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José Eduardo Estevam da Silva Química básica aplicada ao processo de produção MDF Química básica aplicada ao processo de produção MDF 2 José Eduardo Estevam da Silva Química básica aplicada ao processo de produção MDF SUMÁRIO Introdução – Pequenas, porém importantes verdades na Química. ............ 6 Módulo 1 – Química básica ............................................................................. 6 1 - Estrutura eletrônica dos átomos (prótons, nêutrons e elétrons) ................ 6 1.1 - Íons ...................................................................................................... 7 1.2 - Distribuição eletrônica em níveis energéticos ...................................... 9 2 - Tabela Periódica ...................................................................................... 12 3 - Tipos de ligações químicas ...................................................................... 15 3.1 – Estabilidade dos Gases Nobres ........................................................ 15 3.2 - A Regra do Octeto ............................................................................. 15 3.3 - Ligação iônica .................................................................................... 16 3.4 - Ligação covalente .............................................................................. 18 3.5 - Ligação metálica ................................................................................ 20 4 - Interações intermoleculares ..................................................................... 21 4.1 - Interação dipolo-dipolo ...................................................................... 21 4.2 - Interação dipolo-induzido ................................................................... 21 4.3 - Ligação de hidrogênio ....................................................................... 21 5 - Eletronegatividade e Polaridade .............................................................. 22 6 - Fundamentos de Química Orgânica ........................................................ 23 6.1 - Classificação das Cadeias Carbônicas .............................................. 24 6.2 - Hidrocarbonetos ................................................................................ 26 6.3 - Álcoois ............................................................................................... 28 6.4 - Aldeídos ............................................................................................. 29 6.5 - Cetonas ............................................................................................. 30 6.6 - Éteres ................................................................................................ 30 6.7 - Ácidos carboxílicos ............................................................................ 31 6.8 - Ésteres .............................................................................................. 32 6.9 - Aminas ............................................................................................... 33 6.10 - Isocianatos ...................................................................................... 34 7 - Polímeros ................................................................................................. 34 7.1 - Definição ............................................................................................ 34 7.2 - Principais polímeros conhecidos ....................................................... 35 7.3 - Plásticos termofixos ........................................................................... 36 Química básica aplicada ao processo de produção MDF 3 José Eduardo Estevam da Silva 7.4 - Plásticos termoplásticos .................................................................... 36 7.5 - Polímeros Naturais ............................................................................ 36 7.6 - Polímeros Sintéticos .......................................................................... 36 7.7 - Polímeros de adição .......................................................................... 36 7.8 - Polímeros de condensação ............................................................... 37 7.9 – Propriedades .................................................................................... 38 8 – Medição de pH ..................................................................................... 40 Módulo 2 – Fibras de madeira ....................................................................... 42 1 – Composição química da madeira ............................................................ 42 1.1 - Celulose ............................................................................................. 46 1.2 - Hemicelulose ..................................................................................... 46 1.3 - Lignina ............................................................................................... 47 1.4 - Resistencia mecânica em madeira de pinus e eucalipto ................... 49 1.5 - Considerações sobre as fibras de madeira ....................................... 50 Módulo 3 – Adesivos e aditivos .................................................................... 51 1 – Adesivos ................................................................................................. 51 1.1 - Características físico-químicas do adesivo ........................................ 51 1.2 - Resina UF .......................................................................................... 52 1.3 - Resina MF ......................................................................................... 54 1.4 - Resina MDI ........................................................................................ 55 2 - Aditivos .................................................................................................... 56 2.1 - Catalisador ........................................................................................ 56 2.2 - Emulsão de parafina .......................................................................... 56 2.3 - Desmoldante ..................................................................................... 57 2.3 – Retardante de fogo ........................................................................... 58 2.4 - Pigmento e corante ............................................................................ 58 Módulo 4 – Interações químicas entre fibras de madeira e adesivos ........ 59 1 - Reações químicas na fabricação de painéis de fibras ............................. 59 1.1 - Princípios básicos da encolagem de fibras de madeiras ................... 59 1.2 - Controle de pH .................................................................................. 62 1.3 – Hidrólise ............................................................................................ 63 1.4 - Condensação .................................................................................... 64 Referências Bibliográficas ............................................................................ 65 Química básica aplicada ao processo de produção MDF 4 José Eduardo Estevam da Silva FIGURAS Figura 1 – Estrutura eletrônica do átomo ........................................................... 6 Figura 2 – Cátions e ânions................................................................................ 8 Figura 3 – Formação de íons ............................................................................. 8 Figura 4 – Camadas eletrônicas ......................................................................... 9 Figura 5 – Subníveis eletrônicos ......................................................................10 Figura 6 – Diagrama de Linus Pauling ............................................................. 11 Figura 7 – Divisão da Tabela Periódica ............................................................ 12 Figura 8 – Níveis e subníveis eletrônicos ......................................................... 16 Figura 9 – Estrutura eletrônica Cloro e sódio ................................................... 17 Figura 10 – Estrutura eletrônica H2 .................................................................. 18 Figura 11 – Atração e repulsão de núcleos atômicos ....................................... 19 Figura 12 – Nuvem eletrônica .......................................................................... 20 Figura 13 – Interação dipolo-dipolo .................................................................. 21 Figura 14 – Interação dipolo-induzido .............................................................. 21 Figura 15 – Interação ligação de hidrogênio .................................................... 22 Figura 16 – Eletronegatividade na tabela periódica ......................................... 23 Figura 17 – Monômeros ................................................................................... 35 Figura 18 – Tipos de monômeros ..................................................................... 35 Figura 19 – Polietileno ...................................................................................... 37 Figura 20 – Teflon ............................................................................................ 37 Figura 21 – Condensação Uréia-formaldeído................................................... 37 Figura 22 – Condensação nylon ....................................................................... 38 Figura 23 – Escala de pH ................................................................................. 40 Figura 24 – Indicador ácido-base ..................................................................... 41 Figura 26 – Estrutura celular da madeira ......................................................... 43 Figura 27 – Celulose ........................................................................................ 46 Figura 29 – Molécula de lignina ........................................................................ 48 Figura 30 – Polimerização adesivo UF ............................................................. 54 Figura 31 – Polimerização adesivo MF ............................................................ 55 Figura 32 – Ftalocianina verde ......................................................................... 58 Figura 33 – Recobrimento da fibra pela resina ................................................. 60 Figura 34 – Interação celulose e adesivo ......................................................... 61 Figura 35 – Interação adesivo UF e fibras de madeira ..................................... 61 Figura 36 – Interação adesivo MDI e fibras de madeira ................................... 62 Figura 37 – Hidrólise e condensação da sacarose ........................................... 64 Química básica aplicada ao processo de produção MDF 5 José Eduardo Estevam da Silva TABELAS Tabela 1 – Camadas eletrônicas ........................................................................ 9 Tabela 2 – Subníveis eletrônicos ....................................................................... 9 Tabela 3 – Grupos ou famílias ......................................................................... 12 Tabela 4 – Tabela Periódica dos Elementos Químicos .................................... 14 Tabela 5 – Nomenclatura hidrocarbonetos ...................................................... 28 Tabela 6 – Composição química da madeira ................................................... 44 Tabela 7 – Composição química constituintes da madeira .............................. 44 GRÁFICOS Gráfico 1 - Densidade da madeira versus distancia da medula ....................... 49 Gráfico 2 – Resistencia a Compressão versus distância da medula ................ 49 Gráfico 3 – Resistencia a flexão versus distancia da medula........................... 50 Química básica aplicada ao processo de produção MDF 6 José Eduardo Estevam da Silva Introdução – Pequenas, porém importantes verdades na Química. • As coisas pequenas imitam as grandes e vice-versa; • Se demora em aquecer também demora em esfriar; • Coisas semelhantes solubilizam semelhantes; • Condutividade térmica e elétrica andam juntas. Módulo 1 – Química básica 1 - Estrutura eletrônica dos átomos (prótons, nêutrons e elétrons) Segue abaixo a ilustração esquemática de um átomo qualquer. Nota-se que a maior parte do espaço é vazio. Trata-se de uma figura fora de proporção, pois o diâmetro da eletrosfera é milhares de vezes maior que o do núcleo. O núcleo aqui representado está ampliado cerca de 500 bilhões de vezes e a eletrosfera cerca de 150 milhões de vezes. Assim como Rutherford mostrou, um átomo apresenta muito mais espaço vazio que preenchido (PERUZZO; CANTO, 2006). Figura 1 – Estrutura eletrônica do átomo O próton tem carga elétrica positiva (+), o elétron tem carga elétrica negativa (-) e o nêutron não tem carga. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 7 José Eduardo Estevam da Silva O número atômico (Z) é o número de prótons presentes no núcleo de um átomo. O número de massa (A) é a soma do número de prótons (Z) mais o número de nêutrons (N). Pode ser expresso matematicamente por : A = Z+ N Ao representar um átomo, a convenção atual é escrever o número atômico da parte inferior esquerda do símbolo e o numero de massa na parte superior esquerda. Exemplos: Átomos de carbono com 6 prótons, 6 elétrons e 6 nêutrons Átomos de cloro com 17 prótons, 17 elétrons e 20 nêutrons Átomos de nitrogênio com 11 prótons, 11 elétrons e 12 nêutrons Quando um átomo está eletricamente neutro, ele possui prótons e elétrons em igual número. 1.1 - Íons Quando um átomo eletricamente neutro perde ou recebe eletrons, ele se transforma em um íon. Se um átomo eletricamente neutro recebe elétrons, passa a ficar com excesso de cargas negativas, ou seja, transforma-se em um íon negativo. Por outro lado, se perder elétrons, transforma-se em um íon positivo. Íon negativo é chamado de ânion. Ion positivo é chamado de cátion. Para melhor entender, vejamos a Figura 2 (PERUZZO; CANTO,2006): Química básica aplicada ao processo de produção MDF 8 José Eduardo Estevam da Silva Figura 2 – Cátions e ânions Os íons monovalentes possuem apenas uma carga elétrica e são representados colocando-se um sinal de mais (+) ou de menos (-) no canto superior direito do símbolo. O sinal de mais (+) indica um cátion e o de menos (- ) indica um ânion. Para representar os íons bivalentes (2 cargas), trivalentes (3 cargas) e tetravalentes (4 cargas) deve-se colocar um número que indica a quantidade de cargas antes do sinal de “mais” ou de “menos”. Assim, temos: Mg2+, S2-, Al3+, N3- e Pb4+ Figura 3 – Formação de íons Química básica aplicada ao processo de produção MDF 9 José Eduardo Estevam da Silva 1.2 - Distribuição eletrônica em níveis energéticos Os elétrons se distribuem ao redor do núcleo em camadas que correspondem a níveis crescentes de energia. Estes níveis de energia correspondentes às camadas que se superpõem no átomo são representadas por letras maiúsculas K, L, M, N , O, P e Q ou por números 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. Por meio de métodos experimentais, osquímicos concluíram que o número máximo de elétrons que cabe em cada camada ou nível de energia é: Tabela 1 – Camadas eletrônicas Em cada camada os elétrons se distribuem em subníveis (órbitas) representados por letras minúsculas s, p, d e f. A quantidade máxima de elétrons em cada órbita é a seguinte: Tabela 2 – Subníveis eletrônicos Figura 4 – Camadas eletrônicas Química básica aplicada ao processo de produção MDF 10 José Eduardo Estevam da Silva Cada subnível comporta um certo numero máximo de elétrons, conforme mostrado na Figura 5 (PERUZZO; CANTO, 2006) abaixo. Ordenando os subníveis em ordem crescente de energia, os cientistas chegaram ao seguinte esquema: Figura 5 – Subníveis eletrônicos Como pode ser visto no esquema anterior, o subnível 4s, apesar de pertencer a quarta camada, apresenta energia inferior a do subnível 3d, o que pertence a terceira camada. Algumas outras situações de inversão desse tipo ocorrem entre os vários subníveis, por exemplo, o subnível 5s tem energia inferior ao 4d e ao 4f. Convém notar que a quantidade máxima de elétrons em cada subnível é o dobro dos números ímpares naturais 1, 3, 5 e 7. O diagrama de energia de Linus Pauling é utilizado para fazer a distribuição dos elétrons nos níveis e nos subníveis de energia, fazendo-se a distribuição deles seguindo as linhas inclinadas, sempre de cima para baixo conforme Figura 6 (PERUZZO; CANTO, 2006). O elétron será representado simbolicamente por : Química básica aplicada ao processo de produção MDF 11 José Eduardo Estevam da Silva Figura 6 – Diagrama de Linus Pauling A Camada de Valência é a última camada de distribuição eletrônica de um átomo. Por ser a camada mais externa, também é a que fica mais distante do núcleo atômico. De acordo com a Regra do Octeto, a camada de valência precisa de oito elétrons para se estabilizar. Usamos o Diagrama de Pauling para distribuir os átomos ao longo dos níveis (camadas) e subníveis de cada átomo. Exemplos: Nitrogênio - N Número Atômico: 7 Distribuição eletrônica: 1s2 2s2 2p3 Camada de Valência: 2s2 2p3, o N possui 5 elétrons na camada de valência. Oxigênio - O Número atômico: 8 Distribuição eletrônica: 1s2 2s2 2p4 Camada de Valência: 2s2 2p4, o oxigênio possui 6 elétrons na camada de valência. Carbono - C Química básica aplicada ao processo de produção MDF 12 José Eduardo Estevam da Silva Número atômico: 6 Distribuição eletrônica: 1s2 2s2 2p2 Camada de Valência: 2s2 2p2, o carbono possui 4 elétrons na camada de valência. 2 - Tabela Periódica As sete linhas horizontais que aparecem na tabela periódica são denominadas períodos. As dezoito linhas verticais que aparecem na tabela são denominadas grupos ou famílias de elementos. Devemos assinalar que algumas famílias tem nomes especiais: Tabela 3 – Grupos ou famílias Outra separação importante existente na classificação periódica faz a divisão dos elementos em metais, não-metais (ou ametais), semimetais e gases nobres, conforme Figura 7 (PERUZZO; CANTO, 2006): Figura 7 – Divisão da Tabela Periódica Química básica aplicada ao processo de produção MDF 13 José Eduardo Estevam da Silva Os elementos que estão no primeiro período possuem somente uma camada de elétrons. Os que estão no segundo período possuem duas camadas. Os que estão no terceiro possuem três camadas e assim sucessivamente. Os elementos da família 1A tem tendência de doar um elétron. Os elementos da família 2A tem tendência de doar dois elétrons. Os elementos da família 4A tem tendência de receber quatro elétrons. Os da família 5A recebem três elétrons. Os da família 6A recebem dois elétrons. Os da família 7A recebem um elétron e os da família 8A não doam nem recebem, pois são estáveis (nobres). Elementos de um mesmo grupo da Tabela Periódica apresentam o mesmo número de elétrons na camada de valência. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 14 José Eduardo Estevam da Silva Tabela 4 – Tabela Periódica dos Elementos Químicos Química básica aplicada ao processo de produção MDF 15 José Eduardo Estevam da Silva 3 - Tipos de ligações químicas Representações químicas: 3.1 – Estabilidade dos Gases Nobres Comparando-se as propriedades dos Gases Nobres com a dos outros elementos, observamos que os Gases Nobres apresentam praticamente: a) Os mais elevados potenciais de ionização; b) Nenhuma afinidade eletrônica; c) Nenhuma eletronegatividade; Desta forma, podemos afirmar que os GASES NOBRES são elementos muito estáveis, ou seja, não tem a necessidade de formar ligações com outros átomos, pois sua camada de valência está completa. 3.2 - A Regra do Octeto Então, Gilbert Newton Lewis propôs uma teoria para explicar a ligação entre os átomos, que ficou conhecida como modelo de octeto de elétrons (ou, simplesmente, regra do octeto). De acordo com esse modelo: Os átomos dos diferentes elementos ligam-se uns aos outros, doando, recebendo ou compartilhando elétrons na tentativa de adquirir uma configuração eletrônica igual a de um gás nobre (estável): 8 elétrons na camada de valência ou, então, 2 elétrons se a camada de valência for a primeira camada (FELTRE, 2005). OBS: Valência: Entende-se por valência a capacidade de combinação dos átomos. Ela corresponde ao número de elétrons que um átomo pode ganhar ou perder. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 16 José Eduardo Estevam da Silva Figura 8 – Níveis e subníveis eletrônicos A seguir, estudaremos, separadamente, os três diferentes tipos de ligações químicas interatômicas, a saber: Ligação Iônica, Covalente e metálica. 3.3 - Ligação iônica Ligação iônica é um tipo de ligação química baseada na atração eletrostática de íons com cargas opostas. Consideremos a reação entre o sódio e o cloro produzindo cloreto de sódio: Na + Cl → NaCl Eletronicamente essa reação é explicada esquematicamente na Figura 9 (PERUZZO; CANTO, 2006): Química básica aplicada ao processo de produção MDF 17 José Eduardo Estevam da Silva Figura 9 – Estrutura eletrônica Cloro e sódio Nesse exemplo, o átomo de sódio cede definitivamente 1 elétron ao átomo de cloro. Desse modo, forma-se um íon positivo (cátion Na+) e um íon negativo (ânion Cl-). Ambos com o octeto completo, ou seja, com a configuração de um gás nobre. Lembrando que essa explicação envolve apenas os elétrons da última camada (elétrons de valência) é comum simplificar a representação em que os sinais • e x estão representando exatamente os elétrons da camada mais externa. Essa representação é chamada notação de Lewis: Os átomos dos elementos dos grupos 1, 2 e 3 apresentam uma tendência acentuada a perder (doar) os eletrons da camada de valência. Os átomos dos elementos dos grupos 15, 16 e 17 apresentam, de modo geral, a tendência a receber elétrons para ficar com oito eletrons na última camada. Outros exemplos: Química básica aplicada ao processo de produção MDF 18 José Eduardo Estevam da Silva Atenção especial com o hidrogênio, pois ele não é metal, mas um ametal. Ele tem apenas um elétron e para estabilizar-se precisa receber mais um elétron. Desta forma, o H é a única exceção da primeira família, onde todos os demais são doadores de um elétron (FELTRE, 2005). 3.4 - Ligação covalente Consideremos,como primeiro exemplo, a união entre dois átomos do elemento hidrogênio (H) para formar a molécula de H2: Eletronicamente, a Figura 10 (PERUZZO; CANTO,2006) mostra uma representação esquemáticas: Figura 10 – Estrutura eletrônica H2 De forma abreviada temos: Ou ainda: Química básica aplicada ao processo de produção MDF 19 José Eduardo Estevam da Silva Nesta última representação, o traço (-) está indicando o par de elétrons que os dois átomos de hidrogênio passam a compartilhar. Assim, por comodidade, costuma-se representar uma ligação covalente normal por um traço. A molécula de H2 é estável, isto é, os átomos não se separam porque há um equilíbrio entre as forças de atração elétrica (entre núcleos e elétrons) e as forças de repulsão elétrica (entre os dois núcleos e entre os dois elétrons), como mostrado na Figura 11 (PERUZZO; CANTO, 2006) abaixo: Figura 11 – Atração e repulsão de núcleos atômicos Outro exemplo é molecula de N2 : cada átomo de nitrogênio tem apenas cinco elétrons na camada de valência. Eles se unem compartilhando três pares de elétrons. Forma-se um ligação tripla entre os átomos, que é indicada pelos três traços na representação abaixo. Desse modo cada átomo está com o octeto completo, pois além de seus cinco elétrons, compartilha três elétrons com o átomo vizinho. Ligação covalente é a união entre átomos estabelecida por pares de elétrons compartilhados. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 20 José Eduardo Estevam da Silva 3.5 - Ligação metálica Uma das principais características dos metais é a fácil condução de eletricidade. A consideração de que a corrente elétrica é um fluxo de elétrons levou a criação da chamada teoria da nuvem eletrônica (ou mar de elétrons). Em geral, os átomos dos metais tem apenas 1, 2 ou 3 elétrons na última camada eletrônica. Essa camada está normalmente afastada do núcleo, que consequentemente atrai poucos esses elétrons. Como resultado, os elétrons escapam facilmente do átomo e transitam livremente pelo reticulado. Desse modo, os átomos que perdem elétrons transformam-se em cátions, os quais podem logo depois receber elétrons e voltar à forma de átomo neutro e assim sucessivamente (FELTRE, 2005). Por fim, pode-se dizer que segundo essa teoria, o metal seria um aglomerado de átomos nêutrons e cátions, mergulhados em uma nuvem (ou mar) de elétrons livres. Assim, a nuvem de elétrons funcionaria como uma ligação metálica, mantendo os elétrons unidos. Figura 12 – Nuvem eletrônica 3.5.1 - Propriedades Brilho: os objetos metálicos, quando polidos, apresentam um brilho característico dos metais, por causa dos elétrons livres localizados na superfície dos metais que absorvem e irradiam a luz. Condutividade Térmica e Elétrica: os metais possuem elétrons livres em suas ligações metálicas, o que permite um trânsito rápido de temperatura e calor. É por este motivo que os metais são bons condutores de calor e temperatura. Ponto de fusão e de ebulição altos: os metais fundem e fervem em temperaturas geralmente bem elevadas, devido à ligação metálica ser muito https://www.infoescola.com/termodinamica/conducao-termica/ https://www.infoescola.com/quimica/eletron-livre/ https://www.infoescola.com/fisico-quimica/pontos-de-fusao-e-ebulicao/ Química básica aplicada ao processo de produção MDF 21 José Eduardo Estevam da Silva forte, como mencionado na propriedade anterior, os átomos são intensamente unidos. Densidade elevada: normalmente os metais são densos, em virtude das estruturas compactas dos retículos cristalinos. 4 - Interações intermoleculares As forças intermoleculares mantém as moléculas unidas e determinam as características físicas e químicas de uma determinada substância. As forças intermoleculares são o resultado das atrações eletrostáticas entre as moléculas que compõem uma substancia. Essas forças podem ser: 4.1 - Interação dipolo-dipolo Ocorre entre moléculas polares como HCl, HF e CO. Figura 13 – Interação dipolo-dipolo 4.2 - Interação dipolo-induzido Ocorre entre moléculas apolares como O2, CO2 e CH4 Figura 14 – Interação dipolo-induzido 4.3 - Ligação de hidrogênio Presente exclusivamente nas moléculas contendo átomos de F, O ou N interagindo com H. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 22 José Eduardo Estevam da Silva Figura 15 – Interação ligação de hidrogênio As forças intermoleculares são mais fracas do que as forças intramoleculares (ligações químicas), mas fortes o suficiente para governar certas propriedades das substancias, tais como: mudança de estado físico (fusão, ebulição, sublimação etc.), tensão superficial e viscosidade. Uma interação química significa que as moléculas se atraem ou se repelem entre si, sem que ocorra a quebra ou formação de novas ligações químicas. Estas interações são frequentemente chamadas de interações não covalentes ou interações intermoleculares. Quando compostos apolares interagem, o contato de uma molécula com a outra faz com que apareça uma força atrativa muito fraca que pode ser vista como uma interação dipolo induzido- dipolo induzido. 5 - Eletronegatividade e Polaridade Denomina-se eletronegatividade a tendência que o átomo de um determinado elemento apresenta para atrair elétrons, num contexto em que se acha ligado a outro(s) átomos(s). Embora essa atração se dê sobre todo o ambiente eletrônico que circunda o núcleo do átomo, é de particular interesse a atração que ele exerce sobre os elétrons envolvidos na ligação química. Segue abaixo a fila de eletronegatividade com alguns dos elementos que aparecem frequentemente no estudo da Química: F > O > N > Cl > Br > I > S > C > P > H Química básica aplicada ao processo de produção MDF 23 José Eduardo Estevam da Silva Figura 16 – Eletronegatividade na tabela periódica Uma ligação covalente será polar sempre que os dois átomos envolvidos possuírem diferentes eletronegatividades. Substancia polar tende a se dissolver em outra polar e substancia apolar tende a se dissolver em outra substrancia apolar. De forma resumida: “semelhante dissolve semelhante”. 6 - Fundamentos de Química Orgânica Química orgânica é o ramo da química que estuda os compostos de carbono. O carbono pertence ao segundo período, grupo 4A da tabela periódica. O Carbono tem 4 elétrons na camada de valência e sempre forma 4 ligações covalentes nos compostos orgânicos. Nestes compostos podem aparecer outros elementos como H, O, N. O carbono tem a característica de poder se ligar a outros carbonos formando cadeias carbônicas. Ele pode se ligar à outro carbono por meio de: Química básica aplicada ao processo de produção MDF 24 José Eduardo Estevam da Silva 6.1 - Classificação das Cadeias Carbônicas Inicialmente vamos conhecer a fórmula estrutural simplificada: As cadeias carbônicas são classificadas em dois grandes grupos: • Cadeias abertas ou alifáticas: Se seguirmos os carbonos da cadeia, estes não formam um ciclo, isto é, o C inicial não se liga ao C final: • Cadeias fechadas ou cíclicas: se seguirmos os carbonos da cadeia, estes formam um ciclo: As cadeias alifáticas ou cíclicas podem ser homogêneas ou heterogêneas. Elas serão homogêneas quando apresentarem somente átomos de carbono na cadeia e heterogêneas quando apresentarem átomo diferente de carbono entre dois átomos de carbono. Este átomo é denominado heteroátomo. Exemplos: Química básica aplicada ao processo de produçãoMDF 25 José Eduardo Estevam da Silva Elas também podem ser saturadas ou insaturadas. Elas serão saturadas se apresentarem somente simples ligações entre carbonos e insaturadas se apresentarem dupla ou tripla ligação entre carbonos: Podem ainda ser normal ou ramificada. Dizemos que uma cadeia é normal quando não apresentam ramificações, isto é, consegue-se seguir os carbonos em uma única sequência. Será ramificada quando para qualquer sequência escolhida deixamos carbonos de fora. Consideraremos esta alternativa somente para as cadeias alifáticas. Nas cadeias cíclicas consideraremos as cadeias com ramificações como sendo mistas: Química básica aplicada ao processo de produção MDF 26 José Eduardo Estevam da Silva Nas cadeias carbônicas, podemos classificar os átomos de C em função do número de outros átomos de C aos quais está ligado. Primário – ligado a 1 outro carbono Secundário – ligado a 2 outros carbonos Terciário – ligado a 3 outros carbonos Quaternário – ligado a 4 outros carbonos. Exemplos: 6.2 - Hidrocarbonetos São compostos orgânicos constituídos somente por carbono e hidrogênio. Exemplos: Química básica aplicada ao processo de produção MDF 27 José Eduardo Estevam da Silva Os alcanos são hidrocarbonetos de cadeia alifática e saturada. Exemplos: O alcenos são hidrocarbonetos de cadeia alifática, insaturada por uma dupla ligação carbono – carbono. Exemplos: Os alcinos são hidrocarbonetos de cadeia insaturada por uma tripla ligação carbono – carbono. Exemplos: Aromáticos são hidrocarbonetos que possuem 1 ou mais anéis benzênicos: Química básica aplicada ao processo de produção MDF 28 José Eduardo Estevam da Silva 6.2.1 - Nomenclatura dos hidrocarbonetos Segue abaixo a Tabela 5 (PERUZZO; CANTO, 2006) que mostra de forma resumida a base da nomenclatura dos hidrocarbonetos. Usaremos um prefixo para indicar o número de carbonos e uma terminação que vai corresponder a subfunção ou classe: Tabela 5 – Nomenclatura hidrocarbonetos Os compostos cíclicos recebem o nome do alcano ou alceno correspondente antecedidos da palavra ciclo: 6.3 - Álcoois São compostos derivados de hidrocarbonetos pela substituição de um ou mais átomos de hidrogênio de átomos de carbono saturado por igual número de grupo hidroxila. Quanto à posição da hidroxila na molécula os álcoois classificam em: primários, secundários e terciários: Química básica aplicada ao processo de produção MDF 29 José Eduardo Estevam da Silva 6.3.1 - Nomenclatura O nome oficial dos álcoois segue a mesma regra atribuída aos hidrocarbonetos, com exceção da terminação que trocamos o o por ol: O nome não oficial dos álcoois são formados pela palavra álcool, seguida do nome do radical alquila com a terminação ico: 6.3.2 - Propriedades Os álcoois primários apresentam ponto de ebulição maior que de um primário, e este maior que de um terciário. Os pontos de ebulição também estão condicionados às suas massas molares, pois quanto maior a massa molar do álcool maior é o seu ponto de ebulição. Os álcoois com até três átomos de carbono possuem solubilidade infinita em água. A solubilidade em água dos álcoois também está condicionada à massa molar, pois esta diminui a medida que aumenta a massa molar. Os álcoois com até 12 átomos de carbono são líquido e acima deste número são sólidos. 6.4 - Aldeídos Aldeídos são compostos derivados de hidrocarbonetos pela substituição de dois átomos de hidrogênio de carbono primário e saturado por um átomo de oxigênio. Ao substituir os dois átomos de hidrogênio do hidrocarboneto pelo oxigênio obtém-se o grupo carbonila. Os aldeídos são identificados pela existência do grupo funcional – CHO. 6.4.1 - Nomenclatura O nome oficial de um aldeído é formado pelo prefixo indicativo do número de átomos de carbono seguido do infixo que indica o tipo de ligação entre os Química básica aplicada ao processo de produção MDF 30 José Eduardo Estevam da Silva átomos de carbono e o infixo que indica a função que pertence o composto, para os aldeídos usamos a terminação al. 6.4.2 - Propriedades Os aldeídos são polares e os de baixas massas molares apresentam menor densidade que a água e são solúveis nela. A solubilidade dos aldeídos é devida às pontes de hidrogênio que podem fazer com as moléculas de água. A solubilidade dos aldeídos em água decresce à medida que aumentam a cadeia carbônica até se tornarem insolúveis. 6.5 - Cetonas Cetonas são compostos orgânicos derivados de hidrocarbonetos e apresentam o grupo carbonila em suas composições. O nome oficial das cetonas segue a mesma regra atribuída aos hidrocarbonetos com exceção da terminação(sufixo), que substitui o o do hidrocarboneto por ona. A numeração da cadeia de uma cetona inicia-se na extremidade mais próxima do grupo funcional. 6.5.1 - Propriedades Devido a presença do grupo carbonila em suas moléculas, as cetonas são polares. As cetonas de baixas massas molares são solúveis em água e podem fazer pontes de hidrogênio com a mesma. As cetonas de elevadas massas moleculares são insolúveis e imiscíveis em água, pois à medida que o conteúdo carbônico aumenta as cetonas a sua solubilidade diminuída em água). As cetonas apresentam pontos de ebulição menores que dos álcoois e dos ácidos carboxílicos de massas molares aproximadas e maiores que dos aldeídos. As cetonas de menores massas moleculares são líquidas e as cetonas de massas molares elevadas são sólidas. 6.6 - Éteres Éteres são compostos que apresentam o grupo funcional R–O–R. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 31 José Eduardo Estevam da Silva 6.6.1 - Nomenclatura O nome oficial de um éter é formado pelo nome do grupo alcoxi mais o nome do hidrocarboneto correspondente ao grupo alquila. O nome não oficial de um éter é formado pela palavra éter mais os nomes dos grupos que estão ligados ao átomo de hidrogênio em ordem alfabética com a terminação ico: 6.6.2 – Propriedades Os éteres que apresentam até três átomos de carbono são gasosos, a partir do etoxietano são líquidos e os de massas molares elevadas são sólidos. Os éteres apresentam baixa polaridade (apresenta baixa reatividade) e sua solubilidade em água é comparável à dos álcoois e apresentam densidades menores do que ela. Os éteres líquidos são usados como solventes apolares e na extração de óleos, gorduras e essências de fontes naturais. Os éteres de baixas massas molares exercem ação embriagante quando inalados e em doses elevadas apresentam ação narcótica. 6.7 - Ácidos carboxílicos São compostos orgânicos que apresentam o grupo funcional carboxila, isto é, um carbono que realiza uma ligação dupla com outro carbono e uma ligação simples com um grupo OH. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 32 José Eduardo Estevam da Silva 6.7.1 – Nomenclatura O nome oficial de um ácido carboxílico segue a mesma regra atribuída aos hidrocarbonetos com exceção da terminação, que trocamos o o do hidrocarboneto pela terminação óico. Quando for necessário numerar a cadeia carbônica, deve-se iniciar a partir do carbono pertencente ao grupo funcional. 6.7.2 - Propriedades Os monoácidos alifáticos de 1 a 9 átomos de carbono são líquidos, acima de 10 carbonos são sólidos e são chamados de ácidos graxos. Os monoácidoscom até 4 átomos de carbono são solúveis em água, e de 5 a 10 átomos de carbono são parcialmente solúveis em água e os demais são insolúveis em água. 6.8 - Ésteres Os ésteres são compostos orgânicos oxigenados que são formados pela reação química entre um ácido carboxílico e um álcool. Apresentam o grupo funcional composto por dois átomos de oxigênio e dois radicais R. 6.8.1 – Nomenclatura O nome oficial de um éster deriva do nome do ácido de origem, trocando a terminação ico pela terminação ato, mais o nome do radical alquila ou arila. Exemplo: nome do ácido: ácido etanóico, este da origem ao etanoato de etila, na nomenclatura não oficial utiliza-se o prefixo latino para indicar o número de átomos de carbono (acetato de etila). 6.8.2 – Propriedades Possuem aroma de frutas e flores. Ésteres de baixa massa molar são líquidos à temperatura ambiente e os de alta massa molar são sólidos. Quando comparados com os álcoois e ácidos carboxílicos, os ésteres apresentam pontos de fusão e ebulição mais baixos. https://brasilescola.uol.com.br/quimica/massa-molar-numero-mol.htm Química básica aplicada ao processo de produção MDF 33 José Eduardo Estevam da Silva Em comparação com a água, os ésteres de menor massa molar são menos densos. Os ésteres de menor massa molar são polares e os de maior massa molar são apolares. Os ésteres de menor massa molar são pouco solúveis em água e os de maior massa são insolúveis em água. 6.9 - Aminas As aminas são uma classe de compostos químicos orgânicos nitrogenados derivados do amoníaco (NH3). Se substituirmos um, dois ou três hidrogênios da amônia, teremos, respectivamente, aminas primárias, secundárias ou terciárias: Primária Secundária Terciária 6.9.1 – Nomenclatura O nome de uma amina primária é formado de modo semelhante a de um monoálcool. 6.9.2 – Propriedades As aminas são polares e estas formam com a água pontes de hidrogênio. A polaridade das aminas diminui à medida que passa da primária para a secundária e sucessivamente. Os pontos de ebulição são mais elevados que os dos compostos apolares de igual massa molar, porém são mais baixos que os dos álcoois e ácidos carboxílicos. Qualquer que seja a classe das aminas, esta tem a possibilidade de formarem ligações de hidrogênio com a água. As aminas de massas molares baixa são perfeitamente solúveis em água. A solubilidade das aminas em água diminui à medida que aumenta o conteúdo carbônico. As aminas com o máximo de 12 átomos de carbono são líquidas e acima deste número são sólidas. As aminas também são solúveis em solventes menos polares (éter, álcool, benzeno). Química básica aplicada ao processo de produção MDF 34 José Eduardo Estevam da Silva 6.10 - Isocianatos Os isocianatos possuem o grupo R-N=C=O que reage com compostos que possuam átomos de hidrogênio ativo, como os polióis (vários álcoois) e a água. Vejamos abaixo três importantes reações dos isocianatos: a) Álcoois formando poliuretanos; b) Aminas dando poliuréias; c) Água originando poliuréia e liberando gás carbônico que é o principal agente de expansão nas espumas de PU; 7 - Polímeros 7.1 - Definição Polímero é qualquer material orgânico ou inorgânico, sintético ou natural, que tenha um alto peso molecular e com variedades estruturais repetitivas, sendo que normalmente esta unidade que se repete é de baixo peso molecular (MANRICH, 2005). Química básica aplicada ao processo de produção MDF 35 José Eduardo Estevam da Silva Figura 17 – Monômeros A palavra POLÍMERO vem do grego, onde poli significa “muito” e mero quer dizer “parte” ou “unidade” (que se repete). Os meros são ligados entre si por meio de ligações primárias (estáveis) e formam um polímero. Dependendo da necessidade e objetivo da síntese, os monômeros (meros) podem se organizar premeditadamente de forma alternada, randômica, em bloco ou enxertados. A Figura 18 mostra exemplos: Figura 18 – Tipos de monômeros 7.2 - Principais polímeros conhecidos Seguem abaixo vários exemplos de polímeros usados no nosso cotidiano: Química básica aplicada ao processo de produção MDF 36 José Eduardo Estevam da Silva 7.3 - Plásticos termofixos Os polímeros que por aquecimento ou outra forma de tratamento, assumem estrutura tridimensional, reticulada, com ligações cruzadas, tornando- se insolúveis e infusíveis são chamados termorrígidos (thermoset). Após o resfriamento e endurecimento, esses plásticos mantêm o formato e não conseguem voltar à sua forma original. Alguns exemplos são: poliuretano, poliéster, resinas epóxi, resinas a base de uréia-formaldeído (PASSATORE, 2013). 7.4 - Plásticos termoplásticos Os polímeros lineares ou ramificados que permitem fusão por aquecimento e solidificação por resfriamento. Os termoplásticos são menos rígidos do que os termorrígidos e podem ficar flexíveis com o aquecimento, voltando à sua forma original. São facilmente maleáveis para produzir filmes, fibras e embalagens. Alguns exemplos são: polietileno (PE), polipropileno (PP) e cloreto de polivinila (PVC). 7.5 - Polímeros Naturais Os polímeros naturais são: a borracha, os polissacarídeos (como celulose e amido) e as proteínas. A borracha natural é um polímero de adição, ao passo que os polissacarídeos e as proteínas são polímeros de condensação, obtidos respectivamente a partir de monossacarídeos e aminoácidos. 7.6 - Polímeros Sintéticos Em geral os polímeros sintéticos são produzidos quimicamente a partir de produtos derivados de petróleo. Eles podem oferecer uma infinidade de aplicações. 7.7 - Polímeros de adição Formados a partir de um único monômero por meio de uma reação de adição. As substâncias usadas na geração de polímeros manifestam de forma obrigatória uma ligação dupla entre os carbonos. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 37 José Eduardo Estevam da Silva Figura 19 – Polietileno Figura 20 – Teflon 7.8 - Polímeros de condensação São gerados pela reação entre dois monômeros diferentes por meio de uma reação de condensação. Nessa reação ocorre a eliminação de outra molécula geralmente a água ou um ácido. Nessa modalidade de polimerização, os monômeros não necessitam demonstrar ligações duplas por meio dos carbonos. No entanto é extremamente necessária a presença de dois tipos de grupos funcionais distintos (PASSATORE, 2013). Figura 21 – Condensação Uréia-formaldeído Química básica aplicada ao processo de produção MDF 38 José Eduardo Estevam da Silva Figura 22 – Condensação nylon 7.9 – Propriedades Conforme Passatore (2013), os polímeros apresentam algumas importantes propriedades: • Densidade: Os polímeros apresentam uma densidade relativamente baixa se comparados a outros materiais. A faixa de variação de densidade destes materiais estende-se de aproximadamente 0,9 g/cm3 até 2,3 g/cm3 e são mais leves que metais ou cerâmica. Exemplo: o Poliestireno é 3 vezes mais leve que o alumínio e 8 vezes mais leve que o aço. Motivação para uso na indústria de transportes, embalagens, equipamentos esportivos, etc. • Condutibilidade térmica: A condutibilidade térmica da maioria dos polímeros situa-se na faixa de 0,15 a 0,5 W/mK. Um motivo para baixa condutibilidade térmica destes materiais é a falta de elétrons livres no material. A condutividade térmica dos polímeros é cerca de mil vezes menor que a dos metais. Logo, são altamenterecomendados em aplicações que requeiram isolamento térmico, particularmente na forma de espumas. Por outro lado existem alguns polímeros dopados por grupos químicos que lhes atribuem a capacidade de transferir calor. • Condutibilidade elétrica: Em geral os polímeros conduzem muito mal a energia elétrica. Eles têm elevada resistência e com isso baixa condutibilidade em comparação a outros materiais. A resistência elétrica dos polímeros é dependente da temperatura e diminui com o aumento da temperatura. A razão Química básica aplicada ao processo de produção MDF 39 José Eduardo Estevam da Silva para a baixa condutibilidade elétrica é a mesma para a térmica, a falta de elétrons livres. Observando esta propriedade, os polímeros são altamente indicados para aplicações onde se requeira isolamento elétrico. Pode-se melhorar sua condutibilidade elétrica introduzindo-se pós-metálicos nesses materiais. A adição de cargas especiais condutoras (limalha de ferro, negro de fumo) pode tornar polímeros fracamente condutores, evitando acúmulo de eletricidade estática que é perigoso em certas aplicações. Nota: Há polímeros especiais que são bons condutores. O Prêmio Nobel de Química do ano 2000 foi concedido a cientistas que sintetizaram polímeros com alta condutividade elétrica. • Resistência à corrosão: As ligações químicas presentes nos plásticos (covalentes/Van der Walls) lhes conferem maior resistência à corrosão por oxigênio ou produtos químicos do que no caso dos metais (ligação metálica). Isso contudo não quer dizer que os plásticos sejam completamente invulneráveis ao problema. Ex: um CD não pode ser limpo com terebintina, que danificaria a sua superfície. De maneira geral, os polímeros são atacados por solventes orgânicos que apresentam estrutura similar a eles. Ou seja: similares diluem similares. • Porosidade: O espaço entre as macromoléculas do polímero é relativamente grande. Isso confere baixa densidade ao polímero, o que é uma vantagem em certos aspectos. Esse largo espaçamento entre moléculas faz com que a difusão de gases através dos plásticos seja alta. Em outras palavras: esses materiais apresentam alta permeabilidade a gases, que varia conforme o tipo de plástico. A principal consequência deste fato é a limitação dos plásticos como material de embalagem, aparente no prazo de validade mais curto de bebidas acondicionadas em garrafas de PET. Por exemplo, o caso da cerveja é o mais crítico. Essa permeabilidade pode ser muito interessante como no caso de membranas poliméricas para remoção de sal da água do mar. • Propriedades mecânicas importantes: alta flexibilidade conforme o tipo de polímero e os aditivos usados na sua formulação; alta resistência ao impacto. Tal propriedade, associada à transparência, permite substituição do Química básica aplicada ao processo de produção MDF 40 José Eduardo Estevam da Silva vidro em várias aplicações, tais como: lentes de óculos (em acrílico ou policarbonato) e faróis de automóveis (policarbonato). Contudo, a resistência à abrasão e a solventes não é tão boa quanto à do vidro. Lentes de acrílico riscam facilmente e se danificam se entrarem em contato com solventes como, por exemplo, acetona. 8 – Medição de pH O pH corresponde ao potencial hidrogeniônico de uma solução. Ele é determinado pela concentração de íons de hidrogênio (H+) e serve para medir o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade de determinada solução. Além do pH existe também outra grandeza que determina a acidez e a basicidade de um sistema aquoso: o pOH (potencial hidroxiliônico). Essa escala possui a mesma função que o pH, embora seja menos utilizada. Figura 23 – Escala de pH O pH é representado numa escala que varia de 0 a 14. Ela mede a acidez e basicidade de uma solução. Sendo assim, o pH 7 representa uma solução neutra (por exemplo, a água pura). Já os que estão antes dele são consideradas soluções ácidas (pH ácido), e os que estão após o 7 são as soluções básicas (pH alcalino). Feita essa observação, o caráter ácido é crescente da direita para a esquerda. Já o caráter básico, da esquerda para a direita. Note que, quanto menor o valor do pH mais ácida será a solução. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 41 José Eduardo Estevam da Silva 8.1 - Como medir o pH? O controle do pH é importante não só para fins científicos, mas também no cotidiano. O pH da piscina precisa ser verificado, assim como o pH do aquário e até mesmo o pH do solo para possibilitar certos tipos de plantações. Veja a seguir as principais formas de medir o pH. 8.2 - Indicador ácido-base Os chamados indicadores ácidos-bases são utilizados para medir o pH de uma solução. Eles são substâncias que mudam de cor indicando o caráter da solução. Os indicadores mais utilizados são: o tornassol e a fenolftaleína. Figura 24 – Indicador ácido-base 8.3 - pHmetro Além dos indicadores, o pH de uma solução pode ser medida através de um instrumento chamado de pHmetro. Esse aparelho eletrônico mede a condutividade elétrica da solução e converte para a escala dos valores de pH. Figura 25 – pHmetro Química básica aplicada ao processo de produção MDF 42 José Eduardo Estevam da Silva Módulo 2 – Fibras de madeira 1 – Composição química da madeira A Figura 26 (SUCHSLAND; WOODSON, 1987) mostra a estrutura da parede celular da madeira de forma simplificada: Química básica aplicada ao processo de produção MDF 43 José Eduardo Estevam da Silva Figura 26 – Estrutura celular da madeira Todas as células de madeira possuem paredes constituídas por camadas, parede primária normalmente chamada por P e as três camadas da parede secundária normalmente chamadas por S1, S2 e S3 conforme a Figura 14 (RYDHOLM, 1965). Na camada S1 existe um número de camadas finas (lamelas) de fibras paralelas com ângulos de orientação alternados em relação ao eixo da célula (50 ° a 70 °). A camada S2 mostra um alinhamento paralelo de fibras orientadas a cerca de 10 ° a 30 ° do eixo da célula. As fibras na camada mais interna (S3) da parede secundária descrevem uma hélice bastante plana sobre 60 ° a 90 ° em relação ao eixo da célula. Em relação à composição química elementar da madeira, pode-se afirmar que não há diferenças consideráveis, levando-se em conta as madeiras de diversas espécies. Os principais elementos químicos existentes são o Carbono (C), o Hidrogênio (H), o Oxigênio (O) e o Nitrogênio (N) em pequenas quantidades. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 44 José Eduardo Estevam da Silva Tabela 6 – Composição química da madeira Elemento (%) C 49 - 50 H 6 O 44 – 45 N 0,1 - 1 Quanto aos principais componentes químicos da madeira, temos a Celulose, Hemicelulose e Lignina conforme abaixo: Tabela 7 – Composição química constituintes da madeira Coníferas e folhosas (softwoods e hardwoods) são dois grandes grupos de vegetais produtores de madeira. Coníferas: caracterizam-se, principalmente, por possuir folhas em forma de agulhas e frutos em forma de cones com sementes expostas. No Brasil, a conífera nativa mais conhecida é o pinheiro-do-paraná cujo nome científico é Araucaria angustifolia. Uma outra conífera fornecedora de madeira é uma espécie exótica (nativa de outro país, mas cultivada por aqui) que é o pinus. O mais comum no Brasil é o Pinus elliottii, mas existem outros como o Pinus caribaea, Pinus oocarpa, Pinus taeda, Pinus patula etc. Química básicaaplicada ao processo de produção MDF 45 José Eduardo Estevam da Silva Folhosas: caracterizam-se, principalmente, pelas folhas largas e frutos com sementes envolvidas por uma casca. A este grupo pertence a grande maioria das espécies florestais brasileiras e aí estão incluídas a sucupira (Bowdichia nitida), o ipê (Tabebuia spp.), o mogno (Swietenia macrophylla), a andiroba (Carapa guianensis), o cedro (Cedrella spp.), o jatobá (Hymenaea courbaril), o pau-brasil (Caesalpinia echinata), o jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra) etc. Temos no Brasil uma folhosa exótica muito conhecida que é o eucalipto (Eucalyptus spp.). Química básica aplicada ao processo de produção MDF 46 José Eduardo Estevam da Silva 1.1 - Celulose É o componente majoritário, perfazendo aproximadamente a metade das madeiras tanto de coníferas quanto de folhosas. A molécula de celulose é uma cadeia medida em termos do número de unidades de glicose que ele contém. Esse número é chamado de grau de polimerização, que para madeira varia entre 3.000 e 10.000 dependendo da espécie (RYDHOLM, 1965). Devido a suas propriedades químicas e físicas, bem como à sua estrutura supramolecular, preenche sua função como o principal componente da parede celular dos vegetais. Cadeia aberta Figura 27 – Celulose 1.2 - Hemicelulose As hemiceluloses são polissacarídeos como celulose, mas de peso molecular muito menor. São mais solúveis e pouco contribui para a força da Química básica aplicada ao processo de produção MDF 47 José Eduardo Estevam da Silva célula paredes. Possui caráter amorfo. As hemiceluloses são polímeros em cuja composição podem aparecer, condensadas em proporções variadas, diversas unidades de açúcar (sacarose) (FENGEL; WEGENER, 1989). Figura 28 – Açucares componentes da hemicelulose 1.3 - Lignina É a terceira substância macromolecular componente da madeira. É um polímero reticulado, estrutura amorfa, tridimensional a partir de unidades de fenilpropano, ou seja, de natureza aromática. A lignina é responsável, em parte, pela resistência mecânica das madeiras (WARDROP, 1971). A unidade básica de fenilpropano consiste de um anel aromático e de uma parte alifática (cadeia lateral) de 3 átomos de carbono, denominados α, β e γ; (C6 -C3 ou C9, unidas por ligações éter e C-C). Química básica aplicada ao processo de produção MDF 48 José Eduardo Estevam da Silva Os álcoois precursores para formação da lignina são: Figura 29 – Molécula de lignina Química básica aplicada ao processo de produção MDF 49 José Eduardo Estevam da Silva 1.4 - Resistencia mecânica em madeira de pinus e eucalipto Densidade da madeira (g/cm³) versus distancia da medula (cm) (SERPA et. al, 2003) Gráfico 1 - Densidade da madeira versus distancia da medula Resistencia a compressão (Mpa) versus distancia da medula (cm) (SERPA et. al, 2003) Gráfico 2 – Resistencia a Compressão versus distância da medula Química básica aplicada ao processo de produção MDF 50 José Eduardo Estevam da Silva Resistencia a flexão (MPa) versus distancia da medula (cm) (SERPA et. al, 2003) Gráfico 3 – Resistencia a flexão versus distancia da medula 1.5 - Considerações sobre as fibras de madeira O processo MDF prevê a produção de fibras de madeira a partir do “amolecimento” do cavaco para facilitar a desfibração. Seguem abaixo algumas observações feitas a partir do empirismo da operação: • A lignina exerce função de aglutinante natural na consolidação de chapas; • Pressões de vapor entre 9 e 9,5 bar favorecem o “amolecimento” da lignina; • Pressões de vapor inferiores a 8,0 bar dificultam o “amolecimento” da lignina; • Excesso de pressão de vapor (igual ou maior que 9,5 bar) gera danos a lignina; • Chapas de espessura média necessitam de menor densidade da fibra; • Para chapas finas e densas, a densidade da fibra deve ser mais alta; • Quanto mais velha a madeira, mais alcalina (pH aumenta e menor tamponamento ácido); • Madeiras moles ou macias tem valores de pH mais baixo que madeiras duras; • Quanto menor o pH da madeira, menor o gel time da resina UF; • Quanto maior a concentração de lignina menor será a dosagem de resina; • Quanto mais fina e densa a chapa, maior deve ser a concentração de lignina; Química básica aplicada ao processo de produção MDF 51 José Eduardo Estevam da Silva Módulo 3 – Adesivos e aditivos 1 – Adesivos 1.1 - Características físico-químicas do adesivo 1.1.1 - Viscosidade A viscosidade de um líquido pode ser definida como a resistência ao fluxo livre entre camadas de uma matéria, ou ainda, a grandeza que caracteriza a existência de atrito entre as moléculas de um fluido e que se manifesta através do escoamento. A fluidez de um líquido está relacionada com a sua viscosidade. Conforme Iwakiri et al. (2010), as diferenças na magnitude da viscosidade do adesivo resultam em diferentes inter-relações com as características de utilização. Adesivo com alta viscosidade resultará em: • Maior dificuldade de espalhamento devido à baixa fluidez; • As condições de umectação serão desfavoráveis; • Menor penetração do adesivo na estrutura capilar da madeira, com a formação da linha de cola mais espessa, ocasionando ligação insuficiente no sistema madeira – adesivo – madeira e qualidade inferior da colagem; Na condição de baixa viscosidade do adesivo teremos maior penetração do adesivo e sua absorção pela madeira e em situação extrema poderá resultar em alto consumo de cola. A viscosidade, segundo Marra (1992), pode ser determinada por meio de vários métodos e aparelhos, destacando-se os seguintes: • Viscosímetro Brookfield - mede a força necessária para girar um disco ou bobina submersa no líquido, a velocidade constante; • Método de copo graduado ou “Copo Ford” – emprega um copo cônico graduado padrão, de determinado volume, com orifício no fundo, e mede- se o tempo de passagem do líquido por este orifício. 1.1.2 - Tempo de gelatinização (gel time) O tempo de gelatinização é medido em segundos, minutos ou horas, e corresponde ao período desde a preparação do adesivo para aplicação que inclui Química básica aplicada ao processo de produção MDF 52 José Eduardo Estevam da Silva as adições de catalisador (ou outros aditivos) até o “ponto” de endurecimento ou fase de gel quando atinge a máxima elasticidade. Teste do “gel-time” está relacionado à vida útil do adesivo quando se atinge o ponto de máxima viscosidade admissível para a sua aplicação. Está também relacionada à reatividade do adesivo que por sua vez influenciará no tempo de prensagem (IWAKIRI et al., 2010). 1.1.3 - Teor de substâncias sólidas O teor de substâncias sólidas é definido como a quantidade de sólidos contidos na resina. A resina é composta de componentes sólidos e líquidos voláteis, constituídos de solventes orgânicos. Com a prensagem a quente ocorre a evaporação dos componentes líquidos, “cura” e solidificação da resina formando a linha de cola que é responsável pela ligação entre os substratos e transferência de tensões do sistema madeira – linha de cola – madeira (IWAKIRI et al., 2010). 1.1.4 - pH O pH de uma solução aquosa é definido como a concentração de íons dissociados de H+ e OH- e a sua determinação é feita pela leitura direta em aparelhos denominados de pHmetros. Em relaçãoà encolagem de madeiras é importante considerar a influência do pH tanto da madeira como da resina. A resina não deve ter os limites de pH ultrapassando a faixa de 2,5 a 11, pois podem resultar em degradação das fibras de madeira. Além disso, o pH muito baixo pode provocar uma formação excessiva de espuma na mistura, prejudicando sensivelmente a aplicação do adesivo. A resina uréia-formaldeído cura em meio ácido. Portanto, a madeira de alta acidez pode provocar a pré-cura da resina UF na prensagem. 1.2 - Resina UF A resina uréia-formaldeído foi desenvolvida no início da década de 30 e possui uma ampla aplicação na indústria madeireira. Mais de 90% dos produtos compostos de madeira utilizam esta resina, tendo em vista o seu baixo custo em relação às outras resinas. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 53 José Eduardo Estevam da Silva No entanto, uma das desvantagens consiste na sua susceptibilidade a degradação por hidrólise na presença de umidade e/ou ácidos, especialmente em temperaturas moderadas a elevadas. Essa deterioração se acelera com temperaturas acima de 60°C. Sua composição química baseia-se principalmente na uréia e formaldeído. A uréia é produzida comercialmente pela reação de dióxido de carbono e amônia. O formaldeído é obtido pela oxidação do metanol, preparado comercialmente a partir de monóxido de carbono e hidrogênio ou de petróleo (IWAKIRI et al., 2010). A razão molar entre formaldeído e uréia – F/U, situa-se entre 1,2:1 a 2,0:1. Resinas com baixa razão molar (de 1,2:1 a 1,6:1) se caracterizam por um maior tempo de gelatinização (vida útil), menor concentração de formaldeído livre, mas com viscosidade mais elevada. Possui menor resistência a água (durabilidade) e tempo de cura mais lento do que as resinas com alta razão molar (1,8:1 a 2,0:1). As resinas uréia-formaldeído são produzidas em solução aquosa com conteúdo de sólidos entre 60 a 70%. Apresenta coloração branca leitosa, o pH na faixa de 7,4 a 7,8, a viscosidade na faixa de 400 a 1000cp (25°C). Sua cura se processa pela redução de pH com adição de um catalisador ácido. Os catalisadores empregados na cura a quente (temperaturas entre 90 a 120°C) são o cloreto de amônia ou sulfato de amônia. Uma proposta de polimerização da resina uréia-formaldeído é mostrada na reação abaixo (PIZZI, 2003; UPDEGAFF, 1990): Química básica aplicada ao processo de produção MDF 54 José Eduardo Estevam da Silva Figura 30 – Polimerização adesivo UF 1.3 - Resina MF A melamina-formaldeído (MF) é uma classificada como resina de uso intermediário entre as uréia-formaldeído e fenol-formaldeído. Possui coloração branca leitosa e tem maior resistência a umidade em relação a resina UF. Entretanto, o seu custo é de 3 a 4 vezes maior que a UF. Por isso, a resina MF pode ser utilizada como “fortificante” em mistura com a resina UF na proporção de até 40:60 (M/U). Esta forma de utilização está disponível no mercado com a denominação de melaminia-uréia-formaldeído (IWAKIRI et al., 2010). No processo de fabricação do pré-condensado de melamina-formaldeído, o pH fica em torno de 9,0 com a finalidade de desacelerar a reação de condensação. Entretanto, a cura final ocorre no meio ácido com a utilização de mesmos catalisadores da resina uréia-formaldeído. A temperatura de cura é na faixa de 65 a 130°C, sendo que, na temperatura de 130°C, não é necessário o Química básica aplicada ao processo de produção MDF 55 José Eduardo Estevam da Silva uso de catalisador. Uma síntese de formação do polímero melamina-formaldeído é proposta na Figura 31 (SATO; NAITIO, 1973): Figura 31 – Polimerização adesivo MF 1.4 - Resina MDI Os primeiros isocianatos orgânicos foram desenvolvidos na Alemanha no final da década de 30 e suas respectivas resinas foram utilizadas pela primeira vez na década de 40. Sua principal vantagem é a total ausência de emissão de formaldeído livre. Uma das desvantagens se refere à sua habilidade de aderir em superfícies metálicas durante a prensagem, mas com o desenvolvimento de aditivos de impregnação nas cintas de aço, esse efeito tem diminuído drasticamente. A resina à base de isocianato possibilita a utilização de partículas de madeira com alto teor de umidade e com tempo de prensagem relativamente curto. O custo de produção é alto, pois o quilo da resina MDI é aproximadamente 6 vezes mais caro que a resina UF. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 56 José Eduardo Estevam da Silva 2 - Aditivos 2.1 - Catalisador Os mais usados são o cloreto de amônia e sulfato de amônia adicionados na resina uréia-formaldeído e tem a função de reativar a pré-condensação e aumentar a velocidade de polimerização e cura da resina. O catalisador reduz o pH da resina, tornando o meio mais ácido e tendo a ação de endurecedor por combinação com o formaldeído livre (IWAKIRI et al., 2010). 2.2 - Emulsão de parafina É uma mistura de dois líquidos imiscíveis (que não se misturam). O líquido que está em maior quantidade é o dispergente e o líquido que encontra-se em menor quantidade é o disperso. Ambos estão numa dispersão coloidal na fase líquida. A expressão emulsão vem do latim emulsu que quer dizer ordenhado, devido ao aspecto leitoso da maioria das emulsões. Uma emulsão tem cadeia longa e átomos ligados com uma extremidade polar e outra extremidade apolar, assim como as moléculas de detergentes e sabões. A emulsão de parafina é aplicada na proporção de até 1% baseado no peso do sólido resinoso e tem o objetivo de reduzir o caráter higroscópico das partículas de madeira e melhorar a estabilidade dimensional das chapas. A molécula de parafina wax (C21H27NO3) abaixo é um exemplo de emulsão. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 57 José Eduardo Estevam da Silva 2.3 - Desmoldante Esse produto é aplicado nas superficies das cintas de aço da prensa visando criar uma película que impeça a reação dos átomos de ferro presentes nas cintas com a resina MDI presente nas fibras de madeira. Há também desmoldantes que são dosados diretamente nas fibras de madeira. Possui uma longa cadeia de carbonos formando um álcool graxo etoxilado. Sua função é impregnar a cinta de aço deixando-a inerte a reação com o adesivo MDI. Álcool graxo etoxilado (C15H32O2) Outro tipo de desmoldante está em uso na prensa FA1. Seu nome químico é Heptametiltrissiloxano modificado com polialquileno-óxido e possui CAS NO: 27306-78-1. Possui um lado hidrofóbico e outro hidrofílico. Sua estrutura química é a seguinte: (C2H4O)n.C11H30O3Si3 Química básica aplicada ao processo de produção MDF 58 José Eduardo Estevam da Silva 2.3 – Retardante de fogo São compostos químicos como fosfato de amônio, ácido bórico (H3BO3), sulfato de amônio (NH4SO4) e brometo de amônio (NH4Br), incorporados ao material durante o processo de produção. 2.4 - Pigmento e corante Esses produtos são dosados durante a encolagem das fibras. Normalmente estão no estado líquido e podem também se misturar à própria resina. Tem por objetivo conferir coloração aos painéis MDF diferenciando-os dos demais quanto à função ou característica peculiar. Exemplos: corante verde identifica o painel como Resistente à umidade e o corante vermelho identifica o painel como Retardante ao fogo. Figura 32 – Ftalocianina verde (phthalocyanine green) Ftalocianina (C32Cl16CuN) Química básica aplicada aoprocesso de produção MDF 59 José Eduardo Estevam da Silva Módulo 4 – Interações químicas entre fibras de madeira e adesivos 1 - Reações químicas na fabricação de painéis de fibras 1.1 - Princípios básicos da encolagem de fibras de madeiras Conforme Iwakiri et al. (2010), para melhor entendimento do processo de colagem de madeiras é importante conhecer os conceitos fundamentais a seguir: • Adesivo: é um material com propriedades aderentes, ou seja, é uma substância com capacidade de manter unidos outros materiais em suas superfícies; • Aderente ou substrato: termo utilizado para sólidos unidos por adesivos, no caso a madeira; • Adesão: é um fenômeno físico-químico que provê um mecanismo de interação entre superfícies sólidas e uma segunda fase, que consiste de partículas individuais como moléculas, pequenas gotas ou ainda de uma película contínua, líquida ou sólida. Normalmente, no caso de aplicação tecnológica o processo é irreversível e chamado de colagem. Atribui-se à adesão a diferentes forças: a) Forças moleculares eletrostáticas; b) Forças de Van der Waal (dipolo induzido); c) Ligações covalentes (adsorção química ou ativada). Os mecanismos envolvidos no processo de adesão podem ser explicados de forma simplificada pelas seguintes teorias: • Teoria mecânica: o adesivo líquido devido a sua fluidez penetra em substratos porosos (madeira), ocorrendo posteriormente a solidificação, com a formação de “ganchos” fortemente presos entre os substratos; • Teoria da difusão de polímeros: de acordo com esta teoria, a adesão ocorre através da difusão de segmentos de cadeias de polímeros a nível molecular; • Teoria da adesão química: a adesão ocorre através de ligações primárias, iônicas ou covalentes, e/ou por forças intermoleculares. Química básica aplicada ao processo de produção MDF 60 José Eduardo Estevam da Silva A densidade das fibras é um fator muito importante. Quanto maior a densidade, menor será a fibra. Densidade baixa indica fibras grandes (fiapos). Precisa haver um equilíbrio entre o tamanho das fibras e o tamanho das gotas de resina para recobrí-la. Equipamentos modernos como EcoResinator permitem dosar a resina juntamente com o vapor para melhorar a pulverização do adesivo sobre as fibras de modo a cobrir a maior área possível da mesma. Figura 33 – Recobrimento da fibra pela resina De acordo com Marra (1992), na formação da ligação madeira – adesivo – madeira, o adesivo realiza cinco ações de movimento: • Fluidez: movimento correspondente ao espalhamento do adesivo sobre a superfície da madeira; • Transferência: movimento correspondente à transferência do adesivo para a superfície oposta; • Penetração: movimento do adesivo para penetrar nos poros e estruturas intersticiais da madeira; • Umedecimento: movimento do adesivo para recobrir a estrutura submicroscópica da madeira; • Solidificação: movimentos envolvidos na mudança (adesivo) do estado líquido para o sólido, por meio de processos químicos. A maioria das reações químicas no processo de painéis de fibras ocorre durante a fase de polpação, na qual as ligações das fibras são quebradas e na prensa quente onde ligações químicas são formadas (SUCHSLAND; WOODSON,1987). Química básica aplicada ao processo de produção MDF 61 José Eduardo Estevam da Silva As interações intermoleculares formadas por pontes de hidrogênio entre as hidroxilas presentes nas fibras de madeira e nos adesivos são demonstrados na figura abaixo (SUCHSLAND; WOODSON, 1987): Figura 34 – Interação celulose e adesivo A figura da esquerda exemplifica a interação por ligações de hidrogênio entre as hidroxilas (-OH) de duas correntes de moléculas de celulose. A figura a direita exemplifica a interação por pontes de hidrogênio entre os grupos hidroxila da madeira e os grupos amino (–NH) do adesivo. Segue abaixo a Figura 35 que mostra outro exemplo de interações por ligações de hidrogênio existentes entre moléculas que compõem as fibras de madeira e o adesivo UF: Figura 35 – Interação adesivo UF e fibras de madeira Química básica aplicada ao processo de produção MDF 62 José Eduardo Estevam da Silva Mesmo sem o uso de adesivos de resina, as ligações podem ser estabelecidas entre as fibras devido às interações químicas e físicas que ocorrem na prensagem a quente entre vários componentes de madeira ou seus derivados. De acordo com a teoria de Runkel e Wilke (1951), as pentoses (derivadas da hidrólise de hemicelulose) reagem na prensa aquecida com substâncias fenólicas obtidas de lignina para formar produtos de condensação semelhantes aos adesivos sintéticos. A cura (reação de polimerização) da resina UF usada na fabricação de MDF ocorre na prensagem a quente. Mesmo após consolidação do painel MDF, o adesivo uréia-formaldeído impregnado às fibras de madeira possui baixa resistência à água, pois sofre hidrólise e enfraquece a interação com as fibras. A absorção da umidade provoca o inchaço dos elementos de madeira diminuindo drasticamente sua resistencia mecânica. Por outro lado, o adesivo MDI não é suscetível a esse processo de hidrólise, pois o adesivo reage com a hidroxila presente nas fibras de madeira e forma um polímero uretana não reativo à presença de água. Figura 36 – Interação adesivo MDI e fibras de madeira 1.2 - Controle de pH A madeira é levemente ácida. Isso significa que, se um pedaço de madeira é imerso em água, o pH da água se torna mais ácido (STAMM, 1964). Na fabricação de painéis de fibras, o controle do pH é particularmente importante. O conhecimento do pH e da capacidade tampão da madeira é fundamental para o Química básica aplicada ao processo de produção MDF 63 José Eduardo Estevam da Silva uso eficiente da madeira em muitos processos de encolagem, onde a cola ou o revestimento é sensível ao pH. Por exemplo, uma resina de uréia-formaldeído (UF) é catalisada por ácido e não pode ser usado em um ambiente de baixa acidez (JOHNS; NIAZI, 1980). O pH da madeira varia conforme a espécie e situa-se normalmente na faixa de 3,0 a 5,5 (STAMM, 1964). Pode ocorrer mudanças de pH dentro de uma peça de madeira em função da migração de extrativos de camadas mais internas para camadas superficiais, alterando as condições de colagem. O conhecimento do pH e capacidade de tamponamento da madeira é uma consideração importante para uma melhor compreensão dos processos de colagem da madeira (MALONEY, 1977; FOSTER, 1967). Geralmente, madeira nova tem o pH mais ácido. Isso ocorre devido a maior concentração de água. Logo que vai envelhecendo, a madeira fica mais seca e mais densa (mais massa de madeira) e o pH tende a aumentar, ou seja, fica mais alcalino. O pH dos extrativos presentes na madeira pode inibir as reações químicas de endurecimento do adesivo, prejudicando o desenvolvimento de resistência e coesão adequada da linha de cola. O pH pode favorecer a pré-cura (pré-endurecimento) do adesivo, impedindo a habilidade de fluidez, umectação e penetração. Adesivos como a uréia-formaldeído que curam no meio ácido, pode ser prejudicada, principalmente na colagem de chapas de madeira aglomerada de espécies com baixo pH, por acelerar a sua cura e, consequentemente provocar a pré-cura do adesivo durante a fase de densificação. 1.3 – Hidrólise A hidrólise é a quebra de uma molécula pela ação da água. A molécula de água libera para a solução íons H+ e OH- e quando uma molécula é quebrada um hidrogênio da molécula de água é transferido para um dos fragmentos dessa molécula e a hidroxila para outra. Com isso,
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