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ANA LIA ANBINDER INFLUÊNCIA DA SINVASTATINA, ADMINISTRADA VIA ORAL OU SUBCUTÂNEA, NA REPARAÇÃO ÓSSEA EM TÍBIAS DE RATOS Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para a obtenção do título de MESTRE, pelo Programa de Pós-Graduação em ODONTOLOGIA, Área de Concentração em Biopatologia Bucal ANA LIA ANBINDER INFLUÊNCIA DA SINVASTATINA, ADMINISTRADA VIA ORAL OU SUBCUTÂNEA, NA REPARAÇÃO ÓSSEA EM TÍBIAS DE RATOS Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para a obtenção do título de MESTRE, pelo Programa de Pós- Graduação em ODONTOLOGIA, Área de Concentração em Biopatologia Bucal Orientadora Profa. Adjunta Yasmin Rodarte Carvalho São José dos Campos 2001 Apresentação gráfica e normalização de acordo com: BELLINI, A.B.; SILVA, E.A. Manual para elaboração de monografias: estrutura do trabalho científico. São José dos Campos: FOSJC/UNESP, 2000. 81p. ANBINDER, A.L. Influência da sinvastatina, administrada via oral ou subcutânea, na reparação óssea em tíbias de ratos. 2001. 123f. Dissertação (Mestrado em Odontologia, Área de concentração em Biopatologia Bucal)-Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista. São José dos Campos. A meu pai Jaime À minha mãe Jaci Dedico este trabalho com todo carinho Minha Homenagem e Agradecimento Às queridas mestras Profa. Adjunta Yasmin Rodarte Carvalho Profa. Dra Marcia Carneiro Valera Profa. Dra Rosilene Fernandes da Rocha Foram elas, cada uma a seu tempo e a seu modo, que me inspiraram a aprender sempre mais para poder transmitir o melhor e tornar-me capaz de ajudar quem de mim precise. Agradecimento Especial À querida Profa. Dra Mônica Fernandes Gomes, que me orientou quando não sabia que caminho seguir. A minha amiga e colega Juliana Campos Junqueira pelo seu apoio e ajuda, porque sem eles não seria possível concluir este trabalho. Ao querido Tomaz Sanchez Ferreira Franco, pela compreensão e paciência nos meus momentos de ausência. AGRADECIMENTOS À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, na pessoa da Diretora da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Profa. Tit. Maria Amélia Máximo de Araújo, pela oportunidade e por toda a minha formação científica. Ao Departamento de Biociências e Diagnóstico Bucal, pela oportunidade de realização do curso. Aos animais experimentais, seres cujas vidas foram sacrificadas em benefício do progresso da ciência, na busca de respostas para os questionamentos desta última, agradeço o sacrifício maior, com a certeza de não ter sido em vão; a eles, o meu profundo respeito. Ao Prof. Ivan Balducci, pela elaboração da análise estatística e gráficos dos resultados da pesquisa; pelos conselhos e ensinamentos. À Profa. Maria Nadir Gasparoto Mancini por toda atenção e ajuda durante as análises bioquímicas contidas neste trabalho. À Profa. Adjunta Carmelinda Schmidt Unterkircher, pelo interesse, pelas opiniões e pelo auxílio na pesquisa da solubilização da sinvastatina. Ao Prof. Dr. Nélson Luís Macedo, pelo empréstimo do motor elétrico utilizado nos procedimentos cirúrgicos e pela disponibilidade em dividir seu conhecimento. Às Profas. Dras. Janete Dias de Almeida e Emília Ângela Loschiavo Arisawa, pela paciência com que sempre me receberam, ensinaram e discutiram a metodologia utilizada nesta pesquisa. Aos funcionários do Biotério Lourival Jacobs e Antônio Domingos Sávio Barbosa Maia Vasconcelos, que tornaram possível a realização deste trabalho, pela presença constante, convivência alegre e grande colaboração durante a fase experimental desta pesquisa. Aos Colegas do Programa de Pós-Graduação que tanto enriqueceram o trabalho com sugestões, pela partilha de novos achados, referências e pela contribuição em todos os momentos. Às técnicas do Laboratório de Apoio à Pesquisa Maria Salete Faria e Mônica de Oliveira Guimarães Figueiredo, por todo o cuidado e atenção durante o preparo do material histológico. Às minhas amigas Talita Inoue, Karine Tenório Landim e Tatiana Varas Siqueira, que descobriram comigo algumas pedras no caminho da ciência, com a certeza de que foi bom não estar sozinha. À Faculdade de Odontologia de Piracicaba UNICAMP, nas pessoas do Prof. Dr. Francisco Haiter Netto (Disciplina de Radiologia) e Prof. Dr. José Merzel (Disciplina de Histologia), que nos receberam tão bem, colocando inteiramente à disposição os equipamentos solicitados, bem como orientando a utilização dos mesmos. À Terezinha de Fátima Arantes de Melo e Sílvia Scarpel pela disponibilidade e ajuda em todas as dúvidas. Ao Laboratório Baldacci, por ter cedido o Sinvascor. Ao farmacêutico Ivan da Gama Teixeira, pela atenção dispensada e ajuda na preparação do medicamento injetável. À minha amiga Josemari Pauletti, pelo auxílio competente na elaboração das pranchas fotográficas. À bibliotecária Angela de Brito Bellini, pela amizade, paciência e orientação na revisão deste trabalho. Muitos são os companheiros de jornada que possibilitaram a finalização deste trabalho. A minha melhor gratidão é trazer um pouco de cada um deles dentro de mim e levar os frutos de suas sementes para minha vida, meu trabalho e minhas obras. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ......................................................................... 10 LISTA DE TABELAS ......................................................................... 14 LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................. 16 RESUMO ............................................................................................ 18 1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 19 2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................... 22 2.1 Estrutura óssea ................................................................................ 22 2.2 Remodelação óssea ......................................................................... 24 2.3 Reparação óssea ............................................................................. 27 2.3.1 BMPs e reparo ósseo ................................................................... 32 2.4 Estatinas ......................................................................................... 36 2.4.1 Estatinas e osso ............................................................................ 43 3 PROPOSIÇÃO .................................................................................. 55 4 MATERIAL E MÉTODO ................................................................. 56 4.1 Animais .......................................................................................... 56 4.2 Procedimentos cirúrgicos ................................................................ 56 4.3 Preparação da droga ....................................................................... 60 4.4 Grupos experimentais ..................................................................... 60 4.5 Dosagem de colesterol .................................................................... 63 4.5.1 Preparação do reativocromogênico ............................................. 63 4.5.2 Método de Huang modificado...................................................... 64 4.6 Análise do reparo ósseo .................................................................. 65 4.6.1 Densitometria óssea ..................................................................... 65 4.6.2 Análise histológica ...................................................................... 68 4.6.3 Análise histomorfométrica ........................................................... 69 4.7 Análise estatística ........................................................................... 70 5 RESULTADOS ................................................................................. 72 5.1 Nível de colesterol total sangüíneo ................................................. 72 5.2 Densidade óssea ............................................................................. 74 5.3 Porcentagem de área óssea no centro do defeito ............................. 79 5.4 Análise histológica ......................................................................... 81 5.4.1 Período de 15 dias ....................................................................... 82 5.4.2 Período de 30 dias ....................................................................... 88 6 DISCUSSÃO..................................................................................... 93 7 CONCLUSÃO .................................................................................. 104 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 105 ANEXOS ............................................................................................. 117 ABSTRACT ........................................................................................... 122 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- Metabolismo do mevalonato em células animais. O colesterol pode ser obtido de duas fontes: biossíntese endógena, partindo do acetil- CoA e passando pelo mevalonato; e de maneira exógena, através do mecanismo receptor de LDL. O mevalonato é também incorporado em isoprenóides não esteroidais (na direita do esquema). A homeostase do mevalonato é obtida através: a) repressão dos genes da HMG-CoA sintase, HMG-CoA redutase e receptor LDL (na esquerda do esquema); b) regulação da HMG-CoA redutase por algum dos isoprenóides não esteroidais 34 (modificado pela autora)....................... 42 FIGURA 2- Procedimento cirúrgico: a) exposição do tecido ósseo; b) aspecto final do defeito ósseo monocortical; c) sutura da camada muscular. d) sutura da pele............................................................ 59 FIGURA 3- Radiografia contendo cinco tíbias de animais de um mesmo grupo e penetrômetro de alumínio................ 66 FIGURA 4- Médias e desvios-padrão referentes à interação entre via de administração, medicamento e tempo de observação para os dados de nível de colesterol total (mg/dl).............................................................. 74 FIGURA 5- Gráfico de médias de densidade óssea (mmAl) referente à interação entre via de administração e medicamento............................................................. 77 FIGURA 6- Gráfico de médias de densidade óssea (mmAl) referente à interação entre via de administração e tempo de observação................................................. 78 FIGURA 7- Gráfico de médias de densidade óssea (mmAl) referente `a interação entre via de administração, medicamento e tempo de observação....................... 79 FIGURA 8- Gráfico de médias de porcentagem de formação óssea no centro do defeito, referente à interação entre via de administração, medicamento e tempo de observação............................................................ 81 FIGURA 9- Grupo AC15: a) fechamento linear do defeito experimental com tecido ósseo esponjoso. Margens do defeito definidas e formação de tecido ósseo no interior do canal medular. Aumento original de 25x. Tricrômico de Masson; b) trabéculas ósseas imaturas, delimitando espaços medulares, a partir da borda do defeito, com presença de tecido conjuntivo fibroso na superfície. Aumento original de 100x. HE.............................................................. 84 FIGURA 10- Grupo AT15: a) fechamento linear do defeito experimental com tecido ósseo esponjoso. Margens do defeito definidas e formação de tecido ósseo no interior do canal medular. Aumento original de 25x. HE; b) trabéculas ósseas imaturas, não lamelares, com osteócitos e osteoplastos volumosos, delimitando espaços medulares, com presença de tecido conjuntivo na superfície. Aumento original de 200x. HE................................. 85 FIGURA 11- Grupo BC15: a) fechamento linear do defeito experimental com tecido ósseo esponjoso. Margens do defeito definidas, formação de tecido ósseo no interior do canal medular e na região oposta ao defeito. Tecido conjuntivo sobre a ponte de tecido ósseo neoformado, sem invasão do defeito. Aumento original de 25x. HE; b) trabéculas ósseas imaturas, contendo osteócitos e osteoplastos volumosos, circundadas por células osteogênicas e delimitando espaços medulares. Aumento original de 200x. HE.............................................................. 86 FIGURA 12- Grupo BT15: a) fechamento linear do defeito experimental com tecido ósseo esponjoso. Margens do defeito definidas e formação de tecido ósseo no interior do canal medular. Tecido conjuntivo sobre a ponte de tecido ósseo neoformado, sem invasão do defeito. Aumento original de 25x. HE; b) tecido ósseo imaturo, contendo osteócitos e osteoplastos volumosos e célula gigante na periferia. Células osteogênicas do periósteo em organização. Aumento original de 630x. HE................................. 87 FIGURA 13- Grupo AC30: a) fechamento linear do defeito experimental com tecido ósseo predominantemente cortical. Trabéculas ósseas no interior do canal medular. Tecido conjuntivo sobre a ponte de tecido ósseo neoformado, sem invasão do defeito. Aumento original de 25x. HE; b) tecido ósseo neoformado, contendo osteócitos em disposição mais regular que nos espécimes sacrificados em 15 dias. Aumento original de 200x. HE......................... 89 FIGURA 14- Grupo AT30: a) fechamento linear do defeito experimental com tecido ósseo cortical. Trabéculas ósseas no interior do canal medular. Tecido conjuntivo sobre a ponte de tecido ósseo neoformado, sem invasão do defeito e remodelação no osso preexistente. Aumento original de 25x. HE; b) linhas reversas no tecido ósseo neoformado e início de organização lamelar. Aumento original de 400x. HE................................................................... 90 FIGURA 15- Grupo BC30: a) fechamento linear do defeito experimental com tecido ósseo cortical e poucas trabéculas ósseas no interior do canal medular. Tecido conjuntivo sobre a ponte de tecido ósseo neoformado, sem invasão do defeito. Aumento original de 25x. HE; b) ponte de tecido cortical, revestida por células osteogênicas, apresentando linhas reversas e início de organização lamelar. Aumento original de 200x........................................ 91 FIGURA 16- Grupo BT30: a) fechamento linear do defeito experimental com tecido ósseo cortical e poucas trabéculas ósseas no interior do canal medular. Tecido conjuntivo sobre a ponte de tecido ósseo neoformado, sem invasão do defeito. Aumento originalde 25x. HE; b) ponte de tecido cortical, revestida por células osteogênicas. Aumento original de 200x. HE................................................. 92 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Estatística descritiva referente aos dados do nível de colesterol sangüíneo, apresentados na Tabela 9 (Anexo C)(mg/dl).......................................................... 73 Tabela 2- Resultados da ANOVA, referente aos dados do nível de colesterol sangüíneo, apresentados na Tabela 9 (Anexo C)...................................................................... 73 Tabela 3- Estatística descritiva dos valores de densidade óssea, apresentados na Tabela 10 (Anexo D) (mmAl)............ 75 Tabela 4- Resultados da ANOVA, referente aos dados de densidade óssea, apresentados na Tabela 10 (Anexo D).................................................................................. 75 Tabela 5- Representação, em ordem decrescente de médias de densidade óssea, dos conjuntos que diferem significantemente, na interação via de administração x medicamento, pelo teste de Tukey(5%)....................... 76 Tabela 6- Representação, em ordem decrescente de médias de densidade óssea, dos conjuntos que diferem significantemente, na interação via de administração x tempo, pelo teste LSD (5%).......................................... 77 Tabela 7- Estatística descritiva referente aos dados de porcentagem de área de osso neoformado no centro do defeito experimental, apresentados na Tabela 11 (Anexo E)...................................................................... 80 Tabela 8- Resultados da ANOVA, referentes aos dados de porcentagem de área de osso neoformado no centro do defeito experimental, apresentados na Tabela 11 (Anexo E)...................................................................... 80 Tabela 9- Valores médios das medidas do nível de colesterol sangüíneo (em mg/dl)................................................... 119 Tabela 10- Valores médios das medidas de densidade óssea na região central do defeito experimental (em mmAl)...... 120 Tabela 11- Valores médios da porcentagem de área de osso neoformado no centro do defeito experimental........... 121 LISTA DE ABREVIATURAS 1,25 D3= 1,25 diidroxivitamina D3 ABS= Absorbância AC= Grupo A (via subcutânea) Controle aFGF= Fator de Crescimento Fibroblástico Ácido ANOVA= Análise de Variância AT= Grupo A (via subcutânea) Tratado BC= Grupo B (via oral) Controle bFGF= Fator de Crescimento Fibroblástico Básico BMP= Proteína Morfogenética Óssea BSA= Soroalbumina Bovina BT= Grupo B (via oral) Tratado CoA= Coenzima A DMSO= Dimetilsulfóxido DXA= Dual X-Ray Absorptiometry- Dupla Emissão de Raios X FGF= Fator de Crescimento Fibroblástico GTPase= Guanosina-trifosfatase HDL= Lipoproteína de Alta Densidade HE= coloração de Hematoxilina e Eosina HMG-CoA= 3-Hidroxi 3-Metilglutaril Coenzima A IGF= Fator de Crescimento Insulínico IL= Interleucina LDL= Lipoproteína de Baixa Densidade LSD= Teste das Mínimas Diferença Significantes mmAl= Equivalentes de milímetros de Alumínio mRNA= Ácido Ribonucléico Mensageiro PBS= Solução Salina Tamponada PDGF= Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas PTH= Paratormônio rhBMP= Proteína Morfogenética Óssea Recombinante Humana RX= Raios X TGF= Fator de Crescimento Transformante TNF= Fator de Necrose Tumoral TRAP= Fosfatase Ácida Tartarato Resistente tRNA= Ácido Ribonucléico Transportador VLDL= Lipoproteína de Muito Baixa Densidade ANBINDER, A.L. Influência da sinvastatina, administrada via oral ou subcutânea, na reparação óssea em tíbias de ratos. 2001. 123f. Dissertação (Mestrado em Odontologia, Área de concentração em Biopatologia Bucal) – Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista. São José dos Campos. RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da sinvastatina, administrada por via oral ou subcutânea, na reparação de defeitos ósseos monocorticais, correlacionando-a com os níveis de colesterol sangüíneo em ratos. Foram utilizados quarenta animais machos, nos quais foram realizados defeitos monocorticais na tíbia direita. Os animais do grupo A receberam injeção subcutânea de sinvastatina (7mg/kg) ou apenas do veículo de suspensão da droga, sobre a região do defeito, durante 5 dias. Os animais do grupo B receberam 20mg/kg de sinvastatina ou água filtrada via oral diariamente, durante todo o período de observação. Os animais foram sacrificados após 15 ou trinta dias, quando amostras sangüíneas foram colhidas para análise do nível de colesterol. As tíbias foram submetidas à análise de densitometria radiográfica, após o que foram descalcificadas, para que se procedesse a análise histomorfométrica e histológica. Para avaliação estatística utilizou-se a análise de variância ao nível de 5%. Através da análise densitométrica verificou-se que a presença de medicamento diminuiu de maneira significativa os valores de densidade óssea no grupo A, o mesmo não acontecendo no grupo B. As análises histomorfométrica e histológica mostraram diferença entre os grupos apenas com relação ao período experimental, apresentando os melhores resultados os animais sacrificados em trinta dias. Quanto ao nível de colesterol sangüíneo, não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos analisados. Conclui-se que, nas condições utilizadas, a sinvastatina, administrada via oral ou subcutânea, não exerce efeito estimulador sobre o reparo ósseo de defeitos experimentais em tíbias de ratos e não altera os níveis de colesterol sangüíneo. PALAVRAS-CHAVE: Estatina, reparo ósseo, densitometria, histomorfometria, colesterol. 1 INTRODUÇÃO O tecido ósseo é notável em sua capacidade de reparo (Schenk 82 , 1994; Szachowicz 87 , 1995; Mourad 64 , 1997; Ferguson et al. 28 , 1999). No entanto, em casos de defeitos extensos, produzidos por trauma, processos patológicos, anomalias de desenvolvimento, entre outros, muitas vezes o tecido não tem a capacidade de reparar-se espontaneamente, havendo a necessidade do médico ou cirurgião- dentista utilizar-se de técnicas cirúrgicas e/ou medicamentosas na tentativa de reparação da deficiência óssea. Deficiências ósseas são de grande interesse e afetam os tratamentos em todos os campos da Odontologia (Pecora et al. 71 , 1997). Defeitos ósseos são um desafio para o cirurgião-dentista, principalmente nas áreas de periodontia, cirurgia bucomaxilofacial, prótese, ortodontia e implantodontia. Métodos alternativos para o reparo de defeitos ósseos são necessários devido às limitações e riscos dos métodos atuais de enxertos (Sweeney et al. 86 , 1995). Enxerto autógeno tem sido até então o material de escolha para o reparo de grandes defeitos. Contudo, seu uso é problemático devido à morbidade do sítio doador e controle de reabsorção. Respostas imunes e risco de contaminação viral de enxertos alógenos ou xenógenos tornam o uso destes materiais questionável enquanto materiais aloplásticos promovem reparo inconsistente e possuem difícil degradação, tornando seu uso restrito. A utilização única do princípio de regeneração óssea guiada não é 20 suficiente para assegurar completo reparo ósseo. Proteínas morfogenéticas ósseas (BMPs) têm sido com sucesso adicionadas a biomateriais já conhecidos, objetivando a reparação óssea. O futuro do tratamento das alterações ósseas está associado ao uso de materiais indutores, como as BMPs (Aaboe et al. 1 , 1995). A literatura apresenta um número escasso de estudos com utilização de medicação sistêmica, como calcitonina (Arisawa 5 , 2000) e alendronato sódico (Silva 84, 2000), indutores de neoformação óssea, em defeitos ósseos cirúrgicos (Almeida 3 , 2001). As estatinas ou inibidores da enzima 3-hidroxi 3 metilglutaril coenzima A redutase (HMG-CoA redutase) são medicamentos que têm sido muito utilizados durante a última década para a redução de níveis elevados de colesterol sangüíneo. Alguns estudos recentes relataram a ação destas drogas na formação óssea (Mundy et al. 66 , 1999), através da estimulação da produção da BMP-2 (Mundy et al. 66 , 1999; Garret et al. 32 , 1999; Sugiyama et al. 85 , 2000). Visto isso, passou-se a acreditar que as estatinas, se seletivamente direcionadas ao osso, poderiam apresentar efeitos benéficos no tratamento da osteoporose e fraturas (Mundy et al. 66 , 1999; Sugiyama et al. 85 , 2000). Tais fatos suscitaram grande interesse na comunidade científica e vários estudos retrospectivos foram realizados, demonstrando a ação das estatinas na melhoria da densidade óssea e na redução do número de fraturas (Chan et al. 15 , 2000; Chung et al. 16 , 2000; Edwards et al. 23 , 2000; Meier et al. 61 , 2000; Wang et al. 98 , 2000). 21 Dada a alta hepatosseletividade (Hamelin & Turgeon 37 , 1998), as estatinas, diferentemente dos bisfosfonatos (Russel et al. 78 , 1999), não se acumulam no tecido ósseo. Para a possível utilização dos inibidores da HMG-CoA redutase em moléstias ósseas, existe a necessidade de se encontrarem modos de administração alternativos que facilitem sua retenção pelo osso. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo estudar a influência da sinvastatina, administrada via oral ou subcutânea, na reparação de defeitos ósseos em tíbias de ratos, bem como analisar os efeitos do medicamento nos níveis de colesterol sangüíneo nestes animais. 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Estrutura óssea O osso é um tecido conjuntivo especializado composto por células e material intercelular calcificado, perfeitamente organizado para desempenhar o papel de estrutura e sustentação do corpo (Junqueira & Carneiro 42 , 1995; Hill & Orth 38 , 1998). Para realizarem formação e reabsorção óssea, homeostase mineral e reparo, as células ósseas possuem características especializadas que as diferem com relação à morfologia, função e localização. Tais células originam-se de duas linhagens: mesenquimal e hematopoiética. Células indiferenciadas, osteoblastos, células de revestimento ósseo e osteócitos são mesenquimais, enquanto pré-osteoclastos e osteoclastos são da linhagem hematopoiética (Buckwalter et al. 13 , 1995). Os dois principais agentes na modificação da matriz óssea são o osteoblasto, responsável pela formação, e o osteoclasto, pela reabsorção. Durante a formação óssea, os osteoblastos podem ser englobados pela matriz recém-produzida, tornando-se osteócitos, ou repousar sobre a superfície óssea, como células de revestimento, também chamadas de osteoblastos inativos. Além de manterem a integridade da matriz óssea, os osteócitos e as células de revestimento também participam da homeostase de cálcio nos fluidos corporais 23 (Schenk 82 , 1994; Junqueira & Carneiro 42 , 1995; Mourad 64 , 1997; Kessel 45 , 2001). Os osteoblastos revestem as superfícies ósseas; sintetizam, embalam e exportam os constituintes orgânicos da matriz óssea, inclusive o colágeno do tipo I, principal constituinte da parte orgânica, e os proteoglicanos sulfatados. Os produtos de secreção dos osteoblastos são bastante diversos, entre eles: fosfatase alcalina, ácido hialurônico, condroitina sulfato, osteopontina, osteonectina, sialoproteína óssea, pró-colagenase, ativador do plasminogênio e BMPs. Estas últimas possuem atividade indutora de osso e são importantes no processo de reparo (Kessel 45 , 2001). É o estímulo das BMPs que responde pela atividade óssea das estatinas (Mundy et al. 66 ,1999; Garret et al. 32 ,1999; Sugiyama et al. 85 , 2000). Entre os fatores de crescimento encontrados no osso, alguns são produzidos pelas células ósseas, como fator de crescimento insulínico (IGF), fator de crescimento transformante (TGF), fator de crescimento fibroblástico (FGF), fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e BMPs. Outros, como interleucina-1 (IL-1) e fator de necrose tumoral a (TNFa) são produzidos por tecidos relacionados (Schenk 82 , 1994). O produto mineral final na matriz óssea é semelhante à hidroxiapatita cristalina e os depósitos minerais se formam em íntima relação espacial com as vesículas de matriz e as fibrilas colágenas (Junqueira & Carneiro 42 , 1995; Mourad 64 , 1997; Kessel 45 , 2001). As superfícies interna e externa dos ossos são revestidas por células osteogênicas e tecido conjuntivo, que formam o endósteo e o periósteo. Estas células têm morfologia semelhante à dos 24 fibroblastos, transformando-se muito facilmente em osteoblastos e têm papel importante no crescimento dos ossos e reparação das fraturas (Junqueira & Carneiro 42 , 1995; Schenk 82 , 1994; Mourad 64 , 1997; Kessel 45 , 2001). 2.2 Remodelação óssea A formação óssea é um processo contínuo que se inicia com o desenvolvimento fetal e persiste durante toda a vida como remodelação óssea (Ferguson et al. 28 , 1999). Remodelação óssea é um processo complexo que envolve a reabsorção do osso de uma superfície em particular, seguida por uma fase de formação óssea (Schenk 82 , 1994; Manolagas & Jilka 57 , 1995; Hill & Orth 38 , 1998). O primeiro passo do processo de reabsorção óssea envolve a formação de células progenitoras de osteoclastos nos tecidos hematopoiéticos, seguida pela disseminação vascular destas células e, então, formação de pré-osteoclastos e osteoclastos no tecido ósseo (Meghji 60 , 1992; Hill & Orth 38 , 1998). O desenvolvimento de osteoclastos é controlado por células da medula ou osteoblastos que produzem fatores como IL-6 e IL-11, que regulam a diferenciação. Paratormônio (PTH), 1,25 diidroxivitamina D3 (1,25 D3), e fatores locais como IL-1 e TNF promovem o desenvolvimento de osteoclastos por sua habilidade de estimularem a produção de citocinas, como IL-6 e IL-11 (Manolagas & Jilka 57 , 1995). O segundo passo corresponde à ativação do osteoclasto. Neste ponto, os 25 osteoblastos parecem ter um papel importante, não só se retraindo sob a ação do PTH para expor a fase mineral à célula responsável pela reabsorção, mas também sintetizando e secretando colagenase e ativador de plasminogênio, o que culmina na digestão do osteóide e exposição da matriz mineralizada, quimiotática para osteoclastos. Os osteoblastos ainda liberam fatores ativadores de osteoclastos. O terceiro passo é a reabsorção óssea pelo osteoclasto ativado, formando lacunas de reabsorção, as lacunas de Howship. Estas células secretam ácidos orgânicos que mantêm o pH baixo e possibilitam a dissolução dos cristais de hidroxiapatita. Enzimas lisossomais são responsáveis pela digestão da matriz orgânica (Meghji 60 , 1992; Hill & Orth 38 , 1998). Fatores importantes para o crescimento e desenvolvimento ósseo, como BMP, PDGF, fator de crescimento fibroblástico ácido (aFGF) e básico (bFGF), TGF-, IGF-I, presentes na matriz óssea, são liberados da matriz orgânica pela ação osteoclástica (Meghji 60 , 1992). A reabsorção osteoclástica pode ser estimulada por fatores que aumentem a proliferação de células progenitoras dos osteoclastos, que causem a diferenciação de pré-osteoclastos em células maduras ou a ativação das células maduras para que realizem reabsorção. Da mesma maneira, os osteoclastos podem ser inibidos por agentes que bloqueiem a proliferação de precursores, inibam a diferenciação ou fusão celular, ou ainda inativem a ação de células maduras (Mundy 65 , 1999). Na maioria das situações fisiológicas e patológicas, a reabsorção é seguida pela formação óssea. O primeiroevento após a 26 fase de reabsorção óssea é a apoptose osteoclástica, que pode ser estimulada por TGF- (Hughes et al. 41 , 1996). Segue-se, na fase de formação óssea, a atração quimiotática dos osteoblastos ou seus precursores aos locais reabsorvidos, que é devida à liberação de fatores quimiotáticos durante a reabsorção, tais como TGF, PDGF, além da liberação de proteínas estruturais, como colágeno tipo I. Tais substâncias podem estar envolvidas no processo de maneira combinada ou não. O próximo passo na fase de formação é a proliferação de precursores de osteoblastos. Provavelmente, também sejam mediados pelos fatores de crescimento liberados do osso durante o processo de reabsorção, entre os quais: TGF-, PDGF, IGF- I, IGF-II (Hill & Orth 38 , 1998; Mundy 65 , 1999). A terceira ocorrência na fase de formação é a diferenciação dos precursores dos osteoblastos em células maduras. Vários dos fatores de crescimento da matriz óssea, como IGF-I e BMP-2, podem causar o surgimento de marcadores dos fenótipos dos osteoblastos diferenciados, incluindo a expressão da atividade de fosfatase alcalina, colágeno tipo-I e osteocalcina (Hill & Orth 38 , 1998). A fase final do processo de formação óssea é o fim da atividade osteoblástica, quando a lacuna de reabsorção foi reparada. Não se sabe exatamente quando isto acontece. Uma possibilidade é a de que fatores produzidos durante o processo possam diminuir a atividade osteoblástica, entre eles, TGF (Mundy 65 , 1999). Sistemicamente, a função das células ósseas é regulada principalmente pelos hormônios reguladores do metabolismo de cálcio: PTH, vitamina D e calcitonina. Outros hormônios também interferem no metabolismo ósseo, particularmente o hormônio do 27 crescimento, glicocorticóides, hormônios tireoidianos e sexuais (Nóbrega & Lima 69 , 2000). A remodelação óssea pode ser ativada por hormônio de crescimento, hormônio da tireóide e paratireóide, e inibida pela calcitonina e cortisona. Localmente, pode ser ativada por trauma, como fraturas e cirurgias (Schenk 82 , 1994). 2.3 Reparação óssea Osso é um dos poucos tecidos no adulto que se regenera totalmente em forma e função após uma lesão (Szachowicz 87 , 1995; Mourad 64 , 1997; Ferguson et al. 28 ,1999). Qualquer alteração óssea, como fraturas, defeitos, inserção de implantes e interrupção do suprimento sangüíneo, ativa a regeneração através da liberação de fatores de crescimento, que servem de estímulo para a diferenciação de células osteogênicas e produção de osso. Para tanto, algumas condições básicas devem ser asseguradas, como amplo suprimento sangüíneo e estabilidade mecânica (Schenk 82 , 1994). O mecanismo deste padrão de reparação é considerado uma recapitulação da osteogênese que ocorre no embrião e durante o período de crescimento (Vortkamp et al. 95 , 1998; Fegurson et al. 28 , 1999). Friedenstein 30 (1976) afirmou que existem dois tipos de células osteoprecursoras ou osteogenéticas: determinadas e induzíveis. As células osteoprecursoras determinadas são as células estromais da medula óssea e as células indiferenciadas da camada profunda do periósteo e do endósteo. Estas células reagem à indução 28 pela BMP, por exemplo, com proliferação e diferenciação em osteoblastos. Já as células osteoprecursoras induzíveis são encontradas em tecidos distantes do tecido ósseo, como no conjuntivo subcutâneo, no tecido muscular esquelético, baço e fígado. Estas últimas apresentam indução mais complexa e a resposta acontece por formação óssea indireta. Se o princípio indutor atuar sobre células osteoprecursoras determinadas, a reação óssea se dá pela formação óssea direta ou ossificação intramembranosa. Neste caso, a osteogênese é mais rápida. No passado, os diferentes estágios do reparo de fraturas ósseas eram documentados apenas através de exame histológico. A descrição histológica revela formação de hematoma, inflamação, demolição de restos necróticos, proliferação de tecido de granulação, formação de calo ósseo, conversão de osso imaturo em osso lamelar e, finalmente, remodelação (Junqueira & Carneiro 42 , 1995; Hollinger & Wong 40 , 1996; Mourad 64 , 1997). Técnicas de biologia molecular têm aumentado o entendimento do reparo de fraturas através da identificação dos fatores regulatórios do processo (Hollinger & Wong 40 , 1996). Hollinger & Wong 40 (1996) descreveram a seqüência dinâmica de eventos durante o reparo de uma fratura, identificando vários moduladores celulares relacionados. Após a fratura, há estimulação da inflamação, com ativação do sistema complemento. A ruptura de vasos locais inicia a formação do hematoma e as plaquetas da área liberam PDGF, FGF e TGF-, fatores quimiotáticos e reguladores da atividade celular. Osteoclastos chegam, então, à região para remover restos necróticos da borda óssea e restos de tecido, 29 juntamente com macrófagos, no estágio conhecido como fase de demolição. Por volta do terceiro a quinto dia após a fratura, células e produtos do estroma se condensam e células endoteliais derivadas dos vasos intactos migram e proliferam, formando novos capilares, que penetram no hematoma. O estímulo para tanto parece ser a hipóxia local e a ação quimiotática de PDGF e FGF. Há migração de fibroblastos e formação do tecido de granulação. Células osteoprogenitoras aparecem por volta do terceiro dia após a fratura. As células determinadas provêm do periósteo e medula óssea e podem expressar o fenótipo osteoblástico. As células induzíveis migram para a região da fratura através de vasos sangüíneos. Células mesenquimais indiferenciadas também podem ser consideradas osteoprogenitoras e, sob a ação das BMPs, serem convertidas em osteoblastos. Os osteoblastos iniciam a síntese de matriz, após o que começa a deposição e crescimento de cristais, com estrutura de hidroxiapatita, sobre as fibras colágenas. Este processo é iniciado pela ação da enzima fosfatase alcalina, aproximadamente dez dias após a fratura. Em locais onde há mobilidade, pode ocorrer o desenvolvimento de cartilagem, que possui menos exigências metabólicas que o osso. Quando o movimento é ausente ou minimizado, o reparo geralmente ocorre através de formação óssea primária. Finalmente, ocorre remodelação óssea. Durante o processo dinâmico de reparo de fraturas, as células ósseas não funcionam de maneira isolada de interações sistêmicas, sendo que a modulação do reparo local é realizada através do sistema endócrino com ação do PTH, calcitonina, insulina, hormônio do crescimento, hormônios esteróides e da tireóide. 30 O reparo de defeitos ósseos é um bom modelo para o estudo da regeneração do osso e possui grande semelhança com o reparo primário ou direto de fraturas. Ao contrário destas últimas, os defeitos são menos sujeitos a fatores mecânicos e a obstruções do aporte sangüíneo. Este modelo tem sido utilizado em muitos experimentos clássicos que analisam a influência de medidas cirúrgicas e farmacológicas para melhorar a regeneração óssea (Schenk 82 , 1994). Um defeito ósseo experimental deve ser tão grande que não ocorra reparo espontâneo, pois só nesta situação o potencial osteogênico do implante, enxerto ou medicamento pode ser considerado real (Schmitz & Hollinger 83 , 1986). Instituiu-se o conceito de defeito ósseo de tamanho crítico para minimizar diferenças relacionadas à idade, espécie e sítio anatômico em animais experimentais, padronizando os defeitos para possibilitar-se a comparação dos resultados dos vários estudos (Sweeney et al. 86 , 1995), além de poder considerar sem erro o potencial osteogênico do material em teste. O defeito intra-ósseo de tamanho crítico seria aquele de menor tamanho que não pode ser reparado espontaneamente durante toda a vida do animal (Schmitz & Hollinger 83 , 1986). No entanto,como a maioria dos estudos possui duração limitada, não acompanhando o animal durante toda vida, em pesquisas experimentais deve-se considerar como defeito de tamanho crítico aquele que não sofre reparo no período de duração do estudo (Gosain et al. 35 , 2000). Gosain et al. 35 (2000) levantaram a hipótese de que medidas lineares, comuns em trabalhos experimentais, podem não 31 proporcionar uma idéia precisa da formação óssea no interior de um defeito ósseo. Para testá-la, utilizaram 45 cobaias adultas, nas quais foram realizados defeitos parietais de 3, 5, 8 ou 12mm. Os animais foram sacrificados após três dias, uma, quatro, oito ou 12 semanas. A formação óssea foi determinada, baseada na extensão linear e na área de defeito preenchido por osso novo. Através da análise linear, defeitos de 3 e 5mm apresentaram fechamento após 12 semanas, sendo considerados menores que o tamanho crítico. No entanto, baseando-se na análise de área, após 12 semanas, a porcentagem de osso novo no defeito de 5mm não superou 40%, ou seja, 5mm passou a ser maior que o tamanho crítico. Em ambos os métodos, defeitos de 8 e 12mm têm tamanhos maiores que o crítico. Os autores concluíram que o conceito de tamanho crítico pode ser descrito com maior exatidão usando-se como parâmetro a porcentagem de área de osso novo formado no interior do defeito. Tamanhos de defeitos críticos são bem caracterizados na região craniomandibulofacial, em várias espécies animais (Kaban & Glowacki 43 , 1981; Schmitz & Hollinger 83 , 1986; Gosain et al. 35 , 2000). No entanto, o mesmo não acontece com relação a defeitos realizados em ossos longos (Einhorn 24 , 1999). O reparo de defeitos nos ossos do crânio pode ocorrer por mecanismos similares ou distintos daqueles dos ossos longos (Einhorn 24 , 1999). Com o objetivo de comparar o reparo e a remodelação em vários ossos, Najjar & Kahn 67 (1977) realizaram defeitos de 0,5 x 1cm em tíbia, maxila, mandíbula e calvária de coelhos e cães. Os animais foram sacrificados em períodos de uma, duas, três, quatro, oito, 12 ou 16 semanas após a cirurgia. Através de 32 análise microscópica, os autores concluíram que tíbia e mandíbula apresentam reparo e remodelação semelhantes. Embora esses dois ossos possuam origens embriológicas distintas, a similaridade no processo de reparo deve-se às forças fisiológicas a que ambos estão submetidos: tensão muscular e compressão pelo peso do corpo na tíbia e tensão muscular e compressão pela mastigação na mandíbula. Devido à falta de forças externas agindo na maxila e crânio, tais ossos remodelam-se e reparam-se de maneira mais lenta. 2.3.1 BMPs e reparo ósseo BMPs foram descobertas por sua habilidade de induzir formação de cartilagem e osso a partir de células mesenquimais não pertencentes ao tecido ósseo (Urist 91 , 1965). Fazem parte de um conjunto crescente de mais de 12 proteínas, nove das quais parecem induzir formação óssea ectópica in vivo, incluindo-se na superfamília do TGF-, ao qual são estruturalmente relacionadas (Riley et al. 76 , 1996). Atualmente são estudadas como agentes terapêuticos para o reparo de fraturas, defeitos ósseos, para induzir o crescimento ósseo ao redor de implantes e próteses e na manutenção da vitalidade pulpar e formação de dentina reparadora. (Nilsson et al. 68 , 1986; Rutherford et al. 79 , 1994; Boyne 12 , 1996; Lane et al. 50 , 1999). A BMP é um produto do metabolismo dos osteoblastos, odontoblastos e de várias células tumorais, sendo armazenada na forma de concentrados no osso, dentina e em células 33 neoplásicas de osteossarcoma e de certos tumores odontogênicos (Bessho et al. 8 , 1990; Raval et al. 75 , 1996; Gao et al. 31 , 1997). A BMP- 2 é uma glicoproteína de baixo peso molecular que possui efeitos pleiotrópicos que variam desde organogênese óssea e extra-óssea à formação e regeneração do osso (Riley et al. 76 , 1996). Em 1986, Nilsson et al. 68 avaliaram o reparo ósseo induzido por BMP. Para tanto, remoção de segmento de cerca de 2,5cm em ulnas de 19 cães foi realizada. Na região do defeito implantou-se BMP bovina, soroalbumina bovina (BSA) ou fragmentos de ulna autógena. O sacrifício ocorreu em períodos de um, dois, três ou quatro meses. União do defeito preenchido com BMP foi verificada em 12 semanas. Os defeitos preenchidos com osso autógeno uniram-se após o mesmo período e defeitos com BSA, invariavelmente, desenvolveram pseudoartrose. Os autores levantaram a hipótese de que BMP induz à diferenciação de células do tecido conjuntivo perivascular em condroblastos e células osteoprogenitoras, incrementando o processo de formação óssea a partir das células já presentes no endósteo e periósteo. Yan et al. 103 (1994) estudaram a relação entre BMP e reparo de fraturas em mandíbulas de 18 coelhos, utilizando um anticorpo monoclonal contra esta proteína. Os animais foram sacrificados três, sete, 14, 21 ou trinta dias após a realização da fratura. Encontrou-se um grande número de células mesenquimais indiferenciadas, associadas ao reparo, positivamente marcadas. Tais células proliferavam-se nas margens das fraturas e, durante o estágio de formação do calo, pareciam sofrer diferenciação em condroblastos e osteoblastos. Células mesenquimais indiferenciadas positivamente 34 marcadas reduziram-se em número durante o estágio de remodelação. Os autores concluíram que o processo de reparo ósseo é acompanhado pela presença de BMP em células osteoprogenitoras nas condições estudadas, ressaltando a importância destas proteínas na osteogênese. Boyne 12 (1996), para demonstrar o efeito da BMP-2 recombinante humana (rhBMP-2) no reparo ósseo em grandes áreas que normalmente necessitariam de enxertos, realizou ressecções de 2,2cm, bilateralmente, na mandíbula de sete macacos rhesus adultos, simulando hemimandibulectomias. Nos defeitos colocaram-se diferentes doses de rhBMP-2 ou enxerto autógeno. Um grupo de animais foi sacrificado cinco meses após a cirurgia e o restante sofreu nova cirurgia, quatro meses após a realização dos defeitos, para a colocação de implantes osteointegrados de 7mm na área reparada. Em todos os animais, o rebordo alveolar foi regenerado completamente com restauração do contorno cortical. Nos animais sacrificados, análise histomorfométrica revelou excelente relação entre tecido calcificado e espaço medular. Os resultados indicam que rhBMP-2 causa eficiente regeneração óssea em defeitos de tamanho crítico em macacos rhesus. Kitazawa et al. 46 (1998) investigaram a expressão de BMP-2, 4 e 6 durante o reparo de fraturas em tíbias de camundongos através de hibridização in situ. Quatro, sete ou 14 dias após a fratura cirúrgica, os animais foram sacrificados e as tíbias descalcificadas para a preparação de cortes histológicos. BMP-2 foi expressa predominantemente nos condrócitos hipertróficos e nos osteoblastos na superfície marginal do tecido ósseo imaturo. Pequena expressão de BMP-4 e 6 foi verificada em células mesenquimais e nas áreas de 35 diferenciação condrocítica, expressão que diminuiu durante a formação de tecido ósseo imaturo. BMP-4 e 6 parecem ser importantes nas fases iniciais , enquanto BMP-2 contribui nas fases intermediárias e tardias do reparo. Bostrom 11 (1998) revisou trabalhos que descreveram a presença de BMPs e seus receptores no reparo de fraturas. Durante os primeiros estágios do reparo, só um número mínimo de células primitivas expressam BMP no calo ósseo. Conforme o processo de ossificação endocondral procede, a presença de BMP e seus receptores aumenta drasticamente, especialmente nas células mesenquimais primitivas e nos condrócitos. Enquanto o componente cartilaginoso do calo amadurece, com concomitante diminuição do número de células primitivas, existe uma diminuição na presença de células queexpressam BMP. Assim que osteoblastos começam a depositar osso imaturo sobre a matriz condróide, estas células expressam BMP e seus receptores. Com a remodelação óssea, a presença de BMP diminui novamente. Observação semelhante ocorre nas áreas do calo que sofrem ossificação intramembranosa. Visto isso, acredita-se que estas proteínas exercem importantes e diferentes papéis durante o reparo de fraturas . Kaneko et al. 44 (2000) examinaram o efeito direto das BMPs na reabsorção sobre lâminas de dentina em cultura de células semelhantes a osteoclastos, que são células multinucleadas fosfatase ácida tartarato resistente (TRAP) positivas. A presença de atividade da TRAP é utilizada como marcador de osteoclastos. BMP-2 e BMP-4 causaram aumento na reabsorção causada por osteoclastos. BMP-2 também elevou a expressão de ácido ribonucléico mensageiro 36 (mRNA) de catepsina K e anidrase carbônica II, enzimas-chave para a degradação da matriz óssea orgânica e inorgânica, respectivamente. Tais resultados mostram uma nova visão sobre o papel multifuncional das BMPs no desenvolvimento ósseo. 2.4 Estatinas A descoberta dos inibidores HMG-CoA redutase, ou simplesmente estatinas, revolucionou o tratamento da hipercolesterolemia, o primeiro fator de risco de doença coronariana. As estatinas são os agentes hipolipidêmicos mais usados na atualidade devido a sua eficácia na redução do nível de colesterol sangüíneo e às suas excelentes tolerabilidade e segurança (Maron et al. 58 , 2000). Em 1976, Endo et al. 26 demonstraram que a mevastatina, primeira estatina descrita, isolada de culturas de Penicillium citrinum e inicialmente denominada ML236B, inibia especificamente, de modo competitivo com relação ao substrato HMG-CoA, a HMG-CoA redutase, que é a enzima limitante no metabolismo do colesterol, não afetando o restante das enzimas envolvidas. Mais tarde, a lovastatina, anteriormente denominada mevinolina, um análogo estruturalmente correlato a mevastatina, diferente apenas devido à presença de um grupamento metila, foi isolada de culturas de Aspergillus terreus, por Alberts et al. 2 (1980). 37 A sinvastatina (Hoffman et al. 39 , 1986) e a pravastatina são modificações químicas da lovastatina, sendo consideradas formas semi-sintéticas. Fluvastatina, atorvastatina e cerivastatina são totalmente sintéticas (Maron et al. 58 , 2000). O colesterol, sintetizado ou derivado da dieta, tem vários papéis importantes, pois é o principal esteróide humano e é um componente de, praticamente, todas as membranas plasmáticas e intracelulares (Glew 33 , 1998). O colesterol da dieta é transportado do intestino pelos quilomícrons. O fígado e os tecidos periféricos podem sintetizar este esteróide ou obtê-lo a partir das lipoproteínas circulantes. O colesterol circula continuamente entre o fígado e os tecidos periféricos: enquanto lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e de muito baixa densidade (VLDL) o transportam a partir do fígado, lipoproteínas de alta densidade (HDL), transportam-no de volta dos tecidos periféricos (Voet et al. 94 , 2000). O colesterol é sintetizado em uma variedade de tecidos a partir da acetil-coenzima A (acetil–CoA). Embora a biossíntese ocorra na maioria das células, esta capacidade é maior no fígado, no intestino, no córtex adrenal e nos tecidos reprodutores. Acetil-CoA pode ser obtida da -oxidação de ácidos graxos, da oxidação de aminoácidos cetogênicos como leucina e isoleucina e da reação da piruvato desidrogenase (Glew 33 , 1998). A concentração de qualquer substância no sangue é o resultado de um equilíbrio entre sua taxa de produção e de remoção. A limitação da biossíntese de colesterol, de triacilglicerol e a manutenção de uma dieta pobre em gorduras e colesterol diminuem as taxas de produção de VLDL e LDL. A remoção de LDL da circulação 38 é mediada por receptores de LDL, possuindo uma função importante na manutenção dos níveis de colesterol LDL (Voet et al. 94 , 2000). A enzima HMG-CoA redutase, que libera o precursor do colesterol, o mevalonato, a partir da acetil-CoA, constitui a etapa limitante da via metabólica. A inibição competitiva desta enzima pelas estatinas produz respostas celulares compensatórias como o aumento da expressão de receptores de LDL e de HMG-CoA redutase. Em razão do aumento compensatório de HMG-CoA redutase, a síntese do colesterol celular é apenas ligeiramente reduzida, mas a eliminação do colesterol pelo mecanismo de receptor LDL é marcantemente potencializada, levando a reduções mantidas do colesterol sérico (Lennernäs & Fager 51 , 1997). O efeito mais pronunciado consiste na redução do colesterol LDL, mas também há uma redução no conteúdo de colesterol das partículas VLDL, enquanto há um aumento do colesterol HDL (Page et al. 70 , 1999). A absorção e metabolismo de lovastatina e sinvastatina são similares. Em animais, aproximadamente 30% de uma dose oral de lovastatina e 85% de sinvastatina são absorvidos; uma absorção similar provavelmente ocorre em humanos. Após uma dose oral, concentrações plasmáticas máximas podem ser observadas em duas a quatro horas com lovastatina e em uma a duas horas com sinvastatina. Ambas são primariamente excretadas pelo fígado, e menos de 13% dos metabólitos são excretados na urina (Witztum 102 , 1996). Com ambos os fármacos, há substancial metabolização hepática de primeira passagem, devido às suas características lipofílicas, sendo que menos de 5% de uma dose oral atingem a circulação como substância ativa ou metabólitos (Hamelin & Turgeon 37 , 1998). Tanto a lovastatina 39 quanto a sinvastatina são administradas sob a forma de lactona pró- droga e precisam ser convertidas em ácido -hidroxi, por carboxiesterases no plasma e no fígado (Lennernäs & Fager 51 , 1997). A pravastatina é administrada em sua forma ativa como um sal de sódio. Aproximadamente 34% de uma dose oral são absorvidos e ocorre substancial metabolização hepática de primeira passagem. Cerca de 50% desse agente são ligados às proteínas. O fígado é a principal via de excreção, mas 20 a 40% de uma dose são excretados na urina. A fluvastatina também é administrada oralmente em sua forma ativa. A absorção é quase completa e a extração hepática é extensa. Mais de 98% da droga circulante estão ligados à proteína. Após uma dose oral, ocorrem picos de concentração plasmática em cerca de 36min. O fígado é a principal via de remoção. Menos de 5% da pravastatina ou seus metabólitos são excretados na urina e mais de 90%, nas fezes (Witztum 102 , 1996). Maior hepatosseletividade tem sido observada com os compostos menos lipofílicos (pravastatina e fluvastatina), sugerindo de fato uma complexa relação entre lipofilia e hepatosseletividade. Uma alta seletividade hepática redunda em mínima interferência com o metabolismo de colesterol em outros tecidos que não o fígado (Hamelin & Turgeon 37 , 1998). Em 1997, Lennernäs & Fager 51 , além de discutirem propriedades farmacológicas desta classe de drogas, relataram que a redução no colesterol LDL, que é obtida com as mesmas doses de lovastatina, pravastatina e fluvastatina, pode ser alcançada com sinvastatina, utilizando-se metade da dose. 40 O primeiro grande estudo epidemiológico a documentar os efeitos benéficos das estatinas em relação à mortalidade por doenças do coração foi o Scandinavian Simvastatin Survival Study (Scandinavian Simvastatin Survival Study Group 81 , 1994). Neste estudo, 4.444 pacientes, com idade entre 35 e setenta anos e que apresentaram angina pectoris ou haviam tido um infarto do miocárdio, foram acompanhados em média durante 5,4 anos, para se observarem os efeitos da redução do colesterol com uso de sinvastatina na prevenção de novos eventos cardíacos. Todos os pacientes apresentavam taxas de colesterol elevadas e foramsubmetidos a dieta para redução destas taxas. Metade dos pacientes recebeu medicamento e a outra metade, placebo. Os pacientes tratados com medicação apresentaram uma redução maior no colesterol total, no colesterol LDL com aumento do HDL e os efeitos colaterais não foram significativos. O risco de morte por doença coronariana foi reduzido em 42% no grupo tratado, no qual 19% dos pacientes apresentaram novos enfartes, enquanto que, no grupo placebo, esta taxa foi de 28%. Embora o estudo tenha enfocado a prevenção de um segundo ataque do coração, os autores notaram que a sinvastatina também reduziu a necessidade de procedimentos de revascularização em 37%, além de diminuir ligeiramente os acidentes vasculocerebrais. Utilizando os dados do Scandinavian Simvastatin Survival Study, Pedersen et al. 73 (1996) avaliaram a segurança da sinvastatina a longo prazo. A única reação adversa claramente relacionada à substância durante a pesquisa foi um caso de miopatia reversível. Exame do cristalino não mostrou diferenças entre os grupos e nenhum efeito adverso previamente não reportado foi 41 reconhecido. Não houve diferença significante relacionada a reações adversas em nenhum sistema. Concluiu-se que, na dose de 20 a 40mg/dia, em cinco anos, a sinvastatina é muito segura. Em 1996, Massy et al. 59 levantaram a hipótese de que os efeitos benéficos das estatinas poderiam não estar centrados apenas na redução do colesterol plasmático, mas também na inibição do metabolismo do mevalonato, já que produtos desta via metabólica parecem ser críticos para a proliferação de várias células. Como o metabolismo do mevalonato dá origem a uma série de isoprenóides que são vitais para diversas funções celulares, a inibição da HMG- CoA redutase pode levar a vários efeitos pleiotrópicos , entre eles: melhoria da disfunção endotelial mediada por óxido nítrico; efeitos antioxidantes; propriedades antiinflamatórias; inibição da proliferação celular com ações anticarcinogênicas em animais; estabilização de placas ateroscleróticas; efeitos anticoagulantes; inibição da rejeição de enxertos após transplante de coração e rim e ação no tecido ósseo (Davignon & Laaksonen 20 , 1999; Bellosta 7 , 2000). Goldstein & Brown 34 (1990) discutiram a regulação da via metabólica do mevalonato, que pode ser esquematizada de acordo com a Figura 1. 42 Acetil-CoA + Acetoacetil-CoA __ __ HMG-CoA Mevalonato Mevalonato-Pirofosfato Isopentenil-Pirofosfato Geranil-Pirofosfato Farnesil-Pirofosfato Esqualeno FIGURA 1-Metabolismo do mevalonato em células animais. O colesterol pode ser obtido de duas fontes: biossíntese endógena, partindo do acetil- CoA e passando pelo mevalonato; e de maneira exógena, através do mecanismo receptor de LDL. O mevalonato é também incorporado em isoprenóides não esteroidais (na direita do esquema). A homeostase do mevalonato é obtida através: a) repressão dos genes da HMG-CoA sintase, HMG-CoA redutase e receptor LDL (na esquerda do esquema); b) regulação da HMG-CoA redutase por algum dos isoprenóides não esteroidais 34 (Modificado pela autora). Colesterol __ Geranilgeranil-Pirofosfato Sintase Redutase Proteínas farnesiladas (Ras e outras) -Hormônios esteróides -Vitamina D -Ácidos biliares -Lipoproteínas Estatinas LDL plasmático __ Receptor LDL 43 2.4.1 Estatinas e osso Em 1995, Wang et al. 97 estudaram o efeito de substâncias hipolipemiantes na preservação da massa óssea, no primeiro estudo associando as estatinas ao tecido ósseo. Quarenta coelhos foram divididos em quatro grupos experimentais: sem nenhum tratamento (controle), tratados apenas com esteróides para indução de osteoporose, tratados com esteróide e lovastatina, e tratados com esteróide e bezafibrato. Os animais foram tratados por seis a oito ou por 13 a 15 semanas, após o que foram sacrificados. O nível de colesterol no sangue foi medido no momento do sacrifício. Análise histológica das áreas de osso trabecular da seção sagital da cabeça do fêmur mostrou que, no período de 13 a 15 semanas, o grupo tratado apenas com esteróide possuía área óssea significantemente menor que os grupos que foram tratados também com agentes hipolipemiantes. As médias dos níveis de colesterol sangüíneo nos grupos tratados com lovastatina e bezafibrato foram menores que as encontradas no grupo tratado apenas com esteróides. Os autores concluíram que o uso concomitante de agentes hipolipemiantes e esteróides pode diminuir a severidade da osteoporose induzida por estas últimas drogas. Cui et al. 17 (1997) induziram experimentalmente osteonecrose na cabeça do fêmur de galinhas após administração de altas doses de corticosteróides. A lovastatina foi utilizada com o intuito de prevenir os efeitos dos esteróides na formação de gordura em células em cultura, e na formação de gordura e osteonecrose em 44 galinhas. O estudo in vitro com células de medula óssea de ratos em cultura mostrou que a lovastatina inibiu a expressão do gene responsável pela produção de lipídeos induzida por esteróides, além de contrariar os efeitos inibitórios dos esteróides na expressão do gene relacionado com a produção osteoblástica. Para o estudo in vivo, foram utilizadas 83 galinhas adultas divididas em quatro grupos: grupo A, tratado apenas com metilprednisolona; grupo B, tratado com esteróide e lovastatina; grupo C, tratado apenas com lovastatina e grupo D, que não recebeu tratamento. Os animais foram sacrificados em períodos entre 48h e 24 semanas. Os níveis de colesterol sangüíneo foram medidos antes do tratamento, após seis e 12 semanas. Evidência de osteonecrose foi observada em animais do grupo A. No grupo B observou-se menos formação de gordura e nenhuma necrose óssea. Não foram encontradas alterações patológicas nos grupos C e D. As taxas de colesterol no sangue dos grupos A e B aumentaram significantemente em seis semanas. No entanto, esses valores foram reduzidos no grupo B em 12 semanas, mantendo-se altos no grupo A. Não houve alteração nos níveis de colesterol do grupo C e controle. Os autores concluíram que agentes hipolipemiantes como a lovastatina podem ser muito úteis na prevenção da osteonecrose induzida por esteróides. Para investigar a possibilidade do envolvimento do colesterol nos eventos de fusão celular, como o que ocorre para a formação dos osteoclastos, Sato et al. 80 (1998) examinaram os efeitos da diminuição de LDL e os efeitos de inibidores da HMG-CoA redutase na formação, em cultura, de células semelhantes a osteoclasto (células multinucleadas TRAP-positivas). A diminuição do LDL 45 suprimiu a formação de células semelhantes a osteoclastos, além de aumentar a formação de células TRAP-positivas mononucleares. A formação de células multinucleadas também foi suprimida pela adição de sinvastatina nos estágios tardios da cultura (dia 4-7), com um efeito inibitório dependente da dose e do tempo de tratamento. Na ausência de sinvastatina, a formação de células semelhantes a osteoclastos foi retomada. De acordo com os resultados, os autores sugerem que o colesterol nas membranas dos monócitos está envolvido na formação de células multinucleadas TRAP-positivas, através dos eventos de fusão de membranas. Em 1998, Luckman et al. 53 estudaram a reabsorção óssea e a apoptose em osteoclastos e células J774, causadas pela mevastatina e por bisfosfonatos, além de verificar se a apoptose induzida por estas drogas era associada à inibição da prenilaçãode algumas proteínas, como Ras. Dadas as dificuldades em se isolar um grande número de osteoclastos para estudos bioquímicos, os autores utilizaram macrófagos J774 como modelo experimental. O número de osteoclastos e a reabsorção óssea foram medidos em calvária murina neonatal cultivada com PTH. À cultura, adicionou-se alendronato ou mevastatina, sendo que ambos causaram inibição dose dependente da reabsorção óssea estimulada por PTH e diminuição do número de osteoclastos. Tal inibição foi reduzida com o acréscimo de ácido mevalônico. Em cultura de células J774 e em culturas de células da medula óssea, a mevastatina foi mais potente estimulando apoptose que alendronato e risendronato. Apoptose induzida por mevastatina ou alendronato pôde ser inibida parcialmente, através da adição de farnesil-pirofosfato, geranilgeranil-pirofosfato ou ácido mevalônico. 46 Geranilgeranil-pirofosfato é um metabólito derivado do farnesil- pirofosfato, importante na prenilação protéica. Finalmente, células J774 foram encubadas com [ 14 C] mevalonolactona por 24h e tratadas com bisfosfonatos. As proteínas de mesmo peso molecular daquelas que apresentam grupo farnesil ou geranilgeranil foram separadas por eletroforese. Os autores encontraram que, em macrófagos J774, os bisfosfonatos nitrogenados (alendronato, ibandronato e risendronato) inibem a prenilação, após tradução, de proteínas com os grupos isoprenóides farnesil ou geranilgeranil, incluindo a proteína Ras. Prenilação é necessária para a função apropriada de pequenas guanosina-trifosfatases (GTPases) como Ras, Rho, Rac e Rab no osteoclasto. Essas proteínas sinalizadoras, quando ancoradas à membrana do osteoclasto por um grupo lipídico prenil, regulam os processos celulares, incluindo organização de citoesqueleto, transporte de vesículas, formação da borda pregueada e apoptose (Cummings & Bauer 18 , 2000). O estudo de Luckman et al. 53 (1998) sugere, então, que o alendronato inibe alguma etapa na biossíntese do colesterol. Para investigar esta possibilidade, Fisher et al. 29 (1999) examinaram o efeito de intermediários da síntese deste esteróide na formação de osteoclastos e na reabsorção óssea em vários estudos in vitro, utilizando alendronato, clodronato e lovastatina. A formação de células osteoclásticas em cultura de medula óssea de ratos foi inibida tanto pela lovastatina, como pelo alendronato. A formação e a atividade osteoclástica, observadas através da formação de células TRAP-positivas de tíbias de coelhos, também foram inibidas por lovastatina e alendronato. Neste caso, os efeitos da estatina foram 47 bloqueados por mevalonato e geranilgeraniol, e os efeitos do alendronato, apenas por geranilgeraniol. A falta de efeito do mevalonato relaciona-se ao envolvimento de enzima atuante em etapa posterior à formação deste, para a obtenção do geranilgeranil- pirofosfato. Concluiu-se que, em osteoclastos, geranilgeranil- pirofosfato, o substrado da prenilação de proteínas como Ras, Rho, Rac e Rab, é o intermediário metabólico afetado pelos bisfosfonatos que contêm nitrogênio. Van Beek et al. 92 (1999) também estudaram o envolvimento de intermediários do metabolismo do mevalonato na inibição da reabsorção óssea induzida pelos bisfosfonatos, utilizando cultura de ossos longos de fetos murinos. Os autores concluíram que os bisfosfonatos que contêm nitrogênio exercem sua função anti- reabsortiva afetando enzimas do metabolismo do mevalonato, envolvidas na geração de geranilgeranil-pirofosfato. Em 1999, Mundy et al. 66 estudaram a estimulação da formação óssea pelas estatinas in vitro e in vivo, em roedores. Cerca de trinta mil compostos naturais foram testados em cultura de células ósseas murinas, à procura daqueles que pudessem aumentar a produção da BMP-2, estimulante do crescimento ósseo. Somente a lovastatina alcançou o efeito desejado. Para investigar os efeitos biológicos das estatinas no osso, lovastatina, sinvastatina, fluvastatina ou mevastatina foram adicionadas à cultura de calvária murina neonatal. As estatinas aumentaram a formação óssea em duas a três vezes. Para testar se a capacidade destas drogas estimularem a produção de BMP-2 em células em cultura existiria in vivo, os autores injetaram lovastatina ou sinvastatina via subcutânea sobre a calvária 48 de camundongos jovens. Após tratamento dos animais três vezes ao dia durante cinco dias, utilizando-se dose de 5 ou 10mg/Kg/dia, encontrou-se que o osso tratado era 50% mais espesso que o encontrado no grupo controle, que recebeu apenas o veículo de suspensão da droga. Os autores testaram ainda os efeitos da sinvastatina em ratas ovariectomizadas ou não, para que os efeitos da menopausa, quando muitas mulheres começam a ter densidade óssea diminuída, fossem simulados. Nos animais que receberam doses orais de 5 a 50mg/Kg/dia por 35 dias, as tíbias, fêmures e vértebras apresentaram-se, após análise histomorfométrica, com um aumento entre 39 e 94% no volume de osso trabecular. Os autores não excluem a possibilidade das estatinas, além de promoverem aumento ósseo, inibirem o processo de reabsorção, visto que observaram uma diminuição concomitante do número de osteoclastos, embora este efeito seja relativamente menor que o observado quanto ao aumento da formação óssea. Este trabalho foi bastante discutido na literatura e estimulou vários pesquisadores ao estudo das ações das estatinas no tecido ósseo. Garret et al. 32 (1999) examinaram os efeitos de várias estatinas (lovastatina, mevastatina, fluvastatina, pravastatina e cerivastatina) na formação óssea em cultura de calvária murina neonatal. Lovastatina, mevastatina, fluvastatina e sinvastatina estimularam o acúmulo e diferenciação de osteoblastos, além da formação óssea, em concentrações de 0,1 a 5M. Pravastatina, que difere das demais estatinas por ser a mais hidrofílica, não influenciou o tecido ósseo. Cerivastatina estimulou a formação óssea em concentrações de 0,02 a 0,2M, sendo três vezes mais potente que as 49 demais drogas desta classe, além de apresentar efeito prolongado após breve exposição. O efeito de todas as estatinas na formação óssea relaciona-se com a transcrição de BMP-2, com exceção da pravastatina. Os autores ainda trataram ratos com cerivastatina e verificaram um aumento de cerca de três vezes na expressão de mRNA para BMP-2 nas tíbias quando comparado com o controle. Conclui-se que a cerivastatina estimula a transcrição de BMP-2, expressão de mRNA para BMP-2 in vivo e formação óssea in vitro em doses menores que as demais estatinas. Sugiyama et al. 85 (2000) analisaram o efeito de vários compostos em células de osteossarcoma contendo gene BMP-2 humano, em busca de moléculas que induzissem BMP-2. Os autores verificaram que compactina e sinvastatina, mas não pravastatina, induziram atividade do promotor BMP-2, além do aumento dos níveis de mRNA e proteína nas células estudadas. A ativação do promotor foi completamente inibida pela adição de mevalonato. Os resultados sugerem que as estatinas, se seletivamente direcionadas ao osso, podem apresentar efeitos benéficos no tratamento da osteoporose e fraturas. Para investigar a relação entre uso de estatina e risco de fratura em mulheres idosas, Chan et al. 15 (2000) analisaram os dados dos registros de seis organizações de saúde nos Estados Unidos, em um estudo retrospectivo. Informações foram obtidas a partir dos pedidos de indenização e utilização dos serviços de farmácia. Verificaram-se os casos de pacientes com diagnóstico de fratura não patológica no período de um ano, encontrando-se 928 casos. Estes pacientes foram combinados a pacientes-controle que não sofreram 50 fraturas no período, num total de 2747 pessoas. Exposição à estatina foi determinada a partir dos registros de retirada destas drogas, noserviço de farmácia, nos dois anos antes da data da fratura. Imaginou- se que cada retirada relacionou-se a um mês de uso do medicamento. Verificou-se que mulheres com história de 13 ou mais retiradas de estatinas tiveram de 45 a 52% de redução no risco de fraturas. Não se encontrou associação entre o risco de fratura e menos que 13 retiradas. Tais dados suportam a hipótese de que os inibidores da HMG-CoA redutase proporcionam um efeito protetor com relação ao risco de fratura, podendo ser um tratamento promissor contra a osteoporose. Edwards et al. 23 (2000) examinaram os dados de mulheres do Reino Unido, para investigar a possibilidade de aumento de formação óssea após a menopausa, com o uso de estatinas para diminuição do colesterol sangüíneo. Entre a população analisada neste estudo retrospectivo, 41 mulheres faziam uso de estatinas, e cada uma delas foi combinada com dois ou três pacientes-controle. Densidade óssea mineral da coluna vertebral e do osso do quadril foram medidas, utilizando-se o sistema DXA (dupla emissão de raios X) e comparadas entre os dois grupos. As pacientes medicadas apresentaram significantemente maior densidade óssea, mesmo após exclusão das pacientes em reposição hormonal. Estudos prospectivos são necessários para confirmar tais resultados. Para determinar se a exposição a estatinas, fibratos ou a outros agentes hipolidêmicos estava associada com reduzido risco de fratura, Meier et al. 61 (2000), no Reino Unido, também propuseram um estudo retrospectivo. Uma população base constituída de três grupos 51 foi identificada: a) grupo 1 composto por 28340 pacientes que receberam ao menos uma prescrição de agente hipolipidêmico; b) grupo 2 composto por 13271 pacientes com hiperlipidemia que não utilizavam nenhum medicamento; c) grupo 3, com cinqüenta mil pacientes que foram aleatoriamente selecionados, sem diagnóstico de hiperlipidemia. Membros dos três grupos foram acompanhados até que sofressem alguma fratura, deixassem o serviço ou morressem. Um total de 3940 pacientes que tiveram fratura óssea foram identificados e combinados a 23379 pacientes controle. Pessoas que utilizavam agentes hipolipidêmicos foram categorizadas como usuários atuais (última prescrição a menos de trinta dias da data da fratura), recentes (última prescrição entre trinta e 89 dias antes da data da fratura) ou antigos (última prescrição há mais de noventa dias antes da fratura). Encontrou-se que pacientes usuários atuais ou recentes de estatinas tiveram um risco significantemente menor de fraturas, 50 e 30% aproximadamente. Os demais agentes hipolipidêmicos não foram associados a menor risco de fratura. Os autores concluíram que uso corrente de estatinas está associado a um menor risco de fratura em indivíduos de cinqüenta anos ou mais, sendo necessária a confirmação destes dados em estudos prospectivos. Em mais um estudo retrospectivo, utilizando pacientes acima de 65 anos, envolvidos em programa de assistência médica e medicamentosa nos Estados Unidos, Wang et al. 98 (2000) propuseram- se a verificar se o uso de estatinas está associado à redução do risco de fratura do osso do quadril. Os casos de fratura (1222) foram comparados com controles aleatoriamente selecionados (4888), combinados por sexo e idade. O uso de estatina ou outro agente 52 hipolipidêmico e a extensão de uso foram determinados a partir do registro de prescrições durante três anos precedentes à fratura. O risco de fratura foi significantemente menor (43-50%) nos pacientes que utilizavam sinvastatina e o uso de outros agentes hipolipidêmicos não foi associado a menor risco de fratura. Existiu uma tendência de menor risco nos pacientes que usaram os inibidores da HMG-CoA redutase por períodos mais longos, que assumiu significância estatística após dois a três anos. Tais achados suportam a associação entre o uso de estatinas por pacientes idosos e redução do risco de fratura do osso do quadril. Chung et al. 16 (2000) estudaram os efeitos das estatinas na densidade mineral óssea em pacientes com diabetes mellitus do tipo II, através da análise de registros médicos. Foram incluídos no estudo 69 pacientes com diabetes tipo II, sendo 36 usuários de estatinas, e os restantes, pacientes-controle. Densidade mineral óssea da coluna vertebral, fêmur e quadril foram medidas através do sistema DXA. A média de acompanhamento dos pacientes tratados foi de 153 meses, e do grupo controle, 142 meses. O aumento na densidade óssea mineral do grupo tratado foi significantemente maior que no grupo controle, mesmo após ajuste de idade e índice de massa corpórea. Os autores sugerem que as estatinas previnem a perda óssea em pacientes com diabetes do tipo II. Wada et al. 96 (2000) investigaram a relação entre uso de estatina e densidade óssea mineral da coluna lombar em 440 pacientes com diabetes do tipo II. A densidade óssea foi medida através do sistema DXA. Estatinas eram utilizadas em 131 pacientes, sendo que 88,5% usavam pravastatina, 9,2%, sinvastatina e 2,3%, 53 fluvastatina. A densidade óssea foi significantemente menor no grupo que recebia estatina que no grupo controle. Encontrou-se, ainda, uma correlação negativa entre nível de colesterol sangüíneo e densidade óssea. Levantou-se a hipótese de que, como a via metabólica do mevalonato é essencial para a função do osteoclasto, níveis elevados de colesterol poderiam ativar a função desta célula. Os autores acreditam que os resultados não esperados podem ser devido à diferença entre as estatinas. A droga mais utilizada neste estudo foi a pravastatina, a única estatina que se relata não aumentar a formação óssea. Pedersen & Kjekshus 72 (2000) examinaram a freqüência de fraturas no Scandinavian Sinvastatin Survival Study. Encontraram 155 pacientes com relato de fratura, não havendo diferença estatisticamente significante entre o número de fraturas no grupo tratado e controle, nem quando a análise foi dividida por sexo. Existem algumas limitações nesta análise, visto que fraturas resultantes de traumas severos não foram diferenciadas das fraturas decorrentes de osteoporose. Maeda et al. 54 (2001) verificaram os efeitos da sinvastatina na diferenciação osteoblástica, utilizando cultura de células semelhantes a osteoblastos e células da medula óssea de ratos. A sinvastatina aumentou a atividade de fosfatase alcalina e a mineralização, numa relação dose e tempo dependente. Análise de Northern blot mostrou que a sinvastatina aumentou a expressão de BMP-2 em células semelhantes a osteoblastos, além de aumentar mRNA para colágeno tipo-I. Esses resultados indicam que a sinvastatina exerce efeitos anabólicos no osso, através da promoção de 54 diferenciação osteoblástica, podendo ser útil, no futuro, para o tratamento de doenças metabólicas como a osteoporose. 3 PROPOSIÇÃO Este trabalho teve como objetivos: a) avaliar a influência da sinvastatina sobre a reparação óssea em defeitos monocorticais em tíbias de ratos; b) comparar as vias oral e subcutânea, para a administração da sinvastatina, visando-se a melhoria do reparo ósseo; c) correlacionar os dados obtidos com os níveis de colesterol sangüíneo. 4 MATERIAL E MÉTODO 4.1 Animais Para este trabalho foram utilizados quarenta ratos machos adultos (Rattus norvegicus,variação albinus, Wistar) com aproximadamente cem dias de idade, pesando cerca de 400g, mantidos em gaiolas em temperatura ambiente e alimentados com ração (ração Labina para ratos, hamsters e camundongos-Purina) e água ad libitum, fornecidos pelo Biotério da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos–UNESP. Este estudo foi realizado de acordo com os Princípios Éticos na Experimentação Animal, adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e foi aprovado pelo
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