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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA HOSPITALAR Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Cláudia Hernandez Crispim CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Ivan Tesck Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Tathyane Lucas Simão Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa Prof. Ivan Tesck Revisão de Conteúdo: Ana Paula Poerschke Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2017 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 362.11068 C932a Crispim, Cláudia Hernandez Administração financeira hospitalar / Cláudia Hernandez Crispim. Indaial : UNIASSELVI, 2017. 146 p. : il. ISBN 978-85-69910-44-2 1. Administração de Hospital. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci Cláudia Hernandez Crispim Possui graduação em Administração Empresarial pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2007) e mestrado em Contabilidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (2010). Atualmente trabalha no Postalis Instituto de Previdência Complementar dos Correios. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Financeira e Hospitalar além de Custos Hospitalares, atuando principalmente nos temas: custos hospitalares, custeio por absorção, comportamento dos custos, maternidade e hospitais públicos. Atualmente atua com ênfase em Previdência Complementar. Sumário APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7 CAPÍTULO 1 Administração, Administração Financeira e Organização Hospitalar ........................................................ 9 CAPÍTULO 2 Demonstrações Contábeis para Analisar a Organização Hospitalar ...................................................... 27 CAPÍTULO 3 Critérios de Investimentos ................................................. 57 CAPÍTULO 4 Análise do Ponto de Equilíbrio Hospitalar ...................... 77 CAPÍTULO 5 Fluxo de Caixa Hospitalar .................................................. 93 CAPÍTULO 6 Risco e Retorno ................................................................. 113 CAPÍTULO 7 Custo de Capital e Políticas de Financiamento de Curto e Longo Prazo ................................................... 129 APRESENTAÇÃO A Administração Financeira representa uma disciplina de grande valia e apoio para os Gestores em seu processo de tomada de decisão. A área hospitalar especificamente, representa um aprofundamento da administração financeira, voltada exclusivamente para hospitais de pequeno, médio e/ou grande portes. Além deles, clínicas, laboratórios, etc. A tratativa desta disciplina irá discursar acerca dos seus principais fundamentos, com a intenção de introduzir o assunto de forma a colocar o aluno a par dos assuntos que serão tratados. Trazendo na sequência a apresentação das demonstrações contábeis, que representa uma ferramenta de apoio para confecção de dados. Essas demonstrações ajudarão o gestor a desenvolver subsídios para calcular os principais indicadores financeiros hospitalares, além, claro, da sua análise. O livro tratará os critérios de investimentos mais utilizados na área hospitalar, demonstrando a melhor forma de apresentar e mensurar esses dados. Seguido do capítulo que irá tratar e apresentar a análise do ponto de equilíbrio hospitalar. Este, por sua vez, irá ajudar o gestor a decidir a melhor forma de investimento e tipos de investimentos vantajosos para a instituição. Apresentaremos ainda o Fluxo de Caixa Hospitalar, demonstrando como elaborar e utilizar essa análise para o controle e processo de tomada de decisão estratégica. Na sequência, em complemento, traremos os assuntos de risco e retorno e Custo de Capital e Políticas de Financiamento de Curto e Longo Prazos. O primeiro utilizado para mensurar as variáveis mais importantes de risco e retorno no contexto hospitalar, como também o risco e retorno esperado para determinado investimento. O segundo vai diferenciar os tipos de capitais presentes na organização hospitalar, apresentar o ciclo financeiro e operacional do hospital e, por fim, identificar as melhores formas de financiamentos para a área da saúde. A autora. CAPÍTULO 1 Administração, Administração Financeira e organização Hospitalar A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Entender o papel da administração dentro de uma organização. Conhecer a importância da administração fi nanceira para a gestão. Identifi car os principais tipos de organizações hospitalares e apontar suas diferenças. Constatar a importância da administração para as organizações modernas. Classifi car os diversos tipos de organizações hospitalares. 10 Administração Financeira Hospitalar 11 ADMINISTRAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 1 Contextualização A disciplina Administração Financeira tem sido utilizada como grande aliada nas organizações para consistência de informações fi nanceiras, primordiais para a gestão. Na gestão hospitalar isso não é diferente. Com o crescente número de instituições hospitalares, a demanda aumenta para os pacientes/clientes e estes, por sua vez, tornam-se mais exigentes, buscando maior qualidade na prestação dos serviços e melhor custo-benefício. Nesse sentido, os gestores buscam cada vez mais embasamento técnico adquirido por meio das ferramentas ofertadas pela Administração, dentro dela a Administração Financeira, que visa otimizar seus recursos, prestar um serviço de qualidade, inovar dentro do cenário competitivo e atender às necessidades que seu público-alvo apresenta. Com isso, buscaremos, nas sessões seguintes, apresentar os principais conceitos da administração, administração fi nanceira e hospitalar. Seu papel e fi nalidade, suas características e a forma como os gestores fazem uso dela para buscar a excelência no atendimento e prestação de serviços. O Papel da Administração nas Organizações A administração, muito em voga hoje no quesito de vantagem competitiva nas organizações, está amplamente inserida na realidade das organizações como forma de ganhar valor agregado aos seus serviços e produtos e como forma de otimização de recursos. As organizações diferem entre si pelo tipo de atividade que executam ou pelo tamanho, mas possuem em comum a necessidade de estarem atualizadas a todo o momento e cientes da realidade na qual estão inseridas. Essa realidade faz com que elas tenham a necessidade de se reinventarem constantemente para que possam continuar ativas no mercado competitivo. Não só nesse contexto, mas em tantos outros que poderiam ser citados aqui, a administração embasa as teorias e práticas em que os gestores necessitam estar atentos para alcançar estratégias, promover competências, buscar recursos, e buscar o sucesso organizacional. 12 Administração Financeira Hospitalar É normal pensarmos em administração não só como uma disciplina teórica com preocupações gerenciais, mas também como uma base para alicerçar qualquer embasamento gerencial que a organização possa precisar, já que ela propõe informações relevantes e essenciais para a tomada de decisão. Esse contexto de necessidade competitiva é moderno e faz com que cada vez mais as organizações busquem formas de se especializar e especializar sua mão de obra/serviços, a fi m de garantir satisfação dos clientes internos e externos. Segundo Chiavenato (2007, p. 3), “[...] o que leva uma organização rumo à excelência e ao sucesso não são apenasprodutos, serviços, competências e recursos. É o modo como ela arranja tudo isso e é administrada”. O gestor de todo o processo organizacional necessita não só administrar os recursos que possui em seu controle, mas acima de tudo, transformá-los em competências, esse é um dos grandes desafi os da administração. Toda organização, independentemente do seu tipo, tamanho e objetivos, deve ter suas metas bem traçadas e defi nidas para que os seus recursos sejam melhor empregados e atinjam o objetivo fi nal esperado. Além de todos esses aspectos apresentados até aqui, ressalta-se que a organização precisa fazer acontecer com os recursos que possui. Recursos esses que vão desde o capital humano, intelectual, fi nanceiro, maquinário etc. Alguns autores da área da administração determinam que ela possui funções básicas que auxiliam os gestores e o processo de decisão. Existem várias nomenclaturas e divisões de funções de acordo com esses autores. No entanto, para este estudo, vamos abordar as funções apresentadas por Chiavenato (2007): planejamento, organização, direção e controle. “A função planejamento representa a primeira das quatro funções da administração. Ela serve de base para as demais. Ela determina antecipadamente quais os objetivos a serem atingidos e como se deve fazer para alcançá-los da melhor forma possível” (CHIAVENATO, 2007, p. 138). 13 ADMINISTRAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 1 Figura 1 - Planejamento dentro do processo administrativo Fonte: Chiavenato (2007, p. 138). O planejamento pode ser classifi cado em três tipos: estratégico, tático e operacional. O planejamento estratégico é mais abrangente em relação aos demais e se estende no longo prazo. Já o planejamento tático requer um pouco mais de detalhes que o estratégico e representa o tempo no médio prazo. E por fi m, o planejamento operacional que apresenta uma maior riqueza de detalhes e que é elaborado para o curto prazo. Todos eles devem possuir fl exibilidade para irem se moldando sempre que necessário, de acordo com as necessidades apresentadas pelo mercado competitivo, em maior grau no planejamento operacional pela sua característica de curto prazo e em menor grau no planejamento estratégico por ser de longo prazo. A função administrativa da organização compõe todos os meios necessários para que os objetivos traçados no planejamento possam ser atingidos. É necessário reunir, aglutinar e disponibilizar todos os recursos e competências para que o planejado tenha todas as condições de ser executado (CHIAVENATO, 2007, p. 190). A organização, dentro da Administração Geral, representa uma atividade básica e serve para agrupar as pessoas e agrupar os recursos da melhor forma, a fi m de buscar o objetivo pretendido. No entanto, a organização como função administrativa está interligada com as demais funções, formando um ciclo de trabalho, representado pelo processo administrativo e o agrupamento de todas as funções. 14 Administração Financeira Hospitalar Figura 2 - Organização dentro do processo administrativo Fonte: Chiavenato (2007, p. 191). Falando ainda sobre organização, é necessário que não confundamos a palavra organização, representada por uma das funções da administração, com a organização como unidade ou entidade social formal ou informal. Neste material, trataremos da organização como uma entidade hospitalar formal com ou sem fi ns lucrativos e não como função administrativa. As organizações hospitalares são entidades complexas em função das atividades que desenvolvem. A complexidade de um hospital vem não só do tipo de serviço que presta, mas também pela quantidade de pessoas que nele estão envolvidas. Além dos pacientes têm os funcionários, fornecedores etc. Sem contar a quantidade de recursos tecnológicos, administrativos e fi nanceiros necessários para que o serviço funcione da melhor forma. “A função direção corresponde ao nível institucional mais elevado da empresa e se situa na periferia da organização, isto é, na camada organizacional da empresa que se defronta com o ambiente externo” (CHIAVENATO, 2007, p. 279). Na função direção o tema mais relevante e mais tratado refere-se às relações interpessoais. Existe, nessa função, o relacionamento direto entre as pessoas, até mesmo em função do nível de subordinação e delegação das tarefas. Os esforços são dirigidos a um propósito comum, as pessoas são comunicadas e lideradas, além de serem motivadas e incentivadas a determinadas atividades. 15 ADMINISTRAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 1 Figura 3 - Direção dentro do processo administrativo Fonte: Chiavenato (2007, p. 270). Na entidade hospitalar a direção representa um papel fundamental para o bom andamento das atividades. É o diretor a pessoa responsável por organizar as principais atividades e desenvolver as melhores formas de serem abordadas. Ele conta com o apoio dos gestores dentro de cada setor, tamanha a complexidade que a organização possui, mas mesmo assim, o seu papel é importante. Nesse aspecto tem ainda a questão prática que percebemos em grande parte dos hospitais, que é o fato de muitos médicos ocuparem os cargos de diretores, e não administradores. Esse é um aspecto relevante de ser trabalhado, porque os dois conhecimentos são importantes para o processo decisório e não apenas um deles. Talvez uma forma de minimizar essa defi ciência na gestão seria incentivar os gestores médicos na participação de treinamentos voltados para a gerência e tomada de decisão. A função controle encerra o ciclo das funções da administração. Ela representa a etapa que envolve a avaliação do objetivo esperado. É nessa função que o gestor verifi ca se os objetivos traçados na função planejamento foram atingidos. Pode haver em vários momentos desse ciclo a necessidade de remoldar o planejamento e até mesmo a organização. Isso se faz necessário para que quando chegue no controle, verifi que-se que as etapas foram concluídas com o sucesso pretendido. A gestão de confl ito se faz necessária e as recompensas e reconhecimentos também são importantes nessa função administrativa (CHIAVENATO, 2007). 16 Administração Financeira Hospitalar O controle está diretamente relacionado à questão cultural da organização. A cultura da organização diz muito sobre a forma como ela deve ser controlada para o melhor alcance do objetivo. Segundo Chiavenato (2007), são basicamente dois tipos de estilo de direção que existem: o estilo conhecido como Teoria X e o estilo da Teoria Y. A Teoria X está voltada para maneiras mais antigas, arcaicas de direção, onde ocorre basicamente a centralização do poder e autoritarismo. Já a Teoria Y representa um tipo mais moderno, onde ocorre a descentralização do poder e delegação de responsabilidades. A Teoria Y é a teoria mais comumente vista nas organizações hospitalares, uma vez que vivenciamos uma época em que permitir a delegação auxilia e facilita muito a tomada de decisão fi nal do gestor. Além do mais, pela complexidade envolvida, difi cilmente presencia-se uma unidade hospitalar centralizadora, já que a centralização difi culta a decisão além de prolongar o processo, fazendo com que decisões, às vezes simples, que podem ser tomadas e resolvidas por um gestor, demorem um tempo ainda maior, podendo prejudicar o atendimento ao paciente/cliente e o resultado pretendido. Figura 4 - Controle dentro do processo administrativo Fonte: Chiavenato (2007, p. 332). Ressalta-se que todas as funções administrativas devem estar intimamente relacionadas, a ponto de serem avaliadas e reavaliadas quantas vezes forem necessárias. Além disso, independentemente do tipo de empresa ou organização, as funções irão representar mais uma ferramenta da administração para a tomada de decisão. 17 ADMINISTRAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo1 Nosso estudo trata da administração fi nanceira hospitalar, que mesmo sendo uma área mais específi ca da administração, participa de todos os conceitos mais abrangentes da própria administração geral, além das quatro funções básicas citadas anteriormente. Mesmo no estudo hospitalar, e isso será demonstrado mais adiante, quando apresentarmos as ferramentas de tomada de decisão gerencial, as funções administrativas se farão presentes, elas estarão inseridas em cada etapa, cada demonstração contábil e fi nanceira, através dos seus resultados e da oportunidade apresentada diante de tantas informações para a tomada de decisão. SEIXAS, Maria Auxiliadora Souza; MELO, Hermes Teixeira de. Desafi os do administrador hospitalar. Revista Gestão e Planejamento, Salvador, n. 9, p. 16-20, jan./jun. 2004. O Que é Administração Financeira Falando ainda sobre o conceito de administração, temos a administração fi nanceira, que representa uma especialidade da administração geral, trazendo conceitos mais concretos e específi cos relacionados às fi nanças das organizações. Ela traz um detalhamento dos investimentos de curto e longo prazos necessários para embasar a tomada de decisão gerencial, os recursos fi nanceiros necessários para tais investimentos, a melhor forma de alocação dos recursos para oferecimento do serviço e garantia de retorno fi nanceiro (MARTINS, 2005). A análise fi nanceira está inserida num contexto operacional e estratégico, auxiliando na avaliação da empresa, através de uma visão mais completa dos negócios. Os avanços extraordinários na área da tecnologia da informação e da globalização faz com que a necessidade de avaliação seja constante, por meio da busca de oportunidades e avaliação dos riscos decorrentes das mudanças, ou seja, a avaliação deve ser contínua e atual para que os cenários estudados sejam reais e pertinentes com a realidade que a organização está inserida. A análise fi nanceira precisa ter um enfoque holístico, abrangendo a estratégia da empresa, suas decisões de investimentos e de fi nanciamento e suas operações. As empresas têm objetivos importantes, como o retorno para os acionistas, propiciar um bom ambiente de trabalho e o interesse dos funcionários, 18 Administração Financeira Hospitalar sua responsabilidade com os objetivos e políticas nacionais, entre outros. A estratégia compreende os meios para atingir os objetivos. A empresa identifi ca as oportunidades e os riscos oferecidos pelo ambiente externo, defi ne o que fazer, seu público-alvo e sua área de atuação geográfi ca e implementa ou ajusta sua estrutura organizacional para operacionalização daquilo que defi niu (SILVA, 2001, p. 24). O administrador fi nanceiro, através dessas informações, busca identifi car oportunidades e necessidades de investimentos de longo prazo cujos resultados futuros alcançados sejam maiores que o investimento inicial necessário, isso tudo por meio da avaliação de variáveis que interferem na saúde fi nanceira da organização. A análise do investimento tem que levar em consideração o retorno esperado, retorno esse que pode ser através da alocação de recursos materiais e/ ou humanos. A alocação dos recursos de ativos também faz parte dessa análise, visando a melhor forma de utilização dos recursos que determinam a capacidade produtiva da empresa. A necessidade de fi nanciamento em dado momento da vida da organização também representa uma forma de análise fi nanceira. Esse fi nanciamento pode ser para aumentar a capacidade produtiva, para manter a competitividade no mercado, para manter os padrões mínimos já existentes etc. Esse fi nanciamento pode ser por meio de alocação de recursos com terceiros, de fundos dos sócios acionistas, ou quem sabe do próprio retorno gerado pelas operações da organização. No momento em que for necessário, os gestores terão que analisar qual a melhor fonte para alocação desses recursos, não deixando de lado a avaliação dos riscos e retornos que esse fi nanciamento poderá trazer para a organização. Segundo Silva (2001, p. 26), a análise fi nanceira de uma empresa envolve basicamente as seguintes atividades: Coleta: obtenção das demonstrações contábeis e outras informações, como as relativas ao mercado de atuação da empresa. Conferência: pré-análise para verifi car se as informações estão completas, se são compreensíveis e confi áveis. Preparação: reclassifi cação das demonstrações contábeis para adequá-las a padrões internos da instituição. Processamento: processamento das informações e emissão de relatórios no formato interno da organização. Análise: analisar as informações disponíveis, principalmente relatórios e indicadores já obtidos, compreendendo a consistência das informações, a observação das tendências apresentadas pelos números e todas as demais conclusões que possam ser extraídas do processo. Conclusão: uma das fases mais importantes da análise. Consiste em identifi car, ordenar, destacar e escrever sobre os principais pontos e recomendações acerca da empresa. 19 ADMINISTRAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 1 A administração fi nanceira representa as competências que o administrador fi nanceiro possui dentro da organização. O administrador fi nanceiro necessariamente não representa o gestor da organização, mas se não o for poderá auxiliá-lo no processo de tomada de decisão gerencial, uma vez que detém informações importantes e relevantes sobre as fi nanças da organização. Os administradores fi nanceiros administram ativamente as fi nanças de todos os tipos de empresas, fi nanceiras ou não fi nanceiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fi ns lucrativos. Eles desempenham uma variedade de tarefas, tais como orçamentos, previsões fi nanceiras, administração do caixa, administração do crédito, análise de investimentos e captação de fundos (GITMAN, 2002, p. 4). Existe na administração fi nanceira um relacionamento com outras áreas, como a economia e a contabilidade. Com a economia, porque dentro do contexto econômico que a organização estiver inserida, o administrador fi nanceiro precisa saber as consequências das suas decisões. Da contabilidade, porque é através dela, por meio das demonstrações contábeis, coletas e apresentações dos dados, que o administrador fi nanceiro analisa os cenários e toma suas decisões. As principais atividades desempenhadas pelo administrador fi nanceiro, segundo Gitman (2002, p. 13), são: “1 – realizar análises e planejamento fi nanceiro; 2 – tomar decisões de investimento; 3 – tomar decisões de fi nanciamento”. Segundo Ross, Westerfi eld e Jordan (1998), o administrador fi nanceiro deve ter preocupação com algumas questões: 1 – orçamento de capital que gere os investimentos de longo prazo organizacional, pois nele o administrador fi nanceiro identifi ca as oportunidades de investimentos de tal forma que o custo de aquisição seja menor que o retorno almejado; 2 – estrutura de capital, também conhecida como estrutura fi nanceira, que representa a combinação do capital de terceiros com o capital próprio da organização, onde o administrador deve decidir a melhor forma para captação dos recursos; e 3 – administração de capital de giro, que representa os ativos de curto prazo da organização, apresentando o dia a dia com suas operações e recursos necessários para seu funcionamento. 20 Administração Financeira Hospitalar O administrador fi nanceiro do hospital deve levar em conta as questões citadas anteriormente e deve se preocupar com os interesses dos proprietários e dos pacientes. As decisões devem ser tomadas no sentido de minimizar custos organizacionais sem qualquer prejuízo, atendendo às expectativas dos pacientes/ clientes (MARTINS, 2005). Conceito e Características de Uma Organização Hospitalar As organizações representam de forma simplifi cada uma unidade social, que foram criadas com a finalidade de atingir objetivos. Segundo Chiavenato (2007, p. 33), “[...] as organizações formais são caracterizadas por regras e regulamentos formalizados por escrito e por estruturas de posição e hierarquia que ordenam as relações entre os indivíduos ou órgãos competentes”. Existem ainda as chamadas organizações lucrativas e não lucrativas. As lucrativas são aquelas empresas que formalmente buscam atingir seu objetivo maior, que é o lucro. Já as organizações não lucrativas são tipos diferenciados de organizações que não tem o lucro como objetivo, são organizações que buscam o bem social, fi lantropias, organizações não governamentais (ONGs) etc. Nesse contexto, temos as organizações hospitalares que por sua vez podem ser organizações voltadas para o lucro, que representam de forma geral as clínicas e hospitais particulares. E as organizações hospitalares não voltadas para o lucro, que são os hospitais fi lantrópicos e hospitais administrados e criados por ONGs com o objetivo apenas de prestar um serviço médico à comunidade. Independentemente de buscar o lucro ou não, as organizações hospitalares são complexas porque seus departamentos e processos internos estão ajustados de tal forma que se houver por alguma razão o não funcionamento de qualquer uma das partes, haverá prejuízo no processo como um todo (BRASIL, 2001). O Ministério da Saúde defi ne as organizações hospitalares como organizações médico-sociais, cuja principal função é proporcionar à população, da forma mais completa possível, assistência médica e sanitária (BRASIL, 2002). O Programa de Gestão Hospitalar (GESTHOS) do Ministério da Saúde, falando sobre o tipo de assistência médica ofertada pelas organizações hospitalares, prevê que pode ser tanto do tipo curativa quanto preventiva, sob 21 ADMINISTRAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 1 qualquer forma de atendimento, mesmo que domiciliar, ou seja, por meio de encaminhamento a pacientes, cabendo aos hospitais a supervisão e orientação (BRASIL, 2002). Falando do ponto de vista mais interno das organizações hospitalares, Almeida (1983, p. 205) entende que: [...] a organização hospitalar está destinada para o diagnóstico e tratamento de doentes internos e externos, planejada e construída ou modernizada com orientação técnica, bem organizada e convenientemente administrada consoante padrões e normas estabelecidas, ofi cial ou particular, com fi nalidades diversas; [...] servindo ao mesmo tempo para prevenir contra a doença e promover a saúde, a prática, a pesquisa e o ensino da medicina e da cirurgia, da enfermagem e da dietética, e das demais especialidades afi ns. Bezerra (2002) apresenta alguns conceitos importantes relacionados às organizações hospitalares. Fala do tipo de hospital segundo a especialidade, dividindo em geral ou especialista. Geral é aquele que se destina a atendimentos de diversas especialidades e complexidades, independentemente do tipo de doença. O especialista é aquele que está voltado para um tipo de especialidade médica, como, por exemplo, um hospital infantil, uma maternidade, um hospital de cardiologia, entre outros. O mesmo autor ainda determina o tipo de organização hospitalar de acordo com o tempo que o paciente permanecer internado em atendimento médico. Caso a média de dias seja inferior a 30 dias, considera-se que o tipo de internação é de curta permanência. Caso a média seja superior a 30 dias, determina-se como de longa permanência. Existem outros tipos de classifi cações contempladas por diversos autores. O Ministério da Saúde, em sua publicação sobre terminologias da saúde, apresenta ainda a classifi cação dos hospitais pela quantidade de leitos existentes. Até 50 leitos são considerados hospitais pequenos; entre 51 e 150 de médio porte; entre 151 e 500 leitos são considerados de grande porte. Aqueles hospitais que porventura apresentarem mais de 500 leitos são ditos hospitais com capacidade extra (BRASIL, 2004). O Ministério da Saúde também traz a classifi cação dos hospitais pela área que estão inseridos e pela quantidade de especialidades de contemplam em sua estrutura de atendimento, determinando que podem ser regionais ou locais. O hospital regional é aquele que, além de prestar a assistência própria do hospital local, presta assistência a pacientes da sua área programática, além de outras especialidades. Já o hospital local presta e proporciona assistência médica para 22 Administração Financeira Hospitalar até quatro especialidades médicas, para uma população de área geográfi ca determinada. Independentemente do tipo de hospital, é necessário que eles possuam a preocupação com o paciente/cliente e com seus objetivos fi nanceiros, caso hajam. Devem buscar a máxima excelência na prestação dos serviços oferecidos, de tal forma que atendam às necessidades apresentadas por seus pacientes/clientes. É preferível que essas necessidades sejam atendidas com o menor custo, maior otimização dos recursos aplicados e que tragam resultados satisfatórios para a organização hospitalar. Esta disciplina trará exemplos de organizações hospitalares com e sem fi ns lucrativos, apresentando suas demonstrações contábeis no sentido de expor a forma como essas informações auxiliam na tomada de decisão. Independentemente do tipo de organização hospitalar, é necessário que as informações sejam pautadas e apresentadas da melhor forma possível, para que os recursos sejam otimizados e que os objetivos sejam atingidos. Se a organização hospitalar for com fi ns lucrativos, as informações precisam trazer a melhor forma de aplicar os recursos e buscar o lucro organizacional. Se a organização for sem fi ns lucrativos, essas mesmas informações fi nanceiras e contábeis devem trazer subsídios para a melhor tomada de decisão, seja na alocação de um recurso ou na otimização de uma estrutura de tal forma que benefi cie, acima de tudo, a qualidade do serviço prestado/oferecido, atingindo a necessidade apresentada pelo cliente/paciente. ÁREA DA SAÚDE BUSCA COMPETITIVIDADE COM GESTÃO PROFISSIONAL Simplesmente trocar os jalecos brancos por ternos bem alinhados não tem sido mais a estratégia usual das instituições de saúde para compor seu quadro administrativo. Em um cenário de competitividade empresarial, essas organizações perceberam que precisam profi ssionalizar a administração e já buscam talentos em outros setores de negócio. “Não é mais possível fazer a gestão de forma amadora. As instituições se tornaram maiores e mais complexas”, afi rma Haino Burmester, professor da FGV Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas). 23 ADMINISTRAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 1 Pelo viés de mercado, em que recursos são disputados e o paciente é renomeado como usuário, a saúde do negócio passa a ser estratégica no planejamento de quem atua nesse segmento. Nesse contexto, diz Burmester, temas como liderança, resultados, gestão de informação e de pessoas ganham destaque no dia a dia de hospitais e laboratórios. Segundo o professor, nesses locais, existem grandes particularidades no gerenciamento dos processos e das atividades realizadas. No que tange aos recursos humanos, é preciso lidar com uma quantidade signifi cativa e variada de especialistas como médicos, enfermeiros, fi sioterapeutas, psicólogos e nutricionistas, além de suas subespecialidades cada grupo em defesa de seus interesses em ambientes de pesada carga emocional. Intensiva também é a tecnologia, sofi sticada no conjunto de equipamentos usados nas operações. Fonte: VALENTE, Edson. Área da saúde busca competitividade com gestão profi ssional. Valor Econômico. São Paulo, 10 out. 2013. Atividade de Estudos: 1) De acordo com o artigo apresentado, quais as diferenças e semelhanças nos empreendimentos do segmento da saúde com organizações de outros segmentos?______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ 24 Administração Financeira Hospitalar Algumas Considerações Eis que fi nalizamos o primeiro capítulo da nossa disciplina. Com ele você conseguiu ter uma visão geral da Administração enquanto disciplina, e uma das suas vertentes que é a Administração Financeira. Apresentamos as funções administrativas e discorremos um pouco sobre cada uma delas. Vimos que a Administração Financeira representa uma importante ferramenta para a gestão porque ela traz informações técnicas e gerenciais relevantes para a tomada de decisão. É com a Administração Financeira que saberemos a melhor forma de aplicar os recursos. Com ela poderemos identifi car se, por exemplo, devemos alugar um equipamento ou investir na sua compra, pois ela trará o retorno esperado em função do tempo e do investimento. Todos esses aspectos serão ainda abordados ao longo dos demais capítulos, quando entrarmos mais no aprofundamento das técnicas da administração fi nanceira. Esse é apenas um exemplo de vários tantos outros que abordaremos ao longo da disciplina. Conceituamos ainda as entidades hospitalares, vimos que elas são complexas pelo seu tamanho e pela quantidade de recursos humanos e técnicos que estão envolvidos no seu funcionamento. Além disso, tem o fator humano, pois representa uma entidade que lida e trata da saúde e bem-estar das pessoas, o que a torna ainda mais complexa. ReFerÊncias ALMEIDA, T. R. R. Perspectivas de sobrevivência do hospital. Revista paulista de hospitais, São Paulo, n. 5/6, p. 104-113, maio/jun. 1983. BEZERRA, P. R. C. A estatística na organização hospitalar. 2002. 76 f. Monografi a (Graduação em Estatística) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. GESTHOS gestão hospitalar: capacitação à distância em administração hospitalar para pequenos e médios estabelecimentos de saúde; módulo II: gestão contemporânea nas organizações de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Glossário do ministério da saúde: projeto terminologia em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 25 ADMINISTRAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 1 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual brasileiro de acreditação hospitalar. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. GITMAN. L. J. Princípios da administração fi nanceira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 2002. MARTINS, D. dos S. Administração fi nanceira hospitalar. São Paulo: Atlas, 2005. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. D. Princípios de administração fi nanceira. São Paulo: Atlas, 1998. SILVA, J. P. Análise fi nanceira das empresas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 26 Administração Financeira Hospitalar CAPÍTULO 2 Demonstrações Contábeis Para Analisar a Organização Hospitalar A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Diferenciar os tipos de demonstrações contábeis. Constatar suas utilidades na análise fi nanceira hospitalar. Analisar as demonstrações contábeis de modo a ter subsídios para calcular os indicadores fi nanceiros da organização hospitalar. Examinar os indicadores fi nanceiros e verifi car a saúde fi nanceira da organização a ser analisada. 28 Administração Financeira Hospitalar 29 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANALISAR A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 2 Contextualização As Demonstrações Contábeis tentam representar, da forma mais apurada possível, a composição patrimonial e fi nanceira, bem como o desempenho econômico de uma entidade. Por isso, o objetivo principal delas é fornecer informações sobre a posição patrimonial e fi nanceira, do desempenho e dos fl uxos de caixas da empresa a qual elas pertençam, de forma que sejam úteis ao mais amplo público possível e que sirvam de base para a tomada de decisão deste. Conforme o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC (2011a), órgão colegiado brasileiro responsável por emitir as normas contábeis, as demonstrações obrigatórias que uma empresa deve elaborar são: (a) balanço patrimonial ao fi nal do período; (b) demonstração do resultado do período; (c) demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; (d) demonstração dos fl uxos de caixa do período; (e) notas explicativas, compreendendo as políticas contábeis signifi cativas e outras informações elucidativas; (g) demonstração do valor adicionado do período. Neste capítulo trataremos do estudo de três dessas demonstrações: o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado e a Demonstração de Fluxo de Caixa. Balanço Patrimonial (BP) Podemos dizer, grosso modo, que o patrimônio de uma organização é composto pelo que ela tem/possui (seus bens e direitos) e pelo que ela deve pagar a terceiros ou aos seus sócios/ /proprietários (suas obrigações). Entre os itens mais comuns dos bens e direitos que uma unidade hospitalar possui, podemos elencar: contas bancárias, valores a receber de clientes, almoxarifado, estoque de materiais médicos, equipamentos hospitalares, veículos, prédios etc. Já entre as obrigações são comuns: fornecedores, salários dos empregados, impostos, empréstimos e fi nanciamentos, entre outros. O patrimônio de uma organização é composto pelo que ela tem/possui (seus bens e direitos) e pelo que ela deve pagar a terceiros ou aos seus sócios/ / proprietários (suas obrigações). 30 Administração Financeira Hospitalar A contabilidade utiliza o balanço patrimonial para evidenciar em um determinado momento, de uma forma estruturada, esse conjunto de bens, direitos e obrigações, que são chamados de ativos e passivos de uma organização. Os ativos são os bens e direitos de uma empresa, A contabilidade utiliza o balanço patrimonial para evidenciar em um determinado momento, de uma forma estruturada, esse conjunto de bens, direitos e obrigações, que são chamados de ativos e passivos de uma organização. No nosso caso aqui, da unidade hospitalar, que é o ponto forte do estudo. Podemos pensar no balanço patrimonial como se fosse uma fotografi a da unidade hospitalar. E, como tal, ela registra apenas aquele breve momento, sendo que a todo o momento ocorrem alterações nos bens, direitos e obrigações. Por isso, um balanço apresentado na manhã de um dia, muito provavelmente não será o mesmo que o apresentado ao fi nal do mesmo dia. Figura 5 – Balanço Patrimonial Hospital XYZ em 31.12.201X (valores em R$ mil) Fonte: A autora. A fi gura anterior representa a forma como um balanço patrimonial é construído. Esses componentes são apresentados da seguinte forma no balanço patrimonial: todo o lado esquerdo é utilizado para demonstrar os ativos e o lado direito é dividido em duas partes, sendo a parte superior destinada aos passivos e a parte inferior ao Patrimônio Líquido. A seguir faremos um tratamento individual das partes do Balanço Patrimonial, para um melhor entendimento e evidenciação da sua estrutura. a) Ativo Como dito anteriormente, os ativos são os bens e direitos de uma empresa, sendo que para serem assim caracterizados devem respeitar as seguintes condições, conforme o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2011a): 31 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANALISAR A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 2 • Devem ser controlados pela entidade; • Devem ser decorrentes de um evento passado; • Devem gerar benefícios econômicos e futuros; e • Devem ser mensuráveis em moeda corrente. Os ativos são apresentados de acordo com o grau deliquidez atrelados a eles. Esse grau de liquidez refere-se ao prazo estimado para que eles possam ser convertidos em caixa ou equivalentes de caixa pelo hospital. E com o intuito de facilitar a visualização desta liquidez, os ativos foram divididos em dois grandes grupos: os ativos circulantes (itens com maior liquidez) e os ativos não circulantes (com menor liquidez). O Ativo Circulante é composto por itens que possivelmente trarão benefícios ou que serão convertidos em caixa (dinheiro) em até 12 meses a partir da data de publicação da demonstração. Os principais itens deste grupo são: caixa e contas bancárias; contas a receber de clientes (em hospitais, comumente chamados de contas médicas); investimentos fi nanceiros de curto prazo e estoques (materiais de expediente, limpeza, quanto de materiais cirúrgicos, medicamentos, entre outros). Já o grupo dos Ativos Não Circulantes representa aqueles itens que serão convertidos em caixa ou equivalente em um prazo superior a 12 meses, ou itens que a unidade hospitalar não pretende converter em caixa de forma direta, utilizando-os para a obtenção de receita. São representantes comuns desse grupo: os investimentos de longo prazo, participações em outras sociedades, terrenos, edifícios, máquinas e equipamentos, veículos, dentre outros. b) Passivo O passivo de uma unidade hospitalar representa as obrigações exigíveis para com terceiros e/ou acionistas, que serão cobradas a partir da data de seu vencimento (MARION, 2009). Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2011b), para uma obrigação ser considerada um passivo, ela tem que respeitar as seguintes condições: • Ser uma obrigação presente; • Ser decorrente de um evento passado; • Sua liquidação deve ser feita pela saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos; e • Que seja mensurável em moeda corrente. Essas obrigações são decorrentes das transações comerciais ou Os ativos foram divididos em dois grandes grupos: os ativos circulantes (itens com maior liquidez) e os ativos não circulantes (com menor liquidez). O passivo de uma unidade hospitalar representa as obrigações exigíveis para com terceiros e/ou acionistas, que serão cobradas a partir da data de seu vencimento. 32 Administração Financeira Hospitalar de suas atividades operacionais com pessoas físicas e/ou jurídicas, tais como: empregados, fornecedores, governo (tributos e impostos), instituições fi nanceiras etc. Os itens do Passivo são classifi cados de acordo com a data provável em que deve ocorrer sua liquidação (ou seja, pelo seu grau de exigibilidade), evidenciando os itens com o maior grau primeiro e depois os itens de menor grau. Com isso, também são divididos em dois grupos: o Passivo Circulante e o Passivo Não Circulante. As obrigações que fi guram no Passivo Circulante são aquelas que serão liquidadas em um prazo de até 12 meses após a data do balanço. Os itens comuns desse grupo são: salários, dívidas com fornecedores, encargos sociais, provisões para pagamento de férias e 13º salário, empréstimos de curto prazo, entre outros. Já o Passivo Não Circulante apresenta as obrigações que devem ser liquidadas em um prazo superior a 12 meses. Aqui fi guram os fi nanciamentos de longo prazo, os tributos diferidos, provisões para litígios, entre outros. c) Patrimônio Líquido Completando o lado direto do Balanço Patrimonial, logo abaixo do Passivo está o Patrimônio Líquido, que em uma unidade hospitalar representa os aportes de capital (recursos) efetuados pelos acionistas, bem como as retenções de lucros aprovadas por eles (MARTINS, 2005). Em casos onde a organização apresenta repetidamente prejuízo em suas operações, o registro também é realizado nesse grupo e é nomeado de Prejuízo Acumulado. No nosso caso, Prejuízo Acumulado do Hospital. Essa necessidade de aportes na unidade hospitalar se deve ao fato de que toda entidade vai precisar de uma quantia inicial de recursos (dinheiro) para efetuar seus primeiros gastos para poder começar a operar, tais como: compra de equipamentos e insumos, contratações etc. (MARION, 2009). Já a retenção de lucros é feita no intuito de não descapitalizar o hospital, mantendo uma parte do lucro em caixa para que a organização não perca sua capacidade de pagamento das obrigações de curto e longo prazo. Matematicamente, o Patrimônio Líquido hospitalar pode ser obtido por meio da chamada “Equação Básica Contábil”, que é expressa da seguinte forma: Ativos = Passivos + Patrimônio Líquido Obrigações são decorrentes das transações comerciais ou de suas atividades operacionais com pessoas físicas e/ou jurídicas. Passivo Circulante são aquelas que serão liquidadas em um prazo de até 12 meses após a data do balanço. Passivo Não Circulante apresenta as obrigações que devem ser liquidadas em um prazo superior a 12 meses. Patrimônio Líquido, que em uma unidade hospitalar representa os aportes de capital (recursos) efetuados pelos acionistas, bem como as retenções de lucros aprovadas por eles 33 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANALISAR A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 2 Para um melhor entendimento, Martins (2005, p. 23) expressa que o Patrimônio Líquido de uma unidade hospitalar “refl ete a hipótese de que, se o hospital liquidasse todos os seus ativos e usasse o dinheiro para pagar todas as suas obrigações de curto e longo prazo, a sobra pertenceria aos proprietários do hospital”. d) Capital de Terceiros e Capital Próprio Outra forma comum em que podemos dividir o lado direito (lado das obrigações) do balanço patrimonial diz respeito à origem dos recursos que a empresa obtém para poder operar. Conforme Martins (2005, p. 25), [...] à medida que um hospital busca dinheiro de terceiros para fi nanciar sua produção médica, implicitamente oferece a seus credores preferência para seus fl uxos de caixa, assim os proprietários do hospital têm direito somente à sobra depois do pagamento dos credores. Esse dinheiro que foi captado de fontes externas é chamado de Capital de Terceiros, e é composto por todo o Passivo Exigível (Circulante e Não Circulante) da organização hospitalar. A utilização deste tipo de fonte de recursos é denominada de Alavancagem Financeira, uma vez que este capital pode impulsionar (alavancar) o retorno que os sócios da entidade esperam obter após o aporte inicial de capital que fazem (constituição). Esse aporte de capital efetuado no início da organização hospitalar, ou em momentos futuros, bem como as retenções de lucros, são chamados de Capital Próprio e englobam todo o Patrimônio Líquido Hospitalar. “Refl ete a hipótese de que, se o hospital liquidasse todos os seus ativos e usasse o dinheiro para pagar todas as suas obrigações de curto e longo prazo, a sobra pertenceria aos proprietários do hospital”. Capital de Terceiros, e é composto por todo o Passivo Exigível (Circulante e Não Circulante) da organização hospitalar. 34 Administração Financeira Hospitalar Figura 6 – Balanço Patrimonial Hospital XYZ em 31.12.201X (valores em R$ mil) Fonte: A autora. e) Origens e Aplicações de Recursos Outro conceito que nos auxilia no entendimento da dinâmica patrimonial e na compreensão do próprio balanço patrimonial é o das origens e aplicações de recursos. Todos os recursos que porventura possam entrar em uma empresa passam pelo passivo exigível ou pelo patrimônio líquido (MARION, 2009). Esses recursos, fi nanceiros ou materiais, podem ser oriundos dos proprietários na unidade hospitalar, de seus fornecedores, empregados, governo, das instituições fi nanceiras etc. Ou seja, ao olharmos para o lado direito do balanço patrimonial, identifi camos as origens de recursos de uma empresa. Esses recursos, por sua vez, são aplicados na parte esquerda do balanço (ativo). Essas aplicações são feitas no caixa, nos clientes, nos estoques, máquinas e etc. ConformeMarion (2009, p. 60), “a empresa, na verdade, só pode aplicar (ativo) aquilo que tem origem (passivo e PL)”. Uma unidade hospitalar que possua uma origem no valor de R$ 500 milhões de reais, por exemplo, deverá, necessariamente, ter uma aplicação dos mesmos R$ 500 milhões de reais. Esse equilíbrio entre as origens e as aplicações fornece a base para o nome Balanço Patrimonial, onde o ativo sempre deve ter valor igual ao passivo mais o patrimônio líquido. Esse equilíbrio entre as origens e as aplicações fornece a base para o nome Balanço Patrimonial, onde o ativo sempre deve ter valor igual ao passivo mais o patrimônio líquido. 35 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANALISAR A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 2 Figura 7 – Balanço Patrimonial Hospital XYZ em 31.12.201X (valores em R$ mil) Fonte: A autora. Notas Explicativas: Mesmo que aqui não sejam discutidas, as Notas Explicativas são de fundamental importância para a compreensão das Demonstrações Contábeis, uma vez que têm por objetivo prover informações complementares e que não tenham sido apresentadas, mas que sejam relevantes para a compreensão das mesmas. Por exemplo, entre as informações que podemos extrair das Notas Explicativas encontram-se: tipos de aplicações; forma como foram avaliados os estoques da entidade; quantos e quais fi nanciamentos e empréstimos possuem, bem como os valores e taxas de juros deles. Por isso, sempre que você for analisar as Demonstrações Contábeis de uma unidade hospitalar, leia sempre suas notas explicativas para um melhor entendimento delas. 36 Administração Financeira Hospitalar Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Como visto anteriormente, o balanço patrimonial evidencia a situação econômico-fi nanceira de um hospital em um dado momento do tempo, de forma estanque. Por isso não é possível acompanhar como foi seu desempenho entre períodos, o que difere da próxima demonstração estudada, que é a DRE. A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), segundo Iudícibus et al. (2013), é a apresentação das operações realizadas pela empresa durante um período determinado, e demonstra de forma a evidenciar o resultado líquido do período (que pode ser lucro ou prejuízo), inclusive o que se denomina de receitas e despesas realizadas. Por isso, diz-se que ela é uma demonstração dinâmica. Podemos imaginar que a demonstração do resultado é um fi lme que se passa entre dois balanços (fotos), nos auxiliando a entender como o hospital saiu de uma situação A e chegou à atual situação B. Segundo Martins (2005), a identidade do resultado do hospital pode ser expressa pela seguinte equação: Receitas Médicas – Custos / Despesas Hospitalares = Lucro / Prejuízo Porém, antes de abordarmos a demonstração propriamente dita, faz-se necessário discutir os conceitos de receitas, despesas e regime contábil. a) Receitas O Pronunciamento Conceitual Básico CPC 30 estabelece que a receita é o “ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período proveniente das atividades ordinárias da entidade que resultam no aumento do seu patrimônio líquido” (CPC, 2012), sendo que a receita é composta somente de benefícios econômicos recebidos ou a receber pela entidade. A receita hospitalar pode ser entendida, então, como o valor bruto cobrado pela prestação do serviço hospitalar (ou venda de produtos hospitalares), independentemente se ela foi recebida no ato da prestação ou se será recebida em data futura. Apresentação das operações realizadas pela empresa durante um período determinado, e demonstra de forma a evidenciar o resultado líquido do período (que pode ser lucro ou prejuízo), inclusive o que se denomina de receitas e despesas realizadas. Por isso, diz-se que ela é uma demonstração dinâmica. A receita hospitalar pode ser entendida, então, como o valor bruto cobrado pela prestação do serviço hospitalar. 37 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANALISAR A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 2 Com isso temos, então, a distinção entre a receita auferida e a receita recebida. Dizemos que a receita foi auferida quando a unidade hospitalar presta o serviço pelo qual foi contratada e o cliente/paciente reconhece que o mesmo foi prestado (ou vendido, no caso de mercadorias, medicamentos, por exemplo). Neste momento o cliente/paciente pode ou não pagar pelo serviço, e caso não quite a dívida, ela será reconhecida como contas a receber (contas médicas). E, fi nalmente, quando o pagamento é efetuado, então a receita terá sido recebida. b) Despesas/Custos O conceito de despesa será amplamente discutido no Capítulo 4 deste caderno de estudos, mas aqui vamos apenas abordar a questão de quando devemos reconhecer uma despesa. As despesas, conforme o Pronunciamento Conceitual Básico CPC 00, são defi nidas “como decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido” (CPC, 2011a). Conforme podemos notar, a despesa é um sacrifício de um ativo ou o reconhecimento de um passivo para que a unidade hospitalar possa prestar seu serviço normalmente. O sacrifício de ativos geralmente está associado à saída de caixa, quando efetuamos o pagamento de valores, ou no consumo de um bem (material de escritório, chapas de raios-X, material cirúrgico etc.) durante a prestação dos serviços médicos. Já a identifi cação do passivo é quando, por exemplo, reconhecemos o salário a pagar de empregados, ou concordamos que foi prestado um serviço para o hospital, mas não iremos pagar naquele momento. Então, da mesma forma que a receita auferida se difere da receita recebida, as despesas também possuem diferença entre seu reconhecimento e seu pagamento. Quando dizemos que uma despesa foi incorrida, estamos afi rmando que algum componente do ativo foi sacrifi cado ou que algum passivo foi reconhecido, entretanto, sem atrelar esse fato ao seu efetivo pagamento, ou desembolso de caixa. Já quando falamos que estamos pagando uma despesa, como um fornecedor de material cirúrgico que parcelou a compra hospitalar, que havia sido reconhecida anteriormente, por exemplo, estamos dizendo que a despesa foi quitada propriamente dita e que houve desembolso de caixa. Decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido”. 38 Administração Financeira Hospitalar c) Regime de Competência x Regime de Caixa Existem duas formas de reconhecermos a formação do resultado de uma empresa em um determinado período: pelo regime da competência e pelo regime de caixa. No regime de competência, as receitas e despesas devem ser apropriadas e confrontadas no período em que elas efetivamente ocorrem, independentemente se há ou não refl exo no caixa da empresa (neste caso, na organização hospitalar). Além disso, receitas de um período só podem ser confrontadas com despesas do mesmo período (IUDÍCIBUS et al., 2013). Esse regime é o de maior adoção em empresas de porte maior, inclusive em hospitais. Já no regime de caixa, as receitas e despesas apenas são reconhecidas quando ocorre a entrada ou a saída de caixa (MARION, 2009). É o regime mais utilizado por pequenos negócios, devido à simplicidade de sua adoção, sendo assim, não tão comumente identifi cado em clínicas ou entidades hospitalares. Neste estudo adotaremos como premissa que as demonstrações que iremos analisar foram feitas com base no regime de competência, já que, segundo Martins (2005, p. 26), as receitas e as despesas “[...] registradas na demonstração de resultados hospitalares são baseadas no regime de competência, que signifi ca que são consideradas no momento de seu consumo independentemente do momento em que serão efetivamentepagas”. d) Principais contas da demonstração do resultado do exercício Conforme o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, no CPC 26 (2011b) a demonstração do resultado do exercício deve confrontar as receitas e despesas do período de forma a começar pela receita e terminar no resultado do período. A seguir temos uma típica demonstração do resultado de uma entidade hospitalar, de forma resumida, elaborada de acordo com este CPC: Existem duas formas de reconhecermos a formação do resultado de uma empresa em um determinado período: pelo regime da competência e pelo regime de caixa. Regime de competência, as receitas e despesas devem ser apropriadas e confrontadas no período em que elas efetivamente ocorrem. A demonstração do resultado do exercício deve confrontar as receitas e despesas do período de forma a começar pela receita e terminar no resultado do período. 39 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANALISAR A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 2 Figura 8 – Demonstração do Resultado do Exercício do Hospital XYZ em 31.12.201X (valores em R% mil) Fonte: A autora. 01. Receitas Médicas 02. (-) Custos dos Serviços Prestados 03. (=) Resultado Operacional Bruto 04. (-) Despesas com Vendas 05. (-) Despesas Financeiras (deduzidas das receitas fi nanceiras) 06. (-) Despesas Administrativas 07. (-) Resultado das Atividades Descontinuadas 08. (+/-) Resultado da Equivalência Patrimonial 09. (=) Resultado Antes dos Tributos (Resultado Operacional Líquido) 10. (-) Tributos sobre o Lucro 11. (=) Resultado Líquido do Exercício 30.650 (26.000) 4.650 (300) (440) (610) 0 500 (3.350) (300) 3.050 A seguir iremos comentar cada um dos grupos apresentados na fi gura anterior. • Receitas Médicas Como dito, são os valores que o hospital entende como devidos pelos serviços que foram prestados aos clientes/pacientes, bem como a receita oriunda da venda de produtos hospitalares, se estes já não estiverem inclusos no preço do serviço. Cabe ressaltar, aqui, que as receitas médicas devem constar na demonstração pelo seu valor global, ou seja, pelo valor integral cobrado dos clientes/pacientes. Caso seja política do hospital fracionar este valor (recebimento parcelado), isso não irá interferir no valor a ser registrado como receita auferida. • Custos dos Serviços Prestados São registrados aqui todos os gastos que o hospital consiga atrelar diretamente à prestação do serviço hospitalar. Estes custos só ocorrem para que a unidade hospitalar possa prestar seus serviços. Em um capítulo futuro iremos aprofundar mais o entendimento sobre os gastos, custos de serviços prestados, despesas e desembolsos. Valores que o hospital entende como devidos pelos serviços que foram prestados aos clientes/pacientes. Gastos que o hospital consiga atrelar diretamente à prestação do serviço hospitalar. 40 Administração Financeira Hospitalar • Despesas com Vendas As despesas com vendas representam os gastos de promoção, marketing, propaganda, publicidade, salários do pessoal ligado ao departamento de vendas, perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa etc. (IUDÍCIBUS et al., 2013). • Despesas Financeiras Neste grupo são classifi cadas as receitas oriundas de juros aplicados no parcelamento de contas médicas, descontos obtidos em pagamentos de fornecedores, rendas auferidas de aplicações fi nanceiras etc. Uma vez que um hospital tem como atividade-fi m a prestação de serviços médicos, espera-se que as receitas fi nanceiras sejam menores que as despesas fi nanceiras. Por este motivo, estas receitas devem ser apresentadas deduzindo as despesas fi nanceiras que porventura a unidade hospitalar venha a ter. São exemplos desse tipo de despesa os juros pagos a fornecedores (seja por compra parcelada ou por atraso no pagamento), correções monetárias, descontos fi nanceiros concedidos a clientes, comissões e despesas bancárias, entre outras. • Despesas Administrativas As despesas administrativas representam os gastos, sejam eles pagos ou apenas incorridos, para que ocorra a gestão da unidade hospitalar. São constituídas de várias atividades gerais, que são prestadas para as áreas-fi ns do hospital. São despesas que não estão ligadas diretamente à prestação dos serviços hospitalares, mas que de forma indireta as auxiliam. Como exemplo temos a remuneração dos diretores, salários do pessoal administrativo, despesas judiciais, material de consumo (escritório), telefone, condomínio, entre outros. • Resultado das atividades descontinuadas Atividade descontinuada, conforme o CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada, de 2009, é quando uma empresa pretende encerrar uma importante linha separada de negócios ou operações em uma determinada área geográfi ca, Gastos de promoção, marketing, propaganda, publicidade, salários do pessoal ligado ao departamento de vendas, perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa. Receitas oriundas de juros aplicados no parcelamento de contas médicas, descontos obtidos em pagamentos de fornecedores, rendas auferidas de aplicações fi nanceiras. Gastos, sejam eles pagos ou apenas incorridos, para que ocorra a gestão da unidade hospitalar.. Quando uma empresa pretende encerrar uma importante linha separada de negócios ou operações em uma determinada área geográfi ca. 41 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANALISAR A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 2 e para tanto está fazendo a venda de componentes patrimoniais para concluir essa operação. Um exemplo disto é quando uma empresa multinacional está encerrando as operações em um determinado país, ou uma empresa de grande porte está terminando uma linha de produtos específi cos. e) Despesas que não afetam o caixa Mais à frente, neste material, será importante conhecermos a diferença entre despesas que afetam e despesas que não afetam o caixa da unidade hospitalar, o que nos auxiliará também a compreender o porquê da demonstração do resultado do exercício não poder ser confundida com a demonstração dos fl uxos de caixa. Como visto anteriormente, o fato de estarmos incorrendo em uma despesa não quer dizer que estejamos necessariamente tendo um desembolso de caixa. Por exemplo, se a unidade hospitalar contratou um serviço de copa e cozinha, no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para atender aos empregados do setor administrativo, mas se comprometeu a pagar por este serviço apenas no mês seguinte, a demonstração do resultado apresentará a despesa de R$ 500,00 (quinhentos reais) com serviço de terceiros, enquanto a demonstração dos fl uxos de caixa apresentará R$ 0,00 de desembolso na mesma rubrica. Nos meses seguintes, quando ocorrer o desembolso pelo pagamento do valor estabelecido, ambas as contas terão o mesmo valor, de forma equivalente, nas duas demonstrações. Também existem despesas que não afetam o caixa de forma direta, mesmo quando elas ocorrem, portanto, não haverá, neste caso, um equivalente da rubrica da demonstração do resultado na demonstração dos fl uxos de caixa. Alguns exemplos desse tipo de despesa: • Depreciação: a despesa com depreciação busca reconhecer o desgaste/ consumo de equipamentos que a empresa possua durante a sua utilização no processo de obtenção de receitas (MARION, 2009). Esse tipo de despesa ocorre mensalmente. • Provisões: são valores que a contabilidade acredita que possam vir a se tornar despesas futuras, mas com algum grau de imprecisão quanto a isso. Um exemplo seria a provisão para crédito de liquidação duvidosa, que são valores que a unidade hospitalar acredita que talvez não receba 42 Administração Financeira Hospitalar de seus clientes/pacientes, ou provisões judiciais, para casos em que uma organização é acionada judicialmente, mas não se sabe ao certo se ela será obrigada a pagar algum valor. • Baixa de imobilizado: quandoocorre a venda de algum ativo imobilizado, ou mesmo quando ocorre um sinistro com o mesmo, sua retirada dos registros contábeis (baixa) é reconhecida como uma despesa na demonstração do resultado. Demonstração dos Fluxos de Caixa Um fl uxo de caixa pode ser entendido como a diferença entre o valor recebido e o pago, em dinheiro, em um determinado período pelo hospital. Com isso, buscar o entendimento de como esse fl uxo de caixa se forma é de suma importância para a administração fi nanceira hospitalar. Com esse intuito é elaborada e divulgada a Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC, que tem como principal objetivo dar aos usuários importantes informações sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, e com isso ajudar na análise da capacidade da entidade de gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas necessidades para utilizar esses fl uxos de caixa (IUDÍCIBUS et al., 2013). A DFC, em conjunto com o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), pode permitir que os usuários compreendam, entre outras coisas, se o hospital: a) Consegue, por meio da sua atividade-fi m (serviços hospitalares), gerar um fl uxo positivo de caixa; b) Tem capacidade de quitar suas obrigações, bem como pagar os valores devidos aos sócios (dividendos) e às instituições fi nanceiras; c) Está em uma expansão de suas instalações/equipamentos, e que tipo de recursos ele está utilizando para este fi m. a) Classifi cação dos fl uxos de caixa por atividade A classifi cação das entradas e saídas de caixa está relacionada com a natureza das transações que lhe dão origem. E, como pode ser visto nas fi guras Fluxo de caixa pode ser entendido como a diferença entre o valor recebido e o pago, em dinheiro, em um determinado período pelo hospital. Principal objetivo dar aos usuários importantes informações sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, e com isso ajudar na análise da capacidade da entidade de gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas necessidades para utilizar esses fl uxos de caixa. 43 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANALISAR A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 2 seguintes, os fl uxos de caixa de um hospital são classifi cados em três grupos: operacional, de investimento e de fi nanciamento. Iremos discutir cada uma dessas atividades, conforme orientações estipuladas pelo CPC 03 – Demonstração dos fl uxos de caixa. • Atividades operacionais O total do fl uxo de caixa que é oriundo das atividades operacionais indica se a atividade-fi m da empresa está gerando um fl uxo positivo sufi ciente para pagar as obrigações rotineiras, os empréstimos obtidos, os dividendos devidos aos sócios, além de fazer investimentos no hospital sem precisar de fi nanciamento externo. Essa atividade é o resultado, conforme Martins (2005, p. 30), “[...] das operações diárias do hospital, como recebimento pelo consumo de materiais médicos, medicamentos, exames, uso de salas, equipamentos médicos etc. pelo paciente e pagamentos a fornecedores”. Ou seja, são as atividades mais diretamente relacionadas à demonstração do resultado. Valores negativos para esse grupo indicam que a empresa não está conseguindo gerar riqueza sufi ciente para cumprir com suas obrigações diárias. • Atividades de investimento Essa atividade está mais relacionada com o aumento ou diminuição dos ativos não circulantes, ativos esses com os quais o hospital espera que o auxiliem na prestação de serviço aos seus clientes/pacientes. Ocorre acréscimo neste grupo quando há o recebimento resultante da venda de ativos imobilizado, intangível e de outros ativos circulantes, venda de participação em outras empresas (investimento em outros hospitais), e resgate de investimentos de longo prazo. O decréscimo geralmente é oriundo do pagamento de aquisição de terrenos, edifi cações, máquinas e equipamentos utilizados na prestação de serviços hospitalares, pagamento na aquisição de participação em outros hospitais, entre outros. Quando o grupo está negativo, possivelmente o hospital está apresentando uma fase de expansão, seja por aquisição de novos equipamentos, seja por ampliação das instalações hospitalares ou por aquisição em outras unidades hospitalares. Já valores positivos indicam uma grande venda desses bens. Classifi cados em três grupos: operacional, de investimento e de fi nanciamento. 44 Administração Financeira Hospitalar • Atividades de fi nanciamento Os fl uxos de caixa da atividade de fi nanciamento são importantes para prever qual será a futura necessidade de caixa para honrar compromissos com entidades fi nanceiras fornecedoras de recursos, bem como a capacidade que a unidade hospitalar tem de utilizar os recursos obtidos para fi nanciar as atividades operacionais e de investimento (IUDÍCIBUS et al., 2013). Como exemplo de entradas de recursos desse grupo temos: empréstimos de curto e longo prazos obtidos, notas promissórias, recebimentos de aporte de capital por parte dos sócios, entre outros. Como saídas, temos: quitação de empréstimos obtidos, pagamentos de dividendos (ou juros sobre capital próprio), devolução de aporte de capital não convertido em participação do capital do hospital etc. Valores positivos nesta atividade indicam que a empresa está se utilizando de fi nanciamento de terceiros (empréstimos) ou de capital próprio (sócios) para investir no hospital (caso a atividade de investimento esteja negativa) ou que está utilizando capital de giro para pagamento das obrigações diárias. Valores negativos implicam no pagamento aos agentes fi nanciadores. b) Métodos de elaboração da DFC Segundo Perez Junior e Begalli (2009), é possível evidenciar as atividades operacionais da DFC por meio de dois métodos distintos: o direto e o indireto. O método direto, conforme Marion (2009), destaca, de forma objetiva, as entradas e saídas de caixa, informando-se a origem (ou fonte) e o uso (aplicação) do dinheiro da unidade hospitalar. O saldo fi nal das operações apresenta o montante líquido de caixa que foi provido ou consumido pela atividade-fi m do hospital em um determinado período. É possível evidenciar as atividades operacionais da DFC por meio de dois métodos distintos: o direto e o indireto. Figura 9 – Demonstração dos Fluxos de Caixa (método direto) do Hospital XYZ em 31.12.201X (valores em R$ mil) Fluxos de caixa das atividades operacionais Recebimentos de Contas Médicas Pagamentos a fornecedores e empregados Caixa gerado pelas operações hospitalares Juros pagos Imposto de Renda pago 30.150 (27.600) 2.550 (270) (900) 45 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANALISAR A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 2 Fonte: A autora. A fi gura anterior, adaptada do CPC 03, mostra a DFC elaborada pelo método direto. Este método, ainda de acordo com o mesmo autor, tem como ponto positivo ser mais revelador que o indireto, e é facilmente analisado por qualquer profi ssional que não necessariamente seja da área contábil. Tem como ponto negativo a difi culdade em sua elaboração, em virtude da quantidade de informação que é demandada para sua elaboração (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2009). Já o método indireto faz a conciliação entre o lucro líquido do hospital e o caixa gerado pelas operações hospitalares (IUDÍCIBUS et al., 2013), ou seja, as despesas e receitas que não interferem diretamente no caixa do hospital (depreciação, provisões) são retiradas do lucro líquido. Após esse ajuste no lucro é analisada a variação dos componentes patrimoniais que não estejam sendo analisados pelas atividades de investimento e pela atividade de fi nanciamento. Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais Fluxos de caixa das atividades de investimentos Aquisição de participação no hospital ABC Compra de Raio-X novo (imobilizado) Recebimento pela veda de Raio-X antigoJuros Recebidos Dividendos recebidos do hospital ABC Caixa líquido consumido pelas atividades de investimentos Fluxos de caixa das atividades de fi nanciamentos Recebimento de aporte de capital Recebimento por empréstimo a longo prazo Pagamento de passivo por arrendamento Dividendos pagos aos sócios Caixa líquido consumido pelas atividades de fi nanciamentos Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa Caixa e equivalente de caixa no início do período Caixa e equivalente de caixa no fi nal do período 1.380 (550) (350) 20 200 200 (480) 250 250 (90) (1.200) (480) 110 120 230 46 Administração Financeira Hospitalar Figura 10 – Demonstração dos Fluxos de Caixa (método indireto) do Hospital XYZ em 31.12.201X (valores em R$ mil) Fonte: A autora. Fluxos de caixa das atividades operacionais Lucro líquido antes do IR Ajustes por: Depreciação Perda Cambial Resultado de equivalência patrimonial Despesas de Juros Lucro líquido ajustado Aumento nas contas a receber e outros Diminuição dos estoques Diminuição das contas a pagar (fornecedores) Caixa Gerado pelas operações hospitalares Juros pagos Imposto de renda pago Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais Fluxo de caixa das atividades de investimentos Aquisição de participação no hospital ABC Compra de Raio-X novo (imobilizado) Recebimento pela veda de Raio-X antigo Juros Recebidos Dividendos recebidos do hospital ABC Caixa líquido gerado pelas atividades de Investimentos Recebimento de aporte de capital Recebimento por empréstimo a longo prazo Pagamento de passivo por arrendamento Dividendos pagos aos sócios Caixa líquido consumido pelas atividades de fi nanciamentos Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa Caixa e equivalente de caixa no início do período Caixa e equivalente de caixa no fi nal do período 3.350 450 10 (500) 400 3.740 (500) 1.050 (1.740) 2.550 (270) (900) 1.380 (550) (350) 20 200 200 (480) 250 250 (90) (1.200) (480) 110 120 230 47 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANALISAR A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 2 A fi gura anterior, adaptada do CPC 03, mostra a DFC elaborada pelo método indireto. Como vantagem desse método, tem-se a facilidade de sua elaboração e a possibilidade de conferência dos valores por meio das outras demonstrações contábeis publicadas do hospital (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2009). Já a desvantagem é a difi culdade inicial de leigos em analisar e compreender os fl uxos de caixa que a atividade operacional gerou no período. Este é o método mais utilizado pelas empresas no Brasil como um todo. Análise Financeira Podemos afi rmar que a análise fi nanceira de uma instituição de saúde reside no estudo de determinada demonstração contábil com o intuito de transformar em uma informação para os usuários. Assim, podemos considerar que a análise fi nanceira se caracteriza como o tratamento das informações da perspectiva fi nanceira transformando em subsídios úteis para o fomento e a tomada de decisão do gestor. Para a efetivação da análise fi nanceira de uma instituição de saúde normalmente são utilizados índices, que, conforme Matarazzo (1998, p. 153), “é a relação entre contas ou grupo de contas das demonstrações fi nanceiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou fi nanceira de uma empresa”. Assim, os índices permitem sumarizar as informações, emitindo “uma luz” sobre alguma perspectiva específi ca que se deseja destacar das informações fi nanceiras. Segundo Stickney e Weil (2001, p. 231), “os índices ajudam a análise das demonstrações fi nanceiras, porque eles resumem os dados contidos nas demonstrações de forma conveniente, fácil de entender, interpretar e comparar”. Ao analisarmos a situação fi nanceira de uma empresa, são necessários três grupos de indicadores para se avaliar a empresa de forma global. Estes três grupos de indicadores são denominados “Tripé da Análise”, e segundo Marion (2010), são pontos fundamentais para uma empresa, sendo eles: a liquidez (situação fi nanceira), a rentabilidade (situação econômica) e o endividamento (estrutura de capital). A análise fi nanceira de uma instituição de saúde reside no estudo de determinada demonstração contábil com o intuito de transformar em uma informação para os usuários.. “Os índices ajudam a análise das demonstrações fi nanceiras, porque eles resumem os dados contidos nas demonstrações de forma conveniente, fácil de entender, interpretar e comparar”. “Tripé da Análise”, a liquidez (situação fi nanceira), a rentabilidade (situação econômica) e o endividamento (estrutura de capital). 48 Administração Financeira Hospitalar Figura 11 - Tripé da análise Fonte: Adaptado de Marion (2010). Diante do exposto, ao analisarmos a situação fi nanceira (liquidez), patrimonial (endividamento) e econômica (rentabilidade), conseguimos traçar um diagnóstico sobre a “saúde” econômico-fi nanceira de uma instituição hospitalar, de forma a auxiliar o processo de tomada de decisão. a) Liquidez A liquidez pode ser denominada de situação fi nanceira da empresa, sendo compreendida como a capacidade que a empresa possui para honrar suas obrigações, utilizando dos bens e direitos disponíveis. De acordo com Marion (2010, p. 73), os índices de liquidez “são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos”. Existem diversos indicadores de liquidez, onde podemos destacar: a Liquidez Geral, a Liquidez Corrente, a Liquidez Seca e a Liquidez Imediata. A liquidez corrente mede a capacidade que a empresa tem para pagar suas dívidas de curto prazo, levando em conta os valores disponíveis e realizáveis do período de um ano. A liquidez pode ser denominada de situação fi nanceira da empresa, sendo compreendida como a capacidade que a empresa possui para honrar suas obrigações, utilizando dos bens e direitos disponíveis. A Liquidez Geral, a Liquidez Corrente, a Liquidez Seca e a Liquidez Imediata. A liquidez corrente mede a capacidade que a empresa tem para pagar suas dívidas de curto prazo. LIQUIDEZ CORRENTE = Ativo Circulante Passivo Circulante 49 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANALISAR A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Capítulo 2 Por exemplo, considerando que um hospital tem bens e direitos de curto prazo (caixa, valores a receber em um ano e estoques) no valor de dois milhões de reais e obrigações de curto prazo (salários, fornecedores, impostos e outras contas a pagar dentro de um ano) no valor de um milhão de reais. A organização hospitalar tem uma liquidez corrente igual a dois, ou seja, tem dois reais de bens e direitos para cada real de dívida no curto prazo. Para defi nir o conceito de bom e ruim deve-se considerar o histórico do hospital, compará-lo com outras empresas do setor e o padrão do setor no qual ele se encontra, porém, o número “um” acaba servindo de referência, pois signifi ca que ele tem mais ativos que passivos no curto prazo. Como os recebimentos e vencimentos possuem prazos diversos dentro de um ano, não se pode afi rmar categoricamente se irá honrar seus compromissos, apenas fazer inferências. Todavia, no ativo circulante existem os seguintes grupos de contas, principalmente: disponibilidades (dinheiro), clientes (direitos a receber em um ano) e estoques (produtos disponíveis para prestação dos serviços). Sobre os clientes, existe a possibilidade do não pagamento, mas a inadimplência pode ser acompanhada e estimada, porém sobre o estoque existe uma incerteza de realização, quando simplesmente não se consegue alienar a mercadoria do estoque ou utilizá-la na prestação do serviço. Para se precaver deste grupo (estoques), existe o índice de liquidez seca, que se mensura
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