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CEL0014-WL-PP-Análise Textual-Variação Liguística

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http://acd.ufrj.br/~pead/tema01/variacao.html 
 
A língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes. O uso de uma língua varia de 
época para época, de região para região, de classe social para classe social, e assim por diante. 
Nem individualmente podemos afirmar que o uso seja uniforme. Dependendo da situação, uma 
mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma da língua. 
Ao trabalhar com o conceito de variação lingüística, estamos pretendendo demonstrar: 
 que a língua portuguesa, como todas as línguas do mundo, não se apresenta de maneira 
uniforme em todo o território brasileiro; 
"Nenhuma língua permanece a mesma em todo o seu domínio e, ainda num só 
local, apresenta um sem-número de diferenciações.(...) Mas essas variedades 
de ordem geográfica, de ordem social e até individual, pois cada um procura 
utilizar o sistema idiomático da forma que melhor lhe exprime o gosto e o 
pensamento, não prejudicam a unidade superior da língua, nem a consciência 
que têm os que a falam diversamente de se servirem de um mesmo instrumento 
de comunicação, de manifestação e de emoção." 
(Celso Cunha, em Uma política do idioma) 
 que a variação lingüística manifesta-se em todos os níveis de funcionamento da 
linguagem ; 
 que a variação da língua se dá em função do emissor e em função do receptor ; 
 que diversos fatores, como região, faixa etária, classe social e profissão, são 
responsáveis pela variação da língua; 
 que não há hierarquia entre os usos variados da língua, assim como não há uso 
lingüisticamente melhor que outro. Em uma mesma comunidade lingüística, portanto, 
coexistem usos diferentes, não existindo um padrão de linguagem que possa ser 
considerado superior. O que determina a escolha de tal ou tal variedade é a situação 
concreta de comunicação. 
 que a possibilidade de variação da língua expressa a variedade cultural existente em 
qualquer grupo. Basta observar, por exemplo, no Brasil, que, dependendo do tipo de 
colonização a que uma determinada região foi exposta, os reflexos dessa colonização aí 
estarão presentes de maneira indiscutível. 
Níveis de variação lingüística 
É importante observar que o processo de variação ocorre em todos os níveis de funcionamento da 
linguagem, sendo mais perceptível na pronúncia e no vocabulário. Esse fenômeno da variação se 
torna mais complexo porque os níveis não se apresentam de maneira estanque, eles se superpõem. 
Nível fonológico - por exemplo, o l final de sílaba é pronunciado como consoante pelos gaúchos, 
enquanto em quase todo o restante do Brasil é vocalizado, ou seja, pronunciado como um u; o r 
caipira; o s chiado do carioca. 
Nível morfo-sintático - muitas vezes, por analogia, por exemplo, algumas pessoas conjugam 
verbos irregulares como se fossem regulares: "manteu" em vez de "manteve", "ansio" em vez de 
"anseio"; certos segmentos sociais não realizam a concordância entre sujeito e verbo, e isto ocorre 
com mais freqüência se o sujeito está posposto ao verbo. Há ainda variedade em termos de 
regência: "eu lhe vi" ao invés de "eu o vi". 
Nível vocabular - algumas palavras são empregadas em um sentido específico de acordo com a 
localidade. Exemplos: em Portugal diz-se "miúdo", ao passo que no Brasil usa-se " moleque", 
"garoto", "menino", "guri"; as gírias são, tipicamente, um processo de variação vocabular. 
Tipos de variação lingüística 
Travaglia (1996), discutindo questões relativas ao ensino da gramática no primeiro e segundo graus, 
apresenta, com base em Halliday, McIntosh e Strevens (1974), um quadro bastante claro sobre as 
possibilidades de variação lingüística, chamando a atenção para o fato de que, apesar de 
reconhecer a existência dessas variedades, a escola continua a privilegiar apenas a norma culta, em 
detrimento das outras, inclusive daquela que o educando já conhece anteriormente. 
Existem dois tipos de variedades lingüísticas: os dialetos (variedades que ocorrem em função 
das pessoas que utilizam a língua, ou seja, os emissores); os registros ( variedades que ocorrem 
em função do uso que se faz da língua, as quais dependem do receptor, da mensagem e da 
situação). 
 Variação Dialetal 
o Variação Regional 
o Variação Social 
o Variação Etária 
o Variação Profissional 
 Variação de Registro 
o Grau de Formalismo 
o Modalidade de Uso 
o Sintonia 
Leituras complementares sobre variação lingüística: 
1. BRANDÃO, Sílvia F. A Geografia Lingüística no Brasil. Ática, São Paulo, 1991. 
2. CALLOU, D. Variação e norma. In: Anais do II Simpósio Nacional do GT de Sociolingüística 
da ANPOLL. Rio de Janeiro, UFRJ/CNPQ., 1995, pp 79-83. 
3. TRAVAGLIA, Luiz Carlos . Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática 
no primeiro e segundo graus. S.P. Cortez, 1996. pp 41-66 
 
 
http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1693u60.jhtm 
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
O modo de falar do brasileiro 
Alfredina Nery* 
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação 
Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo 
(variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir 
de três diferentes fenômenos. 
1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, 
com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que 
na língua escrita; 
2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de 
uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo; 
3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, 
profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. São 
as gírias e jargões. 
Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser 
evidenciados abaixo. 
Uso de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: 
pranta/planta; broco/bloco. 
Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho. 
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: 
arve/árvore; figo/fígado. 
Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe. 
Simplificação da concordância: as menina/as meninas. 
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do 
verbo: “Chegou” duas moças. 
Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de 
sujeito): Nós pegamos “ele” na hora. 
Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” 
(tamém/também). 
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem. 
Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe. 
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: 
amá/amar; amô/amor. 
Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, 
eles ama. 
 
Variações regionais: os sotaques 
Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. 
Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o 
demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz 
uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil: 
 
Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, 
Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O 
Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-
diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, 
Carfano, Rabudo. 
 
Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística 
relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil. 
 
Antigamente 
"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas.Não faziam 
anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-
alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio." 
 
Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. 
Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente 
daquele que era usado na época medieval. 
Língua e status 
Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas 
variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para percebers que há preconceito 
em relação a elas. 
 
Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto: 
 
O Poeta da Roça 
Sou fio das mata, canto da mão grossa, 
Trabáio na roça, de inverno e de estio. 
A minha chupana é tapada de barro, 
Só fumo cigarro de paia de mío. 
 
Sou poeta das brenha, não faço o papé 
De argun menestré, ou errante cantô 
Que veve vagando, com sua viola, 
Cantando, pachola, à percura de amô. 
Não tenho sabença, pois nunca estudei, 
Apenas eu sei o meu nome assiná. 
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre, 
E o fio do pobre não pode estudá. 
 
Meu verso rastero, singelo e sem graça, 
Não entra na praça, no rico salão, 
Meu verso só entra no campo e na roça 
Nas pobre paioça, da serra ao sertão. 
(...) 
 
Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa 
do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se 
tornou conhecida mesmo na Europa. 
 
Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a 
busca por uma "língua brasileira". 
 
Vício na fala 
Para dizerem milho dizem mio 
Para melhor dizem mió 
Para pior pió 
Para telha dizem teia 
Para telhado dizem teiado 
E vão fazendo telhados. 
 
Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades linguísticas dentro do país, o que 
acaba por rejeitar algumas manifestações linguísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, 
vários mitos são construídos, a partir do preconceito linguístico. 
*Alfredina Nery Professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada 
para professores na área de língua/linguagem/leitura

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