Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Inabalável Gabriela Pimenta Capítulo 01 Pelos dias que se seguem, eu faço exatamente o que Manuela aconselhou: penso. Penso, e penso muito. Depois de desabafar com a minha amiga e estar mais tranquila para refletir sobre tudo o que vem acontecendo, consigo chegar às seguintes conclusões: Primeira: eu sou uma completa estúpida; Segunda: eu me tornei tão imatura quanto uma criança de cinco anos; Terceira: eu amo louca e desesperadamente John Berryann. Por incrível que pareça, engolir essa terceira conclusão foi mais fácil do que as outras, afinal, eu só precisava admitir a mim mesma que essa paixão já tinha evoluído para amor há muito tempo. Mesmo querendo negar com todas as forças, principalmente, nestes últimos dias em que eu estava fula da vida com o que ocorreu. Quanto a minha imaturidade, céus, tenho vergonha só de lembrar. Certo que eu nunca fui a pessoa mais paciente e que as minhas antigas experiências amorosas não contribuíram muito para que eu soubesse lidar com situações como esta. Mas, arremessar um par de tênis? E, ainda por cima, cogitar jogar o meu pobre notebook? Desde quando eu me transformei esse projeto de trem desgovernado? Okay, admito que deixei a raiva me cegar e simplesmente me aprisionei em suposições, sendo que poderia ter resolvido a situação apenas escutando o que ele tinha a dizer. Porém, o mínimo que eu poderia ter era um pouco de vergonha na minha cara. Não é à toa que o garoto mal tem olhado para mim ao longo da semana. Conversei com a minha amiga "ajuizada", procurando por um bom conselho, mas receber um "para de frescura e vá falar com ele" não me valeu de muita coisa. Se Manuela soubesse o quanto estou envergonhada por agir daquela maneira tão grosseira e tola, não teria aberto a boca para dizer asneira. Queria ver se fosse ela no meu lugar... Diferente dos outros dias, eu não tenho mais evitado os olhares de John. Na verdade, tenho feito o possível e o impossível justamente para que me olhe, nem que seja por uns segundos. Porém, agora é ele que foge de qualquer interação. E estou sentindo na pele o quão doloroso é ser menosprezada pela pessoa que se ama. Pois é... Aqui se faz e aqui se paga, Clarinha. Bem feito para mim. Talvez assim eu aprenda a ser menos idiota. – Perdida no mundo da Lua à essa hora, Clara? Dou um pulinho e olho para trás, deparando com um Jackson risonho. – Oh, você me assustou! – Me desculpe. Sorrio, assim como ele. – Indo para a próxima aula? – pergunta. – Sim, a minha é no Terceiro C. E a sua? – Terceiro B. Vamos juntos, então?! Dou de ombros e seguimos para as escadarias. Nem lembro mais quando foi a última vez que fizemos esse pequeno trajeto juntos. Depois da reunião pedagógica, os nossos horários mudaram e quase não trombamos nos corredores. Se nos vemos, é apenas na sala dos professores ou no refeitório, e mal conseguimos conversar graças ao trabalho. Subimos as escadas para o terceiro andar trocando uma ou outra palavra, e cumprimentando os alunos que passam por nós; uma vez diante a porta do Terceiro C, me despeço para entrar na classe, contudo, Jackson segura sutilmente o meu ombro. – Talvez seja um pouco invasivo da minha parte, mas percebi que anda meio distraída há alguns dias. Está tudo bem? – Sim, está. É apenas um problema bobo, não se preocupe. "De bobo, não tem nada", penso. – Tem certeza? – Tenho sim, Jackson. – Se for realmente um problema bobo, tente resolvê-lo logo. Não gosto de vê- la com essa carinha abatida. Forço um sorriso e assinto. Essa gentileza dele ainda me desconcerta, às vezes. – Bem, vou para a minha classe. Nos vemos depois. – Ah, okay... Jackson dá um de seus sorrisos brilhantes e enfim entra na sala do Terceiro B. Solto o ar que sequer reparei ter segurado e faço o mesmo que o meu colega. Assim que o período termina, deixo que os alunos saiam primeiro e guardo os meus materiais sem pressa, como gosto de fazer. Desço para a sala dos professores, escutando o baque dos saltos ecoar nos corredores vazios enquanto matuto o que posso fazer para resolver as coisas com o John. Pensamento esse que é bruscamente interrompido por um puxão repentino. Meu coração dá um salto. Não sei se pelo susto ou por saber exatamente de quem é esse toque ao redor do pulso. Sua mão encobre delicadamente a minha boca para que eu não grite e chame a atenção de alguém do lado de fora, mas a última coisa na qual eu pensaria agora seria gritar. Com certeza, não é a reação que eu teria. Apesar da surpresa e de estar um tanto receosa, temendo que meus sentimentos falem mais alto antes da hora, ergo o rosto e deparo com o infinito negro que são os seus olhos. Reprimo um suspiro, guardando-o no fundo da minha garganta, e me limito a encará-lo com a mesma intensidade que o faz. – Não seria muito agradável se encontrassem uma professora e um aluno trancados no armário do zelador, não é?! – sussurra, para que ninguém mais possa ouvir. Sua voz baixa e carregada de atrevimento faz o meu corpo estremecer. Minha cabeça se enche com as lembranças tórridas da primeira vez que estivemos neste armário e tenho vontade de rir ao perceber que ele continua tendo tanto efeito sobre mim quanto antes. Até alguns dias atrás, provavelmente eu sentiria raiva de mim mesma por isso, mas o que posso fazer se é a realidade? Aceitar de uma vez é melhor do que sofrer querendo provar o contrário. Os meus olhos vagueiam por seu corpo robusto e se detêm no sorrisinho sem- vergonha que continua em seus bonitos e apetitosos lábios. Meu estômago revira ansioso. Posso sentir o calor da sua respiração bater contra os fios do meu cabelo, assim como o de sua palma que permanece pousada sobre a minha boca, e o único pensamento que paira sobre mim é que eu quero beijá- lo. Oh, céus, e como quero! Estar trancada aqui com ele não faz nada bem para a minha pobre sanidade. Menos ainda para a minha débil dignidade. Principalmente por que a consciência de que eu o amo loucamente, pisca igual a um outdoor no topo de um prédio na Times Square. Tão grande e chamativo que é impossível não ver. Porém, ainda que esse sentimento peça que eu lance tudo para o alto e me jogue nos braços dele, o último fragmento do meu juízo diz que esclarecer essa história que vem nos assombrando é crucial para decidir de uma vez o que acontecerá entre nós. Recuperando o controle das minhas ações, ergo a mão para afastar o seu toque, mas sou surpreendida quando ele mesmo o faz e dá três passos, escorando-se no pequeno móvel atrás de si. Com os braços cruzados e a expressão mais séria, o garoto me observa por um instante e suspira ao dizer: – Eu disse que uma hora ou outra teríamos que conversar. E, bem, aqui estamos. Tenho vontade de rebater, porém, fico quieta. Eu nem tenho motivos para isso, de qualquer forma. Afinal, eu estava envergonhada o suficiente para não conseguir tomar uma iniciativa e retomar essa conversa, logo, não posso criticá-lo por tê-lo feito. Embora esse não seja o momento mais adequado. – Me desculpe. – ele continua – Sei que o armário do zelador não é o melhor lugar, mas foi o único que pude imaginar que você não fugiria de mim. – dá- me uma olhadela e solta um risinho – Ah! E também o único onde eu provavelmente não vou ser atacado com algum sapato voador. Contenho a risada e balanço a cabeça devagar, concordando. Só de lembrar que o ataque com o meu par de tênis, sinto as bochechas ardendo de constrangimento. Como eu pude ser tão estúpida? Definitivamente, eu merecia o título de 'mulher mais estúpida' do ano - ou uma camisa de força. – Me desculpe. – murmuro, sem jeito. Ele nega e sorri, como se dissesse que está tudo bem. Eu devolvo seu gesto, mesmo sabendo que passei dos limites e poderia ter resolvido as coisas de outra maneira. Se arrependimento matasse... Deixo que um suspiro escapar, frustrada comigo mesma; John, até então calado, se remexe um pouco desconfortável e trata de quebrar o silêncio: – Eu sei que talvez você ainda não queria falar sobre o que aconteceu, mas eu peço que escuteo que tenho a dizer. Por favor. O tom aflito em sua voz e o seu olhar suplicante me partem em duas. Respiro fundo e é o bastante para que eu consinta. Ainda que certo receio me faça vacilar, eu preciso escutar as suas explicações e tirar esse peso do meu peito. De uma vez por todas. Tomando fôlego, ele crava seus grandes olhos escuros em mim e começa: – Para explicar o que aconteceu, eu preciso primeiro esclarecer algumas coisas. Tudo bem? – assinto e ele prossegue – Durante o ensino fundamental, eu queria vir para Londres. Como o meu sonho é ser cantor e aqui na capital estão as maiores agências de músicos, não pensei duas vezes em fazer de tudo para conseguir vir para cá. Afinal, é aqui que estão a maioria das oportunidades. Escuto-o atentamente. Saber dessa parte da sua vida, de como veio parar aqui por causa do seu sonho, deixa-me estranhamente satisfeita. Embora eu estaria mais feliz se tivéssemos entrado nesse assunto por outra razão, ao invés da nossa briga. – Quando a minha antiga escola na Cornualha comunicou que este colégio tinha aberto vagas para bolsistas, eu me inscrevi imediatamente. Os professores diziam que as chances de entrar com bolsa eram praticamente impossíveis, por se tratar de um colégio de elite. Mas, como eu sempre fui muito bom nos estudos, acreditei no meu potencial e estudei feito um maluco. Acho que fiquei por quase dois anos me preparando. Wow! Dois anos?! E eu achando que o 'aluno de ouro' tinha simplesmente feito a sua magia e entrado no colégio sem muito esforço. Como sempre, eu estou enganada. – Além disso, no tempo em que me preparei, juntei algum dinheiro para as despesas que eventualmente teria aqui em Londres. Moradia, alimentação... O básico para sobreviver até que eu arrumasse um emprego de meio período. Estava tudo planejado. Tudo! Mas as coisas não aconteceram bem como eu esperava... – O que aconteceu? – indago, incapaz de segurar a curiosidade. – Depois que eu recebi a confirmação de que tinha passado, cheguei a capital com uma pequena quantia em dinheiro, já que deixei o restante na conta do banco e logo tratei de arrumar um lugar para ficar. Foi então, os meus planos começaram a desandar. – respira fundo, inquieto, provavelmente relembrando do que passara – Descobri que as moradias nessa cidade são bem mais caras do que havia pesquisado na internet. Tipo, beeeeem mais caras. Então fui obrigado a dormir em um hotel caindo aos pedaços. Além disso, fiquei sabendo que o colégio proíbe os alunos de ter qualquer tipo de trabalho, até os de meio período. Ou seja, eu estava fodido! Vejo-o coçar a nuca de maneira nervosa e em seguida enfiar as mãos nos bolsos da calça. Ele fica em silêncio por uns segundos, mas não demora a recomeçar: – No início, fiquei em pânico por pensar que não poderia arrumar um emprego, sem contar que ainda estava sem casa. Mas, apesar de tudo, tentei ser positivo e continuar procurando um lugar para viver e me virar com o dinheiro que estava no banco. Ah, sim, eu estava realmente empenhado em fazer dar certo todo o meu esforço. Até sofrer um golpe e todo o meu dinheiro desaparecer repentinamente da porcaria do banco. – Como assim? – Digamos que eu tenha sido roubado. – Você o que? – solto, me esforçando para não gritar. – Pois é. – dá de ombros, desgostoso – Da noite para o dia, todo o meu dinheiro desapareceu e eu não consegui recuperá-lo. O pior é que o filho da puta dono do hotel me expulsou dias depois, mesmo eu dizendo que não tinha para onde ir e, bem, eu acabei na rua. Desacreditada com o que acabo de ouvir, encaro-o, sem a mais vaga ideia do que pensar. Sinto o coração bater forte contra o peito. Seus olhos cheios de sinceridade me vislumbram e não me deixam duvidar um segundo que seja, e posso notar que a parte que tanto esperei finalmente chegou. Inconscientemente, engulo em seco. – E é nesse momento que o Andrew entra. – diz, em um suspiro – Graças ao Jimmy, nós nos tornamos amigos muito facilmente e nós três vivíamos juntos, até que o grupo se formou. Depois disso, nos tornamos inseparáveis. Na época, nenhum deles sabia da minha condição financeira, sequer sabiam que eu era bolsista. Eu ainda estava receoso de que os meus três anos aqui fossem virar um inferno caso alguém descobrisse. Balanço a cabeça, como um bonequinho. Eu entendo o que quer dizer. Ser bolsista em um lugar como este é quase ofensivo e a maioria dos alunos não gostam deles. Chega a ser surpreendente como isso parece não fazer diferença quando se trata de John. – Bem, a questão é que o Andy me encontrou naquele beco atrás do estacionamento do colégio enquanto voltava para casa, depois de suas aulas extracurriculares. Era a minha segunda semana na rua, se não me engano. Eu tinha dormido em todos os lugares que você possa imaginar: terminais de ônibus, dentro das estações de metrô.... Até terminar em um beco. – solta um riso debochado – Engraçado pensar que as coisas só acontecem comigo quando estou em um beco. Sei ao que se refere, do dia em que nos declaramos no beco atrás do karaokê. Sorrio triste ao relembrar de como ele largou a bicicleta para me tomar nos braços e confessar que sentia o mesmo. Eu estava tão feliz. Nós estávamos tão felizes. – O Andy me acolheu na casa dele, embora nos conhecêssemos a pouco tempo. Não fez perguntas ou apontou o dedo, só... Me deu um lugar para ficar. Claro que me vi na obrigação de explicar o que tinha acontecido, afinal, ele foi muito bacana em ajudar. Foi aí que a ideia do empréstimo veio à tona. – Empréstimo? – Sim. Ele me fez uma proposta, disse que emprestaria a quantia que fosse preciso para eu conseguir uma casa decente e me mantivesse até arranjar um emprego, ainda que fosse proibido. Os pais do Andy são produtores muito famosos e dinheiro é uma coisa que não falta para eles, ao contrário de mim. Eu estava sem casa e um tostão para comer, então, não precisou de muito para que eu concordasse. Dá uma pausa e esfrega as mãos contra o rosto. Respira fundo. Pelo jeito, essa história está longe de ser a sua preferida. – Graças à ele, eu sai da rua e arrumei uma casa. Não é a mesma em que eu vivo hoje, antes que pergunte. E por essa razão prometi que trabalharia e devolveria cada centavo o mais rápido que eu pudesse. Mas, para um garoto de dezesseis anos, ter um trabalho que pagasse bem era quase um milagre. Ou seja, eu só tinha dinheiro para comer e pagar uma ou outra conta. E a dívida foi se estendendo... Repentinamente, ficamos ambos quietos. Suas palavras giram e giram dentro da minha cabeça, tão rapidamente que posso sentir uma enxaqueca se formando; John mantem seu olhar preso em qualquer outro ponto do armário, com as bochechas inusitadamente ruborizadas, enquanto eu tento assimilar o que contou. E, como num estalo, juntando dois mais dois, tudo faz completo sentido. Meus olhos dobram de tamanho e não posso segurar um ofego surpreso. – Não me diga que você... – Eu não me orgulho do que fiz, mas era a minha única opção. – suspira, aborrecido – Não pense que o Andy me obrigou, longe disso. Por causa da nossa aproximação, acabamos trocando alguns beijos no tempo em que fiquei na casa dele e uma coisa levou a outra. Entende?! – Então, você... Você transou com o Andrew para pagar sua dívida?! – questiono outra vez, assombrada, mesmo sendo óbvio. Ainda sem olhar para mim, ele assente e fico entre sentir alivio e espanto. – Mas, e os seus pais? – indago – E o Jimmy? Vocês são melhores amigos desde que viviam na Cornualha, não?! Poderia ter pedido ajuda a ele e... – É mais complicado do que você imagina. O Jimmy não sabia de nada. E eu pedi para que o Andy não contasse, pois já estava envergonhado demais para que alguém mais descobrisse a minha situação. Embora, eventualmente, todos souberam depois. – Tudo bem, isso eu até entendo. Mas, e os seus... Calo-me ao receber um olha pesaroso. Pelo jeito, este assunto é algo que ele ainda não está preparado para falar comigo. Apesar da curiosidade, eu vou respeitá-lo; um tanto constrangida, pigarreio e volto ao rumo daconversa: – Então quer dizer que, por todo esse tempo, você esteve dormindo com o Andrew somente para quitar aquele empréstimo?! – No começo, sim. Mas quando eu consegui um emprego melhor, o que eu tenho agora, achei que o certo seria devolver tudo o que peguei, ao invés de simplesmente dar-lhe sexo em troca. E foi exatamente o que eu fiz. No início do ano, eu quitei a dívida. – Espera! Se você conseguiu pagá-lo, por que continuou transando com ele? Uma sensação ruim se apossa do meu peito. Sem permitir que desvie os olhos de mim, noto-o hesitar por um instante, e em seguida soltar o ar com força dos lábios. – Porque era cômodo para nós dois. – explica, um pouco envergonhado – Por que somos amigos e não haviam cobranças. Eu podia ficar com quem quisesse e o mesmo valia para ele, mas, ainda assim, continuávamos dormindo juntos. Era... Sei lá... Só era conveniente. Além disso, eu ainda matinha aquele sentimento de consideração e... – Você transava com ele por consideração?! – É estranho, eu sei. Mas ele me ajudou e muito, e eu não poderia ser indiferente a isso. Andrew dizia que gostava de estar comigo e, bem, eu também gostava. Ainda que não houvesse outro sentimento além de consideração e amizade nos envolvendo. Por isso que eu levei adiante. Mas então apareceu você... Seus redondos e expressivos olhos negros me encaram subitamente. – Quando você entrou no colégio, Clara, eu perdi a cabeça. Te achei tão linda que, no momento em que percebi, já não tirava mais os olhos de você. Claro que a minha intenção era somente sexo e foi como de fato começamos, porém, com o passar do tempo, me senti cada vez mais atraído e percebi que o meu coração batia mais intensamente do que jamais bateu antes. Porque eu me apaixonei por você. Minhas pernas se tornam duas gelatinas de tão moles, tanto que sou obrigada a me apoiar na estante onde fizemos amor. Minha respiração acelera ao notar sua mão erguer-se no ar, com desejo de me tocar, mas ele a recua e permanece no mesmo lugar. Sei que provavelmente esteja se controlando para não fazer o mesmo que fez em minha casa e estragar outra oportunidade de resolvermos as coisas. Eu o agradeço por isso, mas não posso deixar de ficar decepcionada. Eu quero o seu toque. – Desde então, eu parei de encontrar outras pessoas e também o Andrew. – respira fundo, mordendo o lábio logo depois – Pois a única que eu queria e continuo querendo é você, Clara. Não fazia sentido estar com outras e outros se apenas você é capaz de dar o que eu preciso. – Johnie... Um sorrisinho tímido surge em seus lábios e só então reparo que o chamei pelo apelido. Fico um pouco encabulada, mas também sorrio. Estava com saudades de chamá-lo assim. John continua explicando tudo o que não lhe dei a chance e eu apenas escuto cuidadosamente. Ele conta como Andrew começou a ameaçá-lo por mensagens, dizendo que revelaria para todo o colégio que os dois tinham um "caso" e que também falaria sobre nós, embora tivesse quase certeza de que não faria isso. Menciona ainda que tentou de todas as maneiras conversar com o amigo e ele sequer lhe deu ouvidos, e a situação se tornou uma bola de neve. E só o que eu tenho vontade de fazer é me estapear por ser uma completa idiota e chutar a bunda de Andrew Lee até mandá-lo para a Lua. Aquele patife juvenil, com certeza, está no topo da minha lista negra! – Naquele dia, eu o chamei para conversar e esclarecer as coisas de uma vez por todas. Disse tudo o que precisava dizer e fui sincero ao declarar que não sentia o mesmo que sentia por mim. De começo, ele não aceitou bem e nós até chegamos a discutir, mas logo a ficha dele caiu e as coisas "aparentemente" se resolveram. Foi aí que pediu o último beijo. – Como é que é? – Ele pediu que eu o beijasse a última vez, antes de terminarmos com tudo e cada qual seguir o seu rumo. Bem, admito que achei muito estranho essa aceitação tão repentina, mas, ainda que relutante, concordei em dar-lhe um beijo. Só que você apareceu de repente e tudo se tornou um caos! Eu fiquei em choque e simplesmente não consegui abrir a porra da boca para explicar que era, de alguma forma, um mal-entendido. Posso sentir o frio do chão com o meu queixo, de tão caído que está. Merda! Mil vezes merda! – Eu fui muito estúpido em aceitar uma idiotice daquelas, admito. – prossegue – Mas, em momento algum, eu fiz aquilo para te magoar. Eu deveria ter dito desde o começo o que rolava entre Andrew e eu, mas fiquei com medo de que não aceitasse. Quer dizer, o fato de eu ser bissexual, sem contar que eu agi praticamente como um garoto de programa... – John! – corto-o, tendo sua total atenção – Não diga mais isso. – Mas... – Você não agiu como um garoto de programa e ponto final. E sobre a sua bissexualidade, não importa. Foi surpreendente sim, mas eu nunca o julgaria por isso. O garoto balança a cabeça e concorda. Silenciosamente, encaramos um ao outro. A raiva dentro de mim ganha outro alvo. Na verdade, o verdadeiro causador de toda essa confusão. Andrew Lee tem muita, muita sorte de ser meu aluno. Caso contrário, eu não pensaria duas vezes em jogá-lo da Ponte da Torre de Londres. Me pergunto até onde aquele garoto foi para separar nós dois e provocar toda essa bagunça. Manu tinha razão ao dizer que eu deveria ter escutado John ao invés de ter cedido as pirraças de Andrew. Assim como deveria ter presumido que a maioria das suas provocações não passaram de mentiras e versões deturpadas da verdade. Eu sou muito burra! – Eu não estou pedindo para acreditar no que digo. E muito menos que entenda de uma vez. O murmúrio dele me traz de volta à tona. – Sei que, de alguma forma, eu machuquei você e que talvez... Que talvez a verdade não faça muito diferença agora, mas eu precisava ser sincero e explicar o que realmente aconteceu. – seus orbes escuros e inquietos me vislumbram intensamente, penetram a minha alma – Eu lhe dei tempo para se acalmar e agora, depois de tudo o que contei, estou lhe dando tempo para pensar se valemos a pena. Pensar, pensar, pensar... Para a merda com essa coisa de pensar! Será que as pessoas acham que eu sou capaz apenas disso? – Eu quero, droga, e como quero estar com você. Não suporto ficar mais um segundo longe, Clara, mas não posso pressioná-la ou fazer que isso dê certo se não estiver disposta a tentar, apesar de todas as proibições que temos. Eu estou mais do que preparado para enfrentar o céu e a terra por você, só que se for para amar sozinho, eu prefiro matar esse sentimento antes que ele me destrua. – Johnie... Nesse momento, meu coração dá de dez à zero em uma escola de samba. Ele acabou de dizer "amar"?! Ele disse mesmo isso? Ele também me ama?! Oh, céus! Oh, céus! Acho que vou ter um treco. – O nosso recesso de duas semanas começa daqui a dois dias, não é?! – pergunta. – Sim. – Então, quando nós voltarmos... Você... Você pode me dar uma resposta? Duas semanas? Ai, Berryann, eu não sei se sou capaz de esperar malditas duas semanas para dizer o óbvio. Nós valemos muito, muito a pena. E eu não sei como pude ser tão idiota de duvidar disso. – Vou considerar o seu silêncio como um 'sim'. – diz e, por longos segundos, me observa – Acho que já passamos tempo demais aqui dentro, alguém pode aparecer. – É, eu... Eu também acho. – Vou sair primeiro. Espere um pouco e depois saia, ok?! Consinto, com as lembranças do dia em que estivemos aqui pela primeira vez sobrevoando os meus pensamentos; John se vira para sair como disse, mas detém o passo ao levar a mão a maçaneta. Seus olhos escuros encontram os meus, e há tanto desejo neles que sinto cada pelo do meu corpo eriçar. Me beije! Me beije! Me beije! O meu interior grita, suplicante. O seu pomo de Adão sobe e desce, ansioso, e só falto gemer ao vê-lo pressionar o lábio inferior com força entre os dentes, do jeito que sempre faz para se conter. Oh, droga! Não se contenha e apenas beije logo a minha boca, John Berryann. – Tome cuidado ao sair. – ele sussurra e, simplesmente, desaparece porta a fora. Todas as minhasforças se vão e desabo na estante atrás de mim. Mas que porcaria! Como vou suportar mais duas semanas longe desse garoto? Capítulo 02 Durante alguns segundos, com a pulsação à mil, observo o pequeno móvel onde até então John estava, enquanto absorvo o que acaba de acontecer dentro deste armário. Sua história, seus sentimentos e, principalmente, a forma como disse estar disposto a lutar por nós. Tudo veio tão repentinamente e certeiro, que tenho vergonha de lembrar que o julguei sem saber nem um terço da sua verdade. E, céus, isso me perturba. Imaginar que fiz tantos prejulgamentos estando cega pela ignorância e pela raiva me perturba. Só não perturba mais do que o pensamento de que eu poderia ter tomado a iniciativa e o beijado ao invés de continuar parada como uma completa tonta, do exato jeito que estou agora. É uma atitude tão patética, que chega a me dar pena. Sinto o sangue correr outra vez no corpo e, num ímpeto de coragem, abro a porta às pressas. Olho para os dois lados no corredor e nem sinal dele, apenas o vazio e o som distante dos alunos indo para as suas casas. Suspiro, desapontada. Óbvio que ele não estaria me esperando do lado de fora, justo no lugar onde TODOS os professores e a excelentíssima diretora vivem andando de um lado para o outro. Ah, claro. Porque ele se daria ao luxo de levantar ainda mais suspeitas desse jeito. Bato a testa contra a parede, tanto pela frustração de não encontrá-lo como por só agora notar a estupidez que foi abrir a porta sem levar em consideração que alguém poderia estar passando no corredor. Como se fosse super normal estar andando e encontrar uma professora saindo do armário do zelador, sem sequer ter uma razão para isso. Oh, super normal e nada suspeito... Frustrada, volto para a sala dos professores e nem penso duas vezes em enfiar as atividades para corrigir na bolsa e tomar o rumo de casa. Se eu continuar aqui, tenho certeza de que não vou conseguir me concentrar em absolutamente nada - embora em minha casa possa acontecer exatamente o mesmo. De qualquer forma, prefiro ficar me remoendo na presença da Manuela do que sob os olhares dos outros professores. Depois de despedir-me dos demais e do dono do armário na saída do estacionamento, com as bochechas nitidamente coradas, pego um táxi na frente do colégio e em minutos estou na frente de casa. Para a minha surpresa, encontro Manuela assim que abro a porta, trabalhando em algo na frente do laptop. Ela olha para trás, me cumprimentando com um sorriso rápido, mas ao notar a expressão de "bocó" que provavelmente eu estou, franze as sobrancelhas e me chama com um gesto. – O que foi? – pergunta, dando espaço para que eu sente ao seu lado. Largo a bolsa juntamente com as pastas na poltrona e solto um suspiro ao afundar no sofá. Manuela fecha o laptop e se ajeita para ficar de frente para mim. – Deixa eu adivinhar, o seu problema começa com John e termina com Berryan. Certo?! Faço uma careta involuntária. Odeio quando ela fala desse jeito, me taxando de previsível - ainda que seja verdade. Encaro-a, em dúvida se conto o que ocorreu ou fico calada só por sua tentativa de ser engraçadinha. No fim, decido abrir o jogo. Descrevo detalhadamente para a minha amiga o que se passou dentro daquele armário e posso assegurar que suas caras e bocas são iguais as minhas. Assim como eu, Manuela não esconde a surpresa por tudo o que está escutando, porém, esta surpresa logo é substituída pelo ar de deboche no instante em que termino de falar. – Está para nascer uma pessoa mais lerda do que você, Clara. – Como é? – Você não tem mãos, por acaso? Se você viu que o garoto não te beijaria, desse você um beijão na boca dele. Ora essa... E ainda tem coragem de ficar se martirizando para cima de mim. – Consegue imaginar o quão sem reação eu fiquei depois de tudo o que ele contou? O garoto nem espero que eu recuperasse um pouco os sentidos antes de sair do armário e me largar para trás. – Tivesse puxado ele de volta, ué. – dá de ombros. Abro a boca, incrédula. Manuela crispa os lábios, em puro cinismo, e aquela vontade de jogá-la para fora e colocar outra pessoa em seu lugar volta a ser bastante tentadora. – Eu odeio você, sabia?! – digo. – Odeio só porque sabe que eu estou com a razão. Permaneço quieta e ela sorri, vitoriosa. – Além disso, você me ama. E nem tente negar isso. – Você tem sorte que eu amo mesmo. – solto uma risada e afundo mais no sofá. A seriedade retornando a conversa – O que devo fazer, Manu? Sinceramente, eu acho que não sou capaz de esperar duas semanas inteiras. Não se trata nem da explicação dele, apesar de ter feito alguma diferença, mas é que eu não aguento mais. – Olha, amiga, eu imagino como deve estar se sentindo. Mas se o John pediu essas duas semanas do recesso, talvez seja melhor dar esse tempo a ele. Quer dizer, ele também deve ter sofrido com toda a situação e o menosprezo que sofreu, sem contar os tênis voadores. – dá uma risadinha, mas logo fica séria de novo – Talvez ele mesmo precise desse tempo para colocar os sentimentos em ordem antes de confrontá-la e ter uma resposta definitiva. Meu corpo entra em alerta. Me endireito no sofá, sentindo todos os músculos enrijecerem e uma sensação ruim invadir o peito. Encaro a minha amiga, apreensiva. – Você acha que o Johnie pode... – Se arrepender? – completa e eu consinto – Óbvio que não, né, Clara. Ou você acha mesmo que se ele fosse desistir de você, teria me implorado para deixá-lo entrar aquela no... Manuela cobre a boca e arregala os olhos, sinais de que falou mais do que devia. – Como é que é, Manuela? – estreito os olhos, mandando o fuzilar mais mortal – Foi você que deixou o John entrar aquele dia? Ela coça atrás do pescoço, olhando para todos os lados, menos para mim. – Manuela! – Ah, o que eu poderia fazer? O garoto estava desesperado, coitadinho. Eu lá iria saber que você surtaria e o trataria daquela forma? – Mas a senhora sabe muito bem como eu ajo quando estou nervosa. – Ora, você disse que tudo estava sendo tão diferente com ele, que imaginei nesse quesito também seria. – Ah, claro. Foi bem diferente mesmo. Tanto que eu me descontrolei como nunca imaginei que poderia na vida e quis destruir o quarto todo na cabeça dele. – Está querendo dizer que a culpa do tênis voador é minha? – indaga. – Tecnicamente, a culpa é sua mesmo. Você deixou ele entrar. – Se eu não tivesse deixado o John entrar, vocês não teriam se pegado também. Ou seja, nem foi de todo o ruim. – dá de ombros outra vez. Reviro os olhos, desacreditada. Queria que tudo fosse simples assim, do jeito que ela faz parecer ser. Bom, talvez seja mesmo e eu que estou complicando as coisas, como sempre. – Pois bem. – bato nos joelhos, dando impulso para levantar – Vou fazer o que disse e o que ele pediu. Vou esperar até que recesso acabe e então lhe darei uma resposta, por mais óbvia que ela seja. – Faça isso. – A questão agora é: será que vou aguentar mais duas malditas semanas? – Eu sei que você está ansiosa, Clara. Mas agora que o John explicou o que realmente aconteceu e ainda contou uma parte bastante difícil da vida dele, o melhor é esperar ou você pode acabar dando a entender que só voltou porque soube que ele não tem tanta... Como dizem no seu país? Ah! Culpa no cartório assim. – Ai, Manu... – respiro fundo – Eu vou tentar, okay? Manu consente e belisca ambas as minhas bochechas. – Ooowwwnnnn... Quem diria que a minha Clarinha estaria tão apaixonada assim?! – Eu o amo, Manu. – confesso num sussurro e ela arregala os olhos, emocionada. – Sério?! Sorrio um tanto constrangida e balanço a cabeça, confirmando. – Ai, meu Deus! Claaaaraaaaaa.... Ostentando um sorriso de orelha a orelha, Manuela me abraça com força e tombamos no sofá. Ela me esmaga com um abraço de urso e caímos na risada, ambas loucamente apaixonadas. [...] Apesar de ainda estarmos seguindo o sistema de nos ignorarmos mutuamente, posso sentir que não há mais aquela tensão entre John e eu. Vez ou outra, pego-o me observando e já não desvioou lhe dou um de meus olhares gélidos, apenas o encaro do jeito que também o faz, para então retomarmos os nossos respectivos lugares. Eu, a professora. Ele, o aluno. Porém, a cada mísero instante, tenho vontade de quebrar essa barreira e tê-lo de volta. Meu garoto, meu amante, meu amor. Contudo - e ainda que muito contrariada - sei que preciso dar o seu espaço, da mesma forma que fez comigo, e esperar até que o tempo se esgote e eu possa, enfim, dar-lhe a minha resposta. Ocupo a minha cabeça com tudo o que me parece interessante, somente para conter as lembranças de nós dois que vivem rondando os meus pensamentos e angustiando o meu coração mais do que já está. E é assim que os dias se vão e o recesso finalmente chega. Sem atividades para corrigir e morrendo de saudades do meu garoto, me concentro nos treinos para a competição de BMX que acontecerá e troco mensagens com Jimmy, que se tornou o meu - ainda que inusitadamente - informante. Me sinto até uma stalker por saber cada passo que o garoto dá, ainda que toda a informação esteja sendo passada pelo amigo dele. A semana se arrasta entre treinos de bicicleta e maratonas de séries no Netflix e, na sexta-feira, decido tirar o dia para descansar. Afinal, a competição é amanhã e precisarei de toda a energia que tiver para conseguir uma boa classificação. Deitada na cama e sem um pingo de vontade de levantar, pego o celular para checar as redes sociais e me surpreendo ao ver a data. Hoje é o dia da audição de John. Cogito seriamente pegar o carro emprestado com Manu e dirigir até o local da audição, porém, não faço a mais vaga ideia de onde seja e a essa hora ele já deve estar prestes a entrar, então desisto. Além disso, tenho certeza de que ele não gostaria de me ver por lá. Dou um impulso para sentar e encaro fixamente a tela do aparelho. Meus dedos coçam para enviar-lhe nem que seja uma mensagem, desejando 'boa sorte', mas eu apenas continuo observando o celular em minhas mãos, como se ele fosse captar os meus desejos e mandar a mensagem sem que eu precise digitá-la. Por longos segundos, fico nesse embate, até que Jimmy surge na minha cabeça. Se eu tenho um "informante", posso muito bem perguntar a ele; procuro o seu número e disco assim que encontro. Inquieta, espero que atenda. "Alô?!" – Jimmy?! "Ah, professora Clara. Olá!" – Oi... "Aconteceu alguma coisa?" – pergunta, num tom preocupado. – Para falar a verdade, não. É só que, bem, o John... Eu lembrei que hoje é a tal audição e eu gostaria de saber se ele comentou algo com você. De repente, a ligação fica muda. Franzo as sobrancelhas. Penso que desligou, mas posso ouvir sua respiração do outro lado e então suponho que esteja fazendo alguma coisa. No entanto, o silêncio torna-se incomodo depois de alguns segundos escutando o seu respiro. – Jimmy?! Ainda está aí? "Ah, sim. É só que..." – Que? "Escute, professora Clara." – ele respira fundo e é o suficiente para eu saber que algo não está certo – "Eu não queria lhe contar isso, mas..." – Mas...? "O Johnie não vai participar da audição." – O quê? – arregalo os olhos, perplexa – Por quê? "Alguns funcionários estão de férias do karaokê e os garçons ficaram encarregados de cobri-los, o que também o inclui. Ele até tentou encontrar alguém que pudesse substitui-lo, eu mesmo me ofereci, mas aquele cabeça- dura negou alegando que eu não poderia faltar as aulas de dança. E que estaria bem se precisasse fazer a audição só o ano que vem." Ofego, desconcertada. Não posso acreditar que ele vai desistir da audição por causa do trabalho. Eu sei que é o que lhe põe comida na mesa e paga as contas, mas... Céus... Como pode agir tão trivialmente com o sonho que sempre o impulsionou? Não. Eu não posso deixar que abra mão disso. – Ligue para ele, Jimmy. "O que?" – Ligue para o Johnie e diga que encontrou alguém para substituí-lo no serviço. Dou um salto da cama e vou direto para o armário. Pego a primeira roupa que encontro; ajeito o celular no ombro e começo a me trocar. – E depois mande-o ir direto para a tal audição. Se ele correr, talvez dê tempo de chegar e participar. "Professora, não me diga que..." – Sim, eu vou fazer isso. – solto um suspiro, descrente da minha própria ideia – Eu sei o quanto ele estava animado e se preparou para essa audição. Alcanço a carteira sobre a cômoda e jogo dentro da bolsa, correndo feito louca de um lado para o outro. Por um triz não meto o dedinho na quina da cama. – Então, não posso simplesmente ficar de braços cruzados e deixá-lo perder essa oportunidade. Seria muito injusto. Novamente suspiro. Coço o pescoço. Apesar de ainda estarmos afastados e as coisas não estarem totalmente resolvidas entre nós, eu o amo e não posso ser indiferente ao sonho que tanto o incentivei a seguir. Se eu posso ajudá-lo, não hesitarei em fazê-lo. Por ele, eu faço. "Mas, professora Clara, a sua competição é amanhã. Você precisa descansar e..." – Sim, eu sei. Mas, como você disse, é apenas amanhã. E hoje é hoje. Ouço uma risada abafada do outro lado e sei que apoia totalmente a minha atitude doida e repentina. Se tem alguém que deseja tanto quanto eu que John alcance a sua ambição de ser musico, com certeza é o Jimmy. Enquanto troco palavras com o garoto no celular, aproveito para abotoar a calça mesmo que desajeitadamente e correr até o quarto da Manu para pedir as chaves do carro, as quais recebo depois de uma mímica chinfrim e uma promessa de contar o motivo depois de voltar. – Como eu conheço bem o seu amigo e sei que vai se opor caso saiba que sou eu, arrume uma desculpa e diga que é um conhecido qualquer. Em hipótese alguma diga que sou eu a substituta, entendeu?! "Pode deixar." – E convença-o rápido. Me ligue assim que tive certeza de que ele vai para a audição. Sem mais, encerro a ligação e disparo para a garagem. Saio logo em seguida. No caminho, recebo a mensagem de Jimmy, confirmando que o amigo foi para o lugar da audição e não posso deixar de sorrir ao saber que ele ficou muito animado por ter a chance de apresentar-se e, principalmente, por saber que estou ajudando-o a dar o primeiro passo para o seu sonho. Diante a porta dos fundos, no beco onde um dia nos declaramos, toco a campainha quase escondida e percebo que as minhas mãos soam um pouco. Limpo no jeans e em segundos surge uma mulher de cabelos curtos e escuros, que se identifica como a gerente. Apresento-me como sendo uma amiga de John e penso em dar outro nome para não ser reconhecida depois, mas acabo dando o verdadeiro para não causar problemas depois. Sou levada para a área dos funcionários e recebo um uniforme para começar a trabalhar. É praticamente igual ao que John usa, a não ser pela saia e a gravata borboleta; visto-me às pressas, faço um coque simples nos cabelos e deixo as minhas roupas no armário indicado. Após uma explicação breve, enfim, entro em ação. O trabalho em si não é difícil, só há muito o que fazer, especialmente porque a equipe está desfalcada por aquele que estão de férias. Contudo, nada que eu não possa dar um jeito. No decorrer das horas, eu corro de um lado para o outro, atendendo os clientes e levando aperitivos nas salas. Quando troco de posto com um garoto chamado Carlos, que lembro vagamente da última vez que vim aqui, fico encarregada de preparar as salas para os próximos clientes. Limpo as mesas, o chão, recolho os utensílios sujos e organizo os equipamentos nas estantes correspondentes, e começo a me arrepender por pensar que o serviço não seria tão puxado quanto parecia ser. Como o Johnie aguenta essa rotina? Procuro não dar muita importância e sigo trabalhando. Pela milésima vez, penso nele e em como deve estar agora. Oh, estou tão nervosa! Será que chegou a tempo? Será que se apresentou? Será que foi bem? Sinceramente, eu espero que a resposta seja 'sim' para todas essas perguntas. Um pouco depois das cinco, o turno termina. Sentindo cada parte do corpo doer mais do que o necessário, mas sem tirar um sorriso amável do rosto, vou até a sala da gerência para recebero pagamento e surpreendo a tal gerente pedindo que guarde o dinheiro e entregue ao seu empregado que substitui, no turno de amanhã. – Mas, por que devo entregar esse dinheiro ao John? Você que trabalhou hoje e... – Estou em débito com ele e essa é a quantia exata que faltava para pagá-lo. – minto, na maior cara de pau. Eu não preciso desse dinheiro, de qualquer forma. – Você tem certeza? Não quer entregar pessoalmente? – Eu não tenho muito tempo disponível e mal o vejo, por isso prefiro que entregue. – Bom, que seja. – dá de ombros e guarda o envelope na gaveta – Muito obrigada por vir substitui-lo hoje e ter nos ajudado tanto. Com uma breve reverência e sorriso, despeço-me da gerente e estou livre para tomar o meu rumo e descansar. Finalmente! Com cada centímetro latejando de tanto esforço, estaciono na garagem e me arrasto para dentro de casa, a qual encontro escura. Manuela provavelmente está dando aula no horário da noite; ainda rastejando, entro no banheiro e entrego-me a uma chuveirada quentinha e relaxante. Fico debaixo d'água até os dedos enrugarem e o sono falar mais alto. Visto o roupão felpudo depois de me secar e caio na cama, com um sorriso - mesmo que exausto - no rosto, adormecendo sem ao menos perceber. O alarme do celular toca estridente ao meu lado e tenho que lutar para não apertar o 'soneca' e voltar a dormir. Ainda que relutante, abro os olhos e vejo que são oito da manhã. Ou seja, falta um pouco mais de três horas para a competição e eu ainda nem comecei a organizar o meu equipamento e inspecionar a bicicleta. Embora o meu corpo doa, levanto o mais rápido que consigo e vou para o banheiro fazer o que preciso fazer. Não demoro muito, coloco a primeira roupa confortável que encontro e vou para cozinha atrás de comida. Manuela, milagrosamente, está acordada e fazendo o nosso café da manhã. Sorrio para ela, mais feliz do que estou há dias. – Como está se sentindo? – pergunta. – Ansiosa. – Tenho certeza de que vai se sair bem. – Eu espero que sim. – respiro fundo, tentando conter a excitação – Você vai, não é?! – Eu não perderia isso por nada. – sorri. Tomamos o café juntas e, assim que termino de comer, vou checar tudo o que preciso levar para o local da competição, deixando a louça a cargo da minha amiga. Durante toda a manhã, não se escuta nada além dos meus passos apressados e gritos, perguntando para Manuela onde está uma coisa ou outra; guardo todos os equipamentos dentro de uma bolsa grande e, perto das onze, encaixo a BMX no porta-malas do carro juntamente com a bolsa e vamos para o Olympic Park. Independente do cansaço acumulado de ontem, estou eufórica por ser capaz de competir novamente. Pelo olhar da minha amiga, devo estar parecendo uma criança, de tanto que me remexo no banco. Mas, não importa, estou animada e ponto. Por todo o caminho, gasto uma energia desnecessária cantando e dançando com a minha amiga, e ao estacionarmos em frente ao grande complexo esportivo, sinto um friozinho gostoso na barriga. Principalmente ao notar que várias pessoas estão indo assistir à competição da qual participarei. – Parece que você terá um público e tanto, hein?! – Manu brinca, me ajudando a descer a bicicleta. – Eu não imaginava que tantas pessoas gostassem de competições assim. – Mais uma vez, fomos surpreendidas. – sorri e eu concordo – Vamos, você ainda precisa se trocar e ajeitar os equipamentos. Com a orientação de um segurança e a autenticação de participante, entramos na área dos skatistas e posso ver a pista improvisada imitando os montes de terra e curvas que devemos percorrer. Estou mais empolgada do que nunca! – Aquele é o vestiário feminino. – a staff aponta para uma salinha atrás da arquibancada – Assim que estiver pronta, se junte aos outros competidores. – Muito obrigada! – agradeço e olho para Manu, pegando a bolsa do chão – Pode colocar a bicicleta na concentração para mim? – Deixa comigo. Após uma piscadela, vou para o vestiário e encontro as outras duas competidoras, as quais cumprimento gentilmente. Apesar de ser um campeonato misto, ainda são poucas as mulheres que participam e aqui em Londres o número é bem mais reduzido. Comigo, somos três, contra doze marmanjos. Vestida com a camisola, a calça de malha e as sapatilhas antiderrapantes, pego o capacete e as luvas e saio para arranjar o meu número de inscrição. Fico com o quarenta e oito, na segunda bateria a sair. Para variar, sou a única mulher do grupo. – Clara! Clara! Me assusto ao ver Manuela correndo na minha direção igual a uma desesperada. – O que foi, mulher? – indago. – Antes que você veja e tenha um treco, é melhor eu avisar... – O que? Minha amiga aponta com a cabeça para a arquibancada e, mesmo sem entender, olho para onde indica e - realmente - quase tenho um troço ao reconhecer a cabeleira castanha ondulando com o vento e aquele par de olhos intensos que me encaram sem pudor algum. Meu coração pulsa desenfreado. Meu estômago dá uma cambalhota. Johnie está aqui. Oh, céus, ele está aqui! Incrivelmente bonito com uma camisa preta larga e calça da mesma cor, além dos inseparáveis Timberland, ele toma completamente a minha atenção. Entre Sebastian e Jimmy, ao lado de Matthew, o garoto me observa com aquela expressão repleta de desejo e seriedade, e começo a transpirar por debaixo da roupa. 'Paradise City' da banda Guns N' Roses começa a tocar e posso facilmente comparar os meus batimentos com os acordes rápidos da guitarra do Slash. Sem conseguir tirar os olhos do garoto que está enraizado em mim, dou uns passos perdidos para mais próximo da minha amiga e sussurro, desorientada: – O que ele está fazendo aqui? – Não é óbvio?! Veio te ver, sua boba. – Mas... – Pelo amor de Deus, Clara, o que você quer afinal? Passo a semana inteira com cara de cachorro abandonado e agora que o menino está aqui, fica com essa expressão de quem não gostou? Definitivamente, eu não entendo você...! – Lógico que não, sua idiota. É óbvio que estou feliz, é só que... Eu não pensei que ele poderia vir. Quer dizer... – Já entendi. – ela ri, apertando a minha bochecha – Mais um motivo para você ganhar essa competição, ouviu?! Sorrio, mas é de nervoso. Ótimo! Já estava ansiosa e agora estou mil vezes pior graças ao olhar penetrante que, mesmo um tanto distante, parece despir a minha alma. O anuncio do início da corrida soa e a pequena bolha que nos envolve é desfeita. Por mais difícil que seja, agora é o momento de focar na competição; visto as luvas e com o capacete encaixado no braço, levo a bicicleta rampa acima e me acomodo no lugar indicado, atrás do primeiro grupo que sairá em largada. A primeira bateria saí em disparado assim que o sinal de aviso toca. Agitada, de todas as maneiras possíveis, respiro fundo uma e outra vez para me acalmar. E, por sorte, eu consigo. Prendo bem o capacete, monto na bicicleta e espero o sinal para que o meu grupo também saía. O que acontece quando os outros chegam ao final da rampa. As travas se abrem e inclino corpo para pegar velocidade na descida. Salto os três primeiros obstáculos com facilidade e ponho as pernas para trabalhar, ganhando mais e mais agilidade, ficando ao lado entre a primeira e segunda posição, enfrentando o competidor número dez, que parece não querer me dar trégua. Na curva mais íngreme, ultrapasso o meu rival e tomo a liderança. O esforço extra do dia anterior começa a dar sinais de vida, mas dou tudo de mim e atravesso a linha de chegada em primeiro lugar. Com a adrenalina correndo nas veias, comemoro a minha classificação para a próxima fase e instantaneamente os meus olhos procuram John na multidão e eu não demoro nem meio segundo para achá-lo, vibrando ao lado de seus amigos, com aquele sorriso de coelhinho que me derrete inteira. As duas etapas seguintes seguem da mesma maneira e, enfim, chegamos a etapa final. Eu e os últimos quatro competidores, ao som de Thunderstruck do AC/DC, nos preparamos para a volta que decidirá os ganhadores e disparamos ferozes no instante em que as travas são liberadas.Passo os primeiros obstáculos sem problemas, mas, bem na curva, sou fechada e derrapo com tudo. Faço uma manobra quase impossível para conseguir permanecer de pé e consigo, diferente do competidor de trás, que cai e quase leva mais um consigo. Pedalo com mais força e velocidade que sou capaz, mesmo sentindo as pernas cada vez mais pesadas. Porém, na última e mais fechada curva, perco a terceira posição e acabo atravessando a linha de chegada em quarto lugar. Bem, não posso reclamar. Para quem ficou tanto tempo sem treinar, chegar em quarto está de bom tamanho. Tiro o capacete e vejo a galera vibrando na arquibancada, descendo aos poucos para saudar os ganhadores. Cumprimento e parabenizo a todos os que venceram, posamos para algumas fotos, e a confusão ao nosso redor vai se formando. Querendo fugir de toda a aglomeração, tento abrir espaço entre as pessoas para conseguir sair e paraliso ao ver Berryann parado em meio a elas. Meu coração martela contra o peito, forte e descontrolado. Deixo que os sentimentos falem por mim e, antes que eu perceba, estamos a centímetros de distância. O cheiro da sua colônia me acerta em cheio e o negrume dos seus olhos, que me vislumbram com tanto ímpeto e paixão, trazem à tona o meu lado impulsivo. Eu não posso mais esperar! Me aproveitando da muvuca ao nosso redor, agarro-o pelo pulso, tomando cuidado para que ninguém nos veja. Arrasto-o para a parte de trás da arquibancada e não posso conter um sorriso ao reparar que o vestiário feminino está completamente vazio. Empurro o garoto para dentro e passo o trinco na porta, consciente de que assim ninguém poderá nos interromper, mesmo que queira. Sozinhos, eu o encaro por um instante e sua expressão diz tudo. Incapaz de conter o furacão de emoções que sinto, vou em sua direção e ao estar perto o suficiente para encostar o nariz em sua camisa cheirosa, acaricio-o por cima do tecido fino e sussurro: – Eu não posso esperar mais, Johnie. – Clara... – Eu juro que tentei dar o seu espaço, da mesma forma que fez comigo, mas... Eu não consigo. Tendo os seus olhos cheios de expectativa sobre mim, ponho-me nas pontas dos pés para alcançar a sua boca e, num impulso de coragem, confesso: – Eu amo você! Noto que seus músculos enrijecem e seu coração acelera, assim como o meu. Estando com o rosto próximo o bastante para sentir a sua respiração quente, observo a surpresa estampada em seus orbes, mais escuros do que antes. – Eu amo você e não vou cometer a mesma burrice duas vezes. Sem dar-lhe tempo para dizer qualquer coisa, seguro firme o colarinho da sua camisa e o beijo com toda a minha vontade. Por alguns segundos, ele continua surpreso, mas ao sentir suas mãos fortes me reivindicando para si, esqueço até quem sou ao ser correspondida com seus lábios selvagens colados fervorosamente sobre os meus. Louca de saudades, eu o acolho dentro da minha boca e sua língua habilidosa me leva aos céus. Seus dedos deslizam por meus braços e os guiam para o seu pescoço, eu o agarro e ofego ao ser suspensa em seus braços fortes e posta contra a parede. – Eu também amo você. – sussurra, sua boca colada a minha – Muito! Muito! Eu sorrio. Sorrio, sorrio e sorrio. E o devoro com beijos como a mulher feliz que sou. Capítulo 03 Encantada, apaixonada e completamente rendida, me esbaldo com os beijos que há dias tenho desejado e a cada segundo em que nossas línguas dançam juntas, que suas mãos apertam despudoradamente a minha carne, mais excitada eu fico. Com os toques de que tanto senti falta e que expressam todo o seu tesão, John me leva de zero à mil em um segundo. Meu corpo está quente, ansioso e receptivo. E depois de todo esse tempo, de toda essa maldita espera, só o que eu quero é tê-lo para mim. Forte, fundo e gostoso. Sem reservas, do jeito mais indecente. Quero-o insaciável. Irresistivelmente insaciável. Seus lábios passeiam por todo o meu rosto. Bochecha, nariz, boca. Espalha seus beijos e até descer para o meu pescoço, lambendo-o com carinho. – Alguém já disse que você fica linda com essa roupa? – sussurra, e mordisca o meu queixo. – Não. Você é o primeiro. – Sério? – me olha e eu consinto – Huuummm… Gostei disso! Sorrio com o seu jeito convencido, mas o meu sorriso logo dá lugar a um gemido, quando sua mão puxa o tecido da camisola e se enfia por debaixo da barra, tocando a minha barriga. Eu ofego, cada vez mais desejosa. Seus dedos esguios percorrem a minha pele nua e agarram o meu seio, amassando-o, num movimento quase obsceno, enquanto sua ereção pressiona entre as minhas pernas e seus profundos olhos negros consomem cada expressão em meu rosto. Me remexo, inquieta, sentindo a ponta do seu pênis duro esfregando na entrada da minha vagina molhada, pedindo deliciosamente para enterrar-se fundo em mim. E eu tremo só de imaginar a sensação de ter o seu pau maravilhoso, escorregando e me fazendo sua com força, do jeito que nós dois gostamos. Ah, céus… Só de pensar, fico mais e mais encharcada. – Essa blusa está atrapalhando. – meu garoto diz, e antes que eu possa detê- lo, ela está no chão. Intrigado, ele me encara – Você competiu sem sutiã? – Eu estou usando top esportivo, não percebeu? – eu sorrio – Não preciso de sutiã quando estou com ele. – Bem… – dá de ombros – Posso dizer que isso facilita as coisas. Observo o sorriso travesso que brinca em seus bonitos lábios e, da mesma forma que fez com a camisola e os outros equipamentos, puxa o top para cima e logo estou com os mamilos livres e rígidos no ar. Vislumbra um e outro. Observa-os como um animal faminto analisa a sua presa e então abocanha um deles, sem hesitação ou vergonha; eu o agarro pelos cabelos castanhos e me ofereço, deixo que se esbanje, e ele parece aceitar de bom grado o que lhe dou. Sua boca gulosa chupa o meu seio com vontade. E eu ofego, ofego e ofego. Deliro com a forma que sua língua úmida e ardente brinca com o meu mamilo excitado, como acaricia-o lentamente, passa a pontinha de cima a baixo, para depois voltar a sugá-lo com sofreguidão. Impaciente e possessivo. Eu arquejo, eu tremo, eu alucino. Meus olhos reviram em puro deleite. Johnie mama um e outro, me estimula com a sua língua e os seus lábios, fazendo sons eróticos que se misturam aos seus suspiros de prazer, e me inflamam ainda mais. É o garoto insaciável que domina os meus sonhos, os meus orgasmos, os meus sentimentos e o que mais quiser dominar. Eu o preciso... Eu o necessito... Eu o exijo... Aqui e agora. Nesse instante. Para já! – John... – chamo-o, reunindo todo o ar que consigo – Te quero. – Clara... – Faça amor comigo. Agora! Suas pupilas se dilatam, suas narinas se contraem, e meu corpo entra em chamas. Num movimento nada sútil e beirando o desesperado, o garoto me coloca no chão e me prensa no armário. Sinto o seu pau majestosamente ereto esfregar entre as minhas nádegas e só falto gozar quando pega com firmeza nos meus cabelos, puxando-os para trás e me submetendo a si. Sua respiração forte e calorosa batendo contra os pelinhos eriçados do meu pescoço. – Eu também te quero. Muito! – com a voz rouca que faz as minhas pernas fraquejarem, John sussurra e deixa um beijo molhado em minha nuca. Mais descarada do que nunca, me apoio no armário e empino o traseiro, para esfregar em seu membro pulsante. O aperto em meus cabelos se intensifica e sinto o coração bater acelerado ao ter sua mão abaixando a calça que uso juntamente com a calcinha. O barulhinho do zíper sendo aberto chega aos meus ouvidos e eu tremo toda com a sensação do seu pau liberto deslizando entre as bandas da minha bunda nua, roçando a minha vagina e o meu ânus; a frieza do metal em meus mamilos sensíveis deixa-os mais endurecidos e o movimento dos seus quadris levam-me a um passo do orgasmo. – Porra, Johnie! - rosno, frustrada com a sua lentidão. Seu risinho zombeteiro me enche de indignação, mas, mais do que isso, de tesão. – Você é tão mimada, professora. Penso em retrucar, mas a sensação da sua ereção me penetrando e logo se afastando, leva qualquer palavraque possa sair da minha boca. – É isso o que deseja? Você me quer, mimada? – Eu... Não sou mimada! – Tem razão. – sorri, se esfregando em mim – Você é teimosa! – E você é um cretino. – Eu sei. E eu te amo. O toque em meus cabelos se torna gentil no momento em que se enfia em mim. Nós dois arfamos, satisfeitos, completos. Porém, antes de possa se mover e me levar as nuvens, somos alarmados por um estrondo alto vindo do lado de fora. Percebo o seu corpo retesar e recuar minimamente, preocupado, mas eu o quero e porcaria de som nenhum será capaz de estragar esse momento. – Continua, Johnie... Continua... Faço com que aperte as mãos em torno da minha cintura e jogo os quadris para trás, tentando-o. Ouço o seu suspiro e sei que estou conseguindo. Ótimo! Ele volta a me invadir e voltamos a gemer. Com um pouco mais de pressa do que teria antes, faz movimentos fundos e certeiros, me levando para mais perto de um orgasmo devastador. O qual é outra vez interrompido por um barulho do lado de fora. E como se não bastasse, o som de um celular começa a ecoar dentro de um dos armários e eu reconheceria o toque em qualquer lugar: é o da Manuela. Merda! Merda! Merda! Tanta hora para atrapalhar, tinha que ser justo agora? – É o seu? – ele pergunta, parando de mover-se. – Pior que é. – Não é melhor atender? Mesmo contrariada, assinto e saio de seus braços. Arrumo as roupas, abro o armário a procura do celular e o atendo com a voz mais cortante possível. – Alô?! "Eu sei que estou atrapalhando, okay?! Mas antes de querer me matar ou amaldiçoar as minhas próximas gerações, eu só quero dizer que a premiação está acabando e daqui a pouco as outras competidoras estarão aí no vestiário." – Como você sabe que eu estou no vestiário? "Vi quando vocês correram para atrás da arquibancada. Não precisei pensar muito para saber que estariam aí." – Ah.... – respiro fundo – Tudo bem. Obrigada por avisar, Manu. Trocamos mais algumas palavras e, totalmente frustrada, jogo o aparelho de volta na bolsa e recolho as minhas roupas largadas no chão. John me observa. Dou-lhe um olhar chateado e ele capta num instante que a nossa brincadeira tem que acabar. – Manu disse que a premiação está terminando e logo as outras competidoras estarão aqui. – bufo, desanimada – Temos que sair logo. – Mas, Clara... – Huh? – Como eu vou sair assim? Olho para a enorme ereção marcada na cueca boxer e suspiro. Diferente de mim, que posso muito bem disfarçar a minha excitação, ele não conseguiria nem se quisesse. Além disso, talvez seja o meu lado egoísta falando, mas não quero olhares desejosos para o belo atributo que ele tem entre as pernas. Vamos lá, isso é só meu agora! Respiro fundo. Apesar de querer muito aliviá-la do jeito que fazíamos há minutos atrás, sei que é impossível nesse momento e resta apenas uma alternativa. Empurro-o levemente até que esteja encostado no armário em que eu estava e lanço um olhar divertido e cheio de tesão. – Você é um coelhinho muito mimado. – resmungo, fazendo-o rir. Também sorrio e me agacho a sua frente. Sem perder tempo, termino de abaixar a sua calça, parando em meio as suas coxas fortes e malhadas. Um verdadeiro deleite aos olhos, assim como a ereção mais do que evidente na cueca boxer. Passo a língua entre os lábios ressecados e desço a única peça que me impede de ver toda a sua virilidade, robusta e potente. – Já disse que adoro o seu pau? – murmuro, encarando-o descaradamente. O garoto ofega. Seu peito subindo e descendo depressa. Acaricio-o de cima a baixo, sentindo endurecer e palpitar em minha palma. – É tão grande e espesso… Mas ainda assim suave e bonito… – Professora… – Todas as vezes em que você me penetra, Johnie, sinto como se fosse feito só para mim… É o encaixe perfeito... Me aproximo, tendo-o apontado para o meu rosto, duro feito uma pedra. Mexo a mão com mais rapidez, guiando-o para a minha boca. – Clara. – Ah, eu poderia ficar olhando para você o resto do dia e vou fazer isso quando estivermos num lugar melhor, mas agora... Engulo-o com tudo e ele solta um urro que me arrepia da cabeça aos pés. Suas mãos vêm direto para os meus cabelos - provavelmente desgrenhado - e os aperta enquanto minha boca vai e vem por todo o seu mastro. Me sustento em suas coxas firmes e deixo que me guie. Seus quadris avançam de encontro aos meus lábios vez ou outra, demonstrando que seu controle está por um fio, assim como o seu orgasmo. Johnie fode a minha boca com certa rapidez e indelicadeza, e eu me esforço para recebê-lo e em segundos sinto os jatos quentes do seu prazer inundarem a minha garganta, acompanhados do seu gemido profundo e rouco. Engulo tudo rapidamente e limpo qualquer resquício que possa estar em meus lábios. Sentindo os joelhos doloridos pela posição, levanto e beijo o meu garoto lentamente, compartilhando o seu próprio gosto. – Está me devendo um orgasmo, coelhinho. – sussurro e ele sorri. – Todos os que você quiser, teimosa. – Vai continuar me chamando de teimosa? – Combina contigo. Dou-lhe um tapinha no ombro, mas volto a enchê-lo de beijos. – Agora você precisa sair daqui ou seremos pegos, e tudo vai por água abaixo. – Você vai para a minha casa mais tarde? – Óbvio que vou. Afinal, precisamos terminar o que começamos aqui. – Já estou contando os minutos. Como uma pateta, eu sorrio. Também estou contando os minutos para estarmos juntos de novo. Se bobear, estou contanto até os segundos. John termina de ajeitar suas roupas e, depois de me tascar um beijo daqueles, sai do vestiário tomando todo o cuidado para não ser visto e eu fico para tirar a roupa da competição, me arrumar e ir o mais rápido possível para casa. Afinal de contas, hoje à noite promete. Devidamente vestida e com os equipamentos guardados, saio do vestiário no exato instante em que as outras competidoras contornam a arquibancada para se trocarem. Dou-lhes um sorriso gentil e minimamente envergonhado, e acelero o passo para encontrar Manuela. Tudo bem que nós não deixamos vestígios, mas a tensão sexual foi tão grande, que não me admiraria sentirem o cheiro. Assim que saio para a área da pista, percebo que muitos dos espectadores já foram embora e somente algumas pessoas ficaram. Jimmy, Matthew e Sebastian estão entre elas, e o meu garoto também, esse que me observa de longe com um sorrisinho no rosto e faz o meu coração disparar. – A coisa foi boa mesmo naquele vestiário, hein?! Dou um pulinho de susto e deparo com Manuela ao meu lado. – O que quer dizer? – pergunto. – O garoto parece que viu o passarinho verde. E a senhorita também. – O verdadeiro passarinho verde vai aparecer quando estivermos à sós na casa dele. Manu solta uma gargalhada e eu também. – Você nem parece a mesma Clara que passou a semana inteira enchendo o meu saco e suspirando pelos cantos. O que uma ro... – Okay, já entendi. – interrompo, antes que fale mais besteira do que está acostumada. – Vamos falar com os meninos. Eles estavam esperando para lhe parabenizar. Consinto e a sigo em direção aos demais. Embora o que eu mais queira fazer é sair daqui correndo e ir para a casa de John - e tenho quase certeza de que ele quer o mesmo - tenho que ser educada e agradecer a presença e torcida dos meus alunos. – Olá, meninos! – digo, toda animada. – Parabéns pelo quarto lugar, professora! – eles dizem em uníssono. – Obrigada, obrigada. – Você foi incrível! – Matt grita, alegre como sempre – Quer dizer, eu já sabia disso, mas... Wow! Descer aquela rampa e pular todos aqueles obstáculos... Foi demais! – Eu já entendi, Matthew. – dou risada – Obrigada! Sorrateiramente, viro-me para Johnie e vejo-o sorrir. Ele, até então ao lado de Jimmy, se esgueira para mais próximo de mim e toca a minha mão escondido, entrelaçando os nossos dedos. Um tanto surpresa, espio-o de soslaio e deixo um risinho escapar. Os garotos e eu conversamos mais um pouco, porém, alegando que preciso descansar, Manu aparece com a minha BMX esquecida na concentração no "calor do momento", despede-se e me arrastapara o estacionamento. Lanço um último olhar para John, numa promessa silenciosa de que mais tarde iremos nos reencontrar. – Manu, eu não estou tão cansada assim, sabia?! – digo, ao entrarmos no carro. – Eu sei que não, mas você queria mesmo continuar conversando ali e demorar ainda mais para encontrar o seu aluninho de ouro?! – Sério, Manuela, eu deveria casar com você! Abraço a minha amiga apertado, do jeito que posso com o cinto de segurança me prendendo, e beijo a sua bochecha. Acho que nunca estive tão beijoqueira quanto hoje. – E o que a senhorita pretende fazer para tirar o atraso no melhor estilo? – Manu pergunta, atenta ao trânsito. – Transar?! – respondo, como se fosse óbvio. – Não, sua idiota. Algo especial, sei lá... – Algo especial? Tipo o que? De repente, uma ideia surge na minha cabeça. Um tanto inusitada, talvez, mas que eu já venho querendo experimentar com ele há algum tempo. – Por favor, pare na primeira farmácia que encontrar. Minha amiga consente e, após percorrer duas quadras, estaciona em frente a farmácia. Eu salto do carro e vou apressada para dentro da loja. Sob os olhares de alguns fregueses, mas nem um pouco intimidada, pego tudo o que preciso e pago. – O que você comprou? – Manu indaga, assim que entro novamente no carro. – Depois eu conto. Ela franze as sobrancelhas, porém, não protesta. Apenas volta a dirigir; eu guardo o pacote dentro da bolsa e suspiro, recostando no banco. Não demoramos a chegar em casa. Logo que Manu estaciona na garagem, pego a bolsa, tiro a minha BMX do porta-malas e levo para o seu cantinho, disparando para o banheiro em seguida. Tomo uma ducha rápida para limpar o suor da competição e corro para o quarto. Separo o vestido mais bonito que tenho, nada muito extravagante, e resgato a cueca boxer que peguei emprestada na primeira vez que transamos e, sabe-se lá porquê, eu não devolvi até hoje. Talvez estivesse esperando a oportunidade certa para isso. Em menos de uma hora, estou pronta. Dentro de uma bolsa, jogo tudo o que vou precisar, incluindo o pacote da farmácia e saio para encontrar o táxi que já está na porta. – Wow! – minha amiga arregala os olhos – Que linda você está! – Acha mesmo? – Finalmente vai dar uso ao vestido que eu lhe dei há dois anos atrás. – ela sorri – Eu sempre soube que xadrez combinava com você. – Pois é. – Não devo lhe esperar, certo?! – Exato. – Pelas próximas horas ou...? – Dias! – É assim que se fala, menina! Recebo um tapa no traseiro, seguido pela gargalhada histérica da minha amiga. – Aproveite tanto quanto eu vou aproveitar com o Sebby. – Só não entrem no meu quarto, entendeu?! Manu ergue três dedos da mão direito, prometendo com "palavra de escoteiro", embora eu saiba que está cruzando os outros dedos atrás das costas. Não querendo dar mais trela para a minha amiga e nem imaginar o que podem fazer dentro desta casa enquanto eu estiver fora, abro a porta e despeço-me ao embarcar no táxi. Nervosa igual a uma garotinha prestes a ganhar a primeira bicicleta, bato o pé contra o foro do carro enquanto observo a cidade correr através da janela. Meu coração bate cada vez mais acelerado e penso que vou dar um treco ao reconhecer a rua da casa de John e, finalmente, estar diante ela. Pago o taxista e, uma vez fora, observo a fachada da loja e as escadas que levam ao meu garoto. Sem perder um segundo à mais, ajeito a bolsa no ombro e subo degrau por degrau, sentindo o meu corpo despertar a cada passo que dou para mais perto dele; parada diante a porta, fico na dúvida de entrar direto ou apertar a campainha, mas acabo escolhendo a primeira opção. Quero que se impressione com o meu visual. "Um momento!", ouço-o gritar. Respiro fundo, ansiosa, e então a porta se abre. Com os cabelos úmidos caídos timidamente sobre os olhos, vestido com uma camiseta larga e bermuda, Johnie parece paralisar quando me vê. Eu sorrio. – Não é como se você nunca tivesse me visto de saia. Embora eu apareça aqui sempre de jeans e camiseta. Ele continua calado e, de repente, leva a mão ao peito. – Acho que estou enfartando. – O que? – Meu coração está batendo muito rápido. Solto uma gargalhada e não espero mais nenhum segundo para entrar em sua casa, e jogar a mochila no chão. Fecho a porta e me jogo em seus braços, tomando a sua boca com a saudade que sequer tivemos tempo de sentir desde que nos separamos a algumas poucas horas atrás. – Você está linda! – sussurra, beijando o meu queixo – Você está sempre linda. – Quanto romantismo, senhor Berryann. – Estou sendo romântico agora, porque daqui a pouco... Essa é a última coisa que eu vou ser... Mordo o lábio, excitada, imaginando tudo e mais um pouco do que podemos - e iremos - fazer aqui. John me pega nos braços e se aperta contra mim. – Estou sedento por você, professora, e preciso tê-la agora. Suas palavras, carregadas de desejo, me enfeitiçam. Assim como está sedento por mim, eu estou sedenta por ele. Ainda mais depois de termos sido interrompidos no vestiário e o meu pobre orgasmo sequer ter chegado. – Estamos no meio da tarde, Berryann, é melhor ligar o som ou teremos problemas. Apesar de eufórico, ele concorda e caminha comigo até o notebook largado na mesinha ao lado do pequeno sofá. Senta-se e sem muitas dificuldades coloca alguma música para tocar e que, para a minha surpresa, é 'Crazy' do Aerosmith. Eu o observo, espantada, e ganho um sorriso acanhado. – Estava escutando nos dias em que estivemos separados. – confessa em um sussurro. – Essa música faz com que se lembre de mim? – Totalmente. Dessa vez sou eu quem sorri. Os acordes da canção me envolvem, assim como suas mãos em meu corpo, e novamente nos entregamos um aos lábios do outro. "Vem cá, querida Você sabe que me faz subir pelas paredes Com o seu jeito de fazer essas maldades parecerem boas Parece que estamos mais fingindo do que fazendo amor E sempre parece que você tem alguém além de mim nos seus pensamentos Garota, você tem que mudar esse seu jeito louco Tá me ouvindo?" Acalorada, molhada e muito atrevida, me levanto e remexo os quadris ao som da música, tendo John como o convidado especial. Balanço de um lado para o outro, a voz do Steven Tyler guiando os meus movimentos, e os orbes maravilhosamente escuros do meu garoto atentos e vibrantes em mim. Devagar, desfaço o laço frontal do vestido e jogo sensualmente para os lados. Deslizo os dedos entre os botões e, então, vou abrindo-os. Mais, mais e mais, até estar com o vestido aberto, revelando o meu sutiã de renda preto e a peça que substituiu a primeira de muitas calcinhas rasgadas em nossos momentos de paixão. Os seus olhos dobram de tamanho ao perceber que estou usando a sua cueca boxer e vejo o seu pomo-de-adão subir e descer, engolindo em seco. "Esse tipo de amor Faz um homem virar um escravo Esse tipo de amor Manda um homem direto pro túmulo" Deixo que o vestido caía no chão e debruço sobre o garoto estático no sofá. Sorrio, toda safada, e dou uma mordidinha em seu lábio inferior. Ele suspira forte e eu fico louca. Suas mãos se metem no tecido da cueca e agarram as minhas nádegas, massageando e apertando, enquanto nosso beijo continua. Intenso, quente e apaixonado. "Fico louco, louco, querida, fico louco Você provoca E depois vai embora Sim, você me deixa Louco, louco, louco por você, querida" As incômodas peças de roupa vão enfeitando o chão, uma a uma, e logo estamos ambos nus. John pega-me outra vez nos braços, fazendo com que os meus mamilos esfreguem contra o seu peito, e acabo gemendo ao senti-lo se posicionar. – Segure firme. – ordena, tão ofegante quanto. Eu o faço e sou incapaz de segurar um grito ao tê-lo inteiro dentro da minha vagina. Com a força dos braços e como se eu fosse uma boneca, ele me move para cima e para baixo, me empalando repetidas e repetidas vezes. A sensação do choque entre as nossas pélvis é deliciosa, bem como do atrito entre os meus seios e o seu torso duro, e eu só consigo gemer e implorar por mais. Muito, muito mais."Estou perdendo a cabeça, garota Porque estou ficando louco Preciso do seu amor, meu bem Preciso do seu amor" Espalmando as mãos grandes em minhas nádegas, aprofunda o seu ataque e eu reviro os olhos de tanto gosto. Gemo, suspiro, arquejo. Desfruto de suas estocadas intensas e vigorosas, lutando para não me perder em tanto prazer. – Eu sou louco por você, teimosa! – murmura em meu ouvido – Eu preciso do seu amor, meu bem, preciso do seu amor. Meu corpo sacode. Sinto cada músculo retrair e anunciar que estou prestes a explodir em satisfação. Percebo que ele também está próximo e travo as pernas em sua cintura para conseguir subir e descer mais rápido. Somos uma bagunça de arfares e movimentos descontrolados. E não demora para nos deixamos levar pelo orgasmo. Gemendo profundamente sobre os meus lábios, me inunda com os seus jatos enquanto me aperta contra o seu peito. Exausta, permito-me descansar a cabeça em seu ombro e tento recobrar a respiração do jeito que posso. Ele senta outra vez no sofá e acabo desabando de vez. – Sexo de reconciliação é o melhor! – ouço-o dizer e dou risada. – Concordo plenamente. Me aninho em seu colo e suspiro feliz ao ter seus dedos acariciando a minha pele. Durante alguns minutos, ficamos trocando carinhos e beijos, nos recuperando da rodada de sexo incrível que tivemos. E, consequentemente, nos preparando para as que virão pela frente. – Que tal um banho? – sugiro. – Acho uma ótima ideia. Exibindo o seu inigualável sorriso de coelhinho, John se levanta e estende os braços para que eu possa subir novamente em seu colo. Porém, como eu preciso esticar as pernas, nego o seu convite tentador. – Por quê? – pergunta, com um biquinho nos lábios. – Porque preciso esticar as pernas. – Ah, você ainda vai esticar muito as pernas, professora. Esticar, dobrar, levantar... – Idiota! Levanto e caminho em direção ao banheiro, tendo-o ao meu encalço. Entramos no pequeno box e ele abre o registro, fazendo com que a água fria caía sobre nós. Me agarro ao seu corpo, arrepiada com a sensação fria, e só tomo espaço quando a temperatura está mais aceitável. Bem, não tanto espaço assim. – Melhorou? – questiona. – Sim. – sorrio e o aperto mais – Eu deveria lavar as suas costas? – Lavar as minhas costas? – Ué? Os jovens londrinos não fazem isso em um encontro? Meu garoto solta uma risada e pega o meu rosto entre as mãos. – Os outros jovens, eu não sei. Mas nós podemos fazer, se quiser. – Então, vire-se. John se põe de costas e eu suspiro ao vislumbrar o seu corpo robusto e bem mais alto que o meu. A visão das gotículas de água escorrendo em seus músculos é tão bonita que eu poderia registrá-la e pendurar na parede do meu quarto. Se bem que, é mil vezes melhor vê-la ao vivo do que em uma foto. Pego o sabonete no suporte, faço espuma nas mãos e começo a ensaboar suas costas. Com cuidado, esfrego cada pedacinho e vou avançando para aquela região que tanto mexe com a minha imaginação. Uma delas. – Alguém já disse que você tem uma bunda muito bonita? – pergunto. – Aaahh... Não. – Sério?! Huuummm... Gostei disso! Ele sorri e leva a minha mão ensaboada até o seu membro,já meio ereto. – Mas já disseram adorar o meu pau. – É um belo espécime, não posso discordar. Masturbo-o um pouco e é o suficiente para que endureça entre os meus dedos. Johnie se vira e tenta avançar contra a minha boca, mas eu o detenho. Ele me encara sem entender e eu apenas sorrio, sapeca. – Tenho algo para você. – eu digo – Mas preciso que espere no quarto. – No quarto? – Sim. Por isso, termine o banho e vá direto para lá. Mesmo intrigado, lava as partes restantes e sai do box, dando-me um último beijo. Também termino de limpar o que preciso e saio completamente molhada, ensopando o piso ao correr até a minha mochila esquecida na porta para pegar o que comprei na farmácia mais cedo. Volto para o quarto e encontro-o deitado em sua cama. Agora é a visão do seu corpo levemente unido e o pênis ereto que faz a minha boca salivar. Me aproximo, largando o pacote no pé da cama e engatinho sobre ele. – Por que você tão lindo, hein?! – Você que é maravilhosa. Sorrio ao notar que seus olhos estão vibrados em meus seios e coloco sua mão em um deles, o qual acaricia de imediato. – Quero propor uma coisa. – Tem algo a ver com o pacote que está no meu pé? – Exatamente. Debruço sobre si e cochicho. Ao me afastar, deparo com seus olhos esbugalhados de surpresa e as bochechas um tanto quanto coradas. – É sério isso? – indaga, descrente – Tem certeza? – Absoluta. – Ah, céus! – respira fundo e posso sentir o seu pênis duro cutucar a minha bunda – Clara, não brinque comigo. – Não estou brincando. – beijo o seu peito nu – Eu quero e sei que também quer. – Quero. E quero muito! – Então, vai ser delicioso para nós dois. Como um animal selvagem, agarra a minha cintura e sequer percebo quando sou colocada por baixo. Sua boca encontra a minha e posso sentir toda a sua necessidade, e a chama em mim se inflama imediatamente. Abro as pernas para que se encaixe e suspiro com o seu membro mais do que desperto golpeando em minhas coxas úmidas. Devoro seus lábios com todo o amor que tenho e nos esfregamos a procura de mais e mais contato. O garoto se põe de joelhos e me encara. Sei o que está pensando e sorrio para acalmá-lo, o que parece funcionar. É a primeira vez que faremos isso e talvez eu esteja com receio, mas, o que não é gostoso com ele? Tenho certeza de que será tão bom quanto tudo o que fazemos. Nós dois queremos, é o que importa. – Pegue o pacote e abra. – eu peço. Ele se estica e alcança o embrulho. Abre e tira a caixa de camisinhas e o lubrificante que comprei, largando-os sobre o colchão. – Você já fez isso antes? – pergunta. – Sim. Johnie concorda e vejo um relampejo de ciúmes brilhar em seus olhos, que logo desaparece. Somos sexualmente muito ativos, óbvio que teríamos experiências com esta. Além disso, se tem alguém aqui que deveria ficar com ciúmes, sou eu. – Mas, faz algum tempo que não pratico, então... – Posso prepará-la? Consinto e ele beija a minha boca carinhosamente. Arquejo com o toque de suas mãos em minha carne, deixando um rastro prazeroso por onde passam juntamente com os seus beijos. Sem tirar os olhos de mim, ele desce e desce, até estar entre as minhas pernas. Observa o centro do meu desejo, pronto para recebê-lo, e umedece os lábios com a vista que lhe proporciono. De repente, sua boca cobre o meu sexo e eu grito, alucinada. Com a língua, estimula o meu clitóris, enquanto mete o dedo na minha vagina; ele chupa, suga, se esbanja. Uma, duas, três.... Cinco, dez... Me lambe com verdadeira ganância. Dá pequenos toques com a ponta da língua e mergulha seus dedos em mim. Meu corpo se entrega e o deseja. O prazer é tanto que nem percebo quando despeja o lubrificante e o primeiro dedo penetrar o meu ânus, dilatando-o aos poucos. Ofegante e imersa em excitação, observo-o se mover com cuidado, atento as minhas reações e forçar o segundo pouco depois para abrir mais o caminho. A sensação é incomoda, mas igualmente prazerosa. Caio para trás, tentando relaxar e as suas carícias usando a língua me ajudam e muito a conseguir isso; no instante em que o terceiro dedo entra e a dor não é mais tão desconfortável, agarro a cabeleira castanha do meu garoto e o puxo para cima, ficando com o rosto bem próximo ao seu. – Deite-se, que eu vou montar. Engolindo seco, ele concorda. Se ajeita na cama com o peito para cima e eu monto sobre si, com uma perna de cada lado. Pego um preservativo, desenrolo em sua ereção e despejo uma quantidade boa de lubrificante, masturbando-o algumas vezes para espalhar por todo o seu comprimento. Me ergo nos joelhos e, com os olhos cravados aos seus escuros, encaixo-o na entrada do meu ânus dilatado e vou descendo aos poucos. – Assim, meu bem... Devagarzinho... – sussurra. Segura a minha cintura com firmeza e noto as veias do seu pescoço saltando a cada centímetro que avanço. A pressão do seu pênis em minhas paredes é dolorosamente
Compartilhar