de ensino consistiu em retomar e ressignificar tais documentos, apresentando uma versão preliminar de um plano curricular que deverá ser amplamente utilizado de modo a subsidiar as adequações necessárias para a constituição de uma Proposta Curricular que venha nortear o trabalho pedagógico desenvolvido nas escolas municipais. Este é o nosso objetivo, que haja um diálogo com as diversas práticas desenvolvidas nas instituições fortalecendo os fazeres pedagógicos nas práticas sócioeducativas realizadas na Educação Infantil, Ensino Fundamental do primeiro ao nono ano, bem com a Educação de Jovens e Adultos e a Educação Especial. A Rede Municipal de Ensino de Uberlândia conta com profissionais de notória experiência pedagógica que, aliada às interações e tematizações da prática em cada unidade escolar e as ações formativas com as sistematizações propostas para a continuidade deste trabalho, constituirão uma prática pedagógica de referência para o processo de ensino e aprendizagem com foco no desenvolvimento dos alunos. Acreditamos que esta versão preliminar do Plano de Ação Referência será um instrumento muito útil para a elaboração dos projetos educativos a serem desenvolvidos nas escolas constituindo uma identidade pedagógica para toda a Rede Municipal de Ensino de Uberlândia. Celia Maria do Nascimento Tavares Secretária Municipal de Educação 9 SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO................................................................................................11 2 - A FORMAÇÃO HUMANA QUE QUEREMOS..............................................14 2.1 - Os princípios e ações necessários, de cada profissional no cotidiano Escolar, para a formação humana que queremos....................................16 3 - A EDUCAÇÃO INFANTIL.............................................................................18 3.1 - PRINCÍPIOS NORTEADORES........................................................ 19 3.1.1 - Concepção de Infâncias..................................................... ..20 3.1.2 - Concepção de Criança..........................................................20 3.1.3 - Concepção de Educação Infantil......................................... .21 3.1.4 - Concepção de Currículo .......................................................22 3.2 - EIXOS DE TRABALHO: SABERES E FAZERES ........................... 22 3.3 - DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................................................................... ..23 3.4 - CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS........................................................ 23 3.4.1 - O Eu, o Outro e o Nós......................................................... .24 3.4.2 - Corpo, Gestos e Movimentos............................................... 25 3.4.3 - Traços, Sons, Cores e Formas ........................................... .25 3.4.4 - Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação .............................25 3.4.5 - Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações................................................................................26 3.4.6 - Culturas Regionais e Locais (Parte Diversificada da proposta Curricular para a Educação Infantil)............................................... .26 3.5 - O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL........28 3.6 - FAMÍLIA E ESCOLA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL.30 3.7 - O PROCESSO DE ADAPTAÇÃO E ACOLHIMENTO....................32 3.7.1 - Concepção de adaptação e acolhimento............................ 33 3.7.1.1 - Acolher as famílias................................................... 34 3.7.1.2 - Conhecer a criança.................................................. 34 3.7.1.2.1 - Lidando com os sentimentos...........................34 3.7.1.2.2 - Choro, silêncio e outras manifestações...........34 10 EDUCAÇÃO INFANTIL 3.7.1.3 - Estabelecer uma rotina........................................34 3.7.1.4 - Atenção na chegada e acolhida..........................35 3.7.1.5 - Início do dia e preparação para as rodas de conversas..........................................................................35 3.7.1.6 - Uso dos recursos audiovisuais...........................35 3.7.1.7 - Momento das refeições.......................................36 3.7.1.8 - Importância do repouso/ Sono............................36 3.7.1.9 - A rotina no momento do banho / banheiro / higiene...............................................................................37 3.7.1.10 - Como preparar as crianças para o término da aula....................................................................................38 3.7.1.11 - Brincadeiras livres.............................................38 3.8 - ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E ESPAÇO NA EDUCAÇÃO INFANTIL..................................................................................................38 4 - TRANSIÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL................................................................................................42 5 - PENSANDO NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA..................................................46 6 - AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL.................48 7 - QUADROS COM OS CINCO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS E CULTURAS REGIONAIS E LOCAIS.....................................................................................52 7.1 - ESPECIFICIDADES DAS CRIANÇAS POR GRUPOS E PERÍODOS...............................................................................................52 7.1.1 - BEBÊS ( Berçário E GI)........................................................52 7.1.1.1 – Quadros dos Campos de Experiências..............54 7.1.2 - CRIANÇAS BEM PEQUENAS (GII E GIII)...........................75 7.1.2.1 – Quadros dos Campos de Experiências..............77 7.1.3 - CRIANÇASPEQUENAS (1º e 2º Período).........................102 7.1.3.1 – Quadros dos Campos de Experiências............103 7.1.3.2 - CONSIDERAÇÕES PARA A PRÉ – ESCOLA (1º e 2º Período)..............................................................130 7.1.3.2.1 – Práticas necessárias aos Professores na Transição da Educação Infantil ao Ensino Fundamental..........131 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................132 11 PLANO DE AÇÃO REFERÊNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL (Versão Preliminar) 1 - INTRODUÇÃO O primeiro documento publicado da BNCC e disponibilizado para consulta pública em setembro de 2015 foi elaborado pelo Ministério da Educação (MEC) com apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e da União de Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Segundo o documento, seus pressupostos educativos se fundamentaram nas Diretrizes Nacionais para a Educação Básica e para o Ensino de Nove Anos (BRASIL, 2010a; 2010b), em atendimento ao que já se encontrava previsto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, e em conformidade com o Plano Nacional de Educação (PNE), com vigência de 2014-2024. Estes documentos legais indicaram a necessidade de uma base curricular norteadora da educação básica brasileira em nível nacional, respeitando-se a manutenção de uma parte diversificada do currículo. A estrutura desta primeira versão partiu da premissa de que é preciso definir componentes curriculares básicos, para todas as áreas, a partir da afirmação dos chamados “direitos de aprendizagem”, considerados relevantes para todos os estudantes brasileiros. Estes direitos possibilitariam definir os chamados objetivos de aprendizagem, que são “conhecimentos fundamentais aos quais todo/toda estudante brasileiro deve ter acesso para que seus direitos de aprendizagem e do desenvolvimento sejam assegurados” (BRASIL, 2015, p. 13). Nesse sentido, com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular – BNCC pelo Conselho Nacional de Educação – CNE e homologação pelo Ministério da Educação – MEC, em 20 de dezembro de 2017, o país definiu o conjunto de aprendizagens essenciais a serem garantidas às crianças e jovens brasileiros inseridos no processo de escolarização na Educação Básica, especialmente, para as etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Em um esforço colaborativo entre a sociedade (através de audiências públicas), Ministério da Educação, Conselho Nacional de Secretários de Estados da Educação – Consed , por meio das Secretarias Estaduais de Educação e a União dos Dirigentes Municipais de Educação – Undime, constituiu-se, em cada unidade da federação, a estrutura de governança responsável por coordenar todo o trabalho de construção de um documento curricular válido para todo o território nacional. Todavia, ainda que a BNCC, em seu caráter normativo, valide a unicidade curricular em todos os recônditos do território brasileiro, sabe-se que cada região, cada município e cada unidade escolar apresenta especificidades que jamais poderão ser universais. Por esta razão, cabe a cada município a promoção de um diálogo entre seus servidores, especialmente os da educação, para que, juntos, construam um documento que garanta um patamar comum de aprendizagem a todos os estudantes mas que, para além dele, tracem um olhar sobre as singularidades presentes onde acontece o que chamamos “educação escolar”. Foi pensando nestas singularidades que a Secretaria Municipal de Educação, por meio de sua Assessoria Pedagógica, promoveu, nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro a retomada dos estudos e reflexões sobre o Currículo, com a participação de representantes dos profissionais que atuam nas unidades escolares em Uberlândia1 e seus distritos (Cruzeiro dos Peixotos, Martinésia, Miraporanga e Tapuirama). Alguns documentos oficiais elaborados em outros momentos históricos, como 1 O município de Uberlândia está localizado na Mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Estado de Minas Gerais, Região Sudeste do Brasil. ASSESSORIA PEDAGÓGICA assessoriapedagogica.sme@uberlandia.mg.gov.br (34)3211-6859 12 as Diretrizes Curriculares da Rede Municipal de Ensino, os Parâmetros Curriculares Nacionais, as Diretrizes Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares do Estado de Minas Gerais foram revisitados para que, a partir de suas análises, fosse possível elaborar/sistematizar o Plano de Ação Referência da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia2 , cujos principais objetivos visam superar os distanciamentos e as divergências entre o ensino e a aprendizagem de uma unidade escolar para outra, superar possíveis rupturas no processo de transição entre os níveis de ensino (Educação Infantil para o Ensino Fundamental I e deste para o Ensino Fundamental II) e, ainda, superar a fragmentação do processo ensino- aprendizagem no transcorrer de cada ano escolar. Assim, este Plano de Ação Referência alicerça-se sobre a Base Nacional Comum Curricular/2018 e configura-se sob os moldes da nossa história local, da nossa cultura, da nossa gente. Nos dizeres de KRAMER, Uma proposta pedagógica é um caminho, não é um lugar. Uma proposta pedagógica é construída no caminho, no caminhar. Toda proposta pedagógica tem uma história que precisa ser contada. Toda proposta contém uma aposta. Nasce de uma realidade que pergunta e é também busca de uma resposta. Toda proposta é situada, traz consigo o lugar de onde fala e a gama de valores que a constitui; traz também as dificuldades que enfrenta, os problemas que precisam ser superados e a direção que a orienta. E essa sua fala é a fala de um desejo, de uma vontade eminentemente política no caso de uma aposta educativa, e sempre humana, vontade que, por ser social e humana, não é nunca uma fala acabada, não aponta “o” lugar, “a” resposta, pois, se traz “a” resposta, já não é uma pergunta. Aponta, isso sim, um caminho também a construir. (KRAMER, 1997, 169). Na elaboração deste Plano de Ação Referência3, currículo precisa ser compreendido como sendo o entrelaçar de saberes, fazeres, concepções, valores, poder e identidades. Não é um lugar, mas um caminhar. E é inegável que a Rede Municipal de Ensino de Uberlândia, em colaboração com todos os profissionais que nela atuam, possui um longo caminho já percorrido. Considerar este caminho é valorizar a sua história mas é também agregar elementos para reelaborar novos percursos. Isso implica em um contínuo trilhar, replanejar, revisitar. O convite é para que toda comunidade uberlandense, juntamente a seus distritos, apreciem este importante documento, façam suas considerações, dialoguem sobre essa versão preliminar e contribuam com suas críticas e sugestões. Diante disso, é importante entender que o Plano de Ação Referência da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia (Versão Preliminar) foi elaborado com o trabalho de profissionais que hoje atuam nas Unidades Escolares, na Secretaria de Educação e no Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais Julieta Diniz. Todas as contribuições foram analisadas e agregadas à versão preliminar, culminando em um documento que norteará os planejamentos de todas as Unidades Escolares em 2019, concomitantemente à sua retomada em continuidade ao trabalho celetivo iniciado em 2018 para que seja consolidada a Proposta Curricular da Rede Municipal de Ensino (RME). 2 A Rede Municipal de Ensino atende desde a Educação Infantil (67 unidades escolares) ao Ensino Fundamental II. Atualmente são ao todo 122 unidades escolares, das quais 67 EMEIs (Escola Municipal de Educação Infantil) e 53 EMEFs (Escola Municipal de Ensino Fundamental). Destas, 13 unidades estão localizadas na área rurale 33 atendem o Ensino Fundamental I e II, 27 atendem a Educação Infantil e 13 a EJA). A RME de Uberlândia também conta com a Escola Municipal Cidade da Música, e o Campus Municipal de Atendimento à Pessoa com Deficiência . Possui estrutura para os serviços da Educação Especial. (Atendimento Educacional Especializado – AEE). Além das unidades escolares municipais, a RME conta com a parceria de 42 Unidades do Terceiro Setor (40 de Educação Infantil e 02 de Ensino Fundamental). 3 Na elaboração do Plano de Ação Referência, algumas estratégias e ações foram propostas e efetivadas pela Assessoria Pedagógica, a saber: 26 de maio/2018 - I Encontro de Profissionais da Educação Municipal cujo objetivo foi iniciar as reflexões sobre a implementação da BNCC em todo o território nacional; de 28 de maio a 22 de junho/2018 – Movimento de Indagações de Conhecimento sobre a BNCC em cada unidade escolar; 23 de junho – Dia D nas escolas, cujo objetivo foi promover entre os profissionais da Educação discussões sobre a estrutura e as Competências Gerais da BNCC; julho/2018 - retomada e ressignificação do Plano de Ação dos Profissionais por Ano de Ensino – PAPAE 2018 – reflexões e inferências sobre o Plano Municipal de Educação; 24 de outubro/2018 - 1º dia de socialização do movimento de construção do Plano de Ação referência da RME (versão preliminar). 13 A primeira etapa para a construção do Plano de Ação Referência da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia (Versão Preliminar) foi realizada a partir da representatividade de profissionais, nesse caso específico, dos que atuam na Educação Infantil. Para essa etapa da Educação Básica, foram formados três Grupos de Trabalho (GT´s) de acordo com o nível de desenvolvimento da primeira infância, sendo organizados da seguinte forma: GT Bebês, compreendendo o Berçário e o GI, GT Crianças Bem Pequenas, compreendendo o GII e GIII e o GT Crianças Pequenas, compreendendo o 1º e o 2º Período. Desta forma os encontros foram organizados para que todos os Grupos de Trabalhos pudessem sugerir, refletir e propor melhoras e adequações a construção do Plano. Os primeiros dois encontros dos Grupos de Trabalho foram destinados à construção das concepções e princípios que nortearão essa proposta pedagógica, tendo como referências a Base Nacional Comum Curricular, as Diretrizes Nacionais para a Educação Básica, os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e o Currículo Referência do Estado de Minas Gerais (Versão Preliminar), entre autores que estudam e pensam sobre a primeira etapa da Educação Básica. O que era discutido nos GTs foi sistematizado e organizado com a participação das Articuladoras, profissionais da RME que participavam de todos os GTs para sistematização das discussões; bem como eram encaminhadas atividades a serem desenvolvidas nas escolas para que acontecesse a participação de todos os profissionais das Unidades Escolares, especialmente nos dias de “parada” para estudos e reflexões para a construção coletiva do Plano de Ação Referência. O 1º dia de Socilização do Movimento de Construção do Plano de Ação Referência da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia (Versão Preliminar), dia 24/10/2018, foi destinado à análise e reflexão da primeira parte construída nos GTs e foi solicitada a participação ativa de todos os profissionais que atuam na Rede Municipal e das Organizações da Sociedade Civil (OSC´s) nesse nível de ensino. Em sequência foram construídos, nas reuniões dos GTs, os quadros de Planejamento com os Cinco Campos de Experiências reverendados na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e que passam a estruturar a organização curricular da Rede. Os quadros foram construídos tendo como eixos estruturantes as Brincadeiras e as Interações e sendo considerados os Seis Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento. Além disso, o Plano de Ação Referência para a Educação Infantil da RME contempla Orientações Didáticas e Sugestões de Atividades. Sendo essa parte a que representa as práticas desenvolvidas nas escolas, de acordo com a proposta adotada na Rede Municipal de Ensino. Para tanto, e para que fosse efetivada a participação das escolas, foram solicitadas atividades nas quais os profissionais fizeram o levantamento de práticas que contemplem os campos de experiências. Durante as atividades desenvolvidas nos GTs, e de acordo com as devolutivas das escolas, surgiu a necessidade de discutir e construir outros tópicos relacionados à Educação Infantil para o Plano de Ação Referência, a saber: Avaliação na Educação Infantil, A organização do tempo e espaço, Adaptação e Acolhimento, Família e Escola e, também, Culturas Regionais e Locais. Nesse sentido os últimos encontros dos GTs foram destinadas à elaboração das partes do Plano referentes a essas temáticas. É importante ressaltar que, em todos os momentos as discussões que aconteciam nos GTs eram imediatamente sistematizadas e organizadas pelas articuladoras no contraturno de cada encontro dos três GTs, sendo consideradas as devolutivas das escolas quanto às atividades de estudo e proposições para a construção do Plano de Ação, de forma que todos os profissionais pudessem participar desse processo coletivo. 14 Foram três dias destinados para a Socialização do movimento de construção do Plano de Ação da RME de Uberlândia (Versão Preliminar). Estes foram pensados e organizados para que houvesse a participação das escolas em todas as etapas de construção do Plano. Assim, em todos eles foi solicitado o compilado das Unidades Escolares da Rede e, também, das Unidades escolares do Terceiro Setor - Organizações da Sociedade Civil (OSC´s). Diante disso, destacamos que o Plano de Ação Referência da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia (Versão Preliminar), estruturado juntamente com os servidores que atuam nas Unidades Escolares, objetiva a construção de uma proposta que traz o mínimo a ser oferecida na Educação Infantil, bem como a Identidade Pedagógica das escolas municipais, respeitando a história e as particularidades dos contextos sociais e culturais em que estão inseridas. Importa destacar que a autonomia docente se fará diante de diversas possibilidades de colocar em prática o que está posto no Plano de Ação Referência a fim de ampliar as ações nele expostas. A Educação Infantil, enquanto primeira etapa da Educação Básica, fase de extrema importância na construção de princípios e fundamentos na formação integral dos sujeitos e da vida escolar e, por isso, é essencial que seja pensada, discutida e fundamentada por todos os que nela atuam. Concluída esta primeira etapa, o documento será, oficialmente, a referência para a revisão e reorganização dos currículos de todas as Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia e seus distritos, abrangendo desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental. Considerando a finalização do Plano de Ação Referência em dezembro de 2018, a Rede Municipal de Ensino de Uberlândia orientará todas as Unidades Escolares para a elaboração ou reelaboração das propostas curriculares e dos projetos político-pedagógicos, em 2019. Nesse período, a RME promoverá formação continuada aos professores e demais profissionais da Educação para efetivação dos currículos em 2020. Que a apresentação deste documento a todas escolas municipais e as Unidades do terceiro setor da cidade de Uberlândia seja um dos passos na garantia de uma efetiva participação coletiva e democrática nas ações que permeiam o campo da Educação. 2 - A FORMAÇÃO HUMANA QUE QUEREMOS Nosso sonho é formar o cidadão de conhecimento crítico, científico, criativo,que consiga resolver situações de conflito, um cidadão completo. (Profissionais da RME, Registro Dia “D” da Base, 23/06/18) A formação humana entrelaça relações sociais, culturais, históricas, econômicas e geográficas. Em especial, na educação escolar, a formaçãohumana abrange as diferentes relações entre os sujeitos que dela fazem parte: crianças, estudantes, professores, educadores infantis, gestores, auxiliares de serviços administrativos, pais e parceiros da comunidade local. Essa formação humana inclui a todos, indistintamente, o que significa dizer que o protagonismo não tem um ator principal: docentes, discentes e toda comunidade escolar têm um papel específico e igualmente importante. As Diretrizes Curriculares da Rede Municipal de Ensino (2010-2011) para o Ensino Fundamental propõem uma formação para a cidadania, a autonomia, a criticidade, a reflexão, o desenvolvimento de potencialidades e da criatividade. Busca contribuir para a formação de sujeitos transformadores tanto nos aspectos sociais, políticos e culturais; quanto em defesa de uma vida mais humana, justa, solidária e cooperativa na construção de um mundo melhor. Sujeitos capazes de olhar para o mundo e fazer suas próprias leituras, de interagir e de intervir, comprometidos com o processo de transformação e de melhores condições de vida para todos, indistintamente, sem quaisquer formas de preconceito e exclusão. 15 O histórico do trabalho realizado na Educação Infantil na RME de Uberlândia corroboram para essa formação, respeitando a fase de desenvolvimento da criança e buscando contribuir para a sua autonomia, incentivando suas interações, valorizando as brincadeiras e a ludicidade na construção de diferentes saberes. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica – DCNEB - também é um documento importante na (re)construção das ideias/proposições contempladas no Plano de Ação Referência da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia (Versão Preliminar), uma vez que insere a Educação Básica enquanto direito universal e alicerce indispensável para a capacidade de exercer em plenitude o direito à cidadania. É o tempo, o espaço e o contexto em que o sujeito aprende a constituir e reconstituir a sua identidade, em meio a transformações corporais, afetivoemocionais, socioemocionais, cognitivas e socioculturais, respeitando e valorizando as diferenças. Liberdade e pluralidade tornam-se, portanto, exigências do projeto educacional. (BRASIL, 2013, p.17) Fundamentando-se nessas premissas, a formação humana que queremos contemplar neste Plano de Ação Referência alicerça-se sob os direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento, já considerados no âmbito da BNCC e que se explicitam em relação aos aspectos éticos, políticos e estéticos. Diante disso, faz- se necessária a formação básica em cada área do conhecimento de modo a possibilitar compreensão ampliada da sociedade. Esse é um papel primordial da escola, uma vez que a Educação forma o homem e acontece em todas as instâncias da sociedade (família, religião, trabalho, lazer, meios de comunicação, entre outros), ainda que esta ação educacional por elas desenvolvidas seja significativa, é informal, no sentido de não obedecer a regras explícitas nem ser submetida a rígido controle externo. Ao passo que a escola, sistematizada com uma estrutura organizacional específica, voltada para o processo ensino-aprendizagem, deve atuar intencionalmente articulando as vivências nos espaços educativos formais e não formais (DMC Arte, 2010. p 18). Ressalvamos que há de se considerar a necessidade de se consolidar, por meio de políticas públicas e ações das escolas, redes de apoio e parcerias com órgãos e profissionais multidisciplinares como: pisocólogos, médicos especialistas, psicopedagogos, conselheiros tutelares, dentre outros. A formação é de responsabilidade compartilhada dos vários segmentos sociais, contudo, cabe aos familiares e/ou responsáveis um papel específico na formação humana, com princípios e ações voltados para a educação dos filhos e/ou tutelados. Entendemos que a parceria familiares/responsáveis-escola deve ser cada vez mais consolidada, especialmente para que as crianças/estudantes sejam bem sucedidos na vida escolar. À escola cabe se posicionar de maneira clara em relação aos familiares e/ou responsáveis de seu fundamental papel no acompanhamento escolar das crianças e estudantes (com seus afazeres escolares, avaliações e trabalhos extra-escolares, disciplina, frequência e responsabilidade com os estudos) e participar assiduamente das reuniões de pais, campanhas e demais atividades promovidas pela escola, além de valorizar a escola e incentivar os estudos. Outro aspecto importante a ser destacado, é a importância da escola propiciar a toda comunidade escolar o conhecimento, discussão e atualização anual do Regimento Escolar. Intensificando, assim, a relevância da parceria da família/familiares e/ou responsáveis com a escola a favor da formação humana que é almejada para todos. Ressaltamos que o papel da escola, na formação humana, é complementar à educação oferecida pelos núcleos famíliares, principalmente, e também pelo meio social e suas diversas relações interpessoais e espaciais com as quais cada ser humano interage. Sendo que o papel principal da escola é direcionar e sistematizar as aprendizagens alicerçadas sob um currículo que visa a formação integral das crianças e dos estudantes. 16 O ser humano em cada fase de seu desenvolvimento é um ser social, um ser de história e de cultura, constituído de saberes e experiências que devem ser respeitados. Nesse sentido, se faz necessário compreender as crianças, assim como todo ser humano em cada fase da vida, não apenas como um “vir a ser” mas, “um ser que já é” e precisa ter suas singularidades consideradas e respeitadas. Assim, reforçamos que as crianças precisam ser compreendidas como seres não ‘da Natureza’, mas ‘da História’, que produzem cultura e são produzidos na cultura. A essência dessa afirmativa para a prática pedagógica consiste no fato de revelar o necessário aprendizado de olhar as crianças – suas diferenças, seus jeitos, suas origens, suas histórias -, aprender a ver cada uma em sua singularidade, combatendo a prática, tão comum, de generalizar ou comparar. (PILLOTTO, et al., 2009. p. 11). Assim, reafirmamos que as diferenças, origens e histórias de cada um – crianças, adolescentes, jovens e adultos - estejam contempladas em nossas práticas pedagógicas. No entanto é, em especial, na fase de desenvolvimento infantil que as maiores mudanças acontecem, sejam elas corporais, cognitivas, socioafetivas e/ou afetivoemocionais. Por isso, a atuação docente não se reduz à mera transmissão dos conteúdos, é essencial que haja a contextualização do conhecimento e a valorização de saberes e experiências, considerando a realidade social das crianças, adolescentes, jovens e adultos, respeitando seu repertório histórico-cultural e, também, o tempo e as diferentes formas de aprendizagens de cada estudante. Considerando as propostas e os direcionamentos pedagógicos dos documentos oficiais que embasam a construção do Plano de Ação Referência da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia, bem como os registros de reflexões feitas nas Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino (RME), foi delineada a formação humana que os profissionais da Rede almejam para as crianças, adolescentes, jovens e adultos. Uma formação humana em que todos sejam sujeitos formadores de opiniões, que reconhecem sua importância e compromissos dentro do Estado Democrático e que sua participação cidadã na sociedade seja efetiva. E que seja possível formar um cidadão capaz de utilizar as tecnologias digitais de informação e comunicação de forma responsável, crítica e reflexiva, analisando e verificando a confiabilidade de fatos e dados. Além disso, que sejam preparados para exercerem as profissões do futuro e trabalhem para a construção do bem social, conscientes de suas ações. Enfim, uma formação humana de cidadãos sensíveis, conscientes e comprometidos com a sociedade justa e igualitária, que saibam respeitar as diferenças e colocar-seno lugar do outro. 2.1 - Os princípios e ações necessários, de cada profissional no cotidiano escolar, para a formação humana que queremos Não existe formação humana que não perpasse pelos seres humanos. Na educação escolar, especificamente, a formação humana abrange as diferentes relações ente os sujeitos que dela fazem parte: alunos, professores, gestores, auxiliares de serviços administrativos, pais e parceiros da comunidade local. Essa formação humana inclui a todos, indistintamente, o que significa dizer que o protagonismo não tem um ator principal: docentes, discentes e toda comunidade escolar têm um papel específico e igualmente importante. A Rede Municipal de Ensino valoriza essa abordagem inclusiva e alicerça toda sua pretensão de formação humana, conforme prescrito anteriormente, sob os fundamentos éticos, políticos e estéticos, respaldada pela equidade, pelo respeito à diferenças e às diversidades, com responsabilidade social, autonomia e consciência do impacto e das implicações das ações humanas sobre o mundo. Além disso, concebe que essa formação precisa, necessariamente, abranger uma educação integral, ou seja, uma educação que garanta 17 o desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões – intelectual, física, emocional, social e cultural e se constitui como projeto coletivo, compartilhado por crianças, jovens, famílias, educadores, gestores e comunidades locais. É uma proposta [... que tem] como foco a formação de sujeitos críticos, autônomos e responsáveis consigo mesmos e com o mundo; é inclusiva porque reconhece a singularidade dos sujeitos, suas múltiplas identidades e se sustenta na construção da pertinência do projeto educativo para todos e todas; é uma proposta alinhada com a noção de sustentabilidade porque se compromete com processos educativos contextualizados e com a interação permanente entre o que se aprende e o que se pratica; promove a equidade ao reconhecer o direito de todos e todas de aprender e acessar oportunidades educativas diferenciadas e diversificadas a partir da interação com múltiplas linguagens, recursos, espaços, saberes e agentes - condição fundamental para o enfrentamento das desigualdades educacionais (Disponível em http://educacaointegral.org.br/conceito/. Consulta em 11.06.2018). Todavia, cabe ao (à) professor (a) e educadores infantil um papel específico na formação humana, com princípios e ações voltados para a educação integral: direcionar e sistematizar as aprendizagens, as quais devem estar alicerçadas sob um currículo. Para tanto, o fazer docente deve contemplar ações cotidianas imbuídas do objetivo de proporcionar às crianças, adolescentes, jovens e adultos a correlação de saberes: os de suas vivências/experiências com os construídos/trabalhados na escola. Desse modo, todos desfrutarão de oportunidades para se tornarem cidadãos críticos, reflexivos, autônomos, conscientes de seus direitos e deveres, capazes de compreender a realidade em que vivem. Oferecida a oportunidade, espera-se que estejam preparados para a vida econômica, social, política, cultural e artística do país. E não somente isso: que se tornem sujeitos indignados com toda e qualquer forma de exclusão (seja social, cultural, educacional, afetivoemocional) e ativos para estabelecer mudanças consideráveis na sociedade quando esta subjugar os seres humanos e aliená-los de seus direitos. Ao construirmos o Plano de Ação Referência para a Rede Municipal de Uberlândia, importa ressaltar a fundamental relevância da análise, da reflexão individual e coletiva sobre nossa práxis pedagógica e de nossas escolas, as quais têm uma expressiva função social, implicando constante processo de construção, reconstrução e reflexão das nossas concepções, do conhecimento, dos saberes e fazeres, tendo como perspectiva a formação humana pretendida. Todas as ações na escola, e para além dela, devem convergir para essa formação pretendida. Diante do exposto, é necessário que cada profissional invista em sua formação continuada, de modo a repensar, avaliar e adequar sua prática à realidade em que atua. Também, são necessárias ações de liderança, planejamento, organização com os envolvidos no cenário educacional para que todos sejam corresponsáveis e que trabalhem juntos na construção de uma escola de qualidade. Para tanto, todos e cada um dos profissionais precisam agir com postura ética, respeitando os valores humanos e sua diversidade e, também, participem efetivamente no processo contínuo e coletivo da reformulação do Projeto Político Pedagógico (PPP), especialmente nesse momento, sob a luz da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), gerando um documento coerente com metas concretas que contemplem as expectativas da comunidade escolar. (Profissionais da RME/Registro Dia “D” da Base, 23/06/18). Considerando esses fatores, torna-se necessário que o profissional da Educação Infantil, especificamente, conheça os Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento na Educação Infantil (conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se) a fim de imprimir uma intencionalidade pedagógica às suas práticas. É imprescindível que tenha clareza sobre os objetivos para exercer uma intervenção pedagógica coerente com os pressupostos que fundamentam o currículo, possibilitando à criança o estabelecimento de relações e a apropriação do conhecimento. http://educacaointegral.org.br/glossario/desenvolvimento-integral/ 18 3 - A EDUCAÇÃO INFANTIL AO CONTRÁRIO, AS CEM EXISTEM4 A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos cem pensamentos cem modos de pensar de jogar e de falar. Cem, sempre cem modos de escutar de maravilhar e de amar. Cem alegrias para cantar e compreender. Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar. A criança tem cem linguagens (e depois cem, cem, cem) mas roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura lhe separam a cabeça do corpo. Dizem-lhe: de pensar sem as mãos de fazer sem a cabeça de escutar e de não falar de compreender sem alegrias de amar e de maravilhar-se só na Páscoa e no Natal. Dizem-lhe: de descobrir um mundo que já existe e de cem roubaram-lhe noventa e nove. Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho a realidade e a fantasia a ciência e a imaginação o céu e a terra a razão e o sonho são coisas que não estão juntas. Dizem-lhe enfim: que as cem não existem. A criança diz: Ao contrário, as cem existem. 4 Poesia de Loris Malaguzzi: Invece il cento c’è publicada in: Edwards, C., Gandin, L. i Forman, G. I cento linguaggi dei bambini. Edizione Junior, Italia, 1995, publicada em português pelas Artes Médicas como: As Cem Linguagens da Criança. Porto. Alegre: Artes Médicas, 1997. MARIA EDUARDA – 3 anos LETÍCIA- 4 anos 19 Loris Malaguzzi, precursor da abordagem pedagógica Reggio Emilia e um dos defensores da pedagogia da escuta ativa traz, em seu poema “Ao contrário, as cem existem”, uma inspiração para a Educação Infantil em todo o mundo. No poema acima, Malaguzzi faz uma provocação: a criança possui cem linguagens, cem jeitos diferentes de aprender. Na verdade, o número cem é uma simbologia para indicar que cada criança tem infinitas formas de manifestação própria e, consequentemente, cem linguagens comunicativas. Elas representam uma estratégia para a construção de conceitos e para a consolidação do conhecimento. Principalmente, elas são uma afirmação da importância idêntica de todas as linguagens, e não apenas ler, escrever e contar – linguagens essas que as escolas insistem em colocar num pedestal como se fossem as mais relevantes ou, talvez, as únicas. Nesse sentido, a Rede Municipal de Ensino de Uberlândia, por meio da construção do Plano de Ação Referência para essa primeira etapa da Educação Básica – a Educação Infantil, busca valorizara criança em seus diferentes jeitos de aprender e assume, junto a todos os seus profissionais, um conjunto de princípios que nortearão a prática pedagógica voltada às crianças pequenas. Por isso, a participação coletiva dos profissionais que atuam em cada uma das Unidades Escolares é de singular importância, tanto na construção quanto na efetivação deste documento que, agora, em sua versão preliminar, começa a ser estruturado. Considerando a formação integral das crianças, os eixos estruturantes Brincadeiras e Interações e respaldado nas legislações nacionais, o trabalho das Unidades Escolares ancora suas ações pedagógicas e educativas na indissociação entre o 5cuidar e o educar no cotidiano escolar, esclarecendo que As práticas pedagógicas devem ocorrer de modo a não fragmentar a criança nas suas possibilidades de viver experiências, na sua compreensão do mundo feita pela totalidade de seus sentidos, no conhecimento que constrói na relação intrínseca entre razão e emoção, expressão corporal e verbal, experimentação prática e elaboração conceitual. As práticas envolvidas nos atos de alimentar-se, tomar banho, trocar fraldas e controlar os esfíncteres, na escolha do que vestir, na atenção aos riscos de adoecimento mais fácil nessa faixa etária, no âmbito da Educação Infantil, não são apenas práticas que respeitam o direito da criança de ser bem atendida nesses aspectos, como cumprimento do respeito à sua dignidade como pessoa humana. Elas são também práticas que respeitam e atendem ao direito da criança de apropriar-se, por meio de experiências corporais, dos modos estabelecidos culturalmente de alimentação e promoção de saúde, de relação com o próprio corpo e consigo mesma, mediada pelas professoras e professores, que intencionalmente planejam e cuidam da organização dessas práticas (BRASIL, 2013. p. 88) Desta forma, no contexto da Educação Infantil, as ações relacionadas aos cuidados das crianças também são pedagógicas uma vez que possibilitam o bem estar e a construção de hábitos importantes para o seu crescimento e o seu desenvolvimento integral. Por isso o cuidar, juntamente com o educar, precisam ser acompanhados e planejados pelos profissionais que atuam na primeira etapa da Educação Básica. 3.1 PRINCÍPIOS NORTEADORES O Plano de Ação Referência da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia (Versão Preliminar) para a Educação Infantil, com o intuito de nortear a construção da Identidade Pedagógica das Unidades Escolares da RME, propõe-se a associar orientações didáticas e práticas pedagógicas, de acordo com as principais concepções que permeiam esse nível de ensino. 5 O cuidar e o educar são de responsabilidade de todos os profissionais que atuam junto às crianças e são ações fundamentais para seu crescimento e desenvolvimento saudável e integral. 20 3.1.1 Concepção de Infâncias O desafio de um trabalho pedagógico com a criança da Educação Infantil precisa, inicialmente, situar o tempo da infância, o qual extrapola o período de 0 a 5 anos. Ser criança e viver a infância são direitos conquistados que precisam ser preservados no âmbito das diferentes instituições sociais: família, escola e comunidade, entre outros espaços e tempos. Assim, esse tempo da infância não só é de responsabilidade da Educação Infantil, mas estabelece um percurso pedagógico que pressupõe continuidade, conforme explicitado por Kramer (2006, p.20), quando afirma que a Educação Infantil e o Ensino Fundamental são indissociáveis e que, em ambos, “ temos grandes desafios: o de pensar a creche, a pré-escola e a escola como instâncias de formação cultural; o de ver as crianças como sujeitos de cultura e história, sujeitos sociais”. Assim, mais do que elencar a infância como período da existência humana, pela necessidade da construção curricular, queremos contribuir para repensar esse tempo sem, contudo, desconsiderar o direito primeiro de ser criança. Para tanto, a Educação Infantil precisa ser redimensionada em sua função social, a fim de tornar acessível a todas as crianças os elementos culturais construídos pela humanidade, os quais contribuem para o seu desenvolvimento. Dessa forma, escola e família são corresponsáveis pela educação da criança e, por isso, precisam estabelecer entre si um vínculo relevante e permanente, por meio de trocas de informações sobre seu dia a dia nesses espaços educativos, conferindo-lhes um elo de proximidade, afetividade e segurança emocional, indispensáveis ao processo de desenvolvimento e aprendizagem infantis. À luz desses pressupostos, a Educação Infantil busca promover o desenvolvimento das crianças em sua totalidade, contribuindo para a construção da sua identidade e autonomia, atendendo às necessidades básicas do cuidar e do educar em cada faixa etária, tendo em vista o brincar como direito e linguagem própria da infância. Todavia, infância deverá se apresentar sempre no plural – infâncias, pois é impossível compreender essa fase da vida de maneira rígida, única, universal. Isso porque não se pode seguir um modelo de criança, pois o que temos são indivíduos únicos, com características próprias. As infâncias, então, se configuram a partir de um contexto sócio-histórico e cultural e a criança, centro do planejamento curricular, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, é sujeito histórico e de direitos que se desenvolve nas interações, relações e práticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianças de diferentes idades nos grupos e contextos culturais nos quais se insere. Nessas condições ela faz amizades, brinca com água ou terra, faz-de-conta, deseja, aprende, observa, conversa, experimenta, questiona, constrói sentidos sobre o mundo e suas identidades pessoal e coletiva, produzindo cultura (BRASIL, 2013. p.86) Assim, torna-se possível compreender que a infância, em todos os aspectos que a constitui, é uma fase significativa para o desenvolvimento das potencialidades do sujeito. É de grande relevância a responsabilidade dos mediadores que a cerca, tanto no contexto familiar e social, quanto no contexto escolar. 3.1.2 - Concepção de Criança Com a Constituição 1988, a criança passa a ser compreendida em suas particularidades de maneira ampla perante a lei brasileira. Isto ocorreu devido às conquistas dos movimentos sociais e trabalhistas no cenário das políticas brasileiras na busca por uma Educação de qualidade para todos. Com isso, emerge a necessidade de políticas públicas direcionadas para a educação da criança como direito, oferecendo maior estrutura e qualidade. Assim, a infância passa a ocupar lugar na sociedade que reconhece a criança como cidadão de direitos, assegurados por Lei e sob a responsabilidade da família, do Estado, e da sociedade. Dessa forma, as políticas públicas passam a se preocupar com a primeira etapa da Educação 21 Básica no sentido de buscar oferecer qualidade e atendimento às crianças, independentemente da classe social. A concepção de criança defendida neste documento está em consonância com a ideia atual de infância, uma vez que essa criança é compreendida como um ser integral, um sujeito de direitos e produtor de cultura. Ainda, como um sujeito que interage com outros sujeitos e com o meio para compreender, intervir e construir sentido e significados sobre o mundo ao seu redor. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI) evidenciam que Cada criança apresenta um ritmo e uma forma própria de colocar-se nos relacionamentos e nas interações, de manifestar emoções e curiosidade, e elabora um modo próprio de agir nas diversas situações que vivencia desde o nascimento conforme experimenta sensações de desconforto ou de incerteza diante de aspectos novos que lhe geram necessidades e desejos, e lhe exigem novas respostas. Assim, busca compreendero mundo e a si mesma, testando de alguma forma as significações que constrói, modificando-as continuamente em cada interação, seja com outro ser humano, seja com objetos. (BRASIL, 2013 p.86) Diante do exposto, para a construção desse Plano de Ação Referência, a criança que reconhecemos nas práticas pedagógicas é a criança ativa e protagonista no processo de construção de aprendizagens, que tem como alicerce de suas descobertas as interações e as brincadeiras, que usa diferentes linguagens para crescer, desenvolver e produzir história e cultura. É importante ressaltar que cada criança é única e precisa ser acolhida em suas características e particularidades para que sejam desenvolvidas suas potencialidades, sendo respeitada por todos com quem convive no espaço escolar. Portanto, as crianças não devem ser comparadas entre si, seja quanto ao seu desenvolvimento ou em sua maneira de agir. O importante é que, a partir do seu desenvolvimento, as crianças possam conquistar autonomia, capacidades comparadas a ela mesma, contribuindo com a formação de sua identidade e sua formação integral. 3.1.3 - Concepção de Educação Infantil Se a criança é compreendida como sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia constrói sua identidade pessoal e coletiva, a Educação Infantil,6 deverá ser compreendida como sendo a primeira etapa da Educação Básica que vincula educar e cuidar, acolhendo as vivências e os conhecimentos construídos pela criança no ambiente da família e no contexto de sua comunidade com o intuito de articulá-los em suas propostas pedagógicas. Nesse sentido, a Educação Infantil busca ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens. Além disso, promove o desenvolvimento integral das crianças em seus aspectos cognitivos, afetivos, sociais e motores, complementando a ação da família e da comunidade, podendo ser ofertada em tempo integral ou parcial. Esse nível de ensino representa o início e o fundamento do processo educacional. Por isso, é importante destacar que as práticas educativas na Educação Infantil precisam ter intencionalidade pedagógica, no intuito de garantir o desenvolvimento pleno e saudável das crianças. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular - BNCC, essa intencionalidade consiste na organização e proposição, pelo educador, de experiências que permitam às crianças conhecer com a natureza, com a cultura e com a produção científica, que se 6 Na Rede Municipal de Ensino de Uberlândia/MG a Educação Infantil é ofertada nas creches e pré-escolas. A creche, voltada para crianças de 0 a 3 anos, possui matrícula optativa. No entanto, a matrícula na pré-escola, que atende crianças de 4 e 5 anos, passou a ser obrigatória a partir do disposto no art. 1º da Emenda Constitucional número 59/2009. Essa extensão da obrigatoriedade, em 2013, altera a LDB (9394/96) e afirma que as crianças devem ser matriculadas em instituições de Educação Infantil a partir de 4 anos. 22 traduzem nas práticas de cuidados pessoais (alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas brincadeiras, nas experimentações com materiais variados, na aproximação com a literatura e no encontro com as pessoas. (BRASIL, 2018. p. 37) Assim, as ações desenvolvidas no contexto da Educação Infantil precisam ser sustentadas “em práticas educativas voltadas para as experiências concretas da vida cotidiana, para a aprendizagem da cultura, pelo convívio no espaço da vida coletiva, para a produção narrativa, individuais e coletivas, por meio de diferentes linguagens”. (MEC, 2009). 3.1.4 - Concepção de Currículo Na Educação Infantil, o currículo abrange o conjunto de aprendizagens essenciais para o desenvolvimento integral dos sujeitos, bem como as relações que permeiam o espaço escolar, as organizações do tempo e do espaço e a seleção dos materiais. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica: O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico. Tais práticas são efetivadas por meio de relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem com os professores e as outras crianças, e afetam a construção de suas identidades. Intencionalmente planejadas e permanentemente avaliadas, as práticas que estruturam o cotidiano das instituições de Educação Infantil devem considerar a integralidade e indivisibilidade das dimensões expressivo-motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural das crianças, apontar as experiências de aprendizagem que se espera promover junto às crianças e efetivar-se por meio de modalidades que assegurem as metas educacionais de seu projeto pedagógico. ( Brasília, 2013, p. 86) Diante do exposto, para a elaboração, execução e avaliação da proposta curricular direcionada para a Educação Infantil é fundamental a participação coletiva dos profissionais, das famílias, da comunidades e das próprias crianças, respaldados na ideia de parceria e colaboração. Para complementar a ideia de uma proposta baseada na concepção de uma criança ativa e protagonista do seu processo de aprendizagem, a BNCC traz, a seguinte reflexão: A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções. Tendo em vista os eixos estruturantes das práticas pedagógicas e as competências gerais da Educação Básica propostas pela BNCC, seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento asseguram, na Educação Infantil, as condições para que as crianças aprendam em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural. (Brasília, 2017. p.35) 3.2 - EIXOS DE TRABALHO: SABERES E FAZERES Dentro dos Campos de Experiências estão localizados os Eixos de Trabalho: Identidade e Autonomia, Natureza e Sociedade, Linguagem Oral e Escrita, Matemática, Movimento, Música e Arte visuais como parte comum e Culturas Regionais e Locais como parte diversificada, utilizados até o momento como proposta norteadora da Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia. Assim compreende como ação fundamental o processo percorrido até aqui como base e ponto de partida para a construção do Plano de Ação Referência da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia (Versão 23 Preliminar), uma vez que recorre às ações pedagógicas que as escolas desenvolvem juntamente com a equipe escolar para a composição da estrutura desse Plano. 3.3 - DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL As práticas pedagógicas precisam ter a intencionalidade, ao mesmo tempo em que consideram as crianças como sujeitos que experimentam, observam, criam hipóteses, são curiosas, aprendem a partir do que vivenciam. Neste sentindo, a BNCC traz os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento que compreendem ações nas quais precisam permear o cotidiano escolar, que são: CONVIVER com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. BRINCAR cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos),ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. PARTICIPAR ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. EXPLORAR movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. EXPRESSAR, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. CONHECER-SE e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. 3.4 - CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS A BNCC traz como proposta curricular um arranjo que considera as experiências concretas e os saberes construídos pelas crianças fundindo aos conhecimentos culturalmente construídos, tendo como Eixos Estruturantes as Brincadeiras e as Interações como formas de apropriação dos conhecimentos e construção da aprendizagem por parte das crianças. Ao se considerar os campos de Experiências enquanto organização curricular a Rede Municipal de Ensino de Uberlândia, concebe que as crianças aprendem a partir de um conjunto de vivências e não de forma fragmentada, bem como as práticas necessitam ser planejadas dentro de propostas que tenham sentidos e significados para as mesmas sendo elas protagonistas em seu processo de aprendizagem e não apenas receptoras de informações. Com base nesses saberes e conhecimentos, os campos de experiências são assim divididos: O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; 24 Escuta, fala, pensamento e imaginação; Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. É importante ressaltar que as ações e aprendizagens das crianças são indissociáveis e precisam possibilitar o fortalecimento de sua autoestima, o interesse em fazer descobertas sobre o mundo a sua volta, utilizando-se de diferentes linguagens. A imagem a seguir representa o processo de integração entres as experiências vivenciadas pelas crianças. 3.4.1 - O Eu, o Outro e o Nós É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez, na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos. (BNCC – 2017) 25 3.4.2 - Corpo, Gestos e Movimentos Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrirem variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo. (BNCC – 2017) 3.4.3 - Traços, Sons, Cores e Formas Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal, permitindo que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências artísticas. (BNCC – 2017) 3.4.4 - Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação Desde o nascimento, as crianças participam de situações comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais interagem. As primeiras formas de interação do bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é importante promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente a um grupo social. 26 Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relaçãoà cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação da língua. (BNCC – 2017) 3.4.5 - Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações. As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhecem; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano. (BNCC – 2017) 3.4.6 - Culturas Regionais e Locais (Parte Diversificada da Proposta Curricular para a Educação Infantil) [...]precisamos assumir os múltiplos significados da escola atual: A escola como espaço em que se faz visível uma “cultura” composta de diversos rituais, rotinas, posições, gestos, metáforas, distribuição de espaços, circulação dentro deles, emblemas, símbolos, ritos de instrução, atritos, suportes mitológicos, práticas extradiscursivas, cerimônias, bandeiras[...]Tudo isso relativamente articulado em uma configuração social que é significativa. A escola como microespaço: nela se estabelecem ...determinadas relações sociais (neste caso educativas)...Por isso, também é uma “janela da sociedade”[...]onde as expectativas sociais se introduzem pelas janelas. A escola como espaço de luta pelo sentido do mundo, da vida e da experiência subjetiva[...](APARICI, p.88, 2014) 27 Inicialmente se faz necessária a articulação entre as culturas das infâncias e das famílias, vinculando esses conhecimentos, experiências e aprendizagens às culturas: escolar, regionais e locais. Portanto é fundamental conhecer as culturas infantis em suas manifestações artísticas, emocionais, sociais e culturais, juntamente com a participação das famílias nesse processo de construção da identidade cultural de cada criança e da escola. A cultura escolar em suas manifestações artísticas e culturais, devem ser trabalhadas e valorizadas, compreendendo a realidade escolar, suas produções, um campo de aprendizagem a ser explorado. As relações e as inter-relações entre as crianças da mesma idade e de idades diferentes e entre os adultos precisam ser incentivadas, contribuindo para o processo do desenvolvimento infantil. Há, porém, uma diferença entre grupos de pertencimento “primários” ou “naturais” e grupos de pertencimento “secundários” ou “instituídos. A família é essencialmente grupo primário, responsável pela matriz da individuação. Em contrapartida, os grupos secundários são formações onde indivíduos já constituídos se tornam cidadãos, [...] O processo cultural já está presente no grupo primário, mas se aperfeiçoa educacionalmente no quadro dessa secundariedade. (SODRÉ, p.17, 2012) Por isso, faz-se necessário reconhecer e promover o espaço escolar como multicultural em constante processo de construção de conhecimentos, experiências e aprendizagens. Que nestes contextos, onde as crianças e os adultos possam interagir-se no espaço e tempo do brincar, no aprender e no ensinar. Segundo Paulo Freire “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”. A escola está inserida em um contexto histórico e social e nela coexistem diversas formas de expressão cultural, sendo por si só uma delas. Desta forma, não se trata apenas de reproduzi-las no contexto escolar, mas inseri-las como objeto de estudo e trabalho no currículo da Unidade Escolar. A cultura de cada região, contexto, comunidade ou local onde cada criança nasce, cresce e se educa é essencial para sua formação integral. As brincadeiras e outras manifestações e expressões artísticas, sejam elas populares, tradicionais ou folclóricas, são, naturalmente, educadoras: de forma espontânea, trabalham o corpo, a musicalização, a palavra, a poesia, as habilidades manuais, bem como a socialização, os valores e emoções. Toda criança passa por processos de desenvolvimento universais, mas o que aprendem a partir da influência familiar, comunitária e local irá tornar cada uma delas únicas. Conhecer o patrimônio cultural de Uberlândia e região corrobora na construção da identidade individual e coletiva, da comunidade local e regional, expandindo assim esta aprendizagem. O conhecimento das tradições culturais é fundamental para o desenvolvimento da identidade e pertencimento. Uma criança que conhece sua cultura cria um senso mais aguçado de sua própria história, pois o que outras pessoas fizeram antes dela se tornar influência para o que ela fará hoje. Há uma série de hábitos que herdamos de diferentes ancestrais: indígenas, portugueses e africanos dentre outros. Conhecendo estes hábitos e valores, as crianças tendem a se tornarem pessoas mais tolerantes e livres de preconceitos. Trabalhar com os valores humanos e as virtudes se constitui outra oportunidade para construir a cultura do respeito à diversidade. Os mitos revelam bastante sobre a realidade de quem os inventou. Ao se trabalhar com os mitos, as crianças podem observar quais personagens aparecem na narrativa, os problemas que enfrentam, como a família e os amigos se relacionam e descobrir pistas sobre a sociedade da qual fazem parte. A culinária também é uma forma interessante para se falar sobre cultura. Os alimentos diversos consumidos pelas crianças são fonte de pesquisas e para estudos das diferentes culturas encontradas no ambiente escolar. 28 A pluralidade cultural, isto é, a diversidade de etnias, crenças, costumes, valores etc. que caracterizam a população brasileira marca, também, as instituições
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