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SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA (RE)PENSANDO O TRABALHO CONTEMPORÂNEO O Trabalho em Tempos de Crise no Brasil e na América Latina UNESP – Universidade Estadual Paulista Reitor Prof. Dr. Sandro Roberto Valentini Vice-Reitor Prof. Dr. Sergio Roberto Nobre Pró-Reitora de Pós-Graduação Prof. Dr. João Lima Sant'Anna Neto Pró-Reitora de Pesquisa Prof. Dr. Carlos Frederico de Oliveira Graeff FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Diretora Profª. Drª. Célia Maria David Vice-Diretora Profª. Drª. Marcia Pereira da Silva USP – Universidade de São Paulo Reitor Prof. Dr. Marco Antonio Zago Vice-Reitor Prof. Dr. Vahan Agopyan Pró-Reitora de Pós-Graduação Prof. Dr. Carlos Gilberto Carlotti Junior Pró-Reitora de Pesquisa Prof. Dr. José Eduardo Krieger FACULDADE DE DIREITO DE RIBEIRÃO PRETO Diretora Profª. Dra. Monica Herman Salem Caggiano Vice-Diretora Profª. Dra. Maísa Souza Ribeiro Prof. Dr. Victor Hugo de Almeida (FCHS/UNESP) Profª. Associada Maria Hemília Fonseca (FDRP/USP) Prof. Dr. Jair Aparecido Cardoso (FDRP/USP) Prof. Dr. Elmer Guillermo Arce Ortiz (PUC-Peru) (Organizadores) Comissão Editorial UNESP - Câmpus de Franca Presidente Profª. Drª. Célia Maria David Membros Prof. Dr. Elmer Guillermo Arce Ortiz (PUC-Perú) Prof. Dr. Jair Aparecido Cardoso (FDRP/USP) Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva (UNAERP) Profa. Dra. Luciana Lopes Canavez (FCHS/UNESP) Profa. Dra. Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga (FCHS/UNESP) Profa. Associada Maria Hemília Fonseca (FDRP/USP) Profa. Associada Vera Lúcia Navarro (FFCLRP/USP) Prof. Dr. Victor Hugo de Almeida (FCHS/UNESP) SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA (RE)PENSANDO O TRABALHO CONTEMPORÂNEO O Trabalho em Tempos de Crise no Brasil e na América Latina Câmpus de Franca 2017 © 2017 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP Faculdade de Ciências Humanas e Sociais - Franca Contato: Av. Eufrásia Monteiro Petráglia, 900 CEP 14409-160 - Jd. Petráglia / Franca - SP Coordenação Científica: Prof. Dr. Victor Hugo de Almeida Profª. Associada Maria Hemília Fonseca Prof. Dr. Jair Aparecido Cardoso Prof. Dr. Elmer Guillermo Arce Ortiz Organização dos Anais: Prof. Dr. Victor Hugo de Almeida Profa. Associada Maria Hemília Fonseca Prof. Dr. Jair Aparecido Cardoso Prof. Dr. Elmer Guillermo Arce Ortiz Comissão Organizadora: Adriano Roque Pires (FCHS/UNESP) Andréia Chiquini Bugalho (FDRP/USP) Camila Martinelli Sabongi (FCHS/UNESP) Carlos Roberto Valentim (FCHS/UNESP) Fabiano Carvalho (FCHS/UNESP) Fernanda Menezes Leite (FDRP/USP) Letícia Ferrão Zapolla (FDRP/USP) Lilian Carla de Almeida (EERP/USP) Murilo Martins (FCHS/UNESP) Natália Marques Abramides (FDRP/USP) Nelma K. W. Fukuoka (FCHS/UNESP) Paulo Henrique M. Boldrin (FDRP/USP) Renan Fernandes Duarte (FCHS/UNESP) Ricardo Estevão S. de Ávila (FDRP/USP) Índices para catálogo sistemático: 1. Direito do Trabalho 342.6 2. Saúde 341.64 3. Organização Internacional do Trabalho 341.11311 4. Direito Processual do Trabalho 342.68 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo: O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina (Franca, SP) Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo: O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina [recurso eletrônico] / Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo, 21-22 de setembro, 2017, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil ; Victor Hugo de Almeida, Maria Hemília Fonseca, Jair Aparecido Cardoso e Elmer Guillermo Arce Ortiz (Organizadores). – Franca: UNESP- FCHS, 2017. 1440 p. Inclui bibliografia ISSN: 2595-0754 1. Trabalho. 2. Crise. 3. Brasil e América Latina. I. Almeida, Victor Hugo. II. Fonseca, Maria Hemília. III. Cardoso, Jair Aparecido. IV. Ortiz, Elmer Guillermo Arce. V. Título. APRESENTAÇÃO Victor Hugo de Almeida Maria Hemília Fonseca Jair Aparecido Cardoso O ―Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo: O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina‖ teve como principais finalidades divulgar e discutir pesquisas voltadas à temática ―trabalho‖ em diversas áreas do conhecimento, com ênfase nas áreas do Direito do Trabalho, Processo do Trabalho, Seguridade Social e Direito Previdenciário, Administração, Economia, Enfermagem, História, Medicina, Psicologia, Sociologia, Serviço Social, entre outras, nos níveis de Graduação e Pós-Graduação. Visou, ainda, propiciar discussões sobre aspectos metodológicos relacionados a pesquisas envolvendo a temática que nomeia o evento e estimular a troca de experiências e conhecimentos científicos entre as diversas áreas que se ocupam do tema ―trabalho‖ como objeto de estudo. Realizado nos dias 21 e 22 de setembro de 2017, na Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP/USP), o Evento teve como instituições promotoras a UNESP – Universidade Estadual Paulista ―Júlio de Mesquita Filho‖ – Campus de Franca, a USP – Universidade de São Paulo – Faculdade de Direito de Ribeirão Preto e a PUCP – Pontifícia Universidade Católida do Peru. A abertura do Evento registrou a participação do Prof. Dr. Elmer Guillermo Arce Ortiz (PUCP) e do Prof. Associado Antonio Rodrigues de Freitas Junior (FADUSP), que abordaram o tema ―O trabalho em tempos de crise‖. No segundo dia do Evento, o Prof. Dr. Edilton Meireles (UFBa) abordou o tema ―Autonomia individual na Reforma Trabalhista‖; e o Prof. Associado Otavio Pinto e Silva (FADUSP), o tema ―Repensando a negociação coletiva de trabalho no Brasil após a Reforma Trabalhista‖. Ainda durante a tarde do segundo dia do Evento, o Seminário também compreendeu mesas temáticas, cujos trabalhos completos apresentados integram estes Anais, totalizando 67 produções de diversas localidades nacionais (estado da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo) e internacional (Lima – Peru), a saber: ―Autorizações judiciais para o trabalho: uma análise a partir da proteção integral da criança e do adolescente e da erradicação do trabalho infantil‖ (Adriano Roque Pires; Victor Hugo de Almeida); ―O limiar da era da desconstrução dos direitos do empregado rural‖ (Andréia Chiquini Bugalho; Jair Aparecido Cardoso); ―A necessidade de proteção jurídica efetiva de crianças e adolescentes no meio artístico‖ (Beatriz Costa Felippini; Jair Aparecido Cardoso); ―Liberdade de expressão versus proteção à imagem e à honra: o poder disciplinar do empregador frente a críticas obreiras em redes sociais‖ (Daniele Zilioti de Sousa; Victor Hugo de Almeida); ―O futuro das ‗horas in itinere‘ para o trabalhador rural‖ (Emerson Ferreira Domingues); ―A necessidade de atualização das normas atinentes à relação entre menores e clubes de futebol no Brasil‖ (Daniel Falcão; Felipe Paulino Ferreira; Leonardo Franco Belloti); ―Contrato de trabalho intermitente: solução para a crise ou precarização das relações trabalhistas?‖ (Luiza Macedo Pedroso; Victor Hugo de Almeida); ―Parceiros ou empregados? A convergência da Lei nº 13.352, de 27 de outubro de 2016, com o setor dos motoristas por aplicativo‖ (Murilo Martins; Victor Hugo de Almeida); ‗Trabalho rural e a reforma trabalhista no Brasil: os reflexos de um retrocesso social ou uma adequação à pós-modernidade neoliberal?‖ (Fabiana Zacarias; Letícia de Oliveira Catani Ferreira; Marcos Aurélio Manaf); ―Aspectos inconstitucionais do grupo econômico na Reforma Trabalhista‖ (Fernanda Zabian Pires; Maria Hemília Fonseca); ―Redução das horas de descanso na Reforma Trabalhista e suas implicações na saúde física e mental do trabalhador‖ (Jackeline StefaneKaroline Nogueira Coêlho; Jair Aparecido Cardoso); ―Capitalismo e uberização: novas dinâmicas das relações laborais e de produção‖ (Jefferson Alexandre Monteiro); ―Direito do Trabalho, reforma legislativa e atleta profissional: os efeitos da Reforma Trabalhista no cenário esportivo brasileiro‖ (José Eduardo Coutinho Filho; Victor Hugo de Almeida); ―Inconstitucionalidade da supressão do intervalo intrajornada: matéria de saúde e de ordem pública‖ (José Ricardo Sabino Vieira); ―A (in)constitucionalidade do termo de quitação anual de obrigações contratuais‖ (Marco Antonio Cherubin); ―(In) constitucionalidade dos dispositivos sobre dano extrapatrimonial e Reforma Trabalhista no Brasil‖ (Maria Hemília Fonseca; Letícia Ferrão Zapolla; Paulo Henrique Martinucci Boldrin); ―A concretização dos direitos fundamentais do trabalho dos refugiados ambientais à luz do princípio da proibição da proteção insuficiente‖ (Sandra Helena Favaretto); ―A necessidade de proteção jurídica das diaristas no Brasil‖ (Verônica do Nascimento Marques; Jair Aparecido Cardoso); ―Entraves à aplicação do fenômeno da flexissegurança no Brasil‖ (Carlos Roberto Valentim; Victor Hugo de Almeida); ―Pontos críticos da relação trabalho nos grupos empresariais‖ (Diego Campos Skamperle); ―A constituição dirigente, o paradoxo do sucesso e a Reforma Trabalhista‖ (Fábio Mascarenhas); ―A atual e irrestrita terceirização do trabalho: avanço ou retrocesso?‖ (Jaíne Gouveia Pereira França; Jair Aparecido Cardoso); ―Precarização do trabalho: trabalho escravo e a jurisdição internacional com enfâse na análise ao caso dos trabalhadores fazenda Brasil Verde‖ (Letiane Corrêa Bueno; Jair Aparecido Cardoso); ―O acúmulo de funções nos cargos de gerência: o tratamento do tema em convenções coletivas‖ (Lucas Dos Santos Martins; Matheus Duarte Silva Pinho; Kelly Nassar Dos Santos Costa); ―Os direitos humanos dos marítimos no contexto de permanência das bandeiras de conveniência‖ (Lucas Galassi Sarro; Maria Hemília Fonseca); ―Greve e scabbing interna no Peru: conflito entre um direito fundamental e o princípio da tipicidade‖ (Marisol Oliva Castro; Elmer Guillermo Arce Ortiz); ―Dispensas arbitrárias ou sem justa causa: o poder empregatício como direito-função e a função social da empresa‖ (Nelma Karla Waideman Fukuoka; Renan Fernandes Duarte; Victor Hugo de Almeida); ―Os efeitos da unicidade sindical quanto à representação dos trabalhadores no Brasil e a necessidade de uma Reforma Sindical‖ (Saulo Carvalho Ceballos; Jair Aparecido Cardoso); ―Trabalho indigno: crise de um direito ligado à vida‖ (Vinícius Henrique de Oliveira Borges; Fernando Melo Gama Peres; Kelly Cristina Canela); ―A necessidade de revisão das aposentadorias por invalidez, decorrentes de doenças graves com proventos integrais dos servidores públicos, para consecução da proteção do risco social efetivo e da dignidade humana‖ (Anália Lourensato Damasceno; Jair Aparecido Cardoso); ―Uma proposta de lei de mediação para as relações de trabalho no Brasil‖ (Fabrizio De Bortoli); ―Tecnologias assistivas e meio ambiente do trabalho inclusivo‖ (Fernanda Menezes Leite; Jair Aparecido Cardoso); ―A Reforma Trabalhista e o (des)acesso à justiça‖ (Gabrielle Ota Longo; Benedito Cerezzo Pereira Filho); ―Honorários sucumbenciais e periciais na Reforma Trabalhista‖ (Jorge Luís Nery de Oliveira; Victor Hugo de Almeida); ―O modelo de contribuição definida nocional sueco e italiano como contraparte à descensão do sistema previdenciário brasileiro‖ (Kelvin Peroli; Jair Aparecido Cardoso); ―Impactos dos cortes orçamentários na justiça do trabalho e seus reflexos no acesso à justiça‖ (Larissa Ricioli Godoy Faustino; Victor Hugo de Almeida); ―Arbitragem trabalhista: (in)compatibilidades entre o art. 507-a da Lei nº 13.467/2017 e o sistema jurídico brasileiro‖ (Ana Luiza Pastorelli e Pacífico; Lucas Laprano; Victor Hugo de Almeida); ―Direitos trabalhistas da mulher: alterações da Reforma Trabalhista à luz do princípio da vedação do retrocesso social‖ (Natalia Marques Abramides Brasil; Jair Aparecido Cardoso); ―Os inconstitucionais limites à atuação hermenêutica da justiça do trabalho estabelecida pela Lei 13.467‖ (Radson Rangel F. Duarte); ―A terceirização e a Administração Pública: os impactos da nova lei de terceirização sobre os entes públicos‖ (Raissa Felisberto Lopes; Sadrake Augusto Lopes); ―Primazia da autonomia privada coletiva frente à norma de ordem pública: enquadramento do grau de insalubridade e a garantia de proteção a saúde física e mental do trabalhador‖ (Vittoria Bataglini Aiello; Jair Aparecido Cardoso); ―Fadiga física e mental de trabalhadores que atuam no setor de urgência e emergência hospitalar‖ (Aline Oliveira Russi Pereira; Sérgio Valverde Marques dos Santos; Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi); ―Assédio moral e sexual: tratamento prospectivo dos conflitos no judiciário trabalhista‖ (Amanda Barbosa); ―Assédio sexual contra a mulher nas relações de trabalho: reflexos no meio ambiente de trabalho e na saúde da trabalhadora‖ (Ana Clara Tristão; Victor Hugo de Almeida); ―Levantamento bibliográfico sobre a saúde dos trabalhadores de curtume‖ (Bárbara Oliveira Rosa; Vera Lúcia Navarro); ―A regulamentação da pretensão indenizatória por danos extrapatrimoniais nas relações trabalhistas pela Lei nº 13.467/2017‖ (Camila Martinelli Sabongi; Victor Hugo de Almeida); ―Impactos da Reforma Trabalhista na saúde de gestantes e lactantes‖ (Denilson Pires do Couto Júnior; Jair Aparecido Cardoso); ―A influência dos aspectos organizacionais no equilíbrio do meio ambiente do trabalho e na qualidade de vida dos trabalhadores‖ (Giovanna Gomes de Paula); ―Nanotecnologia e (des)regulamentação: proliferação de riscos ocultos no meio ambiente do trabalho‖ (Gabriela Marcassa Thomaz de Aquino; Olívia de Quintana Figueiredo Pasqualeto); ―O avanço (ou retrocesso) das condições de trabalho diante dos marcos históricos da sociedade sob a perspectiva labor- ambiental‖ (Bruno Felipe da Silva; Fabiano Carvalho); ―O princípio da valorização do trabalho humano na ordem econômica e o neoliberalismo‖ (Jamile Coelho Moreno); ―Aspectos legais dos adicionais remuneratórios analisados pelo Direito do Trabalho‖ (Leandro Francisco de Oliveira); ―A monetização da saúde do trabalhador e sua repercussão na sociedade‖ (Kleber Henrique Saconato Afonso; Leila Renata Ramires Masteguin); ―Do dano moral existencial em face da inobervância do direito à desconexão‖ (Letícia Vieira Mattos); ―O princípio da dignidade da pessoa humana relacionado ao meio ambiente do trabalho e à saúde do trabalhador‖ (Marcelo Roberto Campos; Carlos Eduardo Pama Lopes; Raquel das Neves Rafael); ―Desafios da promoção do trabalho decente como elemento chave do desenvolvimento sustentável‖ (Maria Hemília Fonseca; Mariana Inácio Faciroli); ―Alguns aspectos negativos do contrato de trabalho intermitente e da pejotização para a saúde do trabalhador e para a perda de direitos previdenciários‖ (Nara Faustino de Menezes); ―A saúde mental nas relações trabalhistas como resultado da (in)execução da dignidade humana considerando a flexibilização da CLT‖ (Marina Bonissato Frattari; Otávio Rezende); ―A escravidão contemporânea no setor têxtil‖ (Pamela Pereira Santos; Victor Hugo de Almeida); ―A relação entre a gestão e Síndrome de Burnout em docentes‖ (Paula Ariane Freire); ―A escravidão contemporânea e a necessidade de efetivação dos direitos humanos: caso ―trabalhadores da fazenda Brasil Verde vs. Brasil‖ (Talita Beatriz Pancher; Jair Aparecido Cardoso); ―Características dos casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho no Brasil: dados do sistema de informação de agravos de notificação em 2016‖ (Ana Letícia Valladão Giansante); ―O trabalho com a reestruturação produtiva em um estado dependente: os impactos na saúdedo trabalhador‖ (Fernanda Cristina Barros Marcondes); ―Estudo reflexivo: as influências da síndrome pré- menstrual na vida laboral das mulheres‖ (Vanessa Augusto Bardaquim; Márcia Andrade Queiroz Ozanam; Maria Lúcia C. C. Robazzi); ―Fatores de satisfação e insatisfação no trabalho dos profissionais de enfermagem‖ (Márcia Andrade Queiroz Ozanam; Sérgio Valverde Marques dos Santos; Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi); ―Reforma Trabalhista dificulta combate ao trabalho escravo‖ (Paulo César Corrêa Borges; Amanda Rolim Arruda); ―Reestruturação no setor elétrico: um estudo de caso sobre as condições de trabalho e saúde dos eletricitários em uma empresa terceirizada na cidade de Ribeirão Preto‖ (Rhavier Henrique Mazieri Pereira). As atividades nas Mesas Temáticas foram coordenadas pelos seguintes docentes e pós-graduandos: MESA 1 - Coordenador: Ms. Ricardo Estevão Soares de Ávila (FDRP/USP); Debatedores: Adriano Roque Pires (FCHS/UNESP); Murilo Martins (FCHS/UNESP); MESA 2 - Coordenador: Prof. Dr. Juvêncio Borges Silva (UNAERP); Debatedores: Fernanda Zabian Pires (FDRP/USP); Letícia Ferrão Zapolla (FDRP/USP); MESA 3 - Coordenadores: Profa. Associada Maria Hemília Fonseca (FDRP/USP); Prof. Dr. Elmer G. Arce Ortiz (PUC-Perú); Debatedores: Nelma Karla Waideman Fukuoka (FCHS/UNESP); Carlos Roberto Valentim (FCHS/UNESP); MESA 4 - Coordenador: Prof. Dr. Jair Aparecido Cardoso (FDRP/USP); Debatedores: Fernanda Menezes Leite (FDRP/USP); Natália Marques Abramides (FDRP/USP); MESA 5 - Coordenadores: Prof. Associado Otavio Pinto e Silva (FADUSP); Prof. Dr. Victor Hugo de Almeida (FCHS/UNESP); Debatedores: Camila Martinelli Sabongi (FCHS/UNESP); Fabiano Carvalho (FCHS/UNESP); Lilian Carla de Almeida (EERP/USP); MESA 6 - Coordenadora: Profa. Ms. Jamile Coelho Moreno (CUML); Debatedores: Nelma Karla Waideman Fukuoka (FCHS/UNESP); Paulo Henrique Martinucci Boldrin (FDRP/USP); e MESA 7 - Coordenadora: Profa. Associada Vera Lúcia Navarro (FFCLRP/USP); Debatedor: Prof. Ms. Marcos Acácio Neli (FCLAR/UNESP). Por fim, consignamos nossos agradecimentos a todos os membros que compuseram os Comitês de Organização e Científico; aos apoiadores do Evento; à Direção, ao Departamento de Direito Privado, de Processo Civil e do Trabalho e aos servidores (especialmente Ícaro Henrique Ramos, Murilo Celli, Carlos Alberto Bernardes e Sandra Aparecida Cintra Ferreira) da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual ―Júlio de Mesquita Filho‖ (FCHS/UNESP); à Direção, ao Departamento de Direito Privado e de Processo Civil e aos servidores da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP/USP). Desejamos a todos uma boa e frutífera leitura! SUMÁRIO MESA TEMÁTICA I ......................................................... 26 AUTORIZAÇÕES JUDICIAIS PARA O TRABALHO: UMA ANÁLISE A PARTIR DA PROTEÇÃO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E DA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL ................................................................. 27 Adriano Roque Pires Victor Hugo de Almeida O LIMIAR DA ERA DA DESCONSTRUÇÃO DOS DIREITOS DO EMPREGADO RURAL ................................................................... 46 Andréia Chiquini Bugalho Jair Aparecido Cardoso A NECESSIDADE DE PROTEÇÃO JURÍDICA EFETIVA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO MEIO ARTÍSTICO ........ 70 Beatriz Costa Felippini Jair Aparecido Cardoso LIBERDADE DE EXPRESSÃO VERSUS PROTEÇÃO À IMAGEM E À HONRA: O PODER DISCIPLINAR DO EMPREGADOR FRENTE A CRÍTICAS OBREIRAS EM REDES SOCIAIS .............................................................................. 86 Daniele Zilioti de Sousa Victor Hugo de Almeida O FUTURO DAS “HORAS IN ITINERE” PARA O TRABALHADOR RURAL ............................................................ 110 Emerson Ferreira Domingues A NECESSIDADE DE ATUALIZAÇÃO DAS NORMAS ATINENTES À RELAÇÃO ENTRE MENORES E CLUBES DE FUTEBOL NO BRASIL ................................................................ 129 Daniel Falcão Felipe Paulino Ferreira Leonardo Franco Belloti CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE: SOLUÇÃO PARA A CRISE OU PRECARIZAÇÃO DAS RELAÇÕES TRABALHISTAS? ......................................................................... 147 Luiza Macedo Pedroso Victor Hugo de Almeida PARCEIROS OU EMPREGADOS? A CONVERGÊNCIA DA LEI Nº 13.352, DE 27 DE OUTUBRO DE 2016, COM O SETOR DOS MOTORISTAS POR APLICATIVO ........................................... 166 Murilo Martins Victor Hugo de Almeida MESA TEMÁTICA II ..................................................... 187 TRABALHO RURAL E A REFORMA TRABALHISTA NO BRASIL: OS REFLEXOS DE UM RETROCESSO SOCIAL OU UMA ADEQUAÇÃO À PÓS-MODERNIDADE NEOLIBERAL? .......................................................................................................... 188 Fabiana Zacarias Letícia de Oliveira Catani Ferreira Marcos Aurélio Manaf ASPECTOS INCONSTITUCIONAIS DO GRUPO ECONÔMICO NA REFORMA TRABALHISTA ................................................. 211 Fernanda Zabian Pires Maria Hemília Fonseca REDUÇÃO DAS HORAS DE DESCANSO NA REFORMA TRABALHISTA E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE FÍSICA E MENTAL DO TRABALHADOR .............................................. 232 Jackeline Stefane Karoline Nogueira Coêlho Jair Aparecido Cardoso CAPITALISMO E UBERIZAÇÃO: NOVAS DINÂMICAS DAS RELAÇÕES LABORAIS E DE PRODUÇÃO ............................ 271 Jefferson Alexandre Monteiro DIREITO DO TRABALHO, REFORMA LEGISLATIVA E ATLETA PROFISSIONAL: OS EFEITOS DA REFORMA TRABALHISTA NO CENÁRIO ESPORTIVO BRASILEIRO 289 José Eduardo Coutinho Filho Victor Hugo de Almeida INCONSTITUCIONALIDADE DA SUPRESSÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA: MATÉRIA DE SAÚDE E DE ORDEM PÚBLICA ........................................................................ 304 José Ricardo Sabino Vieira A (IN)CONSTITUCIONALIDADE DO TERMO DE QUITAÇÃO ANUAL DE OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS ........................... 324 Marco Antonio Cherubin (IN) CONSTITUCIONALIDADE DOS DISPOSITIVOS SOBRE DANO EXTRAPATRIMONIAL E REFORMA TRABALHISTA NO BRASIL .................................................................................... 340 Maria Hemília Fonseca Letícia Ferrão Zapolla Paulo Henrique Martinucci Boldrin A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO TRABALHO DOS REFUGIADOS AMBIENTAIS À LUZ DO PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO INSUFICIENTE .......................................................................................................... 360 Sandra Helena Favaretto A NECESSIDADE DE PROTEÇÃO JURÍDICA DAS DIARISTAS NO BRASIL .................................................................................... 383 Verônica Do Nascimento Marques Jair Aparecido Cardoso MESA TEMÁTICA III .................................................... 405 ENTRAVES À APLICAÇÃO DO FENÔMENO DA FLEXISSEGURANÇA NO BRASIL ............................................ 406 Carlos Roberto Valentim Victor Hugo de Almeida PONTOS CRÍTICOS DA RELAÇÃO TRABALHO NOS GRUPOS EMPRESARIAIS ............................................................................ 422 Diego Campos Skamperle A CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE, O PARADOXO DO SUCESSO E A REFORMA TRABALHISTA ................................................ 437 Fábio Mascarenhas A ATUAL E IRRESTRITA TERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO: AVANÇO OU RETROCESSO? ................................................... 452 Jaíne Gouveia Pereira França Jair Aparecido Cardoso PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: TRABALHO ESCRAVO E A JURISDIÇÃO INTERNACIONAL COM ENFÂSE NA ANÁLISE AO CASO DOS TRABALHADORES FAZENDA BRASIL VERDE ............................................................................ 469 Letiane Corrêa Bueno Jair Aparecido Cardoso O ACÚMULO DE FUNÇÕES NOS CARGOS DE GERÊNCIA: O TRATAMENTO DO TEMA EM CONVENÇÕES COLETIVAS.......................................................................................................... 488 Lucas Dos Santos Martins Matheus Duarte Silva Pinho Kelly Nassar Dos Santos Costa OS DIREITOS HUMANOS DOS MARÍTIMOS NO CONTEXTO DE PERMANÊNCIA DAS BANDEIRAS DE CONVENIÊNCIA .......................................................................................................... 510 Lucas Galassi Sarro Maria Hemília Fonseca GREVE E SCABBING INTERNA NO PERU: CONFLITO ENTRE UM DIREITO FUNDAMENTAL E O PRINCÍPIO DA TIPICIDADE .................................................................................. 529 Marisol Oliva Castro Elmer Guillermo Arce Ortiz DISPENSAS ARBITRÁRIAS OU SEM JUSTA CAUSA: O PODER EMPREGATÍCIO COMO DIREITO-FUNÇÃO E A FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA ................................................................ 551 Nelma Karla Waideman Fukuoka Renan Fernandes Duarte Victor Hugo de Almeida OS EFEITOS DA UNICIDADE SINDICAL QUANTO À REPRESENTAÇÃO DOS TRABALHADORES NO BRASIL E A NECESSIDADE DE UMA REFORMA SINDICAL ................... 573 Saulo Carvalho Ceballos Jair Aparecido Cardoso TRABALHO INDIGNO: CRISE DE UM DIREITO LIGADO À VIDA ................................................................................................ 595 Vinícius Henrique de Oliveira Borges Fernando Melo Gama Peres Kelly Cristina Canela MESA TEMÁTICA IV .................................................... 613 A NECESSIDADE DE REVISÃO DAS APOSENTADORIAS POR INVALIDEZ, DECORRENTES DE DOENÇAS GRAVES COM PROVENTOS INTEGRAIS DOS SERVIDORES PÚBLICOS, PARA CONSECUÇÃO DA PROTEÇÃO DO RISCO SOCIAL EFETIVO E DA DIGNIDADE HUMANA .................................. 614 Anália Lourensato Damasceno Jair Aparecido Cardoso UMA PROPOSTA DE LEI DE MEDIAÇÃO PARA AS RELAÇÕES DE TRABALHO NO BRASIL ............................... 643 Fabrizio De Bortoli TECNOLOGIAS ASSISTIVAS E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO INCLUSIVO ............................................................ 667 Fernanda Menezes Leite Jair Aparecido Cardoso A REFORMA TRABALHISTA E O (DES)ACESSO À JUSTIÇA .......................................................................................................... 687 Gabrielle Ota Longo Benedito Cerezzo Pereira Filho HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS E PERICIAIS NA REFORMA TRABALHISTA ............................................................................. 712 Jorge Luís Nery de Oliveira Victor Hugo de Almeida O MODELO DE CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA NOCIONAL SUECO E ITALIANO COMO CONTRAPARTE À DESCENSÃO DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO ................................................................................. 736 Kelvin Peroli Jair Aparecido Cardoso IMPACTOS DOS CORTES ORÇAMENTÁRIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO E SEUS REFLEXOS NO ACESSO À JUSTIÇA .......................................................................................................... 768 Larissa Ricioli Godoy Faustino Victor Hugo de Almeida ARBITRAGEM TRABALHISTA: (IN)COMPATIBILIDADES ENTRE O ART. 507-A DA LEI Nº 13.467/2017 E O SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO ............................................................ 785 Ana Luiza Pastorelli e Pacífico Lucas Laprano Victor Hugo de Almeida DIREITOS TRABALHISTAS DA MULHER: ALTERAÇÕES DA REFORMA TRABALHISTA À LUZ DO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL .................................. 805 Natalia Marques Abramides Brasil Jair Aparecido Cardoso OS INCONSTITUCIONAIS LIMITES À ATUAÇÃO HERMENÊUTICA DA JUSTIÇA DO TRABALHO ESTABELECIDA PELA LEI 13.467 ........................................... 822 Radson Rangel F. Duarte A TERCEIRIZAÇÃO E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: OS IMPACTOS DA NOVA LEI DE TERCEIRIZAÇÃO SOBRE OS ENTES PUBLICOS ........................................................................ 846 Raissa Felisberto Lopes Sadrake Augusto Lopes PRIMAZIA DA AUTONOMIA PRIVADA COLETIVA FRENTE À NORMA DE ORDEM PÚBLICA: ENQUADRAMENTO DO GRAU DE INSALUBRIDADE E A GARANTIA DE PROTEÇÃO A SAÚDE FÍSICA E MENTAL DO TRABALHADOR ........................................................................... 869 Vittoria Bataglini Aiello Jair Aparecido Cardoso MESA TEMÁTICA V ...................................................... 889 FADIGA FÍSICA E MENTAL DE TRABALHADORES QUE ATUAM NO SETOR DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA HOSPITALAR ................................................................................ 890 Aline Oliveira Russi Pereira Sérgio Valverde Marques dos Santos Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi ASSÉDIO MORAL E SEXUAL: TRATAMENTO PROSPECTIVO DOS CONFLITOS NO JUDICIÁRIO TRABALHISTA ........... 909 Amanda Barbosa ASSÉDIO SEXUAL CONTRA A MULHER NAS RELAÇÕES DE TRABALHO: REFLEXOS NO MEIO AMBIENTE DE TRABALHO E NA SAÚDE DA TRABALHADORA ................ 940 Ana Clara Tristão Victor Hugo de Almeida LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE A SAÚDE DOS TRABALHADORES DE CURTUME .......................................... 963 Bárbara Oliveira Rosa Vera Lúcia Navarro A REGULAMENTAÇÃO DA PRETENSÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS EXTRAPATRIMONIAIS NAS RELAÇÕES TRABALHISTAS PELA LEI Nº 13.467/2017 ............................. 982 Camila Martinelli Sabongi Victor Hugo de Almeida IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA NA SAÚDE DE GESTANTES E LACTANTES ................................................... 1005 Denilson Pires do Couto Júnior Jair Aparecido Cardoso A INFLUÊNCIA DOS ASPECTOS ORGANIZACIONAIS NO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E NA QUALIDADE DE VIDA DOS TRABALHADORES ............... 1025 Giovanna Gomes de Paula NANOTECNOLOGIA E (DES)REGULAMENTAÇÃO: PROLIFERAÇÃO DE RISCOS OCULTOS NO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO .................................................... 1051 Gabriela Marcassa Thomaz de Aquino Olívia de Quintana Figueiredo Pasqualeto O AVANÇO (OU RETROCESSO) DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO DIANTE DOS MARCOS HISTÓRICOS DA SOCIEDADE SOB A PERSPECTIVA LABOR-AMBIENTAL ........................................................................................................ 1067 Bruno Felipe da Silva Fabiano Carvalho MESA TEMÁTICA VI .................................................. 1088 O PRINCÍPIO DA VALORIZAÇÃO DO TRABALHO HUMANO NA ORDEM ECONÔMICA E O NEOLIBERALISMO ......... 1089 Jamile Coelho Moreno ASPECTOS LEGAIS DOS ADICIONAIS REMUNERATÓRIOS ANALISADOS PELO DIREITO DO TRABALHO ................. 1106 Leandro Francisco de Oliveira A MONETIZAÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR E SUA REPERCUSSÃO NA SOCIEDADE ........................................... 1129 Kleber Henrique Saconato Afonso Leila Renata Ramires Masteguin DO DANO MORAL EXISTENCIAL EM FACE DA INOBERVÂNCIA DO DIREITO À DESCONEXÃO .............. 1153 Letícia Vieira Mattos ................................................................................ 1153 O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA RELACIONADO AO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E À SAÚDE DO TRABALHADOR ................................................... 1172 Marcelo Roberto Campos Carlos Eduardo Pama Lopes Raquel das Neves Rafael DESAFIOS DA PROMOÇÃO DO TRABALHO DECENTE COMO ELEMENTO CHAVE DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ........................................................................... 1190 Maria Hemília Fonseca Mariana Inácio Faciroli ALGUNS ASPECTOS NEGATIVOS DO CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE E DA PEJOTIZAÇÃO PARA A SAÚDE DO TRABALHADOR E PARA A PERDA DE DIREITOS PREVIDENCIÁRIOS .............................................. 1208 Nara Faustino de Menezes A SAÚDE MENTAL NAS RELAÇÕES TRABALHISTAS COMO RESULTADO DA (IN)EXECUÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA CONSIDERANDO A FLEXIBILIZAÇÃO DA CLT ........................................................................................................ 1231 Marina Bonissato Frattari Otávio Rezende A ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA NOSETOR TÊXTIL . 1251 Pamela Pereira Santos Victor Hugo de Almeida A RELAÇÃO ENTRE A GESTÃO E SÍNDROME DE BURNOUT EM DOCENTES ........................................................................... 1273 Paula Ariane Freire A ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA E A NECESSIDADE DE EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS: CASO “TRABALHADORES DA FAZENDA BRASIL VERDE VS. BRASIL” ....................................................................................... 1286 Talita Beatriz Pancher Jair Aparecido Cardoso MESA TEMÁTICA VII ................................................ 1312 CARACTERÍSTICAS DOS CASOS DE TRANSTORNOS MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO NO BRASIL: DADOS DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO EM 2016 ........................................................... 1313 Ana Letícia Valladão Giansante O TRABALHO COM A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA EM UM ESTADO DEPENDENTE: OS IMPACTOS NA SAÚDE DO TRABALHADOR ......................................................................... 1333 Fernanda Cristina Barros Marcondes ESTUDO REFLEXIVO: AS INFLUÊNCIAS DA SÍNDROME PRÉ- MENSTRUAL NA VIDA LABORAL DAS MULHERES ........................................................................................................ 1358 Vanessa Augusto Bardaquim Márcia Andrade Queiroz Ozanam Maria Lúcia C. C. Robazzi FATORES DE SATISFAÇÃO E INSATISFAÇÃO NO TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ... 1374 Márcia Andrade Queiroz Ozanam Sérgio Valverde Marques dos Santos Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi REFORMA TRABALHISTA DIFICULTA COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO ............................................................. 1403 Paulo César Corrêa Borges Amanda Rolim Arruda REESTRUTURAÇÃO NO SETOR ELÉTRICO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE DOS ELETRICITÁRIOS EM UMA EMPRESA TERCEIRIZADA NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO ....... 1420 Rhavier Henrique Mazieri Pereira 26 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo MESA TEMÁTICA I “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 27 AUTORIZAÇÕES JUDICIAIS PARA O TRABALHO: UMA ANÁLISE A PARTIR DA PROTEÇÃO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E DA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL JUDICIAL AUTHORIZATIONS FOR THE WORK: AN ANALYSIS FROM THE INTEGRAL PROTECTION OF CHILD AND ADOLESCENT AND THE ERADICATION OF CHILD LABOUR Adriano Roque Pires 1 Victor Hugo de Almeida 2 RESUMO Há prejuízos para o desenvolvimento físico, psíquico, cultural e educacional das crianças que trabalham, as quais perdem 1 Mestrando e Graduado em Direito pela UNESP – Universidade Estadual Paulista ―Júlio de Mesquita Filho‖ - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – FCHS/UNESP. Pós-Graduado em Docência do Ensino Superior (FESL). Pós-Graduado em Direito Constitucional Aplicado (FDDJ). Membro Pesquisador do Grupo de Pesquisa (CNPQ) ―Núcleo de Estudos e Pesquisas em Direito, Estado e Modernidade‖ da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG – Campus de Frutal). E-mail: adriannopires@hotmail.com. 2 Doutor pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – Largo São Francisco (FADUSP). Mestre pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP). Docente de Direito do Trabalho (Graduação e Pós-Graduação) da UNESP - Universidade Estadual Paulista ―Júlio de Mesquita Filho‖ – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Campus de Franca (FCHS/UNESP). Membro Pesquisador do Grupo de Pesquisa (CNPQ) "A transformação do Direito do Trabalho na sociedade pós-moderna e seus reflexos no mundo do trabalho" da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP/USP). E-mail: victorhugo@franca.unesp.br. 28 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo oportunidades de viver em plenitude a infância, comprometendo uma vida adulta saudável e capaz de assegurar a competitividade do mercado de trabalho. Por isso, o Brasil assumiu compromisso, junto à Organização Internacional do Trabalho, de erradicar as piores formas de trabalho infantil até o ano de 2016, objetivo não alcançado e postergado para o ano de 2020; e de erradicar todas as espécies deste trabalho até o ano de 2020, prazo também prorrogado para o ano de 2025. Todavia, nota-se uma contradição entre esses compromissos firmados pelo Estado brasileiro e certas práticas dentro de seu território, pois o trabalho de crianças e adolescentes, além de se dar através de ―contratos de trabalho‖ avessos à Constituição de 1988 e à legislação pátria, tem sido possível por meio de autorizações judiciais, cuja competência reconhece-se ao juiz da infância e da juventude. Assim, o objetivo deste estudo é analisar tais autorizações para o trabalho, investigando os fundamentos jurídicos e sociais que as sustentam, bem como a competência material para concedê-las. Para tanto, como método de procedimento, adota-se o levantamento de dados por meio da técnica de pesquisa bibliográfica em materiais publicados e, como método de abordagem, o método dedutivo. A título de conclusão parcial, verifica-se que: (a) as autorizações para o trabalho precoce desrespeitam a Constituição Federal, que veda o trabalho antes dos dezesseis anos (salvo como aprendiz a partir dos quatorze); (b) deslocar a competência material para apreciar essas autorizações, da Justiça Comum para a Justiça do Trabalho, mostra-se necessário, pois o Judiciário Trabalhista reconhece o trabalho infantil como grave forma de violação de direitos humanos, por ferir direitos básicos da criança, norteados pelo Princípio da Proteção Integral, tendo como objetivo institucional a sua erradicação. Palavras-chave: Autorização judicial. Competência material. Proteção Integral. Trabalho infantil. “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 29 ABSTRACT There are losses to the physical, psychological, cultural and educational development of working children, who lose opportunities to live their childhood, thereby compromising a healthy adult life and capable of ensuring competitiveness of the labor market. That is why Brazil undertook the commitment, with the International Labor Organization, to eradicate the worst forms of child labor by the year 2016, an objective not reached and postponed to the year 2020; and to eradicate all species of this work by the year 2020, also extended for the year 2025. However, there is a contradiction between these commitments signed by the Brazilian State and certain practices within its territory, because the work of children and adolescents, in addition to occurring through "contracts of work" averse to the Constitution of 1988 and to the national legislation, has been possible through judicial authorizations, whose competence is recognized to the Judge of Childhood and Youth. Thus, the objective of this study is to analyze these authorizations for work, investigating the legal and social grounds that support them, as well as the material competence to grant them. To do so, as a method of procedure, the paper adopt the data collection through the technique of literature research and, as a method of approach, the deductive method is used. As a partial conclusion, it appears that: (a) authorizations for early work violate the Federal Constitution, which prohibits work before the age of sixteen (except as an apprentice from the age of fourteen); (b) to shift the material competence to assess those authorizations, from Common Justice for Labor Justice, is necessary, since the Labor Judiciary recognizes child labor as a serious form of violation of human rights, because it violates the basic rights of thechild, guided by the Principle of Integral Protection, having as an institutional objective its eradication. Keywords: Child labor. Integral protection. Judicial 30 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo authorization. Material competence. INTRODUÇÃO A Constituição Federal, juntamente com a legislação interna e as normativas internacionais ratificadas pelo Brasil, coíbe o trabalho de pessoa menor de dezesseis anos de idade. Nesse sentido, o Brasil assumiu o compromisso, junto à Organização Internacional do Trabalho, de acabar com as piores formas de trabalho infantil e de erradicar todas as espécies deste trabalho e, embora se tenha fixado prazos para o cumprimento de tais acordos, o país ainda enfrenta dificuldades na concretização desses objetivos, tanto que já postergou os tais prazos, a fim de que se consiga efetivar as obrigações contraídas. Todavia, verifica-se uma contradição entre esses compromissos firmados pelo Estado brasileiro e certas práticas dentro de seu território, pois o trabalho de crianças e adolescentes tem sido possível por meio de autorizações judiciais, cuja competência reconhece-se ao juiz da Infância e Juventude. Nesse sentido, o objetivo central deste estudo é analisar tais autorizações para o trabalho, investigando os fundamentos jurídicos e sociais que as sustentam, bem como a competência material para concedê-las. Como método de procedimento, adota-se o levantamento de dados por meio da técnica de pesquisa bibliográfica em materiais publicados (como, por exemplo, livros, legislação, artigos científicos, matérias publicadas em sítios eletrônicos, entre outros); e, como método de abordagem, adota-se o dedutivo (LAMY, 2011). Assim, a estrutura do presente trabalho compreende dois momentos distintos. No primeiro, faz-se uma análise dos prejuízos para o desenvolvimento físico, psíquico e educacional de crianças e adolescentes que trabalham, perdendo “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 31 oportunidades de viver em plenitude a infância, comprometendo uma vida adulta saudável e capaz de assegurar a competitividade do mercado de trabalho. No segundo momento, reflete-se acerca das autorizações judiciais para o trabalho antes da idade permitida pela legislação, no intuito de examinar seus fundamentos, que vão de encontro com a proteção integral e as ações para erradicação do trabalho infantil, bem como a importância de se deslocar a competência material para apreciar tais autorizações da Justiça Comum para a Justiça do Trabalho, cujos Juizados Especiais da Infância e Adolescência têm desenvolvido ações no combate ao trabalho precoce. 1 AS CONSEQUÊNCIAS DO TRABALHO INFANTIL E A PROTEÇÃO JURÍDICA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE As fases do desenvolvimento humano devem ocorrer de maneira ordenada e, por esta razão, precisam ser respeitadas sem que quaisquer etapas deste processo sejam suprimidas. Aspectos biológicos, sociais e psicológicos presentes em cada fase dizem respeito ao processo do desenvolvimento humano, que objetiva uma maturação do indivíduo (SILVA; SILVA; SOUZA, 2014). No contexto do trabalho, trata-se a criança e o adolescente como se fossem adultos, sujeitando-os a altas cargas físicas; jornadas excessivas de trabalho; baixos salários; informalidade; falta de conhecimento dos riscos aos quais estão expostos; danos psíquicos, advindos do dever de cumprimento das tarefas, culminando em insatisfação profissional e pessoal; cujos fatores reduzem suas chances de um futuro de bem-estar pessoal e profissional. Por tais razões, o ambiente de trabalho mostra-se inadequado para a infância e a adolescência, por serem fases da vida humana de amadurecimento psicofísico, de descobertas e 32 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo entendimentos, e o caráter antidemocrático do local de trabalho, que é um meio caracterizado pela hierarquia e subordinação, traz inúmeras consequências ao desenvolvimento sadio. Estudo orientado pela Organização Internacional do Trabalho identificou, pelo menos, nove motivos que reforçam as razões pelas quais a criança e o adolescente não devem trabalhar: 1) ausência de ossos e músculos desenvolvidos, podendo sofrer deformações irreversíveis; 2) ventilação pulmonar reduzida, ficando mais suscetível a intoxicações; 3) fígado, baço, estômago e rins ainda em desenvolvimento, razão pela qual as intoxicações são mais comuns; 4) frequência cardíaca maior, chegando mais rapidamente à exaustão; 5) sistema nervoso em desenvolvimento e, sob pressão intensa, pode culminar na perda da capacidade de concentração e memória, o que compromete o rendimento escolar, ficando mais vulnerável aos problemas psicológicos decorrentes da pressão no trabalho; 6) maior produção de calor corporal em comparação ao adulto, estando, por isso, mais suscetível à desidratação; 7) pele mais fina, mais frágil à queimadura, cortes e intoxicações; 8) visão periférica ainda em desenvolvimento, estando mais sujeito a acidentes; 9) sistema auditivo ainda em formação, tendo propensão a perder mais facilmente a audição (BERTELLI, 2012). Nesse sentido, Kassouf (2007, p. 344) esclarece que o trabalho realizado na infância tem por consequência ―piorar o estado de saúde da pessoa, tanto na fase inicial da vida, quanto na fase adulta‖, mesmo controlando a renda, a escolaridade e outros fatores. A autora ainda destaca que locais de trabalho, móveis, equipamentos, ferramentas e métodos não são projetados para serem utilizados por crianças, mas, sim, por adultos. Desse modo, podem ocorrer problemas ergonômicos, fadiga e maior risco de acidentes, isso porque as crianças não estão cientes do perigo envolvido em certas atividades e, em caso de acidentes, geralmente não sabem como reagir. Devido às diferenças “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 33 físicas, biológicas e anatômicas de crianças e adolescentes, quando em comparação com os adultos, constata-se que eles são menos tolerantes ao calor, a barulhos, a produtos químicos, a radiação, ou seja, menos tolerantes a ocupações perigosas, que podem acarretar problemas de saúde e danos irreversíveis (KASSOUF, 2007). Outro aspecto negativo do trabalho precoce consiste na baixa escolaridade e no pior desempenho escolar de crianças e adolescentes. Nesse sentido, Kassouf (2007, p. 343) analisa alguns estudos, trazendo as seguintes conclusões: Como em muitos países há um número expressivo de crianças e adolescentes que trabalham e estudam, torna-se primordial que se analise não só se o trabalho é responsável pela baixa frequência das crianças na escola, mas também se o trabalho infantil reduz o desempenho escolar. Bezerra, Kassouf e Kuenning (2007) utilizaram os dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2003, que possui informações de testes padrões de língua portuguesa e de matemática aplicados aos alunos da 4ª e 8ª série do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio, em escolas públicas e privadas do Brasil e concluiu que o trabalho infantil, principalmente fora do domicílio e durante longas horas, reduz o desempenho escolar em até 20%. Heady (2003), em estudo realizado em Gana, revelou que o trabalho praticado por crianças tinha um efeito negativo sobre a aprendizagem em áreas chaves, como leitura e matemática. Gunnarsson, Orazem e Sánchez (2004) realizaram uma pesquisa em onze países da América Latina e concluíram que os estudantes que trabalhavam obtinham 7,5% menos pontos nos testes de matemática e 7% menos nos testes de idioma do que os alunos que somente estudavam. 34 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo Portanto, verifica-se que, com o trabalhoinfantil, o momento de preparação para a vida adulta é preterido, tendo como consequência a evasão escolar, o despreparo e a desqualificação dos jovens para a vida profissional futura, acarretando a frustração de nunca conseguirem conquistar empregos com melhores condições e salários, tendo de passar por toda a vida adulta percebendo rendimentos de valores baixos e pouco suficientes para que consigam estruturar uma família. Assim, o ciclo vicioso da pobreza se perpetua, fazendo com que a mão de obra infantil se torne uma constante e o trabalho já não traga mais dignidade ao ser humano por não conseguir emancipá-lo. Com base nessas premissas, o artigo 7º, inciso XXXIII, da Constituição Federal de 1988, proibiu o trabalho noturno, perigoso ou insalubre para pessoa menor de dezoito anos e qualquer forma de trabalho para pessoa com idade inferior a dezesseis anos, com exceção à condição de aprendiz a partir dos quatorze, primando pela proteção integral da criança e do adolescente, assentada em seu artigo 227, e garantindo absoluta prioridade na concretização de seus direitos, para se evitar toda forma de exploração ou opressão que possam vir a sofrer. Nesse mesmo sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente introduziu a proteção integral em seu artigo 3º, afirmando que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, assegurando- lhes todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. No plano internacional, com o intuito de combater o trabalho infanto-juvenil, a Organização Internacional do Trabalho elaborou as Convenções nº 138 e 182. A primeira visa à fixação de uma idade mínima para o trabalho, enquanto a segunda, à proibição das piores formas de trabalho infantil, estabelecendo, em seu artigo 1º, que todo país que venha a ratificá-la deverá adotar medidas imediatas e eficazes para “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 35 assegurar a proibição e eliminação das piores formas de trabalho infantil, em caráter de urgência3. Ambas foram ratificadas pelo Brasil e promulgadas pelos Decretos nº 4.134/2002 e nº 3.597/2000, respectivamente. Contudo, apesar do esforço dessas normativas nacionais e internacionais para a erradicação do trabalho infantil, os últimos dados, que datam do ano de 2015, apontam que 2,672 milhões de crianças de 5 a 17 anos trabalham em todo o território nacional. Entre a idade de 14 e 17 anos, registrou-se um número de 2,260 milhões de trabalhadores e entre 10 e 13 anos, um número de 333 mil. No recorte de 5 a 9 anos, o trabalho infantil aumentou pelo segundo ano consecutivo: em 2015, foram registrados 79 mil casos (12,3% a mais que em 2014, quando havia 70 mil crianças nesta faixa etária trabalhando – em 2013, eram 61 mil), dos quais cerca de 60% se dá na área rural das regiões Norte e Nordeste (BRASIL, 2016). A PNAD registrou ainda elevação do percentual de 62% para 64,7% das crianças de 5 a 13 anos ocupadas em atividades agrícolas (BRASIL, 2016). Esses números evidenciam, portanto, que o trabalho infantil é expressivo na sociedade brasileira e, embora se tenha tentado combatê-lo e se verifique a redução de seus índices ao longo dos anos, observa- se, ainda, sua forte presença nos mais diversos setores da atividade econômica nacional. Diante de todo esse cenário, o Brasil assumiu o compromisso, junto à Organização Internacional do Trabalho, de erradicar as piores formas de trabalho infantil até o ano de 3 Segundo Lépore e Rossato (2011), a Convenção 182 complementa a Convenção 132 sobre a Idade Mínima para Admissão, e somadas constituem instrumentos fundamentais de combate ao trabalho infantil. Parte-se da necessidade de adoção de ações imediatas e globais, de reconhecimento da importância da educação fundamental e gratuita, retirando a criança de todos esses trabalhos, sem se esquecer das necessidades das famílias. 36 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo 2016, objetivo que não foi alcançado e, por isso, postergado para o ano de 2020; e de erradicar todas as espécies deste trabalho até o ano de 2020, prazo também já prorrogado para o ano de 2025, em uma ação conjunta com toda a América Latina e Caribe (A INICIATIVA, s.d.). 2 AUTORIZAÇÕES JUDICIAIS PARA O TRABALHO: O JUDICIÁRIO NA CONTRAMÃO DA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL A Constituição Federal de 1988, como já mencionado anteriormente, veda, em absoluto, o trabalho de pessoa menor de dezesseis anos de idade, trazendo como única ressalva o trabalho na condição de aprendizagem a partir dos quatorze. E, a ratificada Convenção nº 138 da Organização Internacional do Trabalho, em seu artigo 8º4, só excepciona o trabalho artístico de crianças e adolescentes, por meio de autorização judicial, sendo essas, portanto, as duas únicas exceções, específicas e restritas, não permitindo interpretações além dos seus limites. Contudo, o trabalho de crianças e adolescentes tem sido possível por meio de autorizações judiciais, que se embasam nesta exceção disposta no artigo 8º da Convenção nº 138 e nos artigos 405 e 406 da Consolidação das Leis do Trabalho, que também indicam a competência do juiz da Infância e Juventude (antes denominado ―juiz de menores‖) para apreciar estes pedidos de autorização (CORRÊA, 2013). Assim, crianças e adolescentes têm obtido, junto ao Poder Judiciário, permissões para que trabalhem antes da idade autorizada por lei, das quais resultam contratos de trabalho de 4 O artigo 8º da Convenção nº 138 da OIT prevê regra excepcional para a autorização individual de trabalho inferior à idade mínima – com garantias de proteção integral e prioritária e de modo absolutamente regrado – para o artista infanto-juvenil. Nestes casos, o Estatuto da Criança e do Adolescente, ao tratar de autorizações para o trabalho infantil artístico, define, nos artigos 146 e 149, a competência do juiz da infância e da juventude para a apreciação de tais solicitações. (OLIVA, 2013). “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 37 menores não mais ―ilegais‖. Ao contrário, eles agora são partes em uma relação de emprego amparada pelo consentimento do próprio Estado, garante e protetor de direitos, promotor de políticas públicas de inclusão para a redução das desigualdades, e que se comprometeu a conferir proteção integral5 à criança e ao adolescente e a zelar prioritariamente pelo seu bem-estar. Resta evidente, portanto, o desrespeito por parte dos magistrados que sustentam suas autorizações nos dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho, esquecendo-se que tais artigos não foram recepcionados pela Constituição Federal de 1988, que disciplinou a questão de maneira diversa e, ainda, diante da Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP – Decreto nº. 6.481, de 12 de junho de 2008) que, conforme disposto nos artigos 3º, alínea ―d‖, e 4º da Convenção nº 182 da Organização Internacional do Trabalho, tem por finalidade elencar as formas de trabalho infantil que devem ser urgentemente erradicadas pelo Brasil (MINISTÉRIO PÚBLICO, 2012). Os argumentos e fundamentos trazidos por essas autorizações judiciais se baseiam, em regra, na premissa de que o trabalho infantil mostra-se preciso, por supostamente ser elemento formador de caráter e de combate à pobreza, criminalidade e marginalização (OLIVA, 2006). Esse discurso revela-se perverso, servindo aos filhos e filhas das classes mais baixas, já que os das mais abastadas podem se preocupar exclusivamente com os estudos até a conclusão do ensino superior ou, ao menos, quandoconcluído o ensino médio, a fim de que, melhores qualificados, possam buscar por empregos de melhor qualidade e rentabilidade no mercado de trabalho. Na realidade, por negarem e impedirem o direito de usufruir à infância e juventude, nem a rua, nem o trabalho devem ser opção, mas, sim, a escola (OLIVEIRA, 5 Oliva (2006, p. 103-104) destaca que a adjetivação do princípio da proteção como integral tem por finalidade realçar que essa especial tutela ―deve ser total, completa, cabal‖. 38 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo 1996). Porém, tão enraizado na tradição cultural brasileira, tal discurso naturaliza o trabalho infantil como necessário para solucionar problemas das classes sociais mais pobres, sendo tido por solução para muitos males, quando os dados estatísticos da já citada pesquisa do IBGE informam o contrário (BRASIL, 2016). O trabalho infantil não foi, não é e não será a solução, justamente porque, mais uma vez, reproduz a pobreza, a exclusão social e a evasão escolar. As autorizações para o trabalho, portanto, permanecem voltadas aos fundamentos ideológicos de outro período histórico, esquecendo-se do momento político-jurídico-social de uma sociedade diversa como a do presente. Desse modo, desde a promulgação da Constituição de 1988, não há como se atribuir à criança e ao adolescente a responsabilidade por prover a própria subsistência e/ou a de suas famílias mediante o trabalho precoce, em detrimento do seu pleno desenvolvimento, e tais autorizações judiciais mostram-se em descompasso com todo o trabalho desenvolvido por alguns órgãos públicos e entidades não-governamentais para se prevenir e erradicar o trabalho infantil, e promover e efetivar a proteção integral da criança e do adolescente. Não conseguindo a família dar o suporte para atender às necessidades de seus filhos, ela deverá ser integrada a programas ou políticas públicas que possam suprir suas necessidades, pois o trabalho do menor não é suficiente para esse fim. 2.1 Os Juizados Especiais da Infância e Adolescência e o compromisso com a proteção integral de crianças e adolescentes No ano de 2014, com base no artigo 114 da Constituição Federal de 1988, que dispõe sobre a competência material da Justiça do Trabalho, e com o objetivo de chamar “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 39 para si a competência para apreciar os pedidos de autorização para trabalhar, já que estes estão nas mãos da Justiça Comum6, o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP) editou a Resolução Administrativa nº 14 (BRASIL, 2014), dispondo sobre a criação e funcionamento dos Juizados Especiais da Infância e Adolescência (JEIA), cuja competência material, conforme artigo 2º da Resolução, é analisar, conciliar e julgar processos que envolvam trabalhador com idade inferior a dezoito anos, incluindo-se os pedidos de autorização para o trabalho de crianças e adolescentes menores de dezesseis. A Justiça do Trabalho, devido à sua especialização material, permite ampla proteção do valor constitucional ―trabalho‖, reconhecendo o trabalho infantil como grave forma de violação de direitos humanos, por ferir os direitos mais básicos da criança e do adolescente, norteados pelo princípio da proteção integral, tendo como objetivo estratégico institucional a sua erradicação. E, no âmbito desses Juizados, tem-se desenvolvido trabalhos, em diálogo com o poder público local e a sociedade civil e empresária, exitosos na retirada das crianças e dos adolescentes que se encontram em condições de trabalho infantil. Nesse sentido, os JEIAs vêm desenvolvendo ações de conscientização de pais, empregadores e das próprias crianças e adolescentes acerca dos inúmeros prejuízos advindos do trabalho precoce, direcionando os maiores de quatorze anos a cursos de formação profissional e vagas de aprendizagem, além de tomar outras atitudes que possam fazer romper o ciclo nefasto do trabalho infantil (BRASIL, s.d.), como o encaminhamento, quando possível, do jovem e/ou da família a programas ou políticas públicas que supram suas necessidades materiais, obstando o trabalho para mantê-los na escola. Nessa perspectiva, esta atuação que vem sendo 6 O Superior Tribunal de Justiça reconhece a competência da Justiça Comum para examinar os pedidos de autorização para o trabalho (CORRÊA, 2013). 40 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo desenvolvida pelo Judiciário Trabalhista está dentro do cumprimento de seu dever institucional de tornar concretos os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil no exercício de suas atividades, a fim de que se construa uma sociedade livre, justa e solidária, por meio da erradicação da pobreza e da marginalização, reduzindo, sempre que possível, as desigualdades sociais e regionais, conforme regra estipulada pelo artigo 3º, incisos I, III e IV, da Carta de 1988. E justamente por não ser essa a perspectiva adotada pela Justiça Comum, que, ao autorizar o trabalho precoce, não coloca a proteção integral das crianças e dos adolescentes como critério-fonte para a tomada de decisão, e por desrespeitar os ditames da Constituição Federal e das normativas internacionais, que o reconhecimento da competência material da Justiça do Trabalho para apreciar os pedidos de autorização para o trabalha faz-se necessária como alternativa possível à construção de outra realidade. Isso porque, a Justiça do Trabalho mostra-se mais comprometida com critérios de justiça, atuando na produção, reprodução e desenvolvimento das condições materiais de vida das crianças e dos adolescentes. CONCLUSÃO Com base na proteção integral da criança e do adolescente, o presente estudo teve por finalidade analisar o trabalho infantil no contexto brasileiro, muitas vezes autorizado judicialmente no âmbito da Justiça Comum, embora haja todo um arcabouço normativo nacional e internacional construído no sentido de extingui-lo. Em um primeiro momento, foram analisados os prejuízos físicos, psíquicos e educacionais de crianças e adolescentes que trabalham, buscando-se demonstrar que o ambiente de trabalho mostra-se inadequado para a infância e a adolescência, fases da vida humana de maturação psicofísica, e “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 41 que o caráter antidemocrático do local de trabalho, um meio caracterizado pela hierarquia e subordinação, traz inúmeras consequências aos seus desenvolvimentos, comprometendo uma vida adulta saudável e capaz de assegurar a competitividade do mercado de trabalho. Em um segundo momento, centrou-se a análise nas autorizações judiciais para o trabalho antes da idade permitida pela legislação, no intuito de estudar seus fundamentos jurídicos e sociais, contatando-se que tais autorizações, no âmbito da Justiça Comum, estão em total desconformidade com a Constituição Federal de 1988 e as normativas internacionais, apontando para a necessidade de se deslocar, em definitivo, a competência material da Justiça Comum para a Justiça do Trabalho para apreciar tais pedidos de autorização. Os Juizados Especiais da Infância e Adolescência têm desenvolvido ações no combate ao trabalho precoce, perspectiva ainda não adotada pela Justiça Comum, na tentativa de se construir, como alternativa, outra realidade possível, na qual o trabalho infantil possa ser, de fato, erradicado. Assim, a Justiça do Trabalho mostra-se mais comprometida com os critérios de justiça, atuando na defesa da dignidade das crianças e dos adolescentes, que têm o direito constitucionalmente garantido à proteção integral e prioritária. REFERÊNCIAS A INICIATIVAregional América Latina e Caribe livre de trabalho infantil. Brasília, s. d. Disponível em: <http://www.iniciativa2025alc.org/pt-br>. Acesso em: 25 ago. 2017. BERTELLI, Sandra. Trabalho Infantil: uma afronta ao trabalho decente. Trabalho em Revista, Curitiba, ano 31, n. 364, nov. 2012. 42 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo BRASIL. Constituição Federal. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao compilado.htm>. Acesso em: 20 ago. 2017. ______. Decreto nº. 3.597, de 12 de setembro de 2000. 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Decreto nº. 6.481, de 12 de junho de 2008. Regulamenta os artigos 3 o , alínea ―d‖, e 4 o da Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que trata da proibição das piores formas de trabalho infantil e ação imediata para sua eliminação, aprovada pelo Decreto Legislativo n o 178, de 14 de dezembro de 1999, e promulgada pelo Decreto n o 3.597, de 12 de setembro de 2000, e dá outras providências. “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 43 Planalto, Brasília, DF, 12 jun. 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2008/decreto/d6481.htm>. Acesso em: 20 ago 2017. ______. Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Planalto, Brasília, DF, 13 jul. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8069.htm>. Acesso em: 18 ago. 2017. ______. População: PNAD 2015. IBGE, Brasília, 2016. 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Tal desiderato nos força a refletir sobre esta agenda e seus impactos nas conquistas sociais das últimas décadas em face das garantias fundamentais e com base no princípio do não retrocesso social. Objetiva-se, 7 Advogada, Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Faculdade de Direito Ribeirão Preto – USP (FDRP/USP); membro do grupo de pesquisa (CNPQ) ―A transformação do direito do trabalho na sociedade pós- moderna e seus reflexos no mundo do trabalho― da FDRP/USP. Autora e Coordenadora de Obra Coletiva e artigos da área. andreiabugalho@hotmail.com. 8 Professor da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto – USP (FDRP/USP); líder do grupo de pesquisa (CNPQ) ―A transformação do direito do trabalho na sociedade pós-moderna e seus reflexos no mundo do trabalho‖ da FDRP/USP. Doutor em Direito pela Universidade Católica de São Paulo, PUC – SP; graduado e mestre em Direito pela Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP. Autor de livros e artigos da área. E-mail: jaircardoso@usp.br. “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 47 portanto, com este estudo, a análise do projeto de lei nº 6.442/2016, a respeito da reforma trabalhista rural, para, por meio de uma visão jurídica social, analisar os impactos e retrocessos de tal intento para a saúde físico e mental do trabalhador. Para tanto, usaremos o método dedutivo, por meio de pesquisas doutrinárias e jurisprudências, objetivando trazer a lume a discussão assinalada, para ao final contribuir com a discussão e o amadurecimento do assunto, tendo como mote a reflexão sobre a igualdade contratual que se quer buscar e o prejuízo à igualdade formal existente entre a relação capital trabalho, notadamente na área rural. Palavras-chave:ambiente de trabalho, direitos e garantias fundamentais, saúde do trabalhador. ABSTRACT With the enactment of the Law n. 13.467/2017, it became evident that the capital has its own agenda and is using all its resources implement it under the cover of a necessary Labor Reform speech. However, its true intent is to cause a real social regression, a clear dismantling of a social project built over decades of work social culture protection that we call the deconstruction of social rights. This aim forces us to reflect about this agenda and its impacts on the social achievements of the last decades, facing the fundamental warranties and in accordance with the no social regression principle. Thus, this study aims to analyze Law Project n. 6.442/2016, regarding the Rural Labor Reform, to, through a legal social review, analyze the impacts and regression of this attempt on the physical and mental health of the worker. Therefore, we are using the deductive method, through doctrine research and jurisprudence, with the objective of bringing to light the subject discussion so as to contribute to the dialogue and maturity of the subject. Taking as its motto the reflection on the contractual equality to be sought and the prejudice to the formal equality existing 48 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo between the work-capital relation, especially in the rural area. Keyword: work environment, rights and guarantees, worker‘s health. INTRODUÇÃO É um traço da sociedade moderna preocupar-se cada vez mais com a qualidade de vida, saúde e bem-estar social. No campo do trabalho, rumo a intencional libertação das amarras da lei, para fazer face à necessidade do mercado, dá-se maior liberdade ao empregador, aumentando assim a fragilidade daqueles que somente têm a força de trabalho – física ou intelectual – para oferecer num contrato, para dele tirar sua própria subsistência. Considerando a atual realidade, propomos refletir sobre esse novo caminho que está sendo construído, antecipando e avaliando as possíveis consequências. Para tanto, de forma dedutiva, dividiremos esta reflexão em duas partes, uma primeira abordagem sobre a suposta precarização do trabalho, a outra para analisar os efeitos e cuidados necessários para evitar a superexploração do trabalho. BREVE HISTÓRICO No Brasil, o trabalhador rural, embora tenha sido equiparado ao trabalhador urbano 9 pela Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB/88), nem sempre teve a mesma proteção, a trajetória do rurícola foi marcada por precárias condições de trabalho, ofensas e desrespeito a dignidade. A este respeito, Vólia Bomfim Cassar (2017, p. 387) esclarece: 9 Art. 7º CRFB/88: ―São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social‖. “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 49 No Brasil o trabalhador rural nem sempre teve a mesma proteção que era estendida ao trabalhador urbano. Não havia interesse político para a legislação proteger esta categoria. Talvez porque o trabalho rural, assim como o doméstico, tenha nascido do trabalho escravo. Ou porque o legislador também era dono ou explorador dos grandes latifúndios. Em virtude disto, raros foram os direitos dirigidos aos trabalhadores rurais antes da CLT. Aos meeiros, parceiros, empreiteiros e arrendatários rurais (todos trabalhadores sem vínculo de emprego) eram destinadas algumas normas do Código Civil. Somente com a lei nº 4.214, de 02 de março de 1963, surge o Estatuto do Trabalhador Rural e, a seguir, o Estatuto da Terra, lei nº 4.504/65 trouxe disposições a respeito da reforma agrária, refletindo as exigências da realidade social, pela primeira vez no Brasil mostrou-se interesse para com a atividade exercida pelo trabalhador rurícola, bem como a relação de trabalho e, ambiente rural, mesmo assim, a lei não prosperou, pois, não havia inspeção, fiscalização do trabalho, do ambiente laboral, retornando novamente ao estado anterior 10 . Com isso, mais uma vez, o trabalhador rural foi esquecido, muitas vidas se foram, os que ainda sobreviveram à transição, eram submetidos a extensas jornadas de trabalho, ambiente insalubre, sem condições de dignidade, com grande prejuízo à integridade psicofisiológica, ao convívio familiar e social. Assim, somente dez anos mais tarde, surge a lei nº 10 Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,trabalhador- rural,36550.html. ―No entanto, esta lei, embora tenha sido bastante intencionada, não foi na prática, em muitos artigos aplicada, haja vista a falta de condição de fiscalização e a falta de atuação do poder judiciário adequado, onde não existe varas especializadas (vara do trabalho) adequada‖. Acesso 23/10/2017. 50 Seminário Internacional de Pesquisa (Re)pensando o Trabalho Contemporâneo 5.889/73, sendo sua regulamentação disposta no Decreto nº 73.624/74, revogando o referido Estatuto (CASSAR, 2017), equiparando com algumas peculiaridades, o trabalhador rural ao trabalhador urbano 11, mas, foi somente com a carta magna (CRFB/88) tornou-se totalmente possível (art. 7º, caput, da CRFB/88), representando grande avanço na proteção jurídica e, na função social da propriedade rural. Ademais, não podemos esquecer que, apesar da equiparação promovida pelo artigo 7º da CRFB/88 representar um grande avanço, na qual foi reconhecida ao trabalhador rural os mesmos direitos do trabalhador urbano, não foram suficientes para garantir as mesmas condições de dignidade, haja vista que o labor do rurícola tem peculiaridades que são reconhecidas somente neste ramo. Assim, a CRFB/88 garantiu apenas o mesmo ―quadro básico‖ de direitos, não significando a unificação total de direitos entre trabalhadores urbanos e rurais, não tendo havido a revogação da lei nº 5.889/73, naquilo em que ela dispõe sobre a especificidade do trabalho rural. Urge, portanto, a necessidade de um modelo jurídico apto a regular a atividade rural, não desprezando as conquistas alcançadas. 11 ―A história mostra que o trabalhador urbano há pouco tempo é tratado pelas normas do mesmo modo que o trabalhador urbano, o que pode ser justificado porque seu marco de origem data do período escravocrata‖. (CASSAR, 2011, p. 411). “O trabalho em tempos de crise no Brasil e na América Latina” 51 O PODER DO DIREITO E A SUBVERSÃO DO TRABALHO RURAL A precarização do trabalho tem como um dos resultados a perda de direitos trabalhistas decorrente da flexibilização das leis, que vem fragilizando o sistema jurídico e produzindo insegurança social, transformando o mundo do trabalho em terreno movediço e inseguro. Na medida em que aceitamos a limitação da dignidade humana, do bem-estar no trabalho sob o ponto de vista jurídico, estamos tratando o trabalho humano como mercadoria, objeto de venda e compra. Permitir a redução de direitos conquistados durante décadas têm o potencial de tornar o trabalho humano em moeda de troca. Aliado a estas questões de retrocesso, flexibilização das leis trabalhista e desconstrução da igualdade formal, nos deparamos com o projeto de lei (PL) nº 6442/2016, que pretende coisificar o homem que trabalha no meio rural, ignorando conquistas, afrontando a dignidade humana, o bem- estar no trabalho, a saúde e a vida. A questão ideológica adotada, de forma velada, na discussão parlamentar está destacada na própria exposição de motivos do projeto, revelando a necessidade premente da reforma da lei do trabalho rural, sem levar em conta os sujeitos envolvidos, atividades desempenhadas e o objeto
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