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Aula 01 - Fontes e Princípios do Direito Penal

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Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
INTRODUAÇÃO AO ESTUDO DO 
DIREITO PENAL 
 
CONTEÚDO 
Fontes e Princípios do Direito 
Penal 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 2 
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Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 Evolução histórica ----------------------------------------------------------------------------------------- 4 
3 Conceito ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 6 
4 Fontes do Direito Penal ---------------------------------------------------------------------------------- 7 
4.1 Fontes materiais ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 7 
4.2 Fontes formais ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 8 
4.3 Fontes formais a luz da doutrina moderna --------------------------------------------------------------------- 11 
5 Intepretação Analógica vs. Analogia --------------------------------------------------------------- 13 
5.1 Interpretação Extensiva e Interpretação Analógica ---------------------------------------------------------- 15 
6 Princípios gerais do direito ----------------------------------------------------------------------------- 16 
6.1 Princípio da Dignidade Humana ----------------------------------------------------------------------------------- 17 
6.2 Princípio da Legalidade ----------------------------------------------------------------------------------------------- 18 
6.3 Princípio da Reserva Legal ------------------------------------------------------------------------------------------- 19 
6.4 Princípio da Irretroatividade da Lei Penal ----------------------------------------------------------------------- 21 
6.5 Princípio da Individualização da Pena ---------------------------------------------------------------------------- 22 
6.6 Princípio da Intranscendência da Pena -------------------------------------------------------------------------- 23 
6.7 Princípio da Humanidade -------------------------------------------------------------------------------------------- 24 
6.8 Princípio da Insignificância ou Bagatela ------------------------------------------------------------------------- 24 
6.9 Princípio do Non Bis In Idem ---------------------------------------------------------------------------------------- 25 
6.10 Princípio da Adequação Social ------------------------------------------------------------------------------------- 26 
7 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 26 
8 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 27 
 
 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 4 
1 Introdução 
O crime remonta as épocas mais remotas e antigas da sociedade, pois, o conflito está 
presente no mundo desde que as primeiras civilizações se formaram. Inclusive, o 
primeiro homicídio que se tem notícia é registrado nos textos sagrados da bíblia, do 
qual foram protagonistas Caim e Abel, os filhos de Adão e Eva. O ato descrito no livro 
de Gênesis apresenta como Caim, movido pela inveja e pelo ciúme, mata seu irmão 
Abel e, é banido do solo, sendo sentenciado a errância eterna. 
 
No entanto, até para aqueles céticos quanto a cultura bíblica, a maioria dos estudiosos 
da história afirmam que, junto com o homem surge o crime, ainda que não fosse 
denominado desta forma antigamente. Para o sociólogo Émile Durkheim o crime pode 
ser entendido como uma espécie de fenômeno social, que mantém aberto o canal de 
transformações que a sociedade precisa. É justamente neste aspecto que despontam 
os primeiros estudos a respeito do direito penal, já é a ciência utilizada para controlar 
e punir o comportamento humano desviante. 
 
Assim, nesta unidade vamos trabalhar os aspectos iniciais a respeito do estudo do 
direito penal, analisando o seu desenvolvimento histórico, as fontes e os princípios 
norteiam o estudo. 
 
2 Evolução histórica 
O estudo do Direito Penal pode ser dividido em vários períodos distintos, que 
culminam no momento atual. Inicialmente, os estudos a respeito da ciência penal 
surgem com a vingança privada, vingança divina e a vingança pública, posterior a isso, 
nasce o período chamado “humanitário”, nos séculos XVII e XVIII com a ascensão da 
burguesia e dos pensamentos iluministas, se encerrando nas escolas penais. 
 
Durante a subsistência dos povos antigos, com a santificação de diversas entidades e, 
até pela própria igreja católica, na Idade Média, com o fomento de seus dogmas, as 
pessoas, por não compreenderem a maioria dos fenômenos naturais que ocorriam na 
época, acreditavam ser punições divinas por algum comportamento contrário aos 
costumes. Nas palavras de Rogério Sanches (2020) “quando membro do grupo social 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Evolução histórica 
www.cenes.com.br | 5 
descumpria regras, ofendendo os "totens", era punido pelo próprio grupo, que temia 
ser retaliado pela divindade. Pautando-se na satisfação divina, a pena era cruel, 
desumana e degradante”. 
 
Assim, conforme destaca Bitencourt (2020) o princípio que prevalece na época é a 
satisfação do Deus ofendido com a conduta criminosa praticada pelo particular. Isto 
é, os responsáveis punem o criminoso com um rigor mais acentuado, pois, o castigo 
deve corresponder a grandeza do Deus ofendido, causando grande sofrimento ao 
indivíduo infrator. 
 
Posteriormente, se confundindo com a fase da vingança divina, surge a vingança 
privada, no qualprevalecia a máxima de quando um indivíduo prejudicasse ou ferisse 
outra pessoa de alguma forma, a punição não seria imposta pelo Estado ou por 
alguma divindade superior, mas sim pela própria pessoa prejudicada e, pelo fato de 
não haver nenhuma regulamentação neste sentido inicialmente, as punições era 
exageradas e cruéis, transgredindo, muitas vezes, a pessoa do condenado, atingindo 
seus familiares, parentes ou amigos próximos. 
 
É justamente inserido nesse contexto que surge o famoso Código de Hamurabi, com 
a Lei do Talião que, nas palavras de Rogério Sanches (2020), embora não se 
distanciasse da finalidade de vingança, representava um avanço para a sociedade. O 
autor destaca que “o Código de Hamurabi, na Babilônia, traz a regra do talião, onde a 
punição passou a ser graduada de forma a se igualar à ofensa. Todavia, esse sistema, 
embora adiantado em relação ao anterior, não evitava penas cruéis e desumanas, 
fazendo distinção entre homens livres e escravos, prevendo maior rigor para os 
últimos, ainda tratados como objetos”. 
 
Em seguida, diante da crescente interferência estatal na vida privada das pessoas, 
nasce a vingança pública. Esse é o período que revela uma maior organização da 
sociedade, de modo que o indivíduo transfere para o Estado, inicialmente 
representado pelos soberanos, a responsabilidade de punir o delinquente, que, em 
muitos casos, era castigado de forma desarrazoada. Assim, foi só a partir do século 
XVIII, diante de várias críticas realizadas por Montesquieu e Beccaria ao sistema penal 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Conceito 
www.cenes.com.br | 6 
vigente na época, que a situação começa a ficar parecida com a nossa realidade atual. 
Através de suas obras, os pensadores buscavam a reforma e a separação dos poderes, 
bem como a proporcionalidade e razoabilidade entre a conduta e a pena imposta ao 
sujeito. 
 
3 Conceito 
Como vimos anteriormente, o direito penal passou por grandes transformações ao 
longo do tempo, assim é possível analisar o conceito apresentado a essa ciência sob 
diferentes aspectos. Na visão de Cleber Masson (2020) o direito penal nada mais é do 
que “o conjunto de princípios e regras destinados a combater o crime e a 
contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal”. 
 
Por outro lado, de acordo com Bitencourt (2020) o direito penal pode ser analisado, 
inicialmente, como um “conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a 
determinação de infrações de natureza penal e suas sanções correspondentes”. No 
entanto, o seu conceito também pode se apresentar como um “conjunto de 
valorações e princípios que orientam a própria aplicação e interpretação das normas 
penais”. 
 
No mesmo sentido, Rogério Sanches (2020) acredita que o direito penal pode ser 
examinado sob os aspectos formal, material e sociológico. O primeiro aspecto 
considera que o direito penal é um “conjunto de normas que qualifica certos 
comportamentos humanos como infrações penais (crimes ou contravenções)”. Em 
contrapartida, segundo o aspecto material, o direito penal está associado a 
comportamentos extremamente reprováveis, que afetam o organismo social e 
prejudicam os bens jurídicos indisponíveis à sua própria conservação. Por fim, sob o 
aspecto sociológico, dizemos que o direito penal “é mais um instrumento de controle 
social de comportamentos desviados” que, tem o intuito de “assegurar a necessária 
disciplina social” e “a convivência harmônica dos membros do grupo”. 
 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Fontes do Direito Penal 
www.cenes.com.br | 7 
4 Fontes do Direito Penal 
Quando é necessário averiguar a procedência de algo, buscamos sua fonte, algo que 
indique sua origem e a forma que se manifesta no cenário em que está inserido. Isso 
não é diferente no estudo do direto penal, pois, é justamente através de suas fontes 
materiais e formais que buscamos a origem da norma, de onde ela provém e como se 
apresenta no meio. 
 
4.1 Fontes materiais 
As fontes materiais, também conhecidas como substanciais ou de produção, são 
representadas pelos próprios órgãos constitucionalmente encarregados de criar, 
elaborar e produzir as normas pertinentes para o direito penal. Assim, dispõe o inciso 
I do art. 22 da Constituição Federal que compete privativamente a União, em regra, 
legislar sobre as normas de direito penal. Inclusive, é justamente sob esse aspecto que 
se revela o princípio da reserva legal, ao passo que, o indivíduo só poderá ser 
responsabilizado por uma conduta tipificada em lei, devidamente aprovada e 
sancionada, respeitando o procedimento legislativo cabível. 
 
 
 
Além disso, com relação as medidas provisórias, ainda que o caput do art. 62 da 
Constituição Federal garanta a possibilidade de que, em caso de relevância e urgência, 
o Presidente da República adote medidas provisórias, com força de lei, submetendo-
as de imediato ao Congresso Nacional, o próprio § 1º do mesmo artigo veda que o 
Presidente edite medidas provisórias sobre a matéria de direito penal, processual 
penal e processual civil. 
 
 
Dessa forma, quer dizer que um prefeito não pode legislar a respeito de matéria 
penal? não! devido ao princípio da reserva legal. Haja vista que isso vai competir 
apenas a União. Logo, só quem pode legislar, são os deputados, senadores, 
porque só o Legislativo pode promulgar normas de Direito Penal. 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Fontes do Direito Penal 
www.cenes.com.br | 8 
Das leis 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá 
adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato 
ao Congresso Nacional. 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
[...] 
b) direito penal, processual penal e processual civil; 
 
Ademais, é pertinente destacar que, embora seja competência exclusiva da União, o 
próprio art. 22 em seu parágrafo único, apresenta uma exceção, propondo que, além 
da União os Estado, por meio de Lei complementar, também poderão legislar sobre 
questões específicas pertinentes ao assunto. Neste aspecto, Rogério Sanches (2020) 
destaca que, se consideram questões específicas para a Magna Carta, somente 
aquelas questões de “interesse local, jamais temas fundamentais do Direito Penal, 
como princípio da legalidade, causas de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, 
configuração do delito”. 
 
Isto é, em suma, as fontes materiais do direito penal são, em um primeiro momento a 
União, por força do art. 22, inciso I da CF, e, em caráter excepcional os Estados, que 
através de Lei complementar, poderão legislar sobre questões específicas pertinentes 
ao assunto, nos termos do parágrafo único do mesmo artigo. 
 
4.2 Fontes formais 
Por outro lado, as fontes formais do direito penal são aquelas que transmitem o 
Direito Penal em si, são os meios pelos quais as normas se revelam. São as chamadas 
fontes de conhecimento ou de cognição e podem ser classificadas em 
imediatas/diretas ou mediatas/indiretas. 
 
Assim, para a doutrina clássica, as únicas fontes formais imediatas são as leis, 
desenvolvidas e propostas pelo Poder Legislativo, nos termos da Constituição Federal, 
ou seja, as fontes formais diretas serão as leis, na verdade, o Código Penal e, em regra, 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Fontes do Direito Penal 
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as leis penais especiais. Inclusive, conforme determina o inciso XXXIX do art. 5º da CF, 
o único instrumento capaz de tipificar crimes ou contravenções penais e cominar 
penas é a Lei. 
 
Dos direitos e deveres individuais e coletivos 
Art. 5º [...] 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal. 
 
Desta forma, considerando que o Direito Penal se revela para a sociedade através das 
fontes formais, dispensando as discussões morais, você só sabe que você sabe que 
matar alguém crime, porque de acordocom o art. 121 do Código Penal, essa conduta 
é considerada ilícita e será punida com reclusão de 06 a 20 anos, se cometido na 
modalidade simples. Outro exemplo disso é o crime de tráfico de drogas, tipificado 
no artigo 33 da Lei 11.343 de 2006. A lei é a mais pura expressão do direito penal, por 
isso, é considerada, a luz da doutrina clássica, como a única fonte formal 
imediata/direta. 
 
Por outro lado, diferente do que ocorre nas fontes imediatas, as fontes formais 
mediatas possuem um caráter residual, ou seja, tudo aquilo que não for considerado 
Lei, como a jurisprudência, os costumes, os princípios, a doutrina, os tratados e as 
convenções internacionais, entre outros, mas que ainda servem como uma fonte para 
o Direito Penal, serão considerados mediatos ou indiretos. 
 
 
 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Fontes do Direito Penal 
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Neste caso, devemos tomar cuidado com duas situações, a primeira é com relação aos 
princípios, pois, ainda que por si só não sejam considerados fontes imediatas do 
direito, nada impede que o legislador crie dispositivos legais baseados em alguns 
princípios, é o que ocorre com o princípio da Legalidade por exemplo, amparado tanto 
pelo art. 5º, XXXIX da Constituição Federal, quanto pelo art. 1º do Código Penal. 
 
O segundo aspecto é com relação aos costumes, ações cotidianas praticadas de forma 
reiterada por indivíduos de uma mesma sociedade, que, assim como os princípios, 
podem influenciar na criação de novos dispositivos legais. Diante da prática reiterada 
de alguma conduta imoral ou que seja punida apenas a título de contravenção penal, 
o legislador poderá entender por bem transformá-la em crime. É o caso do art. 215-A 
do Código Penal que, pelo fato de ter havido várias condutas reiteradas, o legislador 
em setembro de 2018, tipifica como criminosa, a importunação sexual. 
 
Violação sexual mediante fraude 
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o 
objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais 
grave. 
 
Contudo, tenha em mente que, é absolutamente vedado a hipótese do costume 
incriminador, conforme falamos anteriormente, o legislador só poderá criar tipos ou 
contravenções penais através de Lei (princípio da reserva legal). Neste sentido, como 
bem destaca Rogério Sanches (2020) “o costume, na ausência de lei (praeter legem), 
não pode dar vida a novas figuras incriminadoras, embora tenha eficácia em outros 
setores do direito penal, vg., atuando como causa supra legal de exclusão da ilicitude 
ou mesmo da culpabilidade”. 
 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Fontes do Direito Penal 
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Figura 1 – Fontes do Direito Penal segundo a doutrina clássica. 
Fonte: Núcleo Editorial Faculdade Focus 
 
4.3 Fontes formais a luz da doutrina moderna 
A doutrina moderna, sustentada por Rogério Sanches (2020), considera que, embora 
a doutrina tradicional tenha consolidado a classificação acima apresentada, 
entendemos que este rol exige uma atualização, fomentada, inclusive, pela EC n° 45 
(Reforma do Sistema Judiciário)”. De modo que, o rol das fontes imediatas seria 
complementado e o das fontes mediatas seriam revistos, da seguinte forma: 
 
FONTES DO 
DIREITO PENAL
Fonte material
Regra - União 
(art. 22, I, CF)
Exceção - Estados, em 
assuntos específicos 
(art. 22, P.Ú., CF)
Fonte formal
Imediata
Lei
Mediata
Doutrina, jurisprudência, 
costumes, tratados e 
convenções internacionais, 
entre outros.
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Fontes do Direito Penal 
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Figura 2 – Fontes do Direito Penal a luz da doutrina moderna. 
Fonte: Núcleo Editorial Faculdade Focus. 
 
Em outras palavras, para a doutrina moderna todos os aspectos formais propostos 
pela doutrina clássica deveriam ser revistos, ou seja, a luz da doutrina moderna 
considera-se fontes formais imediatas a lei, a Constituição Federal, os tratados e as 
convenções internacionais que versem sobre direitos humanos, a jurisprudência, os 
princípios e a analogia da norma, que é representada por eventuais complementos 
realizados na norma penal em branco. Ao passo que, restariam como fonte formal 
mediata, a doutrina. 
 
Por fim, é importante destacar que, embora sustentada pela doutrina moderna, esse 
pensamento não é o que prevalece na doutrina majoritária, trazemos no material 
apenas a título de conhecimento. 
 
 
FONTES DO 
DIREITO PENAL
Fonte 
material
Regra - União 
(art. 22, I, CF)
Exceção - Estados, 
em assuntos 
específicos (art. 22, 
P.Ú., CF)
Fonte formal
Imediata
Lei, Constituição Federal, tratados 
e convenções internacionais de 
direitos humanos, jurisprudência, 
princípios, analogia 
(complementos da norma)
Mediata
Doutrina
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Intepretação Analógica vs. Analogia 
www.cenes.com.br | 13 
5 Intepretação Analógica vs. Analogia 
Muitas vezes, quando o legislador cria uma norma, não consegue expressar com tanta 
clareza a real intenção do dispositivo legal ou, em algumas situações, seja por 
obviedade ou por puro e simples esquecimento, deixa de contemplar algumas 
situações relevantes para a boa compreensão do interlocutor e, é justamente por isso 
que surgem as diversas formas de interpretação da norma. 
 
De acordo com Rogério Sanches (2020) “interpretar significa buscar o preciso 
significado de um texto, palavra ou expressão, delimitando o alcance da lei, guiando 
o operador para a sua correta aplicação”. Ainda, conforme destaca Cleber Masson 
(2020), é através da interpretação que buscamos a verdadeira vontade da lei, o seu 
sentido normativo e significado. O autor destaca ainda que “a interpretação sempre é 
necessária, ainda que a lei se mostre, inicialmente, inteiramente clara, pois podem 
surgir dúvidas quanto ao seu efetivo alcance. O que ela abrange de modo imediato 
eventualmente não é tudo quanto pode incidir no seu campo de atuação”. 
 
A interpretação da norma pode se manifestar de diversas formas no estudo do direito 
penal, podendo ser progressiva, endofórica ou analógica; ou ainda voltada ao sujeito, 
aos meios ou métodos aplicados, ao resultado, entre outros. No entanto, embora 
tenham nomes parecidos, a forma de interpretação analógica não se confunde com a 
analogia, trataremos melhor a respeito dessa diferença na sequência. 
 
Nas palavras de Rogério Sanches (2020) “na interpretação analógica (ou infra legem) 
o Código, atendendo ao princípio da legalidade, detalha todas as situações que quer 
regular e, posteriormente, permite que aquilo que a elas seja semelhante possa 
também ser abrangido no dispositivo”. Em termos técnicos, a interpretação analógica 
se faz necessária quando, na norma penal estão compreendidos elementos casuísticos 
seguidos de elementos genéricos, incluídos para facilitar o enquadramento da norma 
as diversas situações práticas que se apresentam no direito penal. 
 
Assim, conforme destaca Renato Brasileiro de Lima (2020) a interpretação analógica 
permite que o operador do direito, diante das inúmeras e imprevisíveis possibilidades 
práticas existentes no direito penal, analise a norma e amplie o seu alcance de forma 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Intepretação Analógica vs. Analogia 
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significativa, desde que sempre atento ao princípio da legalidade. Diferente do que 
ocorre na analogia, que se trata de um método de integração da norma, utilizado com 
o intuito de suprir eventuais lacunas na lei. 
 
Neste sentido, Cleber Masson (2020) afirma que a analogia “não se trata de 
interpretação da lei penal. De fato, sequer há lei a ser interpretada. Cuida-se, portanto, 
de integração ou colmatação do ordenamento jurídico. A lei pode ter lacunas, mas 
não o ordenamento jurídico. Em outras palavras, a analogia“também conhecida como 
integração analógica ou suplemento analógico, é a aplicação, ao caso não previsto em 
lei, de lei reguladora de caso semelhante”. 
 
Em suma, na interpretação analógica, embora não seja de forma explícita, a norma já 
apresenta em seu bojo as hipóteses em que a norma poderá ser aplicada e o seu 
âmbito de incidência, a própria norma autoriza a sua aplicação aos casos semelhantes 
por ela regulamentado. Já, na analogia, é uma forma de integração da norma, não 
existe brecha para interpretação no dispositivo legal. A analogia é utilizada para suprir 
eventuais lacunas na lei, com elementos buscados no próprio ordenamento jurídico. 
 
A analogia pode ser dividida em in malam partem e in bonam partem. A primeira 
possibilidade ocorre quando, a lacuna existente no dispositivo é preenchida com uma 
norma mais prejudicial, que cause algum malefício para o réu, essa modalidade não é 
admitida no Direito Penal. Já, a analogia in bonam partem, diferente da outra pode ser 
aplicada ao direito penal, quando, diante de uma omissão na norma, aplica-se outra 
mais favorável ao réu. 
 
Desta forma, com relação a aplicação da analogia no âmbito do direito penal, a luz do 
princípio da reserva legal, a doutrina é unânime ao afirmar que, o recurso só será 
utilizado quando favorável ou réu (in bonam partem) e, quando restar efetivamente 
comprovado que existe uma lacuna na norma. É o que ocorre, por exemplo, no caso 
do aborto legal diante de uma gravidez resultante de estupro (art. 128, II, CP) que, 
embora não mencione a possibilidade de ser realizado nos casos de estupro de 
vulnerável (art. 217-A, CP), é possível analogia, pois, o fundamento da interrupção da 
gravidez é evitar que a presença do filho represente para a mãe grandes perturbações 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Intepretação Analógica vs. Analogia 
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psicológicas. 
 
Por fim, é válido destacar que, a analogia foi colocada muito tempo como sendo uma 
fonte formal indireta e, hoje, a maioria dos doutrinadores contemporâneos 
consideram-na como sendo um preceito integrador da norma penal e não 
simplesmente como algo que serve de supedâneo ou base, para que ela, então, seja 
aplicada. Ainda, a luz da doutrina contemporânea, a analogia é uma autointegração 
da norma, porque se é possível valer-se de um outro preceito normativo e aplicar no 
Direito Penal, especialmente se favorável ao acusado. 
 
5.1 Interpretação Extensiva e Interpretação Analógica 
Outra situação que pode se mostrar contraditória são os casos de interpretação 
extensiva da norma e a analogia. Um exemplo disso, é o art. 176 do Código Penal que 
traz a previsão do crime de tomar refeições, alojar-se ou utilizar meios de transportes 
sabendo que não tem recursos para realizar o pagamento. 
 
Outras fraudes 
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de 
meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento: 
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, 
conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. 
 
Diante disso, caso o indivíduo deixe de pagar um lanche em uma lanchonete, 
poderá ser aplicada a norma de forma análoga? não! porque nesse caso não existe 
uma lacuna na norma, a lei declara expressamente o indivíduo que “tomar refeição em 
restaurante”. Contudo, nesta hipótese, compreende-se a interpretação extensiva, 
admitida no ordenamento penal, quando se estende a palavra “restaurante”, para todo 
o lugar que o sujeito possa, de alguma forma, tomar a sua refeição. Portanto, embora 
parecidas, uma coisa é a lacuna da norma e outra coisa é estender o preceito 
interpretativo da norma para que se possa aplicar o dispositivo a casos semelhantes, 
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ambas as possibilidades são admitidas no ordenamento jurídico atual. 
 
Outro exemplo, refere-se ao artigo 121, § 2º, inciso I, do Código Penal, nota-se a 
questão do pagamento, no entanto não é possível identificar a que se refere o “motivo 
torpe”. 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
[...] 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que 
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
 
O inciso IV se refere a traição, emboscada, dissimulação, mas quando cita “outro 
recurso”, não fica claro o entendimento. Dessa forma, para a interpretação do código 
se faz necessário utilizar uma das várias formas de interpretações. Neste sentido, 
corroborando com o entendimento, Renato Brasileiro de Lima (2020) destaca que 
“diferencia-se a analogia da interpretação extensiva porque naquela o caso a ser 
solucionado não está compreendido na hipótese de incidência da regra a ser aplicada, 
daí por que se fala em aplicação analógica, e não em interpretação analógica”. 
 
6 Princípios gerais do direito 
Os princípios gerais do direito são importantes para o Direito Penal, pois, é através 
deles que consideramos algumas premissas básicas a respeito do crime, da punição e 
de como ela será aplicada ao sujeito. Nas palavras de Cleber Masson (2020), os 
princípios gerais do direito são valores fundamentais, que instigam a criação e a 
preservação do ordenamento jurídico como um todo. Segundo o autor, eles “têm a 
função de orientar o legislador ordinário, e também o aplicador do Direito Penal, no 
intuito de limitar o poder punitivo estatal mediante a imposição de garantias aos 
cidadãos”. 
 
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No mesmo sentido, Guilherme Nucci (2019) afirma que, “os princípios são normas com 
elevado grau de generalidade, aptos a envolver inúmeras situações conflituosas com 
o objetivo de solucioná-las. Não possuem a especificidade de uma regra, que contém 
um comando preciso e determinado, mas constituem proposituras amplas o suficiente 
para englobar as regras, dando-lhes um rumo, mormente quando há conflito entre 
elas”. 
 
Assim, podemos listar como princípios gerais aplicáveis ao direito penal, dentre 
outros, o seguinte: a) princípio da dignidade da pessoa humana; b) princípio da 
legalidade; c) princípio da reserva legal; d) princípio da irretroatividade da lei penal; e) 
princípio da instranscendência da pena; f) princípio da humanidade; g) princípio da 
insignificância; h) princípio do non bis in idem; i) princípio da adequação social. 
Veremos melhor cada uma dessas possibilidades na sequência. 
 
6.1 Princípio da Dignidade Humana 
Na doutrina o princípio da dignidade da pessoa humana é a máxima do direito, 
consagrado no inciso III do art. 1º da Constituição Federal, é considerado um valor 
absoluto na constituição do Estado Democrático de Direito. Portanto, esse valor não 
deve ser respeitado apenas no direito penal, mas em todas as relações estabelecidas 
pelo ordenamento jurídico pátrio, tanto na imposição quanto na execução do Direito. 
 
No entanto, em que pese tamanha sua importância para o estudo do direito, a 
doutrina não mantém um consenso a respeito de sua definição. Nas palavras de 
Guilherme Nucci (2019) “o que se pode encontrar são vários pontos de contato, 
suficientes para a compreensão universal do que venha a significar e qual deve ser o 
seu alcance”. Portanto, a luz da doutrina moderna, conforme destaca Bernardo 
Gonçalves Fernandes (2020), o princípio da dignidade da pessoa humana “seria um 
superprincípio, como uma norma dotada de maior importância e hierarquia que as 
demais, que funcionaria como elemento de comunhão entre o Direito e a moral, na 
qual o primeiro se fundamenta na segunda, encontrando sua base de justificação 
racional”. 
 
Assim, no âmbito do direito penal, o princípio da dignidade da pessoahumana exerce 
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um papel fundamental, pois, é em função dele que não se pode aplicar ao indivíduo 
penas que violem ou ofendam a integridade física da pessoa, ou seja, ainda que esteja 
recluso em estabelecimento prisional, será garantido ao sujeito condições mínimas 
para a sua subsistência, com alimentação, higiene, educação e lazer. Além disso, por 
força do princípio da dignidade da pessoa humana e respeitando os fundamentos 
básicos dos direitos humanos, no Brasil são vedadas as penas de caráter perpétuo, de 
morte, de trabalhos forçados, cruéis e de banimento. 
 
6.2 Princípio da Legalidade 
Muitas são as teorias que remontam o surgimento do princípio da legalidade, uma 
parcela da doutrina diz que a legalidade começa a ser cogitada ainda no Direito 
Romano, outros afirmam que o conceito surge na Carta do Rei João Sem Terra. No 
entanto, a posição que prevalece no direito é de que o princípio da legalidade surgiu 
no contrato social, formulado no século XVIII durante o período iluminista, sendo, 
posteriormente, aceito e difundido na Revolução Francesa (SANCHES, 2020). 
 
Além disso, o princípio da legalidade é expresso na obra Direito e Razão de Luigi 
Ferrajoli que, representa em 10 axiomas os valores, garantias e princípios básicos que 
devem ser observados no direito penal e no processo penal, bem como, assegurados 
a todo e qualquer acusado que venha a responder criminalmente por determinada 
conduta. Cada axioma expressa um valor fundamental, dispondo sobre a liberdade 
pessoal do indivíduo, a igualdade perante a lei e sobre a legalidade do julgamento. 
Segundo o autor, a legalidade é o ponto central do garantismo penal. 
 
 
 
No Brasil não é diferente, previsto no rol de direitos e garantias fundamentais da 
Constituição Federal, dispõe o art. 5º em seus incisos II e XXXIX que, “ninguém será 
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obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, ou, voltado 
ao direito penal, “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal”. Essa última reproduzida no art. 1º do Código Penal, para representar 
a supremacia dos princípios da legalidade e da anterioridade da lei. 
 
Nas palavras de Rogério Sanches (2020) o princípio da legalidade “trata-se de real 
limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais, daí sua 
inclusão na Constituição entre os direitos e garantias fundamentais”. Além disso, outra 
perspectiva levantada por esse princípio, está associada a elaboração das normas 
incriminadores que, conforme destaca Bitencourt (2020) “é função exclusiva da lei, isto 
é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser 
aplicada sem que antes da ocorrência desse fato exista uma lei definindo-o como 
crime e cominando-lhe a sanção correspondente”. Por isso, muitas vezes, 
encontramos o princípio da legalidade relacionado ao princípio da reserva legal. 
 
Assim, é possível afirmar que, o princípio da legalidade surge como uma forma de 
limitar o poder estatal, garantindo que o indivíduo só seja acusado por algo que esteja 
tipificado como crime por uma lei devidamente constituída, ou que seja punido de 
forma diversa daquela estabelecida em lei. Isto é, por exemplo, ninguém poderá ser 
responsabilizado por uma ação praticada em 2010 que só passou a ser considerada 
criminosa em 2015. Esse entendimento se desdobra em dois outros princípios o da 
anterioridade e o já citado princípio da reserva legal. 
 
6.3 Princípio da Reserva Legal 
O princípio da reserva legal, como falamos a pouco, é um desdobramento do princípio 
da legalidade, pois, assim como ele, encontra fundamento legal no art. 5º, incisos II e 
XXXIX da Constituição Federal. 
Art. 5º 
[...] 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei; 
[...] 
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XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal. 
 
De acordo com Rogério Sanches (2020) o princípio da reserva legal se traduz no 
entendimento de que “a infração penal somente pode ser criada por lei em sentido 
estrito, ou seja, lei complementar ou lei ordinária, aprovadas e sancionadas de acordo 
com o processo legislativo respectivo, previsto na CF/88 e nos regimes internos da 
Câmara dos Deputados e Senado Federal”. 
 
Além disso, voltado para a matéria penal, dispõe o inciso I do art. 22 da Constituição 
Federal que, compete privativamente a União legislar sobre a matéria penal. Em outras 
palavras, no que diz respeito a matéria penal, esta, só poderá ser disciplinada através 
de lei ordinária ou de lei complementar, sendo inclusive vedada sua apreciação por 
meio de medidas provisórias (art. 62, §1º, I, “b”). 
 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá 
adotar medidas provisórias, com força de Lei, devendo submetê-las de imediato 
ao Congresso Nacional. 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
[...] 
b) direito penal, processual penal e processual civil. 
 
Assim, embora o artigo 62 autorize que o Presidente da República, em caso de 
relevância e urgência, adote medidas provisórias com força de lei, para a tratar de 
determinados assuntos, será vedado a este, editar Medidas Provisórias que versem 
sobre a matéria de direito penal, processual penal e processual civil. 
 
Por fim, é pertinente destacar que, embora seja competência exclusiva da União, o 
próprio art. 22 em seu parágrafo único, apresenta uma exceção, propondo que, além 
da União os Estado, por meio de Lei complementar, também poderão legislar sobre 
questões específicas pertinentes ao assunto. 
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6.4 Princípio da Irretroatividade da Lei Penal 
O princípio da irretroatividade da lei penal, também conhecido como princípio da 
anterioridade, está expresso no art. 5º, inciso XL da Constituição Federal, o qual 
declara que “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. A irretroatividade, 
como princípio geral do Direito Penal moderno, embora de origem mais antiga, é 
consequência das ideias consagradas pelo Iluminismo, insculpida na Declaração 
Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789” (BITENCOURT, 2020). 
 
Assim como o princípio da reserva legal, trata-se de uma vertente do princípio da 
legalidade, pois, em regra a lei penal só começa a produzir efeitos a partir da data em 
que entra em vigor no ordenamento jurídico, depois de superado o período de vacatio 
legis, não atingindo, em regra, as situações que ocorreram antes disso. Contudo, de 
forma excepcional, conforme destaca o referido artigo, é possível que a Lei retroaja 
no tempo para beneficiar o réu e, até mesmo, aquele indivíduo já condenado. 
 
Em outras palavras, toda vez que se tem uma norma penal mais gravosa, não se aplica, 
porque é preciso levar em consideração a norma que estava vigente durante a prática 
do crime. No entanto, conforme destaca Rogério Sanches (2020) a “esta retroatividade 
da lei benéfica é determinada por razões de política criminal, autorizando que a lei 
nova – que deveria produzir efeitos a partir da sua entrada em vigor – produza efeitos 
sobre as ações ou omissões realizadas antes de sua existência no mundo jurídico”. 
 
Isto é, em regra, a lei penal não retroage, especialmente se prejudicial ao acusado, 
além de que ela só passa a produzir efeitos a partir do período de vacatio legis. 
Entretanto, quando se tratar de uma novatio leis in melius ou de uma lei penal mais 
favorável, a regra é excepcionada, de modo que a norma retroagirá no tempo, 
alcançando fatosanteriores a sua promulgação. Além disso, também aproveitará da 
retroatividade penal o abolitio criminis, ou seja, quando uma conduta deixa ser 
considerada crime no ordenamento jurídico, nenhum sujeito, ainda que já condenado 
pela prática abolida, será obrigado a responder por ela. 
 
Por fim, é válido destacar o entendimento de Cleber Masson (2020) a respeito da 
retroatividade da lei penal. O autor afirma que o fenômeno jurídico da novatio leis in 
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melius pode ser verificado quando, “ocorrendo sucessão de leis penais no tempo, o 
fato previsto como crime ou contravenção penal tenha sido praticado na vigência da 
lei anterior, e o novel instrumento legislativo seja mais vantajoso ao agente, 
favorecendo-o de qualquer modo”. Assim, considerando caso a caso, deve-se aplicar 
a situação em concreto a lei que representar um resultado mais vantajoso (benéfico) 
ao agente. 
 
6.5 Princípio da Individualização da Pena 
Existem alguns princípios que são atrelados as penas, por exemplo, quando o sujeito 
comete um ilícito penal, o Estado deve analisar a conduta e aplicar a sanção cabível a 
situação praticada de forma individual, examinando a condição de cada um. É a 
máxima expressa no art. 5º, inciso XLVI da Constituição Federal que, além de fixar a 
individualização, elenca os tipos penais que podem ser utilizados no direito penal. 
 
Art. 5º [...] XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre 
outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos. 
 
Na prática, o tipo penal é composto por duas premissas a primária e a secundária. O 
preceito primário é a descrição do fato considerado criminoso, por exemplo, no crime 
de furto (art. 155 do CP) o preceito primário é “subtrair, para si ou para outrem, coisa 
alheia móvel”. Já o preceito secundário é a pena imposta ao delito em questão, no 
caso do nosso exemplo “Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa”. Observe que, 
inicialmente a conduta recebe uma sanção genérica, mas isso não quer dizer que todo 
e qualquer indivíduo que praticá-la será, necessariamente, submetido a essa pena, o 
mínimo e o máximo estabelecidos servem apenas para balizar o magistrado na 
aplicação individual da pena. 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
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No Brasil adotamos o sistema trifásico para a dosimetria da pena, ou seja, para que o 
magistrado consiga respeitar o princípio da individualização da pena e aplicar uma 
sanção específica para cada indivíduo com base na conduta realizada, deve 
fragmentar o cálculo em três momentos. Assim, além da pena mínima e máxima 
cominada ao delito, na 1ª fase, para a fixação da pena base, o juiz deve fase uma 
análise subjetiva, considerando os fatores do art. 59 do CP. Já, na a 2ª fase, o 
magistrado deve considerar a existência de circunstâncias atenuantes ou agravantes 
(arts. 61 e 62, CP). Por fim, na 3ª e última fase, o juiz deve analisar a presença de 
eventuais causas de aumento ou diminuição de pena. Todo esse processo faz com 
que cada indivíduo receba exatamente a sanção que merece pela prática de 
determinada conduta. 
 
6.6 Princípio da Intranscendência da Pena 
Antigamente era comum que as penas passassem da pessoa do condenado, em 
diversas situações, na falta do infrator condenado, a pena que lhe foi imposta passava 
aos seus herdeiros. No entanto, essa prática já não é mais vista com bons olhos, na 
realidade desde 1824 com o advento da Constituição do Império, o princípio da 
intranscendência da pena veda essa prática no ordenamento jurídico. 
 
Na Constituição de 1988, o princípio da intranscendência, está previsto no artigo 5º, 
inciso XLV da Constituição Federal e, de acordo com ele, “nenhuma pena passará da 
pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do 
perdimento de bens ser, nos termos da Lei, estendidas aos sucessores e contra eles 
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. 
 
Assim, considerando o disposto no art. 32 do Código Penal, são espécies de penas, as 
privativas de liberdade, as restritivas de direito e as de multa. Essas penas são restritas 
ao indivíduo infrator e ficarão restritas a ele, não atingindo outras pessoas, inclusive, 
se o acusado ou o condenado vier a falecer antes de cumprir ou durante o 
cumprimento da pena, sua punibilidade é extinta, nos termos do art. 107, inciso I do 
Código Penal. 
Extinção da punibilidade 
Art. 107 – Extingue-se a punibilidade: 
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I – pela morte do agente. 
 
No entanto, como no direito são poucas as coisas que não comportam exceção, o 
princípio da intranscendência não é absoluto e, o próprio inciso XLV do artigo 5º da 
Constituição Federal aponta uma ressalva a regra, no que diz respeito a obrigação de 
reparar o dano e a decretação de perdimento de bens. Isto é, nos termos do art. 91 
do Código Penal, quando a vítima sofre algum prejuízo material ou moral com a 
prática ilícita, é obrigação do indivíduo indenizar o dano causado pelo crime, podendo 
inclusive, ser decretada a perda de bens e valores. Assim, nesses casos, além das penas 
privativas de liberdade, restritivas de direito ou multa, o autor do crime também pode 
ser condenado a reparação de eventuais danos, podendo esta última, no caso de 
falecimento do condenado, passar aos seus sucessores, sendo o montante, por obvio, 
limitado ao valor do patrimônio transferido como herança. 
 
6.7 Princípio da Humanidade 
O princípio da humanidade se refere às penas e traz a forma como elas devem ser 
cumpridas. Influenciado pelos eventos pós-guerra e pela Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, o princípio da humanidade veda a aplicação de penas que violem 
a dignidade da pessoa humana ou que lesionem, de qualquer forma, a constituição 
físico-psíquica dos condenados, garantindo um tratamento digno a todas as pessoas, 
independente se estiver encarcerado ou não. 
 
De acordo com Bitencourt (2020) a princípio da humanidade defende “a proscrição de 
penas cruéis e infamantes, a proibição de tortura e maus-tratos nos interrogatórios 
policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar sua infraestrutura carcerária de 
meios e recursos que impeçam a degradação e a dessocialização dos condenados são 
corolários do princípio de humanidade”. 
 
6.8 Princípio da Insignificância ou Bagatela 
Conforme destaca Rogério Sanches (2020) “sob o aspecto hermenêutico, o princípio 
da insignificância pode ser entendido como um instrumento de interpretação 
restritiva do tipo penal”. Assim, embora não tenha previsão legal no ordenamento 
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Princípios gerais do direito 
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jurídico, o princípio da insignificância surge através de uma construção doutrinária e 
jurisprudencial, de modo que para a sua aplicação o jurista deve considerar alguns 
aspectos. 
 
 
Figura 3 – Elementos do princípio da insignificância. 
Fonte: Núcleo Editorial Faculdade Focus. 
 
Desta forma, é importante destacar que, o princípio da bagatela não está unicamente 
atrelado ao valor da coisa, ao passo que também devem ser considerados a ausência 
de periculosidade da ação, o baixo grau de reprovabilidade e a mínima ofensividade. 
Portanto, conforme destaca Bitencourt (2020) “a insignificância reside na 
desproporcional lesão ou ofensa produzida ao bem jurídico tutelado, com a gravidade 
da sanção cominada. A insignificância situa-se no abismo que separa o grau da ofensa 
produzida (mínima) ao bem jurídico tutelado e a gravidade da sanção que lhe é 
cominada”. 
 
6.9 Princípio do Non Bis In Idem 
O princípio do non bis in idem, assim comovários outros, é uma vertente do princípio 
da dignidade da pessoa humana e, embora não esteja consagrado de forma expressa 
na nossa Constituição Federal de 1988, é manifestado no Pacto de São José da Costa 
Rica, do qual o Brasil é signatário. 
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Conclusão 
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Assim, conforme destaca Rogério Sanches (2020) o princípio do non bis in idem pode 
ser analisado sob três perspectivas: a processual, que impede o sujeito de ser 
processado duas vezes pela mesma conduta; a material, onde ninguém pode ser 
condenado pelo mesmo crime duas vezes; e a execucional que, veda a dupla execução 
do sujeito por condenações relacionadas ao mesmo fato criminoso. 
 
6.10 Princípio da Adequação Social 
Idealizado pelo jurista Hans Welzel, o princípio da adequação social estabelece que, 
determinado comportamento, embora ilícito nos termos da lei, se estiver em 
conformidade com o meio social estabelecido, será considerado atípico. De acordo 
com Bitencourt (2020) “segundo esta teoria, as condutas que se consideram 
“socialmente adequadas” não se revestem de tipicidade e, por isso, não podem 
constituir delitos”. 
 
Nas palavras de Rogério Sanches (2020), o princípio da adequação social presa por 
duas funções básicas, a primeira é com relação ao âmbito de abrangência do direito 
penal, de modo que ele não precisa mais se preocupar com as condutas “aceitas” pela 
sociedade. A segunda função está atrelada aos bens jurídicos tutelados pela matéria 
penal, de modo que o princípio atua no processo de descriminalização de condutas. 
 
7 Conclusão 
Nesta unidade, falamos a respeito das fontes materiais e formais do direito penal, 
inclusive sob a perspectiva da doutrina moderna, abordamos a ideia de interpretação 
analógica distinguindo-a da analogia e da interpretação extensiva da norma, pois, 
embora sejam semelhantes na prática, tratam-se de situações distintas. Por fim, 
relacionamos alguns princípios gerais do direito, pontuando seus aspectos mais 
importantes e destacando sua importância na esfera penal. 
 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Referências Bibliográficas 
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8 Referências Bibliográficas 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Parte geral: coleção tratado de direito penal volume 1. 
26 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1° ao 120). 8 ed. 
rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODIVM, 2020. 
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 12 ed. rev., atual, 
e ampl. Salvador: JusPodivm, 2020. 
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 8 ed. rev., ampl. 
e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2020. 
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120). 14 ed. Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: Método, 2020. 
NUCCI. Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: parte geral: arts. 1º a 120 do 
Código Penal. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. 
 
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Referências Bibliográficas 
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	Sumário
	1 Introdução
	2 Evolução histórica
	3 Conceito
	4 Fontes do Direito Penal
	4.1 Fontes materiais
	4.2 Fontes formais
	4.3 Fontes formais a luz da doutrina moderna
	5 Intepretação Analógica vs. Analogia
	5.1 Interpretação Extensiva e Interpretação Analógica
	6 Princípios gerais do direito
	6.1 Princípio da Dignidade Humana
	6.2 Princípio da Legalidade
	6.3 Princípio da Reserva Legal
	6.4 Princípio da Irretroatividade da Lei Penal
	6.5 Princípio da Individualização da Pena
	6.6 Princípio da Intranscendência da Pena
	6.7 Princípio da Humanidade
	6.8 Princípio da Insignificância ou Bagatela
	6.9 Princípio do Non Bis In Idem
	6.10 Princípio da Adequação Social
	7 Conclusão
	8 Referências Bibliográficas

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