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Influência da Sinvastatina na Reparação Óssea em Ratos

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ANA LIA ANBINDER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFLUÊNCIA DA SINVASTATINA, ADMINISTRADA VIA 
ORAL OU SUBCUTÂNEA, NA REPARAÇÃO ÓSSEA EM TÍBIAS 
DE RATOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à Faculdade de 
Odontologia de São José dos Campos, 
Universidade Estadual Paulista, como parte 
dos requisitos para a obtenção do título de 
MESTRE, pelo Programa de Pós-Graduação 
em ODONTOLOGIA,
 
Área de Concentração 
em Biopatologia Bucal 
ANA LIA ANBINDER 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFLUÊNCIA DA SINVASTATINA, ADMINISTRADA VIA 
ORAL OU SUBCUTÂNEA, NA REPARAÇÃO ÓSSEA EM 
TÍBIAS DE RATOS 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos 
Campos, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos 
para a obtenção do título de MESTRE, pelo Programa de Pós-
Graduação em ODONTOLOGIA, Área de Concentração em 
Biopatologia Bucal 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora Profa. Adjunta Yasmin Rodarte Carvalho 
 
 
 
 
 
 
 
São José dos Campos 
2001 
Apresentação gráfica e normalização de acordo com: 
 
BELLINI, A.B.; SILVA, E.A. Manual para elaboração de 
monografias: estrutura do trabalho científico. São José dos Campos: 
FOSJC/UNESP, 2000. 81p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANBINDER, A.L. Influência da sinvastatina, administrada via 
oral ou subcutânea, na reparação óssea em tíbias de ratos. 2001. 
123f. Dissertação (Mestrado em Odontologia, Área de concentração 
em Biopatologia Bucal)-Faculdade de Odontologia de São José dos 
Campos, Universidade Estadual Paulista. São José dos Campos. 
 
 
A meu pai Jaime 
À minha mãe Jaci 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho 
com todo carinho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Minha Homenagem e Agradecimento 
 
 
Às queridas mestras 
 
 
 
 Profa. Adjunta Yasmin Rodarte Carvalho 
 Profa. Dra Marcia Carneiro Valera 
 Profa. Dra Rosilene Fernandes da Rocha 
 
 
Foram elas, cada uma a seu tempo e a seu modo, que me inspiraram a 
aprender sempre mais para poder transmitir o melhor e tornar-me 
capaz de ajudar quem de mim precise. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecimento Especial 
 
 
 
À querida Profa. Dra Mônica Fernandes Gomes, que me orientou 
quando não sabia que caminho seguir. 
 
 
 
A minha amiga e colega Juliana Campos Junqueira pelo seu apoio e 
ajuda, porque sem eles não seria possível concluir este trabalho. 
 
 
 
Ao querido Tomaz Sanchez Ferreira Franco, pela compreensão e 
paciência nos meus momentos de ausência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita 
Filho”, na pessoa da Diretora da Faculdade de Odontologia de São 
José dos Campos, Profa. Tit. Maria Amélia Máximo de Araújo, 
pela oportunidade e por toda a minha formação científica. 
 
Ao Departamento de Biociências e Diagnóstico 
Bucal, pela oportunidade de realização do curso. 
 
Aos animais experimentais, seres cujas vidas foram 
sacrificadas em benefício do progresso da ciência, na busca de 
respostas para os questionamentos desta última, agradeço o sacrifício 
maior, com a certeza de não ter sido em vão; a eles, o meu profundo 
respeito. 
 
Ao Prof. Ivan Balducci, pela elaboração da análise 
estatística e gráficos dos resultados da pesquisa; pelos conselhos e 
ensinamentos. 
 
À Profa. Maria Nadir Gasparoto Mancini por toda 
atenção e ajuda durante as análises bioquímicas contidas neste 
trabalho. 
 
À Profa. Adjunta Carmelinda Schmidt 
Unterkircher, pelo interesse, pelas opiniões e pelo auxílio na 
pesquisa da solubilização da sinvastatina. 
 
Ao Prof. Dr. Nélson Luís Macedo, pelo empréstimo 
do motor elétrico utilizado nos procedimentos cirúrgicos e pela 
disponibilidade em dividir seu conhecimento. 
 
Às Profas. Dras. Janete Dias de Almeida e Emília 
Ângela Loschiavo Arisawa, pela paciência com que sempre me 
receberam, ensinaram e discutiram a metodologia utilizada nesta 
pesquisa. 
 
Aos funcionários do Biotério Lourival Jacobs e 
Antônio Domingos Sávio Barbosa Maia Vasconcelos, que tornaram 
possível a realização deste trabalho, pela presença constante, 
convivência alegre e grande colaboração durante a fase experimental 
desta pesquisa. 
 
Aos Colegas do Programa de Pós-Graduação que 
tanto enriqueceram o trabalho com sugestões, pela partilha de novos 
achados, referências e pela contribuição em todos os momentos. 
 
Às técnicas do Laboratório de Apoio à Pesquisa Maria 
Salete Faria e Mônica de Oliveira Guimarães Figueiredo, por todo 
o cuidado e atenção durante o preparo do material histológico. 
 
Às minhas amigas Talita Inoue, Karine Tenório 
Landim e Tatiana Varas Siqueira, que descobriram comigo algumas 
pedras no caminho da ciência, com a certeza de que foi bom não estar 
sozinha. 
 
À Faculdade de Odontologia de Piracicaba UNICAMP, 
nas pessoas do Prof. Dr. Francisco Haiter Netto (Disciplina de 
Radiologia) e Prof. Dr. José Merzel (Disciplina de Histologia), que 
nos receberam tão bem, colocando inteiramente à disposição os 
equipamentos solicitados, bem como orientando a utilização dos 
mesmos. 
 
À Terezinha de Fátima Arantes de Melo e Sílvia 
Scarpel pela disponibilidade e ajuda em todas as dúvidas. 
 
Ao Laboratório Baldacci, por ter cedido o Sinvascor. 
 
Ao farmacêutico Ivan da Gama Teixeira, pela 
atenção dispensada e ajuda na preparação do medicamento injetável. 
 
À minha amiga Josemari Pauletti, pelo auxílio 
competente na elaboração das pranchas fotográficas. 
 
À bibliotecária Angela de Brito Bellini, pela amizade, 
paciência e orientação na revisão deste trabalho. 
 
Muitos são os companheiros de jornada que 
possibilitaram a finalização deste trabalho. A minha melhor gratidão é 
trazer um pouco de cada um deles dentro de mim e levar os frutos de 
suas sementes para minha vida, meu trabalho e minhas obras. 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS ......................................................................... 10 
LISTA DE TABELAS ......................................................................... 14 
LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................. 16 
RESUMO ............................................................................................ 18 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 19 
2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................... 22 
2.1 Estrutura óssea ................................................................................ 22 
2.2 Remodelação óssea ......................................................................... 24 
2.3 Reparação óssea ............................................................................. 27 
2.3.1 BMPs e reparo ósseo ................................................................... 32 
2.4 Estatinas ......................................................................................... 36 
2.4.1 Estatinas e osso ............................................................................ 43 
3 PROPOSIÇÃO .................................................................................. 55 
4 MATERIAL E MÉTODO ................................................................. 56 
4.1 Animais .......................................................................................... 56 
4.2 Procedimentos cirúrgicos ................................................................ 56 
4.3 Preparação da droga ....................................................................... 60 
4.4 Grupos experimentais ..................................................................... 60 
4.5 Dosagem de colesterol .................................................................... 63 
4.5.1 Preparação do reativocromogênico ............................................. 63 
4.5.2 Método de Huang modificado...................................................... 64 
4.6 Análise do reparo ósseo .................................................................. 65 
4.6.1 Densitometria óssea ..................................................................... 65 
4.6.2 Análise histológica ...................................................................... 68 
4.6.3 Análise histomorfométrica ........................................................... 69 
4.7 Análise estatística ........................................................................... 70 
5 RESULTADOS ................................................................................. 72 
5.1 Nível de colesterol total sangüíneo ................................................. 72 
5.2 Densidade óssea ............................................................................. 74 
5.3 Porcentagem de área óssea no centro do defeito ............................. 79 
5.4 Análise histológica ......................................................................... 81 
5.4.1 Período de 15 dias ....................................................................... 82 
5.4.2 Período de 30 dias ....................................................................... 88 
6 DISCUSSÃO..................................................................................... 93 
7 CONCLUSÃO .................................................................................. 104 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 105 
ANEXOS ............................................................................................. 117 
ABSTRACT ........................................................................................... 122 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
 
 
FIGURA 1- Metabolismo do mevalonato em células 
animais. O colesterol pode ser obtido de duas 
fontes: biossíntese endógena, partindo do acetil-
CoA e passando pelo mevalonato; e de maneira 
exógena, através do mecanismo receptor de 
LDL. O mevalonato é também incorporado em 
isoprenóides não esteroidais (na direita do 
esquema). A homeostase do mevalonato é obtida 
através: a) repressão dos genes da HMG-CoA 
sintase, HMG-CoA redutase e receptor LDL (na 
esquerda do esquema); b) regulação da HMG-CoA 
redutase por algum dos isoprenóides não 
esteroidais
34 
(modificado pela autora)....................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
FIGURA 2- Procedimento cirúrgico: a) exposição do tecido 
ósseo; b) aspecto final do defeito ósseo 
monocortical; c) sutura da camada muscular. d) 
sutura da pele............................................................ 
 
 
 
 
59 
FIGURA 3- Radiografia contendo cinco tíbias de animais de um 
mesmo grupo e penetrômetro de alumínio................ 
 
 
66 
FIGURA 4- Médias e desvios-padrão referentes à interação 
entre via de administração, medicamento e tempo 
de observação para os dados de nível de colesterol 
total (mg/dl).............................................................. 
 
 
 
 
74 
FIGURA 5- Gráfico de médias de densidade óssea (mmAl) 
referente à interação entre via de administração e 
medicamento............................................................. 
 
 
 
77 
FIGURA 6- Gráfico de médias de densidade óssea (mmAl) 
referente à interação entre via de administração e 
 
 
tempo de observação................................................. 
 
78 
FIGURA 7- Gráfico de médias de densidade óssea (mmAl) 
referente `a interação entre via de administração, 
medicamento e tempo de observação....................... 
 
 
 
79 
FIGURA 8- Gráfico de médias de porcentagem de formação 
óssea no centro do defeito, referente à interação 
entre via de administração, medicamento e tempo 
de observação............................................................ 
 
 
 
 
81 
FIGURA 9- Grupo AC15: a) fechamento linear do defeito 
experimental com tecido ósseo esponjoso. Margens 
do defeito definidas e formação de tecido ósseo no 
interior do canal medular. Aumento original de 
25x. Tricrômico de Masson; b) trabéculas ósseas 
imaturas, delimitando espaços medulares, a partir 
da borda do defeito, com presença de tecido 
conjuntivo fibroso na superfície. Aumento original 
de 100x. HE.............................................................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
84 
FIGURA 10- Grupo AT15: a) fechamento linear do defeito 
experimental com tecido ósseo esponjoso. Margens 
do defeito definidas e formação de tecido ósseo no 
interior do canal medular. Aumento original de 
25x. HE; b) trabéculas ósseas imaturas, não 
lamelares, com osteócitos e osteoplastos 
volumosos, delimitando espaços medulares, com 
presença de tecido conjuntivo na superfície. 
Aumento original de 200x. HE................................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
85 
FIGURA 11- Grupo BC15: a) fechamento linear do defeito 
experimental com tecido ósseo esponjoso. Margens 
do defeito definidas, formação de tecido ósseo no 
interior do canal medular e na região oposta ao 
defeito. Tecido conjuntivo sobre a ponte de tecido 
ósseo neoformado, sem invasão do defeito. 
Aumento original de 25x. HE; b) trabéculas ósseas 
imaturas, contendo osteócitos e osteoplastos 
volumosos, circundadas por células osteogênicas e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
delimitando espaços medulares. Aumento original 
de 200x. HE.............................................................. 
 
 
86 
FIGURA 12- Grupo BT15: a) fechamento linear do defeito 
experimental com tecido ósseo esponjoso. Margens 
do defeito definidas e formação de tecido ósseo no 
interior do canal medular. Tecido conjuntivo sobre 
a ponte de tecido ósseo neoformado, sem invasão 
do defeito. Aumento original de 25x. HE; b) tecido 
ósseo imaturo, contendo osteócitos e osteoplastos 
volumosos e célula gigante na periferia. Células 
osteogênicas do periósteo em organização. 
Aumento original de 630x. HE................................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
87 
FIGURA 13- Grupo AC30: a) fechamento linear do defeito 
experimental com tecido ósseo predominantemente 
cortical. Trabéculas ósseas no interior do canal 
medular. Tecido conjuntivo sobre a ponte de tecido 
ósseo neoformado, sem invasão do defeito. 
Aumento original de 25x. HE; b) tecido ósseo 
neoformado, contendo osteócitos em disposição 
mais regular que nos espécimes sacrificados em 15 
dias. Aumento original de 200x. HE......................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
89 
FIGURA 14- Grupo AT30: a) fechamento linear do defeito 
experimental com tecido ósseo cortical. Trabéculas 
ósseas no interior do canal medular. Tecido 
conjuntivo sobre a ponte de tecido ósseo 
neoformado, sem invasão do defeito e remodelação 
no osso preexistente. Aumento original de 25x. HE; 
b) linhas reversas no tecido ósseo neoformado e 
início de organização lamelar. Aumento original de 
400x. HE................................................................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
90 
FIGURA 15- Grupo BC30: a) fechamento linear do defeito 
experimental com tecido ósseo cortical e poucas 
trabéculas ósseas no interior do canal medular. 
Tecido conjuntivo sobre a ponte de tecido ósseo 
neoformado, sem invasão do defeito. Aumento 
original de 25x. HE; b) ponte de tecido cortical, 
 
 
 
 
 
 
revestida por células osteogênicas, apresentando 
linhas reversas e início de organização lamelar. 
Aumento original de 200x........................................ 
 
 
 
91 
FIGURA 16- Grupo BT30: a) fechamento linear do defeito 
experimental com tecido ósseo cortical e poucas 
trabéculas ósseas no interior do canal medular. 
Tecido conjuntivo sobre a ponte de tecido ósseo 
neoformado, sem invasão do defeito. Aumento 
originalde 25x. HE; b) ponte de tecido cortical, 
revestida por células osteogênicas. Aumento 
original de 200x. HE................................................. 
 
 
 
 
 
 
 
92 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
 
 
Tabela 1- Estatística descritiva referente aos dados do nível de 
colesterol sangüíneo, apresentados na Tabela 9 
(Anexo C)(mg/dl).......................................................... 
 
 
73 
 
Tabela 2- Resultados da ANOVA, referente aos dados do nível 
de colesterol sangüíneo, apresentados na Tabela 9 
(Anexo C)...................................................................... 
 
 
73 
 
Tabela 3- Estatística descritiva dos valores de densidade óssea, 
apresentados na Tabela 10 (Anexo D) (mmAl)............ 
 
75 
 
Tabela 4- Resultados da ANOVA, referente aos dados de 
densidade óssea, apresentados na Tabela 10 (Anexo 
D).................................................................................. 
 
 
75 
 
Tabela 5- Representação, em ordem decrescente de médias de 
densidade óssea, dos conjuntos que diferem 
significantemente, na interação via de administração x 
medicamento, pelo teste de Tukey(5%)....................... 
 
 
 
76 
 
Tabela 6- Representação, em ordem decrescente de médias de 
densidade óssea, dos conjuntos que diferem 
significantemente, na interação via de administração x 
tempo, pelo teste LSD (5%).......................................... 
 
 
 
77 
 
Tabela 7- Estatística descritiva referente aos dados de 
porcentagem de área de osso neoformado no centro 
do defeito experimental, apresentados na Tabela 11 
(Anexo E)...................................................................... 
 
 
 
80 
 
Tabela 8- Resultados da ANOVA, referentes aos dados de 
porcentagem de área de osso neoformado no centro 
do defeito experimental, apresentados na Tabela 11 
 
 
 
(Anexo E)...................................................................... 80 
 
Tabela 9- Valores médios das medidas do nível de colesterol 
sangüíneo (em mg/dl)................................................... 
 
119 
 
Tabela 10- Valores médios das medidas de densidade óssea na 
região central do defeito experimental (em mmAl)...... 
 
120 
 
Tabela 11- Valores médios da porcentagem de área de osso 
neoformado no centro do defeito experimental........... 
 
121 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
 
 
 
1,25 D3= 1,25 diidroxivitamina D3 
ABS= Absorbância 
AC= Grupo A (via subcutânea) Controle 
aFGF= Fator de Crescimento Fibroblástico Ácido 
ANOVA= Análise de Variância 
AT= Grupo A (via subcutânea) Tratado 
BC= Grupo B (via oral) Controle 
bFGF= Fator de Crescimento Fibroblástico Básico 
BMP= Proteína Morfogenética Óssea 
BSA= Soroalbumina Bovina 
BT= Grupo B (via oral) Tratado 
CoA= Coenzima A 
DMSO= Dimetilsulfóxido 
DXA= Dual X-Ray Absorptiometry- Dupla Emissão de Raios X 
FGF= Fator de Crescimento Fibroblástico 
GTPase= Guanosina-trifosfatase 
HDL= Lipoproteína de Alta Densidade 
HE= coloração de Hematoxilina e Eosina 
HMG-CoA= 3-Hidroxi 3-Metilglutaril Coenzima A 
IGF= Fator de Crescimento Insulínico 
IL= Interleucina 
LDL= Lipoproteína de Baixa Densidade 
LSD= Teste das Mínimas Diferença Significantes 
mmAl= Equivalentes de milímetros de Alumínio 
mRNA= Ácido Ribonucléico Mensageiro 
PBS= Solução Salina Tamponada 
PDGF= Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas 
PTH= Paratormônio 
rhBMP= Proteína Morfogenética Óssea Recombinante Humana 
RX= Raios X 
TGF= Fator de Crescimento Transformante 
TNF= Fator de Necrose Tumoral 
TRAP= Fosfatase Ácida Tartarato Resistente 
tRNA= Ácido Ribonucléico Transportador 
VLDL= Lipoproteína de Muito Baixa Densidade 
ANBINDER, A.L. Influência da sinvastatina, administrada via 
oral ou subcutânea, na reparação óssea em tíbias de ratos. 2001. 
123f. Dissertação (Mestrado em Odontologia, Área de concentração 
em Biopatologia Bucal) – Faculdade de Odontologia de São José dos 
Campos, Universidade Estadual Paulista. São José dos Campos. 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da sinvastatina, administrada por 
via oral ou subcutânea, na reparação de defeitos ósseos monocorticais, 
correlacionando-a com os níveis de colesterol sangüíneo em ratos. Foram 
utilizados quarenta animais machos, nos quais foram realizados defeitos 
monocorticais na tíbia direita. Os animais do grupo A receberam injeção 
subcutânea de sinvastatina (7mg/kg) ou apenas do veículo de suspensão da droga, 
sobre a região do defeito, durante 5 dias. Os animais do grupo B receberam 
20mg/kg de sinvastatina ou água filtrada via oral diariamente, durante todo o 
período de observação. Os animais foram sacrificados após 15 ou trinta dias, 
quando amostras sangüíneas foram colhidas para análise do nível de colesterol. As 
tíbias foram submetidas à análise de densitometria radiográfica, após o que foram 
descalcificadas, para que se procedesse a análise histomorfométrica e histológica. 
Para avaliação estatística utilizou-se a análise de variância ao nível de 5%. 
Através da análise densitométrica verificou-se que a presença de medicamento 
diminuiu de maneira significativa os valores de densidade óssea no grupo A, o 
mesmo não acontecendo no grupo B. As análises histomorfométrica e histológica 
mostraram diferença entre os grupos apenas com relação ao período experimental, 
apresentando os melhores resultados os animais sacrificados em trinta dias. 
Quanto ao nível de colesterol sangüíneo, não houve diferença estatisticamente 
significante entre os grupos analisados. Conclui-se que, nas condições utilizadas, a 
sinvastatina, administrada via oral ou subcutânea, não exerce efeito estimulador 
sobre o reparo ósseo de defeitos experimentais em tíbias de ratos e não altera os 
níveis de colesterol sangüíneo. 
 
 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Estatina, reparo ósseo, densitometria, histomorfometria, 
colesterol. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
O tecido ósseo é notável em sua capacidade de reparo 
(Schenk
82
, 1994; Szachowicz
87
, 1995; Mourad
64
, 1997; Ferguson et 
al.
28
, 1999). No entanto, em casos de defeitos extensos, produzidos por 
trauma, processos patológicos, anomalias de desenvolvimento, entre 
outros, muitas vezes o tecido não tem a capacidade de reparar-se 
espontaneamente, havendo a necessidade do médico ou cirurgião-
dentista utilizar-se de técnicas cirúrgicas e/ou medicamentosas na 
tentativa de reparação da deficiência óssea. 
Deficiências ósseas são de grande interesse e afetam os 
tratamentos em todos os campos da Odontologia (Pecora et al.
71
, 
1997). Defeitos ósseos são um desafio para o cirurgião-dentista, 
principalmente nas áreas de periodontia, cirurgia bucomaxilofacial, 
prótese, ortodontia e implantodontia. 
Métodos alternativos para o reparo de defeitos ósseos 
são necessários devido às limitações e riscos dos métodos atuais de 
enxertos (Sweeney et al.
86
, 1995). Enxerto autógeno tem sido até então 
o material de escolha para o reparo de grandes defeitos. Contudo, seu 
uso é problemático devido à morbidade do sítio doador e controle de 
reabsorção. Respostas imunes e risco de contaminação viral de 
enxertos alógenos ou xenógenos tornam o uso destes materiais 
questionável enquanto materiais aloplásticos promovem reparo 
inconsistente e possuem difícil degradação, tornando seu uso restrito. 
A utilização única do princípio de regeneração óssea guiada não é 
 20 
suficiente para assegurar completo reparo ósseo. Proteínas 
morfogenéticas ósseas (BMPs) têm sido com sucesso adicionadas a 
biomateriais já conhecidos, objetivando a reparação óssea. O futuro do 
tratamento das alterações ósseas está associado ao uso de materiais 
indutores, como as BMPs (Aaboe et al.
1
, 1995). 
A literatura apresenta um número escasso de estudos 
com utilização de medicação sistêmica, como calcitonina (Arisawa 
5
, 
2000) e alendronato sódico (Silva 
84, 2000), indutores de neoformação 
óssea, em defeitos ósseos cirúrgicos (Almeida 
3
, 2001). 
As estatinas ou inibidores da enzima 3-hidroxi 3 
metilglutaril coenzima A redutase (HMG-CoA redutase) são 
medicamentos que têm sido muito utilizados durante a última década 
para a redução de níveis elevados de colesterol sangüíneo. Alguns 
estudos recentes relataram a ação destas drogas na formação óssea 
(Mundy et al.
66
, 1999), através da estimulação da produção da BMP-2 
(Mundy et al.
66
, 1999; Garret et al.
32
, 1999; Sugiyama et al.
85
, 2000). 
Visto isso, passou-se a acreditar que as estatinas, se seletivamente 
direcionadas ao osso, poderiam apresentar efeitos benéficos no 
tratamento da osteoporose e fraturas (Mundy et al.
66
, 1999; Sugiyama 
et al.
85
, 2000). 
Tais fatos suscitaram grande interesse na comunidade 
científica e vários estudos retrospectivos foram realizados, 
demonstrando a ação das estatinas na melhoria da densidade óssea e 
na redução do número de fraturas (Chan et al.
15
, 2000; Chung et al.
16
, 
2000; Edwards et al.
23
, 2000; Meier et al.
61
, 2000; Wang et al.
98
, 
2000). 
 21 
Dada a alta hepatosseletividade (Hamelin & Turgeon
37
, 
1998), as estatinas, diferentemente dos bisfosfonatos (Russel et al.
78
, 
1999), não se acumulam no tecido ósseo. Para a possível utilização 
dos inibidores da HMG-CoA redutase em moléstias ósseas, existe a 
necessidade de se encontrarem modos de administração alternativos 
que facilitem sua retenção pelo osso. 
Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo 
estudar a influência da sinvastatina, administrada via oral ou 
subcutânea, na reparação de defeitos ósseos em tíbias de ratos, bem 
como analisar os efeitos do medicamento nos níveis de colesterol 
sangüíneo nestes animais. 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
 
 
 
 
2.1 Estrutura óssea 
 
 
O osso é um tecido conjuntivo especializado composto 
por células e material intercelular calcificado, perfeitamente 
organizado para desempenhar o papel de estrutura e sustentação do 
corpo (Junqueira & Carneiro
42
, 1995; Hill & Orth
38
, 1998). Para 
realizarem formação e reabsorção óssea, homeostase mineral e reparo, 
as células ósseas possuem características especializadas que as 
diferem com relação à morfologia, função e localização. Tais células 
originam-se de duas linhagens: mesenquimal e hematopoiética. 
Células indiferenciadas, osteoblastos, células de revestimento ósseo e 
osteócitos são mesenquimais, enquanto pré-osteoclastos e osteoclastos 
são da linhagem hematopoiética (Buckwalter et al.
13
, 1995). 
Os dois principais agentes na modificação da matriz 
óssea são o osteoblasto, responsável pela formação, e o osteoclasto, 
pela reabsorção. Durante a formação óssea, os osteoblastos podem ser 
englobados pela matriz recém-produzida, tornando-se osteócitos, ou 
repousar sobre a superfície óssea, como células de revestimento, 
também chamadas de osteoblastos inativos. Além de manterem a 
integridade da matriz óssea, os osteócitos e as células de revestimento 
também participam da homeostase de cálcio nos fluidos corporais 
 23 
(Schenk
82
, 1994; Junqueira & Carneiro
42
, 1995; Mourad
64
, 1997; 
Kessel
45
, 2001). 
Os osteoblastos revestem as superfícies ósseas; 
sintetizam, embalam e exportam os constituintes orgânicos da matriz 
óssea, inclusive o colágeno do tipo I, principal constituinte da parte 
orgânica, e os proteoglicanos sulfatados. Os produtos de secreção dos 
osteoblastos são bastante diversos, entre eles: fosfatase alcalina, ácido 
hialurônico, condroitina sulfato, osteopontina, osteonectina, 
sialoproteína óssea, pró-colagenase, ativador do plasminogênio e 
BMPs. Estas últimas possuem atividade indutora de osso e são 
importantes no processo de reparo (Kessel
45
, 2001). É o estímulo das 
BMPs que responde pela atividade óssea das estatinas (Mundy et 
al.
66
,1999; Garret et al.
32
,1999; Sugiyama et al.
85
, 2000). Entre os 
fatores de crescimento encontrados no osso, alguns são produzidos 
pelas células ósseas, como fator de crescimento insulínico (IGF), fator 
de crescimento transformante (TGF), fator de crescimento 
fibroblástico (FGF), fator de crescimento derivado de plaquetas 
(PDGF) e BMPs. Outros, como interleucina-1 (IL-1) e fator de 
necrose tumoral a (TNFa) são produzidos por tecidos relacionados 
(Schenk
82
, 1994). O produto mineral final na matriz óssea é 
semelhante à hidroxiapatita cristalina e os depósitos minerais se 
formam em íntima relação espacial com as vesículas de matriz e as 
fibrilas colágenas (Junqueira & Carneiro
42
, 1995; Mourad
64
, 1997; 
Kessel
45
, 2001). 
As superfícies interna e externa dos ossos são 
revestidas por células osteogênicas e tecido conjuntivo, que formam o 
endósteo e o periósteo. Estas células têm morfologia semelhante à dos 
 24 
fibroblastos, transformando-se muito facilmente em osteoblastos e têm 
papel importante no crescimento dos ossos e reparação das fraturas 
(Junqueira & Carneiro
42
, 1995; Schenk
82
, 1994; Mourad
64
, 1997; 
Kessel
45
, 2001). 
 
 
2.2 Remodelação óssea 
 
 
A formação óssea é um processo contínuo que se inicia 
com o desenvolvimento fetal e persiste durante toda a vida como 
remodelação óssea (Ferguson et al.
28
, 1999). Remodelação óssea é um 
processo complexo que envolve a reabsorção do osso de uma 
superfície em particular, seguida por uma fase de formação óssea 
(Schenk
82
, 1994; Manolagas & Jilka
57
, 1995; Hill & Orth
38
, 1998). 
O primeiro passo do processo de reabsorção óssea 
envolve a formação de células progenitoras de osteoclastos nos 
tecidos hematopoiéticos, seguida pela disseminação vascular destas 
células e, então, formação de pré-osteoclastos e osteoclastos no tecido 
ósseo (Meghji
60
, 1992; Hill & Orth
38
, 1998). O desenvolvimento de 
osteoclastos é controlado por células da medula ou osteoblastos que 
produzem fatores como IL-6 e IL-11, que regulam a diferenciação. 
Paratormônio (PTH), 1,25 diidroxivitamina D3 (1,25 D3), e fatores 
locais como IL-1 e TNF promovem o desenvolvimento de 
osteoclastos por sua habilidade de estimularem a produção de 
citocinas, como IL-6 e IL-11 (Manolagas & Jilka
57
, 1995). O segundo 
passo corresponde à ativação do osteoclasto. Neste ponto, os 
 25 
osteoblastos parecem ter um papel importante, não só se retraindo sob 
a ação do PTH para expor a fase mineral à célula responsável pela 
reabsorção, mas também sintetizando e secretando colagenase e 
ativador de plasminogênio, o que culmina na digestão do osteóide e 
exposição da matriz mineralizada, quimiotática para osteoclastos. Os 
osteoblastos ainda liberam fatores ativadores de osteoclastos. O 
terceiro passo é a reabsorção óssea pelo osteoclasto ativado, formando 
lacunas de reabsorção, as lacunas de Howship. Estas células secretam 
ácidos orgânicos que mantêm o pH baixo e possibilitam a dissolução 
dos cristais de hidroxiapatita. Enzimas lisossomais são responsáveis 
pela digestão da matriz orgânica (Meghji
60
, 1992; Hill & Orth
38
, 
1998). 
Fatores importantes para o crescimento e 
desenvolvimento ósseo, como BMP, PDGF, fator de crescimento 
fibroblástico ácido (aFGF) e básico (bFGF), TGF-, IGF-I, presentes 
na matriz óssea, são liberados da matriz orgânica pela ação 
osteoclástica (Meghji
60
, 1992). 
A reabsorção osteoclástica pode ser estimulada por 
fatores que aumentem a proliferação de células progenitoras dos 
osteoclastos, que causem a diferenciação de pré-osteoclastos em 
células maduras ou a ativação das células maduras para que realizem 
reabsorção. Da mesma maneira, os osteoclastos podem ser inibidos 
por agentes que bloqueiem a proliferação de precursores, inibam a 
diferenciação ou fusão celular, ou ainda inativem a ação de células 
maduras (Mundy
65
, 1999). 
Na maioria das situações fisiológicas e patológicas, a 
reabsorção é seguida pela formação óssea. O primeiroevento após a 
 26 
fase de reabsorção óssea é a apoptose osteoclástica, que pode ser 
estimulada por TGF- (Hughes et al.
41
, 1996). Segue-se, na fase de 
formação óssea, a atração quimiotática dos osteoblastos ou seus 
precursores aos locais reabsorvidos, que é devida à liberação de 
fatores quimiotáticos durante a reabsorção, tais como TGF, PDGF, 
além da liberação de proteínas estruturais, como colágeno tipo I. Tais 
substâncias podem estar envolvidas no processo de maneira 
combinada ou não. O próximo passo na fase de formação é a 
proliferação de precursores de osteoblastos. Provavelmente, também 
sejam mediados pelos fatores de crescimento liberados do osso 
durante o processo de reabsorção, entre os quais: TGF-, PDGF, IGF-
I, IGF-II (Hill & Orth
38
, 1998; Mundy
65
, 1999). A terceira ocorrência 
na fase de formação é a diferenciação dos precursores dos osteoblastos 
em células maduras. Vários dos fatores de crescimento da matriz 
óssea, como IGF-I e BMP-2, podem causar o surgimento de 
marcadores dos fenótipos dos osteoblastos diferenciados, incluindo a 
expressão da atividade de fosfatase alcalina, colágeno tipo-I e 
osteocalcina (Hill & Orth
38
, 1998). A fase final do processo de 
formação óssea é o fim da atividade osteoblástica, quando a lacuna de 
reabsorção foi reparada. Não se sabe exatamente quando isto acontece. 
Uma possibilidade é a de que fatores produzidos durante o processo 
possam diminuir a atividade osteoblástica, entre eles, TGF (Mundy
65
, 
1999). 
Sistemicamente, a função das células ósseas é regulada 
principalmente pelos hormônios reguladores do metabolismo de 
cálcio: PTH, vitamina D e calcitonina. Outros hormônios também 
interferem no metabolismo ósseo, particularmente o hormônio do 
 27 
crescimento, glicocorticóides, hormônios tireoidianos e sexuais 
(Nóbrega & Lima
69
, 2000). A remodelação óssea pode ser ativada por 
hormônio de crescimento, hormônio da tireóide e paratireóide, e 
inibida pela calcitonina e cortisona. Localmente, pode ser ativada por 
trauma, como fraturas e cirurgias (Schenk
82
, 1994). 
 
 
2.3 Reparação óssea 
 
 
Osso é um dos poucos tecidos no adulto que se 
regenera totalmente em forma e função após uma lesão (Szachowicz
87
, 
1995; Mourad
64
, 1997; Ferguson et al.
28
,1999). Qualquer alteração 
óssea, como fraturas, defeitos, inserção de implantes e interrupção do 
suprimento sangüíneo, ativa a regeneração através da liberação de 
fatores de crescimento, que servem de estímulo para a diferenciação 
de células osteogênicas e produção de osso. Para tanto, algumas 
condições básicas devem ser asseguradas, como amplo suprimento 
sangüíneo e estabilidade mecânica (Schenk
82
, 1994). O mecanismo 
deste padrão de reparação é considerado uma recapitulação da 
osteogênese que ocorre no embrião e durante o período de 
crescimento (Vortkamp et al.
95
, 1998; Fegurson et al.
28
, 1999). 
Friedenstein
30
 (1976) afirmou que existem dois tipos 
de células osteoprecursoras ou osteogenéticas: determinadas e 
induzíveis. As células osteoprecursoras determinadas são as células 
estromais da medula óssea e as células indiferenciadas da camada 
profunda do periósteo e do endósteo. Estas células reagem à indução 
 28 
pela BMP, por exemplo, com proliferação e diferenciação em 
osteoblastos. Já as células osteoprecursoras induzíveis são encontradas 
em tecidos distantes do tecido ósseo, como no conjuntivo subcutâneo, 
no tecido muscular esquelético, baço e fígado. Estas últimas 
apresentam indução mais complexa e a resposta acontece por 
formação óssea indireta. Se o princípio indutor atuar sobre células 
osteoprecursoras determinadas, a reação óssea se dá pela formação 
óssea direta ou ossificação intramembranosa. Neste caso, a 
osteogênese é mais rápida. 
No passado, os diferentes estágios do reparo de fraturas 
ósseas eram documentados apenas através de exame histológico. A 
descrição histológica revela formação de hematoma, inflamação, 
demolição de restos necróticos, proliferação de tecido de granulação, 
formação de calo ósseo, conversão de osso imaturo em osso lamelar e, 
finalmente, remodelação (Junqueira & Carneiro
42
, 1995; Hollinger & 
Wong
40
, 1996; Mourad
64
, 1997). Técnicas de biologia molecular têm 
aumentado o entendimento do reparo de fraturas através da 
identificação dos fatores regulatórios do processo (Hollinger & 
Wong
40
, 1996). 
Hollinger & Wong
40 
(1996) descreveram a seqüência 
dinâmica de eventos durante o reparo de uma fratura, identificando 
vários moduladores celulares relacionados. Após a fratura, há 
estimulação da inflamação, com ativação do sistema complemento. A 
ruptura de vasos locais inicia a formação do hematoma e as plaquetas 
da área liberam PDGF, FGF e TGF-, fatores quimiotáticos e 
reguladores da atividade celular. Osteoclastos chegam, então, à região 
para remover restos necróticos da borda óssea e restos de tecido, 
 29 
juntamente com macrófagos, no estágio conhecido como fase de 
demolição. Por volta do terceiro a quinto dia após a fratura, células e 
produtos do estroma se condensam e células endoteliais derivadas dos 
vasos intactos migram e proliferam, formando novos capilares, que 
penetram no hematoma. O estímulo para tanto parece ser a hipóxia 
local e a ação quimiotática de PDGF e FGF. Há migração de 
fibroblastos e formação do tecido de granulação. Células 
osteoprogenitoras aparecem por volta do terceiro dia após a fratura. As 
células determinadas provêm do periósteo e medula óssea e podem 
expressar o fenótipo osteoblástico. As células induzíveis migram para 
a região da fratura através de vasos sangüíneos. Células mesenquimais 
indiferenciadas também podem ser consideradas osteoprogenitoras e, 
sob a ação das BMPs, serem convertidas em osteoblastos. Os 
osteoblastos iniciam a síntese de matriz, após o que começa a 
deposição e crescimento de cristais, com estrutura de hidroxiapatita, 
sobre as fibras colágenas. Este processo é iniciado pela ação da 
enzima fosfatase alcalina, aproximadamente dez dias após a fratura. 
Em locais onde há mobilidade, pode ocorrer o desenvolvimento de 
cartilagem, que possui menos exigências metabólicas que o osso. 
Quando o movimento é ausente ou minimizado, o reparo geralmente 
ocorre através de formação óssea primária. Finalmente, ocorre 
remodelação óssea. Durante o processo dinâmico de reparo de 
fraturas, as células ósseas não funcionam de maneira isolada de 
interações sistêmicas, sendo que a modulação do reparo local é 
realizada através do sistema endócrino com ação do PTH, calcitonina, 
insulina, hormônio do crescimento, hormônios esteróides e da 
tireóide. 
 30 
O reparo de defeitos ósseos é um bom modelo para o 
estudo da regeneração do osso e possui grande semelhança com o 
reparo primário ou direto de fraturas. Ao contrário destas últimas, os 
defeitos são menos sujeitos a fatores mecânicos e a obstruções do 
aporte sangüíneo. Este modelo tem sido utilizado em muitos 
experimentos clássicos que analisam a influência de medidas 
cirúrgicas e farmacológicas para melhorar a regeneração óssea 
(Schenk
82
, 1994). 
Um defeito ósseo experimental deve ser tão grande que 
não ocorra reparo espontâneo, pois só nesta situação o potencial 
osteogênico do implante, enxerto ou medicamento pode ser 
considerado real (Schmitz & Hollinger
83
, 1986). Instituiu-se o 
conceito de defeito ósseo de tamanho crítico para minimizar 
diferenças relacionadas à idade, espécie e sítio anatômico em animais 
experimentais, padronizando os defeitos para possibilitar-se a 
comparação dos resultados dos vários estudos (Sweeney et al.
86
, 
1995), além de poder considerar sem erro o potencial osteogênico do 
material em teste. O defeito intra-ósseo de tamanho crítico seria 
aquele de menor tamanho que não pode ser reparado espontaneamente 
durante toda a vida do animal (Schmitz & Hollinger
83
, 1986). No 
entanto,como a maioria dos estudos possui duração limitada, não 
acompanhando o animal durante toda vida, em pesquisas 
experimentais deve-se considerar como defeito de tamanho crítico 
aquele que não sofre reparo no período de duração do estudo (Gosain 
et al.
35
, 2000). 
Gosain et al.
35
 (2000) levantaram a hipótese de que 
medidas lineares, comuns em trabalhos experimentais, podem não 
 31 
proporcionar uma idéia precisa da formação óssea no interior de um 
defeito ósseo. Para testá-la, utilizaram 45 cobaias adultas, nas quais 
foram realizados defeitos parietais de 3, 5, 8 ou 12mm. Os animais 
foram sacrificados após três dias, uma, quatro, oito ou 12 semanas. A 
formação óssea foi determinada, baseada na extensão linear e na área 
de defeito preenchido por osso novo. Através da análise linear, 
defeitos de 3 e 5mm apresentaram fechamento após 12 semanas, 
sendo considerados menores que o tamanho crítico. No entanto, 
baseando-se na análise de área, após 12 semanas, a porcentagem de 
osso novo no defeito de 5mm não superou 40%, ou seja, 5mm passou 
a ser maior que o tamanho crítico. Em ambos os métodos, defeitos de 
8 e 12mm têm tamanhos maiores que o crítico. Os autores concluíram 
que o conceito de tamanho crítico pode ser descrito com maior 
exatidão usando-se como parâmetro a porcentagem de área de osso 
novo formado no interior do defeito. 
Tamanhos de defeitos críticos são bem caracterizados 
na região craniomandibulofacial, em várias espécies animais (Kaban 
& Glowacki
43
, 1981; Schmitz & Hollinger
83
, 1986; Gosain et al.
35
, 
2000). No entanto, o mesmo não acontece com relação a defeitos 
realizados em ossos longos (Einhorn
24
, 1999). 
O reparo de defeitos nos ossos do crânio pode ocorrer 
por mecanismos similares ou distintos daqueles dos ossos longos 
(Einhorn
24
, 1999). Com o objetivo de comparar o reparo e a 
remodelação em vários ossos, Najjar & Kahn
67 
(1977) realizaram 
defeitos de 0,5 x 1cm em tíbia, maxila, mandíbula e calvária de 
coelhos e cães. Os animais foram sacrificados em períodos de uma, 
duas, três, quatro, oito, 12 ou 16 semanas após a cirurgia. Através de 
 32 
análise microscópica, os autores concluíram que tíbia e mandíbula 
apresentam reparo e remodelação semelhantes. Embora esses dois 
ossos possuam origens embriológicas distintas, a similaridade no 
processo de reparo deve-se às forças fisiológicas a que ambos estão 
submetidos: tensão muscular e compressão pelo peso do corpo na tíbia 
e tensão muscular e compressão pela mastigação na mandíbula. 
Devido à falta de forças externas agindo na maxila e crânio, tais ossos 
remodelam-se e reparam-se de maneira mais lenta. 
 
 
2.3.1 BMPs e reparo ósseo 
 
 
BMPs foram descobertas por sua habilidade de induzir 
formação de cartilagem e osso a partir de células mesenquimais não 
pertencentes ao tecido ósseo (Urist
91
, 1965). Fazem parte de um 
conjunto crescente de mais de 12 proteínas, nove das quais parecem 
induzir formação óssea ectópica in vivo, incluindo-se na superfamília 
do TGF-, ao qual são estruturalmente relacionadas (Riley et al.
76
, 
1996). Atualmente são estudadas como agentes terapêuticos para o 
reparo de fraturas, defeitos ósseos, para induzir o crescimento ósseo 
ao redor de implantes e próteses e na manutenção da vitalidade pulpar 
e formação de dentina reparadora. (Nilsson et al.
68
, 1986; Rutherford 
et al.
79
, 1994; Boyne
12
, 1996; Lane et al.
50
, 1999). 
A BMP é um produto do metabolismo dos 
osteoblastos, odontoblastos e de várias células tumorais, sendo 
armazenada na forma de concentrados no osso, dentina e em células 
 33 
neoplásicas de osteossarcoma e de certos tumores odontogênicos 
(Bessho et al.
8
, 1990; Raval et al.
75
, 1996; Gao et al.
31
, 1997). A BMP-
2 é uma glicoproteína de baixo peso molecular que possui efeitos 
pleiotrópicos que variam desde organogênese óssea e extra-óssea à 
formação e regeneração do osso (Riley et al.
76
, 1996). 
Em 1986, Nilsson et al.
68
 avaliaram o reparo ósseo 
induzido por BMP. Para tanto, remoção de segmento de cerca de 
2,5cm em ulnas de 19 cães foi realizada. Na região do defeito 
implantou-se BMP bovina, soroalbumina bovina (BSA) ou fragmentos 
de ulna autógena. O sacrifício ocorreu em períodos de um, dois, três 
ou quatro meses. União do defeito preenchido com BMP foi 
verificada em 12 semanas. Os defeitos preenchidos com osso 
autógeno uniram-se após o mesmo período e defeitos com BSA, 
invariavelmente, desenvolveram pseudoartrose. Os autores levantaram 
a hipótese de que BMP induz à diferenciação de células do tecido 
conjuntivo perivascular em condroblastos e células osteoprogenitoras, 
incrementando o processo de formação óssea a partir das células já 
presentes no endósteo e periósteo. 
Yan et al.
103
 (1994) estudaram a relação entre BMP e 
reparo de fraturas em mandíbulas de 18 coelhos, utilizando um 
anticorpo monoclonal contra esta proteína. Os animais foram 
sacrificados três, sete, 14, 21 ou trinta dias após a realização da 
fratura. Encontrou-se um grande número de células mesenquimais 
indiferenciadas, associadas ao reparo, positivamente marcadas. Tais 
células proliferavam-se nas margens das fraturas e, durante o estágio 
de formação do calo, pareciam sofrer diferenciação em condroblastos 
e osteoblastos. Células mesenquimais indiferenciadas positivamente 
 34 
marcadas reduziram-se em número durante o estágio de remodelação. 
Os autores concluíram que o processo de reparo ósseo é acompanhado 
pela presença de BMP em células osteoprogenitoras nas condições 
estudadas, ressaltando a importância destas proteínas na osteogênese. 
Boyne
12
 (1996), para demonstrar o efeito da BMP-2 
recombinante humana (rhBMP-2) no reparo ósseo em grandes áreas 
que normalmente necessitariam de enxertos, realizou ressecções de 
2,2cm, bilateralmente, na mandíbula de sete macacos rhesus adultos, 
simulando hemimandibulectomias. Nos defeitos colocaram-se 
diferentes doses de rhBMP-2 ou enxerto autógeno. Um grupo de 
animais foi sacrificado cinco meses após a cirurgia e o restante sofreu 
nova cirurgia, quatro meses após a realização dos defeitos, para a 
colocação de implantes osteointegrados de 7mm na área reparada. Em 
todos os animais, o rebordo alveolar foi regenerado completamente 
com restauração do contorno cortical. Nos animais sacrificados, 
análise histomorfométrica revelou excelente relação entre tecido 
calcificado e espaço medular. Os resultados indicam que rhBMP-2 
causa eficiente regeneração óssea em defeitos de tamanho crítico em 
macacos rhesus. 
Kitazawa et al.
46
 (1998) investigaram a expressão de 
BMP-2, 4 e 6 durante o reparo de fraturas em tíbias de camundongos 
através de hibridização in situ. Quatro, sete ou 14 dias após a fratura 
cirúrgica, os animais foram sacrificados e as tíbias descalcificadas 
para a preparação de cortes histológicos. BMP-2 foi expressa 
predominantemente nos condrócitos hipertróficos e nos osteoblastos 
na superfície marginal do tecido ósseo imaturo. Pequena expressão de 
BMP-4 e 6 foi verificada em células mesenquimais e nas áreas de 
 35 
diferenciação condrocítica, expressão que diminuiu durante a 
formação de tecido ósseo imaturo. BMP-4 e 6 parecem ser 
importantes nas fases iniciais , enquanto BMP-2 contribui nas fases 
intermediárias e tardias do reparo. 
Bostrom
11
 (1998) revisou trabalhos que descreveram a 
presença de BMPs e seus receptores no reparo de fraturas. Durante os 
primeiros estágios do reparo, só um número mínimo de células 
primitivas expressam BMP no calo ósseo. Conforme o processo de 
ossificação endocondral procede, a presença de BMP e seus receptores 
aumenta drasticamente, especialmente nas células mesenquimais 
primitivas e nos condrócitos. Enquanto o componente cartilaginoso do 
calo amadurece, com concomitante diminuição do número de células 
primitivas, existe uma diminuição na presença de células queexpressam BMP. Assim que osteoblastos começam a depositar osso 
imaturo sobre a matriz condróide, estas células expressam BMP e seus 
receptores. Com a remodelação óssea, a presença de BMP diminui 
novamente. Observação semelhante ocorre nas áreas do calo que 
sofrem ossificação intramembranosa. Visto isso, acredita-se que estas 
proteínas exercem importantes e diferentes papéis durante o reparo de 
fraturas . 
Kaneko et al.
44
 (2000) examinaram o efeito direto das 
BMPs na reabsorção sobre lâminas de dentina em cultura de células 
semelhantes a osteoclastos, que são células multinucleadas fosfatase 
ácida tartarato resistente (TRAP) positivas. A presença de atividade da 
TRAP é utilizada como marcador de osteoclastos. BMP-2 e BMP-4 
causaram aumento na reabsorção causada por osteoclastos. BMP-2 
também elevou a expressão de ácido ribonucléico mensageiro 
 36 
(mRNA) de catepsina K e anidrase carbônica II, enzimas-chave para a 
degradação da matriz óssea orgânica e inorgânica, respectivamente. 
Tais resultados mostram uma nova visão sobre o papel multifuncional 
das BMPs no desenvolvimento ósseo. 
 
 
2.4 Estatinas 
 
 
A descoberta dos inibidores HMG-CoA redutase, ou 
simplesmente estatinas, revolucionou o tratamento da 
hipercolesterolemia, o primeiro fator de risco de doença coronariana. 
As estatinas são os agentes hipolipidêmicos mais usados na atualidade 
devido a sua eficácia na redução do nível de colesterol sangüíneo e às 
suas excelentes tolerabilidade e segurança (Maron et al.
58
, 2000). 
Em 1976, Endo et al.
26
 demonstraram que a 
mevastatina, primeira estatina descrita, isolada de culturas de 
Penicillium citrinum e inicialmente denominada ML236B, inibia 
especificamente, de modo competitivo com relação ao substrato 
HMG-CoA, a HMG-CoA redutase, que é a enzima limitante no 
metabolismo do colesterol, não afetando o restante das enzimas 
envolvidas. 
Mais tarde, a lovastatina, anteriormente denominada 
mevinolina, um análogo estruturalmente correlato a mevastatina, 
diferente apenas devido à presença de um grupamento metila, foi 
isolada de culturas de Aspergillus terreus, por Alberts et al.
2
 (1980). 
 37 
A sinvastatina (Hoffman et al.
39
, 1986) e a pravastatina 
são modificações químicas da lovastatina, sendo consideradas formas 
semi-sintéticas. Fluvastatina, atorvastatina e cerivastatina são 
totalmente sintéticas (Maron et al.
58
, 2000). 
O colesterol, sintetizado ou derivado da dieta, tem 
vários papéis importantes, pois é o principal esteróide humano e é um 
componente de, praticamente, todas as membranas plasmáticas e 
intracelulares (Glew
33
, 1998). O colesterol da dieta é transportado do 
intestino pelos quilomícrons. O fígado e os tecidos periféricos podem 
sintetizar este esteróide ou obtê-lo a partir das lipoproteínas 
circulantes. O colesterol circula continuamente entre o fígado e os 
tecidos periféricos: enquanto lipoproteínas de baixa densidade (LDL) 
e de muito baixa densidade (VLDL) o transportam a partir do fígado, 
lipoproteínas de alta densidade (HDL), transportam-no de volta dos 
tecidos periféricos (Voet et al.
94
, 2000). O colesterol é sintetizado em 
uma variedade de tecidos a partir da acetil-coenzima A (acetil–CoA). 
Embora a biossíntese ocorra na maioria das células, esta capacidade é 
maior no fígado, no intestino, no córtex adrenal e nos tecidos 
reprodutores. Acetil-CoA pode ser obtida da -oxidação de ácidos 
graxos, da oxidação de aminoácidos cetogênicos como leucina e 
isoleucina e da reação da piruvato desidrogenase (Glew
33
, 1998). 
A concentração de qualquer substância no sangue é o 
resultado de um equilíbrio entre sua taxa de produção e de remoção. A 
limitação da biossíntese de colesterol, de triacilglicerol e a 
manutenção de uma dieta pobre em gorduras e colesterol diminuem as 
taxas de produção de VLDL e LDL. A remoção de LDL da circulação 
 38 
é mediada por receptores de LDL, possuindo uma função importante 
na manutenção dos níveis de colesterol LDL (Voet et al.
94
, 2000). 
A enzima HMG-CoA redutase, que libera o precursor 
do colesterol, o mevalonato, a partir da acetil-CoA, constitui a etapa 
limitante da via metabólica. A inibição competitiva desta enzima pelas 
estatinas produz respostas celulares compensatórias como o aumento 
da expressão de receptores de LDL e de HMG-CoA redutase. Em 
razão do aumento compensatório de HMG-CoA redutase, a síntese do 
colesterol celular é apenas ligeiramente reduzida, mas a eliminação do 
colesterol pelo mecanismo de receptor LDL é marcantemente 
potencializada, levando a reduções mantidas do colesterol sérico 
(Lennernäs & Fager
51
, 1997). O efeito mais pronunciado consiste na 
redução do colesterol LDL, mas também há uma redução no conteúdo 
de colesterol das partículas VLDL, enquanto há um aumento do 
colesterol HDL (Page et al.
70
, 1999). 
A absorção e metabolismo de lovastatina e sinvastatina 
são similares. Em animais, aproximadamente 30% de uma dose oral 
de lovastatina e 85% de sinvastatina são absorvidos; uma absorção 
similar provavelmente ocorre em humanos. Após uma dose oral, 
concentrações plasmáticas máximas podem ser observadas em duas a 
quatro horas com lovastatina e em uma a duas horas com sinvastatina. 
Ambas são primariamente excretadas pelo fígado, e menos de 13% 
dos metabólitos são excretados na urina (Witztum
102
, 1996). Com 
ambos os fármacos, há substancial metabolização hepática de primeira 
passagem, devido às suas características lipofílicas, sendo que menos 
de 5% de uma dose oral atingem a circulação como substância ativa 
ou metabólitos (Hamelin & Turgeon
37
, 1998). Tanto a lovastatina 
 39 
quanto a sinvastatina são administradas sob a forma de lactona pró-
droga e precisam ser convertidas em ácido -hidroxi, por 
carboxiesterases no plasma e no fígado (Lennernäs & Fager
51
, 1997). 
A pravastatina é administrada em sua forma ativa como 
um sal de sódio. Aproximadamente 34% de uma dose oral são 
absorvidos e ocorre substancial metabolização hepática de primeira 
passagem. Cerca de 50% desse agente são ligados às proteínas. O 
fígado é a principal via de excreção, mas 20 a 40% de uma dose são 
excretados na urina. A fluvastatina também é administrada oralmente 
em sua forma ativa. A absorção é quase completa e a extração 
hepática é extensa. Mais de 98% da droga circulante estão ligados à 
proteína. Após uma dose oral, ocorrem picos de concentração 
plasmática em cerca de 36min. O fígado é a principal via de remoção. 
Menos de 5% da pravastatina ou seus metabólitos são excretados na 
urina e mais de 90%, nas fezes (Witztum
102
, 1996). 
Maior hepatosseletividade tem sido observada com os 
compostos menos lipofílicos (pravastatina e fluvastatina), sugerindo 
de fato uma complexa relação entre lipofilia e hepatosseletividade. 
Uma alta seletividade hepática redunda em mínima interferência com 
o metabolismo de colesterol em outros tecidos que não o fígado 
(Hamelin & Turgeon
37
, 1998). 
Em 1997, Lennernäs & Fager
51
, além de discutirem 
propriedades farmacológicas desta classe de drogas, relataram que a 
redução no colesterol LDL, que é obtida com as mesmas doses de 
lovastatina, pravastatina e fluvastatina, pode ser alcançada com 
sinvastatina, utilizando-se metade da dose. 
 40 
O primeiro grande estudo epidemiológico a 
documentar os efeitos benéficos das estatinas em relação à 
mortalidade por doenças do coração foi o Scandinavian Simvastatin 
Survival Study (Scandinavian Simvastatin Survival Study Group
81
, 
1994). Neste estudo, 4.444 pacientes, com idade entre 35 e setenta 
anos e que apresentaram angina pectoris ou haviam tido um infarto do 
miocárdio, foram acompanhados em média durante 5,4 anos, para se 
observarem os efeitos da redução do colesterol com uso de 
sinvastatina na prevenção de novos eventos cardíacos. Todos os 
pacientes apresentavam taxas de colesterol elevadas e foramsubmetidos a dieta para redução destas taxas. Metade dos pacientes 
recebeu medicamento e a outra metade, placebo. Os pacientes tratados 
com medicação apresentaram uma redução maior no colesterol total, 
no colesterol LDL com aumento do HDL e os efeitos colaterais não 
foram significativos. O risco de morte por doença coronariana foi 
reduzido em 42% no grupo tratado, no qual 19% dos pacientes 
apresentaram novos enfartes, enquanto que, no grupo placebo, esta 
taxa foi de 28%. Embora o estudo tenha enfocado a prevenção de um 
segundo ataque do coração, os autores notaram que a sinvastatina 
também reduziu a necessidade de procedimentos de revascularização 
em 37%, além de diminuir ligeiramente os acidentes vasculocerebrais. 
Utilizando os dados do Scandinavian Simvastatin 
Survival Study, Pedersen et al.
73
 (1996) avaliaram a segurança da 
sinvastatina a longo prazo. A única reação adversa claramente 
relacionada à substância durante a pesquisa foi um caso de miopatia 
reversível. Exame do cristalino não mostrou diferenças entre os 
grupos e nenhum efeito adverso previamente não reportado foi 
 41 
reconhecido. Não houve diferença significante relacionada a reações 
adversas em nenhum sistema. Concluiu-se que, na dose de 20 a 
40mg/dia, em cinco anos, a sinvastatina é muito segura. 
Em 1996, Massy et al.
59 
levantaram a hipótese de que 
os efeitos benéficos das estatinas poderiam não estar centrados apenas 
na redução do colesterol plasmático, mas também na inibição do 
metabolismo do mevalonato, já que produtos desta via metabólica 
parecem ser críticos para a proliferação de várias células. Como o 
metabolismo do mevalonato dá origem a uma série de isoprenóides 
que são vitais para diversas funções celulares, a inibição da HMG-
CoA redutase pode levar a vários efeitos pleiotrópicos , entre eles: 
melhoria da disfunção endotelial mediada por óxido nítrico; efeitos 
antioxidantes; propriedades antiinflamatórias; inibição da proliferação 
celular com ações anticarcinogênicas em animais; estabilização de 
placas ateroscleróticas; efeitos anticoagulantes; inibição da rejeição de 
enxertos após transplante de coração e rim e ação no tecido ósseo 
(Davignon & Laaksonen
20
, 1999; Bellosta
7
, 2000). Goldstein & 
Brown
34 
(1990) discutiram a regulação da via metabólica do 
mevalonato, que pode ser esquematizada de acordo com a Figura 1. 
 
 
 42 
 
Acetil-CoA + Acetoacetil-CoA 
 __ 
 
 
__ HMG-CoA 
 
 
 
Mevalonato 
 
 
Mevalonato-Pirofosfato 
 
 
Isopentenil-Pirofosfato 
 
 
Geranil-Pirofosfato 
 
 
 Farnesil-Pirofosfato 
 Esqualeno 
 
 
 
 
 
FIGURA 1-Metabolismo do mevalonato em células animais. O colesterol pode 
ser obtido de duas fontes: biossíntese endógena, partindo do acetil-
CoA e passando pelo mevalonato; e de maneira exógena, através do 
mecanismo receptor de LDL. O mevalonato é também incorporado 
em isoprenóides não esteroidais (na direita do esquema). A 
homeostase do mevalonato é obtida através: a) repressão dos genes 
da HMG-CoA sintase, HMG-CoA redutase e receptor LDL (na 
esquerda do esquema); b) regulação da HMG-CoA redutase por 
algum dos isoprenóides não esteroidais
34
 (Modificado pela autora). 
Colesterol 
__ 
Geranilgeranil-Pirofosfato 
Sintase 
Redutase 
Proteínas farnesiladas 
(Ras e outras) 
 
-Hormônios esteróides 
-Vitamina D 
-Ácidos biliares 
-Lipoproteínas 
Estatinas 
LDL plasmático 
__ 
Receptor LDL 
 
 43 
2.4.1 Estatinas e osso 
 
 
Em 1995, Wang et al.
97
 estudaram o efeito de 
substâncias hipolipemiantes na preservação da massa óssea, no 
primeiro estudo associando as estatinas ao tecido ósseo. Quarenta 
coelhos foram divididos em quatro grupos experimentais: sem 
nenhum tratamento (controle), tratados apenas com esteróides para 
indução de osteoporose, tratados com esteróide e lovastatina, e 
tratados com esteróide e bezafibrato. Os animais foram tratados por 
seis a oito ou por 13 a 15 semanas, após o que foram sacrificados. O 
nível de colesterol no sangue foi medido no momento do sacrifício. 
Análise histológica das áreas de osso trabecular da seção sagital da 
cabeça do fêmur mostrou que, no período de 13 a 15 semanas, o grupo 
tratado apenas com esteróide possuía área óssea significantemente 
menor que os grupos que foram tratados também com agentes 
hipolipemiantes. As médias dos níveis de colesterol sangüíneo nos 
grupos tratados com lovastatina e bezafibrato foram menores que as 
encontradas no grupo tratado apenas com esteróides. Os autores 
concluíram que o uso concomitante de agentes hipolipemiantes e 
esteróides pode diminuir a severidade da osteoporose induzida por 
estas últimas drogas. 
Cui et al.
17
 (1997) induziram experimentalmente 
osteonecrose na cabeça do fêmur de galinhas após administração de 
altas doses de corticosteróides. A lovastatina foi utilizada com o 
intuito de prevenir os efeitos dos esteróides na formação de gordura 
em células em cultura, e na formação de gordura e osteonecrose em 
 44 
galinhas. O estudo in vitro com células de medula óssea de ratos em 
cultura mostrou que a lovastatina inibiu a expressão do gene 
responsável pela produção de lipídeos induzida por esteróides, além 
de contrariar os efeitos inibitórios dos esteróides na expressão do gene 
relacionado com a produção osteoblástica. Para o estudo in vivo, 
foram utilizadas 83 galinhas adultas divididas em quatro grupos: 
grupo A, tratado apenas com metilprednisolona; grupo B, tratado com 
esteróide e lovastatina; grupo C, tratado apenas com lovastatina e 
grupo D, que não recebeu tratamento. Os animais foram sacrificados 
em períodos entre 48h e 24 semanas. Os níveis de colesterol 
sangüíneo foram medidos antes do tratamento, após seis e 12 semanas. 
Evidência de osteonecrose foi observada em animais do grupo A. No 
grupo B observou-se menos formação de gordura e nenhuma necrose 
óssea. Não foram encontradas alterações patológicas nos grupos C e 
D. As taxas de colesterol no sangue dos grupos A e B aumentaram 
significantemente em seis semanas. No entanto, esses valores foram 
reduzidos no grupo B em 12 semanas, mantendo-se altos no grupo A. 
Não houve alteração nos níveis de colesterol do grupo C e controle. 
Os autores concluíram que agentes hipolipemiantes como a lovastatina 
podem ser muito úteis na prevenção da osteonecrose induzida por 
esteróides. 
Para investigar a possibilidade do envolvimento do 
colesterol nos eventos de fusão celular, como o que ocorre para a 
formação dos osteoclastos, Sato et al.
80
 (1998) examinaram os efeitos 
da diminuição de LDL e os efeitos de inibidores da HMG-CoA 
redutase na formação, em cultura, de células semelhantes a osteoclasto 
(células multinucleadas TRAP-positivas). A diminuição do LDL 
 45 
suprimiu a formação de células semelhantes a osteoclastos, além de 
aumentar a formação de células TRAP-positivas mononucleares. A 
formação de células multinucleadas também foi suprimida pela adição 
de sinvastatina nos estágios tardios da cultura (dia 4-7), com um efeito 
inibitório dependente da dose e do tempo de tratamento. Na ausência 
de sinvastatina, a formação de células semelhantes a osteoclastos foi 
retomada. De acordo com os resultados, os autores sugerem que o 
colesterol nas membranas dos monócitos está envolvido na formação 
de células multinucleadas TRAP-positivas, através dos eventos de 
fusão de membranas. 
Em 1998, Luckman et al.
53
 estudaram a reabsorção 
óssea e a apoptose em osteoclastos e células J774, causadas pela 
mevastatina e por bisfosfonatos, além de verificar se a apoptose 
induzida por estas drogas era associada à inibição da prenilaçãode 
algumas proteínas, como Ras. Dadas as dificuldades em se isolar um 
grande número de osteoclastos para estudos bioquímicos, os autores 
utilizaram macrófagos J774 como modelo experimental. O número de 
osteoclastos e a reabsorção óssea foram medidos em calvária murina 
neonatal cultivada com PTH. À cultura, adicionou-se alendronato ou 
mevastatina, sendo que ambos causaram inibição dose dependente da 
reabsorção óssea estimulada por PTH e diminuição do número de 
osteoclastos. Tal inibição foi reduzida com o acréscimo de ácido 
mevalônico. Em cultura de células J774 e em culturas de células da 
medula óssea, a mevastatina foi mais potente estimulando apoptose 
que alendronato e risendronato. Apoptose induzida por mevastatina ou 
alendronato pôde ser inibida parcialmente, através da adição de 
farnesil-pirofosfato, geranilgeranil-pirofosfato ou ácido mevalônico. 
 46 
Geranilgeranil-pirofosfato é um metabólito derivado do farnesil-
pirofosfato, importante na prenilação protéica. Finalmente, células 
J774 foram encubadas com [
14
C] mevalonolactona por 24h e tratadas 
com bisfosfonatos. As proteínas de mesmo peso molecular daquelas 
que apresentam grupo farnesil ou geranilgeranil foram separadas por 
eletroforese. Os autores encontraram que, em macrófagos J774, os 
bisfosfonatos nitrogenados (alendronato, ibandronato e risendronato) 
inibem a prenilação, após tradução, de proteínas com os grupos 
isoprenóides farnesil ou geranilgeranil, incluindo a proteína Ras. 
Prenilação é necessária para a função apropriada de pequenas 
guanosina-trifosfatases (GTPases) como Ras, Rho, Rac e Rab no 
osteoclasto. Essas proteínas sinalizadoras, quando ancoradas à 
membrana do osteoclasto por um grupo lipídico prenil, regulam os 
processos celulares, incluindo organização de citoesqueleto, transporte 
de vesículas, formação da borda pregueada e apoptose (Cummings & 
Bauer
18
, 2000). 
O estudo de Luckman et al.
53
 (1998) sugere, então, que 
o alendronato inibe alguma etapa na biossíntese do colesterol. Para 
investigar esta possibilidade, Fisher et al.
29
 (1999) examinaram o 
efeito de intermediários da síntese deste esteróide na formação de 
osteoclastos e na reabsorção óssea em vários estudos in vitro, 
utilizando alendronato, clodronato e lovastatina. A formação de 
células osteoclásticas em cultura de medula óssea de ratos foi inibida 
tanto pela lovastatina, como pelo alendronato. A formação e a 
atividade osteoclástica, observadas através da formação de células 
TRAP-positivas de tíbias de coelhos, também foram inibidas por 
lovastatina e alendronato. Neste caso, os efeitos da estatina foram 
 47 
bloqueados por mevalonato e geranilgeraniol, e os efeitos do 
alendronato, apenas por geranilgeraniol. A falta de efeito do 
mevalonato relaciona-se ao envolvimento de enzima atuante em etapa 
posterior à formação deste, para a obtenção do geranilgeranil-
pirofosfato. Concluiu-se que, em osteoclastos, geranilgeranil-
pirofosfato, o substrado da prenilação de proteínas como Ras, Rho, 
Rac e Rab, é o intermediário metabólico afetado pelos bisfosfonatos 
que contêm nitrogênio. 
Van Beek et al.
92
 (1999) também estudaram o 
envolvimento de intermediários do metabolismo do mevalonato na 
inibição da reabsorção óssea induzida pelos bisfosfonatos, utilizando 
cultura de ossos longos de fetos murinos. Os autores concluíram que 
os bisfosfonatos que contêm nitrogênio exercem sua função anti-
reabsortiva afetando enzimas do metabolismo do mevalonato, 
envolvidas na geração de geranilgeranil-pirofosfato. 
Em 1999, Mundy et al.
66
 estudaram a estimulação da 
formação óssea pelas estatinas in vitro e in vivo, em roedores. Cerca 
de trinta mil compostos naturais foram testados em cultura de células 
ósseas murinas, à procura daqueles que pudessem aumentar a 
produção da BMP-2, estimulante do crescimento ósseo. Somente a 
lovastatina alcançou o efeito desejado. Para investigar os efeitos 
biológicos das estatinas no osso, lovastatina, sinvastatina, fluvastatina 
ou mevastatina foram adicionadas à cultura de calvária murina 
neonatal. As estatinas aumentaram a formação óssea em duas a três 
vezes. Para testar se a capacidade destas drogas estimularem a 
produção de BMP-2 em células em cultura existiria in vivo, os autores 
injetaram lovastatina ou sinvastatina via subcutânea sobre a calvária 
 48 
de camundongos jovens. Após tratamento dos animais três vezes ao 
dia durante cinco dias, utilizando-se dose de 5 ou 10mg/Kg/dia, 
encontrou-se que o osso tratado era 50% mais espesso que o 
encontrado no grupo controle, que recebeu apenas o veículo de 
suspensão da droga. Os autores testaram ainda os efeitos da 
sinvastatina em ratas ovariectomizadas ou não, para que os efeitos da 
menopausa, quando muitas mulheres começam a ter densidade óssea 
diminuída, fossem simulados. Nos animais que receberam doses orais 
de 5 a 50mg/Kg/dia por 35 dias, as tíbias, fêmures e vértebras 
apresentaram-se, após análise histomorfométrica, com um aumento 
entre 39 e 94% no volume de osso trabecular. Os autores não excluem 
a possibilidade das estatinas, além de promoverem aumento ósseo, 
inibirem o processo de reabsorção, visto que observaram uma 
diminuição concomitante do número de osteoclastos, embora este 
efeito seja relativamente menor que o observado quanto ao aumento 
da formação óssea. Este trabalho foi bastante discutido na literatura e 
estimulou vários pesquisadores ao estudo das ações das estatinas no 
tecido ósseo. 
Garret et al.
32
 (1999) examinaram os efeitos de várias 
estatinas (lovastatina, mevastatina, fluvastatina, pravastatina e 
cerivastatina) na formação óssea em cultura de calvária murina 
neonatal. Lovastatina, mevastatina, fluvastatina e sinvastatina 
estimularam o acúmulo e diferenciação de osteoblastos, além da 
formação óssea, em concentrações de 0,1 a 5M. Pravastatina, que 
difere das demais estatinas por ser a mais hidrofílica, não influenciou 
o tecido ósseo. Cerivastatina estimulou a formação óssea em 
concentrações de 0,02 a 0,2M, sendo três vezes mais potente que as 
 49 
demais drogas desta classe, além de apresentar efeito prolongado após 
breve exposição. O efeito de todas as estatinas na formação óssea 
relaciona-se com a transcrição de BMP-2, com exceção da 
pravastatina. Os autores ainda trataram ratos com cerivastatina e 
verificaram um aumento de cerca de três vezes na expressão de 
mRNA para BMP-2 nas tíbias quando comparado com o controle. 
Conclui-se que a cerivastatina estimula a transcrição de BMP-2, 
expressão de mRNA para BMP-2 in vivo e formação óssea in vitro em 
doses menores que as demais estatinas. 
Sugiyama et al.
85
 (2000) analisaram o efeito de vários 
compostos em células de osteossarcoma contendo gene BMP-2 
humano, em busca de moléculas que induzissem BMP-2. Os autores 
verificaram que compactina e sinvastatina, mas não pravastatina, 
induziram atividade do promotor BMP-2, além do aumento dos níveis 
de mRNA e proteína nas células estudadas. A ativação do promotor 
foi completamente inibida pela adição de mevalonato. Os resultados 
sugerem que as estatinas, se seletivamente direcionadas ao osso, 
podem apresentar efeitos benéficos no tratamento da osteoporose e 
fraturas. 
Para investigar a relação entre uso de estatina e risco de 
fratura em mulheres idosas, Chan et al.
15
 (2000) analisaram os dados 
dos registros de seis organizações de saúde nos Estados Unidos, em 
um estudo retrospectivo. Informações foram obtidas a partir dos 
pedidos de indenização e utilização dos serviços de farmácia. 
Verificaram-se os casos de pacientes com diagnóstico de fratura não 
patológica no período de um ano, encontrando-se 928 casos. Estes 
pacientes foram combinados a pacientes-controle que não sofreram 
 50 
fraturas no período, num total de 2747 pessoas. Exposição à estatina 
foi determinada a partir dos registros de retirada destas drogas, noserviço de farmácia, nos dois anos antes da data da fratura. Imaginou-
se que cada retirada relacionou-se a um mês de uso do medicamento. 
Verificou-se que mulheres com história de 13 ou mais retiradas de 
estatinas tiveram de 45 a 52% de redução no risco de fraturas. Não se 
encontrou associação entre o risco de fratura e menos que 13 
retiradas. Tais dados suportam a hipótese de que os inibidores da 
HMG-CoA redutase proporcionam um efeito protetor com relação ao 
risco de fratura, podendo ser um tratamento promissor contra a 
osteoporose. 
Edwards et al.
23
 (2000) examinaram os dados de 
mulheres do Reino Unido, para investigar a possibilidade de aumento 
de formação óssea após a menopausa, com o uso de estatinas para 
diminuição do colesterol sangüíneo. Entre a população analisada neste 
estudo retrospectivo, 41 mulheres faziam uso de estatinas, e cada uma 
delas foi combinada com dois ou três pacientes-controle. Densidade 
óssea mineral da coluna vertebral e do osso do quadril foram medidas, 
utilizando-se o sistema DXA (dupla emissão de raios X) e comparadas 
entre os dois grupos. As pacientes medicadas apresentaram 
significantemente maior densidade óssea, mesmo após exclusão das 
pacientes em reposição hormonal. Estudos prospectivos são 
necessários para confirmar tais resultados. 
Para determinar se a exposição a estatinas, fibratos ou a 
outros agentes hipolidêmicos estava associada com reduzido risco de 
fratura, Meier et al.
61 
(2000), no Reino Unido, também propuseram um 
estudo retrospectivo. Uma população base constituída de três grupos 
 51 
foi identificada: a) grupo 1 composto por 28340 pacientes que 
receberam ao menos uma prescrição de agente hipolipidêmico; b) 
grupo 2 composto por 13271 pacientes com hiperlipidemia que não 
utilizavam nenhum medicamento; c) grupo 3, com cinqüenta mil 
pacientes que foram aleatoriamente selecionados, sem diagnóstico de 
hiperlipidemia. Membros dos três grupos foram acompanhados até 
que sofressem alguma fratura, deixassem o serviço ou morressem. Um 
total de 3940 pacientes que tiveram fratura óssea foram identificados e 
combinados a 23379 pacientes controle. Pessoas que utilizavam 
agentes hipolipidêmicos foram categorizadas como usuários atuais 
(última prescrição a menos de trinta dias da data da fratura), recentes 
(última prescrição entre trinta e 89 dias antes da data da fratura) ou 
antigos (última prescrição há mais de noventa dias antes da fratura). 
Encontrou-se que pacientes usuários atuais ou recentes de estatinas 
tiveram um risco significantemente menor de fraturas, 50 e 30% 
aproximadamente. Os demais agentes hipolipidêmicos não foram 
associados a menor risco de fratura. Os autores concluíram que uso 
corrente de estatinas está associado a um menor risco de fratura em 
indivíduos de cinqüenta anos ou mais, sendo necessária a confirmação 
destes dados em estudos prospectivos. 
Em mais um estudo retrospectivo, utilizando pacientes 
acima de 65 anos, envolvidos em programa de assistência médica e 
medicamentosa nos Estados Unidos, Wang et al.
98
 (2000) propuseram-
se a verificar se o uso de estatinas está associado à redução do risco de 
fratura do osso do quadril. Os casos de fratura (1222) foram 
comparados com controles aleatoriamente selecionados (4888), 
combinados por sexo e idade. O uso de estatina ou outro agente 
 52 
hipolipidêmico e a extensão de uso foram determinados a partir do 
registro de prescrições durante três anos precedentes à fratura. O risco 
de fratura foi significantemente menor (43-50%) nos pacientes que 
utilizavam sinvastatina e o uso de outros agentes hipolipidêmicos não 
foi associado a menor risco de fratura. Existiu uma tendência de 
menor risco nos pacientes que usaram os inibidores da HMG-CoA 
redutase por períodos mais longos, que assumiu significância 
estatística após dois a três anos. Tais achados suportam a associação 
entre o uso de estatinas por pacientes idosos e redução do risco de 
fratura do osso do quadril. 
Chung et al.
16
 (2000) estudaram os efeitos das estatinas 
na densidade mineral óssea em pacientes com diabetes mellitus do 
tipo II, através da análise de registros médicos. Foram incluídos no 
estudo 69 pacientes com diabetes tipo II, sendo 36 usuários de 
estatinas, e os restantes, pacientes-controle. Densidade mineral óssea 
da coluna vertebral, fêmur e quadril foram medidas através do sistema 
DXA. A média de acompanhamento dos pacientes tratados foi de 
153 meses, e do grupo controle, 142 meses. O aumento na 
densidade óssea mineral do grupo tratado foi significantemente maior 
que no grupo controle, mesmo após ajuste de idade e índice de massa 
corpórea. Os autores sugerem que as estatinas previnem a perda óssea 
em pacientes com diabetes do tipo II. 
Wada et al.
96
 (2000) investigaram a relação entre uso 
de estatina e densidade óssea mineral da coluna lombar em 440 
pacientes com diabetes do tipo II. A densidade óssea foi medida 
através do sistema DXA. Estatinas eram utilizadas em 131 pacientes, 
sendo que 88,5% usavam pravastatina, 9,2%, sinvastatina e 2,3%, 
 53 
fluvastatina. A densidade óssea foi significantemente menor no grupo 
que recebia estatina que no grupo controle. Encontrou-se, ainda, uma 
correlação negativa entre nível de colesterol sangüíneo e densidade 
óssea. Levantou-se a hipótese de que, como a via metabólica do 
mevalonato é essencial para a função do osteoclasto, níveis elevados 
de colesterol poderiam ativar a função desta célula. Os autores 
acreditam que os resultados não esperados podem ser devido à 
diferença entre as estatinas. A droga mais utilizada neste estudo foi a 
pravastatina, a única estatina que se relata não aumentar a formação 
óssea. 
Pedersen & Kjekshus
72
 (2000) examinaram a 
freqüência de fraturas no Scandinavian Sinvastatin Survival Study. 
Encontraram 155 pacientes com relato de fratura, não havendo 
diferença estatisticamente significante entre o número de fraturas no 
grupo tratado e controle, nem quando a análise foi dividida por sexo. 
Existem algumas limitações nesta análise, visto que fraturas 
resultantes de traumas severos não foram diferenciadas das fraturas 
decorrentes de osteoporose. 
Maeda et al.
54
 (2001) verificaram os efeitos da 
sinvastatina na diferenciação osteoblástica, utilizando cultura de 
células semelhantes a osteoblastos e células da medula óssea de ratos. 
A sinvastatina aumentou a atividade de fosfatase alcalina e a 
mineralização, numa relação dose e tempo dependente. Análise de 
Northern blot mostrou que a sinvastatina aumentou a expressão de 
BMP-2 em células semelhantes a osteoblastos, além de aumentar 
mRNA para colágeno tipo-I. Esses resultados indicam que a 
sinvastatina exerce efeitos anabólicos no osso, através da promoção de 
 54 
diferenciação osteoblástica, podendo ser útil, no futuro, para o 
tratamento de doenças metabólicas como a osteoporose. 
3 PROPOSIÇÃO 
 
 
 
 
Este trabalho teve como objetivos: 
a) avaliar a influência da sinvastatina sobre a 
reparação óssea em defeitos monocorticais 
em tíbias de ratos; 
b) comparar as vias oral e subcutânea, para a 
administração da sinvastatina, visando-se a 
melhoria do reparo ósseo; 
c) correlacionar os dados obtidos com os níveis 
de colesterol sangüíneo. 
4 MATERIAL E MÉTODO 
 
 
 
 
4.1 Animais 
 
 
Para este trabalho foram utilizados quarenta ratos 
machos adultos (Rattus norvegicus,variação albinus, Wistar) com 
aproximadamente cem dias de idade, pesando cerca de 400g, mantidos 
em gaiolas em temperatura ambiente e alimentados com ração (ração 
Labina para ratos, hamsters e camundongos-Purina) e água ad libitum, 
fornecidos pelo Biotério da Faculdade de Odontologia de São José dos 
Campos–UNESP. Este estudo foi realizado de acordo com os 
Princípios Éticos na Experimentação Animal, adotado pelo Colégio 
Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e foi aprovado pelo

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