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APRESENTAÇÃO..........................................................03 DEPOIMENTOS.............................................................05 DIREITO CIVIL................................................................20 PROCESSO CIVIL..........................................................55 DIREITO DO CONSUMIDOR.................................105 ECA...................................................................................131 DIREITO PENAL..........................................................155 PROCESSO PENAL.....................................................178 DIREITO CONSTITUCIONAL ................................203 DIREITO ELEITORAL.................................................244 DIREITO EMPRESARIAL..........................................282 DIREITO TRIBUTÁRIO.............................................313 DIREITO AMBIENTAL..............................................355 DIREITO ADMINISTRATIVO ................................375 PROCESSO COLETIVO.......................................416 HUMANÍSTICA...........................................................436 THUNDERSTORM IMAGENS...............................500 Olá, Amigos! Segue a edição do nosso trabalho Raios de fim de ano. Breve explicação: O Raios Retrospectiva foi uma ideia que ocorreu em final de 2020, para ser realizado durante o recesso. Está é a 3º Edição. Para isso reúno uma pequena Equipe de amigos onde fazemos a compilação, edição e revisão de dicas jurídicas para compartilhamento posterior de maneira voluntária e gratuita. Me baseei na ideia dos Raios anteriores que eram feitos para TJs específicos na semana da prova (geralmente somente com as dicas no WhatsApp ou no máximo algo em word). Então resolvi aprimorar a ideia e formar um compilado de Revisão anual, composta por dicas aleatórias e informais. Isso é possível por conhecer pessoas com espírito mais altruístas, com habilidades técnicas e jurídicas pois isto é necessário para transformar todas as dicas que são lançadas no presente Arquivo. O Compilado RAIOS consiste em um conjunto de dicas jurídicas montadas por vários concurseiros solidários e, que infelizmente não há como nominar pois é um grupo formado pela união de pessoas que na sua maioria não se conhecem. É inspirado no chamado Brainstorming (tempestade de ideias). Isto significa, aqui em nosso “juridiquês”, reunir o máximo de informações possíveis num curto espaço de tempo. Para tal, forma-se um Grupo temporário com mais de 200 pessoas onde são convidados amigos de amigos ou de pequenos grupos de estudo, a fim de manter a qualidade do trabalho. O “evento” este ano ocorreu dia 18 de dezembro, no intervalo das 20h às 21.10h. Ao final começa o trabalho interno para elaborar a Edição final pela nossa pequena “Equipe Raios”. Formamos aqui um ótimo Arquivo de Revisão, numa leitura leve, contando com uma parte escrita como objeto principal do estudo e algumas imagens. A Edição/Sumário toma por base o Concurso da Magistratura, mas também com a matéria de Processo Coletivo tendo em vista a sua importância atual. Serve, claro, para outros concursos, especialmente Ministério Público, pois muitos participantes do Raios estudam para esta carreira e até mesmo alguns Depoimentos são de membros da Instituição. Deixamos nosso enorme agradecimento a cada um que colaborou para nosso trabalho. Porque o espírito do Raios e justo ser feito por vários concurseiros que lançam dicas sejam próprias ou retiradas de material, livros , professores , instas, etc. Não há como sabermos e nem citar as mais de 200 pessoas do Grupo, até porque nem todos efetivamente atuam. Quem teve o seu trabalho em separar uma dica carinhosamente saibam que sem vocês o trabalho não seria possível. Então os principais colaboradores são aqueles que voluntariamente se esforçaram em separar a sua preciosa dica, seja um de nós da Equipe Raios sejam os demais que compuseram o Grupo Raios. A Equipe de trabalho Raios foi irretocável como sempre. Este ano foram 10 pessoas muito bem preparadas na Revisão e aqui destaco a professora Renata Chamma que participou na matéria de Ambiental, aceitando gentilmente o convite feito. E o querido Yan @tecendoatoga além de revisor sempre ali na divisão do horário da “adrenalina” comigo Duas pessoas na parte da compilação de dicas e imagens. E o querido amigo Fred, impecável na arte final do trabalho e sempre fazendo o melhor em seus primorosos trabalhos de edição. Por fim, agradeço a quem dedicou seu tempo elaborando nossos lindos Depoimentos. São pessoas todas muito especiais e registro o quanto de carinho e preocupação que eles tiveram para fazer. Acredito dar um toque especial no nosso trabalho, ver pessoas que ontem estavam juntos ali na caminhada (muitas vezes no dia a dia em grupos de estudos) e hoje membros do Poder. Sabemos o quanto as palavras de cada um inspiram a todos, às vezes se amoldando a como uma luva para cada pessoa seja por que motivo for. Nota final: O presente trabalho não tem qualquer pretensão autoral. Nós, da Equipe Raios, elaboramos com zelo por ser natural a quem está aqui no Projeto, cientes de que tudo que fazemos deve ser feito com responsabilidade principalmente quando utilizados por terceiros. A maioria está acostumada a lidar com elaboração de material ou mesmo área acadêmica, em especial : Ana Beatriz, Ana Paula , Andreza, Daiane , Eduardo , Fred, Renata, Tadeu e Yan). É um humilde compilado para estudos que esperamos ser útil para todos que o acessem. FORÇA, FÉ EM DEUS E UMA CAMINHADA DE PAZ Rio de Janeiro (RJ), 14 de janeiro de 2023. BEATRIZ BARROS COORDENAÇÃO COMPILAÇÃO EDIÇÃO Beatriz Barros Danielle Z. Fred Cezar Juliana Brancalhão REVISÃO Ana Paula Martins Andreza Tauane Beatriz Barros Daiane Medino Wotkoski Eduardo Belisário Teixeira Luana Santana Renata Chamma Thadeu Guerra Tiago de Carvalho Bini Yan Walter MENÇÃO HONROSA Antes de iniciar os Depoimentos deste ano, gostaria de fazer uma pequena homenagem a duas pessoas tendo em conta que foram importantes na jornada concurseira de muitas pessoas de um jeito ou de outro. Uma é a conhecida de muitos e muitos concurseiros pelo seu hoje extinto instagram, chamado @conquistandoatoga. A querida Carol, posso dizer que teve uma passagem rápida pela vida concurseira pois alcançou o tão sonhado cargo de Promotora de Justiça onde hoje se encontra realizada. Ajudou demais a comunidade enquanto esteve no instagram disponibilizando gratuitamente muito material de estudo, foi um trabalho lindo e altruísta, deixando saudades para muitos. Logrou êxito em chegar até a fase oral de três MP praticamente ao mesmo tempo, onde hoje está no Amapá. E já a Tatiane pela participação aqui no nosso lindo trabalho de fim de ano que é o RAIOS onde foi revisora nestes dois anos e....agora é Juíza no Rio Grande do Sul, com posse em 2022. Pois sendo o Raios um trabalho voluntario que acontece durante o Recesso não são todas as pessoa que querem “perder” um tempo ali para nada ganhar em troca. Mas é o tal negócio: perder ou ganhar? Hehehe. Enfim e as duas apresentam a mesma história de resiliência tendo um ponto peculiar em comum, embora em tempos diferentes, atingiram a meta! No mais todos os depoimentos são escolhidos como uma maneira de prestigiar a trajetória de uma pessoa querida e especialmente quem esteve junto ali em nosso grupo de estudos. Até porque a jornada não é fácil para ninguém. Vamos lá! (Bia) LOCAIS ONDE O ARQUIVO PODE SER ENCONTRADO O arquivo pode ser compartilhado abertamente, em grupos, drives públicos, amigos, enfim... Seguem alguns DRIVES PÚBLICOS onde este trabalho poderá ser encontrado: Renata: @ems_concurseira / Thadeu: @brocandoasbancasJoão: @cadernomagis / Francisco: @compartilhando_magis Eduardo: @eduardobelisarios.teixeira / Juliana: @concurdiva Gracelia: @graceliamenezes Olá, amigos, tudo bem? Meu nome é Átilla de Oliveira, sou Procurador do Estado na PGE-CE, empossado no dia 10/06/2022, aprovado em 4º lugar. Também fui aprovado em 1º lugar para Promotor de Justiça do MPCE, certame concluído no ano de 2022, após uma longa jornada de suspensões e retomadas em decorrência da pandemia. Atualmente, sou um dos Procuradores integrantes da Procuradoria de Execuções e Precatórios, mas também atuo na advocacia privada (principalmente no ramo de servidores e concursos públicos) e ministro aulas/mentorias voltadas para os concursos jurídicos de MP, TJ e PGE. Há poucos dias, eu estava conversando com meus pais e disse que, há um ano, no final de 2021, eu jamais imaginaria que estaria onde estou hoje, tampouco que seria possível alcançar resultados tão expressivos em dois concursos jurídicos de áreas distintas (Promotor de Justiça e Procurador do Estado). Sem sombra de dúvidas, eu estou vivendo a realidade de um sonho que “foi sonhado” com muita luta e abdicação. Falo com tranquilidade que, hoje, as noites mal dormidas, as lágrimas derramadas por pífios resultados em provas passadas, o dinheiro gasto com bilhetes aéreos e hotéis em concursos que reprovei, as ausências nas saídas com amigos e familiares, bem como todo o “pacote de dificuldades” que acompanha o concurseiro que almeja passar em concursos de alto rendimento, não passam de uma vaga lembrança que ficou ofuscada pelo sentimento de realização que sinto no exercício da minha profissão. Eu não tenho como falar outra coisa, a não ser: CONTINUEM NA LUTA, POIS VAI VALER A PENA! Um dos grandes desafios de todo concurseiro é saber organizar toda a gama de conhecimento que lhe será necessário para marcar o gabarito correto, para escrever boas respostas e para responder perguntas orais com desenvoltura e assertividade. Cada vez mais, a quantidade de conhecimento exigida é absurdamente grande, e nós precisamos nos municiar de materiais que possam, de alguma forma, auxiliar na construção e no enraizamento do conteúdo em nossa memória. Falar de um material não significa necessariamente afirmar que ele é o melhor, ou o mais completo, ou o mais profundo, em detrimento de todos os demais materiais. Eu particularmente não gosto de generalizações. No entanto, em respeito à minha própria sistemática de estudos, percebi mais vantagens em materiais que se mostraram concisos, assertivos e com uma boa amplitude horizontal de conhecimento, ainda que houvesse eventual déficit de profundidade a ser posteriormente preenchido, e, nesse contexto, só tenho elogios a fazer ao material do RAIOS! Eu utilizei esse material em dois momentos bem específicos: na preparação para a prova discursiva e para a prova oral. A ampla variedade de temas abordados facilita que o concurseiro obtenha uma visão holística do conteúdo programático, de modo a evidenciar, para nós mesmos, os eventuais pontos de fraqueza que devem ser fortalecidos. Por isso que, várias vezes, meu grupo de amigos utilizou as perguntas e respostas do RAIOS para fazer simulações de provas orais (e eu super recomendo que isso seja feito!). Com certeza, isso nos auxiliou bastante a atingir boas notas no concurso do MPCE e, no meu caso particular, a atingir a primeira colocação, fato que sempre pareceu impossível aos meus olhos de outrora! Confesso que sempre gostei bastante de ler e acompanhar a rotina de aprovados, como forma de guiar a administração da minha própria rotina e do meu próprio jeito de estudar. Sei que existem altos e baixos, momentos de euforia e momentos de profunda solidão, mas, mesmo com essas dificuldades, peço que sempre façam uma reflexão interior na busca de encontrar a força e o empenho necessário para seguir no caminho. Se a jornada parecer muito longa e a angústia de sequer conseguir ver o final do caminho se fizer presente, faça a única coisa que pode ser feita: concentre-se apenas no seu próximo passo, depois no próximo, no próximo, no próximo e no próximo... A arte de fazer um pouquinho a cada dia é a grande arquitetura das majestosas construções. Força e constância, meus amigos! Vocês chegam lá! Átilla de Oliveira Procurador do Estado (PGE-CE) – Aprovado em 4º lugar – Posse em 10/06/2022 Aprovado em 1º lugar para Promotor de Justiça (MPCE) Olá, eu sou o Bernardo Girardi Sangoi, Juiz de Direito no TJRJ, e aprovado para Promotor de Justiça no MPDFT. Hoje, venho aqui compartilhar um pouco da minha trajetória no mundo dos concursos. Agradeço à Bia, que é uma das organizadoras deste trabalho (nos conhecemos no dia de minha prova oral no Rio), por esse convite. Fico muito feliz, pois sempre lia as histórias dos aprovados, o que é uma motivação para seguir firme nos estudos. Minha jornada começou no segundo semestre de 2018, quando eu estava finalizando o Mestrado. Eu queria ser juiz, desde pequeno, mas não fazia ideia de como me preparar para o tão sonhado cargo público. No âmbito acadêmico, ao qual estava acostumado, o estudo é vertical, isto é, com muita profundidade, porém, sobre poucos temas. Diferentemente, no concurso público, o estudo é horizontal, isto é, de forma mais sintética e expansiva, para se conseguir abarcar conhecimento máximo dos temas do edital. Isso faz total diferença, e foi uma das dificuldades iniciais que tive, até me encontrar nos estudos. Eu queria vencer rápido o edital, buscava atalhos, e ficava extremamente ansioso por não conseguir me planejar de forma adequada. A sensação que eu tinha era de estar sempre “correndo atrás da máquina”, que o que eu fazia não era suficiente. Neste sentido, o ano de 2019 foi um divisor de águas em minha vida. Minha dedicação se deu de forma integral. Aprendi a não ser tão rigoroso comigo mesmo. Fui aprendendo, em muitas tentativas, a estabelecer metas atingíveis para os dias de estudo, com várias pausas ao longo do dia, e descanso semanal aos sábados. Aos domingos, tirava o dia para fazer simulados e corrigi-los. Por favor, lembre-se sempre disso: É imprescindível ser disciplinado, nunca cruel consigo mesmo. Há uma linha tênue entre isso. A rotina precisa ser pensada, construída, repensada, por cada um de nós, de forma que haja a tão sonhada evolução nos estudos. Mas, isso não pode se transformar em um caminho supostamente inatingível, com sofrimento desnecessário ante metas inatingíveis. Isso é ser algoz de si mesmo. Após algumas provas, prestei TJPA, em outubro de 2019. Queria muito ir para uma segunda fase. Estava com uma pontuação muito boa nos simulados que fazia em casa, mais calmo. Fiz a prova muito tranquilo, saí com a sensação de que “tinha dado”. Porém, quando cheguei ao aeroporto, soube que, em um dos locais de prova, havia tido um ruído/estrondo, pessoas saíram correndo do prédio, inclusive fiscais. Em questão de horas, o comunicado formal da banca: a prova havia sido anulada... Pelo gabarito extraoficial, eu estava entre os primeiros colocados. Isso me angustiou tanto, que me senti muito mal, por cerca de 1 semana. “Quando viria a aprovação”? Refleti muito sobre a jornada ao longo desse tempo, mas, ao fim e ao cabo, serviu para reforçar o que eu queria para minha vida: ser juiz. Tenho muita fé em Deus e em Nossa Senhora Aparecida. Pedia todos os dias pela aprovação. Em uma de minhas orações, senti uma paz, uma sensação de que as coisas dariam certo no tempo certo. Eu faria a minha parte, onde e quando eram perguntas que não estavam em minha alçada. Decidi que me prepararia para o TJRJ, cuja prova seria em dezembro, com bastante calma. 1 dia de cada vez. Tinha que estudar Direitos Difusos e Coletivos, matéria esta que, até então, não estava no meu cronograma de estudos. Busquei prioridades, e depois passei à revisão, com disciplinae serenidade. O resultado veio: a tão sonhada aprovação na primeira fase chegou! Para mim, essa era a fase mais difícil do concurso, por envolver muitas decorebas de lei seca. Mas, é uma parte do caminho. Trata-se de um passo. De uma parte do caminho. É preciso lê-la, de forma integral e fracionada, no que o estudo vai ficando mais palatável ao longo dos dias, sem aquela sensação de desgaste mental e exaustão de energias. Algo que me ajudava a pensar dessa forma era a fábula da cigarra e da formiga: ser como a formiga, devagar e sempre, sem pressa, na velocidade que eu conseguia ler. Em 2020, a maior dificuldade foi conciliar a preparação com a ansiedade, em um cenário incerto da pandemia. A prova discursiva do TJRJ estava marcada para março, passagens compradas, hotel reservado, faltava 1 semana, mas veio a notícia do cancelamento, sem qualquer perspectiva de marcação de nova data, nem de novos concursos. Um dia de cada vez. Esse pensamento me deu muita força para seguir em frente nos 15 meses subsequentes, sem prova alguma. Quando temos um propósito, não é a intensidade que faz a diferença, mas a constância. Eu diminuí o ritmo, em prol da saúde mental. Mas, mantive a disciplina e o foco durante todo este tempo. Melhorei muito na técnica de sentença cível, por exemplo, que me era um tema sensível. Fiz vários simulados desta etapa ao longo de toda a pandemia. E, incrivelmente, estudei a jurisprudência do STJ sobre bem de família, em um simulado de sentença de embargos à execução, e, na prova de sentença do TJRJ, a sentença cível foi embargos de terceiro sobre tal tema... Embora tivesse sido uma prova densa e extremamente difícil, a experiência dos simulados me ajudou a ter a calma para o raciocínio e a fluidez das ideias. Nesse processo todo, optei por estudar, também, para a carreira de Promotor de Justiça, ampliar o espectro de concursos públicos, mas com a manutenção de matérias afins. A primeira prova pós-pandemia foi o MPDFT, uma das provas (se não a mais difícil) mais difíceis da minha vida. Os dois concursos, o do MPDFT e do TJRJ, andaram, praticamente juntos. Algo que muito me ajudou a manter o equilíbrio, principalmente nos momentos mais difíceis e de incertezas, foi buscar elevar os pensamentos, agradecer pela aprovação, e me visualizar no cargo público, já de toga. Isso me revigorava, e é algo que me ajudava a manter-me firme na maratona concursal. Lembre-se sempre: não é sobre a conquista, mas sobre a jornada, que é única, de cada um, e que faz o sonho valer a pena. Grande abraço, siga firme, e bons estudos! Bernardo Sangoi Juiz de Direito TJRJ 2019 (Posse em 2022) Prezados colegas, Me chamo Carlos Eduardo Pimentel e sou juiz do TJRJ. Gostaria, primeiramente, de agradecer o convite carinhoso feito pela querida amiga Bia, o que me permitiu estar aqui e poder falar com vocês. Quero contar um pouco sobre a minha trajetória até a aprovação e, quero muito falar com vocês sobre os sentimentos e as angústias que passamos para chegar até lá. Espero que este breve relato seja um estímulo para que todos vocês continuem em busca dos seus sonhos, em todos os campos da vida. Então vamos lá.... Eu passei e tomei posse como magistrado aos 37 anos!!! Após mais de 10 anos de estudo, quase 50 provas de primeira fase, umas tantas outras de segunda fase e sentenças. Não, não foi fácil!! Mas quem disse que seria?...rsrsrs. Eu apenas persisti e jamais desisti. Depois de sair da faculdade, ingressei na EMERJ no ano de 2009, com a finalidade de me preparar para os concursos da magistratura. Mesmo cursando a Escola, continuei trabalhando como advogado durante algum tempo. Em 2015, comecei a passar para as segundas fases dos concursos. E o sentimento era uma mistura de alegria com desespero...rsrsrs. E agora como estudar para segunda fase e para as provas de sentenças? Meu Deus, eu não sei nada de direito, quanto mais escrever!!..rsrsrs. Esses foram alguns questionamentos que foram surgindo conforme fui avançando nas fases dos concursos. Mas acreditem....vocês sabem o conteúdo e as matérias. E é óbvio que bate aquele desespero de como começar a estudar para segunda fase e para as sentenças. Fazer um curso de como fazer sentenças é importante porque trata-se de uma peça técnica e ao mesmo tempo com conteúdo profundo de direito material e processual. E resolver as questões processuais postas no caso concreto apresentado com certeza fará parte da sua aprovação. Então, de 2015 em diante passei a flertar com as provas de segunda fase e com as sentenças. Contudo, sempre parava nessas fases. Nunca conseguia chegar em uma prova oral. Até que no ano de 2018 eu simplesmente não consegui passar para nenhuma segunda fase! Todas as provas que fazia ficava por 1, 2, ou 3 questões do corte.....e o corte sempre subindo. Comecei a duvidar de mim e das minhas capacidades. Pensei em desistir diversas vezes. Quase desisti.... Foi neste momento que, por uma indicação de uma paciente (e concurseira) da minha mulher, fiz um coaching com um cara que mudou minha vida e a forma de eu ver tudo ao meu redor. Em nosso primeiro encontro expus todas a minhas angústias para ele e que sempre ficava por pouco de passar, que me sentia um fracassado, que não conseguiria. E a resposta dele foi simples e direta: “Você já parou para pensar que está muito mais perto do sucesso do que do fracasso?” Neste momento eu fiquei sem palavras. E ele prosseguiu: “Você está a uma questão da aprovação para a próxima fase... o que te falta é corrigir detalhes....e sua aprovação chegará”. Essa pessoa mudou minha vida para sempre e faz parte da minha aprovação e da minha mudança de perspectiva de vida. Então, essa é a mensagem que quero deixar para quem está próximo de passar para a próxima fase e pensa em desistir: LEMBRE-SE QUE VOCÊ ESTÁ MUITO MAIS PERTO DO SUCESSO DO QUE DO FRACASSO”. E, assim, no ano de 2019 eu passei para a segunda fase de todas a provas de magistratura que fiz e até para o MPSP...rsrsrs. Em dezembro de 2019, fiz a prova do TJRJ e fui aprovado para a segunda fase. Porém, uma semana antes da prova discursiva, tudo foi cancelado por conta da pandemia. O concurso só seria retomado com a realização da prova discursiva no dia 11/07/21. Durante a pandemia, decidi que minha vida pessoal começaria a acontecer. Saí do Rio de Janeiro, fui morar em Goiânia com minha mulher. Um dia depois de chegar em Goiânia, saiu o resultado da prova e eu estava nas sentenças. Uma semana antes das sentenças descobrimos que estávamos grávidos....rsrsrs. Tudo aconteceu ao mesmo tempo, no tempo de Deus. Passei pelas provas de sentenças já sabendo que seria pai da Alice e que tudo que eu faria a partir desse momento seria por ela. Passei para magistratura do meu Estado. Voltei para casa. Com minha mulher, nossa filha e nossa cachorra Luna. Foi preciso que eu desse andamento nas minhas realizações pessoais para que o sonho da magistratura acontecesse. Termino este breve, sincero e carinhoso depoimento com algumas palavras para todos vocês: PERSISTAM!! RESISTAM!! SEJAM RESILIENTES!! CONQUISTEM SEUS SONHOS E OBJETIVOS!! COMBATAM O BOM COMBATE!! SEJAM SEMPRE CORRETOS E HONESTOS!! GUARDEM A FÉ (SEJA NO QUE E EM QUEM FOR). VIVAM!! TENHAM EQUILÍBRIO!! A VIDA NÃO É SÓ CONCURSO!! COMEMOREM CADA APROVAÇÃO!! SE AJUDEM SEMPRE!! CONTEM SEMPRECOMIGO!! COM CARINHO, Carlos Eduardo Pimentel Juiz de Direito Posse no TJRJ em 2022 Olá!!! Meu nome é Carolina Oliveira (mais conhecida como “Toguinha”). Sempre quando alguém me perguntava há quanto tempo eu estudava para concurso, eu dizia: “desde os meus seis anos”. Muitos enxergavam como falta de educação, mas posso dizer do fundo do meu coração que eu acredito exatamente nisso. O meu estudo foi acumulado por toda a minha vida. Nunca acreditei nos concurseiros que dizem ter passado com “seis meses”, “um ano”, p. ex.O estudo é acumulado ao longo da vida. Sou filha de analfabetos funcionais e pessoas pobres. Passei por toda a sorte de dificuldades na vida. Sem o estudo, hoje eu nada teria e nada seria. Fiz a minha faculdade com bolsa integral pelo PROUNI (formei com láurea acadêmica), comecei a estagiar com 16 anos, passei no meu primeiro concurso com 20 anos e sempre fui impulsionada pela disciplina. Quanto mais eu estudava, mais eu notava que a minha vida melhorava. Quanto mais a minha vida melhorava, mais vontade eu tinha de estudar para melhorar ainda mais a minha vida. Moral da história: estudar sempre foi um ato prazeroso para mim (lamento se não sou mais uma a pregar que “estudar não é prazeroso”. Aliás, eu sou o oposto de tudo que ensinam e pregam por aí. Nunca gostei de cronogramas, estudava escrevendo (e muito!), usava muitas canetas coloridas, não seguia metodologia de ninguém (e na verdade eu detesto “método de estudo”) e ainda assim eu passei e fui nomeada várias vezes ao longo da vida. E reprovar? Claro que reprovei. A reprovação que mais doeu foi a que tive em 2018 (para analista judiciário do STJ). A outra foi na prova oral para Promotor de Justiça do MPMG em 2022 (nessa não doeu a reprovação em si, mas o fato de ver o quanto o ser humano pode ser doente e apático). Contudo, nenhuma reprovação nunca me parou. Eu tenho um defeito que sempre foi descarregar todas as minhas dores/frustrações no estudo. Logo, quanto pior eu estava internamente, mais eu estudava. Posso dizer que em 2022 eu estudei como nunca estudei na vida e não me arrependo de nada. Nunca deixei de fazer nada que eu quisesse para estudar, mas o fato é que estudar é o que de verdade eu mais queria fazer e isso tornou a caminhada mais leve. Não acredito na frase “só não passa quem desiste”. Não existem vagas para todos. Eu acredito que só passa quem tem MUITA disciplina. A banca examinadora não tem a função de nos ajudar, de ser nossa amiga, de se importar com os nossos problemas pessoais. A partir do momento que a pessoa passa a ter a consciência de que reclamar e ficar inerte não mudará nada, ela terá novos olhos para a realidade. As pessoas hoje em dia querem o atalho, o cronograma milagroso, o “coach” não sei do quê, mas esquecem do básico: ler a lei, resolver milhares de exercícios e estar MUITO afiado com a jurisprudência (saindo, ademais, do lugar comum dos informativos e “julgados dos dois últimos anos”). Olhando para a vida que eu poderia ter tido sem os estudos e olhando para a minha vida atual depois de ter tido MUITO ESTUDO, eu garanto: VALEU MUITO A PENA e eu faria tudo de novo (faria até mais). Seu melhor “colti” será a sua DISCIPLINA. Disciplina é liberdade. Quem quiser saber detalhes da minha história, vá ao Instagram do @brocandoasbancas e leia a “carta aberta da Carol aos concurseiros”. Posso dizer que estou no melhor MP desse Brasil. A infraestrutura, a carreira e todo o suporte são surreais. Valeu MUITO cada minuto de bunda na cadeira. E posso dizer que foram milhares deles, com vontade ou sem vontade, animada ou desanimada, “motivadinha” ou sem a “motivaçãozinha”. Fuja de métodos mágicos. Eles simplesmente não existem. “Conhece a ti mesmo”. Carolina Oliveira Promotora de Justiça do MPE-AP. Posse em 28/11/2022 Oi, gente! Confesso que não sei direito por onde começar….e porquê? Porque realização desse sonho já conta com longa data….e isso me gerou uma grande dificuldade para escrever essas linhas aqui... ….pensei: puxa, será que eu tenho realmente algo a contribuir com eles? Foi aí que percebi que as ansiedades e dificuldades do concurseiro não mudam! Os cursinhos realmente estão cada vez melhores, as informações chegam na palma da mão e em tempo real...simmm tudo isso é verdade….mas a boa e velha prova de múltipla escolha continua a mesma…..a “receita do bolo do concurseiro” continua a mesma: dúvidas, incertezas, angustias, choro, desesperado, vontade de desistir, cafés, horas de estudos a fio, uma jornada solitária….sim, solitária, mas que não pode ser feita sozinha….e uma dose muito grande de FÉ e MOTIVAÇÃO! Simmmmm…..posso dizer que esses dois últimos foram o meu segredo….fé e minha maior motivação: Duda! Peço licença pra compartilhar um pouquinho mais da minha vida….e depois voltamos ao caminho do concurso e da aprovação… Já na faculdade sonhava em ser Promotora de Justiça….aliás, fiz direito para isso! Mas no quarto ano da faculdade engravidei! 21 anos, mãe solteira...nem vou entrar nos detalhes dos julgamentos sobre isso...mas fato é que ouvi da minha família: “Pronto! Agora não vai mais ser Promotora de Justiça!”...”Escolhe um concurso mais fácil….afinal, que homem vai querer se casar depois com uma mãe solteira e promotora de justiça (caso você seja aprovada)”….e outras tantas frases “motivacionais”… Fato é que algumas lágrimas depois estava lá eu sentada e estudando….olhava pra Duda e pensava: vou fazer isso por mim e por você! Foi fácil? Não! Foi mais difícil do que muito gente pode imaginar…..ser mãe, trabalhar e ser concurseira...lidar com febre da filha, estudar em horários ultra alternativos enquanto ela dormia, ouvir lei seca enquanto fazia de conta que estava ali assistindo um desenho com ela….tomar banho juntas para ter um “tempo de qualidade” com ela, porque logo depois já tem que voltar a estudar….e outras tantas peculiaridades da vida de mãe solteira concurseira… Ao mesmo tempo tive uma conversa séria com Deus….combinei com Ele que eu faria a minha parte aqui embaixo e que Ele por favor fizesse o milagre lá de cima…. E assim foi….entre a formatura e a posse quatro anos se passaram….muitas e muitas lágrimas vieram, a vontade de desistir era frequente….medo, insegurança e pensamentos do tipo: não sou inteligente o suficiente para ser Promotora de Justiça eram constantes! Mas lá estava ela...sempre ela: Duda! Era ela que me dava forças….eu precisava passar logo para poder ter mais tempo com ela...poder dar uma vida boa que um bom salário pode proporcionar….e precisava realizar o meu sonho: ser Promotora de Justiça! E lá sempre esteve Ele...Deus! Sempre me fazendo ressurgir a cada reprovação e a não desistir! (E como sua representante aqui na Terra, estava minha mãe….me ajudando com minha pequena e me incentivando todas as vezes que pensava em desistir!). Uma vez, diante de uma reprovação no TJPR brigamos feio! Ou melhor, eu briguei sozinha com Ele! Questionei aos berros o que Ele queria de mim já que eu estudava, estudava e não passava. Um mês depois da nossa briga, eu já tinha pedido perdão (pedi no dia seguinte e entreguei nas mãos dele)….a minha aprovação começou a vir….fui aprovada na primeira fase do concurso que tomei posse….e depois nas subsequentes…. E em cada uma delas Ele estava comigo! Em cada uma delas, Ele me dava um sinal de que eu iria conseguir….e literalmente me levou pelas mãos até a minha aprovação! Hj, Promotora de Justiça há 14 anos só posso te dizer o seguinte: os planos de Deus são infinitamente melhores do que os nossos...a caminhada até a aprovação é longa e difícil (não vou dizer que não), então, não a faça sozinho….e relembre-se TODOS os dias qual sua motivação para não desistir….e tenha fé! Acredite! Não duvide nem um minuto de que se você pode sonhar com isso você pode realizar! Sim! Eu sei que você vai pensar em desistir…. ao longo do caminho também existirão “problemas” enquanto você estuda….a vida não pára e não fica perfeita pra você estudar….mas é justamente essa sua trajetória que faz de você um ser único e que contribuirá para o profissional que você será! E por fim, se eu puder te dar mais um conselho….não desista!!!! Vale muito a pena!!!! O nome no diário, a posse, e dia a dia exercendo a função que você sonhou e lutou por ela formam um conjunto incrível a ponto de fazer você “esquecer” todo o sacrifício que fez para conquistar!FERNANDA DA SILVA SOARES PROMOTORA DE JUSTIÇA NO PARANÁ Posse 05/11/2008 @prof.fersoares Sou Fellipe Abrahão e em 01 de julho de 2022 ingressei na magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Poderia dizer, resumidamente, que li lei seca e doutrina, fiz anotações, ouvi áudios, resolvi questões, fiz diversos cursinhos, principalmente para as fases discursivas e de sentenças, e fui reprovado em dezenas de concursos antes de me tornar magistrado, que nunca desisti, mas acho que isso pouco te ajudaria. Fiz tudo isso, é verdade, mas acredito que minha aprovação é fruto de tudo o que vivi nos meus 40 anos até aqui. Sou de origem humilde, minha mãe me sustentou com muito sacrifício no interior do Rio de Janeiro e, como boa professora, me convenceu da importância do estudo na vida do pobre. Como o ilícito nunca foi opção, havia em mim uma necessidade de superar aquela situação e conquistar tudo o que meus sonhos podiam alcançar (e eles foram se expandindo com o tempo). Assim, estudei muito para frequentar boa parte do ensino fundamental e o ensino médio em escola particular com bolsa de estudos, passei em vestibular de universidades públicas, ingressei na EsPCEx (e desisti), cursei biomedicina na UFRJ (e saí na metade), tomei posse no cargo de técnico de atividade judiciária do TJRJ em 09/07/2003, cursei Direito na UFF de 2005 a 2009, tomei posse no cargo de oficial de justiça do TJRJ em 29/01/2013, fiz mestrado em Direito Processual Constitucional na Argentina e fui aprovado para Defensor Público do Estado do Maranhão. Pelo roteiro, consegue perceber que ser magistrado não era o único objetivo e nem uma meta clara desde sempre na minha vida? A ideia de ser magistrado nasceu durante os 17 anos em que assessorei uma incrível magistrada do TJRJ e percebi que a atividade jurisdicional era capaz de transformar a vida de tantas pessoas. Imaginei que a atividade que já me fazia feliz como assessor deveria ser ainda melhor como magistrado, mas acho que também poderia ser feliz como defensor público. Na verdade, acredito que nossa felicidade depende de nós mesmos e, como minha amiga Flávia Martins, tenho o compromisso de ser e de me fazer feliz. Por isso nunca parei de tentar e de insistir, nunca me conformei com uma situação que não me desafiasse ou trouxesse felicidade, me arrependi quando pensei em desistir e me diverti enquanto trilhava meu caminho até a magistratura. O percurso não foi fácil, foi sofrido, foi inconstante, mas foi se tornando cada vez mais leve à medida que eu descobria um propósito que me fazia feliz. A jornada foi enriquecida pela diversidade de histórias dos demais concurseiros que conheci por esse Brasil afora e pelas incríveis amizades que fiz durante esse período. Por isso, não tenho uma fórmula para aprovação ou um roteiro de sucesso para te apresentar, mas apenas um convite: descubra o que te faz feliz e siga em frente, ajuste a rota sempre que se fizer necessário, não se culpe por sua história, busque motivação diariamente e seja gentil consigo mesmo. Repito, seja gentil consigo mesmo. Só você pode descobrir o caminho da sua aprovação. E eu espero que descubra e se encante com sua vida e sua carreira. Grande abraço FELLIPE ALVES DIVINO LIMA MESQUITA ABRAHÃO Juiz de Direito do TJRS desde 2022 Quem é Jorge Arbex Bueno, hoje juiz de direito no Tribunal de Justiça de Minas Gerais? Natural de Varginha, sul de Minas Gerais, mudei para São Paulo com 15 (quinze) anos de idade para treinar natação no Esporte Clube Pinheiros. Quando atleta de natação, fui campeão mineiro em 03 (três) provas (200 nado medley, 100 e 200 nado costas). Na minha trajetória outras diversas vitórias no estado de São Paulo, inclusive com atuação no exterior (Coral Spring – Florida), também várias derrotas. Apenas com 27 anos, após formado, iniciei os estudos para concurso público. Sem maiores delongas, distante do juridiquês ou da linguagem rebuscada vamos ao que interessa sem romantizar. Foram mais de 50 provas, superando 30 aprovações em provas objetivas e 04 aprovações para provas orais, com 02 (duas) reprovações – magistratura do TJMG e promotoria do MPSP. Consegui, nos anos de preparação, atingir uma performance que me possibilitou chegar aos 90 pontos na prova objetiva para juiz do TJSP, também 86 para juiz no TJMG, 80 pontos para Promotor no MPSP, 78 pontos no MP/GO e 74 no MPMT (6º colocado na primeira fase). Durante a caminhada, também fui aprovado em 03 (três) provas objetivas para juiz federal (TRF da 2ª região, da 3ª região e com 77 pontos no da 4ª região). Em síntese, não vai ser fácil, a concorrência externa e interna é pesada, o sistema é bruto. Para poucos pode ser simples, mas essa não é a regra. No mundo do homem médio é preciso sim de disciplina, garra e temperança. Na minha jornada dois foram os diferenciais, um alinhado à disciplina e garra (talvez do esporte), outro à temperança. Sempre tive uma rotina diária, uma programação semanal de estudos, passando por todas as matérias. Foi quando decorei os cadernos que consegui superar a primeira fase. Cadernos? Sim, estudei por cursos, na época o melhor era o LFG. O bom é inimigo do ótimo. O homem médio precisa revisar e com doutrina extensa isso se torna quase impossível. Nessa toada cheguei a duas provas orais em 2015, quando reprovado em ambas. Embora disciplinado e com muita garra ainda me faltava algo, a temperança. Não era falta de conteúdo, já que tinha todos os pontos do edital consolidados. Com as reprovações no TJMG e TJSP urgia a pergunta: o que estaria faltando? Em meados de 2016 minhas forças haviam acabado, quando recebi a ligação de uma amiga de estudos. A partir de um sonho ela sentiu a necessidade de me falar sobre espiritualidade e direcionamento de Deus. A partir daquele momento iniciei uma nova jornada, crendo em um desígnio diante daquilo tudo. Foram 03 (anos) de atividade espiritual até a minha aprovação. Entre glórias e desertos, consegui superar medos até minha fase final nos concursos públicos. Eis a temperança. Em pílulas, deixo alguns conselhos aos futuros colegas: i) monte uma base de estudos, por videoaulas ou apostilas, no máximo sinopses; ii) livros apenas para consultas pontuais em temas de predileção de examinadores, isso se verificar que o caderno não é suficiente; iii) rotina de estudos e um esporte 06 (seis) dias por semana, descansaria domingo; iv) pode resumir ou apenas grifar, mas evite perfeccionismo, pois seu material é apenas um instrumento para sua aprovação; v) estude todas as matérias durante a semana; vi) faça questões apenas quando já tiver a doutrina de revisão consolidada, criando caderno de erros; vii) jamais troque de material; viii) faça um polimento final. Enfim, fiquem a vontade para me chamarem no direct (Jorge Arbex Magistrado). Nunca deixei de responder um colega de concurso público. Conheço bem o sentimento de esperança e desespero jungidos. Fiquem com Deus. “Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.” Filipenses 3:13-14 Jorge Arbex Bueno JUIZ NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS (TJMG posse em 2019) @jorgearbex.magistratura Cristão, casado, ex-nadador e juiz no TJMG Fala pessoal, beleza? Meu nome é Rafael Cabral e estou aprovado no MPPR e MPTO. Acredito que as nomeações acontecerão ainda no primeiro semestre de 2023. Lembro que, quando eu comecei a estudar, eu buscava no depoimento dos aprovados a fórmula mágica da aprovação. Se existe isso, eu não descobri até hoje. O caminho demanda um estudo estratégico, focado na carreira e disciplinado. Eu me formei no ano de 2013, em uma faculdade particular, na minha cidade (Vila Velha/ES). Ainda durantea graduação, fiz alguns concursos, orientado por boas dicas que recebi no caminho (quando fui estagiário do MPF) e saí da graduação praticamente concursado, exercendo o cargo de Analista do MPES (Junho de 2014). Na sequência, fui aprovado para Oficial de Justiça do TRT/MG, sendo nomeado e empossado em Dezembro de 2015, exercendo o cargo neste momento em que escrevo (Janeiro de 2023). Tive algumas idas e vindas nos estudos para o Ministério Público entre 2014 e 2016, mas nada muito focado. Acabei relaxando no cargo que assumi no TRT/MG, em vista da flexibilidade de horários e boa remuneração. Mas a vontade de voltar a estudar foi crescendo, porque eu sentia a necessidade de produzir intelectualmente no exercício do trabalho. Enferrujei bastante no tempo em que fiquei parado. Mas em Março de 2020, início da pandemia, eu resolvi que iria voltar a estudar. E voltei com tudo. Eu poderia dizer que estudei por dois anos e três meses até a aprovação no MPPR (Junho de 2022). Mas esse número não seria verdadeiro se eu não contasse para vocês minha trajetória no mundo dos concursos. Isso porque embora eu tenha de fato estudado esse tempo, eu trazia alguma bagagem comigo. Enferrujada, claro. Entretanto, com a volta ao estudo, eu basicamente relembrava coisas que já havia estudado. Obviamente, precisei aprender muita coisa nova, mas o grosso, sobretudo o como fazer, eu já conhecia. E no concurso eu digo sem medo de errar: O que mais te faz ganhar tempo para ser aprovado logo é saber como fazer. E é um pouco disso que eu vim compartilhar com vocês. Desde já peço que vocês não tomem a minha realidade e as minhas palavras como verdades absolutas e incontestáveis. Cada pessoa tem sua história, sua forma de aprendizado. Peguem aqui o que se encaixa em sua realidade e descarte o resto. Ninguém é senhor da razão. Entretanto, preciso dizer algumas verdades que podem ser incômodas para algumas pessoas. Mas juro que a intenção é apenas ajudar. Vamos lá. Primeira Verdade: Não se estuda para um monte de carreira ao mesmo tempo. Ou você estuda para o Ministério Público, ou para a Defensoria Pública, ou para a Magistratura, ou para Delegado de Polícia, ou para Juiz Federal, ou Para o Ministério Público Federal, ou para Analista de Tribunais, etc. Não tente abraçar o mundo. Você não vai conseguir. No meu estudo, eu fui extremamente pragmático. Eu estudei especificamente para a carreira do Ministério Público. E isso já ajuda bastante. Afinal, se eu estudo para o Ministério Público, não faz sentido eu estudar um Manual imenso de Direito Tributário ou Empresarial. O negócio é sinopse mesmo ou caderno de um cursinho preparatório, nessas matérias menores. Então, a primeira dica que eu dou é que vocês definam uma carreira. Isso não te impede de fazer uma prova ou outra que surja. Eu mesmo fiz algumas magistraturas, mas só estudei Humanística e Sentença quando avancei para a segunda fase. Não estudava isso no meu estudo regular. Definida a carreira, o segundo passo é a escolha do material. Deixa eu mandar logo a segunda verdade: você não vai passar com um reta final. Os cursinhos tentam te fazer acreditar nisso, mas lembre-se que o cursinho é uma empresa e a empresa visa ao lucro. Eles querem e precisam vender. Tem concurseiro por aí que estuda há cinco ou seis anos e não passa. Quando você vai perguntar, o cara pula de reta final em reta final, acreditando que vai passar. Pode até acontecer de passar, mas vai levar aí uns sete a oito anos. Penso que é melhor passar em dois ou três anos do que em sete ou oito. Ao escolher o seu material doutrinário, você não precisa ler Pontes de Miranda. Você precisa ler o que seu concurso demanda (sinopse nas matérias menores, manuais concurseiros nas matérias maiores). Ou pode ser um curso em videoaula também. Mas o que eu te aconselho é você definir uma bibliografia (com livros voltados para concursos – nada de ler Canotilho), ou pegar um bom curso extensivo anual, seja em PDF, seja em videoaula. Ou seja, um curso completo. Pare um ano sem fazer provas, leia seus livros ou faça seu curso com calma. Leia, grife, produza seu material de revisão (com grifos, resumos ou cadernos). Feita essa base, releia esse material produzido até chegar o ponto em que você sabe o que tem na página seguinte antes mesmo de ter chegado nela. Não troque o seu material por nada nesse mundo. Atualize ele você mesmo, com caneta, post-it ou editando seu caderno digitado. Nenhum material tem tudo e você não precisa saber tudo para passar. Quem passa não é o especialista, mas o generalista. Quem sabe de tudo um pouco e não quem sabe tudo de um tema só. E nesse primeiro ano de estudo, inclua a leitura de lei seca e jurisprudência. A primeira fase é 90% lei seca e jurisprudência. A doutrina você estuda para conseguir entender bem a lei seca e para ter bagagem para quando você avançar para a segunda fase e para a fase oral. E eu aconselho que seu estudo seja de fato global. Não dá tempo de ter bagagem doutrinária entre a primeira e a segunda fase. O estudo para segunda fase basicamente é escolher pontos de predileção da banca, treinar a escrita e orar para que aquela seja a sua prova. Então, o seu estudo tem que estar focado em doutrina (cujo material você vai me prometer que não vai trocar, a menos que ele seja muito ruim), lei seca (que você pode ler no seu vade mecum, site do planalto, material do Belisário ou pelo Legislação Destacada), Jurisprudência (no site do Dizer o Direito – acho válido assinar o buscador) e questões (conheço apenas a plataforma do Qconcursos). Feito isso, acho bem difícil que você não passe, se a sua dedicação for real. Basicamente, foi isso que apliquei durante meu estudo. Meu dia de estudo era feito mais ou menos da seguinte maneira (eu nunca cronometrei): aproximadamente duas horas de lei seca (legislação destacada), umas três horas de doutrina (sinopses, cadernos, manuais para concursos), uma hora da jurisprudência dos últimos três anos do tema que estudei na doutrina e uma hora de resolução de questões do tema que estudei na doutrina e li na jurisprudência. Como dito, é um tempo médio, não cronometrado. Na primeira leitura dos meus materiais doutrinários, eu levava por volta de três horas para avançar 50 a 60 páginas. Com os grifos feitos, em três horas (lendo só os grifos), eu avançava 200 a 300 páginas. Ficou rápido revisar. Conseguia repassar toda a matéria com três a quatro meses. O mesmo efeito se tem com cadernos, fichas, etc. E é aqui que você nota a importância de produzir o SEU material de revisão. Não adianta ler livros ou fazer cursos e sair sem um material de revisão. Você vai esquecer metade ou mais do que estudou e não vai ter nada para revisar. Fiz muitas provas e, mesmo nas que eu reprovei, fiquei por pouco, seja na primeira, seja na segunda fase. Até agora não reprovei em oral. Como eu tive o período da pandemia para estudar, voltei a fazer provas quando os concursos voltaram. Comecei com o MPDFT, MPMG e DPERJ (todos ali entre Junho e Julho de 2021). Reprovei nos três na primeira fase e nos três por três questões. Analisei e anotei TUDO o que errei em cada uma das provas (matéria, tema dentro da matéria, se era lei seca, jurisprudência, doutrina, etc) e estudei em cima disso por um mês. Resultado: Passei em 20º na primeira fase do MPSC que foi em Setembro de 2021 (e reprovei depois na segunda fase... rs). A partir dessa prova (MPSC), passei em todas as primeiras fases que fiz (TJGO, TJSP, MPPR, MPTO, MPSP, MPRJ, MPPE e o MPMG de 2022), exceto o MPGO. Reprovei na sentença cível do TJSP, na 2ª fase do MPSP e na 3ª prova da 2ª fase do MPRJ. Aprovei no MPPR, MPTO e estou, neste momento, na oral do TJGO e MPPE e aguardando resultado da 2ª fase do MPMG de 2022. O diferencial, na minha história, foi ser pragmático, não trocar de material e fazer muitas provas. Não sei se teriaconseguido rápido se me prendesse apenas ao meu Estado ou a Estados próximos. Muitas pessoas se prendem a isso e acabam também levando anos. Claro que você também deve pensar no pós posse e, nesse sentido, o meu limite de distância foi o Estado do Tocantins. Espero que conhecer minha história e meu método possa te ajudar. Como dito, não há aqui uma verdade absoluta, mas uma diretriz que pode te servir ou não. Mas de uma coisa eu tenho certeza: Estudo direcionado, com matéria bem revisada, com lei seca e jurisprudência em dia, torna a sua aprovação inevitável. É um processo que você deve aceitar viver. Não dá para queimar etapas (acreditando que vai passar em seis meses com um reta final). Se você jogar direitinho o jogo, vai dar certo. Acredito muito que a dedicação vence o talento. Você não precisa ser um gênio para passar, precisa, sim, ser obstinado. Fica aqui o meu desejo de força e de boa sorte. Rafael Francisco Simões Cabral Aprovado no MPPR e MPTO Olá pessoal!! Sei bem com é estar nesse momento de estudos, a vida do concurseiro não é fácil né? porém acreditem, é possível sim ser aprovado. Em minha jornada de estudos sempre sonhei em ser magistrado, o foco sempre foi esse apesar de ter sido aprovado e atuado em outras carreiras (Delegado de Polícia em Minas Gerais e Cartório no TJPR). Sei bem como é difícil estudar muito, se sacrificar profundamente e ser compreendido por poucos, nossos familiares e amigos nem sempre facilitam nossas vidas, mas, apesar dos obstáculos, a única coisa que não se pode perder nesse caminho é o foco. Chorar, gritar, brigar, beber, surtar, tudo é possível, só não desistir. Atualmente sou magistrado no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, sou grato a Deus por ter finalmente conseguido ser aprovado no cargo dos meus sonhos e principalmente em um Tribunal que sempre admirei. Nesta caminhada em busca da aprovação, conheci pessoas extraordinárias, pessoas abençoadas, uma delas, tenho a obrigação de mencionar aqui é a Bia do Magisemáudio. Ela sabe o quanto sou grato pela ajuda que me proporcionou, desde quando iniciamos e agitamos o grupo de estudos no Facebook. Bia, fica aqui meu reconhecimento e agradecimento público, continue sendo essa pessoa abençoada e atenciosa com todos nós, eternos concurseiros e estudantes de direito. Bom pessoal, é isso! Realmente não exite fórmula mágica para aprovação, o negócio é colocar sangue no olho e mergulhar de cabeça, ler materiais bons como esse aqui do RAIOS, planejar, revisar, treinar e esperar sua vez chegar, e sim ela vai chegar!!!! Não vou me estender muito, mas eu desejo a todos os concurseiros simplesmente a tão sonhada aprovação, que todos tenham êxito assim como eu tive, que todos possam sentir a felicidade que eu senti. Abraços! Roberto Nazario Juiz de direito no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (posse em 2022). Foram dez anos de luta até a posse. Nesse caminho passei na prova oral do TJRS em 2014 e fiquei fora do número de vagas para o “curso de seleção” (que, na época, era uma etapa do concurso). Rodei na prova oral do TJSP em 2018 e, quatro anos depois, finalmente veio a aprovação e a posse como Juíza de Direito no TJRS, depois de sete anos de concurso (sim, eu sou da Turma que refez a prova de sentença depois de reprovada em 2017). E nesse caminho foram inúmeras reprovações em provas objetivas e provas dissertativas, pois eu tinha a árdua tarefa de conciliar trabalho e estudos. Muita coisa mudou quando eu comecei a estudar a partir de questões objetivas e Informativos, questões comentadas e novidades legislativas e jurisprudenciais. A tarefa teria sido menos árdua se eu tivesse um norte para seguir desde o início dos meus estudos. Isso me tirou pontos valiosos quando eu ia avançando nos concursos. Conheci o “Raios” a partir do grupo “Magisemáudio”. Fui revisora do “Raios” por diversas edições, material muito querido dos colegas para revisar na véspera de prova. Eu sabia que os colegas confiavam a nós a tarefa de retirar textos legais ou julgados repetidos ou desatualizados, função que consumia muita atenção e cuidado, mas que se transformava em um material excelente para revisão. Hoje estou no cargo dos meus sonhos, no Tribunal dos meus sonhos: sou Juíza de Direito no Rio Grande do Sul. Eu estou em casa. E isso foi difícil, foi demorado, foi árduo. Mas todo esse esforço valeu à pena. Tatiane Levandowski Juíza de Direito TJRS POSSE EM 2022 20 DIREITO CIVIL LINDB De acordo com a LINDB, no silêncio da lei, a regra é a IRRETROATIVIDADE. (MPE-SE/2022 - CESPE). * “De acordo com as LINDB, decisão acerca da validade de determinado contrato administrativo deve ser tomada considerando-se as circunstâncias práticas que condicionaram a ação do agente público.” (MPE-AP/2021 - CESPE) *“Em razão da denominada ultratividade da norma, mesmo revogado, o Código Civil de 1916 tem aplicação às sucessões abertas durante a sua vigência, ainda que o inventário tenha sido proposto após o advento do Código Civil de 2002” (TJPB/2015 - CESPE) *“A contagem do prazo para ENTRADA EM VIGOR DAS LEIS que estabeleçam período de vacância, far-se-á com a INCLUSÃO DA DATA DA PUBLICAÇÃO e do ÚLTIMO DIA DO PRAZO, entrando em VIGOR no DIA SUBSQUENTE à sua consumação integral.” (art. 8º, § 1º da LC 95/98). *Princípio da operabilidade: esse princípio tem dois sentidos. Primeiro, o de simplicidade dos institutos jurídicos, como ocorreu com a prescrição e decadência. Segundo o de efetividade, por meio do sistema de cláusulas gerais e conceitos indeterminados adotado pela atual codificação. *A revogação é gênero da qual ab-rogação e derrogação são espécies. a) ab-rogação: é a revogação total da lei. b) derrogação: é a revogação parcial da lei. A revogação necessariamente se dará por outra lei, que revogará expressa ou tacitamente, no todo ou em parte, a lei antiga. PARTE GERAL *Princípio da eticidade: a codificação atual preocupou-se precipuamente com a ética e a boa-fé, sobretudo com a boa-fé objetiva, aquela que existe no plano da conduta de lealdade dos participantes negociais *Princípio da socialidade: o Novo Código Civil distancia-se do caráter individualista da codificação anterior. O “nós” prevalece sobre o “eu”. Todos os institutos civis têm função social, caso do contrato e da propriedade * Conceito legal indeterminado: são palavras ou expressões indicadas na lei, de conteúdo e extensão altamente vagos, imprecisos e genéricos, e por isso mesmo esse conceito é vago e lacunoso. Preenchido o conceito legal indeterminado, a solução já está estabelecida na própria norma legal, competindo ao juiz apenas aplicá-la, sem exercer qualquer outra função criadora. Exemplos: atividade de risco, para caracterizar a responsabilidade objetiva (art. 927, pú); caso de urgência (art. 251, pú); perigo iminente como excludente da ilicitude do ato (188, II); coisas indispensáveis à economia doméstica, que dispensam a autorização conjugal para serem compradas, ainda que a crédito (art. 1643, I). * Cláusulas Gerais: são normas orientadoras sob a forma de diretrizes, dirigidas precipuamente ao juiz, vinculando-o ao mesmo tempo em que lhe dão liberdade para decidir. Distinguem-se dos conceitos legais indeterminados pela finalidade e eficácia, pois aqueles, uma vez diagnosticados pelo juiz no caso concreto, já têm a solução estabelecida na lei. Estas, ao contrário, se diagnosticadas pelo juiz, permitem-lhe preencher os casos com valores designados para aquele caso, para que se lhe dê a solução que ao juiz parecer mais correta. As cláusulas gerais têm função de dar mobilidade ao sistema 21 (paradigma: operabilidade). Exemplos: função socialdo contrato como limite da autonomia privada (art. 421); as partes terem de contratar observando a boa-fé objetiva (art. 422). * Personalidade: A determinação para que os provedores de busca na internet procedam a desvinculação do nome de determinada pessoa, sem qualquer outro termo empregado, com fato desabonador a seu respeito dos resultados de pesquisa não se confunde com o direito ao esquecimento, objeto da tese de repercussão geral 786/STF, razão pela qual não há que se falar em descumprimento da referida tese por esta Corte Superior. STJ, Processo em segredo judicial, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por maioria, julgado em 21/06/2022, DJe 30/06/2022 (Info. 743). *A personalidade jurídica é a aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações na órbita jurídica. Tanto a pessoa física quanto a jurídica é dotada de personalidade. É atributo e não qualidade de todo ser humano, já que as pessoas jurídicas também são dotadas de personalidade. *#CIVIL Esta Corte Superior estabeleceu, para situações de conflito entre a liberdade de expressão e os direitos da personalidade, entre outros, os seguintes elementos de ponderação: "(I) o compromisso ético com a informação verossímil; (II) a preservação dos chamados direitos da personalidade, entre os quais incluem-se os direitos à honra, à imagem, à privacidade e à intimidade; e (III) a vedação de veiculação de crítica jornalística com intuito de difamar, injuriar ou caluniar a pessoa (animus injuriandi vel diffamandi)" (REsp 801.109/DF, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, DJe de 12/03/2013). *Segundo interpretação dada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), o direito ao esquecimento, compreendido como a impossibilidade de divulgação de determinado fato ou dado verdadeiro em razão do decurso do tempo, seria incompatível como o regime constitucional brasileiro, ressalvada a possibilidade de proteção casuística contra eventuais abusos e excessos praticados no exercício da liberdade de expressão ou de informação. *Da relativização ao direito ao esquecimento quando a notícia não se enquadra como de interesse público e passado grande lapso de tempo. No caso, pleiteia-se a desindexação do nome da recorrente, em resultados nas aplicações de busca na internet, de notícia sobre fraude em concurso público, no qual havia sido reprovada. Atualmente, o fato referido já conta com mais de uma década, e ainda hoje os resultados de busca apontam como mais relevantes as notícias a ela relacionadas, como se, ao longo desta década, não houvesse nenhum desdobramento da notícia nem fatos novos relacionados ao nome da autora. Quanto ao assunto, a jurisprudência desta Corte Superior tem entendimento reiterado no sentido de afastar a responsabilidade de buscadores da internet pelos resultados de busca apresentados, reconhecendo a impossibilidade de lhe atribuir a função de censor e impondo ao prejudicado o direcionamento de sua pretensão contra os provedores de conteúdo, responsáveis pela disponibilização do conteúdo indevido na internet. Há, todavia, circunstâncias excepcionalíssimas em que é necessária a intervenção pontual do Poder Judiciário para fazer cessar o vínculo criado, nos bancos de dados dos provedores de busca, entre dados pessoais e resultados da busca, que não guardam relevância para interesse público à informação, seja pelo conteúdo eminentemente privado, seja pelo decurso do tempo. Essa é a essência do direito ao esquecimento: não se trata de efetivamente apagar o passado, mas de permitir que a pessoa envolvida siga sua vida 22 com razoável anonimato, não sendo o fato desabonador corriqueiramente rememorado e perenizado por sistemas automatizados de busca. Por outro vértice, aqueles que quiserem ter acesso a informações relativas a fraudes em concurso público, não terão seu direito de acesso impedido, porquanto as fontes que mencionam inclusive o nome da autora permanecerão acessíveis. Contudo, sua busca deverá conter critérios relativos a esse conteúdo, seja em conjunto com o nome da autora, seja de forma autônoma. Informativo n. 628. (REsp 1.660.168-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, por maioria, julgado em 08/05/2018, DJe 05/06/2018) *DOMICÍLIO: A habitação em prédio abandonado de escola municipal pode caracterizar o conceito de domicílio em que incide a proteção disposta no art. 5º, inciso XI da Constituição Federal. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 712.529-SE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2022 (Info 755). *AUSÊNCIA: *Se o ausente tem mais que 80 anos e há mais de 5 anos não se tem notícias dele, será possível requerer diretamente a sucessão definitiva, sem necessidade de sucessão provisória. *Alteração legislativa: Lei 14.382/2022 (entrou em vigor em 28/06/2022) Art. 56. A pessoa registrada poderá, após ter atingido a maioridade civil, requerer pessoalmente e imotivadamente a alteração de seu prenome, independentemente de decisão judicial, e a alteração será averbada e publicada em meio eletrônico. *REGISTRO (art. 9º): Nascimento, casamento, ausência, morte real (óbito) ou presumida, emancipação e interdição. • Frase para fixação: No registro, a pessoa nasce, se emancipa, some, casa, enlouquece e morre. *AVERBAÇÃO (art. 10º): Sentença que decrete a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e atos que declaram ou reconhecem a filiação. *Tema 1066, Repetitivos STJ: a) A disponibilização de equipamentos em quarto de hotel, motel ou afins para a transmissão de obras musicais, literomusicais e audiovisuais permite a cobrança de direitos autorais pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD. b) A contratação por empreendimento hoteleiro de serviços de TV por assinatura não impede a cobrança de direitos autorais pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD, inexistindo bis in idem. *BENS IMÓVEIS: o solo e tudo que se lhe incorporar natural ou artificialmente; os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; o direito à sucessão aberta; as edificações que, separadas do solo, mas conservando sua unidade, forem removidas para outro local; os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se reempregarem. *BENS MÓVEIS: bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social; energias que tenham valor econômico; direitos reais sobre objetos móveis e ações correspondentes; direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações; materiais destinados à construção, enquanto não forem empregados; materiais provenientes da demolição de prédio. *Principal: é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente. Acessório: é o bem cuja existência supõe a existência do bem principal (princípio da gravitação jurídica - o acessório acompanha o principal) 23 Pertença: o bem que, não constituindo parte integrante, se destina, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro (não se sujeita ao princípio da gravitação jurídica, salvo lei, manifestação da vontade ou circunstâncias do caso) *CONDIÇÃO: evento futuro e incerto. Condição – deriva exclusivamente da vontade das partes: acessoriedade e voluntariedade (TJCE 2018). Se divide em: Suspensiva: não há aquisição do direito enquanto não se verificar. Resolutiva: vigora o NJ enquanto a condição não ocorrer. Ex Nunc. - Invalidam o Negócio jurídico: I) condição impossível, se suspensiva. II) condição ilícita. III) condição incompreensível. Consideram-se inexistentes as condições impossíveis se resolutivas e asde não fazer coisa impossível. TERMO Evento futuro e certo. Pode ser: 1) certo: sabe-se que o evento ocorrerá e quando ocorrerá. 2) incerto: sabe-se que o evento ocorrerá, mas não se sabe quando. *ENCARGO: considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o NJ. Encargo não cumprido: há revogação. ESTADO DE PERIGO 1) perigo de dano grave atual ou iminente, sobre a própria pessoa do declarante, de alguém da sua família ou pessoas próximas. 2) Há a necessidade do conhecimento do perigo da outra parte - dolo de aproveitamento. 3) Assunção de obrigação excessivamente onerosa. O perigo é CONHECIDO. Não exige desequilíbrio entre contraprestações. Pode ocorrer em NJ unilateral. Ex. promessa de recompensa. Ex. cheque-caução exigido em internação hospitalar. LESÃO 1) premente necessidade ou por inexperiência; 2) prestação manifestamente desproporcionaL ao valor da prestação oposta. Exige desequilíbrio entre as contraprestações. Não há situação emergencial e NÃO há dolo de aproveitamento. Não há perigo. Pode ocorrer em contrato aleatório. A lesão não pode ser justificada pela teoria da imprevisão. REVERSA MENTAL OU RETICÊNCIA ESSENCIAL Quando lícita e conhecida do destinatário, é vício social que gera a nulidade do negócio. É a emissão intencional de uma declaração não querida em seu conteúdo. Se o declarante diz o que não pretende e o destinatário não sabia que o declarante estava blefando, subsiste o ato. Se o destinatário conhecia o blefe, não pode subsistir o ato. O NJ é nulo. 24 VÍCIOS REDIBITÓRIOS Sempre ocultos. Contrato oneroso. Aplicável à doação onerosa. Pode pedir abatimento do preço. Prazo decadencial: a) móvel: 30 dias da entrega. Se já estava na posse, 15 dias da alienação. b) imóvel: 1 ano da entrega. Se já estava na posse, 6 meses da alienação. Se o vício só puder ser conhecido mais tarde: a) móvel: 180 dias da ciência do vício; b) imóvel: 1 ano da ciência do vício. Venda de animais – usos locais. Não correrão os prazos na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos 30 dias seguintes ao seu descobrimento. 1º flui garantia contratual. Nos contratos aleatórios, admite-se a alegação de vício redibitório quanto aos seus elementos comutativos. Ações edilícias: abatimento (ação estimatória) ou resolução (ação redibitória). Não há responsabilidade: a) garantia foi renunciada; b) doação pura simples; c) adquirido em hasta pública. *EVICÇÃO: Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. DAÇÃO: a evicção restabelece a obrigação pelo valor original. Fica sem efeito quitação. Não restabelece a fiança. Podem as partes excluir a responsabilidade pela evicção. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. Para que o evicto possa exercer seu direito, não é necessário o trânsito em julgado da decisão que determinou a perda da coisa. A responsabilidade pela evicção é objetiva. A evicção não obriga a denunciação à lide. Prazo decadencial: 3 anos, contados da perda da coisa, judicial ou administrativamente. Há evicção se incluído gravame (ex. penhora) capaz de impedir a transferência livre e desembaraçada do bem. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA *Nos termos do art. 202, caput, do Código Civil, a prescrição pode ser interrompida somente uma única vez. Logo, em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese interruptiva extrajudicial (protesto de título) e outra em decorrência de ação judicial de cancelamento de protesto e título executivo, apenas admite-se a interrupção do prazo pelo primeiro dos eventos. STJ. 4ª Turma. REsp 1786266-DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 11/10/2022 (Info 754). Art. 201, CC: Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. * Sob a égide do Código de Civil de 1916, o prazo prescricional para propor ação de nulidade de partilha amigável em que se incluiu no inventário pessoa incapaz de suceder é de 20 anos. A preterição de herdeiro ou a inclusão de terceiro estranho à sucessão merecem tratamento igual, considerando que são situações antagonicamente idênticas, submetendo-se à mesma regra prescricional prevista no art. 177 do Código Civil de 1916, qual seja, o prazo vintenário, vigente à época da abertura da sucessão para hipóteses de nulidade absoluta, que não convalescem. STJ. 2ª Seção.EAREsp 226.991- SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 10/06/2020 (Info 675). 25 * No contrato de mútuo com alienação fiduciária, o prazo quinquenal de prescrição é contado da data em que consolidada a propriedade do imóvel em nome da instituição financeira (transferência definitiva da propriedade do imóvel), e não da data em que instituída a garantia da alienação fiduciária. REsp 2.018.619- SP, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 04/10/2022. (Info 752) Caso hipotético: Valdir comprometeu-se a administrar a fazenda de Paulo e, como contrapartida, quando este a vendesse, o administrador teria direito a 20% do valor obtido. Em 01/04/2013, Paulo celebrou, com a CEF, contrato de mútuo com alienação fiduciária. A fazenda foi instituída como garantia da alienação fiduciária, ou seja, passou à propriedade resolúvel da CEF. Como Paulo não pagou o mútuo, em 25/05/2015, houve a consolidação da propriedade do imóvel rural em nome da CEF. Qual é o prazo para Valdir cobrar os 20% a que ele teria direito? 5 anos. É de 5 anos o prazo prescricional para a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento particular (art. 205, § 5º, I, do Código Civil). Esse prazo teve início com a instituição da garantia da alienação fiduciária ou com a consolidação da propriedade do imóvel em nome do banco? Com a consolidação da propriedade. No contrato de mútuo com alienação fiduciária, o prazo quinquenal de prescrição é contado da data em que consolidada a propriedade do imóvel em nome da instituição financeira (transferência definitiva da propriedade do imóvel), e não da data em que instituída a garantia da alienação fiduciária. STJ. 4ª Turma. REsp 2.018.619-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 04/10/2022 (Info 752). * A pretensão de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços de TV por assinatura não previstos no contrato sujeita-se à norma geral do lapso prescricional de dez anos. REsp 1.951.988-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 10/05/2022, DJe 16/05/2022. (Info 737) *Não é possível a interrupção do prazo prescricional em razão do ajuizamento de ação declaratória de inexigibilidade dos débitos pelo devedor quando já tiver havido anterior interrupção do prazo prescricional pelo protesto das duplicatas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.963.067-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 727). Exemplo hipotético: Montago Ltda deveria pagar, em setembro de 2012, R$ 300 mil à Galícia Comércio Ltda. Essa quantia estava materializada em três duplicatas mercantis de R$ 100 mil cada. Não houve pagamento na data do vencimento. Logo, iniciou-se a contagem do prazo prescricional para a credora exigir o pagamento da quantia. Em outubro de 2012, a credora (Galícia) levou as duplicatas a protesto. Isso interrompeu a prescrição (art. 202, III, do CC). Em dezembro de 2014, a devedora (Montago) ajuizou, contra a credora, ação declaratória de inexigibilidade dos débitos. O pedido foi julgado improcedente.Isso, em tese, tem o condão de interromper a prescrição. No entanto, no caso concreto, essa ação não teve o condão de interromper porque a prescrição já havia sido interrompido uma vez antes e o art. 202 do CC somente admite uma única interrupção da prescrição. * A prescrição somente obstará a compensação se ela for anterior ao momento da coexistência das dívidas. Se o prazo prescricional se completou posteriormente a esse fato, tal circunstância não constitui empecilho à compensação dos débitos. Logo, houve um período de coexistência de dívidas exigíveis. STJ. 3ª Turma. REsp 1.969.468-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 726). Caso hipotético: João deve R$ 100 mil a Pedro. Essa dívida surgiu em 2018. Como não houve o pagamento, em 2022, Pedro ajuizou ação de 26 cobrança contra ele. Ao ser citado, João apresentou contestação admitindo que existe a dívida. Alegou, contudo, que Pedro também lhe deve R$ 80 mil. Essa dívida surgiu em 2014. Diante disso, João pediu a compensação das obrigações e que, ao final, só tenha que pagar R$ 20 mil. Pedro se insurgiu contra isso argumentando que esses R$ 80 mil que João está cobrando estão prescritos desde 2019. Logo, não é mais possível exigir a quantia ainda que para fins de compensação. O argumento de Pedro deve ser acolhido? Não. A prescrição somente obstará (impedirá) a compensação se ela for anterior ao momento da coexistência das dívidas. Se o prazo prescricional se completou posteriormente a esse fato, tal circunstância não constitui empecilho à compensação dos débitos. Foi justamente o exemplo dado acima. No momento em que surgiu a dívida de João para com Pedro (2018), a dívida de Pedro para com João ainda existia. Logo, houve um período de coexistência de dívidas exigíveis. STJ. 3ª Turma. REsp 1.969.468-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 726). * Na ação de nulidade de doação inoficiosa (ação de redução), o prazo prescricional de 10 anos é contado a partir do registro do ato jurídico que se pretende anular, salvo se houver anterior ciência inequívoca do suposto prejudicado. STJ. 3ª Turma. REsp 1.933.685-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/03/2022 (Info 729). (no caso o autor da ação havia assinado a escritura pública de doação na qualidade de testemunha) * Nos contratos de seguro em geral, a ciência do segurado acerca da recusa da cobertura securitária é o termo inicial do prazo prescricional da pretensão do segurado em face da seguradora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.970.111-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado 15/03/2022 (Info 729). * Prazo prescricional de 3 anos para pedir a restituição da caução prestada em contrato de locação com fundamento no art. 206, § 3º, I, do Código Civil. STJ. 3ª Turma. REsp 1.967.725-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 15/02/2022 (Info 725) (caução é acessório, pelo princípio da gravitação jurídica, segue o prazo trienal da ob. principal). * REGRA: em regra, o prazo de prescrição quinquenal, previsto no Decreto nº 20.910/1932 e no Decreto-Lei nº 4.597/1942, não se aplica para as sociedades de economia mista e empresas públicas. EXCEÇÃO: Aplica-se a prescrição quinquenal do Decreto Nº 20.910/1932 às empresas estatais prestadoras de serviços públicos essenciais, não dedicadas à exploração de atividade econômica com finalidade lucrativa e natureza concorrencial. STJ. 1ª Turma. REsp 1635716-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 04/10/2022 (Info 753). *Em ação indenizatória que se origina de alegado ilícito concorrencial, uma vez verificada inexistência de decisão do CADE sobre a formação de cartel, o prazo prescricional é de três anos - art. 206, § 3º, V, CC/2002 - e o termo inicial para sua contagem é a data da ciência do fato danoso. STJ. 4ª Turma. REsp 1971316-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/10/2022 (Info 756). DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA *Fundo de Investimento em Participações (FIP). Natureza jurídica. Condomínio especial. Desconsideração da personalidade jurídica. Cotas. Constrição judicial. Possibilidade. Fundo de investimento pode sofrer os efeitos da aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica. Inf. 733. O fato de ser o Fundo de Investimento em participação (FIP) constituído sob a forma de condomínio e de não possuir personalidade jurídica não é capaz de impedir, por si só, a aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica em caso de comprovado abuso de direito por desvio de finalidade ou 27 confusão patrimonial. O patrimônio gerido pelo Fundo de Investimento em Participações pertence, em condomínio, a todos os investidores (cotistas), a impedir a responsabilização do fundo por dívida de um único cotista, de modo que, em tese, não poderia a constrição judicial recair sobre todo o patrimônio comum do fundo de investimento por dívidas de um só cotista, ressalvada a penhora da sua cota-parte. As cotas dos fundos de investimento podem ser objeto de penhora em processo de execução por dívidas pessoais dos próprios cotistas, mas não podem ser penhoradas por dívidas do fundo, tampouco de outros cotistas que não tenham nenhuma relação com o verdadeiro devedor. A impossibilidade de responsabilização do fundo por dívidas de um único cotista, de obrigatória observância em circunstâncias normais, deve ceder diante da comprovação inequívoca de que a própria constituição do fundo de investimento se deu de forma fraudulenta, como forma de encobrir ilegalidades e ocultar o patrimônio de empresas pertencentes a um mesmo grupo econômico. Comprovado o abuso de direito, caracterizado pelo desvio de finalidade (ato intencional dos sócios com intuito de fraudar terceiros), e/ou confusão patrimonial, é possível desconsiderar a personalidade jurídica de uma empresa para atingir o patrimônio de outras pertencentes ao mesmo grupo econômico. STJ. 3ª Turma. REsp 1.965.982-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/04/2022 (Info 733) *Em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese interruptiva extrajudicial (protesto de título) e outra em decorrência de ação judicial de cancelamento de protesto e título executivo, apenas admite-se a interrupção do prazo pelo primeiro dos eventos. (STJ 754/22) OBRIGAÇÕES E CONTRATOS PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA Princípio desenvolvido inicialmente pela escola jusnaturalista. Para essa escola, a autonomia privada significava que o homem poderia dispor livremente de suas ações como bem entendesse – era anteriormente chamada de “autonomia da vontade”. Vale dizer que a autonomia privada não é instituto exclusivo do direito contratual. Trata-se de um princípio que envolve todo o Direito Civil. No direito contratual, a autonomia privada é erigida como um princípio basilar, traduzido na liberdade de contratar. Preconiza que as partes podem estipular como melhor lhes convier, mediante acordo de vontades, a disciplina de seus interesses, envolvendo a liberdade de criação do contrato, na escolha do outro contratante e no conteúdo do contrato (neste último caso, chama-se liberdade contratual). * Segundo a teoria da base objetiva do negócio, as obrigações recíprocas dos contratantes são fixadas sob determinada realidade fática, que assegura a equivalência e a finalidade do contrato. Se essas circunstâncias forem substancialmente modificadas, é permitida a revisão, rescisão ou resilição do contrato. A teoria da base objetiva do negócio diferencia-se da teoria da imprevisão porque na teoria da base do negócio não há o advento de vantagem exagerada em prol de uma das partes do contrato. * O termo inicial
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