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1 iv ORGANIZADORES DO LIVRO Acadêmicos Professores Benone Otávio Souza De Oliveira Admilson Irio Ribeiro Felícia Pereira de Albuquerque Gerson Araújo de Medeiros Katiane de Morais Gasperin José Arnaldo Frutuoso Roveda Narlon Xavier Pereira Rosane Maria Kaspary Tatiele Cristine do Carmo Barbosa MÉMORIAS DO III WORKSHOP INTEGRAÇÃO DE SABERES AMBIENTAIS 1ª Edição SOROCABA Campus de Sorocaba – Instituto de Ciência e Tecnologia 2017 ii v Realização Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais – UNESP 1ª Edição Eletrônica (2017) Todos os direitos reservados. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610). iii vi COMISSÃO ORGANIZADORA Prof. Dr. Admilson Irio Ribeiro – Unesp/Sorocaba Prof. Dr. Antonio Cesar Germano Martins – Unesp/Sorocaba Prof. Dr. Gerson Medeiros de Araújo – Unesp/Sorocaba Prof. Dr. José Arnaldo Frutuoso Roveda – Unesp/Sorocaba Prof. Dr. Leonardo Fernandes Fraceto – Unesp/Sorocaba Prof.ª Dr.ª Sandra Regina M. Masalskiene Roveda – Unesp/Sorocaba Ana Claudia Bento – Unesp/Sorocaba Angélica de Oliveira Soares – Unesp/Sorocaba Benone Otávio Souza de Oliveira – Unesp/Sorocaba Fabricio Camillo Sperandio – Unesp/Sorocaba Felícia Pereira de Albuquerque – Unesp/Sorocaba Katiane de Morais Gasperin – Unesp/Sorocaba Marcela Merides Carvalho - Unesp/Sorocaba Narlon Xavier Pereira – Unesp/Sorocaba Rosane Kaspary – Unesp/Sorocaba Sabrina Lais Basso – Unesp/Sorocaba Sofia Coelho Moreira – Unesp/Sorocaba Tatiele Cristine do Carmo Barbosa – Unesp/Sorocaba Twyla Vieira Hadich – Unesp/Sorocaba Vivian Silva Lira – Unesp/Sorocaba iv v APRESENTAÇÃO As demandas contemporâneas e as perspectivas do desenvolvimento sustentável são elementos inerentes às ciências como todo principalmente as questões ambientais. Dentro de uma miríade de questões a Ciências Ambientais propõem: abordar processos sociais e naturais; desenvolver novas tecnologias; estabelecer processos de gestão socioambientais, considerando maior inclusão social; formular e analisar políticas públicas voltadas à gestão ambiental em sentido amplo. Assim, os grandes desafios das ciências ambientais estão na conservação e gestão dos recursos naturais, essenciais à qualidade de vida, bem como contribuir para resolução de macroproblemas, como mobilidade urbana, saneamento básico, favelização e pobreza, violência, desastres naturais, entre outros. No Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais da UNESP (PPGCA), do Instituto de Ciência e Tecnologia UNESP Sorocaba, têm sido desenvolvidas, em caráter exploratório, atividades integradoras que permitam analisar fenômenos e estudos de caso sob diferentes olhares, incorporando metodologias e formas de análise desenvolvidas nos programas das disciplinas oferecidas em cada semestre letivo. Essas experiências integradoras afloraram no contexto das disciplinas de Limnologia, Gestão Ambiental, Recuperação de Áreas Degradadas, Processamento Digital de Imagens, Lógica Fuzzy entre outras, oferecidas no segundo semestre letivo de 2013. Nesse contexto nasceu o evento “Workshop de Integração de Saberes Ambientais”, aberto a comunidade do Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais e de áreas afins. O evento tem o papel de ser um fórum de apresentação e discussão dessas experiências; é um cenário para o desenvolvimento de abordagens pedagógicas inovadoras; motiva a inserçãodos conteúdos programáticos na realidade regional, por meio de estudos de caso; oportuniza a discussão dos temas contemporâneos ambientais, envolvendo aspectos sociais e econômicos e influencia a percepção interdisciplinar dos pós graduandos na abrangência das disciplinas do Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais Nesse contexto, que o programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais apresenta a sua III edição do livro Workshop de Integração de Saberes Ambientais, que ao longo do tempo se apresenta cada vez mais difusor e promotor da interdisplinaridade, principalmente difundindo artigos que norteiam as pesquisas voltadas para o meio ambiente. vi O eixo central do livro são os trabalhos e pesquisas realizados por pesquisadores incentivados em buscar soluções para alguns dos problemas que afligem a sociedade nos dias atuais, como por exemplo, contaminações, poluições, cuidados com a biodiversidade, mas principalmente com o bem está humano e suas gerações futuras. Nessa inserção, o livro de memórias do III Workshop de Integração de Saberes Ambientais se apresenta com 31 trabalhos que foram organizados e estruturados na ordem alfabética, facilitando desta forma ao leitor encontrar os artigos de interesse. Dessa maneira, esperamos que este livro possa contribuir para qualquer público que queira informações nas mais variadas áreas das ciências ambientais. Admilson Irio Ribeiro vii SUMÁRIO RECURSOS HÍDRICOS ........................................................................................................ 12 A DINÂMICA DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NOS COMITÊS MÉDIO PARANAPANEMA, PARAÍBA DO SUL E SOROCABA MÉDIO TIETÊ ......................... 13 BASSO, Sabrina Lais 1 ; NERY, Jonas Teixeira 2 ....................................................................... 13 EFEITOS DA URBANIZAÇÃO NA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE PEIXES DE RIACHOS DA MATA ATLÂNTICA ...................................................................................... 18 GUINATO, Rayssa Bernardi1; CETRA, Mauricio2 ................................................................ 18 EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO COBRE PRESENTE NO SEDIMENTO DO RESERVATÓRIO GUARAPIRANGA-SP EM LARVAS DE CHIRONOMUS SANCTICAROLI..................................................................................................................... 23 PELIZARI, Gisele Pires 1 ; ALBUQUERQUE, Felícia Pereira de 2 ; CARLOS, Viviane Moschini 3, 4 POMPÊO, Marcelo Luiz Martins 4 . .................................................................................... 23 ELABORAÇÃO DE UMA TIPOLOGIA PARA RESERVATÓRIOS DE SÃO PAULO COM BASE NA DIRETIVA QUADRO DA ÁGUA DA UNIÃO EUROPEIA .................... 28 CARDOSO-SILVA, Sheila 1 ; POMPÊO, Marcelo 2 ; MOSCHINI-CARLOS, Viviane 3 ............. 28 GEOCRONOLOGIA E TAXAS DE SEDIMENTAÇÃO EM TESTEMUNHOS DE RESERVATÓRIOS PAULISTAS .......................................................................................... 33 CARDOSO-SILVA, Sheila 1 ; MIZAEL, Juliana O.S.S. 2 ; FRASCARELI, Daniele 2 ; POMPÊO, Marcelo 3 ; MOSCHINI-CARLOS, Viviane 4 ............................................................................. 33 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO E DIVERSIDADE FITOPLANCTÔNICA NO RESERVATÓRIO DE ITUPARARANGA (VOTORANTIM-SP) ........................................ 38 MACHADO, Leila dos Santos 1 ; MOSCHINI-CARLOS, Viviane 2 ........................................... 38 VALIDAÇÃO DE MÉTODO ANALÍTICO PARA ANÁLISE DE PIGMENTOS FOTOSSINTÉTICOS EM SEDIMENTOS ........................................................................... 44 viii MIZAEL, Juliana de Oliveira Soares Silva 1 ; SILVA, Sheila Cardoso 2 ; FRASCARELI, Daniele 3 ; POMPEO, Marcelo 4 ; CARLOS, Viviane Moschini 5 ................................................ 44 ENERGIA E MEIO AMBIENTE .......................................................................................... 50 ANÁLISE DAS TEMPERATURAS NO MUNICÍPIO DE SOROCABA ATRAVÉS DO MODELO ENVI-met .............................................................................................................. 51 BENTO, AnaClaudia 1 ; NERY, Jonas Teixeira 2 ...................................................................... 51 ATUAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE SOBRE O CONSUMO DE ENERGIA ORIGINÁRIA DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS NO BRASIL ............................................. 57 NEVES, Fábio de Oliveira Neves 1 ; ROVEDA, Sandra R. M. Masalskiene 2 ............................ 57 CATALOGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS EM 10 PARQUES LINEARES DA CIDADE DE SÃO PAULO, SP (BRASIL) ............................................................................ 62 BIAGOLINI, Carlos Humberto 1 , LOURENÇO, Roberto Wagner 2 .......................................... 62 DETERMINAÇÃO DE REGIÕES COM POTENCIAL PARA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA A PARTIR DE ENERGIAS RENOVÁVEIS ......................................................................... 67 MARTIN, Nilo Amaral 1 ; AGUILAR, Bruno 2 ; PALMA, Eloá Carolina N. C. 3 ; MARTINS, Antonio Cesar Germano 4 ; MARAFÃO, Fernando Pinhabel 5 ; ROVEDA, Sandra Regina Monteiro Masalskiene 6 ............................................................................................................. 67 ENSAIO DE COMBUSTÃO E PIRÓLISE DA BIOMASSA DA SEMENTE DO ABACATE ATRAVÉS DE ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA ...................................... 72 GASPERIN, Katiane de M. 1* , MORAIS, Leandro Cardoso de 2 ............................................... 72 INFLUÊNCIA DA VIVÊNCIA COM A NATUREZA NO COTIDIANO DA SOCIEDADE MODERNA .............................................................................................................................. 77 CARVALHO, Marcela Merides 1 ; CARVALHO, Maria Jacinta Silva 2 ; FENGLER, Felipe Hashimoto 3 , RIBEIRO, Admilson Irio 4 .................................................................................... 77 METODOLOGIA PARA A ANÁLISE DOS DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO BRASIL: GERAÇÃO DISTRIBUÍDA VS GERAÇÃO CENTRALIZADA ............................................................................................... 82 PEREIRA, Narlon Xavier 1 , MARTINS, Antonio César Germano 2 .......................................... 82 ix SOLOS E RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS .................................................. 87 ANÁLISE PERCEPTIVA DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA DO SOLO EM UMA ÁREA DE EMPRÉSTIMO NO MUNICÍPIO DE JUNDIAÍ/SP ..................................................... 88 KASPARY, Rosane Maria 1 , PEREIRA, Narlon Xavier 2 , SPERANDIO, Fabricio C. 3 , RIBEIRO, Admilson Irio 4 , MEDEIROS, Gerson Araujo 4 ......................................................................... 88 AVALIAÇÃO QUÍMICA E ANÁLISE TEXTURAL DO SOLO EM DIFERENTES SUBSTRATOS EM UMA ÁREA DE EMPRÉSTIMO EM RECUPERAÇÃO.................... 93 BARBOSA, Tatiele Cristine do Carmo 1 ; OLIVEIRA, Benone Otávio Souza de 2 ; NOGUEIRA, Lucidalva Rodrigues de Souza 3 ; FENGLER, Felipe Hashimoto 4 ; MEDEIROS, Gerson Araujo 5 ; RIBEIRO, Admilson Irio 6 ; PECHE FILHO, Afonso 7 ................................................ 93 CARACTERIZAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA A PARTIR DE ANÁLISES FÍSICAS DO SOLO: UM ESTUDO DE CASO PARA UMA ÁREA DE EMPRÉSTIMO, CEA-IAC ...... 99 AMORIM, Amanda Trindade¹; SOUZA, Carime dos Santos²; FERREIRA, Rita de Cássia 2 ; RIBEIRO, Admilson Írio 3 ; MEDEIROS, Gerson Araújo de 3 ................................................... 99 INDICADORES DE ALTERAÇÃO QUÍMICA DO SOLO ASSOCIADA AO USO DA TERRA: UMA PROPOSTA BASEADA EM ANÁLISE MULTIVARIADA DE VARIÂNCIA CONSIDERANDO O ECOSSISTEMA DE REFERÊNCIA ....................... 104 BRESSANE, Adriano 1* ; FENGLER, Felipe H. 2 ; CARVALHO, Marcela M. 2 ; LONGO, Regina M. 1 , RIBEIRO, Admilson I. 2 , DEMANBORO, Antônio C. 1 ; BETTINE, Sueli do C. 1 ............. 104 RUGOSIDADE DO SOLO E PONTOS DE RUPTURA EM ÁREA DEGRADADA ........ 110 GOMES, Raissa Caroline 1 ; MIRANDA, Vanessa Regina 2 ; SOUZA, Sidnei Aparecido 2 ; FENGLER, Felipe Hashimoto 3 ; RIBEIRO, Admílson Írio 4 ; MEDEIROS, Gerson de Araújo 4 ................................................................................................................................................ 110 UM MODELO CONCEITUAL PARA A RECUPERAÇÃO DE AMBIENTES DEGRADADOS..................................................................................................................... 116 FENGLER, Felipe Fengler 1 ; PECHE FILHO, Afonso 2 ; CARVALHO, Marcela Merides 1 ; PEREIRA, Sonia³; LONGO, Regina Márcia 4 ; MEDEIROS, Gerson de Araújo 5 ; RIBEIRO, Admilson Irio 5 ........................................................................................................................ 116 x AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PELA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA ................................................ 123 DUTRA, Ana Carolina¹. PAES, Michel Xocaira 2 . GIANELLI, Bruno Fernando³. MEDEIROS, Gerson Araújo de 4 . ................................................................................................................. 123 ESTUDO DO IMPACTO DE VIZINHANÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO .................................................................................................. 128 SPERANDIO, Fabricio Camillo 1 ; RIBEIRO, Admilson Írio 2 ; MEDEIROS, Gerson Araújo de 3 ................................................................................................................................................ 128 UM ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO PELO TRANSPORTE DAS EMBALAGENS VAZIAS DE AGROQUÍMICOS REALIZADO PELA CENTRAL DE PIEDADE/SP ........................................................................................................................ 133 OLIVEIRA, Ariane Braga 1 ; GIANELLI, Bruno Fernando²; MANCINI, Sandro Donnini 3 ... 133 DISPOSIÇÃO INADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JUNDIAÍ-MIRIM, JUNDIAÍ/SP .......................................................................... 140 OLIVEIRA, Benone Otávio Souza de 1 ; BARBOSA, Tatiele Cristine do Carmo 2 ; NOGUEIRA, Lucidalva Rodrigues de Souza 3 ; FENGLER, Felipe Hashimoto 4 ; MEDEIROS, Gerson Araujo de 5 ; RIBEIRO, Admilson Irio 5 ................................................................................................ 140 ESTUDO COMPARATIVO DA EFICIÊNCIA ANTIMICROBIANA DE DIFERENTES AGENTES BACTERICIDA EM EFLUENTE DE LAVAGEM DE VEÍCULOS ............. 145 ANJOS, Diego Nascimento 1 ; LIRA, Vivian Silva 2 ................................................................. 145 PROPOSTA DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL PARA A OBRA DE REQUALIFICAÇÃO DA COMUNIDADE DE BANANEIRAS – SALVADOR/BA .................................................................................................................... 150 MARTINS, Martha Santana 1 ; GUERREIRO, Sidnei Fonseca 2 ; KASPARY, Rosane Maria 3 150 TERMOGRAVIMÉTRIA DO BIOCARVÃO FABRICADO COM LODO PRIMÁRIO DE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO DE PEIXES .................................................................... 156 MAIGUAL-ENRIQUEZ, Yemall Alexander 1 ; MATSUMOTO, Tsunao 2 ; MORAIS, Leandro Cardoso de 3 ........................................................................................................................... 156 xi GENÉTICA E MODELAGEM AMBIENTAL .................................................................... 161 EFEITO DA ATRAZINA SOBRE LARVAS DE CHIRONOMUS SANCTICAROLI EM TESTE DE TOXICIDADE AGUDA .................................................................................... 162 ALBUQUERQUE, Felícia Pereira de 1 ; MACHADO, Leila dos Santos 1 ; POMPÊO, Marcelo Luiz Martins 2 ; FRACETO, Leonardo Fernandes 3 ; MOSCHINI-CARLOS, Viviane 3 ........... 162 ESTATÍSTICAS MULTIVARIADAS EM RECONHECIMENTO DE PADRÕES E DE VARIÁVEIS EXPLICATIVAS: ESTUDO COMPARATIVO DOS MÉTODOS ............... 167 CARVALHO,Marcela Merides 1 ; LIRA, Vivian Silva 2; NASCIMENTO, Luara Romana de Souza 3 ; GASPERIN, Katiane de Morais 4 ; CARDOSO, Rayssa de Lima 5 ; BRESSANE, Adriano 6 ; ROVEDA, Sandra Regina Monteiro Masalskiene 7 ............................................... 167 PONDERAÇÃO DE INDICADORES DE QUALIDADE DO SOLO: UMA PROPOSTA BASEADA EM ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS E DE FUNÇÕES DISCRIMINANTES CANÔNICAS ..................................................................................... 173 BRESSANE, Adriano 1* ; FENGLER, Felipe H. 2 ; CARVALHO, Marcela M. 2 ; LONGO, Regina M. 1 , RIBEIRO, Admilson I. 2 , DEMANBORO, Antônio C. 1 ; BETTINE, Sueli do C. 1 ............. 173 PROPOSTA DE UM SISTEMA DE ANÁLISE DE ADEQUAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE GEOTURISMO PARA CANDIDATOS A GEOPARKS BASEADO EM LÓGICA FUZZY ................................................................................................................................................ 178 CUNHA, Daiane Aguilar da 1 ; MUNHOZ, Eduardo Antonio Pires 2 ; ROVEDA, José Arnaldo Frutuoso 3 ; ROVEDA, Sandra Regina M. Masalskiene 4 .......................................................... 178 12 RECURSOS HÍDRICOS 13 A DINÂMICA DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NOS COMITÊS MÉDIO PARANAPANEMA, PARAÍBA DO SUL E SOROCABA MÉDIO TIETÊ BASSO, Sabrina Lais 1 ; NERY, Jonas Teixeira 2 1 Mestranda em Ciências Ambientais, Instituto de Ciência e Tecnologia, UNESP Sorocaba, bassolais@gmail.com 2 Professor, UNESP Ourinhos RESUMO Diante das atuais discussões em torno da anunciada crise hídrica, que afetou cidades paulistas contemporaneamente, estudos que busquem colocar recursos hídricos no cerne das questões têm ganhado notoriedade. Dentre eles aqueles que buscam aprofundar a discussão sobre a democratização e a governança dos recursos hídricos de forma compartilhada, uma vez que o recorte administrativo/político não é condizente com as delimitações hídricas. Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo o estudo da gestão adotada pelas as Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) pelo estado de São Paulo, delimitando as UGRHI - 17 (Médio Paranapanema) UGRHI – 10 (Tietê/Sorocaba) e UGRHI – 2 (Paraíba do Sul) para acompanhamento e análise dos processos realizados e os princípios de gestão de recursos hídricos adotados. Utilizou-se a metodologia quantitativa e qualitativa, evidenciando os colegiados e a proposta da pesquisa. Os resultados baseiam-se no ponto em relação aos três comitês, nas semelhanças e diferenças. Palavras-chave: Governança; CBH; UGRHI; 1 - INTRODUÇÃO Uma das grandes problemáticas do século XXI é a água, ou melhor, a escassez da água em muitas regiões do mundo. A relação demanda/disponibilidade se faz necessária, uma vez que crise hídrica está ligada à sua desigual distribuição para as áreas com ou sem concentração populacional. A quantidade de água no planeta Terra é invariável a milhões de anos, o que se altera é a quantidade e o estado da água em determinadas regiões, ou seja, sua distribuição e mudança estão associadas ao ciclo hidrológico. É necessário então o gerenciamento deste recurso indispensável para a vida humana. Segundo Tundisi (2008, p.7) “a crise da água no século XXI é muito mais de gerenciamento do que uma crise real de escassez e estresse”. TUNDISI (2008) elucida sobre a importância e a necessidade de realizar uma abordagem sistêmica, integrada e preditiva na 14 gestão da água por delimitações naturais e não pela divisão político/administrativo, que não condiz com o percurso da água. O recorte político do Brasil não condiz com a delimitação natural da bacia hidrográfica, assim a Unidade de Gerenciamento de Recurso Hídrico não concede com as delimitações político administrativo, impossibilitando as tomadas de decisões referentes à água isoladamente, necessitando de uma gestão integrada para as complexas determinações que garanta água para todos. A gestão necessita considerar de forma integrada e harmônica os arranjos institucionais envoltos a situação político administrativo e o gerenciamento hídrico. Também carece de elucidar as imbricações entre os arranjos na definição de uma política hídrica, bem como necessita o envolvimento na gestão hídrica dos municípios, estados e união para gerir de modo compartilhado da água. Deste modo, percebe-se que a gestão deve considerar de forma integrada e harmônica todos os princípios referentes a água, como as características referentes ao ciclo hidrológico, a quantidade da água, a questão energética, o aproveitamento da água nas atividades humanas e o controle sobre o uso e a quantidade e qualidade. É necessário que haja a governabilidade da água, ou seja, a capacidade da sociedade para identificar os desafios e problemas da água e elaborar soluções adequadas para implantá-las, permitindo responder e superar os problemas e desafios encontrados conjuntamente, uma vez que tudo o que acontece com uma bacia hidrográfica não pode ser resolvido isoladamente por um município se o problema afeta todos os municípios, então a solução faz necessário ser definida conjuntamente. O objetivo deste trabalho é analisar a gestão dos recursos hídricos em três Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) do estado de São Paulo, as UGRHI – 17 (Médio Paranapanema), UGRHI – 10 (Tietê/Sorocaba) e UGRHI – 2 (Paraíba do Sul), para que possa identificar os atores do gerenciamento dos recursos hídricos para cada Unidade estudada. 2 - METODOLOGIA A metodologia realizada foi de observação participante, ou seja, contato direto com os atores estudados, como elucida CORREIA (2009), constituindo assim uma técnica de investigação com base na entrevista livre e semiestruturada e na base documental das Unidades estudadas. Buscou-se o conhecimento do espaço estudado e nos processos e 15 modelos adotados na gestão compartilhada ou não de cada uma das Unidades, sendo deste modo a pesquisa quantitativa e qualitativa. Para isso foi necessário realizar uma revisão bibliográfica sobre a governança, gestão e gerenciamento das Unidades, além da caracterização das UGRHI – 17 (Médio Paranapanema) UGRHI – 10 (Tietê/Sorocaba) e UGRHI – 2 (Paraíba do Sul), para analisar as leis, normas e resoluções que descrevem a política hídrica brasileira, a funcionalidade e organização dos comitês, com isso teve-se a possibilidade de identificar as estruturas de gestão dos recursos hídricos e os atores deste gerenciamento, tendo assim a sistematização das informações coletadas. 3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados obtidos através da aplicação dos questionários para os segmentos da sociedade civil, dos usuários, dos poderes públicos municipais, estaduais e federais nos três comitês acompanhados ao longo deste trabalho e a observação desenvolvida durante a participação das reuniões de plenárias, câmaras técnicas (CT), Oficinas do Plano de Bacia (OPB) e/ou Oficina de Trabalho (OT). Isso possibilitou entender através da ótica de vivência a dinâmica de gestão dos recursos hídricos dos comitês, assim como apontar as suas semelhanças e diferenças. Das questões aplicadas, destaca-se a questão que indagava sobre o principal problema relacionado as águas que afetava a bacia hidrográfica que o CBH estava inserido e as possíveis saídas para equacionar o problema, nos três comitê teve apontamentos a respeito à poluição ambiental e o desmatamento das nascentes e mata ciliar, porém quando atenta nas particularidades de cada CBH percebe-se que os apontamentos estão intrinsecamente relacionados com a conjuntura social e econômica de cada um dos comitês, assim como com a classificação das UGRHIs por afinidade ou vocação realizado pela CETESB (2006). Deste modo, tem-se o CBH MP com o principal problema relacionadoa água na bacia direcionado para o uso de agrotóxico, que vem ao encontro o uso e ocupação da UGRHI 17, consecutivamente a grande preocupação com o desmatamento das nascentes e mata ciliar, que está ligado com o trâmite que está correndo para a construção e instalação de mais nove PCHs para aumentar a capacidade elétrica da região, porém como já supracitado esta construção resultaria em imensurável impacto ambiental, o que justifica a preocupação os membros do CBH MP com o desmatamento das áreas de mata ciliar e de nascentes. 16 No CBH SMT a maior problema relacionado a água, cerca de 85 % dos questionários aplicados pontuou a situação de poluição ambiental e desmatamento, isso leva a pensar a respeito do reflexo que o processo de urbanização e concentração populacional está relacionado com a questão ambiental, além de ter nesta região aspecto industrial, que acarreta também em intensa poluição e a necessidade de mais áreas impermeáveis para as instalações. Já no CBH PS pertencente à Unidade com maior concentração industrial, os membros dos comitês mencionaram a poluição ambiental e o desmatamento como sendo os dois principais problemas enfrentados pela a bacia sobre a questão da água, sendo que 53 % dos entrevistados apontaram a poluição ambiental e desmatamento, para o CBH SMT as possíveis causas da preocupação com este quesito e 40 % dos entrevistados apontaram a escassez de água com sendo o principal problema, isso está conexo com a disponibilidade per capita de água que está diminuindo ao longo da série histórica da Unidade como aponta o plano de bacia, esta diminuição deve-se ao aumento da população na região que ocorre em maior proporção que a vazão média da BH. Portanto para os três comitês, com os resultados obtidos percebe-se que a conjuntura social e econômica de cada um se desvencilha para uma direção, possibilitando a classificação das UGRHIs por afinidade ou vocação segundo a CETESB (2006), em unidade agropecuária, conservação, em industrialização e industrial 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS A priori destaca-se a construção da identidade de cada um dos comitês estudados, são de situações socioeconômicas distintas, isso faz com que apresentem questões divergentes sobre a água, todavia problemas com poluição e/ou desmatamento das nascentes são recorrentes em ambos. Os principais problemas elencados pelos os comitês foram: O CBH MP a questão do uso do agrotóxico, CBH SMT e CBH PS apresentam a escassez de água e a poluição ambiental com o problema central. 5 - REFERÊNCIAS BRASIL. Lei Federal n. 9433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos. Brasília, 1997. 361 p. 17 _________. Lei Federal n. 9.984, de 17 de julho de 2000. Cria a Agência Nacional de Águas. CETESB. Relatório de qualidade das águas interiores do Estado de São Paulo – 2005, 2006. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/relatorios.asp>. Acesso em: Mai. 2017. DORFMAN, R. O papel do Estado na gestão dos recursos hídricos. Administração Pública. Rio de Janeiro, v.27, n.2, p.l9-26, abr./jun., 1993. LANNA, A. E. L. Gestão dos recursos hídricos. apud TUCCI. C.E.M. (Org.). Hidrologia: ciência e aplicação. Porto Alegre: Ed. da Universidade, 1997. 727-768 p. LEAL, A. C. Gestão das águas no Pontal do Paranapanema, 2000, [s.n.]. Tese (Doutorado em Geociências)- Universidade Estadual de Campinas/Instituto de Geociências,Campinas. 2000. TUNDISI, J. E. M. Indicadores da qualidade da bacia hidrográfica para gestão integrada dos recursos hídricos. Estudo de caso: bacia hidrográfica do médio Tocantins (TO). 2008. 152 f. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais)-, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2008. TUNDISI, J. G. Água no século 21: enfrentando a escassez. RIMA/IIE, 2003. 247p. YASSUDA, E. R. Gestão de Recursos Hídricos: Fundamentos e Aspectos Institucionais. Rev. Adm. Púb., Rio de Janeiro,v. 27,n.2,p. 5-18, abr·jun.1993. 18 EFEITOS DA URBANIZAÇÃO NA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE PEIXES DE RIACHOS DA MATA ATLÂNTICA GUINATO, Rayssa Bernardi1; CETRA, Mauricio2 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Uso de Recursos Renováveis, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e-mail: rayssaguinato@hotmail.com 2 Departamento de Ciências Ambientais, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) RESUMO A busca pela quantificação da biodiversidade é um assunto de extremo interesse para a ecologia e conservação biológica. Atualmente, a avaliação da diversidade sob diversos aspectos é fundamental para ajudar a entender os processos de montagem das comunidades e suas respostas ambientais. O objetivo do presente estudo foi comparar a diversidade funcional dos peixes de riachos inseridos em áreas rurais e urbanas da Mata Atlântica. A diversidade funcional foi estimada a partir dos índices funcionais de riqueza (Fric), equabilidade (Feve), dispersão (Fdis), divergência (Fdiv), especialização (Fspe) e originalidade (Fori). Os índices funcionais de dispersão, especialização e originalidade mostraram-se diferentes entre os dois tipos de riachos, sendo a dispersão funcional maior para os locais rurais e a especialização e originalidade maiores nos riachos urbanos. Com isso, tem-se que, funcionalmente, a especialização e originalidade da ictiofauna dos riachos urbanos indicam a ação de um filtro ambiental ocasionado pela antropização. Palavras-chave: comunidades; ictiofauna; índices; filtros 1 - INTRODUÇÃO Há muito tempo os ecossistemas de todo o planeta vêm sofrendo perturbações antropogênicas, entretanto, atualmente, a humanidade enfrenta problemas ambientais desastrosos devido à deterioração extrema dos recursos naturais e destruição da qualidade de vida (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2013). Os ambientes de água doce encontram-se eminentemente ameaçados pela construção de barragens, uso descontrolado de pesticidas e fertilizantes, destruição da mata ripária, assoreamentos e alterações no fluxo do canal (ROA-FUENTES; CASATTI, 2017). O crescimento de áreas rurais e urbanas afetam diretamente o funcionamento desses ambientes e acabam ocasionando o aumento da vulnerabilidade ambiental, diminuindo a estabilidade local e acarretando na perda da biodiversidade (CASATTI; TERESA, 2012; TERESA; CASATTI; CIANCIARUSO, 2015; TOUSSAINT et al., 2016; ROA-FUENTES; CASATTI, 2017). 19 Diante desse cenário preocupante, quantificar a biodiversidade sob diversos aspectos proporciona respostas mais abrangentes e complementares sobre a estrutura de uma comunidade biológica (CHAO; CHIU; JOST, 2014; TOUSSAINT et al., 2016) e permite utilizar essas informações como ferramentas importantes para subsidiar programas de preservação, conservação e manejo para esses ambientes altamente ameaçados (TOUSSAINT et al., 2016; HENRIQUES et al., 2017). Considerando esse contexto, o objetivo do estudo foi comparar a diversidade funcional dos peixes de riachos inseridos em áreas rurais e urbanas da Mata Atlântica, para entender os efeitos da urbanização nesses ambientes. 2 - METODOLOGIA As coletas foram realizadas em duas sub-bacias da Região Hidrográfica do Paraná: a Bacia do Rio Sorocaba Médio-Tietê, com 18 pontos de coleta amostrados em riachos inseridos em ambientes urbanos (município de Sorocaba) e a Bacia do Alto Paranapanema, com 30 pontos de coleta em riachos inseridos em ambientes rurais. A amostragem foi realizada com equipamento de pesca elétrica, em 2014 e 2016. Percorreu-se uma distância de 70m no sentido jusante - montante em cada trecho de riacho, na sequência de mesohabitat corredeira/rápido/poção. Os peixes coletados foram fixados e identificados. Os exemplares capturados tiveram 4 atributos morfométricos mensurados, que foram adaptadas de FISHER; HOGAN (2007), visando obter medidas relacionadas à alimentaçãoe locomoção das espécies. Através dos atributos morfométricos das espécies gerou-se uma matriz de distância utilizando-se a distância de Gower. O espaço funcional foi gerado a partir de uma análise de coordenadas principais (PCoA) nesta matriz de distância. Para interpretar o espaço funcional, utilizou-se o coeficiente de correlação linear de Pearson (r) entre os quatro atributos morfométricos e cada um dos dois primeiros eixos da PCoA. Para a comparação da diversidade funcional entre os ambientes seis índices de diversidade funcional foram utilizados, com base nos atributos morfométricos e a abundância total de cada espécie, sendo eles: riqueza (Fric), equabilidade (Feve), dispersão (Fdis), divergência (Fdiv), especialização (Feve) e originalidade (Fori) (MOUILLOT et al., 2013). Posteriormente, calculou-se a diferença (deltaaleat) entre os índices funcionais dos riachos rurais e urbanos através de um processo de randomização. A partir dos valores obtidos 20 (deltaaleat) testou-se a hipótese nula de que não há mudança na estrutura funcional das duas comunidades de peixes nos dois tipos de ambientes. Por fim, considerou-se que existe diferença funcional para os ambientes rurais e urbanos quando o deltaobs dos índices fosse menor que 2,5% ou maior que 97,5% de todos os deltaaleat. Todas as análises foram realizadas utilizando a versão 3.3.2 do software R (Development Core Team, 2016), através das funções quality_funct_space, quality_funct_space_fromdist, plot_funct_space e multidimFD (VILLÉGER; MAIRE; MOUILLOT, 2017). 3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram capturados 3926 indivíduos, 1836 provenientes do ambiente rural e 2093 do urbano. Baseado nas características funcionais pode-se interpretar que o espaço funcional apresentou dois gradientes. O eixo 1 representou um gradiente de posição na coluna d’água e hidrodinamismo, com peixes com maior capacidade natatória e nectônicos posicionados na extremidade direita do espaço funcional, sendo representados pelas espécies Hyphessobrycon anisitsi, Poecilia reticulata e Poecilia vivipara, já o eixo 2 indicou que o gradiente está relacionado com o tamanho e natureza dos itens alimentares capturados, com peixes que capturam itens alimentares menores situados no extremo inferior do espaço funcional, como a Poecilia vivipara e Misgurnus anguilicaudatus (Figura 1). Figura 1: Representação do espaço funcional bidimensional gerado pela PCoA, com as espécies vértices e seus respectivos nomes científicos. Fonte: elaborada pelos autores (software R), 2017. 21 Pode-se considerar que não existe diferença funcional entre os ambientes urbanos e rurais quando se leva em consideração a riqueza (Fric), divergência (Fdiv) e equabilidade (Feve). Por outro lado, a dispersão funcional (Fdis) é maior no ambiente rural e a originalidade (Fori) e especialização (Fspe) são maiores no ambiente urbano. O fato de a dispersão funcional ter sido maior para o ambiente rural indica que as espécies desses riachos estão apresentando funções mais diferenciadas por todo o espaço funcional, enquanto que, as espécies presentes nos riachos urbanos são funcionalmente mais parecidas em relação à distribuição de seus atributos funcionais. Diferentemente do que se esperava, a especialização e originalidade funcional com valores mais elevados não são indicadores suficientes de melhor funcionalidade do ambiente. Observou-se a influência de um filtro ambiental nesses riachos urbanos que fez com que a dispersão de funções fosse restrita e acumulada nas espécies com atributos extremos (vértices do espaço funcional), ou seja, as espécies especializadas funcionalmente estão sustentando a maior parte de funções nesses locais urbanizados. 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Os índices funcionais indicaram que os riachos urbanos são funcionalmente mais especializados e originais, mas com a distribuição de suas características funcionais restrita. 5 – REFERÊNCIAS CASATTI, L.; TERESA, F. B. A multimetric index based on fish fauna for the evaluation of the biotic integrity of streams at a mesohabitat scale. Acta Limnologica Brasiliensia, v. 24, n. 4, p. 339–350, 2012. CHAO, A.; CHIU, C.-H.; JOST, L. Unifying species diversity, phylogenetic diversity, functional diversity, and related similarity and differentiation measures through Hill numbers. 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Disponível em: <http://villeger.sebastien.free.fr/FD.html>. 23 EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO COBRE PRESENTE NO SEDIMENTO DO RESERVATÓRIO GUARAPIRANGA-SP EM LARVAS DE CHIRONOMUS SANCTICAROLI PELIZARI, Gisele Pires 1 ; ALBUQUERQUE, Felícia Pereira de 2 ; CARLOS, Viviane Moschini 3, 4 POMPÊO, Marcelo Luiz Martins 4 . 1 Mestranda em Ciências Ambientais, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" -UNESP, e-mail: giselepelzbio@gmail.com 2 Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Ponta Grosa - PR(UEPG); Mestre em Ciências Biológicas área de concentração Entomologia, Universidade Federal do Paraná (UFPR); Doutoranda em Ciências Ambientais, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" -UNESP. 3 4 Professora de Limnologia: Teoria e Aplicações, Instituto de Ciências e Tecnologia (UNESP). 4 Professor Doutor Instituto de Biociências- USP. RESUMO O uso de algicidas a base sulfato de cobre em reservatórios de água na remoção de algas e cianobactérias têm ocasionado o aumento das concentrações de cobre em ecossistemas aquáticos. O aumento das concentrações de cobre pode causar efeitos nocivos e até mesmo a morte dá biota aquática. O objetivo desta pesquisa é avaliar e quantificar a presença de cobre nos sedimentos do reservatório Guarapiranga - SP e os seus efeitos em larvas de Chironomus sancticaroli. Para realização dos experimentos serão coletados sedimentos do reservatório Guarapiranga - SP e levados para o laboratório. No laboratório serão realizadas análises da matéria orgânica, leitura dos metais e bioensaios de toxicidade agudo e crônico com larvas de Chironomus sancticaroli, análises físicas e químicas da água. Após os testes serão feitas análises morfológica para verificar possíveis alterações no mento, teste de bioacumulação de cobre nas larvas, determinação da mortalidade e classificação do sedimento. Palavras chave: Ecossistema aquático; Substância metálica; Macroinvertebrados bentônicos;Teste crônico e agudo. 1 - INTRODUÇÃO A água apesar de ser de fundamental importância vem sendo constantemente degradada (Palaniappan et al., 2013; Ceolin, 2017). Com o lançamento constante de resíduos e de diversas substâncias químicas e principalmente de nutrientes (Esteves, 1998; Kköz, 2017). O enriquecimento dos corpos d’água com nutrientes acabam acelerando o processo de eutrofização dos ecossistemas aquáticos (Souza et al., 2014). Tendo como consequência o aumento de florações de algas e de cianobactérias potencialmente tóxicas (Macedo & Sipaúba-Tavares, 2010). O aumento de algas e de cianobactérias causam alterações na mailto:giselepelzbio@gmail.com 24 qualidade da água prejudicando o seu uso para a irrigação e o abastecimento público (Bishop et al., 2014). O controle das florações de algas e cianobactérias em ecossistema aquático são comumente realizados através do emprego de algicidas à base de sulfato de cobre (Tsai, 2016). O emprego de algicidas a base de sulfato de cobre tem contribuído com aumento do teor de cobre em ambientes aquáticos (Otomo et al., 2015). O cobre em excesso pode causar efeitos tóxicos e até mesmo a morte das espécies aquáticas (Sampaio, 2013). Com intuito de compreender a ação e os efeitos nocivos que essas substâncias metálicas causam, e assim sinalizar o seu potencial risco e o seu mecanismo de ação sobre os organismos, ensaios ecotoxicológicos com organismos bioindicadores vêm sendo empregados em testes de rotina em monitoramentos ambientais (Warren & Haack, 2001). Através dos resultados desses ensaios é possível desenvolver ações preventivas e medidas mitigadoras para essas substâncias químicas (He et al., 2016). Diante do exposto essa pesquisa tem o objetivo avaliar e quantificar a presença de cobre nos sedimentos do reservatório Guarapiranga - SP e os seus efeitos em larvas de Chironomus sancticaroli. 2 - METODOLOGIA 2.1. Área de estudo A área de estudo será o reservatório de Guarapiranga-SP e para realização da pesquisa serão coletadas amostras de sedimento de cinco pontos do reservatório em triplicatas. As amostras serão acondicionadas e conduzidas ao laboratório da UNESP. No laboratório serão feitos a triagem, a remoção da matéria grosseira e armazenadas para posteriores análises. 2.2. Análises do sedimento Para análise da matéria orgânica será separados e colocados uma 1g das amostras de sedimento na mufla a 500°C, por um período de 4 horas. Depois serão pesadas em balança analítica e posteriormente feitos os devidos cálculos. Para determinação de metal biodisponível e pseudo-total, serão separados e secos 1g das amostras de sedimento em estufa a 40 o C por 24 horas e depois serão feitas a digestão ácida (USEPA, 1986) e a leitura em espectrometria de emissão óptica com plasma - ICP OES. 25 2.3. Criação da espécie Chironomus sancticaroli O organismo-teste selecionado Chironomus sancticaroli, será obtido do laboratório de Limnologia - UNESP. Para a preparação do teste agudo serão colocadas massas de ovos em bandejas plásticas (Richardi, 2013) e quando atingirem o III ínstar final e do IV ínstar inicial serão transferidos e mantidos em vidros com água e sedimento do reservatório por 96 horas. Já para a preparação do teste crônico, massas de ovos serão colocadas em placas de petri e depois de quarenta e oito horas as larvas de I ínstar serão separadas e em seguida serão transferidas e mantidas em vidros com água e sedimento do reservatório por um período de 10 dias. Os resultados serão calculados com o método de regressão linear através de programa estático Trimmed Spearman-Karber (Hamilton, 1977). Em todas as análises de ecotoxicidade vão ser realizadas simultaneamente medidas de pH, condutividade, oxigênio dissolvido e temperatura da água dos experimentos (OECD 2004a; OECD 2004b). 2.4. Teste de substância referência Serão feitos testes de referências de acordo com a OECD (2004a; 2004b) e a substância usada será o Cloreto de Potássio (KCl). 2.5. Análises dos resultados Após a realização dos bioensaios de toxicidade agudo e crônico serão feitas análises morfológica para verificar possíveis alterações no mento, teste de bioacumulação de cobre nas larvas, determinação da mortalidade e classificação do sedimento. 3 – REFERÊNCIAS AKKÖZ, C. The determination of some pollution parameters, water quality and heavy metal concentrations of aci Lake (Karapinar / Konya, Turkey). Transylv. Rev. Syst. Ecol. Res. 19.1, "The Wetlands Diversity”. 2017. BISHOP, W. M.; WILLIS, B. E. ; HORTON, C. T. Affinity and Efficacy of Copper Following an Algicide Exposure: Application of the Critical Burden Concept for Lyngbyawollei Control in Lay Lake, AL. Environmental Management, v. 55, p.983–990, 2015. 26 CEOLIN, L. P. W. ; JUNIOR T. R. A.; MORAIS, M. M. Avaliação de impactos ambientais em sistemas aquáticos. Caso de estudo do Rio Órbigo, Espanha. Revista Brasileira de Geografia Física, v.10, n.02, p. 535-542, 2017. ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Rio de Janeiro: Interciência. 1998. 575p. HAMILTON, M. A. RUSSO, R. C.; THURSTON, R. V. Trimmed Spearman – Karber method for estimating median lethal concentrations in toxicity bioassays. Environ. Sci. Technol, Washington, v.11, n. 7, p. 714-719, 1977. HE, Y. ; XU, J. ; GUO, C. LV, J. ; ZHANG, Y. ; MENG, W. Bioassay-directed identification of toxicants in sediments of Liaohe River, northeast China. Environmental Pollution, v. 219 p. 663-671, 2016. MACEDO, C. F.; SIPAÚBA-TAVARES, L. H. 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Disponível em:< http://www.epa.gov/waste/hazard/ testmethods/ sw846/pdfs/3050b.pdf>,Acessado em: agosto, 2017. 28 ELABORAÇÃO DE UMA TIPOLOGIA PARA RESERVATÓRIOS DE SÃO PAULO COM BASE NA DIRETIVA QUADRO DA ÁGUA DA UNIÃO EUROPEIA CARDOSO-SILVA, Sheila 1 ; POMPÊO, Marcelo 2 ; MOSCHINI-CARLOS, Viviane 3 1, Pós-Doutoranda, Instituto de Ciências e Tecnologia (UNESP) e-mail: she.cardosos@gmail.com 2 Professor, Instituto de Biociências (USP), 3 Professor, Limnologia: Teoria e Aplicações, Instituto de Ciências e Tecnologia (UNESP) RESUMO Baseando-se no sistema de gestão de recursos hídricos europeu buscou-se adequar uma tipologia para represas do estado de São Paulo com o intuito de aprimorar a gestão hídrica. Foi testada uma tipologia do tipo B composta por variáveis obrigatórias e facultativas. Análise de agrupamento indicou a formação de quatro grupos de reservatórios. Análise de Componentes Principais indicou no eixo 1 um gradiente ambiental no sentido leste oeste do estado opondo reservatórios de maiores latitudes (autovalor: 0,94) e dimensões (autovalor: 0,84) no oeste e reservatórios pequenos (autovalor: -0,89), de maior altitude, com maior pluviosidade média (autovalor: 0,84) na porção leste. No eixo 2 subtipos foram determinados pela profundidade média (autovalor: 0,76) e pela longitude (autovalor: 0,49). Os dados sugerem a necessidade de gerir estes sistemas de maneira distinta, pois, naturalmente diferem entre si. A tipologia apresentada revela-se como uma importante ferramenta para o estabelecimento de políticas públicas. Palavras-chave: gestão; recursos hídricos; classificação 1 - INTRODUÇÃO A Diretiva Quadro da Água (DQA), o modelo de gestão de recursos hídricos europeu, é um sistema que apresenta caráter inovador, pois, o foco da gestão não está no uso que se faz da água, mas, na qualidade ecológica do corpo hídrico (CARDOSO-SILVA et al, 2013). A DQA tem como objetivo proteger e restaurar todos os corpos hídricos da União Europeia, buscando atingir um ‘bom’ estado químico e ecológico (CARDOSO-SILVA et al, 2013). No ‘bom estado’ as condições biológicas e de qualidade da água não apresentam desvio ou possuem ligeiro desvio em relação às condições de referência do corpo hídrico (CARDOSO- SILVA et al, 2013). A DQA estabelece como primeira etapa o estabelecimento de uma tipologia. A aplicação da tipologia parte do princípio, de que massas de água com características ecológicas semelhantes apresentam um conjunto semelhante de habitat, comunidades 29 biológicas e funcionamento similar. O objetivo da definição inicial de tipos ecológicos de massas de água é permitir que fosse corretamente estabelecidas condições de referência (LANGHAMMER et al., 2012) e que sejam comparáveis as classificações de estado ecológico, dentro de cada categoria de ecossistemas com características semelhantes (LANGHAMMER et al., 2012). Desta forma, as condições de referência são estabelecidas para cada categoria de tipos e não para cada corpo hídrico em particular no intuito de simplificar a gestão. A DQA recomenda, para cada grupo de ecossistemas aquáticos: rios, lagos, águas de transição e águas costeiras, uma classificação que pode seguir dois sistemas distintos A e B (anexo II da DQA- EC, 2000). Esta classificação é baseada em condições climáticas, geológicas, morfológicas e hidrológicas, e o que se espera é que condições abióticas distintas possuam características, biológicas e ecológicas distintas. A escolha da metodologia dos sistemas A ou B é uma decisão dos Estados Membros. O sistema A é composto por uma série de variáveis obrigatórias e categorizadas, produzindo tipos distintos de massas de água, e o sistema B, além das variáveis obrigatórias elenca uma série de variáveis facultativas. O sistema A, por exigir um menor número de variáveis, é de mais fácil implantação. O sistema B só é utilizado quando a tipologia determinada pelo tipo A não resultar em uma tipologia adequada para o estabelecimento das condições de referência. A definição da tipologia tem se mostrado uma etapa importante, por permitir que gestores e a população compreendam melhor as diferenças naturais nas comunidades aquáticas e consequentemente diferenças nas medidas de restauração (HERING et al., 2010). Este trabalho trata da tentativa de adequar uma tipologia para represas do estado de São Paulo. Uma tipologia do tipo A foi testada previamente, porém, revelou-se impraticável e sem aplicação possível no caso de São Paulo. Neste trabalho foi testada uma tipologia do tipo B, introduzindo variáveis específicas para reservatórios. 2 - METODOLOGIA Foram selecionados 49 reservatórios do estado de São Paulo monitorados pela agência ambiental local, a CETESB (Companhia de Saneamento Ambiental). O sistema B aplicado incluiu como variáveis obrigatórias: longitude (Log), latitude (Lat) e altitude (Alt) (Google Earth), dimensão (Dim) e profundidade média (Z) (Comitê Brasileiro de Barragens- CBDB http://www.cbdb.org.br/site/index.asp). Como variável facultativa foi selecionada a http://www.cbdb.org.br/site/index.asp 30 precipitação anual média (Ppc) (série histórica- DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica- http://www.hidrologia.daee.sp.gov.br/). Como variável específica para reservatórios utilizou-se o tamanho da área da bacia de drenagem (Adr). Para observação da formação de grupos foi utilizada análise estatística multivariada de agrupamento (distância euclidiana- método Ward). Foi aplicada também Análise de Componentes Principais com base numa matriz de correlações (LEGENDRE, LEGENDRE, 1998). Previamente às análises os dados foram padronizados pelo método de escores Z. 3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES No Sistema B o arranjo da ACP indicou que 67,42% da variância total dos dados é explicada por duas componentes principais. A ACP (Fig 2) opôs no primeiro eixo reservatórios de maiores latitudes (autovalor: 0,94) e dimensões (autovalor: 0,84) localizados no oeste do estado a reservatórios pequenos, de maior altitude (autovalor: -0,89) e com maior pluviosidade média (autovalor: 0,84) na porção leste. Tudo indica, portanto, a existência de dois tipos ecológicos principais relacionados com a dimensão da massa de água e da bacia de drenagem, e subtipos determinados pela profundidade média (autovalor: 0,76) e pela longitude (autovalor: 0,49) (gradientes secundários expressos no 2º eixo). A análise de cluster permitiu a observação de 4 tipos de represas. Os dados sugerem que a aplicação do sistema B é mais adequada do que o sistema A isto porque este último sistema classificou como semelhantes alguns reservatórios sabidamente distintos. O gradiente abiótico observado no sentido leste oeste do estado, evidente principalmente pelo uso do sistema B, mostra a necessidade de se instaurar maneiras específicas para gerenciar estes corpos hídricos. A informação é reforçada pelo fato deste gradiente coincidentemente refletir os diferentes usos e impactos que as bacias hidrográficas são majoritariamente expostas. Reservatórios do tipo I em geral apresentam-se em bacias hidrográficas predominantemente industrializadas, reservatórios do tipo II em áreas em processo de industrialização e reservatórios tipo III e IV em bacias com predomínio de atividades agrícolas, conforme Anexo III da Lei Estadual 9034/1994. Os reservatórios do tipo I estão localizados numa região predominantemente industrializada com um dos maiores adensamentos populacionais do país. Nesta categoria de reservatórios inserem-se, por exemplo, os reservatórios Billings e Guarapiranga, importantes http://www.hidrologia.daee.sp.gov.br/ 31 mananciais para o abastecimento público com registro de contaminação por metais e fármacos e problemas associados à eutrofização (LÓPEZ DOVAL et al., 2017). Figura 01: Ordenação com base na análise de Componentes Principais (PCA) de 49 reservatórios do estado de São Paulo. Fonte: Autoria, 2017.Figura 02: a) Análise de agrupamento (distância euclidiana; método Ward) (a) e distribuição espacial (b) para 49 reservatórios do estado de São Paulo segundo sistema B. a) b) Fonte: Autoria, 2017. Os reservatórios categorizados como tipo II, apresentam-se em bacias hidrográficas em geral em fase de industrialização e, portanto, sujeitas a diversos impactos antrópicos. Diversos trabalhos apontam para a degradação destes reservatórios, com diversos relatos sobre o processo de eutrofização (TUNDISI et al, 2013; BUZELLI et al., 2013). Reservatórios tipo III e IV estão localizados em bacias hidrográficas predominantemente 32 ocupadas por atividades agrícolas, muitos deles são utilizados para a geração de energia hidrelétrica. Os reservatórios do tipo IV englobam apenas os reservatórios de Porto Primavera e Ilha Solteira, com as maiores dimensões e volume registrados. Ambos foram construídos ao longo do rio Paraná para geração de energia hidrelétrica. 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS O estabelecimento de uma tipologia pode contribuir de maneira significativa nos processos de gestão dos recursos hídricos. O trabalho apresentado revela-se como uma importante ferramenta para o estabelecimento de políticas públicas com a possibilidade de estreitar o diálogo entre a comunidade científica e os gestores no intuito de garantir a sustentabilidade dos corpos hídricos. 5 - REFERÊNCIAS BUZELLI, G.M.; DA CUNHA-SANTINO, M.B. Diagnosis and analysis of water quality and trophic state of Barra Bonita reservoir, SP. Rev Amb Água, v. 8, n.1, p. 186–205, 2013. CARDOSO-SILVA, S.; FERREIRA, T.; POMPÊO, M.L.M. Diretiva Quadro da Água: uma revisão crítica e a possibilidade de aplicação ao Brasil, Ambient Soc, v.16, n.1, p.39–58, 2013. HERING, D., et al. The European Water Framework Directive at the age of 10: A critical review of the achievements with recommendations for the future. Sci Total Environ, v.408, p.4007–4019, 2010. LANGHAMMER, J et al. The variability of surface water quality indicators in relation to watercourse typology, Czech Republic. Environ Monit Assess, v.184, p.3983–3999, 2012. LEGENDRE, P.; LEGENDRE, L. Numerical Ecology. Amsterdam: Elsevier Science, 1998. LÓPEZ-DOVAL J.C., et al. Nutrients, emerging pollutants and pesticides in a tropical urban reservoir: Spatial distributions and risk assessment. Sci Tot Env, v. 575, p. 1307-1324, 2017. TUNDISI, J. 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Testemunhos sedimentares foram coletados nos reservatórios do Broa, Barra Bonita e Atibainha e fatiados em intervalos de 2 cm. Os testemunhos foram datados com 210 Pb, método alfa e modelo CRS (Constant Rate of Supply). Os perfis sedimentares analisados abrangeram o período anterior e posterior de operação dos reservatórios. As taxas de sedimentação tenderam a aumentar ao longo do tempo em todos os reservatórios amostrados. O aumento observado nas taxas de sedimentação foram vinculados a uma série de fatores como a eutrofização, alterações no regime climático e aos usos e ocupação do solo na bacia hidrográfica como a expansão urbana. Palavras-chave: datação; sedimentos; paleolimnologia 1 - INTRODUÇÃO A datação, que é o conjunto de datas de deposição das diferentes camadas sedimentares de uma dada coluna sedimentar ou testemunho, é uma das primeiras e mais importantes etapas em estudos de reconstituição paleoambiental (FERREIRA et al., 2008). Sem uma datação confiável, o tempo correto dos eventos ocorridos não pode ser estabelecido (FERREIRA et al., 2008). Existe uma variedade de técnicas para se determinar idades absolutas, incluindo métodos de datação radiométricos e métodos químicos (COHEN, 2003). Cada técnica é adotada dependendo dos objetivos a serem atingidos. Para sedimentos recentes, as datações com 210 Pb são as mais utilizadas pois englobam em média um período de cerca de 150 anos (NOLLER, 2000). 34 A geocronologia a partir do 210 Pb é baseada no princípio do decaimento radioativo. O 210 Pb presente na coluna sedimentar diminui com a profundidade devido ao seu decaimento radiativo para 210 Bi. A variação dessa diminuição fornece informações para o cálculo da taxa de sedimentação, uma vez que as camadas de sedimento são formadas com regularidade cronológica que permitem sua datação (FIGUEIRA et al, 2007). Existem diversos modelos que podem ser utilizados na datação de um testemunho. Dois modelos tradicionalmente empregados em estudos paleolimnológicos são o CRS (Constant rate of Supply- taxa constante de suprimento) e o CIC (Constant Initial Concentration - Concentração Inicial Constante) (SMOL, 2008). O modelo CIC é de fácil aplicação e não necessita da informação referente ao inventário total de 210 Pb não-suportado e da porosidade do sedimento, informações necessárias para a aplicação do modelo CRS (SHUKLA; JOSHI, 1989). A grande vantagem do modelo CRS é ser aplicável em ambientes cuja taxa de sedimentação varia ao longo do tempo (APPLEBY, OLDFIELD, 1978). O objetivo deste trabalho é efetuar a datação de três reservatórios no estado de São Paulo e utilizando as taxas de sedimentação obtidas, discutir os impactos decorrentes das atividades na bacia hidrográfica. 2 - METODOLOGIA Foram coletados três testemunhos sedimentares em três reservatórios diferentes: Broa (Br), Barra Bonita (BB) e Atibainha (At). Cada testemunho foi fatiado em intervalos de 2 cm. Exceto em Barra Bonita (BB) onde as primeiras fatias tinham 4 cm. As fatias foram numeradas em ordem crescente a partir do topo do núcleo até a parte inferior. Os testemunho do Broa apresentou uma profundidade total de 36 cm, o de Barra Bonita 32 cm e o testemunho do reservatório Atibainha (At) uma profundidade total de 20 cm. Em laboratório os sedimentos foram secos em estufa a 50°C e macerados com auxílio de almofariz e pistilo. Entre 10 e 15 g de sedimento de cada amostra foram destinados à datação e encaminhadas ao laboratório multiusuário da Universidade de Valência (Espanha). As amostras permaneceram por pelo menos 20 dias em repouso para que o 210 Pb entrasse em equilíbrio radioativo com o 222 Rn. A contagem das emissões alfa decorrentes do decaimento radiativo foram feitas em espectrômetro alfa (Alpha Analyst, Canberra). As amostras foram submetidas a ataque químico (CAZOTTI, et al., 2008). Para o cálculo da idade, em função da profundidade foi utilizado o modelo CRS (Constant Rate of Supply) (APPLEBY, OLDFIELD, 1978). 35 3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES A análise do decaimento do 210 Pb por espectrometria alfa nos reservatórios Atibainha, Barra Bonita e Broa apresentou-se adequada para fornecer informações tanto sobre as taxas de sedimentação quanto para o cálculo da datação. Os perfis sedimentares analisados abrangeram o período anterior e posterior de operação dos reservatórios. As taxas de sedimentação tenderam a aumentar ao longo do tempo em todos os reservatórios amostrados, comtaxas mais baixas no período anterior à operação dos mesmos. As taxas de sedimentação nas represas Atibainha (0,33±0,13 cm/ano) e Barra Bonita (0,34±0,18 cm/ano), apresentaram valores médios semelhantes entre si durante o período em que entraram em operação, em oposição à represa do Broa cuja taxa média de sedimentação foi mais elevada (0,57±0,30 cm/ano). No reservatório Atibainha as mais elevadas taxas de sedimentação foram registradas nas camadas superficiais referentes aos anos de 2012 (0,48 cm/ano) e 2015 (0,48 cm/ano). No reservatório Barra Bonita os picos de sedimentação também ocorreram nas camadas superficiais entre nos anos de 2011 (0,73 cm/ano) e 2015 (0,41 cm/ano). Para o reservatório do Broa a partir do final da década de 70 a sedimentação tendeu a aumentar, com os mais elevados teores nos anos de 1992 (0,92 cm/ano), 2014 (0,75 cm/ano) e 2015 (1,14 cm/ano). O aumento observado nas taxas de sedimentação pode estar vinculado a uma série de fatores como a eutrofização (ZHANG et al., 2016), alterações no regime climático e aos usos e ocupação do solo na bacia hidrográfica como a expansão urbana (FÁVARO et al., 2007). Referente à eutrofização todas as represas avaliadas apresentam impactos relacionados ao aumento da trofia, em menor ou maior grau, o que poderia justificar o aumento registrado ao longo do tempo nas taxas de sedimentação. Na represa de Barra Bonita (BUZELLI, CUNHA- SANTINO, 2013) o processo de eutrofização é reconhecido há alguns anos. O reservatório Atibainha, embora pertença ao Sistema Cantareira, um conjunto de reservatórios multi- sistema cuja qualidade da água é reconhecida como boa (WHATELY, CUNHA, 2006; CETESB, 2015), tem passado por oscilações ao longo do ano entre a oligo e a eutrofia (CETESB, 2015), sugestivo do aumento do aporte de nutrientes ao longo da sua bacia hidrográfica. No reservatório do Broa, há indícios de episódios ocasionais de aumento nos teores de nitrogênio e fósforo que levam a uma mudança na trofia oligotrófica para mesotrófica (TUNDISI, MATSUMURA-TUNDISI, 2013). Há inclusive o registro de florações da cianobactéria Cylindrospermopsis raciborskii (TUNDISI et al., 2015). 36 Em relação às alterações no regime climático sabe-se que aumentos nas taxas de sedimentação estão associados aos períodos chuvosos (FÁVARO et al., 2007). Nos reservatórios Atibainha e Barra Bonita, a camada superficial, referente ao ano de 2015 apresentou ligeira diminuição na taxa de sedimentação em relação à camada imediatamente anterior. Esta diminuição na taxa de sedimentação pode estar vinculada à crise hídrica observada para todo o estado de São Paulo causada pela intensa estiagem no período de 2014 e 2015. No Sistema Cantareira, por exemplo, houve a necessidade de se utilizar o volume- morto dos reservatórios Jaguari e Jacareí, localizados à montante do reservatório Atibainha, para que o Sistema continuasse em operação, justificando, portanto, as alterações na taxa de sedimentação para o período observado neste último reservatório. Para o reservatório Atibainha, além do processo de eutrofização, a supressão de áreas de Mata Atlântica no período de 1989 a 2003 (15,2%) em sua bacia hidrográfica (WHATELY, CUNHA, 2006) pode ter levado ao aumento dos processos erosivos na região e consequentemente ter favorecido o aumento das taxas de sedimentação ao longo do tempo. As intensas transformações nos padrões de uso e ocupação do solo nos reservatórios de Barra Bonita (BUZELLI, CUNHA-SANTINO, 2013) e Broa (TUNDISI, MATSUMURA- TUNDISI, 2013), principalmente a partir das décadas de 70, 80 e 90, podem tornar estas áreas vulneráveis ao assoreamento, justificando, portanto, o aumento das taxas de sedimentação. 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise do decaimento do 210 Pb por espectrometria alfa e o uso do modelo CRS mostrou-se eficiente em determinar as taxas de sedimentação e a geocronologia nos reservatórios Atibainha, Barra Bonita e Broa. O aumento ao longo do tempo nas taxas de sedimentação esteve associado principalmente a atividades antrópicas como o aumento do processo de eutrofização e o aumento dos usos e ocupação do solo. Ainda é necessário aprofundar o levantamento histórico nas bacias hidrográficas dos reservatórios avaliados para melhor compreender os eventos que possam ter ocasionado às alterações no processo de sedimentação. 5 - REFERÊNCIAS APPLEBY, P. G.; OLDFIELD, F. The calculation of lead-210 dates assuming a constant rate of supply of unsupported 210 Pb to the sediment. Catena, v. 5, p. 1–8, 1978. 37 BUZELLI, G. M.; CUNHA-SANTINO, M. B. Análise e diagnóstico da qualidade da água e estado trófico do reservatório de Barra Bonita, SP. Rev Ambient Água, v.8, n.1 p.186– 205, 2013. CETESB - Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Relatório de qualidade das águas interiores do Estado de São Paulo 2015. Relatório Técnico. São Paulo, 2016. FÁVARO, D. I. T.; DAMATTO, S. R.; MOREIRA, E.G.; MAZZILLI, B. P.; CAMPAGNOLI, F. Chemical characterization and recent sedimentation rates in sediment cores from Rio Grande reservoir, SP, Brazil. J Radioanal Nucl Chem, v. 273, n.2, p. 451– 463, 2007. TUNDISI, J. E.; MATSUMURA-TUNDISI, T. The ecology of UHE Carlos Botelho (Lobo/Broa reservoir) and its watershed, São Paulo, Brazil. Freshw Biol, v. 6, p.75– 91, 2013. TUNDISI, J. G; MATSUMURA-TUNDISI, T; TUNDISI, J. E. M.; BLANCO, F. P.; ABE, D.S.; CONTRI CAMPANELLI, L.; SIDAGIS GALLI, G; SILVA, V. T.; LIMA, C. P. P. A bloom of cyanobacteria (Cylindrospermopsis raciborskii) in UHE Carlos Botelho (Lobo/Broa) reservoir: a consequence of global change? Braz. J. Biol, v.75, p. 507– 508, 2015. WHATELY, M.; CUNHA, P. M. Cantareira 2006: Um olhar sobre o maior manancial de água da Região Metropolitana de São Paulo- Resultados do Diagnóstico Socioambiental Participativo do Sistema Cantareira. São Paulo: Instituto Sócio Ambiental, 2007. ZHANG, Y et al. Temporal variation of sedimentation rates and potential factors influencing those rates over the last 100 years in Bohai Bay, China. Sci Tot Environ, v. 572, p. 68–76, 2016. 38 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO E DIVERSIDADE FITOPLANCTÔNICA NO RESERVATÓRIO DE ITUPARARANGA (VOTORANTIM-SP) MACHADO, Leila dos Santos 1 ; MOSCHINI-CARLOS, Viviane 2 1 Mestra em Ciências Ambientais, UNESP Sorocaba, e-mail: leila_snt@hotmail.com 2 Departamento de Engenharia Ambiental, UNESP Sorocaba RESUMO O objetivo deste trabalho foi comparar a trofia no reservatório de Itupararanga juntamente com a variação dos índices de diversidade da comunidade fitoplanctônica, no município de Votorantim-SP. Para isso, foram coletadas amostras de água em sete pontos ao longo do reservatório, para análise qualitativa de parâmetros físico-químicos e fitoplâncton. Foi calculado o índice de estado trófico e os índices de diversidade, também foram determinados os valores de riqueza e densidade fitoplanctônica total, para os locais amostrais. Os resultados indicaram que o reservatório encontra-se eutrofizado, de modo que a região da barragem destacou-se como supereutrófica. Contudo, esta condição não resultou na diminuição dos índices de diversidade, como esperava-se, sugerindo que nem sempre alta trofia pode ser o fator redutor de diversidade nestes ambientes. Palavras-chave: eutrofização, fitoplâncton, mananciais, IET. 1 - INTRODUÇÃO A problemática gerada por conta da ocupação desordenada no entorno reservatórios tem reduzido a área de vegetação ciliar e, em muitos locais, assim como no reservatório de Itupararanga, o cultivo de hortaliças, pastagens, condomínios, chácaras, etc., substituíram esta área de proteção natural (ROSA et al., 2015). Todos estes fatores caracterizam uma alta pressão antrópica, à qual os reservatórios estão condicionados, devido a sua utilização para diversas finalidades. Tais fatores podemacelerar processos de eutrofização; que pode ter origem natural e ocorrer de forma lenta (TUNDISI, 1991). Contudo na situação atual, esse processo é essencialmente de caráter cultural, acelerado pelo aporte contínuo de nutrientes. Neste contexto, o fenômeno da eutrofização é uma ameaça potencial aos ecossistemas aquáticos, principalmente, nos mananciais. Por conta disso, a alteração da qualidade da água é um problema recorrente, já que os teores de nutrientes e outros parâmetros físico-químicos estão vulneráveis à frequentes variações, propiciando condições favoráveis à ocorrência de florações fitoplanctônicas (RODRIGUES, SANT’ANNA e mailto:leila_snt@hotmail.com 39 TUCCI, 2010). Além disso, a composição da comunidade fitoplanctônica é sensível às estas variações e, em caso de eutrofização, características como diversidade, riqueza, dominância e equabilidade da comunidade podem sofrer alterações (REYNOLDS, 2006). O índice de estado trófico (IET) (LAMPARELLI, 2004) é uma ferramenta importante na caracterização da qualidade da água em reservatórios e tem sido amplamente utilizados em estudos para este fim. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi comparar a trofia no reservatório de Itupararanga juntamente com a variação dos índices de diversidade da comunidade fitoplanctônica, no município de Votorantim-SP. 2 - METODOLOGIA O reservatório de Itupararanga é formado pelo represamento das águas do rio Sorocaba dentro do município de Votorantim (Figura 1). A área de drenagem é bastante extensa (936,51 km) abrangendo os municípios de Ibiúna, Piedade, São Roque, Mairinque, Alumínio e Votorantim. Aproximadamente 63 % da água do reservatório é destinada ao abastecimento público (cerca de 800.000 pessoas) de cidades como Sorocaba, Votorantim, Mairinque, Alumínio e Piedade (ROSA et al., 2015). Figura 01: Localização do Reservatório de Guarapiranga e pontos de coleta. Fonte: Frascareli et al., 2015. Foram coletadas amostras de água em sete pontos (Figura 1) para análise qualitativa de parâmetros físico-químicos e fitoplâncton, no mês de dezembro de 2016. Para o calculo do IET foram utilizados dados das variáveis ambientais de clorofila e fósforo total, aplicados ao índice de Lamparelli (2004) para reservatórios. Para análise quantitativa do fitoplâncton, amostras integradas de água foram coletadas por meio de uma mangueira plástica, e fixadas 40 com lugol acético a 1%. A identificação foi realizada utilizando literatura usual de acordo com os grupos fitoplanctônicos. A contagem foi efetuada segundo o método descrito por Utermöhl (1958). Os índices de diversidade de Shannon (H) e Equabilidade (J) foram calculados por meio do software Past 3 ® (HAMMER et al., 2001). 3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1. Índice de estado trófico A ponderação dos dados de fósforo e clorofila no calculo do IET, indicou que o reservatório encontra-se eutrofizado, de modo que o ponto amostral p1 ficou caracterizado como Supereutrófico, indicando uma qualidade da água nesta região é ainda mais degradada (Tabela 1). É provável que esta baixa qualidade esteja relacionada ao fato deste local representar a região da barragem, onde a matéria orgânica e os nutrientes tendem a estarem mais concentrados em relação ao restante da área da barragem (TUNDISI, 1991). Tabela 1: Valores de clorofila e fósforo total e índice de estado trófico calculado para o reservatório de Itupararanga. Fonte: Autoria, 2017. 3.2. Composição da comunidade fitoplanctônica No local p6 foram identificados os maiores valores de densidade (Figura 2), em contrapartida, este local assim como p5 e p7 tiveram os menores valores de diversidade (H=1,98, 1,80 e 1,6, respectivamente) e equabilidade (J= 0,56, 0,52 e 0,48, respectivamente). Ao contrário do que normalmente se espera, no ambiente caracterizado como supereutrófico, foram constatados os maiores valores de diversidade (H= 2,698), equabilidade (J= 0,7416) e riqueza (S= 38), e menores valores de densidade (<5,0 6 ) conforme apresentado nas figuras 2, 3, 4 e 5. Contudo Reynalds (2006) sugere que ambientes eutrofizados, onde há maior 41 disponibilidade de nutrientes, podem favorecer a dominância de algumas espécies mais adaptadas a tais características. Fato que não observado pelo presente estudo. Figura 02: Densidade dos organismos fitoplanctônicos (cel mL -1 ) por local amostral. Fonte: Autoria, 2017. Figura 03: Riqueza de espécies por local (S) por local. Fonte: Autoria, 2017. Figura 04: Índice de Equabilidade de Pielou (J) por local. Fonte: Autoria, 2017. 42 Figura 05: Índice de diversidade de Shannon (H) por local. Fonte: Autoria, 2017. 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise comparativa entre os dados de diversidade e IET não evidenciou uma variação expressiva nos dados quanto à influência da trofia nos índices de diversidade, indicando que nem sempre a alta trofia representará obrigatoriamente um ambiente de baixa diversidade. Contudo, sugere-se que uma nova comparação seja feita, considerando a biomassa fitoplanctônica e não apenas a densidade, já que para o calculo do IET é realizada a ponderação entre clorofila-a e o fósforo total. Portanto, a densidade e a biomassa podem apresentar padrões de variação diferentes, podendo levar interpretações distintas se comparadas à variação do IET. 5 - REFERÊNCIAS FRASCARELI, D.; BEGHELLI, F. G. S.; SILVA, S. C.; CARLOS, V. M. Heterogeneidade espacial e temporal de variáveis limnológicas no reservatório de Itupararanga associadas com o uso do solo na Bacia do Alto Sorocaba-SP. Revista Ambiente & Água, v.10, n.4, p.770- 781, 2015. HAMMER Ø; HARPER, D. A. T.; RYAN, P. D. PAST Paleontological statistics software package for education and data analysis. Paleontologia Eletrônica. v. 4, n. 1, p.9, 2001. LAMPARELLI, M. C.. Grau de trofia em corpos d'água do estado de São Paulo: avaliação de métodos de monitoramento. 2006. 535 f. Tese (Doutorado em Ciências na área de Ecossistemas Terrestres e Aquáticos). Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. São Paulo - SP, 2004. REYNOLDS, C. S. Ecology of phytoplankton. Cambridge: Cambridge University Press, 2006, 535p. 43 RODRIGUES, L. L.; SANT’ANNA, C. L.; TUCCI, A.. Chlorophyceae das Represas Billings (Braço Taquacetuba) e Guarapiranga, SP, Brasil. Revista Brasil. Bot., v.33, n.2, p.247–264, abr.- jun. 2010. ROSA, A. H.; SILVA, A. A. M. J.; MELO, C. A.; MOSCHINI-CARLOS, V.; GUANDIQUE, M. E. G.; FRACETO, L. F.; LOURENÇO, R. W. Environmental diagnosis and evaluation of land use and occupation aimed at the sustainability of Itupararanga Dam, important area of the Middle Tietê Basin. In: POMPÊO, et al Ecology of reservoirs and interfaces. 1ed.São Paulo: IB-USP, p. 212–231, 2015. TUNDISI, J. G. A importância do controle liminológico para o abastecimento de água. In: Seminário internacional sobre Eutrofização e Abastecimento de Água, 25 a 29 de maio, 1991. UTERMOHL, H. Zurvervollkommnung der quantitativen phytoplankton-methodik. Mitteilungen Internieationale Vereinigungfür Theoretische und Angewandte Limnolo, v.9, p.1–38, 1958. 44 VALIDAÇÃO DE MÉTODO ANALÍTICO PARA ANÁLISE DE PIGMENTOS FOTOSSINTÉTICOS EM SEDIMENTOS MIZAEL, Juliana de Oliveira Soares Silva 1 ; SILVA, Sheila Cardoso 2 ; FRASCARELI, Daniele 3 ; POMPEO, Marcelo 4 ; CARLOS, Viviane Moschini 5 1,3 Doutoranda, Instituto de Ciências e Tecnologia (UNESP), e-mail: juliana.oliveirass@yahoo.com.br 2 Pós-Doutoranda, Instituto de Ciências e Tecnologia (UNESP) 4,5 Professor, Limnologia: Teoria e Aplicações, Instituto de Ciências e Tecnologia (UNESP) RESUMO Estudos de reconstituição paleoambiental fornecem uma condição pretérita do ecossistema aquático através da utilização de bioindicadores,
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