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CIÊNCIA CIÊNCIA Unidade 1 O Homem vem evoluindo, constantemente, desde os seus primórdios. As várias capacidades agregadas nesse processo de evolução, tais como as artísticas, religiosas, cognitivas, sociais e científicas, são, em muitas situações, vistas com bastante assombro. Pinker (1989), ao questionar como é possível a evolução ter produzido um cérebro capaz de realizações tão complexas como a matemática, as ciências e a arte, parece sintetizar o espanto que acompanha todos nós, quando refletimos acerca desse tema. O que somos? De onde viemos e para onde vamos? Como viver por aqui? Como foi que passamos das mais rupestres expressões e chegamos a uma vida tecnológica e globalizada? Essas são algumas das perguntas que nos norteiam desde sempre e que as inúmeras ciências tentam responder desde os primórdios. Parece que elas não possuem resposta definitiva, mas a teoria da relatividade, o modelo do Big Bang, a Divina Comédia, a nona sinfonia de Beethoven, o modelo heliocêntrico, a Mona Lisa, a vacina contra o coronavírus, dentre inúmeras outras criações humanas ajudam a explicar a nossa existência, acompanham os impasses de nossa vertiginosa evolução e nos dão a noção de que, talvez, sejamos um pouco mais do que poeira cósmica. Arraste para os lados e navegue pelas figuras a seguir: F I G U R A 1 Big Bang F I G U R A 2 Modelo heliocêntrico F I G U R A 3 Teoria da relatividade F I G U R A 4 Vacina da Covid-19 F I G U R A 5 Dante com um livro na mão (a Divina Comédia?) olhando para o Purgatório Fonte: Wikimedia Commons (2019, on-line). F I G U R A 6 Retrato de Beethoven enquanto compunha a Nona Sinfonia, por Joseph Karl Stieler Fonte: Wikimedia Commons (1820, on-line). F I G U R A 7 Mona Lisa de Leonardo da Vinci (1503) Fonte: Wikimedia Commons (2011, on-line). Um exemplo cinematográfico que traz parte dessas reflexões é 2001: uma odisseia no espaço, de Stanley Kubrick, um clássico da filmografia mundial, lançado em 1968. Qualquer tentativa de resumir a amplitude de temas e o esplendor visual que o filme aborda é tarefa ingrata, pois muito ficará por se dizer. De qualquer forma, é importante citar que ele traz elementos que envolvem a evolução humana, questões existenciais, avanço da tecnologia e vida em outros tempos e espaços. Uma das cenas que merece destaque faz parte da passagem da primeira parte do filme, intitulada A aurora do homem, para a segunda parte. Na primeira parte, ao som de Richard Strauss, acompanhamos, por volta de 15 minutos, o cotidiano de um grupo de macacos. A certa altura, um dos macacos percebe que ele pode usar um osso como arma, que servirá para capturar uma presa. A partir dessa compreensão, uma presa é capturada e o osso é lançado para os ares. A cena é cortada para a sequência, quando o osso “se transforma” em uma nave espacial – e, porque não, uma arma no espaço? – que navega, ao som da trilha de Strauss, calmamente, pela imensidão do universo. Ao estilo einsteniano, há um salto quântico de milhões de anos de evolução. Essa cena pode ser vista mediante link que segue: Esse salto de milhões de anos causa um profundo impacto, pois abarca toda a evolução humana frente aos avanços científicos. Friedrich Nietzsche, uma das influências para o filme, colabora com essa discussão, ao propor a análise filosófica para a evolução do homem. Segue um fragmento de Assim falava Zaratustra: Que é o macaco para o homem? Um motivo de riso ou de dolorosa vergonha. E justamente isso é o que o homem deve ser para o super-homem: um motivo de riso ou de dolorosa vergonha. [...] O homem é uma corda estendida entre o animal e o super- homem – uma corda sobre o abismo. É o perigo de transpô-lo, o perigo de estar a caminho, o perigo de olhar para trás, o perigo de temer e parar. O que há de grande, no homem, é ser ponte, e não meta: o que pode amar-se, no homem, é ser uma transição e um acaso (NIETZSCHE, 1988, p. 31). O filósofo traz, no fragmento anterior, questões específicas de sua teoria – tais como o conceito de super-homem, que seria, em ligeiras palavras, o homem ideal, reflexivo, claro e perspicaz, focado no serviço da grandeza humana – e é importante que observemos o papel do homem frente aos desafios do mundo e a nossa diferença e, também, assombrosa semelhança com os primatas. O questionamento é inevitável: será que, de fato, evoluímos tanto assim? Partindo dessa reflexão, proposta por 2001, de Kubrick, e pelo excerto nietzschiano, o intuito do presente capítulo é abordar, concisamente, alguns aspectos da estruturação do pensamento e de métodos científicos e, por fim, a importância da Academia como espaço propício para o desenvolvimento das inúmeras ciências, sem deixar de lado o papel do discente, futuro responsável pelos rumos do pensamento científico. A seguir, navegue pela Biblioteca Harry Elkins Widener Memorial, um espaço simbólico para a comunidade científica. Fonte: Widener Library ([2021], on-line). M É T O D O S C I E N T Í F I C O S A lição de anatomia do Dr. Tulp (1632), de Rembrandt Fonte: Wikimedia Commons (2014, on-line). É através de um método científico que um pesquisador – seja de qualquer área – constrói o seu discurso. É uma espécie de caminho que o estudioso utiliza para conhecer o objeto, o fenômeno ou o fato que está sendo investigado, com o intuito de chegar a um conhecimento racional e/ou sistemático. Importa salientar que na construção de um método há muitas variáveis que precisam ser levadas em consideração, tais como as relações entre os homens, os determinados períodos históricos e sociais e assim por diante. Observe, a título de ilustração, a pintura que abre o capítulo. Trata-se de A lição de anatomia de Dr. Tulp, de Rembrandt, pintor holandês que viveu entre 1606 e 1669. A tela tem muito a nos dizer sobre a pesquisa científica: nela, Nicolaes Tulp disseca a mão esquerda de um marginal. O médico está rodeado por alunos que observam, curiosamente, o passo a passo do processo. Note que as posições corporais e as expressões faciais dão um tom de tensão para o ambiente e criam o aspecto de vivacidade em contraposição ao cadáver. Por meio da técnica chiaroscuro, há a criação de uma perspectiva que assegura fidelidade ao que está sendo retratado: o corpo analisado está bem destacado e é possível observar aspectos da composição interna do braço. Essa tela tem uma grande importância histórica, pois, de fato, tais aulas aconteceram e foram fundamentais para o desenvolvimento dos estudos acerca da anatomia humana. As Ciências, sejam quais forem, só podem avançar de maneira satisfatória se métodos forem adquiridos, pois eles representam a segurança e o critério de validade de uma experiência, análise ou interpretação. Os métodos podem ser falhos dependendo da natureza da questão a ser analisada. Por isso é preciso que o pesquisador esteja sempre atento para novos caminhos que expliquem o que está sendo analisado. Outro ponto que merece destaque são as possíveis divisões da Ciência. Não é à toa que usamos o termo no plural. Há as mais conhecidas, tais como ciências biológicas, humanas e exatas, há outras, como as sociais, tecnológicas e gerenciais. Há, também, as diferenciações usando os termos formais, empírico-formais e hermenêuticas, além das ciências puras, aplicadas ou teóricas. Embora a classificação das áreas da ciência seja uma tarefa difícil, é comum que tabelas de áreas do conhecimento sejam criadas para a organização de informações e dados sobre a produção científica. Assim, são adotadas por órgãos atuantes da área da ciência, tecnologia, cultura, arte e inovação. Nesse sentido, preparamos uma breve descrição das classificações de área do conhecimento, conforme o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ. Ciências Exatas e da Terra: De forma geral, a Matemática é a base fundamental para a formação teórica dos cursos dessa área. No entanto, pela grande interfacecom vários saberes, essa área exige que os pesquisadores sejam capazes de enxergar oportunidades em outros setores, que sejam criativos, para propor alternativas inovadoras, e curiosos, para descobrir novas possibil idades em cada ramo. Ciências Biológicas: Trata-se de uma área do conhecimento que estuda a vida — o ser humano, fauna, flora e outros seres vivos — e como ela interage com o meio ambiente. A pesquisa, nesta área, considera a origem, evolução, adaptação e o funcionamento dos organismos, assim como considera também a conservação dos recursos naturais. Engenharias: Essa área do conhecimento tem como objetivo desenvolver pesquisas sobre a aplicação de conhecimentos matemáticos e técnicos na criação, aperfeiçoamento e implementação de util idades, essas podem ser materiais, estruturas, máquinas, aparelhos, sistemas ou processos, que realizem uma determinada função ou objetivo. Ciências da Saúde: Diz respeito a uma área do conhecimento que tem como objetivo desenvolver pesquisas relacionadas com a vida, saúde e doenças. Ciências Agrárias: Trata-se de uma área do conhecimento que desenvolve pesquisas relacionadas à aspectos de exploração da terra, de criação de animais e de cultivo de vegetais. Ciências Sociais Aplicadas: As Ciências Sociais Aplicadas nada mais são que um conjunto de cursos que visam integrar eixos do conhecimento para compreender as necessidades sociais, as implicações de se viver em grupo e as relações humanas no geral. Ciências Humanas: Trata-se de uma área do conhecimento que desenvolve pesquisa considerando o ser humano como seu objeto de estudo ou foco. Em outras palavras consiste nas profissões e carreiras que tratam, primeiramente, dos aspectos humanos apoiados em filosofia, sociologia, comunicação, etc. Linguística, Letras e Artes: Trata-se de uma área do conhecimento, cujas pesquisas consideram o uso de diferentes l inguagens, sejam elas verbais ou não verbais, e suas diferentes manifestações. As nomenclaturas parecem não ter fim. O que tudo isso nos mostra? Que as classificações são falhas e que, cada vez mais, há um movimento muito forte em articular diversas ciências e valorizar a interdisciplinaridade. Em outras palavras, áreas distintas podem fornecer bases para se analisar um determinado objeto, fato ou fenômeno. Esta disciplina, Formação Sociocultural e Ética II, não congrega, exatamente, o conhecimento acerca de áreas distintas, criando um saber amplo e expandido? Nunca é demais reforçar a importância de todas as Ciências para a vida em sociedade: precisamos de remédios que tratem doenças cardíacas, mas também de comunicação mais veloz e potente para os nossos contatos, de literatura para nos mostrar que a vida não basta, e assim por diante. Os métodos utilizados também variam de acordo com a natureza do que se pesquisa, a área, a abordagem feita, o objeto que será analisado, os objetivos e os procedimentos adotados. Uma pesquisa também pode ser completamente original ou apenas uma parte dela (seja o objeto, a metodologia, por exemplo), e pode ser teórica ou aplicada. Pesquisar, por exemplo, acerca de asteroides ou a cura da endometriose exige métodos diferentes de quando se pesquisa sobre o aumento da obesidade infantil. Pesquisas envolvendo seres vivos e minerais também exigem métodos diferentes. Dessa maneira, as pesquisas podem ser teóricas (pelo fato de estudarem teorias), práticas (cujo intuito é intervir na realidade), metodológica (focada no fazer científico, suas técnicas e procedimentos) ou experimentais (mirada nas experiências). A maneira com a abordagem também as diferenciam: as pesquisas podem ser quantitativas e qualitativas. A quantitativa, de caráter objetivo, testa hipótese e, por meio de números, busca compreender fenômenos, objetos, opiniões etc. Nesse tipo de pesquisa, é comum observarmos, por exemplo, o cálculo do número de pessoas que contraíram dengue em determinado lugar. A qualitativa também pode se valer de quantidade, no entanto, o foco está na interpretação e compreensão dos fenômenos e objetos, e no envolvimento mais direto do pesquisador no processo. Em relação às fontes de pesquisa, elas podem ser bibliográficas, de laboratório ou de campo. A pesquisa não só pode ser realizada em livros (artigos, teses, referencial bibliográfico de um modo geral), mas também pode ser feita em laboratórios, como esse a seguir. Engana-se quem pensa que uma pesquisa no campo educacional não possa fazer uso de laboratório. Basta pensarmos, por exemplo, no uso de algum brinquedo: analisar sua toxicidade, resistência e riscos devem ser pesquisados para total segurança da criança. Há, ainda, a pesquisa de campo que coleta informações, opiniões etc. A partir de agora, faremos comentários a respeito de alguns dos métodos mais conhecidos. headset D Ê O P L A Y E O U Ç A O P O D C A S T : A S F E R I D A S N A R C Í S I C A S : C O P É R N I C O , D A R W I N E F R E U D . Nossas indicações sobre feridas narcísicas: VÍDEO PARA CONTEXTUALIZAÇÃO DOCUMENTÁRIO O método indutivo: Galileu Galilei foi um dos precursores da indução experimental, isto é, do método indutivo; no entanto, Lakatos e Marconi (2000, p. 71) afirmam que Francis Bacon foi o “sistematizador do Método Indutivo, pois a técnica do raciocínio da indução já existia desde Sócrates e Platão”. É através da indução que o estudioso pode alcançar uma lei geral por meio da observação de casos particulares sobre um determinado objeto, fenômeno ou fato analisado. Em outras palavras, o pesquisador vai além das constatações particulares e atinge as leis e teorias gerais acerca deste. Nesse tipo de método, é preciso observar sistematicamente, conforme informa Diniz e Silva (2008), os fenômenos. Posteriormente, é preciso a) elaborar a classificação a partir das relações entre os fenômenos observados; b) construir as hipóteses (verdades provisórias) acerca do observado; c) verificar tais hipóteses por meio de testes e experimentos; d) construir generalizações a partir do que foi experimentado e testado – o que também pode servir de base para estudos similares e, por fim, e) confirmar as hipóteses para a criação das leis gerais acerca do que foi observado. O método indutivo cria uma espécie de pensamento guiado para a observação particular (premissa), tomadas, inicialmente, como verdadeiras, a generalizações (conclusões) que podem ser verdadeiras. Em outras palavras, a verdade não está, necessariamente, implícita na conclusão. Acompanhemos, a seguir, um exemplo oferecido por Lakatos e Marconi (2000, p. 63): “Todos os cães que foram observados tinham um coração. Logo, todos os cães têm um coração”. Se a premissa é verdadeira, ela pode induzir a conclusão. Diniz e Silva (2008) afirmam que esse determinismo funciona como uma verdadeira “pedra no sapato” nas Ciências Sociais e Humanas, uma vez que os fenômenos são muito variáveis e não possuem fixação intrínseca. Em outras palavras, tal método científico pode apresentar vários problemas em determinadas pesquisas, pois seu alcance foca em generalizar conceitos. O método dedutivo: Foi René Descartes quem instituiu o método dedutivo para a descoberta do conhecimento científico, contudo, é importante salientar que Spinoza e Leibniz também se valeram dele. Ao contrário do anterior, esse tipo de método parte da generalização de enunciados gerais (leis universais) e quer confirm-los na particularidade. Por exemplo: todos os l imões do pomar são do tipo Sicil iano (generalização); esses limões são deste pomar (particularidade), logo esses limões são verdadeira e necessariamente do tipo Sicil iano (conclusão particular). Observe que, neste argumento, para que a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premissas também sejam, pois a verdade da conclusão já estava posta nas premissas. Acerca desse método, Rubem Alves (1994, p. 21) afirma: Você está enunciandorelações pretensamente válidas para todos os fatos, já ocorridas e por ocorrer. Seu enunciado tem a propriedade de universalidade [. . .] e necessidade [. . .] . Você enunciou uma relação causal. Mas o que o autorizou a pular dos enunciados relativos aos fatos passados, para o enunciado relativo a todos os fatos, inclusive os futuros? Como é que você pulou do alguns para o todo? Uma coisa é certa: a conclusão de que o futuro será semelhante ao passado, que a totalidade dos casos será semelhante aos alguns que examinei, não é lógica. Dizer que não é lógica é afirmar que o enunciado sobre todos não estava contido no enunciado sobre alguns. Se eu digo: Todos os homens são mortais. Sócrates é homem. Sócrates é mortal. O raciocínio é lógico. A conclusão estava contida nas duas premissas (as duas afirmações anteriores). A passagem do todos para o alguns é lógica, demonstrativa, analítica. Será possível o caminho inverso? O método hipotético-dedutivo: Esse método é uma crítica direta ao indutivo. Estabelecido por Karl Popper, tal método prevê, conforme Diniz e Silva (2008), o cumprimento de algumas etapas: a) expectativas e teorias existentes; b) formulação de problemas em torno de questões teóricas e empíricas; c) solução proposta, consistindo numa conjectura; dedução das consequências na forma de proposições passíveis de teste sobre os fenômenos investigados; d) teste de falseamento: tentativas de refutação, entre outros meios, pela observação e experimentação das hipóteses criadas sobre o(s) problema(s) investigado(s). Esse método advém da compreensão de que nem sempre é preciso partir dos fenômenos e da observação deles. É possível que já exista a hipótese oriunda da imaginação ou do senso comum. Freire-Maia (2007) cita, como exemplo, a teoria da evolução de Darwin, que surgiu quando o cientista l ia sobre sociologia e economia. Em outras palavras, a partir da hipótese, por dedução, deve ser verificada se ela se confirma ou não. Pense no seguinte esquema: “hipótese – dedução – fenômenos. Há um problema, proposto como hipótese, formula-se uma solução dedutiva e se realiza experimentos, testes, análises para refutar ou confirmar a hipótese” (DINIZ; SILVA, 2008, p. 11). O método dialético: A respeito da definição do termo, dialética é, para Platão, uma forma de diálogo (perguntar, responder e refutar) e, a partir daí, de confronto de ideias; para Hegel, é uma dinâmica do pensamento que oferta uma tese, uma antítese (que se contrapõe à tese) e uma síntese. E para Marx, a dialética é amparada em uma perspectiva materialista: pensamento e realidade se articulam. De acordo com Diniz e Silva (2008, p. 13-14) O mundo é um conjunto de processos. Nesse caso, as coisas não podem ser analisadas na qualidade de objetos fixos, mas em contínuo movimento. Por outro lado, as coisas não existem isoladas, separadas umas das outras e independentes, mas como uma totalidade. Diante disso, todos os aspectos da realidade material da natureza e da sociedade prendem-se por laços necessários e recíprocos que estão em movimento contínuo de negação entre as partes que o compõem. O movimento de transformação ou desenvolvimento do saber científico opera-se por meio de contradições ou mediante a negação de uma coisa sobre a outra. Essa negação refere-se à transformação das coisas em seus contrários, por isso se diz que a mudança dialética é a negação da negação. Em outras palavras, esse método está sempre atento ao fato de tudo ser dinâmico e, a partir dessa certeza, buscar solução de forma sistêmica e contínua. De acordo com o método dialético, as coisas não mudam de forma quantitativa. Dessa forma, reconhecer que “a realidade é movimento e vice-versa, e o movimento sendo universal assume as formas quantitativa e qualitativa interligadas entre si e que se transformam uma na outra é um princípio da dialética marxista” (LAKATOS; MARCONI, 2000, p. 83). O P A P E L D A U N I V E R S I D A D E P A R A A M A N U T E N Ç Ã O D A S C I Ê N C I A S E O P A P E L D O D I S C E N T E A Universidade é o polo aglomerador das Ciências. É ela quem, por meio de suas funções básicas (ensino, pesquisa e extensão), possibilita o avanço do pensamento científico e age, decisivamente, em nossas vidas. Cada vez mais há profissionais de alto nível – com formação acadêmica que envolve especialização, mestrado, doutorado, sem contar os inúmeros cursos e formação contínua –, prestando contribuições decisivas não apenas para as comunidades através de suas necessidades básicas, como saúde, educação, segurança, esportes, assistência técnica, atividades agrícolas e pecuárias, esportes, tecnologia etc, mas também auxiliando, decisivamente, em questões que assolam o globo. As Instituições de Ensino Superior (IES) têm importância vital em nossa vida. São agentes basilares de criação e disseminação de novos conhecimentos e novas tecnologias. Ademais, a educação superior é componente de inclusão social no Brasil, pois tanto a instituição quanto os professores investem tempo, recurso financeiro e foco na educação com o intuito de alcançar uma melhor condição de vida e ampliar suas chances de entrada no mercado de trabalho, além, obviamente, de alavancar a inclusão, sobretudo de minorias. Luckesi (1985) afirma que o conhecimento científico permite que lidemos, com menor risco e perigo, com os acontecimentos relacionados a variados aspectos. E, de acordo com Bridi (2010, p. 350) “a formação científica para os estudantes de graduação vem sendo reassumida pelas boas universidades do mundo todo”. Nessa esteira, ela cumpre importante papel referente à formação moral e intelectual dos discentes. Queluz (2003) reforça essa questão, afirmando que as instituições de ensino, a partir de suas múltiplas abordagens, desenvolvem um papel que engloba a formação profissional, cultural e social dos alunos. Para esse crítico, a universidade deve focar na formação de um profissional que dê conta de se equilibrar nas variáveis da sociedade, isto é, deve ser capaz de lidar com pessoas, máquinas, objetos e o meio-ambiente de um modo geral. Para isso, o aluno deve ser estimulado a novos conhecimentos, incluindo a possibilidade de renovar aqueles que já possui. Por isso articular pesquisa e ensino durante a formação é capaz de contribuir no desenvolvimento das habilidades, além de investigar os possíveis problemas existentes na área de atuação. No entanto, não é incomum que o discente se sinta receoso para ingressar no campo da pesquisa: há dúvidas que se referem ao tema, à execução, ao método a ser escolhido etc. Cabe ao docente sanar essas dúvidas e incluir os alunos na etapa referente ao início da pesquisa científica. Ademais, A única maneira de aprender a pesquisar é fazendo uma pesquisa. Outros meios, porém podem ajudar. Exemplos concretos de história do êxito e fracasso, frustrações e satisfações, dúvidas e confusões, que formam parte do processo de pesquisa, produzem uma impressão bastante diferente daquela que surge da leitura de um relatório final de pesquisa. As destrezas para resolver dificuldades rotineiras – tais como procurar bibliografia relevante ao problema pesquisado, transformar uma ideia em um problema de pesquisa, escrever um projeto e relatório final. A experiência lhe permitirá enfrentar as dificuldades e obter produtos adequados (RICHARDSON et al., 1995, p. 15). De acordo com Reis Filho et al. (2010, p. 273) “a exposição à educação científica durante a faculdade pode afetar o perfil do estudante, e a experiência na pesquisa pode estar associada com um melhor desempenho profissional”. Além disso, a pesquisa científica capacita mais profundamente os futuros profissionais para lidarem com o ato de operar ou adequar ambientes que precisam de mudanças ou adaptações. Dessa forma, muito mais do que um tipo de atividade exigida, a pesquisa científica contribui para o crescimento pessoal e profissional do discente.Chegamos ao final deste rápido percurso pelo campo da ciência. Muito mais do que pôr em relevo uma determinada área científica ou privilegiar algumas das mais importantes descobertas realizadas pelo homem ao longo da roda da história, este capítulo teve como intuito nivelar a validade de todas as ciências para o bom funcionamento de uma sociedade – e de uma humanidade – saudável, e tratou de comentar, por meio dos métodos científicos elencados, como se faz ciência. Orbitando em torno desses métodos, outras questões, tais como possíveis classificações das ciências, maneiras de abordagens e fontes apareceram para compor o quadro. Que uma questão fique clara: a interdisciplinaridade é fundamental para se pensar e fazer ciência, sobretudo na época em que vivemos. Todos nós, que estamos no ensino superior, lidamos, mesmo que indiretamente, com inúmeras pesquisas científicas. A Universidade, como foi pontuado, possui um papel de suma importância para os rumos da Ciência. Cunha Neto e Castro (2017, p. 82-83) trazem uma visão mais ampla acerca dessa questão: “o que nos motiva pesquisar algo advém das experiências de vida, sejam pessoais e/ou profissionais, do contexto sociopolítico e econômico vivenciado e das lacunas existentes nas investigações científicas”. Isso quer dizer que muito mais do que memorizar conteúdo, o discente, ao ingressar no campo de pesquisa, obtém informações para a criação de novos conhecimentos ao mesmo tempo em que se torna participativo na tarefa de transformar a realidade. TECNOLOGIA TECNOLOGIA Unidade 2 Prezado(a) estudante, neste capítulo, nossa proposta é apresentar conceitos basilares sobre tecnologia e, logo de início, queremos propor a você a análise de um caso. Vamos lá? Alguns meses atrás, eu e outro professor fomos convidados para fazer parte de um programa de visita, durante uma semana, para alguns polos do EaD. Diante do nosso aceite, fomos designados para determinada região do Brasil. E ao consultarmos os lugares que iríamos visitar, por meio dos aplicativos de mapas e similares, identificamos que existiam cidades muito distantes umas das outras em nosso itinerário. Algumas com mais de 3 horas de carro entre elas. Conseguimos, ainda, verificar, por meio dos aplicativos, que as estradas não eram das melhores e antever o tempo de deslocamento entre os pontos de visita, hotéis, postos de combustíveis e restaurantes e previsão do tempo. Fomos de avião até o ponto de início de nossa jornada e, depois, prosseguimos de carro. Tudo estava correndo bem, quando, no terceiro dia, em um determinado local do trajeto, perdemos todo sinal de celular e de GPS. Isto é, começamos a nos locomover pelas estradas no “escuro”. Acabamos por entrar numa estrada de terra, onde avançamos por 30 minutos sem nenhum tipo de construção, poste elétrico, simplesmente nada. E então chegamos a um rio com uma lanchonete às margens e ao lado da ponte de madeira que o atravessava. Fomos nos orientar por um método mais antigo: parar nesse local e perguntar. Aos arredores, não havia poste ou nada que apresentasse que ali havia alguma rede elétrica ou mesmo gerador. Ao adentrarmos, havia o som de um rádio tocando uma música internacional. Percebi que o rádio não estava ligado a nenhuma tomada, até pelo fato de não existirem tomadas nas paredes. Não havia geladeiras e o que se vendia ali eram produtos alimentícios, porém industrializados e que não requeriam algum tipo de conservação por meio de refrigeração. Enquanto meu parceiro de viagem iniciava um diálogo com a pessoa que estava no estabelecimento, o proprietário, comecei a olhar para o local e fazer algumas reflexões sobre divergências sociais e infraestrutura tão grandes no nosso País. E então fui interrompido dos meus pensamentos quando o cartaz no interior dizia “refrigerante e cerveja gelada”! Aí pensei: mas como? Se não tem energia, geladeiras. Então, subitamente, interrompi a conversa do parceiro de viagem com aquele senhor e simplesmente pedi dois refrigerantes e enfatizei, “gelados!”. E ele falou: é pra já! E gritou. “Mininu”, vai pegar dois “refri”! Eis que surge, por meio de uma cortina de fiapos de plástico da porta atrás do balcão, um menino só de bermuda, descalço, franzino e de uns 12 anos. Ele sai correndo por uma porta lateral que dava de frente para o rio. Chegando em um tablado no barranco, mergulha no rio e, em menos de 30 segundos, volta à superfície com dois refrigerantes. Ele sobe por uma escadinha ao lado do tablado, volta correndo para o interior do estabelecimento e entrega as garrafas de refrigerante ao senhor, dizendo apenas uma palavra: pronto! E volta pingando água pela mesma porta que viera. O senhor pega dois copos, abre os refrigerantes e nos serve. Eles estavam gelados, não como se estivessem saído de uma geladeira, mas a ponto de matar nossa sede de maneira muito satisfatória. Neste momento, olhando para o dono do estabelecimento, percebo que ele sorri e acena com a cabeça, satisfeito com nossa cara de espanto e tendo certeza da qualidade do produto que ele estava entregando. Ainda envolto em minha reflexão, falei para mim mesmo: como a tecnologia é incrível! E você pode estar ficando inquieto nesse momento e pensando: como assim tecnologia? Não tinha computador, tablet, celular, rede wifi, 3 ou 4G. Não havia instrumentos. Não tinha nem mesmo eletricidade! Como pode ter tecnologia sem eletricidade ou instrumentos? Ou será que esse professor estava falando das tecnologias citadas antes da viagem onde foram acessados dados de mapas, previsão de tempo, locais para abastecimento ou refeição? É certo que novas tecnologias envolvendo o processamento de dados e geração de informações por meios computacionais, o poder de processamento e de meios de comunicação cada vez mais poderosos estão cada dia mais presentes na sociedade e mais rapidamente. Figura 1 - Sistema de Informações Fonte: adaptada de Saes (2021). Pode-se dizer mais do que presente, podemos dizer se envolvendo com ela. Talvez você olhe para ontem, mês passado ou ano passado e diga que nada mudou, ou seja, essa velocidade não é assim tão exponencial. Nesse sentido, Kelly (2017, p. 5) apresenta o seguinte: [...] o telefone levou 75 anos para chegar a 50 milhões de pessoas, a rádio, 38 anos, a televisão, 13, a internet, 4, o iPhone (que completou 10 anos no início de 2017), apenas 3 e, mais recentemente, o Instagram, 2 anos, o Angry Birds, 35 dias e o Pokémon Go, apenas 15 dias. Dependendo de quando você nasceu, não lhe é familiar, ou totalmente estranho palavras como conexão dial-up, fitas VHS, fitas K7, disquetes entre outros. Assim sendo, como poderei ter conhecimento para aplicar corretamente o emprego da palavra tecnologia e de como é a sua participação na sociedade e da sociedade nela? O que tem mudado? Ao olharmos para o termo em si, “tecnologia”, em um conceito mais antigo, é muito simples, não exigindo a existência de energia elétrica, motores, transistores, fios ou como mais conhecemos na atualidade, dispositivos que atendem a comandos de voz ou uma tela responsiva touch screen, ou seja, pode ter ações iniciadas a partir do toque dos dedos, sensível ao toque. Tecnologia é uma mistura, conjunto, reunião, agrupamento, composto ou ainda soma de técnicas que podem ser dominadas pelo homem com determinada finalidade. Para Santos e Emerson (2014, p. 33), em uma definição mais moderna, "Tecnologia pode ser definida como o estudo dos procedimentos técnicos naquilo que eles têm de geral e nas suas relações com o desenvolvimento da civilização". E ainda de que "Tecnologia é também um conjunto de produtos, serviços e processos". Entre tais elementos, levando em consideração essa universalidade do conceito, nas suas atribuições, a tecnologia para um pedagogo terá como premissas técnicas e metodologias de ensino. Para um engenheiro, técnicas sobre sistemas de elaboraçãode projetos e sua execução, e assim por diante, de acordo com cada área do conhecimento ou demanda a ser atendida. A partir dos contextos expostos até aqui, é possível perceber que existe algo que permeia tudo que foi escrito e talvez seja o que mais faz relação com sociedade e as tecnologias: a economia. Essa relação existente entre tecnologia e economia, estabelece conceitos sociais importantes. Trata-se das implicações sobre o uso de informações autorizadas ou não pelos indivíduos, da tecnologia que envolve dados, informações e meios de comunicação, que tem proporcionado o que é atualmente chamado de economia do compartilhamento. Vamos ver um pouco sobre isso a seguir. S H A R E E C O N O M Y O U E C O N O M I A D O C O M P A R T I L H A M E N T O Mais do que um modismo, fase, tendência, propensão, sentido ou orientação, trata-se de um fenômeno no qual a tecnologia e sua comunicação estão permitindo que os recursos, principalmente tangíveis, estruturas móveis e imóveis, sejam utilizados cada vez mais, reduzindo a ociosidade. O termo ociosidade é muito utilizado na engenharia de produção para tratar de processos produtivos. Ociosidade é quando uma máquina, estrutura ou pessoa tem a capacidade de produzir 1.000 unidades de um determinado produto em um certo tempo. No entanto, está produzindo atualmente apenas 500. Nesse caso, pode-se dizer que a ociosidade é de 50%. Nesse contexto, trago um outro exemplo. O que vem à sua cabeça ao ouvir a expressão “vou chamar um uber” ou, ainda, “vou de uber”. De acordo com Spina, Bertassi e Simonette (2018, p. 45) “trata-se de nome atribuído ao sistema cibernético interligado de veículos automotores, que nada mais é que um aplicativo que disponibiliza ao consumidor um sistema de transporte de passageiros em carros particulares”. Esse conceito tem avançado para serviços de hospedagem humana e de animais de estimação, transporte coletivo entre outros. Em grandes centros, existe o compartilhamento de veículos de luxo, aeronaves, embarcações e carros super esportivos. Nesse sentido, percebe-se que a economia de compartilhamento é um modelo econômico definido como uma atividade baseada em peer-to-peer (P2P) de aquisição, fornecimento ou compartilhamento de acesso a bens e serviços que, muitas vezes, é facilitado por uma plataforma on-line baseada na comunidade. A economia compartilhada envolve transações ponto a ponto de curto prazo para compartilhar o uso de ativos e serviços ociosos ou para facilitar a colaboração. No entanto, existem, ainda, algumas incertezas e aspectos que precisam ser melhorados, entre eles podemos destacar: 1) Regulação: indivíduos não licenciados que oferecem serviços de aluguel podem não estar seguindo regulamentos de estado ou pagando os custos associados. Isso pode significar dar a eles uma vantagem que lhes permite cobrar preços mais baixos. 2) Governo: falta de supervisão do governo pode levar a graves abusos de compradores e vendedores na economia compartilhada. 3) Dados: Também existe o temor de que a maior quantidade de informações compartilhadas em uma plataforma on-line possa gerar preconceito racial e/ou de gênero entre os usuários ou, de forma geral, utilização inadequada. Em relação ao item 03, descrito anteriormente, é outro aspecto que tem sido muito discutido nos últimos 10 anos e tem se tornado um desafio para alguns avanços da sociedade. Vamos tratar de alguns aspectos a seguir. C O M P A R T I L H A M E N T O D E D A D O S Se você possui smartphone há mais de 10 anos, talvez não tenha percebido que, no início da onda da instalação de aplicativos para celulares, quando era instalado um novo aplicativo, ele não perguntava se podia ter acesso às suas fotos, e-mails, lista de contatos, localização, informações de outros aplicativos instalados etc. Isso não significa que agora todos pedem autorização de tudo, mas percebe-se que os próprios sistemas operacionais (atualmente conhecidos como Android da Google ou IOS da Apple) têm aumentado a camada de segurança quando algum aplicativo tenta acessar os seus dados, abrindo uma janela e solicitando sua autorização. Contudo, será que isso é suficiente? De forma alguma! Por isso, os governos têm avançado na regulação das organizações em relação ao uso e compartilhamento de suas informações, e os aplicativos para os smartphones estão nessa lista, afinal, por trás de um aplicativo existe uma organização formalizada. No Brasil, a regulamentação do uso de dados se deu recentemente por meio da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, que entrou em vigor em 2020 e trouxe algumas sanções para 2021. A lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural. Você pode acessar a lei por este link, vale a pena ficar por dentro. No entanto, a própria sociedade e governos ainda não sabem como lidar adequadamente e tem desafios relacionados à quando, como, por quanto tempo e quais dados das pessoas podem ser armazenados e compartilhados. De acordo com Spina, Bertassi e Simonette (2018, p. 35), As tecnologias de informação e telecomunicações têm alterado o modo de vida das pessoas e criado novos costumes e facilidades que estão resolvendo muitos dos problemas do dia a dia, mas têm trazido em seu bojo novos problemas como os ligados à segurança das pessoas e negócios, à privacidade, à propriedade intelectual etc. Existe uma variedade de formas de se prejudicar pessoas e empresas, nas quais as formas de prejudicar as pessoas possuem até nomenclaturas próprias de acordo com o interesse do ato criminoso ou o método utilizado. Vamos adentrar um pouco nesse universo. A Kaspersky (2021) é uma empresa tecnológica russa, talvez a maior do mundo no seu setor, especializada na produção de softwares de segurança para a Internet, desde residencial até soluções para empresas. Ela destaca os tipos de ameaças cibernéticas atuais. Segundo Kaspersky (2021), as ameaças enfrentadas pela segurança cibernética são três: Então, como os atores maliciosos obtêm controle dos sistemas de computador? Aqui estão alguns métodos comuns usados para ameaçar a segurança cibernética: M A L W A R E Malware significa software malicioso. Uma das ameaças cibernéticas mais comuns, o malware é um software que um cibercriminoso ou hacker criou para interromper ou danificar o computador de um usuário legítimo. Muitas vezes espalhado por meio de um anexo de e-mail não solicitado ou download de aparência legítima, o malware pode ser usado por cibercriminosos para ganhar dinheiro ou em ciberataques com motivação política. Existem vários tipos diferentes de malware, incluindo: Vírus: um programa de autorreplicação que se anexa para limpar um arquivo e se espalha por todo o sistema do computador, infectando arquivos com código malicioso. Trojans: um tipo de malware disfarçado de software legítimo. Os cibercriminosos enganam os usuários para que carreguem cavalos de Tróia em seus computadores, causando danos ou coletando dados. Spyware: um programa que registra secretamente o que um usuário faz, para que os cibercriminosos possam fazer uso dessas informações. Por exemplo, o spyware pode capturar detalhes do cartão de crédito. Ransomware: malware que bloqueia os arquivos e dados de um usuário, com a ameaça de apagá-los, a menos que um resgate seja pago. Adware: software de publicidade que pode ser usado para espalhar malware. Botnets: redes de computadores infectados por malware que os cibercriminosos usam para realizar tarefas on-line sem a permissão do usuário. I N J E Ç Ã O S Q L Uma injeção SQL (consulta de linguagem estruturada) é um tipo de ataque cibernéticousado para controlar e roubar dados de um banco de dados. Os cibercriminosos exploram vulnerabilidades em aplicativos baseados em dados para inserir código malicioso em um banco de dados por meio de uma instrução SQL maliciosa. Isso lhes dá acesso às informações confidenciais contidas no banco de dados. P H I S H I N G Phishing é quando os cibercriminosos redirecionam as vítimas com e-mails que parecem ser de uma empresa legítima solicitando informações confidenciais. Os ataques de phishing costumam ser usados para induzir as pessoas a entregar dados de cartão de crédito e outras informações pessoais. A T A Q U E M A N - I N - T H E - M I D D L E Um ataque man-in-the-middle é um tipo de ameaça cibernética em que um criminoso cibernético intercepta a comunicação entre dois indivíduos para roubar dados. Por exemplo, em uma rede WiFi insegura, um invasor pode interceptar os dados que estão sendo transmitidos do dispositivo da vítima e da rede. A T A Q U E D E N E G A Ç Ã O D E S E R V I Ç O Um ataque de negação de serviço ocorre quando os cibercriminosos impedem que um sistema de computador atenda a solicitações legítimas, sobrecarregando as redes e os servidores com tráfego. Isso torna o sistema inutilizável, impedindo uma organização de realizar funções vitais. Geralmente isso é efetuado com um “exército” de dispositivos com acesso a internet, chamados zumbis. É quando um invasor detém poderes sobre seu equipamento para fazer algumas atividades, e os donos desses dispositivos nem têm conhecimento que isso está ocorrendo. Esse tipo de ataque pode ser, inclusive, monitorado por esse link. Ú L T I M A S A M E A Ç A S C I B E R N É T I C A S Quais são as ameaças cibernéticas mais recentes contra as quais indivíduos e organizações precisam se proteger? Aqui estão algumas das ameaças cibernéticas mais recentes relatadas pelos governos do Reino Unido, dos EUA e da Austrália. headset D Ê O P L A Y E O U Ç A O P O D C A S T : E N G E N H A R I A S O C I A L No entanto, o compartilhamento de dados pode ser utilizado para o bem. Veja, por exemplo, o conceito de cidades inteligentes. Você pode achar que elas são construídas com todos seus detalhes e depois povoadas. Não é assim que funciona. As cidades inteligentes são construídas com as pessoas e as informações que elas fornecem sobre mobilidade, saúde, consumo, destinação dos dejetos entre muitos outros, assim vão decidir sua estrutura e as soluções para tornar a convivência social mais agradável para todos. Se quiser saber um pouco mais sobre as cidades inteligentes e o uso de informações para melhorar a vida da sociedade, convido você a assistir este vídeo. Chegamos ao final desta jornada. E veja que jornada foi a nossa! Começamos de um lugar onde estávamos cercados de tecnologias da informação e digitais, para um ambiente em que nem energia elétrica existia, mas isso não deixou que a tecnologia nos acompanhasse. Depois, partimos para dois grandes elementos que estão entrelaçados com a sociedade atual, proporcionada pela tecnologia da informação, a economia de compartilhamento e os seus agentes econômicos com novos desafios sobre uso das informações. E como pôde perceber, além dos benefícios para a sociedade, existe o lado criminoso. Vale dizer que não tinha a pretensão de esgotar esses assuntos com esse texto que estou encerrando, mas sim de trazer um pequeno ponto de luz para que você tenha um melhor entendimento de como a sociedade e a tecnologia estão entrelaçadas. Nossa biblioteca digital possui muitos conteúdos interessantes sobre o que tratamos aqui hoje e você pode se aprofundar ainda mais, caso esse seja o seu desejo. Recomendo! O HOMEM E SUA RELAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE PROPRIAMENTE DITO O HOMEM E SUA RELAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE PROPRIAMENTE DITO Unidade 3 Dentre os seres que habitam nosso planeta, o ser humano, definitivamente, caracteriza- se pela capacidade de alteração do meio que vive e habita, alterando as características do ambiente que o cerca, desde os primórdios da história da humanidade. Contudo, essa impressionante capacidade de realizar alterações advém de características evolutivas do homem (telencéfalo desenvolvido e polegares opositores), além de características e hábitos histórico-sociais (capacidade de viver em grupo e o hábito exploratório para obtenção de insumos e recursos), cujos impactos e problemáticas demoram a ser “percebidos” e mitigados. Atualmente, a preocupação com o meio ambiente, mais especificamente com a degradação e esgotamento dos recursos naturais, tem ganhado cada vez mais espaço e relevância na mídia, nas discussões acadêmicas, na elaboração de legislações e no cotidiano de cada indivíduo. Logo, nunca foi tão essencial discutir e repensar nossas ações no que tange a sustentabilidade, em seu significado mais literal, para que assim seja possível desenvolver um posicionamento crítico e coerente acerca dessa temática tão relevante. Imagino que, ao assistir o vídeo, você provavelmente se sentiu inquietado(a), incomodado(a), e se pegou refletindo sobre seus atos. A agilidade de informações e o turbilhão de conceitos que são articulados nos direciona aos seguintes questionamentos: o que, de fato, é o meio ambiente? O que caracteriza um impacto? Até onde se estendem as influências do homem sobre o meio ambiente natural? E quais serão as consequências dessas ações e impactos? Você consegue imaginar como será a situação do planeta e dos recursos naturais em um futuro próximo? Para responder a todos esses questionamentos, iniciaremos nossas reflexões buscando conceituar meio ambiente e inúmeros outros termos que são imprescindíveis para o exercício da cidadania e para a vida em sociedade. Ainda, iremos compreender, em um contexto histórico, como se deram as relações do meio com o desenvolvimento tecnológico, econômico e, em especial, com a saúde humana. M E I O A M B I E N T E E N Q U A N T O C O N C E I T O E A S D E L I M I T A Ç Õ E S “ E S P A C I A I S ” Antes de iniciarmos nossas reflexões sobre o meio ambiente e suas relações com a sociedade na contemporaneidade, torna-se necessário compreender o conceito de meio ambiente devido à urgência da temática em um panorama mundial. Cabe destacar que as definições atuais acerca do meio ambiente são resultado de uma série de estudos, reflexões e eventos históricos sobre esse tema, que foram fundamentais para a compreensão deste conceito em sua totalidade. As preocupações com o ambiente tomaram proporções internacionais em 1960, atingindo seu ápice na década seguinte, com o relatório e marco histórico intitulado: Os limites do crescimento (The limits to Growth), divulgados pelos intelectuais e empresários que faziam parte do Clube de Roma. Conforme Salheb et al. (2009), o relatório buscava a limitação do desenvolvimento econômico baseado na extração de recursos naturais, porém, para os países em desenvolvimento, como o Brasil, as sugestões do relatório não foram convenientes, uma vez que limitava a exploração de recursos, “desacelerando”, consequentemente, o desenvolvimento financeiro das nações, pois todos os processos até esse ponto advinham da manufatura e de reflexos da revolução industrial. Uma das principais contribuições deste relatório girou em torno do despertar da consciência ambiental, uma vez que, em sua conclusão, foram apresentados inúmeros indícios de que em uma projeção fictícia se fossem mantidos os níveis de industrialização, poluição e exploração de recursos, o limite de desenvolvimento do planeta seria atingido em até 100 anos. Entretanto, apesar das discussões e controvérsias envolvendo o conceito de meio ambiente, este somente foi disposto em nosso país no art. 3º, I, da Lei nº. 6.938/81, que discorre acerca da Política Nacional do Meio Ambiente, definindo meio ambiente como: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Contudo, analisando esse conceito, é comum nos remetermos apenas a ambientes naturais, paisagens, ecossistemas isolados e outros meios de obtenção de recursos naturais que sejam possíveis. Apesar de correto, o conceito apresentado deve ser mais abrangente, englobando ambientes “naturais” oriundos da intervenção antrópica, conforme postulado por Silva (2004), o qual compreende: [...] a natureza, o artificial e o original, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico (SILVA, 2004, p. 20). Note que passamos a considerar as alterações estruturais realizadas no meio ambiente como parte de sua composição, o que faz com que esse conceito se aproxime de uma percepção mais coerente. Contudo, a Constituição Federal, de 5 de Outubro de 1988, alterou o conceito até então utilizado, conforme pode ser observado na Tabela 1, passando a incluir uma vertente relacionada à prática laboral e ao advento dos direitos trabalhistas expressivos neste mesmo período. Neste momento de sua leitura, note que, a partir da constituição, passamos, enquanto sociedade, a considerar os diferentes aspectos, e não só aqueles relacionados à obtenção de insumos, matéria e energia, ao que se compreende enquanto meio ambiente. Logo, o valor que se dá ao meio, não só enquanto habitat ou nicho ecológico de atuação, é o que recai sobre a sociedade em termos de responsabilidade quanto à preservação, conservação e utilização consciente. Passamos a inferir e compreender que dependemos diretamente do meio ambiente, uma vez que tudo o que nos cerca é considerado parte fundamental e componente do meio. Assim, toda e qualquer forma/componente/aspecto do ambiente está diretamente relacionada com o bem-estar da população e com o desenvolvimento social, portanto, uma falência ambiental resultaria em sérias consequências para a saúde e ao bem-estar da população. Por fim, caro(a) aluno(a), aqui cabe destacarmos e nos apropriarmos de uma convergência com as leis da física, em especial com a terceira lei de Newton, a Lei da Ação e Reação. Claro que, nesse ponto da leitura, iremos desconsiderar os cálculos matemáticos, e sim, internalizar que toda e qualquer ação sobre o meio ambiente irá resultar em um impacto de mesma intensidade e proporção, só que em nossa aplicação ao meio ambiente, o sentido oposto descrito pela lei newtoniana é contrário à saúde e ao bem-estar do ser humano. Assim, toda e qualquer modificação que realizarmos resulta em uma alteração ou impacto das mais variadas formas e amplitudes, nos direcionando à seguinte conclusão: nossa capacidade de influenciar e modificar o meio é que deve ser repensada! Uma vez que conceituamos meio ambiente, vamos caminhar em nossas reflexões respondendo aos demais questionamentos inicialmente levantados. H O M O S A P I E N S S A P I E N S , O M A I O R A G E N T E D E T R A N S F O R M A Ç Ã O A M B I E N T A L Dentre as espécies presentes no planeta Terra, os seres humanos (Homo sapiens sapiens) se destacam em função de sua capacidade de transformação do ambiente. Tal fato não significa que as demais espécies aqui presentes não sejam providas de intelecto e que não sejam capazes de realizar alterações no ambiente e em seus habitats, porém, o ser humano, em uma perspectiva evolutiva, apresentou características e habilidades que favoreceram seu pleno desenvolvimento e sua capacidade de adaptação. Para Ninis e Bilibio (2012), a separação da condição animal do homem ocorreu em função da interação de fatores, como o domínio do fogo, aquisição da linguagem, a formação de sociedades e o advento da agricultura, dentre outras capacidades da espécie humana. Entretanto, independentemente da razão, ainda de acordo com os autores, o ser humano apresenta certas características que os tornam únicos em um sistema natural, sendo elas: crenças, consciência da própria morte; razão; moral; domínio tecnológico apurado; capacidade de aprendizagem; adaptabilidade; cultura e sociedade; e, em especial, a capacidade de alteração ou modificação do meio em que vive. Seria de grande pretensão listar todos os fatos, acontecimentos e passos evolutivos que garantiram ou possibilitaram o sucesso do ser humano até os dias atuais, entretanto, minha intenção aqui é ressaltar que, independentemente do acontecimento ou passo evolutivo, a capacidade de análise do ambiente a sua volta, sua capacidade de modificá- lo e sua dinâmica com ele é que promoveu tal passo. Em face dessa capacidade, a dinâmica do homem com o ambiente foi sendo constantemente alterada. Os meios naturais que já possuíam dinâmicas próprias, inerentes à influência do homem, caracterizadas principalmente por meio do fluxo de energia e matéria entre seus elementos constituintes, como, por exemplo, o ciclo da água, passaram a ser substituídos por ambientes artificiais, voltadas à produção em ampla escala de bens e serviços (CORTEZ; ORTIGOZA, 2009). Findada uma explicação inicial e não extensiva sobre a capacidade do ser humano de alterar o meio ambiente, torna-se essencial discorrer sobre os impactos e modificações sobre uma perspectiva ambiental. É fato que, historicamente, as ações antrópicas foram responsáveis por inúmeras modificações ambientais e tais alterações apresentaram diversas vertentes positivas e negativas, um exemplo notório desta afirmação é representado pela Revolução Industrial, período no qual houve intensa exploração de recursos naturais e, consequentemente, elevada geração de resíduos persistentes; em contrapartida, o mesmo período proporcionou amplo desenvolvimento de novas tecnologias e vasto conhecimento sobre processos produtivos, bens e serviços que influenciaram na melhoria da qualidade de vida da população no período. Incontáveis estudos apontam que as modificações ambientais de origem antrópica vêm alterando significativamente os ecossistemas naturais, consumindo recursos desenfreadamente e causando alterações responsáveis pela diminuição da qualidade de vida da população. Aliás, caro(a) aluno(a), arriscaria a inferir que grande parte da produção científica de nosso país, nas mais diversas áreas do conhecimento, são voltadas ao desenvolvimento de tecnologias e/ou técnicas relacionadas à diminuição de impactos, prevenção e a recuperação ambiental. Tal afirmação nos remete à necessidade de distinguir tais conceitos. Para Verazsto et al. (2008), existe certa dificuldade em estabelecer uma definição concreta para o termo "tecnologia", uma vez que, historicamente, diferentes interpretações ou considerações podem ser realizadas ou atreladas a este conceito. Contudo, tais autores postulam: [...] torna-se notório conhecer que as palavras técnica e tecnologia tem origem comum na palavra grega techné que consistia muito mais em se alterar o mundo de forma prática do que compreendê-lo. [...] Na técnica, a questão principal é do como transformar, como modificar. O significado original do termo techné tem sua origem a partir de uma das variáveis de um verbo que significa fabricar, produzir, construir, dar à luz, o verbo teuchô ou tictein, cujo sentido vem de Homero; e teuchos significa ferramenta, instrumento. [...] A palavra tecnologia provém de uma junção do termo tecno, do grego techné, que é saber fazer, e logia, do grego logus, razão. Portanto, tecnologia é a razão do saber fazer [...]. Em outras palavras o estudo da técnica. O estudo da própria atividade de modificar, do transformar, do agir (VERAZSTO et al., 2008, p. 62). Logo, o desenvolvimento de técnicas e tecnologias para otimização de quaisquer processos produtivos, apesar de necessários para o atendimento das demandas populacionais cada vez mais crescentes, tomaram vias contrárias ao equilíbrio e manutenção ambiental.Diversos autores indicam que a crise ambiental da modernidade é oriunda de um modelo societário pautado em metodologias desenvolvimentistas e com visão exclusiva ao progresso científico e tecnológico, resultando, assim, em uma sociedade extremamente consumista e utilitarista que atrela a degradação ambiental apenas a uma mínima consequência de seus processos (CAPRA, 2012; LEFF, 2010). O D E S E N V O L V I M E N T O E A C U R V A A M B I E N T A L D E S I M O N K U Z N E T S Ainda, sobre essa linha de raciocínio, para Sampaio e colaboradores (2013), o estabelecimento do sistema capitalista, no qual vivemos, consolida-se por meio da degradação ambiental, e é baseado em teorias neoclássicas que buscam legitimar cientificamente a convicção de que o crescimento econômico e tecnológico é capaz de solucionar problemas de degradação ambiental com o passar do tempo. A teoria econômica que melhor embasa esse pensamento é a chamada Curva Ambiental de Kuznets, que estabelece uma relação direta entre a distribuição individual de renda e a degradação ambiental. Por meio de dados de crescimento e distribuição de renda dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, o autor Simon Kuznets formulou uma curva em “U invertido”, que, teoricamente, indica que a distribuição individual da renda tende a ser pior nos primeiros estágios do desenvolvimento econômico, mas fatores como alterações na composição da produção e do consumo, aumento do nível educacional e da conscientização relacionada às questões ambientais, bem como sistemas políticos mais abertos, em teoria, a partir de determinado ponto, resultam em tendências favoráveis, proporcionando um crescimento da renda per capita, ou seja, melhor distribuição de renda e, consequentemente, um consumo mais racional dos recursos naturais. Figura 1 - Curva de Kuznets / Fonte: o autor. Isto é, ao observarmos a curva, podemos notar que a porção ascendente se refere ao progresso natural do desenvolvimento econômico, transitando de uma economia agrária “limpa” para uma economia industrial “poluída” e para uma economia de produtos e serviços “limpos” (ARROW et al., 1996); enquanto a porção descendente corresponde aos mecanismo das economias desenvolvidas exportarem processos de produção intensivos em poluição para economias menos desenvolvidas, ao passo que a consciência ambiental da nação se aproxima de uma harmonia, considerando os indicadores econômicos e educacionais. Harmonia essa que reside na exploração do meio natural entre as gerações presentes e futuras, garantindo a manutenção de um padrão tecnológico que respeite os limites da sustentabilidade ecológica e ecossistêmica, tanto em relação ao uso racional dos recursos naturais, como também quanto aos efeitos ambientais gerados por esses processos. headset D Ê O P L A Y E O U Ç A O P O D C A S T : C E N Á R I O A T U A L D O S R E C U R S O S N A T U R A I S N O B R A S I L . M E I O A M B I E N T E , S A Ú D E E S U S T E N T A B I L I D A D E Continuamos nossa jornada, estabelecendo uma relação entre saúde e o meio ambiente, pois compreendemos que o meio ambiente contempla tudo o que nos cerca, sendo inegável essa intersecção com a saúde coletiva. Nesse contexto, a influência do meio ocorre de forma positiva ou negativa, ao passo em que estabelece e proporciona condições favoráveis para plena realização de atividades humanas, e também contribui para a propagação e o agravo de doenças relacionadas a algumas variáveis específicas, resultando em baixas populacionais ou aniquilação de grupos específicos. Os processos de produção e de desenvolvimento social/econômico contribuem para a existência de situações de risco voltadas à saúde das populações, alterando os índices de morbimortalidade via presença ou acúmulo de elementos xenobióticos ou agentes biológicos de doenças. Para Calijuri et al. (2009), a dinâmica entre saúde-ambiente é caracterizada pela pluralidade dos fatores que a compõem, sendo eles de ordem: Política, econômica, social, cultural, psicológica, genética, biológica, física e química. Portanto, é evidente que as alterações antrópicas realizadas sobre o meio resultaram em consequências para o meio ambiente e para a saúde humana, sendo que, atualmente, é quase impossível mensurarmos, sem o auxílio de modelos de potencialidade subjetiva oriundos de outras áreas do conhecimento, os danos ambientais que causaram reflexos à saúde da população. A avaliação destes efeitos requer uma abordagem multidisciplinar dos profissionais de saúde, cientistas sociais, biólogos, físicos, químicos, epidemiologistas, estatísticos, dentre outros, com o intuito de analisar as relações entre os sistemas sociais, econômicos, biológicos, ecológicos, físicos e suas relações com as alterações ambientais (McMICHEL et al., 2006). Contudo, mediante a essa dificuldade e a complexidade operacional, houve a necessidade do desenvolvimento de práticas e legislações voltadas à manutenção da saúde do meio ambiente e, consequentemente, da saúde humana, sobretudo, em uma perspectiva histórica na qual nosso país somente pode contar com uma política de higiene pública em 1851. Conforme Silva (2002), a Junta Central da Higiene Pública, criada em 1851, seria responsável pela organização e pelo exercício da política sanitária em terra, monitorando todos os espaços potencialmente perigosos da cidade do Rio de Janeiro. Nos relatórios da Junta eram citados o estado de insalubridade em que se encontrava a cidade, sendo as causas mais comuns: Note que as problemáticas do período perduram até os dias de hoje! Tal passagem reforça a ideia de que fatores sociais, econômicos e ambientais possuem uma relação direta com a qualidade de vida da população, sendo possível inferirmos que estes fatores são inversamente proporcionais. Como forma de solucionar este problema, surgiu um segmento específico para compreender e atender essa crescente demanda. Em uma perspectiva mais atual, observa-se uma política ambiental mais madura e desenvolvida, que se articula em diferentes níveis hierárquicos quanto às esferas de poder estatal e suas atribuições, conforme da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938), que busca recuperar e melhorar a qualidade ambiental mediante às ações do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), que regula os órgãos públicos das três esferas, conforme representado pela figura a seguir: Saiba Mais Para saber mais sobre cada órgão público, acesse: MMA CONAMA IBAMA Entretanto, caro(a) aluno(a), não é a intenção esgotar a trajetória do desenvolvimento das políticas relacionadas à saúde pública e à saúde ambiental; na realidade, não seria possível listar todas as mudanças e fatos sem deixar de lado inúmeros acontecimentos pertinentes, porém, o que se torna essencial nesse momento é compreender a necessidade de um segmento voltado aos cuidados com a saúde do meio ambiente. A Saúde Pública, em sua totalidade, compreende uma série de subáreas do conhecimento que lhe proporcionam uma vasta e abrangente diversidade. E apesar da ênfase relativa às diferentes subáreas, elas apresentam variações históricas influenciadas por momentos políticos e localidade geográfica (RIBEIRO, 2004), contudo somente na segunda metade do século XX estas questões foram contempladas com uma subárea específica, denominada Saúde Ambiental. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde ambiental é a parte da saúde pública que se ocupa das formas de vida, das substâncias e das condições em torno do homem, que podem exercer alguma influência sobre sua saúde e seu bem-estar, sendo esta subárea subsidiada pela promoção à saúde e prevenção a doenças, mediante à utilização de estratégias voltadas à melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente dentre outros fatores que influenciam a saúde da população. Em uma perspectiva nacional, o Ministério da Saúde (1999) conceitua Saúde Ambiental como: Campode atuação da saúde pública que se ocupa das formas de vida, das substâncias e das condições em torno do ser humano, que podem exercer alguma influência sobre a sua saúde e o seu bem-estar. [...] uma área da saúde pública que atua junto ao conhecimento científico e à formulação de políticas públicas relacionadas à interação entre a saúde humana e os fatores do meio ambiente natural e antrópico que a influenciam, com vistas a melhorar a qualidade de vida do ser humano, sob o ponto de vista da sustentabilidade (BRASIL, 1999). Surge, aqui, um espaço para o discurso da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável, que além de compreender, permeia o Estado em relação à utilização do meio ambiente em face de seu desenvolvimento econômico (BUSS et al., 2012), uma vez que é de responsabilidade do Estado a execução de modelos de desenvolvimento nos quais os direitos humanos sejam garantidos; em outras palavras, modelos que sejam condizentes com a condição de vida, na qual a dignidade e capacidade de desenvolvimento das funções humanas sejam respeitados. Tal perspectiva é relevante, pois está intrinsecamente relacionada aos objetivos da Saúde Ambiental. Refletimos, neste primeiro momento, acerca da “linha tênue” e frágil do desenvolvimento em conformidade com as questões ambientais e o atendimento das demandas populacionais e sobre a intensificação dos processos produtivos. A conformidade entre tantas variáveis, ou o que aqui passaremos a denominar de Desenvolvimento Sustentável, que deve ser compreendido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades” (BRUNDTLAND, 1991) definição cunhada em 1987 no Relatório Brundtland da Organização das Nações Unidas, e que reside em uma intersecção, como veremos a seguir. Em outros termos, trata-se do desenvolvimento que se preocupa não apenas com o desenvolver e com o produzir, mas que também contempla as dimensões ambiental e social nesse “tripé” da sustentabilidade ou triple bottom line em algumas bibliografias. A representação do tripé da sustentabilidade pode ser observado a seguir: Você consegue compreender os motivos pelos quais se destinam espaços a discussão acerca da sustentabilidade? Frente a todas as questões até aqui apresentadas, a sustentabilidade deve ser colocada em prática o mais cedo possível, sendo esta difundida e perpetuada nos anos iniciais da educação básica. Esse argumento é importante quando, em especial, se considerarmos que a população mundial está crescendo de forma expressiva e com esse crescimento vem a degradação do meio ambiente. Para termos uma ideia da dimensão daquilo que iremos discutir, a população mundial cresceu quatro vezes no século XX, passando de cerca de 1,5 bilhão, em 1990, para 7 bilhões, em 2011, com projeções de 9 bilhões de habitantes em 2050. Em face dessa realidade, buscar medidas, discutir e difundir conceitos que devem ser entendidos e projetados para a dimensão social, empresarial e organizacional se faz essencial neste momento! Nesse entendimento, iremos discutir e pensar em sustentabilidade! A sustentabilidade e o Desenvolvimento Sustentável, para Stepanyan e colaboradores (2013), têm uma aproximação muito grande em termos de significado e embora sejam muito utilizados em leituras científicas, no setor privado e nos textos de políticas públicas, ainda se nota uma “falta de consenso” entre esses conceitos. Para os mesmos autores, os significados destes termos e a aproximação entre eles variam na literatura em função do número de perspectivas e vinculações a diferentes contextos e campos de atuação. Para Barbosa e colaboradores (2014), mesmo com a ausência de “consenso geral” em relação aos termos, existe uma aceitação coletiva em relação aos significados que, de forma geral, traduzem a busca desse equilíbrio entre as necessidades dos seres humanos e o meio ambiente, e em compreender suas dinâmicas específicas de interação. Feil e Schreiber (2017), versam que outro aspecto interessante sobre os termos é a representação de um ideal positivo e a busca pelo bem-estar humano em longo prazo, por meio da gestão do sistema ambiental humano. Em termos globais, uma das formas de alcançarmos/nos aproximarmos do desenvolvimento sustentável consiste no atendimento dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS). Tais objetivos representam para a sociedade um grande avanço em termos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável e tornam-se imprescindíveis para o trabalho e atuação de todo e qualquer profissional contemporâneo. Em atendimento à necessidade de substituir os objetivos do desenvolvimento do milênio, findados em 2015, de forma prévia, no ano de 2012 foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), no Rio de Janeiro. Como resultado deste evento, foi publicado um documento que recebeu o nome de “O futuro que nós queremos”. Entretanto, em 2015, os então 193 países da Organização das Nações Unidas (ONU) validaram e aderiram ao documento intitulado “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Para Roma (2019, p. 38), neste documento, os países-membros da ONU reconheceram: [...] no documento, os países-membros da ONU reconhecem que “a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável”. Um dos compromissos assumidos na Agenda é o de “não deixar ninguém para trás”, em referência aos mais pobres. Assim, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável estabeleceu 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) com 169 metas a serem alcançadas por todas as nações até a data limite de 2030. São os objetivos propostos por esse documento: Arraste para o lado, navegue pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e clique sobre cada um deles para saber mais. Para alcançar tais objetivos, a agenda propõe 169 metas, interligadas e alinhadas com as dimensões ambiental, econômica, social e institucional, cuja realização se dará nos próximos 15 anos, na incansável busca pela sustentabilidade que seja, sobretudo, consciente e resiliente. Note, caro(a) leitor(a), que em nenhum momento os ODS foram descritos como de natureza legalmente obrigatória, logo, não se tratam de leis, mas sim de objetivos firmados pelos países-membros da ONU que, para serem alcançados, devem ser difundidos e disseminados em forma de políticas voluntárias locais, possibilitando, assim, forma de alcançá-las. Não havendo punições ou sanções a serem administradas caso os objetivos não sejam de fato alcançados. É inegável o esforço dos diferentes segmentos sociais para difundir e criar cultura em relação a práticas que auxiliem na consolidação dos ODS, assim como existe uma vertente de estudos relacionada à sustentabilidade organizacional, a nível de produção propriamente dita. Entretanto, o exercício da cidadania também consiste em versar e atuar individualmente na proteção/uso consciente dos recursos naturais e do meio ambiente. Nesse sentido, que tal colocá-la em prática verificando como está a sua pegada ecológica? Para isso, basta acessar o link a seguir www.pegadaecologica.org.br e inserir suas informações na ferramenta que se propõe a ser um elemento de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais, permitindo comparar diferentes padrões de consumo e verificar se eles estão dentro da capacidade ecológica do planeta. Vamos lá? SITE Unidade 4 Olá, estudante! Na jornada que fizemos até o momento neste material, você teve acesso a discussões de temáticas transversais que são muito importantes em nossa sociedade. Elas podem funcionar como casos sociais que permeiam nossa vivência em sociedade, por isso, independentemente da área deformação e futura área de atuação, é preciso ter conhecimentos a respeito. Pensando dessa forma, consideremos o exemplo do capítulo que trata sobre tecnologia. Você já parou para pensar como seria sua vida sem energia elétrica? Sem internet, sem smartphone? Como você se sente quando sai de casa e esquece seu telefone celular? Outro ponto basilar nesse universo de tecnologia é que, muitas vezes, envolvidos pelas múltiplas faces da tecnologia, não paramos para pensar como somos vulneráveis diante dela. Assim, é fato que a tecnologia tem seus pontos positivos e negativos; e nessa dicotomia, é importante que tenhamos conhecimentos a respeito. Partindo dessa premissa, um ponto muito positivo da tecnologia é que ela tem proporcionado e facilitado acesso à informação e conhecimento. Talvez os mais jovens não se identifiquem com isso, contudo, há, aproximadamente, duas décadas, ao pensarmos em fazer uma pesquisa rápida sobre determinado assunto, era comum se recorrer a enciclopédias impressas. Tê-las em casa era sinônimo de status. Atualmente, ao precisarmos fazer uma pesquisa rápida sobre determinado assunto, é comum que seja realizada com um ou dois cliques, utilizando-se de um smartphone com acesso à internet. Sobre esse processo de circulação de informação e conhecimento, os diferentes textos, que circulam em diferentes plataformas digitais, são ferramentas imprescindíveis para a construção de diferentes conhecimentos, bem como instrumentos para a reflexão sobre várias temáticas. Nesse sentido, nosso site o levará para um desses caminhos para que possa ter acesso a diferentes textos, sobre diferentes temas e que possibilite a construção de conhecimentos acerca de diferentes temáticas. A C E S S E A Q U I MAPA MENTAL MAPA MENTAL Unidade 5 Olá, estudante! Chegamos à nossa última unidade! Nela, você será ainda mais protagonista do seu processo de formação! Como você já concluiu, FSCE II é uma disciplina diferenciada e, por esse motivo, é composta por diferentes etapas também. Pensado em todo o processo de formação geral que propusemos, é chegado o momento de registros das ideias e do conhecimento construído com o estudo da disciplina. Pensando nisso, façamos a seguinte experiência: Você está estudando determinado conteúdo e está com certa dificuldade em compreendê-lo. Está fazendo uma leitura, mas apresenta dificuldade de concentração. Neste momento, alcança um pedaço de papel e inicia algumas anotações, procura colocar uma ideia central sobre o conteúdo, em seguida, faz um pequeno esquema dando espaço para ramificações com ideias e conceitos secundários, utiliza-se de palavras-chave, cores diferentes entre outros recursos. Após esse exercício, percebe que o conteúdo ficou mais claro, mais organizado para compreensão e, consequentemente, conseguiu ampliar seus conhecimentos. Você sabe por qual motivo isso ocorreu? Ao fazer esse exercício, está fazendo um mapa mental, com essa prática, é possível trabalhar o lado racional e o lado criativo do cérebro, permitindo a construção de um conhecimento sistematizado. De acordo com Keidan (2013, p. 1): Mapas mentais são formas de registrar informações. Segundo Buzan (1996), o criador desta técnica conhecida no inglês como Mind Maps, são ferramentas de pensamento que permitem refletir exteriormente o que se passa na mente. É uma forma de organizar os pensamentos e utilizar ao máximo as capacidades mentais. A técnica permite fazer um resumo de conteúdos considerando palavras e/ou conceitos- chave acerca do conteúdo estudado, desenvolvendo habilidades como síntese, comparações e organização de informações. Diante disso, nesta unidade, você terá a oportunidade de criar seu próprio mapa mental, organograma ou outra ferramenta parecida que te permita imergir e refletir sobre o conteúdo da disciplina, organizando-o de forma que seja mais bem compreendido e apreendido. Você pode desenvolver seu mapa mental, por meio dos seguintes sites: Goconqr Lucidchart Coggle Bons estudos! R E F E R Ê N C I A KEIDAN, G. Utilização de Mapas Mentais na Inclusão Digital. Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul, Ijuí, RS. II Encontro de Educomunicação da Região Sul. Ijuí/RS, 27 e 28 de junho de 2013. Ijuí-RS, 2013.
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