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Ideologia em Marx e Althusser

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IDEOLOGIA EM KARL MARX E LOUIS ALTHUSSER 
 
Daniel Féo Castro de Araújo1 
Mestrando em Sociologia - UFU 
 Daniel.feo@gmail.com 
RESUMO: 
 
Esse artigo tem como objetivo debruçar sobre a importância do conceito de ideologia nos 
pressupostos teórico-metodológicos de Karl Marx e Louis Althusser. Na primeira parte do 
artigo circunscrever considerações sobre a “noção” de ideologia na obra de Marx por 
Althusser. Segundo momento, a questão da ideologia foi tratada com base nas reflexões de 
Louis Althusser na discussão sobre os Aparelhos Ideológicos de Estado fundamental para a 
compreensão da ideologia com base nas condições materiais de existência. Metodologia 
inicia-se com uma revisão bibliográfica, voltada ao entendimento da dinâmica a ser 
estudado, bem como para construir um referencial teórico baseado na ideologia em Marx e 
Althusser. Esse levantamento foi feito por meio de livros e artigos. Na conclusão 
apontamos que o conceito de ideologia em Althusser mantém-se atual no campo do 
pensamento crítico, não somente no que concerne aos aspectos reprodutores, mas também 
transformadores das relações de poder. 
 
Palavras - Chave: Ideologia. Karl Marx. Louis Althusser. 
 
ABSTRACT: 
 
This article aims to study the importance of the concept of ideology according to the 
theoretical and methodological assumptions described by Karl Marx and Louis 
Althusser. In the first part of the article, we circumscribe considerations about the "notion" 
of ideology as it appears in work of the referred authors. In the second part, we use Louis 
Althusser's reflections to contemplate the question of ideology as part of the discussion 
about the “State’s Ideological Dispositives”, a very important discussion to understand 
ideology basing on the material conditions of existence. Our methodology starts with a 
bibliographical review focused on understanding of the dynamics to be studied and on 
constructing a theoretical reference based on the idea of ideology as described by Marx and 
Althusser. This survey was done using books and articles. In conclusion, we point out that 
the concept of ideology in Althusser is still current in the field of critical thinking, 
concerning to the reproductive and transforming spects of power’s relations. 
 
Keywords Ideology. Karl Marx. Louis Althusser. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A ideia desse texto emerge do desenvolvimento da Disciplina Teoria Sociológica 
junto ao programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de 
 
1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal 
de Uberlândia UFU. 
 
mailto:Daniel.feo@gmail.com
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Uberlândia (PPGCS-UFU). A oferta dessa disciplina pela professora Rafaela 
Cyrino Peralva Dias tem ocorrido em 2017, com participação de estudantes do mestrado 
em Ciências Sociais. Os capítulos que constituem esse texto, portanto, tem sua origem nas 
reflexões no debate metodológico e epistemológico concernentes à validade e ao alcance 
que a discussão sobre a ideologia para se pensar sociologia, pois essa discussão dessa 
temática potencializa a problematização sobre o real, ele mesmo indeterminado e 
complexo. 
Antes de enfrentar o tema proposto para o presente texto – o conceito de ideologia 
no pensamento de Marx e Althusser cabe primeiramente deixar assinalado a partir de que 
pressuposições teóricas isso será realizado. Não somente pela obvia razão de que nenhuma 
aproximação conceitual carece de pressuposições, mas, acima de tudo , em razão da 
complexidade inerente ao marxismo como correte teórica – pratica. 
Karl Marx deixou suas contribuições teóricas e conceituais e alguns intelectuais se 
apropriaram de sua analise e fizeram sua reflexão sobre o conceito de ideologia e entre eles 
está Althursser que souber desfrutar de grande aporte teórico. Entretanto, foram 
selecionadas obras cujo conteúdo problematiza a questão da ideologia, tais como A 
Ideologia Alemã, Os Manuscritos Econômico-Filosóficos e o Manifesto do Partido 
Comunista. Ambas foram escritas por Karl Marx com a colaboração de Friedrich Engels. 
Do filósofo franco-argelino Louis Althusser foi selecionada sua conhecida obra Aparelhos 
Ideológicos de Estado. 
Sendo assim, este estudo, buscou apresentar e analisar os pressupostos teórico-
metodológicos do conceito de ideologia na perspectiva de Karl Marx e Louis Althusser. 
Na primeira parte do texto cabe tecer algumas considerações referentes a questões 
de ideologia e ainda, enfatizar os aspectos que significa o aperfeiçoamento do conceito a 
partir da obra de Althusser, momento em que o filosofo Frances implica na construção da 
sociedade apoiada na percepção marxista. Segundo momento, a questão da ideologia foi 
tratada com base nas reflexões de Louis Althusser na discussão sobre os Aparelhos 
Ideológicos de Estado fundamental para a compreensão da ideologia com base nas 
condições materiais de existência. 
A metodologia que procuramos desenvolver se inicia com uma revisão 
bibliográfica para o entendimento da dinâmica do fenômeno ser estudado e também para 
construir um referencial teórico baseado em Karl Marx e Louis Althusser. Esse 
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levantamento foi feito através de livros, teses, dissertações, periódicos, e demais 
documentos que se fizerem pertinentes à temática da Ideologia em sentido stricto. 
Apesar da diferença de contextos históricos é imprescindível encontrar elementos 
de convergência na obra dos autores à reflexão sobre a ideologia e, ainda, enfatizar os 
aspectos que significa o aperfeiçoamento do conceito a partir da obra de Althusser. 
 
1. IDEOLOGIA EM MARX 
Karl Marx não foi o primeiro teórico a situar uma conexão entre conhecimento e 
contexto social, mas sua análise foi uma das que mais influência teve no campo 
da Sociologia. É complexo estabelecer quando o autor consagra este modo de ver a relação 
entre pensamento e realidade. 
No prefácio da obra A Ideologia Alemã – Feuerbach, a contraposição materialista entre 
os modos partículas de perceber o mundo, o materialista e idealista, a primeira assertiva a 
ser considerada por Marx e Engels é a seguinte: 
Os homens, até hoje, sempre tiveram falsas noções sobre si mesmos, sobre o que 
são ou deveriam ser. Suas relações foram organizadas a partir de representações 
que faziam de Deus, do homem normal, etc. O produto de seu cérebro acabou 
por dominá- lo inteiramente (2010, p. 35). 
 
Articular de imediato e estabelece uma límpida compreensão sobre o elemento que 
Marx e Engels criticam. Podemos afirmar, em maior ou menor grau, que as “falsas 
impressões” e ao mesmo tempo “as representações de Deus” e do “homem normal”, 
caracterizam por si mesmas um ponto de questionamento sobre a ideologia. Seguramente a 
presunção não estaria fora de questão. 
Sendo assim, “as falsas impressões” corresponderiam a uma “impressão” errada 
ou superficial de algo, que no caso em particular, trata-se da realidade concreta. Em 
constante, “as representações de Deus” e do “homem normal” articulam uma máxima, 
conjeturar, uma verdade absoluta e inconteste, que se mantém ao longo da história. 
 A crítica colocada está direcionada aos neo-hegelianos, particularmente aos 
pensadores Bruno Bauer, Max Stirner e Ludwig Feuerbach, representantes, diz Marx e 
Engels, da filosofia alemã e de um socialismo ideologizado por “profetas”. Claramente, a 
questão da crítica envolve ao mesmo tempo um conjunto de influências em que se acha 
fortemente presente na Alemanha, o pensamento de Hegel. 
Compreendendo e fazendo uma crítica direcionada aos “filosóficos”, que cultuam a 
abstração como resposta às questões da existência humana e das coisas. Para superar esta 
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ideologia ou falta de uma compreensão “sensível” da existência humana e do resto das 
coisas, é importante, 
Libertemo-los,portanto, das ficções do cérebro, das ideias, dos quais definham. 
Rebelemo-nos contra o domínio das ideias. Eduquemos a humanidade para 
substituir suas fantasias por pensamentos condizentes à essência do homem, diz 
alguém; para comportar-se criticamente diante delas, diz outro; para expulsá-las 
do cérebro, diz um terceiro – e a realidade existente desmoronará (MARX; 
ENGELS, 2010, p. 35). 
 
A partir do que foi colocado, percebemos que as primeiras citações acerca do 
conceito de ideologia em Marx, decorrem elucidativamente por uma crítica no plano do 
materialismo dialético, sendo que, no seio da perspectiva do pensamento hegeliano e de 
seus “discípulos”, enriquece as atividades abstratas provenientes do pensamento e das 
ideias. 
E importante que compreenda que a ideologia na perspectiva de Marx seria um 
“falseamento” da realidade concreta; uma “ilusão” criada da invenção do cérebro. Há um 
alargamento, uma “distorção” da realidade segundo aspecto defendido por Marx. Nesse 
sentido, tem-se que: 
A ideologia é então para Marx um bricolage imaginário, puro sonho, vazio e vão, 
constituído pelos “resíduos diurnos” da única realidade plena e positiva, a da 
história concreta dos indivíduos concretos, materiais, produzindo materialmente 
sua existência (ALTHUSSER, 1992, p. 83). 
 
A particularidade acentuada da ideologia nada mais é, de acordo com o exposto, 
suas partes que compõem um todo ilusório, opaco, sem sentido prático e concreto. Incluir 
que, a partir disto, um elemento central que compõe o sentido que se destina a ideologia. 
Sua tática está no sujeito, porém, um sujeito que é obra das ideias soltas, produto de 
abstrações e compreensões vazias de concretude. 
Analisando a centralidade do sujeito, suas ações práticas e concretas constituídas 
com a sociedade, a natureza e o mundo do trabalho; avaliando também a sua existência 
enquanto resultado de influências externas, sentidas, com efeito, pelo mundo material ao 
qual pertence e interage mutuamente, este “sujeito” concreto diverge dos animais, não por 
sua racionalidade, mas sim, pela competência que tem de produzir ele mesmo sua própria 
existência. 
Marx enfatiza sobre o elemento ideológico e desvenda uma noção de que as 
questões do pensamento não podem sobrepor às estruturas econômicas, políticas e sociais 
que determina a vida em sociedade. Refletir sobre isso seria uma inversão dos elementos 
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que definem as relações sociais estabelecidas por meio de uma prática assentada nas 
condições materiais de existência. 
Sendo assim, podemos apresentar uma “visão de mundo” apontada no 
materialismo. A história da humanidade se organiza deste modo, e segundo esta percepção, 
na esfera das relações e modos de produção; das estruturas e instituições; das relações de 
trabalho e alienação. É uma ótica para entender e articular materialismo. O adverso, ou 
seja, a ideologia como argumento explicar para o verdadeiro sentido da existência humana 
não propiciaria o entendimento correto e aceitável da realidade social. 
Partir-se dessa suposição explicar a vida e suas implicações, é como deve primar por 
uma concepção de mundo que sustentada sobre bases reais, negando, de tal modo, os 
dogmatismos, as falsas impressões, as ideias abstratas, entre outros. É uma crítica à 
ideologia que julga, entre outras coisas, constituir padrões universais a maneira como a 
história deva ser construída. 
Esses pressupostos são os indivíduos reais, sua ação e suas condições materiais 
de vida, tanto aquelas que eles já encontraram elaboradas quanto aquelas que são 
resultado de sua própria ação. Esses pressupostos são, pois, verificáveis 
empiricamente (MARX; ENGELS, 2010, p. 44). 
 
Entre, outrossim, são o pressupostos, a base capital de qualquer busca baseado na 
experiência é, sem dúvida, o indivíduo em sua base real, partícipa de uma determinada 
classe social e sob determinadas condições históricas. Assim, podemos aprontar que não é 
a ideologia que reproduz ou referir-se à materialidade, ao concreto e real. Ao contrário, a 
ideologia é concebida; é resultado das condições materiais de existência. Portanto, “não de 
explicar a práxis a partir da ideia, mas de explicar as formulações ideológicas a partir da 
práxis material” (MARX; ENGELS, 2010, p. 65) 
No conteúdo desses elementos, podemos refletir a sociedade a partir de dois conceitos 
importantes para a compreensão de todo o pensamento de Karl Marx: Infraestrutura (base 
econômica) e Superestrutura (níveis, instancias jurídicas, política, ideológica). Sendo 
assim, ele explica a sociedade através da estrutura social, empregando uma metáfora em 
relação de um edifício para explicar seu conceito: um prédio de dois andares precisa de 
uma base para sustentar-se, manter-se firme, esta base, para o filosofo alemã, é a 
infraestrutura, isto é, a base econômica da sociedade, sob a qual se constrói os andares de 
cima que constituem a superestrutura. Segundo Althusser, (1992, p.60), a “metáfora” 
(espacial do edifício) tem como objetivo primeiro representar “determinação em ultima 
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instancia” pela base econômica, isto é, o que acontece, na base econômica, acaba definindo 
o que ocorre na superestrutura. 
Para Marx, a infraestrutura trata-se das forças de produção, compostas pelo 
conjunto formado pela matéria-prima, pelos meios de produção e pelos próprios 
trabalhadores (onde se dá as relações de produção: empregados-empregados, patrões-
empregados). Trata-se da base econômica da sociedade, onde se dão, segundo Marx, as 
relações de trabalho, estas marcadas pela exploração da força de trabalho no interior do 
processo de acumulação capitalista. A superestrutura é fruto de estratégias dos grupos 
dominantes para a consolidação e perpetuação de seu domínio. Trata-se da estrutura 
jurídico-política e a estrutura ideológica (Estado, Religião, Artes, meios de comunicação, 
entre outros.). 
Para essa consolidação e perpetuação da dominação das classes dominantes estes 
utilizam de estratégias que demandam ora uso da força, ora da ideologia (MARX, 1993). 
Um exemplo de um instrumento de uso da força é o Estado, o qual possui o uso da força 
legitimado pela ideologia. Para Marx, o Estado está sempre à serviço da classe dominante, 
buscando manter o status quo.A ideologia é a tática de tornar certas ideias como 
verdadeiras e aceitas pela sociedade, sendo elas criada pela classe dominante de acordo 
com seus interesses. Como dizia Marx, 
“As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes; isto é, 
a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua 
força espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios de 
produção material dispõe também dos meios de produção espiritual, de modo 
que a ela estão submetidos aproximadamente ao mesmo tempo os pensamentos 
daqueles aos quais faltam os meios de produção espiritual. As ideias dominantes 
nada mais são que a expressão ideal das relações materiais dominantes, são as 
relações materiais dominantes apreendidas como ideias; portanto, são a 
expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante, são as ideias 
de sua dominação” (MARX, 1993, p. 72). 
 
O uso da força, muitas vezes, deve ser justificado por ideias coletivamente aceitas; 
por esse motivo a classe dominante busca produzir e disseminar ideias que legitimem as 
ações do Estado em prol de seus interesses. Da mesma forma, a ideologia cumpriria o 
papel de justificar as relações de trabalho e a existência das desigualdades sociais, bem 
como da exploração do homem sobre o homem. 
Para Karl Marx, 
“é evidente que eles o fazem em toda a sua extensão, portanto, entre outras 
coisas, que eles dominam também como pensadores, como produtores de ideias, 
que regulam a produção e distribuição das ideias de seu tempo; e, por 
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conseguinte, que suas ideias são as ideias dominantes da época” (MARX, 1993, 
p. 72). 
 
Nessesentido, a superestrutura seria responsável pela manutenção das relações 
sociais existentes na infraestrutura e esta possibilita a sua existência, pois toda a riqueza 
necessária para manter a superestrutura seria, segundo Marx, produzida na infraestrutura 
por meio das nas relações de produção e de troca. 
 Marx entende a construto da sociedade – relação e interdependência entre infra e 
superestrutura - como é o caso do sistema social capitalista, passando agora a refletir sobre 
a percepção de Alhtusser sobre os Aparelhos Ideológicos de Estado (AIEs) e Aparelhos 
Repressivos de Estado (AREs). Nesta perspectiva, o filosofo Frances avança na concepção 
marxista de sociedade, sobretudo, na ocasião que retoma e amplia o conceito de ideologia 
Para ele, toda a formação social tem um modo de produção dominante que põe em 
movimento as forças produtivas, e isso deve ser reproduzido. Todavia, o movimento da 
reprodução não deve ser entendida apenas no plano econômico, pois trata-se de um 
processo mais amplo, que ser analisado criticamente. Essas contribuições são importantes, 
ainda hoje, para reflexões sobre a reprodução da sociedade. 
Ou seja, a metáfora espacial (do edifício) de Marx, conforme Alhtusser visa mostrar 
que o que ocorre nos andares de cima, em ultima analise é determinado pela eficiência da 
base econômica, pois a infraestrutura afeta superestrutura, justamente “por diferentes 
índices de eficácias), (ALHTUSSER, 1992, p. 61). Havendo assim, uma ação de retorno 
que a superestrutura exerceria sobre a infraestrutura de forma continua e evolutiva. 
Na filosofia marxista, Alhtusser, nos diz sobre a existe duas maneiras de refletir 
sobre o índice de eficiência. “1) a existência de uma “autonomia relativa” da superestrutura 
em relação a base; 2) a existência de uma “ação retorno” da superestrutura sobre a base.” 
(Alhtusser, 1992, p.61). Esses elementos ajudam ao autor a analisar e avançar no que diz 
respeito aos “problemas do tipo de eficácia derivada próprio da superestrutura”, Sendo 
assim, o autor não nega, nem refuta a metáfora espacial proposto por Marx, apesar disso, 
podemos perceber é que tal representação permanece puramente descritiva em relação ao 
funcionamento da sociedade, em termos de terminação econômica referenciado. 
Althusser tem como base a clássica filosofia marxista, e se utiliza dela acima 
descrito e busca supera-la em termos conceituais, apontando e respondendo questões sob 
outra perspectiva. Entre, outrossim, o autor, fez uma descrição da teoria marxista e depois 
oferece uma possibilidade de compreender, com base na produção, o fundamento da 
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“existência e natureza da superestrutura”. Sendo assim, o autor passa analisar o Direito, o 
Estado e a ideologia, tendo como ponto de partida a reprodução simultaneamente lança 
mão, de um lado, “da pratica e da produção” e também “da reprodução.”, 
(ALHTUSSER, 1992, p. 62). 
Pensando na formulação do conceito de Estado, Althusser parte do legado de Marx, 
Engels e Lênin para compreensão desses autores que é descritiva e que apesar de conter 
elementos essenciais para a concepção do Estado numa sociedade de classes é necessário 
avançar em sua formulação. Com relação aos pontos essenciais dos clássicos a respeito do 
Estado, Althusser os enumera. 
1. O Estado é o Aparelho (repressor) de Estado; 2. É necessário estabelecer a 
distinção entre o Poder de Estado e o Aparelho de Estado; 3. O objetivo da 
luta de classes diz respeito à posse do Poder de Estado e, por conseqüência, 
à utilização do Aparelho de Estado pelas classes (ou aliança de classes ou 
frações de classes) detentoras do poder de Estado, em função de seus 
objetivos de classe; 4. O proletariado deve assenhorear-se do Poder de 
Estado para destruir o aparelho de Estado burguês existente e, em uma 
primeira fase, a da ditadura do proletariado, substituí-lo por um Aparelho de 
Estado completamente diferente, proletário, e depois, nas fases ulteriores, 
instalar um processo radical, o da destruição do Estado (fim do poder de 
Estado e de qualquer Aparelho de Estado). (ALTHUSSER , 1999, p. 101) 
 
 
Segundo Autor, os clássicos do marxismo tinham uma apreensão do Estado como 
uma realidade mais complexa do que a descrita por eles, citada acima, e afirma que a 
“prática política da luta de classes proletária” já tinha levado os clássicos do marxismo à 
compreensão da complexidade do Estado. 
Marx pensava que o essencial estava nos aparelhos – repressivo – de Estado, 
conectado ao mecanismo do poder da luta de classe dominante e sobre a classe dominada 
em prol da mais – valia. Estabelecido a função do Estado manter as condições sócias 
existência é, manter a produção dessa realidade. Alhtusser nos coloca uma discussão 
pertinente entre o (“poder do Estado e aparelho de Estado” ), (ALHTUSSER, 1992, p. 
65). Pra autor, alem do aparelho repressivo de estado, há outro aparelho o ideológico. Dito 
isso, podemos retornar a teoria marxista descritiva do Estado, propondo avançar nesta 
abordagem, acrescentando um recurso teórico e aprofundando, de tal modo que acaba 
dividindo e distinguindo os mecanismos do Estado em Aparelhos Ideológico de Estado. 
 
2.APARELHOS IDEOLÓGICO DO ESTADO 
O filósofo francês marxista, Louis Althusser, baseou-se no trabalho do Karl 
Marx para entender a função da ideologia na sociedade, ele afastou-se das antigas formas 
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de compreensão marxista da Ideologia no intuito de obter uma nova compreensão para o 
seu tempo. Em seu livro Aparelhos Ideológicos do Estado o autor trata de sua relação com 
os Aparelhos Repressivos do Estado – para logo em seguida, discutir a questão da 
ideologia. 
Em primeiro lugar, é importante salientar a noção de ideologia para Althusser. Em 
linhas gerais, pode-se afirmar que ideologia consiste em “... um sistema de ideias, de 
representações que domina o espírito de um homem ou de um grupo social” 
(ALTHUSSER, 1992, p. 81). Os elementos ideológicos comportam um “sistema” de ideias 
e representações que são impostos sobre o espectro da “consciência” do homem, e, 
sobretudo da sociedade. 
A partir dessas afirmações o autor se propõe a esboçar uma teoria correspondente a 
esse conhecimento acumulado pela experiência das lutas de classes e já reconhecido pelos 
clássicos, mas não teorizada. Em sua proposta de formulação teórica, Althusser inicia 
apresentando a tese; 
(...) “é indispensável levar em consideração não só a distinção entre Poder de 
Estado (e seus detentores) e Aparelhos de Estado, mas também uma outra 
“realidade” que se encontra, manifestamente, do lado do Aparelho repressor de 
Estado, mas não se confunde com ele; corremos o risco teórico de designá-la por 
Aparelhos ideológicos de Estado. O ponto preciso de intervenção teórica diz 
respeito, portanto, a esses Aparelhos ideológicos de Estado na sua diferença em 
relação ao Aparelho de Estado, no sentido de Aparelho repressor de Estado” 
(ALTHUSSER , 1999, p. 102) 
 
Então, a partir dessa tese, o autor passa a designar Aparelho repressor de Estado, o 
que os clássicos designavam por Aparelho de Estado, e Aparelhos ideológicos de Estado 
esta realidade da superestrutura, que faz parte do Estado, e que se distingüe do aparato 
repressor. É sobre a “nova” realidade, AIE, que ele se debruça para formular sua 
contribuição no desenvolvimento da teoria marxista do Estado. 
De acordo com essa concepção, o autor propõe examinar os Aparelhos ideológicos 
de Estado, é lista vários aparelhos (aparelho escolar, familiar, religioso, político, sindical, 
da informação, da edição-difusão e o cultural) e faz três observações a respeito desses 
aparelhos. 
Primeira observação. Pode-se notar, empiricamente, que a cada AIE corresponde 
o que se chama de “instituições” ou “organizações”... Segunda observação. Para 
cada AIE, as diferentes instituições e organizações que o constituem formam um 
sistema. Terceira observação. Constatamos que as instituiçõesexistentes em cada 
AIE, seu sistema e, portanto, cada AIE, embora definido como ideológico, não é 
redutível à existência de “idéias” sem suporte real e material. Com isso, não 
quero dizer somente que a ideologia de cada AIE é realizada em instituições e 
práticas materiais, isso é evidente. Quero dizer outra coisa: que essas práticas 
http://colunastortas.com.br/marxismo/
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materiais estão “ancoradas” em realidades não-ideológicas. (ALTHUSSER , 
1999, p. 103) 
 
É importante assinalar a diferença singular entre o aparelho ideológico de Estado e 
o aparelho repressivo de Estado. O elemento que distingue se dá a partir de uma categoria: 
“a violência”. Podemos dizer que os aparelhos ideológicos usam da ideologia, os aparelhos 
repressivos utilizam da violência, física ou não. Entretanto, o aparelho ideológico não se 
reproduz ou se mantém sem o exercício prático do aparelho repressivo. O oposto é 
verdadeiro. O aparelho repressivo não se desempenha sem o aparelho ideológico. Contudo, 
podemos elencar esses dois elementos: aparelhos ideológicos e repressivos de Estado, dão 
forma e conteúdo aos “aparelhos de Estado”, logo à noção de Estado em Louis Althusser. 
Althusser define o que são os Aparelhos ideológicos de Estado. 
 
Um Aparelho ideológico de Estado é um sistema de instituições, organizações e 
práticas correspondentes, definidas. Nas instituições, organizações e práticas 
desse sistema é realizada toda a Ideologia de Estado ou uma parte dessa 
ideologia (em geral, uma combinação típica de certos elementos). A ideologia 
realizada em um AIE garante sua unidade de sistema “ancorada” em funções 
materiais, próprias de cada AIE, que não são redutíveis a essa ideologia, mas lhe 
servem de “suporte” (ALTHUSSER , 1999, p. 104) 
 
Notemos que, na teoria marxista, o aparelho de Estado (AE) compreende: o 
governo, a administração, o exército, a polícia, os tribunais, as prisões, entre outros, que 
compõem o que chamaremos a partir de agora de aparelho repressivo de Estado. 
Repressivo quer dizer que o aparelho de Estado em questão funciona através da violência - 
ao menos em situações limites (pois a repressão administrativa, por exemplo pode revestir-
se de formas não físicas) (ALTHUSSER, 1992, p. 67-68). 
As ressalvas e a definição, acima referidas, dos Aparelhos ideológicos de Estado 
não aparecem na publicação do texto do início da década de 70. Também há que se notar 
que as observações e a própria definição, no texto “Sobre a Reprodução”, referem-se aos 
Aparelhos ideológicos de Estado como um sistema formado por instituições e 
organizações. Importante salientar a formulação dos AIE como um sistema, em que cada 
instituição ou organização é uma peça do sistema, uma peça do aparelho ideológico e não o 
próprio aparelho. 
O último argumento, em defesa de seu conceito de Aparelho ideológico de Estado, 
Althusser reafirma que o argumento “juridicista” diz consideração a instituições e de que 
uma instituição não é um Aparelho ideológico de Estado. 
 
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O que faz um Aparelho ideológico de Estado, é um sistema complexo que 
compreende e combina várias instituições e organizações, e respectivas práticas. 
Que sejam todas públicas ou todas privadas, ou que umas sejam públicas e outras 
privadas, trata-se de um detalhe subordinado, já que o que nos interessa é o 
sistema que constituem. Ora, esse sistema, sua existência e sua natureza não 
devem nada ao Direito, mas a uma realidade completamente diferente que 
designamos por Ideologia de Estado. (ALTHUSSER , 1999, p. 108) 
 
Para poder compreender os Aparelhos ideológicos de Estado, nosso autor indica a 
necessidade de se admitir “o seguinte fato paradoxal: não são as instituições que 
‘produzem’ as ideologias correspondentes; pelo contrário, são determinados elementos de 
uma ideologia (a ideologia de Estado) que ‘se realizam’ ou ‘existem’ em instituições 
correspondentes, e suas práticas” (ALTHUSSER , 1999, p. 109). 
Assim, podemos compreender que não é o elemento ideológico que define ou 
determina a “base”, ou seja, o concreto, a realidade, as condições materiais. Ao contrário, a 
ideologia é pela base (condições materiais) determinada. 
Esses explicações com relação aos Aparelhos ideológicos de Estado, vão levar 
Althusser a reafirmar, mais uma vez, a tese de que “os Aparelhos ideológicos de Estado 
são a realização, a existência de formações ideológicas que os dominam.” ALTHUSSER, 
1999, p. 112). 
Assim sendo, o que está reafirmando é que as classes dominantes, ou frações de 
classe, no Poder de Estado, executam sua política de classe por meio dos Aparelhos 
repressores e ideológicos, mas isso não se realiza sem contradições “e que, em particular, 
as subformações ideológicas, ‘produzidas’ no interior dos Aparelhos por sua própria 
prática, façam, por vezes, ‘ranger as engrenagens’” ALTHUSSER, 1999, p. 114).. Nesse 
trecho de seu texto, Althusser, abre uma nota de rodapé chamando a atenção para “nos 
lembrarmos da influência exercida aí pelos efeitos da luta de classes para ‘produzir’ essas 
subformações ideológicas” (ALTHUSSER, 1999, p. 114). 
A existência das subformações ideológicas, no interior dos AIE, a multiplicidade 
desses e a ausência de um comando centralizado, pode levar à falsa ideia de fragilidade dos 
aparelhos. Com relação à luta de classes e o Estado, Althusser aponta a luta de classes 
política pela posse do poder de Estado, que essa posse é sempre a posse do poder de Estado 
por uma classe social que dá o poder sobre os Aparelhos de Estado, sendo que estes 
compreendem dois tipos de Aparelhos: o Aparelho repressor de Estado, que se constitui em 
um corpo único e centralizado e os Aparelhos ideológicos de Estado, que são constituídos 
de múltiplos aparelhos. 
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Althusser reafirma a unidade geral do sistema de conjunto dos Aparelhos de Estado 
e seu papel em garantir as condições de exploração, através do Aparelho Repressor de 
Estado, e a reprodução das relações de produção dessa exploração pelos AIE, “Portanto, 
tudo repousa sobre a infra-estrutura das relações de produção, isto é, das relações de 
exploração de classe. A base, a infra-estrutura do Estado de classe, é efetivamente, como 
dizia Lenin, a exploração”. (ALTHUSSER, 1999, p. 119). 
Para compreendermos, ao nosso juizo, o papel de instituições e organização que se 
contrapõe a ideologia dominante na sociedade, da classe dominante, no interior dos 
Aparelhos Ideológicos de Estado podemos refletir sobre as referências que Althusser faz às 
organizações proletárias, ao Partido e ao sindicato na França, que são peças do sistema 
político e sindical, ou seja, são peças dos Aparelhos ideológicos de Estado. Ao se referir a 
existência de organizações proletárias, nos respectivos AIE burguês, essa presença, 
(...) “não compromete radicalmente a natureza do sistema. A ideologia proletária 
não “ganhou” o sistema do AIE político ou sindical: pelo contrário, é sempre a 
Ideologia do Estado burguês que domina aí. É evidente que, em certas 
circunstâncias, tal situação irá criar “dificuldades” para o “funcionamento” dos 
AIE político e sindical burgueses. Mas, a burguesia dispõe de toda uma série de 
técnicas já comprovadas para enfrentar tal perigo.” (ALTHUSSER, 1999, p. 
122). 
 
Ainda sobre a presença do Partido e do sindicato dos trabalhadores, no interior dos 
AIE, esse travam a luta de classes nas formas legais, e a prática da luta de classes corre o 
risco de se pensar a luta de classes nos limites do interior dos AIE, nos limites e nas formas 
legais. Segundo Althusser, esse equívoco leva as organizações proletárias ao 
colaboracionismo de classe. 
(...) “A luta de classes que impôs a presença do Partido e do sindicato proletários 
nos AIE correspondentes supera infinitamente a luta de classe muito limitada que 
eles venham a travar nesses AIE. Nascidas de uma luta de classe exterior aos 
AIE, amparadas por ela, encarregadas de ajudá-la eampará-la por todos os meios 
legais as organizações proletárias que figuram nos citados AIE trairiam sua 
missão se reduzissem a luta de classe exterior, que se limita a se refletir sob 
formas muito limitadas na luta de classe travada nos AIE, a essa luta de classe 
interior aos AIE.” (ALTHUSSER, 1999, p. 122). 
 
Nesse sentido é indicado pelo autor a possibilidade de existência de organizações e 
de instituições de ideologias antagônicas à Ideologia do Estado, no interior dos AIE. As 
organizações e instituições, de ideologias subordinadas à do Estado, são impostas pela luta 
de classes, do exterior para o interior dos AIE. Althusser mesmo admitindo a possibilidade 
dessas instituições aponta para os seus limites e para a própria razão de existirem como 
elementos que possam contribuir na luta de classes que se trava no exterior dos AIE. 
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(...) ”Nos aparelhos ideológicos de Estado político e sindical, trata-se da luta de 
classes. Mas, cuidado: não se trata nem de toda a luta de classes, nem tampouco 
do terreno em que está enraizada a luta de classes. Trata-se de um campo em que 
a luta de classes reveste suas formas legais, cuja conquista tem a ver com uma 
história da luta de classes forçosamente exterior a essas formas legais. Uma vez 
que estas são conquistadas, a luta de classes exerce-se aí, nos limites mais ou 
menos reduzidos dessas formas, de qualquer modo, em seus limites 
rigorosamente definidos, ao mesmo tempo que se desenrola de maneira maciça 
fora dessas formas” ALTHUSSER, 1999, p. 123). 
 
Essas referências à luta de classes que se trava no interior do AIE político podem 
ser referências para compreensão dos vários AIE e a luta de classes, no interior das 
instituições e organizações, que as compõem. 
Apesar das lacunas que um trabalho de natureza precedente possa conter, certo é 
que a leitura da obra de Marx e de Althusser permite profundas conexões, como o conceito 
de ideologia. Implica concordar que Althusser encontra, em Marx, os fundamentos para 
sua reflexão acerca da ideologia, de tal maneira que os Aparelhos Ideológicos de Estado 
permitem, cada qual a seu modo, um papel fundamental na intervenção entre o modo como 
se organizam as forças produtivas e os fundamentos das relações sociais de produção. 
Contudo, os Aparelhos Ideológicos de Estado são imprescindíveis na manutenção e 
reprodução da sociedade burguesa, seus valores e suas formas de dominação e opressão do 
trabalhador. 
É importante levar em conta a dinâmica das instituições, do Estado, das relações de 
produção e de trabalho, da alienação e da luta de classes. As dinâmicas que redefinem a 
vida em sociedade firmemente, inclusive no processo de construção da cultura, só podem 
ser percebidas de quando se toma como peça de julgamento as condições concretas sobre 
as quais os homens erguem, enquanto classe, sua existência. Na perspectiva dessa 
compreensão, o conceito de ideologia, exposto no ponto de vista de dois pensadores de 
grande envergadura, é um caminho do qual não se pode legitimar aquilo que se esforça no 
exercício de apreensão da sociedade contemporânea, seus valores, suas clivagens de poder, 
formas de domínio e de resistência. 
CONCLUSÃO 
Podemos concluir, conforme assegurado nas linhas inicias, que o conceito de 
ideologia trata-se de um conceito extremamente complexo, impossibilitado de ser esgotado 
em um artigo. Diante dessa complexidade, abrir mão de seu tratamento, impede que se 
tenha a necessária compreensão dos fenômenos sociais do mundo contemporâneo. No 
inicio do século XXI, de crescimento acelerado das tensões políticas, sociais e econômicas, 
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a ideologia se torna um ampliador constantemente ativado para a demarcação das relações 
de poder e de acomodação do pensamento hegemônico. Assim podemos dizer que, no 
artigo em questão, fez-se necessária a recuperação dos escritos de Marx e de Althusser 
acerca da ideologia, na clara intenção de se problematizá-la à luz do materialismo histórico 
dialético. 
Elencamos, em primeira instância, das reflexões de Karl Marx sobre a ideologia, 
deixando claro que este procurou destacar o elemento ideológico como falsa impressão do 
real. O que importa para Marx é a realidade concreta das condições reais de existência. 
Nada pode ser ditado por aparatos ideológicos ou de mesma categoria. Sendo assim, 
podemos dizer em outras palavras, que a ideologia não existe em si mesma e nem fora de 
si. Ela é um “produto do cérebro”. Sobretudo, é o material que determina as ações 
humanas. É pelo trabalho que o homem realiza e consegue estabelecer sua existência. 
Entretanto, Althusser, adotando como fundamental as contribuições de Marx, 
avança no conceito, compreendendo a ideologia a partir de uma materialidade encarnada 
nas condições gerais de produção e na centralidade ocupada pelo Estado. Podemos 
enunciar que Marx não trata a ideologia em seu sentido mais vasto, reunida à relação entre 
as forças produtivas – bases materiais da sociedade - e suas relações sociais de produção, 
Althusser a analisa somente como resultado das condições materiais de existência. Talvez 
resida aí o único ponto em que a ideologia não contenha a mesma significado entre ambos 
os pensadores. Contudo, para estima de uma possível leitura que pretensiosamente queira 
colocá-los em posições antagônicas, Althusser seguramente não teria condições de 
explorar com tamanha importância o conceito de ideologia sem que tivesse legitimado suas 
reflexões na obra de Marx. Com resultado, a compreensão do Estado em Althusser deve 
seus fundamentos à obra de Marx. 
Podemos concluir que para Althusser o Estado é um “aparelho de Estado”. Isto nos 
diz que a ideologia ocupa lugar como um aparelho de Estado: um aparelho ideológico de 
Estado. Althusser assegura que a ideologia é determinada por uma base (infraestrutura) que 
exerce a função de reproduzir na sociedade a ideologia dominante. Por isso que, a 
ideologia dominante não estaria no poder de Estado se não fosse o aparelho repressivo de 
Estado. Em resumo, é correto afirmar que as contribuições de Marx e de Althusser acerca 
da ideologia se complementam em grande medida, esforço a que se propôs demonstrar o 
artigo, o que, acredita, tenha sido adquirido com relativa eficiência. 
 
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REFERÊNCIAS 
 
ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideológicos de Estado. Rio de Janeiro : Edições Graal , 
1992. 
ALTHUSSER, L. Sobre a reprodução. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. 
MARX, K. A ideologia Alemã. São Paulo : Hucitec, 1993.

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