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SP1 - FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA (CAQUEXIA, SARCOPENIA, SÍNDROME CONSUMPTIVA, PROTOCOLO 9 D's, SINDROME DE FRAGILIDADE DO IDOSO)

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1. DEFINIR A CAQUEXIA E A SARCOPENIA. 
SARCOPENIA 
Sarcopenia é uma síndrome caracterizada por 
progressiva e generalizada perda de massa e função 
muscular com risco de eventos adversos como 
incapacidade física, perda da qualidade de vida e 
morte. O conceito atual define sarcopenia como não 
apenas o processo de perda de massa muscular 
relacionada com o envelhecimento, mas também inclui 
a perda da força e da função muscular. 
Na maioria dos casos é difícil identificar uma causa 
única como responsável pelo processo de sarcopenia. 
Contudo, classificá-la como primária ou secundária 
pode ser útil na prática clínica. A sarcopenia pode ser 
considerada primária quando não se encontra 
nenhuma causa identificável, além do próprio 
envelhecimento. É considerada secundária quando 
uma ou mais causas são evidentes. Em muitos idosos a 
causa é multifatorial, tornando muito difícil a 
classificação da sarcopenia em primária ou secundária. 
O estadiamento dessa enfermidade reflete a gravidade 
da condição. Essa informação pode ser útil na prática 
clínica, pois pode auxiliar na identificação precoce e no 
manejo preventivo e terapêutico da sarcopenia. 
O EWGSOP (European Working Group on Sarcopenia in 
Older People) sugere três estágios para essa condição: 
 Pré-sarcopenia, 
 Sarcopenia 
 Sarcopenia grave. 
A pré-sarcopenia é caracterizada por diminuição da 
massa muscular, sem impacto na força muscular ou no 
desempenho físico. Esse estágio pode ser identificado 
somente por técnicas de medidas precisas da massa 
muscular em comparação a uma população padrão. O 
estágio de sarcopenia é caracterizado por diminuição 
da massa muscular além de diminuição na força 
muscular ou no desempenho físico. A sarcopenia grave 
é identificada quando os três critérios estão presentes. 
 
 
 
 
CAQUEXIA 
É uma condição clínica em que o idoso com doenças 
sistêmicas graves, como câncer, insuficiência cardíaca, 
doença pulmonar obstrutiva e doença renal em estágio 
terminal, apresenta intensa perda de peso. Tem sido 
definida como uma síndrome metabólica complexa 
associada a uma doença subjacente e caracterizada por 
perda muscular, com ou sem perda de gordura. 
A caquexia é frequentemente associada a inflamação, 
resistência à insulina, anorexia e quebra das proteínas 
musculares. Portanto, muitos indivíduos caquéticos 
são também sarcopênicos. Todavia, muitos indivíduos 
sarcopênicos não são considerados caquéticos. Dessa 
maneira, a sarcopenia é um dos elementos da 
definição proposta para a caquexia. 
A síndrome da caquexia em câncer pode ser dividida 
em três fases que se desenvolvem progressivamente: 
 Pré-caquexia: é definida com base na presença 
de todos os seguintes critérios: doença crônica 
subjacente, como o câncer; perda de peso 
involuntária ≤ 5% do peso corporal durante os 
últimos seis meses; resposta inflamatória 
sistêmica crônica ou recorrente; anorexia ou 
sintomas relacionados com anorexia. Na pré-
caquexia, o risco de progressão é variável e 
depende de fatores como, o tipo de câncer e 
de seu estágio, a presença de inflamação 
sistêmica, baixa ingestão alimentar e falta de 
resposta à terapia anticâncer. 
 Caquexia: é considerada quando há perda de 
peso corporal ≥ 5%, ou de 2%, com índice de 
massa corporal (IMC) inferior a 20 kg/m2, ou 
sarcopenia acompanhada de perda de peso 
corporal equivalente ou superior a 2%. Além 
disso, apresentam redução frequente da 
ingestão alimentar e inflamação sistêmica. 
 Caquexia refratária: ocorre como resultado de 
um câncer muito avançado (pré-terminal) ou a 
presença de câncer que progrediu 
rapidamente e que não responde a terapia 
anticâncer. Esta fase está associada com 
catabolismo ativo e presença de fatores que 
tornam difícil a manutenção do peso corporal. 
A caquexia refratária é caracterizada também 
pela expectativa de vida inferior a três meses. 
Nestes casos, as intervenções terapêuticas são 
focadas na atenuação das consequências e 
complicações da caquexia, por meio do 
aumento de estímulo do apetite, controle das 
náuseas e para amenizar os sofrimentos dos 
pacientes e familiares. 
 
DIFERENÇAS 
A caquexia é desencadeada por balanço energético 
negativo e metabolismo anormal; já a sarcopenia pode 
ocorrer com o avanço da idade, no entanto ambas têm 
um ponto de concordância. A perda de massa 
muscular está presente nestas duas condições. A 
maioria dos pacientes com caquexia apresenta 
sarcopenia, ao passo que a maioria dos pacientes 
sarcopênicos não tem caquexia. Na prática clínica, 
sarcopenia também pode preexistir à caquexia. 
A perda rápida e aguda do músculo esquelético é 
normalmente observada na presença de caquexia, 
enquanto a caquexia relacionada a sarcopenia está 
associada com uma perda gradual e progressiva de 
massa muscular. 
A sarcopenia pode não depender do estado de 
nutrição, mas de outros fatores, principalmente o 
envelhecimento. A perda também é progressiva e 
ocorre lentamente, mas é acompanhada de ganho (e 
não perda, como na desnutrição) de massa gorda. Na 
caquexia há perda de massa magra e gorda ao mesmo 
tempo, ambas de forma bastante rápida (meses). 
Finalmente, a caquexia, ao contrário da sarcopenia, 
está associada à presença de doenças que a induzem, 
como câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica 
(DPOC), entre outras. 
 
2. ELUCIDAR A SÍNDROME CONSUMPTIVA, 
ETIOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO, 
QUADRO CLÍNICO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO 
A Síndrome Consumptiva pode também ser 
encontrada como “emagrecimento involuntário” em 
diversas literaturas. Ambos podem ser definidos como 
o estado patológico resultante de absoluta ou relativa 
deficiência de proteína e energia 
Para definição da síndrome consumptiva, devemos ter 
em mente que tanto o grau de emagrecimento, bem 
como o tempo em que ele ocorreu, devem ser 
avaliados sempre de acordo com o seu peso 
basal anterior ao quadro de emagrecimento 
involuntário. 
Considera-se emagrecimento involuntário se houve 
perda de 
 2% do peso basal em 1 semana 
 >5% em 1 mês 
 >7,5% em 3 meses 
 > 10% em 6 a 12 meses 
Algumas situações devem ser avaliadas de forma 
específicas, como em idosos, nos quais considera-se 
síndrome consumptiva em perdas maiores que 5% em 
6 a 12 meses e em pacientes portadores de anorexia 
nervosa, nos quais considera-se emagrecimento 
involuntário em perdas maiores que 15% em 6 meses. 
Para não precisar gravar todos esses números, a 
definição mais utilizada de emagrecimento 
involuntário é a perda de >10% do peso basal em 6 a 
12 meses. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
A síndrome consumptiva possui incidência semelhante 
entre homens e mulheres. Seus principais fatores de 
risco são o tabagismo, a idade avançada e um 
autorrelato de “mal estado de saúde”, ou seja, uma 
saúde prejudicada basalmente. 
Esses fatores supracitados também são associados a 
um pior prognóstico no emagrecimento, assim como o 
fator idade (pacientes idosos), deficientes físicos e 
pacientes com doença sistêmica crônica. 
Se estima que 15 a 20% de todos adultos com mais de 
65 anos terão emagrecimento involuntário se 
acompanhados e observados por um período de 5 a 10 
anos. 
No tocante à epidemiologia devemos nos atentar para 
as neoplasias malignas, a causa mais comum entre elas, 
ocorrendo em cerca de 15 a 37% dos pacientes com 
emagrecimento involuntário. Em seguida, existem as 
causas gastrointestinais não malignas e as causas 
psiquiátricas, ambas representando cerca de 10 a 20% 
do total. Mais de 25% dos casos de emagrecimento 
involuntário não apresentam uma causa definida. 
FISIOPATOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DA PERDA DE 
PESO 
Divide-se a base fisiopatológica da perda de peso em 
três categorias: 
 Diminuição da ingestão de alimentos; 
 Metabolismo acelerado; ou 
 Aumento da perda de energia; 
A perda de peso pode ser traduzida como um sintoma 
de desordemmultifatorial que inclui alteração da 
ingesta calórica, da absorção intestinal, da motilidade 
intestinal, do uso de medicamentos e abuso de drogas 
ou da produção aumentada de substâncias endógenas 
como fator de necrose tumoral, a interleucina 6, 
substâncias bombesina-like e fatores liberadores de 
corticotropina. Outros fatores como náusea e vômito 
causados pela quimioterapia também são importantes 
processos associados à perda de peso, bem como dor 
oncológica e compressões tumorais do trato 
gastrintestinal, quando provocam disfagia e distensão 
abdominal. 
A regulação do apetite sofre alterações com o 
envelhecimento (“anorexia fisiológica da idade”), há 
aumento da circulação de colecistocinina, por 
exemplo, que associada à diminuição do metabolismo 
basal pode levar à perda de peso importante. A maioria 
dos homens atinge o máximo de peso corporal ao 
redor dos 40 anos e as mulheres aos 50 anos. Logo 
após, ocorre progressiva perda de massa magra 
corporal, principalmente nas extremidades e estoque 
de gordura central. Atrofia gordurosa também pode 
ocorrer gerando aparência caquética. Alguns estudos 
mostram que há declínio natural da sensibilidade ao 
paladar e olfato com o aumento da idade, o que pode 
contribuir para a diminuição de peso. Distúrbios de 
visão e cognição no idoso também podem contribuir 
para a diminuição de ingesta calórica. 
Classifica-se perda de peso em dois grandes grupos: 
1) Perda de peso involuntária com aumento ou 
diminuição do apetite 
2) Perda de peso voluntária 
 
PERDA DE PESO INVOLUNTÁRIA COM AUMENTO DO 
APETITE: Esta condição está associada com aumento 
do gasto energético ou perda de calorias pelas fezes ou 
urina. Neste caso, a quantidade de calorias ingeridas é 
insuficiente para suprir o déficit energético. São 
causas deste tipo de condição: hipertireoidismo, 
diabetes mellitus (DM) descompensado, síndrome de 
má absorção, feocromocitoma, aumento importante 
de atividade física. No hipertireoidismo, a perda de 
peso está associada com aumento do gasto energético 
basal e com o déficit na absorção intestinal devido ao 
aumento da motilidade gastrointestinal. Em idosos 
com hipertireoidismo, também pode ocorrer a 
associação desta doença com anorexia. No diabetes 
mellitus descompensado, principalmente no DM tipo 
1, a causa da perda de peso está associada à deficiência 
de insulina (hormônio anabólico) e à hiperglicemia com 
glicosúria (diurese osmótica), causando depleção de 
líquido extra e intracelular (desidratação). No 
feocromocitoma a atividade adrenérgica exacerbada 
aumenta a taxa de metabolismo basal. 
Outra causa não orgânica deste tipo de perda de peso 
é a baixa condição econômica, que pode resultar em 
dificuldades para comprar alimentos adequados para a 
manutenção do equilíbrio calórico. 
PERDA DE PESO INVOLUNTÁRIA COM DIMINUIÇÃO 
DO APETITE: Neste grupo de doenças incluíam-se as 
doenças psiquiátricas como depressão, fase maníaca 
do distúrbio bipolar, distúrbio de personalidade e 
paranoia, uso crônico de drogas, doenças como câncer, 
endocrinopatias, doenças crônicas, doença pulmonar 
obstrutiva crônica e doenças gastrointestinais. 
A perda de peso devido ao câncer (síndrome anorexia-
caquexia) é comum e ocasionalmente pode ser a única 
manifestação de tumores ocultos. Qualquer câncer 
pode evoluir com perda de peso, tanto como primeira 
manifestação ou manifestação tardia do tumor 
As malignidades acometem aproximadamente um 
terço dos pacientes que apresentam síndrome 
consumptiva. Afecções gastrointestinais benignas, tais 
como úlcera e colecistite, também têm sido causas de 
perda de peso em 11,0 a 17,0% dos pacientes 
investigados. 
Nos pacientes com vírus da imunodeficiência humana 
(HIV) positivos ou soro-reagentes a perda de peso é 
sintoma relativamente comum, mas ao contrário dos 
cânceres, esta redução de peso está associada 
primariamente à diminuição da ingestão calórica, já 
que o gasto energético é igual ao paciente sem a 
doença. Perda de peso súbita no paciente com HIV 
geralmente está relacionada à infecção secundária, 
enquanto que perda gradual geralmente está 
relacionada à redução de ingesta calórica. 
Dentre as endocrinopatias, a insuficiência adrenal pode 
cursar com anorexia, náusea e perda de peso, assim 
como a hipercalcemia e alguns pacientes com 
hipertireoidismo, geralmente idoso. Nos pacientes 
com diabetes mellitus, pode ocorrer a perda de apetite 
como sintoma da gastroparesia, má absorção intestinal 
por neuropatia intestinal e insuficiência renal. 
Diabético tipo um pode também apresentar doença de 
Addison associada. 
Pacientes com doenças psiquiátricas frequentemente 
apresentam perda de peso como critério de 
diagnóstico, como por exemplo, na depressão maior 
(perda de mais de 5,0% em um mês). A caquexia pode 
ser induzida por uso crônico de neuroléptico e deve ser 
descontinuada neste caso. O uso crônico do álcool, 
nicotina, opiáceos e estimulantes do sistema nervoso 
central diminuem o apetite e causam perda de peso. 
Outro distúrbio psiquiátrico, a anorexia nervosa é 
classificada como perda de peso voluntária. 
Nas doenças cardiopulmonares, a perda de peso 
relaciona-se à insuficiência cardíaca (caquexia 
cardíaca) ou à doença pulmonar obstrutiva crônica. No 
entanto, esta perda de peso pode ser ocultada pelo 
edema concomitante. 
Doenças neurológicas como o acidente vascular 
cerebral, demências, esclerose múltipla, Parkinson, 
podem estar associadas com alteração de motilidade 
gastrintestinal bem como disfagia, alteração do olfato, 
paladar (disgeusia), constipação, disfunção 
esfincteriana e falta de apetite. A doença de Parkinson 
relaciona-se com anorexia e aumento do gasto 
energético. 
Uremia induz anorexia, náusea e vômito, assim como 
perda de proteína pela urina, por exemplo, na 
síndrome nefrótica, contribuindo para o balanço 
negativo calórico. 
Pacientes em situações de isolamento social tendem a 
apresentar diminuição do apetite. Nos idosos, o 
isolamento se refere não apenas ao ato de comer, mas 
também à dificuldade em comprar e preparar os 
alimentos. 
A tabela 2 resume as principais causas de perda de 
peso involuntária 
 
 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO E DIFERENCIAL 
Anamnese: Durante investigação etiológica de 
síndrome consumptiva, é necessário perguntar ao 
paciente sobre seu apetite, atividade física, como é o 
padrão da perda de peso (flutuante ou estável), por 
quanto tempo vem perdendo peso e se a perda é 
voluntária ou involuntária. 
Outra regra mneumônica para lembrar-se dos 
diagnósticos diferenciais para perda de peso é MEALS 
ON WHEELS: 
 Medication: medicamentos 
 Emotional problems: problemas emocionais, 
principalmente depressão 
 Anorexia nervosa, alcoolismo 
 Late Life paranóia 
 Swallowing: deglutição 
 Oral factors: fatores orais 
 No Money: problemas financeiros 
 Wandering ou comportamentos alterados 
 H: hiper/hipotireoidismo, 
hiperparatireoidismo, hipoadrenalismo 
 Enteric problems: problemas entéricos 
 Eating: problemas para se alimentar sozinho 
 Low salt, low cholesterol: dieta sem gordura e 
sal 
 Stones, social problems: problemas sociais 
Ainda como roteiro da anamnese, deve-se quantificar 
a Medida de Independência Funcional (MIF) dos 
pacientes no intuito de avaliar o grau de dependência 
nas atividades de vida diária. O instrumento avalia 18 
categorias pontuadas de um a sete e classificadas 
quanto ao grau de dependência para a realização da 
tarefa. As categorias são agrupadas em seis 
dimensões: autocuidados, controle de esfíncteres, 
transferências, locomoção, comunicação e cognição 
social. Cada dimensão é analisada pela soma de suas 
categorias referentes; quanto menor a pontuação, 
maior é o grau de dependência. Somando-se os pontos 
das dimensões da MIF obtém- se escore total mínimo 
de 18 e máximo de 126 pontos. 
Existem diversos instrumentosvalidados que poderão 
auxiliar na avaliação da perda de peso do paciente, tal 
como Mini Nutritional Assessment (MNA), que avalia o 
risco de desnutrição em idosos, e inclui a medida de 
circunferência do braço (valores menores que 22 cm 
para mulher e 23 cm para homens são sugestivos de 
deficiência crônica de energia). 
Os pacientes frequentemente têm aspecto 
emagrecido, com perda de tecido gorduroso. Podem 
queixar-se de dispneia, cansaço e falta de disposição. 
Na maioria das vezes, a grande preocupação de 
médicos e pacientes é a presença de uma neoplasia 
como causa desta síndrome. Embora esta seja uma 
possibilidade real, há outras causas que podem levar a 
esta condição e que devem ser investigadas 
Apesar da grande preocupação com a presença de uma 
neoplasia, é importante que o médico procure retirar o 
máximo de informações do paciente de modo a dirigir 
sua investigação diagnóstica. A presença de outros 
sinais e sintomas é fundamental. Sintomas dispépticos, 
queixas de dor abdominal, diarreia, obstipação, febre, 
sintomas pulmonares podem sugerir ao médico o 
caminho investigativo mais adequado. Pode-se 
observar que algumas das doenças listadas fazem parte 
de outras síndromes (inclusive acima descritas). Assim, 
a presença de outras síndromes pode facilitar a 
identificação do diagnóstico etiológico. 
O médico deve procurar as causas não neoplásicas de 
síndrome consumptiva. Às vezes, a causa não 
neoplásica é mais grave e pode imprimir maior risco 
que uma neoplasia, como é o caso de diabetes mellitus 
(DM). 
A história de exposição a riscos e uma avaliação do 
estado emocional do paciente são muito importantes. 
Embora os quadros psiquiátricos associados à 
síndrome consumptiva sejam considerados de 
exclusão, eles são muito prevalentes. Não se espera a 
exclusão de todas as possíveis doenças associadas à 
perda de peso para se iniciar o tratamento de um 
quadro depressivo. Deve-se, no entanto, procurar as 
causas que são mais compatíveis com o quadro clínico 
e com a epidemiologia local. 
 
Exame físico: O exame físico do paciente com perda de 
peso deve ser detalhado e incluir exame da pele 
(observar sinais de desnutrição, deficiência vitamina e 
oligo-elementos), cavidade oral, avaliação da tireoide, 
propedêutica cardiovascular, pulmonar e abdominal, 
toque retal, palpação de linfonodos, exame 
neurológico, incluindo o Mini Exame do Estado Mental, 
medidas antropométricas para cálculo do IMC (kg/m2), 
além dos sinais vitais. 
Pode-se definir esta síndrome com a perda de mais de 
10% do peso em 6 meses sem que se tenha tentado 
fazê-lo. Alguns autores, no entanto, definem esta 
condição com perda acima de 5% do peso em 6 meses. 
 
Exames Complementares Iniciais: Para uma avaliação 
inicial da etiologia em casos em que a história e o 
exame físico não forem indicativos da causa, os 
seguintes exames complementares são sugeridos: 
 Hemograma 
 Eletrólitos 
 Glicemia 
 Função renal e hepática 
 TSH 
 Sorologia para HIV 
 Proteína C reativa 
 Parasitológico de fezes 
 Raio X de tórax 
 Urina 1 
 PPD 
Embora concentrações de albumina sérica, pré 
albumina, transferrina, colesterol e contagem de 
leucócitos possam ajudar a estabelecer o diagnóstico 
de desnutrição, suas determinações não contribuem 
para determinar a causa do problema. Na ausência de 
alteração no exame físico e nos exames iniciais 
complementares, deve-se seguir a investigação com 
exames de rastreamento para câncer, conforme sexo e 
idade. 
Se houver alguma outra suspeita a partir da história, 
como uma queixa dispéptica, solicita-se também 
endoscopia digestiva alta (EDA), sempre dirigindo-se 
pela queixa. Seguindo esta lógica, outras queixas 
devem estimular a realização de outros exames 
laboratoriais. 
 
TRATAMENTO 
O tratamento da síndrome consumptiva é sempre 
multidisciplinar! 
O primeiro passo é tratar a causa base, sendo a etapa 
mais importante do tratamento, porque é o que 
garante ao paciente o retorno do ganho de peso. 
Entretanto, deve-se também realizar uma avaliação 
psicossocioeconômica, em busca de patologias 
psiquiátrica e causas de cunho psicossociais para o 
emagrecimento, que possam ser trabalhadas pela 
Psicologia, bem como pela Assistência Social. 
O restante do tratamento envolve a avaliação bucal e 
da deglutição, que engloba tanto a Odontologia como 
a Fonoaudiologia e Fisioterapia. Uma avaliação física e 
nutricional elaborada é demandada, para que haja um 
apoio pelo Nutricionista no processo de reganho do 
peso. A intervenção medicamentosa, por fim, se faz 
necessária em alguns casos. 
A síndrome consumptiva é um quadro que gera muita 
ansiedade nos médicos e pacientes. Os indivíduos com 
esta condição apresentam perda de peso não 
intencional e, da mesma maneira que para os quadros 
anteriores, podem referir uma série de sintomas 
adicionais. 
Uma vez realizada a investigação inicial e excluídas 
etiologias não neoplásicas pertinentes para o quadro 
clínico, procura-se os tumores que são prevalentes 
para aquela faixa etária e sexo. Assim, deve-se 
considerar avaliar mama, próstata, pulmão e trato 
digestivo, muitas vezes mesmo na ausência de 
sintomas compatíveis. 
No entanto, se após uma boa avaliação clínica, 
acompanhada de uma análise laboratorial adequada, 
não se encontrar a causa da síndrome consumptiva, 
pode ser mais razoável acompanhar o paciente. 
Mesmo que o diagnóstico seja um tumor ainda não 
manifesto, detectá-lo nesta fase pode ser muito 
dispendioso e invasivo e provavelmente trará mais 
malefícios ao doente do que benefícios. Esta decisão é 
sem dúvida difícil, mas pode ser tão ou mais 
importante para o paciente do que outras decisões 
investigatórias ou terapêuticas. 
 
3. CARACTERIZAR O PROTOCOLO DOS NOVE D'S. 
Segundo Robbins, podem-se resumir as causas de 
perda de peso em idosos com o mnemônico dos nove 
"Ds": 
 Dentição: próteses dentárias mal-adaptadas, 
dor ao mastigar, diminuição do paladar, lesões 
gengivais, perda parcial ou total dos dentes. 
 Disgeusia (alteração no paladar): Inibidores de 
ECA, deficiência de zinco, tabagismo, 
edentulismo, uso de fluorquinolonas, 
levodopa; diabetes descompensada; dor ao 
mastigar; lesões gengivais. 
 Disfagia; 
 Diarreia; laxativos, doença celíaca, pancreatite 
crônica. 
 Doença: Diabetes, câncer, hipertireoidismo, 
insuficiência adrenal, insuficiência cardíaca, 
doença renal, DPOC, tuberculose, Aids. 
 Depressão; 
 Demência (perda progressiva dos instintos de 
sede e fome); 
 Disfunção (incapacidade funcional): perda de 
ente querido, condições socioeconômicas 
precárias, dependência (maus-tratos, 
isolamento social, dificuldade de levar o 
alimento à boca). 
 Drogas. Estão envolvidos, muitas vezes, um ou 
mais fatores: álcool, ISRSS, Topiramato, anti-
inflamatório. 
O déficit cognitivo característico das síndromes 
demenciais e de outras condições neuropsiquiátricas 
tendem a levar ao esquecimento da necessidade de 
realizar as refeições, o que explica a redução na ingesta 
alimentar e consequente perda ponderal. Em outros 
casos de déficit cognitivo, pode-se ter um quadro de 
paranoia ou desconfiança em relação aos alimentos 
ofertados com resistência à ingesta. Ainda há pacientes 
que podem apresentar agitação e perambulação mais 
intensa, que leva ao gasto energético aumentado e 
redução do peso corporal. 
No que se refere à depressão, sua influência sobre a 
mudança do peso corporal reside na associação com 
inapetência e desmotivação para aquisição de 
alimentos e preparo das refeições. Muitos estudos 
apontam o risco do aumento de mortalidade entre os 
idosos portadores de depressão. 
As doenças do trato gastrintestinal representam a 
causa de 1/3 dos casos de perda de peso inexplicada 
em adultos de todas as idades, incluindo idosos. 
 
4. DEFINIR A SÍNDROME DE FRAGILIDADE DO IDOSOA maior parte das definições de fragilidade enfatiza a 
vulnerabilidade do indivíduo ao declínio e aos eventos 
adversos. Fazem parte desse tipo de definição: 
 a redução de reservas fisiológicas e de margens 
de segurança; 
 a vulnerabilidade a desafios ambientais; 
 os indivíduos muito idosos com redução 
importante de força e grande suscetibilidade a 
doenças; 
 o acúmulo de perdas nos sistemas fisiológicos, 
resultando em função reduzida e intolerância a 
mudanças; 
 as deficiências simultâneas nos domínios 
físico, nutricional, cognitivo e sensorial; 
 o comprometimento da capacidade de 
compensação de distúrbios em múltiplos 
domínios; 
 a incapacidade de recuperação da 
funcionalidade após doenças agudas; 
 as combinações de deficiências e condições 
que aparecem com o envelhecimento e 
contribuem para fazer do idoso um indivíduo 
vulnerável; 
 o entendimento de que se trata de uma 
síndrome biológica de reserva funcional 
reduzida e diminuição de resistência aos 
estressores, resultante de um declínio 
cumulativo de múltiplos sistemas fisiológicos e 
causando vulnerabilidade a desfechos 
adversos. 
Embora pensado dentro da lógica do declínio 
cumulativo de múltiplos sistemas fisiológicos, o 
modelo proposto por Fried supõe 3 outras hipóteses: 
a primeira, que tal declínio acontece com velocidades 
distintas entre diferentes indivíduos; a segunda, que, 
em um mesmo indivíduo, diferentes sistemas perdem 
função com velocidades distintas; por último, a 
fragilidade aparece de maneira acelerada naqueles 
indivíduos com declínio, principalmente, nos sistemas 
musculoesquelético, imunitário e neurohumoral. 
 
FISIOPATOLOGIA E FATORES PREDISPONENTES 
O estudo da fisiopatologia da fragilidade é dificultado 
pela complexidade dos sistemas envolvidos e pela 
coexistência frequente de doenças agudas, crônicas e 
incapacidades. Segundo a teoria proposta por Fried, a 
síndrome seria embasada na redução da atividade de 
eixos hormonais anabólicos, na instalação da 
sarcopenia e na presença de um estado inflamatório 
crônico subliminar (Figura 90.1). 
Estas três alterações, quando intensas o suficiente, 
interagiriam de maneira deletéria (p. ex., a inflamação 
e as alterações hormonais induzindo a sarcopenia; 
esta, por sua vez, diminuindo a atividade física e 
promovendo mais inflamação e alterações hormonais), 
precipitando a ocorrência de um ciclo 
autossustentado de redução de energia, perda de 
peso, inatividade, baixa ingestão alimentar e 
sarcopenia. Diversos fatores, como doenças agudas e 
crônicas, alterações próprias do envelhecimento, 
efeito de medicamentos, quedas e outras condições 
mórbidas, contribuiriam para que uma pessoa idosa 
entrasse no ciclo de fragilidade (Figura 90.2). 
 
 
Diversos autores têm proposto o envolvimento de 
outros fatores na gênese da fragilidade. Como 
exemplos: 
 Bortz propôs a importância de carga genética, 
estilo de vida e doenças ou lesões; 
 Morley propôs como fatores etiológicos da 
síndrome idade, genética e nível educacional 
prévio, além de prejuízo cognitivo 
São ainda citados como envolvidos na patogênese da 
fragilidade carga alostática ao longo da vida, acúmulo 
de lesões oxidativas do DNA, declínio na capacidade de 
reparo, anormalidades na transcrição, deleções e 
mutações no DNA mitocondrial, encurtamento 
telomérico e alterações proteicas como glicação e 
oxidação 
 
A sarcopenia impacta profundamente as habilidades 
funcionais dos indivíduos mais idosos, resultando em 
decréscimo de força muscular e na tolerância ao 
exercício, além de fraqueza, fadiga e diminuição da 
habilidade de realizar atividades do dia a dia. A 
musculatura esquelética é o principal componente do 
gasto energético, e essa perda resulta também em uma 
taxa metabólica diminuída, alterando a 
termorregulação, o eixo da insulina e a regulação de 
hormônios anabólicos. 
No sistema imune, observa-se um comprometimento 
das imunidades celular e humoral, aumentando a 
vulnerabilidade a infecções e alterando a capacidade 
do organismo em responder às demandas infecciosas. 
Um mecanismo de inflamação generalizada é 
observado no organismo do idoso frágil, denotado 
principalmente pela elevação de citocinas 
inflamatórias, como a interleucinas-6 (IL6), a 
interleucinas-1B (IL1B) e o fator de necrose tumoral 
alfa (TNFa) 
O equilíbrio neuroendócrino é fundamental para se 
manter a homeostasia basal do organismo. O sistema 
simpático, com a liberação de epinefrina e da 
norepinefrina, promove uma ação imediata: 
taquicardia, broncodilatação, estado de alerta e 
aumento transitório da força muscular (estímulos beta-
adrenérgicos). Em curtos intervalos de tempo, esses 
mecanismos são fundamentais para a homeostase 
ideal; no entanto, por longo prazo, ou por intermédio 
de vários e contínuos estímulos, levam a uma 
superprodução de cortisol, com consequente alteração 
da função imune, aumento da resistência à insulina e 
perda de massa óssea. A alteração da produção de 
alguns hormônios – hormônio do crescimento (GH), 
estrógeno e progesterona, além dos níveis diminuídos 
de desidroepiandrosterona (DHEA) – está presente 
nesses indivíduos 
 
5. DISCUTIR A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE 
MULTIDISCIPLINAR NA APS E COM A FAMÍLIA NO 
CUIDADO DO PACIENTE COM SÍNDROME 
CONSUMPTIVA. 
A abordagem multiprofissional deve ser reforçada nos 
períodos interconsultas com o médico para fortalecer 
adesão e avaliar potenciais eventos adversos ou 
situações clínicas que sugiram retorno em consulta 
médica antes do período combinado 
Com o gradativo aumento da população idosa 
brasileira, torna-se urgente a capacitação dos 
profissionais da saúde para uma adequada abordagem 
desse grupo etário na Atenção Básica. Acerca disso, o 
médico deve buscar a redução da morbimortalidade, a 
manutenção da independência funcional do idoso e a 
garantia da qualidade de vida. Nesse contexto, é 
essencial entender a complexidade do processo de 
adoecimento dos idosos, que dificilmente apresentam 
apenas uma condição clínica isolada, e a diferença 
entre mudanças fisiológicas decorrentes do processo 
de envelhecimento e alterações patológicas. 
Diante disso, percebeu-se a necessidade de 
desenvolver uma ferramenta capaz de direcionar a 
conduta do profissional da saúde na Atenção Primária 
durante a abordagem de um paciente idoso, o 
chamado instrumento de avaliação multidimensional 
do idoso. Tal ferramenta pode ser utilizada de forma 
complementar durante a consulta médica e avalia, de 
modo bastante simples, fatores que estão relacionados 
a agravos frequentes e incapacitantes, de grande 
repercussão funcional. Os componentes avaliados são 
visão, audição, função dos membros superiores e 
inferiores, estado mental, risco de queda, avaliação 
funcional, presença de incontinência urinária, estado 
nutricional e suporte social.

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