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Aula 9 - Dos direitos politicos negativos

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Dos direitos políticos negativos 
(inelegibilidades) 
 
 
Quanto aos direitos políticos negativos, também chamados de inelegibilidades, podemos 
encontrar basilarmente duas espécies: 
 
I) quanto à previsão normativa: 
 
a) inelegibilidades constitucionais (art. 14, parágrafos 4º ao 8º da CRFB/88); 
 
b) inelegibilidades legais (Lei Complementar nº. 64/90); 
 
 
II) quanto ao alcance: 
 
a) inelegibilidades absolutas (art. 14, § 4º da CRFB/88); 
 
b) inelegibilidades relativas (art. 14, parágrafos 5º ao 9º da CRFB/88). 
 
 
Da inelegibilidade absoluta (art. 14, § 4º, da CRFB/88) 
 
Com relação às inelegibilidades absolutas previstas no art. 14, § 4º da CRFB/88, 
identifica-se a total impossibilidade do exercício da elegibilidade, ou seja, do exercício da 
candidatura política, com as seguintes observações: 
 
a) ao analfabeto: este apenas apresenta a possibilidade do exercício da capacidade 
eleitoral ativa, se alistado, obviamente; 
 
b) ao inalistável: como condição essencial para uma possível manifestação da capacidade 
eleitoral passiva está, certamente, a prévia e plena capacidade eleitoral ativa, o que 
inexiste “in casu” já que nem ao menos se trata de eleitor, quiçá poderá figurar como 
candidato. 
 
 
Da inelegibilidade relativa (art. 14, parágrafos 5º ao 9º da CRFB/88) 
 
 
I – inelegibilidades relativas constitucionais (espécies): 
 
• § 5º do art. 14 da CRFB/88: inelegibilidade constitucional relativa por reeleição ou 
por motivo funcional; 
 
• § 6º do art. 14 da CRFB/88: inelegibilidade constitucional relativa temporal, por 
afastamento, ou por desincompatibilização intempestiva; 
 
• § 7º do art. 14 da CRFB/88: inelegibilidade constitucional relativa reflexa, ou por 
relações de parentesco ou por afinidade; 
 
• § 8º do art. 14 da CRFB/88: inelegibilidade constitucional relativa do militar. 
 
 
 
 
 
 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE INELEGIBILIDADES RELATIVAS 
CONSTITUCIONAIS 
 
 
i. O militar candidato não eleito, com mais de dez anos de serviços, voltará a 
exercer suas funções na caserna, já que a agregação do militar representa sua 
inatividade temporária sem que deixe de pertencer às fileiras da Força Armada, já que 
este (de qualquer força ou mesmo das forças auxiliares, ou seja, os Corpos de Bombeiro 
e as Polícias Militares dos Estados), está impedido de se filiar em partido político, assim 
fica agregado desde o registro de sua candidatura até a data da diplomação; 
 
ii. Com a EC 45/04, o representante do Ministério Público que objetivar exercer atividade 
político-partidária deverá afastar-se definitivamente de seu cargo até seis meses antes 
da eleição, para se filiar a um partido político, não havendo mais a possibilidade de 
licença para possível candidatura política. 
 
 
II – Inelegibilidades relativas legais (LC 64/90): 
 
a. Inelegibilidades relativas legais por situações jurídicas personalizadas, ou 
específicas: art. 1º, inciso I e alíneas da LC 64/90; 
 
b. Inelegibilidades relativas legais por exercício de cargo, emprego, função pública ou 
mandato: art. 1º, incisos II ao VII da LC 64/90. 
 
 
Das argüições de inelegibilidade (procedimentos e efeitos). 
 
I - Período anterior às eleições: 
 
• Ação de impugnação ao registro de candidatura (art. 3º ao 18 da LC 64/90) 
 
Efeitos: sem registro (negado); com registro (cancelado) e diplomado (é nula). 
 
• Investigação Judicial Eleitoral: (arts. 19 a 24 da LC nº. 64/90), que cabe até a 
diplomação. 
 
Efeitos: antes da eleição, cassa o registro e o torna inelegível por 3 anos e depois da 
eleição, gera prova p/ impugnação 
(ver prazo), as quais, mesmos intempestivas, geram a inelegibilidade por 3 anos 
seguintes à eleição. 
 
II – Período após o pleito: 
 
• Recurso contra a Diplomação – art. 262, CE: 03 dias após a diplomação; 
 
Efeitos: cassação do mandato: ver art. 216 CE (não apresenta efeito suspensivo), o 
que gera inelegibilidade para aquela eleição; 
 
• Impugnação de mandato eletivo: art. 14, parágrafos 10 e 11 da CRFB/88: 15 dias 
após a Diplomação (ação constitucional); 
 
Efeitos: perda do mandato, ver art. 1º, I, “d” LC 64/90; esta ação não apresenta 
efeito suspensivo, assim, o mandato continua até decisão final. 
 
• Ação Rescisória: art. 22, I, “j” CE (considerar a declaração de 
inconstitucionalidade do STF na ADI 1459-5/99 sobre a parte final do referido 
preceito legal, então introduzido em nosso CE pela LC 86/96, que identifica a Ação 
Rescisória de competência exclusiva do TSE como um instrumento processual de 
argüição de inelegibilidade). 
 
 
INTERESSANTE! 
 
Algumas jurisprudenciais acerca dos direitos políticos negativos 
(inelegibilidades): 
 
1. Elegibilidade – Cônjuge, art. 14, §7º CRFB/88, chefe do poder executivo, o seu 
cônjuge é elegível para o mesmo cargo do titular, quando este for reelegível e tiver 
renunciado até 06 meses antes do pleito. Acórdão nº. 19442/01 – Súmula 07 do TSE. 
 
2. Inelegibilidade – Desincompatibilização – reeleição e desnecessidade – TSE – Pleno: 
Consulta nº. 327 e 328/DF – Néri da Silveira. 
 
3. Vedação do Exercício sucessivo de 3 mandatos e possibilidade do chefe do 
executivo de afastar-se do seu cargo para disputar sua reeleição: TSE – pleno/consulta 
nº. 366/DF – Néri da Silveira. Obs.: exceção para substituição eventual. 
 
4. Inelegibilidade – abuso de poder econômico. Acórdão 421/00 – TSE. 
 
5. Vice-prefeito - sucessão e reeleição - não pode ao término de novo mandato 
pleitear reeleição. TSE – consulta 729/DF. Min. Fernando Neves (art. 14, § 5º CR/88). 
 
6. Os votos dados aos candidatos considerados inelegíveis pela Justiça Eleitoral, 
segundo dispõe o artigo 175, §3º do Código Eleitoral são considerados nulos. Todavia, 
como a decisão da Justiça Eleitoral transitou em julgado após as eleições, os votos são 
contados para o quociente partidário, conforme preceitua o artigo 175, §4º, do Código 
Eleitoral. Neste sentido (Agravo no agravo regimental 3.370/MG, Relator Ministro Sálvio 
de Figueiredo, DJ de 07.02.2003, Tribunal Superior Eleitoral).

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