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SOROCABA • TERÇA-FEIRA • 22 DE ABRIL DE 2008 A2 Manchetes sobre energia Sandro Donnini Mancini Na semana passada, a energia foi manche- te nos noticiários do Brasil e do mundo. Que a energia, sua falta e sua necessidade, são as- suntos importantíssimos para o mundo atual não se discute. O interessante é que os dois as- suntos que viraram destaque semana passa- da no mundo inteiro são diretamente ligados ao Brasil. No primeiro caso, na segunda-feira dia 14 de abril, a “boca-mole” do diretor geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, vazou que o Brasil teria na bacia de San- tos, uma super-reserva de Petróleo, da ordem de 33 bilhões de barris, ou seja, a terceira maior do mundo. Ministros e até o presidente passaram um pito público no autor do anún- cio, por ter sido realizado sem a devida com- provação e com o mercado aberto. Mas o estra- go já estava feito: as ações da Petrobrás tive- ram negociação e preço elevados em bolsas do mundo todo no dia do anúncio e nos seguin- tes. Isso porque, em menos de seis meses, após anúncios oficiais e este extra-oficial, as reser- vas brasileiras atingiram 51 bilhões de barris, mais de cinco vezes a reserva conhecida até então. Isso é suficiente para colocar o país num outro patamar com relação ao petróleo no mundo todo. No segundo caso, na procura por causas para explicar o aumento dos preços dos ali- mentos no mundo todo, a culpa caiu nos bio- combustíveis, como o álcool e biodiesel, mas principalmente o primeiro. A elevação do pre- ço do petróleo tem aumentado o preço de ou- tras fontes energéticas e, ao invés de se buscar produzir alimentos, aumenta a vontade de se produzir matéria-prima para a geração de ener- gia. Também na segunda-feira passada, um encontro da FAO (Organização das Nações Uni- das para a Agricultura e Alimentação) realizado em Brasília chegou a classificar a produção de biocombustíveis como um “crime contra a hu- manidade” e pediu uma interrupção de sua produção mundial. Até o Fundo Monetário In- ternacional (FMI), quem diria, manifestou pre- ocupação com a fo- me no mundo. A FAO não fez críticas diretas ao Brasil, pelo contrá- rio. Citou explicita- mente os Estados Unidos e Europa como os vilões, co- mo se essa citação os afetasse. Nos Estados Unidos, produtores de mi- lho estão destinan- do suas safras à produção de álcool. Na Europa, os sub- sídios dados pelos governos a agricul- tores têm dificulta- do a entrada de ali- mentos (e de bio- combustíveis) es- trangeiros. Embora não te- nha sido citado, quando se fala em biocombustíveis não demora para os holofotes se vi- rarem para o Bra- sil. Afinal, o país tem 66 mil km2 de canaviais, mais do que a soma das áreas de Alagoas, Ser- gipe e do Distrito Federal, área que segundo o governo é somente 1% da área brasileira pro- pícia à agricultura. Esse 1% é totalmente dis- cutível, pois significa que o Brasil possui 6,6 milhões de km2 de áreas agricultáveis. Como a área total do país é de 8,5 milhões de km2 e só a Amazônia tem 4,9 milhões de km2, os cálcu- los simplesmente não fecham. O Brasil é considerado referência mundial em biocombustíveis não só pelo tamanho da área plantada, mas também por possuir mais de 30 anos de experiência no ramo, com vários erros e acertos pelo caminho. Essa história dos produtores procurarem o mais rentável e dei- xar um mercado (de alimento ou de energia) na mão não é novidade e aqui o que geralmente aconteceu foi que o preço do açúcar era mais valorizado, o que fazia com que os usineiros não produzissem tanto álcool, deixando mui- tos consumidores literalmente a pé. Atualmen- te o mercado vive uma lua de mel entre pro- dução e consumo de álcool combustível. No ca- so do biodiesel acontece atualmente algo inver- so do milho americano e semelhante ao caso do açúcar no Brasil antigamente: boa parte da produção brasileira é baseada na soja e alta do grão no mercado de alimentos tem feito o preço subir e fazer com que o negócio opere no ver- melho para honrar os contratos previamente estabelecidos de fornecimento de biodiesel. Resumindo, não se têm indicações que o ál- cool e biodiesel tenham feito faltar açúcar ou soja no mercado interno ou que tenham ocu- pado terras destinadas à produção de outras culturas para alimentos. Porém, recaem na ex- pansão da área cultivada de cana e soja o “em- purrão” do gado para o norte do país que, com o auxílio de uma fiscalização fraca, teria culmi- nado no aumento do desmatamento da Ama- zônia, anunciado no início do ano. Sandro Donnini Mancini (mancini@sorocaba.unesp.br) é pro- fessor da UNESP-Sorocaba (http://www.sorocaba.u- nesp.br/professor/mancini e escreve a cada duas semanas, às terças-feiras, neste espaço. O Brasil é considerado referência mundial em biocombustíveis não só pelo tamanho da área plantada, mas também por possuir mais de 30 anos de experiência no ramo, com vários erros e acertos no caminho O presidente do PMDB, deputado Michel Te- mer, é desde já um voluntário para, encerradas as eleições municipais de outubro próximo, car- regar o estandarte do fim da reeleição e da ex- tensão do mandato presidencial de quatro para cinco (“ou seis”) anos. No contrafluxo da recente maré de recuos ge- rais provocados pelo temor de que alterações de regras eleitorais abram espaço para propostas continuístas de poder, Michel Temer pede a pa- lavra para defender a idéia da mudança. E se o faz na condição de presidente do PMDB, oficiali- za a posição do principal partido aliado do presi- dente Luiz Inácio da Silva, depois do PT. De pés juntos e mãos postas em reverência ao altar da Constituição, Michel Temer jura por to- dos os santos residentes no paraíso que sua in- tenção não é propiciar ao presidente da Repúbli- ca a chance de conquistar um terceiro mandato consecutivo. Mas também é franco o suficiente para não esconder o jogo dizendo-se defen- sor de uma teoria institucional com o intuito de aperfeiçoar a de- mocracia.Temer assume que sua posição é pragmática: “Se Lula terminar o segundo mandato con- sagrado, ele será um fortíssimo candidato a voltar no futuro à Presidência. Mas, para isso, a eleição não pode demorar oito anos”. Pelo raciocínio do presidente do PMDB, uma coisa é Lula con- correr em 2015 ou 2016, outra é conseguir manter seu capital elei- toral ativo até 2018 com oito anos direto longe dos instrumentos de poder, caso se- ja da oposição o sucessor eleito. Acelerar o andamento da fila de postulantes, encurtar a permanência e reduzir o intervalo da alternância, na opinião dele é essencial para Lula se ele mantiver seu plano de voltar à Pre- sidência. “Como isso também interessa ao Serra e ao Aécio, a proposta inevitavelmente será discuti- da a partir de 2009 e dificilmente deixará de ser aprovada”, diz Temer, referindo-se à conveniên- cia dos governadores de São Paulo e Minas Ge- rais, ambos pré-candidatos do PSDB à Presidên- cia da República. A proposta de Michel Temer é a seguinte: fim da reeleição com mandato de cinco ou seis anos, valendo para a eleição do sucessor de Lula. E o terceiro mandato não poderia pegar uma caro- na, sob o argumento de que, uma vez zerado o jogo, não se poderia subtrair de Lula o direito de concorrer sob a nova regra? “Esse tipo de pensamento é de uma ingenui- dade jurídica impressionante”, considera. Pri- meiro, porque não passaria no Congresso e, se- gundo, porque não resistiria ao exame no Judi- ciário. O presidente do PMDB reconhece que as constantes manifestações de petistas e governis- tas em favor do terceiro mandato autorizam as suspeitas gerais, em particular as da oposição. Faz um gesto contido de surpresa quando o interlocutor acrescenta que sua idéia também não soa inteiramente confiável, mas não passa recibo. Finge que não registra a impertinência e vai em frente, apresentando sua solução para dissolver desconfianças. “Faríamos um acordo prévio e por escrito en- tre as lideranças dos partidos e incluiríamos uma disposição transitória dizendo que quem já cumpriu dois mandatos consecutivos não pode- ria concorrer “ Se foipossível entender direito, trata-se de um casuísmo justificando o outro numa sucessão de remendos, cujo objetivo primeiro é o atendimen- to da conjugação de interesses do mundo políti- co. É isso? “Não com essas palavras, mas diga- mos que o sentido seja esse mesmo. Será assim porque interessa.” Antes que se condene o presi- dente do PMDB por um hipotético crime de pragmatismo desviante, convém lembrar que tal pensa- mento é preponderante, embora raramente seja exposto em todos os seus efes e erres. No momento de levar o projeto adiante, tampouco serão usados termos crus. A fim de obedecer a um certo cerimonial, o tema será introduzido mediante a desculpa de sempre: a “urgência” da refor- ma política, há 15 anos em deba- te no Congresso. GALEÃO O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Ca- bral, não desiste de privatizar o aeroporto inter- nacional Antonio Carlos Jobim que, segundo ele, está chegando a níveis insuportáveis de deterio- ração. Cabral já tentou convencer o governo federal a entregar a administração para a iniciativa pri- vada, mas não conseguiu sensibilizar nem o pre- sidente Lula nem a ministra Dilma Rousseff nem o presidente da Infraero, Sergio Gaudenzi. Voltará em breve à carga propondo um siste- ma misto: a renovação dos contratos das empre- sas concessionárias de serviços com cláusula de antecipação de receita equivalente a um deter- minado período de aluguel dos espaços, sob o compromisso de que os inquilinos invistam em obras no aeroporto. O governador calcula que com R$ 250 milhões dá para deixar o Tom Jobim novo em folha. Mas o ideal, na visão de Sérgio Cabral, conti- nua sendo a gestão privada. Mesmo sem espe- rança de sucesso, ele insistirá na tese da priva- tização. “ Se Lula terminar o segundo mandato consagrado, ele será um fortíssimo candidato a voltar no futuro à Presidência. Mas, para isso, a eleição não pode demorar oito anos” HOJE A frente fria se afasta para o mar, mas o tempo ainda fica instável em par- te da Região Sudeste. No Estado de São Paulo, Sol com aumento de nuvens e chuva rápida principal- mente à tarde. A tempera- tura em Sorocaba oscila entre 15ºC e 26ºC. (Fonte: Climatempo) DORA KRAMER Conjunção de interesses “Com certeza nosso elenco é muito melhor que o do São Paulo” Léo Lima, jogador do Palmeiras, após o jogo contra o São Paulo, vencido pelo Verdão (21/04/08) “Tentamos, fizemos o possível, mas o Palmeiras jogou melhor e venceu” Hernanes, jogador do São Paulo, após o jogo vencido pelo Pal- meiras (21/04/08) “Acho que a administração municipal deveria resolver problemas como estes sem que a população precisasse reclamar” Maria José Lopes Nunes sobre a situação de conservação da pis- ta de caminhada do Campolim (21/04/08) Um buraco no asfalto na esquina da avenida Arthur Bernardes com a rua Jo- sé Maria Fontoura, no Jardim Maria do Carmo, sinalizado com um pequeno ar- busto colocado no local, surgiu na manhã de ontem, possivelmente provoca- do pela chuva de domingo. O fotógrafo Bruno Cecim, que fez esta foto, percebeu que o asfalto ao redor do buraco é fino e representa perigo para pedestres e veícu- los que passarem distraídos pelo local. Há 100 anos, o Cru-zeiro do Sul noti-ciava: “Ao Voto- rantim - Em visita ao digno gerente da fabrica de tecidos Votorantim, sr. Eugenio Ma- riz, para alli seguiram hontem os srs. Prefeito Municipal, dr. Luiz P. de C. Vergueiro, capm. José Dias de Arruda e Tho- maz de Mauro, que voltaram captivos pelas gentilezas de que foram alvos por parte da- quelle distincto cavalheiro.” Diário matutino fundado em 1903 DEPARTAMENTO JORNALÍSTICO Editor Responsável Eugênio Araújo (eugenio.araujo@jcruzeiro.com.br) Endereço Av. Eng. Carlos R. Mendes, 2800. Bairro Alto da Boa Vista, Sorocaba-SP, Cep: 18013-280. www.cruzeirodosul.inf.br Telefone (0-15) 2102-5100 Fax (0-15) 2102-5190. O noticiário nacional e internacional é forneci- do pelas agências Estado e France Presse. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade do seu autor. Impressão, Redação e Administração Av. Eng. Carlos R. Mendes, nº 2800, Alto da Boa Vista, Sorocaba-SP, CEP: 18013-280 Departamento Comercial Gerente Comercial - Olavo Crespo (olavo.crespo@jcruzeiro.com.br) Endereço - Av. Eng. Carlos R. Mendes, 2800. Bairro Alto da Boa Vista, Sorocaba-SP, Cep: 18013-280. Telefone - (0-15) 2102-5060. Fax (0-15) 2102-5077. Venda de Assinatura Telefone - (0-15) 2102-5111. Fax (0-15) 2102-5146. E-mail (assinatura@jcruzeiro.com.br) Preços à vista ANUAL: R$ 298,50 SEMESTRAL: R$ 150,75 QUADRIMESTRAL: R$ 100,99 TRIMESTRAL: R$ 76,15 MENSAL: R$ 27,36 Classificados por telefone Telefone: (0-15) 2102-5000 (TELECRUZEIRO) E-mail telecruzeiro@jcruzeiro.com.br. De segunda a sexta-feira: 9h às 18h30 às sextas-feiras até às 20h para classificado de domingo. Atendimento ao Assinante de segunda a sexta-feira: 8h às 18h sábado/domingo e feriados: 8h às 11h Telefone : (0-15) 2102-5110. 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Nubla- do à noite mas sem chuva (Fonte: Climatempo) FASES DA LUA CHEIA Começou dia 21/04, às 07h25 MINGUANTE Começa dia 28/04, às 11h14 NOVA Começa dia 05/05, à 09h19 CRESCENTE Começa dia 12/05, às 0h47
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