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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CENTRO DE TECNOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL 
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
EDILENE PEREIRA ANDRADE 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DE HIDROGÉIS PARA APLICAÇÃO NA 
AGRICULTURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2016 
 
 
 
 
 
EDILENE PEREIRA ANDRADE 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DE HIDROGÉIS PARA APLICAÇÃO NA 
AGRICULTURA 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Engenharia Ambiental do Departamento de 
Engenharia Hidráulica e Ambiental da 
Universidade Federal do Ceará, como requisito 
parcial à obtenção do título de Bacharel em 
Engenharia Ambiental. 
 
Orientador: Prof. Dr. Suetônio Mota. 
Co-orientadora: Prof. Drª. Maria Cléa Brito de 
Figueiredo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Balcão
Retângulo
Balcão
Retângulo
Balcão
Retângulo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, Edna e Carlos. Aos meus 
irmãos Edicarla e Eric. Ao meu noivo, Mateus. 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 A Deus, por me dar forças quando tudo parecia mais difícil do que deveria estar. 
 A minha família pelo apoio e suporte sempre. 
 Ao meu noivo Mateus pelo seu apoio incondicional em todas as decisões, por todo seu 
amor, pelo seu entusiasmo e por sempre acreditar em mim. 
 À Embrapa, pela oportunidade de estágio e pela excelente estrutura do trabalho. 
 A Prof. Dra. Maria Cléa Brito de Figueiredo, pela confiança desde o primeiro dia que 
começamos a trabalhar. Também por ser sempre doce e por me passar tanto conhecimento. 
 Ao professor Dr. Suetônio Mota por aceitar ser meu orientador neste trabalho e por 
suas excelentes aulas durante os 5 anos de graduação na UFC. 
 Ao Professor Ronaldo Stefanutti pelos 5 anos de aprendizado e confiança. O senhor 
sabe da importância que teve na minha vida acadêmica. 
 A Professora Ana Bárbara por despertar o desejo em mim em ser professora. A 
senhora é o maior exemplo de dedicação e empenho que podemos ter. 
 Ao Professor André Bezerra por suas aulas completíssimas e pela sua didática de 
priorizar tudo. O senhor é um professor maravilhoso. 
 Agradeço ao grupo de “ACVistas” da Embrapa, em especial ao Diêgo, por toda sua 
paciência me ajudando na resolução dos problemas que encontramos durante a realização do 
trabalho e por suas revisões neste trabalho. 
 Ao Laboratório de Polímeros da UFC pela oportunidade de realizar parte do trabalho, 
em especial à Maslândia e Carol, por suas considerações valiosas e pelo seu amplo 
conhecimento. 
 Aos meus amigos Gabriela, João Victor pela paciência e por sempre tornar meus dias 
mais leves. 
 Aos amigos e colegas de curso, em especial Isa e Diana, pelas boas conversas, 
companheirismo e tira-dúvidas antes das provas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “Ás vezes é preciso dar um passo 
 atrás no caminho que você acha 
 que é certo para poder dar dois 
 passos à frente no caminho que 
 você tem certeza que é certo.” 
 (Jonatas Persan) 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Hidrogéis superabsorventes são polímeros hidrofílicos reticulados que têm a capacidade de 
sorver e manter em sua estrutura soluções aquosas sem se dissolverem. Os hidrogéis podem 
ser puros ou estar misturados com cargas minerais, dando origem aos compósitos que tanto 
diminuem os custos econômicos de produção, como agregam melhorias nas características 
físicas e químicas dos hidrogéis sintetizados. O objetivo deste trabalho é comparar os 
impactos ambientais, de dois processos de produção de hidrogéis superabsorventes em escala 
laboratorial: sistema A, produção do hidrogel copolimérico de acrilamida-acrilato de potássio 
(Pam Acril) e o sistema B, produção do compósito com casca de ovo (CalG20). Seguiram-se 
as normas NBR ISO 14040 e 14044 para a Avaliação do Ciclo de Vida. A fronteira dos 
sistemas desse trabalho abrange a produção dos hidrogéis (processos de síntese, lavagem e 
secagem) e dos insumos (água, energia e reagentes químicos). A unidade funcional utilizada 
foi um hidrogel com a capacidade de absorção de 1 L de água, implicando na necessidade de 
produzir 1,368 g do hidrogel PamAcril e 0,901 g do CalG20 como fluxos de referência. O 
programa utilizado foi o Sima Pro versão 8.0, e a base de dados foi a do Ecoinvent. Os 
métodos utilizados para a avaliação dos impactos ambientais foram: o ReCiPe na versão 
hierárquica, considerando os impactos de mudança climática, eutrofização, acidificação; 
Pfister, para o estudo de escassez hídrica e o USEtox, para análise dos impactos de toxicidade 
humana (cancerígena e não cancerígena) e ecotoxicidade. Os resultados desse estudo mostram 
que o hidrogel produzido no sistema A gera maior impacto ambiental quando comparado ao 
sistema B, em todas as categorias analisadas, causando cerca de duas vezes mais impacto. A 
análise de incerteza pelo método de Monte Carlo confirma os resultados com uma 
significância de mais de 95% em todas as categorias utilizadas para o estudo. Analisando 
separadamente as etapas em ambos os sistemas, os maiores impactos se devem ao consumo de 
energia na etapa de secagem e ao consumo de água na etapa de lavagem. Para redução dos 
impactos nos dois sistemas, sugere-se modificações na etapa de secagem. 
 
 Palavras-chave: Impactos ambientais, acrilamida, casca de ovo, hidrogel 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Superabsorbent hydrogels are crosslinked hydrophilic polymers that have the ability to absorb 
and retain aqueous solutions in their structure without dissolving themselves. The hydrogels 
may be pure or mixed with mineral fillers, creating the composites that decrease production 
cost and improve physical and chemical characteristics of the synthesized hydrogels. It can be 
found in eggshells in the form of calcite, implying their use in reducing the waste 
management expenses. This study aims compare the environmental impacts of two hydrogels 
superabsorbent production processes in laboratory scale: System A, copolymer hydrogel 
production of potassium acrylamide acrylate (Pam Acril) and system B, the composite 
production with bark egg (CalG20). This study is according to the ISO 14040 and 14044 
standards for Life Cycle Assessment. The extension of this work system covers the 
production of hydrogels (synthesis processes, washing and drying) and inputs (water, energy 
and chemicals). The functional unit used was a hydrogel with the absorption of 1 liter 
capacity, requiring 1,368 g of hydrogel PamAcril and 0,901 g and of CalG20 as reference 
flows. The software used was version 8.0 Sima Pro, and the database was the Ecoinvent.The 
methods used for assessing the environmental impacts were: the recipe in hierarchical version, 
including the impacts of climate change, eutrophication, acidification; Pfister, for the study of 
water scarcity and USEtox for analysis of the impacts of human toxicity (carcinogenic and not 
carcinogenic) and ecotoxicity. The results of this study show that the hydrogel produced in the 
system generates greater environmental impact when compared to the system B, in all 
analyzed categories, causing about two times more impact. The uncertainty analysis by Monte 
Carlo method check out the results with a significance of more than 95% in all categories 
used in the study. Separately analyzing the steps in both systems, larger impacts are due to 
energy consumption in the drying step and the water consumption by a washing step. To 
reduce the impact on the two systems, it is suggested modifications in the drying step. 
 
Key-words: Acrylamide, eggshell, environmental impacts, hydrogelLISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Intumescimento de uma rede polimérica de um hidrogel hidrofílico ....................... 20 
Figura 2: Interface existente entre um produto industrial e o meio ambiente .......................... 26 
Figura 3: Ciclo de vida de um produto e seus impactos ambientais......................................... 26 
Figura 4: As fases da ACV ....................................................................................................... 30 
Figura 5: Etapas para construção do Inventário de Ciclo de Vida. .......................................... 33 
Figura 6: Exemplo da etapa de Classificação e Caracterização de um estudo de ACV. .......... 38 
Figura 7: Fases da interpretação dos resultados da ACV ......................................................... 43 
Figura 8: Diferença entre os métodos de AICV ....................................................................... 45 
Figura 9: Fronteira da ACV ...................................................................................................... 49 
Figura 10: Síntese do Pam Acril ............................................................................................... 52 
Figura 11: Pam Acril em repouso após síntese......................................................................... 53 
Figura 12: Processo de lavagem do Pam Acril ......................................................................... 54 
Figura 13: Hidrogel durante processo de secagem ................................................................... 56 
Figura 14: Síntese do CalG20 ................................................................................................... 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE EQUAÇÕES 
 
Equação 1: Cálculo do indicador de midpoint para categoria de impacto m ........................... 37 
Equação 2: Cálculo do indicador resultante para Escassez hídrica pelo Método de Pfister et al 
(2009) ....................................................................................................................................... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1: Avaliação de impacto ambiental comparativa de produção de hidrogel nos sistemas 
A e B. ........................................................................................................................................ 62 
Gráfico 2: Análise de incerteza pelo método de Monte Carlo, comparando os sistemas A e B.
 .................................................................................................................................................. 63 
Gráfico 3: Resultado da avaliação de impacto ambiental da produção do hidrogel no sistema 
A. .............................................................................................................................................. 64 
Gráfico 4: Resultado da avaliação de impacto ambiental da produção do hidrogel no sistema 
B. .............................................................................................................................................. 65 
Gráfico 5: Comparação percentual entre produção do Pam Acril com e sem a etapa de 
secagem na estufa. .................................................................................................................... 67 
Gráfico 6: Comparação percentual dos impactos causados na produção do CalG20 com e sem 
a etapa de secagem na estufa. ................................................................................................... 69 
Gráfico 7: Análise de impactos do sistema A (Pam Acril) sem a etapa de secagem na estufa 70 
Gráfico 8: Análise de impactos do sistema B (CalG20) sem a etapa de secagem na estufa .... 72 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Categorias de impacto, descrição, método e indicadores. ........................................ 36 
Tabela 2: Métodos de AICV de acordo com a sua abordagem ................................................ 46 
Tabela 3: Entradas e saídas dos processos unitários na produção de 1,368 g de hidrogel no 
sistema A. ................................................................................................................................. 59 
Tabela 4: Entradas e saídas dos processos unitários na produção de 0,901 g de hidrogel no 
sistema B. ................................................................................................................................. 61 
Tabela 5: Comparação quantitativa entre produção do Pam Acril com e sem a etapa de 
secagem na estufa. .................................................................................................................... 68 
Tabela 6: Comparação quantitativa entre produção do CalG20 com e sem a etapa de secagem 
na estufa .................................................................................................................................... 69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ACV Avaliação do Ciclo de Vida 
AIA Avaliação de Impactos Ambientais 
AICV Avaliação de Impactos do Ciclo de Vida 
AT Acidificação Terrestre 
CH4 Gás Metano 
CO2 Gás Carbônico 
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
CTUh Unidade Comparativa de Toxicidade Humana 
CTUe Unidade Comparativa de Toxicidade para Ecossistema 
ECO Ecotoxicidade 
ED Eutrofização de Águas Doces 
EIA Estudo de Impacto Ambiental 
EM Eutrofização Marinha 
EH Escassez Hídrica 
ICV Análise de Inventário do Ciclo de Vida 
MC Mudanças Climáticas 
PAG Potencial de Aquecimento Global 
N Nitrogênio 
N2O Óxido de Nitrogênio 
P Fósforo 
RIMA Relatório de Impacto Ambiental 
SO2 Óxido de enxofre 
THC Toxicidade Humana Cancerígena 
THNC Toxicidade Humana Não Cancerígena 
VF Verification Factor 
WSI Water Stress Index 
WTA Withdrawal to availability 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16 
2. OBJETIVOS........................................................................................................................ 18 
2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 18 
2.2 Objetivos específicos ............................................................................................... 18 
3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 19 
3.1 Hidrogéis.............................................................................................................................20 
3.2 Hidrogéis e suas aplicações relacionadas à água ................................................. 21 
3.2.1 Hidrogéis na purificação de água ........................................................................... 21 
3.2.2 Hidrogéis na produção agrícola .............................................................................. 22 
3.2.3. Casca do ovo de galinha .......................................................................................... 24 
3.3 Avaliação do Ciclo de Vida .................................................................................... 25 
3.3.1 Fases da ACV ........................................................................................................... 30 
3.3.2 Objetivo e escopo......................................................................................................30 
3.3.3 Análise de inventário do Ciclo de Vida (ICV) ........................................................ 32 
3.3.4 Avaliação de Impactos do Ciclo de Vida (AICV) ................................................... 33 
3.3.4.1 Elementos obrigatórios.............................................................................................. 34 
3.3.4.2 Elementos opcionais .................................................................................................. 38 
3.3.4.3 Categorias de impacto utilizadas .............................................................................. 38 
3.3.4.3.1 Escassez hídrica ......................................................................................................... 39 
3.3.4.3.2 Eutrofização ............................................................................................................... 40 
3.3.4.3.3 Mudanças climáticas ................................................................................................. 40 
3.3.4.3.4 Toxicidade ................................................................................................................. 41 
3.3.4.3.5 Acidificação ............................................................................................................... 42 
3.3.5 Interpretação dos resultados .................................................................................... 43 
3.3.6 Métodos de avaliação da ACV .................................................................................. 44 
3.3.7 Elaboração do Relatório e Revisão Crítica .............................................................. 47 
4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 47 
4.1 Objetivos, escopo do estudo e unidade funcional .................................................. 49 
4.2 Inventário: Coleta de dados ..................................................................................... 50 
4.2.1 Materiais utilizados .................................................................................................... 51 
4.2.2 Descrição do Sistema A ............................................................................................. 52 
4.2.2.1 Síntese ......................................................................................................................... 52 
 
 
 
 
 
4.2.2.2 Lavagem ..................................................................................................................... 54 
4.2.2.3 Secagem ...................................................................................................................... 55 
4.2.3 Descrição do Sistema B ............................................................................................. 56 
4.2.3.1 Síntese ......................................................................................................................... 56 
4.2.3.2 Lavagem ..................................................................................................................... 57 
4.2.3.3 Secagem ...................................................................................................................... 57 
4.3 Avaliação de impactos .............................................................................................. 57 
4.4 Análise de cenários ................................................................................................... 58 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 58 
5.1 Análise do inventário do Sistema A ........................................................................ 58 
5.2 Análise do inventário do Sistema B ........................................................................ 60 
5.3 Avaliação de impactos .............................................................................................. 62 
5.3.1 Comparação dos dois processos ................................................................................ 62 
5.3.2 Pam Acril (Sistema A) ............................................................................................... 63 
5.3.3 CalG20 (Sistema B) ................................................................................................... 65 
5.4 DISCUSSÃO DE ALTERNATIVAS PARA REDUÇÃO DOS IMPACTOS 
AMBIENTAIS NOS SISTEMAS A E B. .......................................................................................... 66 
6. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 72 
 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 74 
 APÊNDICE A ........................................................................................................................ 84 
 APÊNDICE B ........................................................................................................................ 85 
 APÊNDICE C ........................................................................................................................ 86 
 APÊNDICE D ....................................................................................................................... 87 
 APÊNDICE E ....................................................................................................................... 88 
 APÊNDICE F ....................................................................................................................... 89 
 APÊNDICE G ....................................................................................................................... 90 
 APÊNDICE H ....................................................................................................................... 91 
 APÊNDICE I ........................................................................................................................ 92 
 APÊNDICE J ........................................................................................................................ 93 
 APÊNDICE K ....................................................................................................................... 94 
 APÊNDICE L ....................................................................................................................... 95 
 APÊNDICE M ...................................................................................................................... 96 
 
 
 
 
 
 APÊNDICE N ....................................................................................................................... 97 
 APÊNDICE O ....................................................................................................................... 98 
 APÊNDICE P ....................................................................................................................... 99 
 
16 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Hidrogéis superabsorventes são polímeros reticulados que têm a capacidade de 
sorver e manter em sua estrutura soluções aquosas com uma massa centenas e até milhares de 
vezes maiores que a sua, sem perda de sua estrutura química por solubilização e/ou 
degradação de suas cadeias hidrofílicas (FEKETE et al., 2014). A essa capacidade de elevada 
absorção de água dá-se o nome de intumescência. 
Segundo Wang e Boogher (1987), os hidrogéis são usados desde a década de 80 
como condicionadores de solos, onde sua alta capacidadede absorção de água em um curto 
intervalo de tempo e liberação lenta são características muito atrativas para uso na agricultura. 
Além disso, por liberar lentamente essa água acumulada, torna-se um aliado para sistemas de 
irrigação, melhorando a eficiência do uso de água na agricultura. Essas propriedades 
associadas ao hidrogel são bastante relevantes quando se trata de ambientes com elevados 
índices de escassez, como, por exemplo, o semiárido brasileiro. 
Quando puros os polímeros mostram propriedades que muitas vezes não 
correspondem às especificações técnicas que deveriam ter os produtos finais fabricados a 
partir deles (LIMA, 2007). Soma-se a isso o fato de possuírem um alto custo de produção. 
Assim, cargas minerais têm sido utilizadas em misturas com os mais variados tipos de 
polímeros, misturas estas chamadas compósitos, que têm por finalidade diminuir os custos e, 
mais importante, agregar melhorias nas características físicas e químicas dos produtos que 
serão fabricados (BOTELHO, 2006). Esses minerais têm a capacidade de aumentar tanto a 
resistência mecânica das matrizes poliméricas quanto a capacidade de absorção desses 
materiais (ZHANG e WANG, 2007). 
Talco, pirofilita, calcita, dolomita, caulinita, esmectita, muscovita, quartzo, 
wollastonita e barita são os principais minerais utilizados como cargas em polímeros no 
Brasil, devido à abundância na natureza. Estes minerais apresentam baixos custos de extração 
e fragmentação e seus preços no mercado são relativamente baixos. 
O carbonato de cálcio, principal componente da calcita, é um dos materiais mais 
absorventes que existem na natureza (FAN, 2007). A casca de ovo é composta por 94% de 
carbonato de cálcio, na forma de calcita e, como a maioria dos resíduos industriais, ela é 
descartada no ambiente, com potencial de gerar poluição do meio (MURAKAMI et al, 2007; 
IYER e TORKELSON, 2014). 
17 
 
 
 Assim como todo produto, o hidrogel tem potencial de gerar impactos ambientais, 
sendo necessário identificar os aspectos ambientais relacionados ao ciclo de vida desse 
produto para indicar alternativas de produção menos impactantes, evitando-se problemas 
antes da sua produção em escala industrial. É importante identificar e comparar os vários 
processos viáveis de produção de hidrogel e, dessa maneira, poder “escolher” aquele que 
causará menor impacto na natureza e nos seus recursos. Uma maneira de avaliar os impactos 
ambientais relacionados ao ciclo de vida de um produto, sejam positivos ou negativos no 
meio ambiente, é utilizando a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). 
 A ACV é uma metodologia que determina os impactos causados no meio ambiente por 
um produto, processo e serviço, levando em consideração todos os processos produtivos e de 
consumo relacionados ao produto. Um estudo utilizando a ACV mostra o impacto potencial 
causado pelo produto, processo ou serviço. Além do mais, essa metodologia está em constante 
evolução devido a atual importância de assuntos relacionados ao meio ambiente, sendo por 
isso largamente utilizada por empresas e governos para dar suporte a suas decisões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
2. OBJETIVOS 
 
 2.1 Objetivo Geral 
 
 Identificar os impactos ambientais causados por dois processos de produção de 
hidrogéis, em escala experimental, para aplicação na agricultura e definir qual processo é o 
que provoca menor impacto no meio ambiente. 
 
 2.2 Objetivos específicos 
 
 Inventariar dois processos de produção de hidrogel; 
 Realizar a avaliação de impacto comparativa do hidrogéis desses dois 
processos; 
 Identificar em qual etapa da produção se deram os maiores impactos; 
 Propor melhorias na produção dos hidrogéis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
3. REVISÃO DE LITERATURA 
 
3.1 Hidrogéis 
 
Hidrogéis são polímeros hidrofílicos reticulados que possuem capacidade de reter 
grandes quantidades de água ou solução salina em sua estrutura. 
Através de uma polimerização térmica em meio aquoso de ácido acrílico e 
divinilbenzeno, em 1938, iniciou-se a produção dos primeiros polímeros absorvedores de 
água (BUCHHOLZ, 1996). Os hidrogéis surgiram na década de 50 com uma capacidade de 
intumescimento variando entre 40 a 50%, e eram utilizados na oftalmologia na composição 
das lentes de contato. Em 1978, polímeros superabsorventes começaram a ser produzidos no 
Japão para uso em absorventes femininos; já na Alemanha, em 1980, foram empregados em 
fraldas descartáveis para crianças. 
As pontes de hidrogênio existentes nas suas ligações são as responsáveis pelas 
fortes interações entre o hidrogel e a água, sendo esse processo de intumescimento 
coordenado por fatores físicos e ambientais. Pode-se citar como fatores físicos favoráveis ao 
intumescimento a presença de forças de coesão, grupos hidrofílicos, baixa densidade de 
reticulação e flexibilidade da cadeia do polímero. Já as mudanças de pH, forças iônicas, 
temperatura, composição do solvente são fatores ambientais que prejudicam o processo de 
absorção de água pelo gel. 
O hidrogel intumesce por meio de uma ampliação de seu volume como 
consequência da retenção do líquido no interior da sua estrutura. À medida que a água é 
absorvida pelo hidrogel, passa a ocupar os espaços entre as cadeias poliméricas fazendo com 
que estas se estendam procurando uma nova configuração, dado que a presença da água no 
sistema provoca a expansão e a reorganização das cadeias. Dessa maneira, ocorre um 
fenômeno osmótico que direciona o solvente para o interior do hidrogel até que se atinja um 
equilíbrio e assim o hidrogel para de absorver água em sua estrutura (AOUADA, 2006). A 
Figura 1 exemplifica o intumescimento de uma rede polimérica hidrofílica, mostrando as 
interações entre as moléculas de água, através de ligações de hidrogênio, com os grupos 
hidrofílicos fixos na rede. 
 
 
 
 
20 
 
 
Figura 1: Intumescimento de uma rede polimérica de um hidrogel hidrofílico 
 
Fonte: RUDZINSKI et al. ( 2002) 
 
Os hidrogéis podem ser aplicados em diversos campos como, por exemplo: na 
indústria de alimentos como agentes espessantes (ARENAS, 2012), na oftalmologia 
compõem as lentes de contato (KLAUS et al.,1990) e substrato para engenharia de tecidos 
(KRSKO e LEBETA, 2005), e na odontologia estão presentes em implantes (FERNANDES, 
2013). Além disso, são empregados no tratamento de queimaduras (KIYOZUMI et al., 2007), 
preenchimento de ossos esponjosos (ZHANG et al., 2009), substituição de cartilagens 
(LEONE et al., 2008), liberação controlada de fármacos (KARADAG et al., 2014), 
capacitores (LEE e WU, 2008), baterias (IWAKURA et al., 2005), sensores (YU et al., 2008), 
dispositivos ópticos e janelas inteligentes (AOUADA et al., 2006), entre outros. 
Polímeros reticulados com elevado grau de intumescimento em água ou solução 
salina podem ser elaborados a partir de macromoléculas com elevada tendência hidrofílica e 
alta flexibilidade, geralmente em combinação com cadeia de polieletrólito natural (OMIDIAN 
et al, 1999). As associações com poliacrilamida contendo certa quantidade de grupos 
ionizáveis na forma de unidades de ácido acrílico são as tendências mais favoráveis na 
pesquisa. A formação de hidrogéis pode ser realizada através de vários métodos físicos e 
químicos, sendo os mais comuns (PEPPAS e MIKOS, 1986): 
 
21 
 
 
 Copolimerização e reticulação simultânea de um ou mais monômeros 
monofuncionais e um monômero multifuncional seguido de intumescimento em 
solvente apropriado. 
 Reticulação de um homopolímero ou copolímero em solução ou no estado sólido, 
seguido do intumescimento em água ou fluido biológico. 
 
A capacidade de retenção de água no hidrogel depende da elasticidade da parede, 
da presença de grupos funcionais hidrofílicos (-OH, -COOH, -CONH2, -SO3H) na cadeia 
polimérica, do grau de reticulação e do nível de porosidade do material.A presença de sais 
solúveis também interfere na capacidade de retenção de água, sendo responsáveis pela 
diminuição da capacidade de retenção de água quando estiverem presentes em altas 
concentrações. 
As indústrias que processam polímeros têm usado quantidades crescentes de 
cargas minerais em misturas com polímeros. Paralelamente, diversos trabalhos de pesquisa 
têm sido realizados no intuito de entender os comportamentos destes compósitos (LIMA, 
2007). Essas pesquisas têm o objetivo de estabelecer a proporção de carga mineral mais 
adequada para ser utilizada juntamente ao polímero, e, assim, conseguir uma melhoria das 
propriedades do polímero (PAOLI et al, 2002). 
Os carbonatos podem ser utilizados como cargas em polímeros, tendo o tamanho 
de grão abaixo de 45µm, conseguidos a partir da moagem de rochas calcárias. Essas rochas 
podem apresentar em sua composição apenas calcita (CaCO3) ou uma mistura de calcita e 
dolomita [CaMg(CO3)2]. A incorporação da carga mineral no polímero acarreta uma 
variedade de mudanças nas suas propriedades decorrentes do tipo de interação entre essas 
duas fases da mistura (LIMA, 2007). 
 
3.2 Hidrogéis e suas aplicações relacionadas à água 
 
3.2.1 Hidrogéis na purificação de água 
 
As indústrias e seus processos contribuem bastante para a contaminação de águas 
residuais com metais tóxicos (cromo, níquel, cobre, chumbo, mercúrio e zinco), sendo sua 
remoção um grande problema, pois a precipitação química por osmose reversa é incompleta. 
Desse modo, o desenvolvimento de hidrogéis com capacidade de remover íons metálicos 
22 
 
 
através de complexação e mecanismo de troca iônica pode ser considerado uma possível 
solução para esse problema. 
Os hidrogéis copoliméricos de metacrilato de glicidila-co-dimetacrilato de 
etilenoglicol com diferentes porosidades foram utilizados na retirada de Cu
+2
, Cd
+2
, Cr
+3
 sob 
condições de não competitividade (NASTASOVI et al., 2004). A remoção de íons metálicos 
de detritos e águas industriais também é um grande inconveniente, pois processos de 
precipitação convencionais não geram resultados satisfatórios e as resinas sintéticas de troca 
iônica têm custo elevado. Hidrogéis inteligentes, obtidos a partir de polímeros naturais estão 
sendo constantemente estudados para a remoção de íons metálicos de águas residuais. 
O intumescimento de hidrogéis copoliméricos à base de acrilamida e acrilato de 
sódio sofreu uma rápida variação de volume quando postos em soluções de Ni
+2
 e Ba
+2
, 
provando que esses hidrogéis são fortes candidatos para remoção de íons bivalentes tóxicos de 
soluções aquosas (BAJPAI e JOHNSON, 2005). Hidrogéis de poliacrilamida modificada 
foram usados para a remoção dos metais pesados Cu
+2
, Cd
+2
 e Pb
+2
, os quais após serem 
reutilizados por regeneração não perderam a capacidade de absorção (KASGOZ, OZGUMUS 
e ORBAY, 2003). 
Indústrias de plásticos, de papel, de cosméticos e as têxteis utilizam corantes para 
dar cor aos seus produtos. Corantes esses que poluem a água bastando apenas uma quantidade 
bem pequena para dar uma coloração bem visível à água, podendo ser tóxico à vida aquática 
(DELVAL et al., 2005). Os corantes afetam a natureza da água e inibem a penetração da luz 
solar nos rios reduzindo as suas atividades fotossintéticas. Devido a isso, os efluentes desses 
tipos de indústrias precisam de tratamentos adequados para a remoção desses contaminantes. 
A remoção do corante Índigo Carmim de um meio aquoso foi proposta utilizando 
hidrogéis amino funcionalizado de acrilamida e ácido maléico e poli (N-
hidroximetilacrilamida) com incorporação de grupos amina via reação de aminação 
(KASGÖZ, 2005, 2006). A remoção do corante catiônico Basic Blue 17 foi estudada 
empregando hidrogéis adsorventes de acrilamida e acrilato de sódio utilizando diferentes 
agentes de reticulação (UZUM e KARADAG, 2006). 
 
3.2.2 Hidrogéis na produção agrícola 
 
 Desde muito tempo o homem vem buscando formas de irrigação de plantas. Um 
23 
 
 
sistema que armazene água e, em seguida, libere para a planta de forma gradual é de grande 
valia. Elementos porosos podem ser utilizados como reservatórios e emissores de água. 
Um condicionador de solo é caracterizado por todo material natural ou sintético, 
que, quando adicionado ao solo, modifica de maneira favorável as suas características 
estruturais, na proporção que eleva sua capacidade de retenção de água, favorecendo a 
permeabilidade do solo e também as taxas de infiltração (KÄMPF e FERMINO, 1999). 
Hidrogéis superabsorventes ganham destaque devido sua característica de 
incorporar melhorias significativas nas propriedades do solo (NIMAH, RYAN e 
CHAUDHRY, 1983; WANG e BOOGHER, 1987). Dentre essas melhorias podem ser 
apontadas: 
 
 Intensificação da capacidade de retenção de água do solo; 
 Crescimento da capacidade de retenção de nutrientes móveis, como o nitrato, 
diminuindo consideravelmente a lixiviação desses nutrientes; 
 Aumento do uso eficiente de água; 
 Nos casos de plantios irrigados, há redução da frequência de irrigação diminuindo 
os custos com essa atividade; 
 Melhoria da permeabilidade do solo e a infiltração à água. 
 
Assim, uma importante função para hidrogéis superabsorventes na agricultura é 
na área de tecnologia de liberação controlada de água que é fortemente dependente da 
estrutura química do hidrogel, do pH e da temperatura de intumescimento. Um sistema de 
liberação controlada por meio de uma matriz polimérica é bastante vantajoso, pois se utiliza 
uma quantidade muito menor do agente ativo, seja ele água ou um insumo químico 
(AOUADA, 2006). 
MARQUES et al. (2013) investigaram o uso de hidrogéis na irrigação de mudas 
de café. Os autores observaram que o uso do hidrogel proporcionou mudas de qualidade 
semelhantes ao método tradicional de irrigação. Thomas (2008) explicou que o hidrogel 
melhora a sobrevivência das mudas, pois permite que as raízes das plantas cresçam por dentro 
dos grânulos do polímero hidratado, com maior superfície de contato entre raízes, água e 
nutrientes. 
Em relação à contaminação do solo, os hidrogéis superabsorventes quando 
misturados com a terra, têm a capacidade de absorver parte da solução fertilizante em 
24 
 
 
partículas gelatinosas, em volta das quais as raízes podem crescer extraindo de forma 
gradativa os elementos nutrientes retidos na zona superficial do solo (ROSA, BORDADO e 
CASQUILHO, 2008). 
Os agroquímicos são utilizados para aumentar uma ocasional colheita. Entretanto, 
a aplicação convencional de agroquímicos pode resultar em contaminação da água do subsolo. 
Uma alternativa para contornar esse problema é realizar aplicações mais controladas, para que 
se reduzam as quantidades de agentes ativos, sem prejudicar sua eficiência. A substituição do 
método convencional de manejo de agroquímicos por sistemas de liberação controlada além 
de evitar o risco de saúde do agricultor, oferece também uma maneira de minimizar o 
desperdício do agente ativo (BAJPAI e GIRI, 2003). 
A combinação de agroquímicos com materiais poliméricos tem despertado grande 
interesse nas últimas décadas, objetivando obter formulações com propriedades de liberação 
controlada (KOK et al., 1999). Esses materiais poliméricos carregados intumescem e 
posteriormente liberam o composto carregado no ambiente em que se deseja, constituindo a 
base da tecnologia de liberação do agente ativo. 
Os objetivos das formulações de liberação controlada são a proteção do 
fornecimento do agente ativo para permitir a sua liberação automática no alvo a uma taxa 
controlada e manter sua concentração no sistema dentro de um limite ótimo sobre certo 
período de tempo, produzindo grande especificidade e constância (BAJPAI e GIRI, 2002). 
 
3.2.3 Cascado ovo de galinha 
 
Em 2014, a produção nacional de ovos de galinha foi de 2,826 bilhões de dúzias, 
o maior número já registrado na série histórica da pesquisa, iniciada em 1997, representando 
um aumento de 3,1% em relação ao ano anterior (AGÊNCIA BRASIL, 2015). 
A casca de ovo é considerada resíduo classe II B, não perigoso e inerte. 
Atualmente, o método mais comum de destinação final para esse resíduo é a disposição em 
aterros por ser mais barato. Entretanto, devido aos níveis crescentes de impostos e restrições 
criadas para a utilização dos aterros, esta opção se torna cada vez menos atraente. 
Além disso, a casca do ovo é um resíduo que possui valor devido a sua 
composição, podendo ser aproveitada como matéria-prima para obtenção de produtos de alto 
valor agregado. A casca do ovo serve como base para desenvolvimento de produtos na 
25 
 
 
indústria cosmética, suplementos alimentares, bases biocerâmicas, fertilizantes, implantes 
ósseos e dentários, e como agentes antitártaro em cremes dentais (MURAKAMI, 2006). 
A casca de ovo é rica em minerais, tais como o carbonato de cálcio (94% do peso 
da casca), carbonato de magnésio (1%) e fosfato de cálcio (1%) (NEVES, 1998). Observa-se 
que o cálcio está presente em maior quantidade, sendo encontrado na forma de carbonato de 
cálcio na proporção de 40% biodisponível do produto em pó (PERES e WASZCZYNSKYJ, 
2010). 
As cargas minerais têm sido utilizadas como carga em compósitos com os mais 
variados tipos de polímeros. Essas misturas têm como finalidade baratear os custos e, além 
disso, agregam melhorias das características físicas e químicas dos hidrogéis fabricados. Os 
trabalhos de Li e Wang (2005), Almeida Neto (2010) e Lima (2008) compararam o 
comportamento de hidrogéis com e sem mineral. Os resultados mostram que a incorporação 
de mineral aos hidrogéis reduz a porcentagem de perda na capacidade de absorção de água 
dos compósitos quando os mesmos são submetidos a cinco ciclos de intumescimento e 
secagem. Os materiais sem mineral têm uma porcentagem de perda média de 48,7%, 
enquanto que os compósitos perdem em média 35,3% de sua capacidade de absorção após 5 
ciclos. 
 
3.3 Avaliação do Ciclo de Vida 
 
Todo produto, não importa de que material seja feito, madeira, vidro, plástico, 
metal ou qualquer outro elemento, provoca um impacto no meio ambiente, seja em função de 
seu processo produtivo, das matérias-primas que consome, ou devido ao seu uso e disposição 
final (CHEHEBE, 1997). 
Segundo Chehebe (1997), a crescente preocupação com os impactos ambientais 
gerados pela provisão de bens e serviços à sociedade tem sido indutora do desenvolvimento 
de novas metodologias que visam auxiliar na compreensão, controle e/ou redução desses 
impactos. A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma dessas metodologias e considera todo 
o ciclo de vida do produto, desde a extração da matéria-prima utilizada na produção, passando 
pelo seu uso e finalizando com a disposição final do produto. A Figura 2 mostra a interface 
existente entre um produto industrial e o meio ambiente: 
 
26 
 
 
Figura 2: Interface existente entre um produto industrial e o meio ambiente
 
Fonte: CHEHEBE (1997) 
 
A ACV é uma metodologia gerencial que avalia os impactos potenciais causados 
no meio ambiente por produtos, processos ou serviços. O enfoque gerencial da ACV 
constitui-se em uma forte tentativa de integração da Qualidade Tecnológica do Produto, da 
Qualidade Ambiental e do Valor Agregado para o consumidor e para a sociedade 
(CHEHEBE, 1997). O resultado de uma ACV é quantitativo, sendo contabilizados os fluxos 
de entrada e saída e os impactos ambientais potenciais associados a um produto ou processo 
durante todo o seu ciclo de vida. 
Em um estudo ACV identificam-se e quantificam-se os aspectos ambientais - 
elementos das atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com 
o meio ambiente - e avalia os impactos - efeito de qualquer tipo de ação sobre o meio 
ambiente - potenciais associados a um produto, processo ou serviço causados ao meio 
ambiente atribuídos aos seus ciclos. O ciclo de vida de um produto, processo ou serviço 
envolve desde a extração de recursos naturais até a sua disposição final, como mostrado na 
Figura 3: 
Figura 3: Ciclo de vida de um produto e seus impactos ambientais 
27 
 
 
 
Fonte: USEPA (2001) 
 
Estudos de ACV tiveram início nas décadas de 60 e 70, nos Estados Unidos, para 
contabilização do uso cumulativo de energia e materiais. Naquela época esses estudos eram 
denominados Resourse and Environmental Profile Analysis. Um dos primeiros trabalhos 
realizados foi conduzido pelo Midwest Research Institute, a pedido da Coca-Cola, e consistia 
em uma avaliação para saber qual tipo de embalagem, plástico ou vidro, era melhor do ponto 
de vista ambiental. Embora nunca tenha sido publicada na integra devido ao seu caráter 
confidencial, essa pesquisa mostrou que o plástico não era pior que o vidro, como se 
imaginava na época (FERREIRA, 2004). 
Apesar de surgido nas décadas de 60 e 70, o aumento de estudos de ACV na 
Europa e nos Estados Unidos ocorreu a partir dos anos 90, evidenciado pelo número de 
workshops e fóruns organizados. Atualmente, essa metodologia continua em processo de 
desenvolvimento com o objetivo de incorporar mais categorias de impactos ambientais e 
reduzir incertezas dos estudos. 
A metodologia de ACV auxilia tanto pesquisadores no desenvolvimento de 
inovações de reduzidos impactos ambientais quanto às indústrias no aumento da eficiência 
dos seus processos, redução de custos e promoção do marketing verde de seus produtos. Além 
desses atores, o setor governamental pode se amparar nos resultados dos estudos de ACV para 
a elaboração de políticas públicas que incentivem práticas sustentáveis. 
O uso da ACV também é importante para mostrar a empresas, consumidores e 
governos que suas responsabilidades não estão limitadas à produção e à condução de 
processos, mas considerando todo o ciclo de vida do produto. Pode-se continuamente 
28 
 
 
identificar pontos críticos e oportunidades de melhorias nos processos produtivos de consumo 
e pós-consumo combinando-se de maneira mais eficiente aspectos econômicos e ambientais. 
Produtos e processos interagem com os setores econômicos e sociais no decorrer 
de seus ciclos de vida. Essa interação dos aspectos socioeconômicos com os aspectos 
ambientais transforma o conceito da ACV em uma análise da sustentabilidade do ciclo de 
vida de um produto ou processo, uma área de grande importância para indústrias e países que 
discutem o desenvolvimento sustentável (UNEP/SETAC, 2005). 
A ACV serve de subsídio às estratégias de marketing, como declarações 
ambientais ou esquemas de rotulagens, além de ajudar a evitar declarações simplistas de 
concorrentes não baseadas em uma análise mais ampla do sistema de produção (CHEHEBE, 
1997). 
No Brasil, a ACV foi formalmente introduzida em 1993 com a criação de um 
subcomitê do Grupo de Apoio à Normalização (GANA) destinado particularmente à 
Avaliação do Ciclo de Vida. Já em 1998, as atividades passaram a ser controladas pela 
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que regulamenta o método através das 
normas NBR ISO 14000 (ABNT). 
As normas da série NBR ISO 14040 foram estruturadas da maneira a seguir: 
 
 ABNT NBR ISO 14040 – Análise do Ciclo de Vida – Princípios e Práticas Gerais; 
 ABNT NBR ISO 14041 – Análise do Ciclo de Vida – Definição do objetivo e 
escopo e Análise do Inventário; 
 ABNT NBR ISO 14042 – Análise do Ciclo de Vida – Avaliação dos Impactos; 
 ABNT NBR ISO 14043 – Análise do Ciclo de Vida – Interpretação dos 
Resultados; 
 
Atualmente essas Normas foram substituídas pelas Normas: 
 
 ABNT NBR ISO 14040:2009 (Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo 
de Vida – Princípios e Estrutura); e 
 ABNT NBR ISO 14044:2009 (Gestão Ambiental – Avaliaçãodo Ciclo 
de Vida – Requisitos e orientações). 
 
29 
 
 
No passado, a abundância de estudos sobre o ciclo de vida dos produtos sem uma 
metodologia normalizada propiciou alguns exageros que quase comprometeram a imagem 
dessa metodologia de avaliação. Fase essa denominada por alguns autores como a fase de 
guerras das ACV’s. Uma comparação detalhada entre dois estudos de ACV sobre embalagens 
de papelão foi publicada em 1992 pela Ekvall, contratada pelo Swedish Paper and Packaging 
Group para descobrir as razões por trás dos resultados conflitantes entre o estudo suíço 
“Ökobilanz von Packstoffen” e o estudo sueco “Packaging and the Environment” feito por 
Chalmers Industriteknik (CHEHEBE,1997). Os dois estudos aparentemente sobre o mesmo 
tipo de embalagem e utilizando-se dos mesmos dados apresentavam consideráveis diferenças 
nos resultados, devido, principalmente, aos dados de entrada das unidades de processo. 
O caso relatado acima mostra a importância da qualidade dos dados utilizados em 
um estudo ACV. Assim, torna-se mais compreensível a razão pela qual as normas ISO 14040 
e 14041 preocupam-se tanto com a questão da transparência e dos aspectos éticos do método. 
A metodologia de ACV não é restrita apenas a uma avaliação geral de toda a 
cadeia de impactos de um processo, o chamado do “berço-ao-túmulo”, podendo também ser 
realizada em certas etapas do ciclo de vida, como do “berço ao portão”, do “portão ao portão” 
e do “portão ao túmulo”. Os diferentes escopos de estudos de ACV são mais bem explicados 
a seguir de acordo com a norma ISO/TS 14048/2002: 
 
 “do berço-ao-portão” (cradle-to-gate): Escopo que envolve extração de recursos, 
incluindo também algumas operações de fabricação ou operações de serviço, 
parando nesse ponto, não segue até o destino final. 
 “do berço-ao-túmulo” (cradle-to-grave): Escopo que envolve todo o ciclo de vida 
do produto, processo ou serviço, indo desde a extração de matérias-primas até a 
sua disposição final. 
 “do portão-ao-portão” (gate-to-gate): Esse escopo envolve um processo em que 
todas as fases de produção ocorrem dentro de um local (indústria). Processos que 
estejam fora dos portões do local definido não estão incluídos. 
 
No Brasil, a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) é parte do Estudo de 
Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), necessárias 
para obtenção das licenças ambientais das indústrias potencialmente poluidoras, segundo a 
CONAMA 237/97. O uso das ferramentas citadas acima combinados com ACV pode ajudar 
30 
 
 
na melhor qualidade dos estudos ambientais e na tomada de decisões por parte das empresas 
para a melhoria ambiental de seus processos e produtos. 
 
3.3.1 Fases da ACV 
 
Segundo a ISO 14040/09, a ACV consiste em quatro fases (Figura 4): 
 
1. Definição de Objetivo e Escopo; 
2. Análise do Inventário do Ciclo de Vida (ICV); 
3. Análise de Impacto Ambiental de Ciclo de Vida (AICV); 
4. Interpretação de Resultados. 
 
Figura 4: As fases da ACV 
 
Fonte: ISO 14040/09 
 
Além dessas quatro fases mencionadas anteriormente, acrescenta-se a elaboração 
do relatório e a revisão crítica do mesmo. Como é possível perceber, cada fase individual da 
ACV usa os resultados das outras fases, e a abordagem interativa entre as fases contribui para 
a compreensão e consistência tanto do estudo como dos resultados apresentados (HEIJUNGS 
et al, 1992). 
 
3.3.2 Objetivo e escopo 
 
 No primeiro passo de uma ACV, o objetivo e o escopo do estudo devem ser 
31 
 
 
determinados. Isto inclui uma exata formulação do que será investigado, e como esta 
investigação será realizada. Além disso, as fronteiras do sistema são escolhidas e discutidas 
(UNEP/SETAC, 2005). 
A Norma ISO 14040 preconiza que na fase de definição dos objetivos seja 
esclarecida de forma clara e inequívoca a utilização que se pretende dar aos resultados do 
estudo, a que tipo de audiência se destina e o processo de revisão crítica que se pretende 
adotar. Essas definições, que estabelecem a funcionalidade do sistema, devem ser dadas antes 
da formulação da metodologia a ser utilizada e, como influenciam no resultado final, 
representam uma etapa-chave de qualquer estudo de ACV (CHEHEBE, 1997). 
O escopo se refere à aplicabilidade geográfica, tecnológica e temporal do estudo. 
Deve-se definir quais os processos produtivos que serão considerados na avaliação, onde 
esses processos ocorrem e qual a idade aceitável dos dados coletados. Deve-se definir também 
como o estudo será atualizado, como a informação será trabalhada e onde os resultados serão 
aplicados. 
O objetivo de uma ACV deve incluir a aplicação pretendida, as principais razões 
para a realização do estudo e o público-alvo. De acordo com a ISO 14044:2006, o escopo do 
estudo identifica diversos elementos cruciais para a realização de um estudo em ACV. Em 
meio aos variados itens assinalados pela ISO, devem ser apontados e diretamente descritos os 
seguintes itens: 
 
 O sistema de produto a ser estudado; 
 Os limites do sistema de produto (fronteira); 
 As funções do sistema de produto; 
 A unidade funcional; 
 Os procedimentos de alocação, quando necessária; 
 As categorias de impacto a serem avaliadas; 
 Métodos de análise de impacto de ciclo de vida e subsequente interpretação que 
será utilizada. 
 
O sistema de produto a ser estudado representa uma série de subsistemas 
(processos unitários) ligados entre si por fluxos de materiais ou de energia, que realizam uma 
ou mais funções definidas (ISO 14040:2006). Já os limites do sistema de produto ou a 
fronteira do sistema definem todos os processos e os fluxos ambientais de entrada e saída a 
32 
 
 
serem considerados no estudo da ACV. Embora a definição da fronteira do estudo seja uma 
decisão subjetiva, é muito importante definir com clareza os critérios adotados na sua 
demarcação. Os limites da ACV são geralmente apresentados em fluxogramas que mostram a 
sequência principal do sistema de produto em estudo (CHEHEBE, 1997). 
A função de um sistema é a definição clara das características de desempenho do 
produto a ser avaliado, quando fabricado, utilizado e/ou descartado. Um sistema pode ter 
várias funções possíveis. A função selecionada para um determinado estudo depende do 
objetivo e do escopo do estudo. A quantificação ou medição dessa função identificada é 
chamada de unidade funcional (CHEHEBE, 1997). 
A unidade funcional gera um fluxo de referência a que todos os outros fluxos 
modelados do sistema estão relacionados. É por isso que a unidade funcional necessita ser 
quantitativa (BAUMANN, TILLMAN, 2004). 
 
3.3.3 Análise de Inventário do Ciclo de Vida (ICV) 
 
A análise do Inventário do Ciclo de Vida (ICV) especifica os processos que 
ocorrem durante o ciclo de vida de um produto. No ICV, um inventário é feito com todas as 
entradas e saídas dos processos que ocorrem durante o ciclo de vida de um produto 
(UNEP/SETAC, 2005). Nessa etapa ocorre a coleta de dados e os procedimentos de cálculo 
do uso de insumos e emissões em relação à unidade funcional (CHEHEBE, 1997). 
A ICV pode ser dividida em diversas etapas, segundo a ISO 14044:2006 (Figura 
5): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
Figura 5: Etapas para construção do Inventário de Ciclo de Vida 
 
Fonte: ISO 14044 (2009) 
 
O primeiro passo no ICV é a especificação de todos os processos envolvidos no 
ciclo de vida do produto em termos de fluxo gráfico. O próximo passo é a coleta de dados de 
cada processo, podendo ser tanto por consulta de literatura científica ou coleta primária de 
dados. A coleta de dados é a etapa que consome mais tempo e talvez a parte mais difícil da 
ACV. Uma vez que os dados foram coletados em todos os processos,um processo crítico 
pode ser selecionado para análises mais adiante (UNEP/SETAC, 2005). 
No último estágio da análise de inventário, os dados serão processados. Uma 
tabela do inventário será criada, na qual todas as entradas e saídas são traduzidas para 
entradas (consumos de materiais e energia) e saídas (produtos, coprodutos e emissões) 
relativas a uma unidade funcional estabelecida (UNEP/SETAC, 2005). 
 
3.3.4 Avaliação de Impactos do Ciclo de Vida (AICV) 
 
De acordo com Chehebe (1997), a avaliação de impactos é uma etapa da ACV que 
procura identificar, caracterizar e avaliar quantitativamente, impactos potenciais das 
intervenções ambientais identificadas na etapa de análise do inventário. Consideram-se efeitos 
34 
 
 
potenciais, pois como a ACV considera vários processos nos mais diversos estágios, seria 
impossível estabelecer precisamente os efeitos reais. 
As “entradas” e “saídas” quantificadas na análise do inventário são interpretadas 
em função dos impactos que eles causam no meio ambiente, em relação à unidade funcional 
definida (UNEP/SETAC, 2005). 
A ISO 14044 traz os elementos obrigatórios e os essenciais para a AICV. Os 
elementos obrigatórios são os seguintes: 
 
 Seleção das categorias de impacto, indicadores de categoria e métodos de 
avaliação; 
 Correlação dos resultados do ICV às categorias de impacto selecionadas 
(classificação); 
 Cálculo dos resultados dos indicadores de categoria (caracterização). 
 
Já os elementos opcionais são os seguintes: 
 
 Normalização; 
 Ponderação; 
 Agrupamento; 
 Análise da qualidade dos dados. 
 
3.3.4.1 Elementos obrigatórios 
 
De acordo com a ISO 14044:2009 a seleção de categorias de impactos, 
indicadores de categoria e modelos de caracterização deve ser justificada e consistente com o 
objetivo e o escopo da ACV. É nessa etapa que são identificados os grandes focos de 
preocupação ambiental, as categorias e os indicadores que o estudo utilizará Os modelos de 
caracterização descrevem a relação entre os resultados do ICV e os impactos ambientais 
(midpoint), e, até mesmo, entre o ICV e o dano ambiental (endpoint) causado à saúde 
humana, qualidade dos ecossistemas e recursos naturais. Esses modelos são utilizados para 
gerar os fatores de caracterização. 
A Tabela 1 traz as categorias de impacto midpoint, os métodos indicados pela 
União Europeia (2012) para serem utilizados em ACV conduzidos em regiões europeias. 
35 
 
 
Atualmente, ainda não foram disponibilizados estudos que indiquem métodos mais 
apropriados às condições ambientais brasileiras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
Tabela 1: Categorias de impacto, descrição, método e indicadores 
Categoria de 
Impacto 
Descrição Método Indicador 
Mudança 
climática 
Liberação de CFC’s, 
HFCs e HALONs na 
atmosfera 
 
IPCC (2006), 100 anos 
Potencial de 
aquecimento global 
(GWP) 
Depleção de 
Ozônio 
Avalia a taxa de destruição 
da camada de ozônio na 
atmosfera 
Potencial de depleção indicado 
pela Organização Mundial 
(WHO; UNEP, 2010), 100 anos 
Potencial de 
depleção de ozônio 
Acidificação 
Deposição atmosférica de 
substâncias inorgânicas no 
solo ou na água 
Modelo EUTREND do método 
Recipe (Seppälä et al., 2006, 
Posch et al., 2008) 
Excesso acumulado 
 
Eutrofização 
Deposição excessiva de 
nutrientes como o fósforo e 
o nitrogênio no solo ou na 
água 
Modelo EUTREND do método 
Recipe 
(Seppälä et al., 2006, 
Posch et al., 2008) 
Excesso acumulado 
Toxicidade 
Explica a toxicidade/efeito 
de uma substância química 
Modelo USEtox 
(Rosenbaum et al., 2008) 
Unidade tóxica 
comparativa para 
seres humanos 
Radiação 
Ionizante 
Descreve os danos a 
saúde humana 
relacionado com a 
liberação de material 
radioativo na atmosfera 
Modelo de efeito sobre a saúde 
humana desenvolvido por 
Dreicer et al. (1995) e 
Frischknecht et al.,(2000) 
Exposição humana 
a eficiência relativa 
do U235 
Uso da terra 
Reflete os danos aos 
Ecossistemas causados pela 
ocupação e 
transformação de terra 
Modelo baseado na 
matéria orgânica do solo (Milài 
Canals et al., 2007) 
Matéria orgânica 
do solo 
Escassez 
hídrica 
Contabiliza o impacto na 
escassez resultante do 
consumo de água em uma 
região 
Método de Pfister et al. (2009) 
O uso de água 
relacionada com a 
escassez dos locais 
Esgotamento de 
Recursos 
Mineral, Fóssil 
e Renovável 
Contabiliza a quantidade 
de recursos disponível 
Modelo para consumo de 
água em Ecoscarcity 
(Frischknecht et al., 
2008) 
Escassez 
Fonte: Adaptado de European Commission (2012) 
 
37 
 
 
Escolhidas as categorias, inicia-se então a classificação com o objetivo de 
atribuir, a cada uma das categorias selecionadas e identificadas, os dados correspondentes 
do inventário. De acordo com a ISO 14044 é importante considerar também: 
 
 A correlação dos resultados do ICV que sejam exclusivos para uma categoria 
de impacto; 
 Identificação dos resultados do ICV que se correlacionem a mais de uma 
categoria de impacto. 
Na caracterização, as contribuições de cada consumo e emissão do ICV para 
cada categoria ambiental são quantificadas (CHEHEBE, 1997). Envolve a conversão dos 
resultados do ICV para unidades comuns e a agregação dos resultados convertidos dentro 
da mesma categoria de impacto, utilizando fatores de caracterização. O resultado do 
cálculo é um fator numérico (ISO 14044: 2006). Cada método de caracterização apresenta 
um modelo prórpio de cálculo para geração do fator de caracterização (Equação 1). 
 
Equação 1: Cálculo do indicador de midpoint para categoria de impacto m 
 
 ∑ 
 
 
Fonte: GOEDKOOP et al. (2009) 
 
Onde mi é a magnitude ou tamanho da intervenção i (entrada ou saída 
quantificada no inventário), Qmi o fator de caracterização que conecta a intervenção i com 
a categoria de impacto de m, e Im o impacto da categoria de impacto de m. 
Os fatores de caracterização indicam quanto determinada substância (entrada 
ou saída do inventário) contribui para um determinado problema ambiental comparada a 
uma substância de referência (figura 6). Exemplificando, na avaliação da categoria de 
impacto mudanças climáticas, a massa de cada substância que contribui para o efeito 
estufa (dado do inventário) é multiplicada pelo Potencial de Aquecimento Global (PGA) 
de cada substância, sendo o PGA fator de caracterização utilizado. Esse fator é calculado 
em relação ao CO2, com o impacto medido em termos de CO2 – equivalente (PRE 
CONSULTANTS, 2010). O GWP do CO2 é 1, do CH₄ é 25 e o do N2O 298, como 
exemplo. 
38 
 
 
 
Figura 6: Exemplo da etapa de Classificação e Caracterização de um estudo de ACV 
 
Fonte: Ferreira (2004) 
 
3.3.4.2 Elementos opcionais 
 
A normalização é feita dividindo-se os valores dos impactos pela referência 
escolhida, sendo o perfil de impacto normalizado o resultado desse procedimento. A 
normalização permite que os resultados das categorias sejam expressos em uma mesma 
unidade de medida, podendo assim aumentar a comparabilidade dos dados entre as 
diferentes categorias de impacto. Assim, a normalização faz com que categorias de 
impacto ambiental que contribuem apenas com uma pequena parcela do total do impacto, 
comparado com outras categorias, sejam reveladas, podendo ser deixadas de lado. Reduz-
se, assim, a quantidade de dados para serem avaliados (PRE CONSULTANTS, 2010). 
 Na etapa de ponderação são atribuídos pesos para cada categoria de impacto, 
de acordo com um critério estabelecido para denotar a importância de cada categoria para 
a instituição realizadora do estudo ACV. Esse critério é subjetivo e, por isso, de acordo 
com a ISO 14040:2006, não pode ser aplicado em comparações públicas entre produtos, 
sendo apenas utilizado para estudos de determinadas empresas. 
De acordo com a ISO 14044:2009,o agrupamento é a reunião de categorias de 
impacto em um ou mais conjuntos podendo envolver agregação ou hierarquização. 
Uma análise criteriosa da qualidade dos dados utilizados e resultados obtidos é 
necessária para que se tenha uma compreensão mais razoável do significado, das 
39 
 
 
incertezas e da sensibilidade dos resultados da AICV. A análise de incerteza ajuda na 
identificação dos resultados não significativos em estudos comparativos de ACV, assim 
como na mensuração do erro em cada categoria de impacto, considerando a propagação 
dos erros nos dados de inventário. Já a análise de sensibilidade é o efeito de uma mudança 
em uma única entrada nos resultados finais de um estudo de ACV (ROSEMBAUM et al., 
2012). 
 
3.3.4.3 Categorias de impacto utilizadas 
 
3.3.4.3.1 Escassez hídrica 
 
A água é um recurso escasso em várias partes do mundo, porém em outras é 
um recurso abundante. Ao contrário de outros recursos não existe um mercado global que 
possa garantir uma distribuição global desse recurso, pois o mercado não funciona para 
grandes distâncias devido aos altos custos de transporte. 
Quando se extrai água de uma área muito seca, como, por exemplo, o nordeste 
brasileiro, o impacto é muito maior se comparado ao impacto causado pela extração de 
água na Amazônia, que possui água em abundância. 
A escassez hídrica, pelo método do Recipe (2009) apenas quantifica o volume 
de água (por m
3
) consumida em todos os processos relacionados ao sistema de produto de 
um estudo de ACV. Esse tipo de análise é muito primária, pois não correlaciona o volume 
de água requerido por um processo com a vulnerabilidade da região onde ocorre à 
escassez física de água nessa região. 
O método desenvolvido por Pfister et al. (2009) corrige esse problema, pois 
apresenta fatores de escassez hídrica para bacias hidrográficas de todo o mundo. Esse fator 
é denominado WSI (Water Stress Index), calculado considerando-se a relação entre o 
consumo hídrico das indústrias, agricultura e doméstico, a disponibilidade de água 
presente nas bacias da região considerada e a variação sazonal na disponibilidade de água 
(Withdrawal to availability-WTA). A relação entre retirada e disponibilidade hídrica 
(WTA – withdraw to availability) é ponderada pela variação de precipitação anual e 
mensal em cada bacia (Variability in precipitation-VF), sendo o WSI o resultado da 
combinação desses dois fatores. O WSI varia de 0,01 a 1, onde o 1 representa estresse 
40 
 
 
hídrico máximo. A equação 2 mostra o impacto gerado na categoria de escassez hídrica 
quando se utiliza o Método de Pfister et al. (2009): 
 
Equação 2: Cálculo do indicador resultante para Escassez hídrica pelo Método de Pfister et al. (2009) 
 
 ( ) 
 
Fonte: Elaborada pela autora (2016) 
 
Onde V é o volume de água consumido no processo, WSI o fator de 
caracterização que conecta a intervenção com a categoria de impacto de midpoint, e I 
(WD) o indicador resultante para a categoria de impacto de escassez hídrica. 
 
3.3.4.3.2 Eutrofização 
 
Eutrofização é o nome dado ao enriquecimento natural dos nutrientes dos 
lagos, em grande parte pelo escoamento de nutrientes vegetais, como nitratos e fosfatos, 
das terras adjacentes (VON SPERLING, 1994). Nitrogênio e fósforo são nutrientes 
essenciais para vida, porém em excesso na água, essas substâncias contribuem para o 
aumento de fitoplâncton e algas. O crescimento e abundância de algas, por sua vez, 
resulta em redução da disponibilidade de oxigênio e diminuição da transparência da água, 
a sobrevivência e desenvolvimento dos peixes. Um grande aumento de nitrogênio na Terra 
pode causar distúrbios no balanço de nutrientes nas plantas. Perto de regiões agrícolas ou 
urbanas, as atividades humanas podem acelerar bastante a entrada de nutrientes vegetais 
em um lago, causando a eutrofização cultural (VON SPERLING, 1994). 
As principais consequências da eutrofização nos corpos hídricos são as 
seguintes (VON SPERLING, 1994): 
 Problemas estéticos e recreacionais; 
 Condições anaeróbias no fundo do corpo d’água; 
 Eventuais mortandades de peixes; 
 Maior dificuldade e elevação nos custos de tratamento da água; 
 Toxicidade das algas; 
 Modificações na qualidade e quantidade de peixes de valor comercial; 
41 
 
 
 Redução na navegação e capacidade de transporte; 
 Desaparecimento gradual do lago como um todo em decorrência da 
eutrofização e do assoreamento. 
 
Os indicadores ambientais na AICV utilizados para avaliação da eutrofização 
em águas doces e marinha são as concentrações de fósforo (P) e nitrogênio (N), 
respectivamente. Os resultados das avaliações são expressos em relação ao P e ao N, em 
termos de kg de N –equivalente, para a eutrofização de águas doces e kg de P – 
equivalente, para eutrofização marinha (GOEDKOOP et al., 2009). 
 
3.3.4.3.3 Mudanças climáticas 
 
As principais substâncias causadoras desses problemas são os gases de efeito 
estufa, sendo os principais: o dióxido de carbono (CO2); metano (CH4); óxido nitroso 
(NO). Também são gases do efeito estufa os clorofluorcarbonos (CFC’s), os 
hidroclorofluorcarbonos (HCFC’s), os halocarbonos e tetracloreto de carbono. 
Os gases do efeito estufa causam diversos tipos de impacto, como: aumento de 
temperatura, mudanças na precipitação, aumento no nível do mar, mudanças nas correntes 
marítimas, tempestades, furacões, e possivelmente outros impactos na saúde humana e nos 
recursos bióticos naturais. O impacto desses gases nas mudanças climáticas é avaliado 
considerando o Potencial de Aquecimento Global (PAG), que estabelece o forçamento 
radioativo expressando a capacidade de uma substância absorver radiação infravermelha 
quando considerados a concentração e o tempo de residência da substância na atmosfera 
(BAUMANN, TILLMAN, 2004). 
O método Recipe utiliza o PAG definido pelo Painel Intergovernamental de 
Mudanças Climáticas (IPCC, 2006) para o período de 100 anos, considerando o CO2 
como substância de referencia. O resultado da avaliação é expresso em termos de kg de 
CO2 equivalente. (GOEDKOOP et al., 2009). 
 
3.3.4.3.4 Toxicidade 
 
Três tipos de informação são relevantes quando se avalia os impactos 
ambientais na saúde humana: destino químico (transporte no meio ambiente), exposição 
42 
 
 
humana e efeitos toxicológicos. Nesse estudo são consideradas três subcategorias: 
toxicidade humana cancerígena, toxicidade humana não cancerígena e ecotoxicidade em 
águas doces. 
Atualmente, há um número crescente de métodos de contagem das diferenças 
nas potenciais consequências dos impactos toxicológicos na saúde humana, como por 
exemplo, Quality Adjusted Life Years (QALY) e Disability Adjusted Life Years (DALY). 
Apesar dos avanços em termos de contabilização das diferenças nos cenários de emissão, 
as estimativas atuais geralmente fornecer apenas ideias preliminares ou de rastreio. 
Embora o cálculo dos níveis de caracterização permita cálculos complexos (como curvas 
de resposta a dose baixa não-lineares, limiares biológicos), na prática, os dados 
necessários permanecem muito limitados (GOEDKOOP et al., 2009). 
A acrilamida é uma substância química usada na produção de poliacrilamida, a 
qual é empregada no tratamento de água potável, águas de reuso para remover partículas e 
outras impurezas. É também utilizada na produção de colas, papel, cosméticos e ainda em 
construção, nas fundações de represas e túneis. Além disso, pode ser gerada quando 
alguns alimentos são preparados em altas temperaturas. A poliacrilamida combinada com 
o material sólido torna mais fácil a filtragem ou remoção de substâncias indesejáveis. 
Existem apenas níveis muito baixos de acrilamida e poliacrilamida na água após o 
tratamento. 
O indicador midpoint adotado no método USEtox (ROSENBAUM et al., 
2008) é a unidade tóxica comparativa para os seres humanos (CTUh) para toxicidade 
cancerígenae não-cancerígena; e unidade tóxica comparativa para os ecossistemas 
(CTUe) para ecotoxicidade em água doces. 
 
3.3.4.3.5 Acidificação 
 
A acidificação do solo ocorre devido à deposição de substâncias inorgânicas, 
como os sulfatos, nitratos e fosfatos, sendo os maiores causadores NOx, NH3 e SO2. Para a 
maioria das plantas existe um valor até o qual elas suportam a acidez, excedido esse 
limite, a acidificação do solo pode causar mudanças nessas espécies. Os poluentes 
acidificantes causam diversos impactos no solo, água subterrânea, águas superficiais, 
organismos biológicos, ecossistemas e materiais (GOEDKOOP et al., 2009). 
43 
 
 
É uma das categorias de impacto na qual a sensibilidade local tem um papel 
fundamental e a possibilidade de incluir diferenças regionais no modelo ACV tem sido um 
ponto chave nos últimos anos. 
A acidificação é usada como indicador e mede o grau de absorção de um solo 
saturado com cátions básicos, exceto hidrogênio e alumínio. Ele é definido como o 
somatório de cátions básicos por quilo de solo e dividido pelo total, Capacidade de Trocas 
Catiônicas do solo, e multiplicado por 100, obtendo assim o valor em porcentagem. O 
resultado é expresso em relação à substância dióxido de enxofre (Kg SO2), em termos de 
kg de SO2-equivalente (GOEDKOOP et al., 2009). 
 
3.3.5 Interpretação dos resultados 
 
A última etapa da avaliação de impactos é a interpretação, que envolve uma 
comparação dos problemas ambientais, analisando-se os resultados, tirando-se conclusões, 
explicando-se as limitações e fornecendo-se recomendações para uma análise completa do 
ciclo de vida. Além disso, a interpretação dos resultados deve também mostrar as 
limitações que tornam os objetivos iniciais inalcançáveis ou impraticáveis. O seu objetivo 
principal é aumentar a confiança e significado do estudo ACV executado (CHEHEBE, 
1997). 
Na essência, essa fase descreve uma série de verificações necessárias com o 
propósito de avaliar se as conclusões obtidas no estudo são adequadamente consentidas 
pelos dados e pelos procedimentos utilizados. É importante verificar se as suposições, 
métodos, modelos e dados coletados são consistentes com o objetivo e escopo do estudo. 
A fase de interpretação envolve três etapas (figura 7): 
 
Figura 7: Fases da interpretação dos resultados da ACV 
44 
 
 
 
Fonte: CHEHEBE (1997) 
1-Identificação das questões ambientais mais significativas, baseando-se nos 
resultados do ICV e/ou AICV. O processo de identificação deve ser realizado 
considerando-se os objetivos e o escopo do estudo, de forma interativa com a fase de 
avaliação. Envolve a estruturação das informações provenientes do inventário, a 
identificação das questões ambientais relevantes para o estudo e a determinação das 
emissões ambientais do sistema do produto. 
2-Avaliação dos resultados, podendo incluir elementos como, checagem da 
integridade, análise de sensibilidade e incerteza. A análise de sensibilidade mostra como 
pequenas alterações nos dado influenciam o resultado final, mostrando assim que dados 
necessitam ser mais bem elaborados. Caso pequenas alterações nos parâmetros causem 
grandes mudanças na conclusão, significa que os resultados finais precisam ser revistos A 
checagem da consistência visa o estabelecimento de um determinado grau de confiança 
para os resultados do estudo, de acordo com o seu objetivo geral. 
3- Conclusões e recomendações. No final, devem ser mostradas as conclusões 
obtidas na interpretação dos resultados alcançados. Além disso, é necessário fazer 
recomendações ao objeto de estudo sobre os maiores pontos de impacto que podem 
causar. 
 
 3.3.6 Métodos de avaliação da ACV 
 
45 
 
 
Vários métodos têm sido desenvolvidos para fornecer os fatores de 
caracterização em cada categoria de impacto. Esses fatores indicam quanto uma 
determinada substância contribui para um determinado impacto ambiental comparada a 
uma substância de referência (CHEHEBE,1997). 
Os métodos AICV podem ser agrupados em duas categorias: 
 
 Impacto ambiental (Midpoint): ligam diretamente os resultados do ICV às 
categorias de impacto, porém não chegam ao final da avaliação do dano 
ambiental. Possui uma abordagem voltada para o problema ambiental. 
 Dano ambiental (Endpoint): vão além das categorias de impacto intermediário, 
mostrando os danos causados a saúde humana, aos ecossistemas e aos recursos 
naturais. 
A Figura 8 apresenta a diferença de abordagem das metodologias de impacto 
Midpoint e Endpoint: 
Figura 8: Diferença entre os métodos de AICV 
 
Fonte: UNEP/SETAC (2005) 
 
46 
 
 
Em geral, na abordagem de midpoint o número de categorias de impacto é 
maior (ao redor de 10) e os resultados são mais exatos e precisos quando comparados às 
três áreas de proteção do endpoint (EC-JRC, 2010a). 
O ILCD Handbook (EC-JRC, 2010a) é um documento que se baseia nas 
ISO’s, traz uma análise dos seguintes métodos de AICV: CML 2002, Eco-Indicator 99, 
EDIP 1997, EDIP 2003, EPS 2000, Impact 2002+, LIME, LUCAS, ReCiPe, Ecological 
Scarcity Method, TRACI, MEEuP e USEtox. A tabela 2 traz os métodos citados acima 
com a classificação de sua abordagem, midpoint ou endpoint: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 2: Métodos de AICV de acordo com a sua abordagem 
Método de AICV Abordagem 
Eco-indicator 99 Endpoint 
EDIP 97 Midpoint 
EDIP 2003 Midpoint 
EPS 2000 Endpoint 
Impact 2002+ Midpoint e Endpoint 
JEPIX Midpoint 
LIME Midpoint e Endpoint 
TRACI Midpoint 
CML 2002 Midpoint 
LUCAS Midpoint 
Ecological Scarcity Method Midpoint e Endpoint 
ReCiPe Midpoint e Endpoint 
MEEuP Midpoint 
USEtox Midpoint 
47 
 
 
Pfister et al. Midpoint 
Fonte: Elaborada pela autora (2016) 
 
3.3.7 Elaboração do Relatório e Revisão Crítica 
 
Além de todas as fases para a elaboração de um estudo de ACV, a ISO 14040 
trata da necessidade da realização de análises críticas, pois segundo a norma, essa análise 
pode facilitar a compreensão do estudo e aumentar sua credibilidade. 
A revisão crítica pode facilitar o entendimento e aumentar a credibilidade da 
ACV, por exemplo, quando envolve as partes interessadas. A revisão crítica deve garantir 
que: 
 Os métodos utilizados para realizar a ACV são consistentes com o padrão 
internacional e cientifico e tecnicamente válidos; 
 Os dados utilizados são apropriados ao objetivo do estudo; 
 As interpretações refletem as imitações identificadas e o objetivo do estudo; 
 O relatório do estudo é transparente e consistente. 
 
Segundo a ISO 14040, os processos de Revisão Crítica podem ser realizados 
por: 
 
 Especialista interno; 
 Especialista externo; 
 Por partes interessadas. 
 
Após a revisão crítica, o relatório final pode ser publicado e endereçado ao seu 
público alvo. 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. MATERIAL E MÉTODOS 
 
Esse estudo seguiu as normas NBR ISO 14040 - Gestão ambiental - Avaliação 
do ciclo de vida - Princípios e estrutura - e 14044 - Gestão ambiental - Avaliação do ciclo 
de vida - Requisitos e orientações - para a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). 
 O escopo desse trabalho será uma avaliação do berço ao portão, abrangendo 
os processos de produção de insumos e de hidrogel. Os dados de inventário foram obtidos 
por repetições dos processos de produção dos hidrogéis copolimérico de acrilamida-
acrilato de potássio (Pam Acril) e compósito com casca de ovo (CalG20), no Laboratório 
de Polímeros da Universidade Federal do Ceará. 
Os impactos de cada processo foram calculados no software Sima Pro, pelo 
método ReCiPe midpoint, versão hierárquica (GOEDKOOP et al., 2009), método de 
Pfister (PFISTER et al, 2009) e modelo USEtox (ROSENBAUM et al., 2008). As 
categorias de impacto avaliadas foram: eutrofização de águas doces, eutrofização marinha, 
mudanças climáticas, toxicidade humana (cancerígena e não cancerígena), acidificação

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