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2017-tese-javasconcelosneto


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE MEDICINA 
DEPARTAMENTO DE CIRURGIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICO-CIRÚRGICAS 
 
 
 
 
 
JOSÉ ANANIAS VASCONCELOS NETO 
 
 
 
 
 
 
ASSOCIAÇÃO CLÍNICA DOS SINTOMAS DEFECATÓRIOS EM 
MULHERES COM DISFUNÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2017 
 
JOSÉ ANANIAS VASCONCELOS NETO 
 
 
 
 
 
 
 
ASSOCIAÇÃO CLÍNICA DOS SINTOMAS DEFECATÓRIOS EM MULHERES 
COM DISFUNÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO 
 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
Stricto Sensu em Ciências Médico-Cirúrgicas da 
Faculdade de Medicina da Universidade Federal 
do Ceará, como requisito parcial para obtenção 
do grau de Doutor em Ciências Médico-
Cirúrgicas. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Sthela Maria Murad 
Regadas. 
Coorientador: Prof. Dr. Leonardo Robson 
Pinheiro Sobreira Bezerra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2017 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ ANANIAS VASCONCELOS NETO 
 
 
 
 
 
ASSOCIAÇÃO CLÍNICA DOS SINTOMAS DEFECATÓRIOS EM MULHERES 
COM DISFUNÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO 
 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
Stricto Sensu em Ciências Médico-Cirúrgicas, da 
Faculdade de Medicina, da Universidade Federal 
do Ceará, como requisito parcial para obtenção 
do grau de Doutor em Ciências Médico-
Cirúrgicas. 
 
 
Aprovada em: ___/___/______. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
________________________________________________ 
Prof. Dr. Jorge Milhem Haddad 
Universidade de São Paulo (USP) 
 
________________________________________________________ 
Dra. Andreisa Paiva Monteiro Bilhar 
Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC) 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. Lusmar Veras Rodrigues 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. Leonardo Robson Pinheiro Sobreiro Bezerra 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
_________________________________________ 
Profa. Dra. Sthela Maria Murad Regadas (Orientadora) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, Teles de Menezes (in memorian) 
e Tânia de Menezes. 
À minha esposa, Camila Vasconcelos. 
Aos meus filhos, Benjamin e Ananias Filho. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao Prof. Dr. LUSMAR VERAS RODRIGUES, professor titular do Departamento de 
Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e Coordenador do 
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu de Ciências Médico-Cirúrgicas da Universidade 
Federal do Ceará, pela competência e sabedoria com que desenvolve suas atividades neste 
programa. 
 
À Profa. Dra. STHELA MARIA MURAD-REGADAS, professora associada do 
Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, por toda 
dedicação, presteza e humildade. Características estas raríssimas em orientadores de seu porte. 
Sinto-me muito honrado por ter tido este privilégio. Aprendi preciosas lições que repassarei aos 
meus alunos. 
 
Ao Prof. Dr. LEONARDO ROBSON PINHEIRO SOBREIRA BEZERRA, professor 
associado do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do 
Ceará, pela coorientação sábia, diligente e aplicada. A minha gratidão ultrapassa o cenário da 
pós-graduação, pois tudo que aprendi da uroginecologia foi devido ao seu espírito altruísta e 
generoso. 
 
Ao Prof. Dr. JORGE MILHEM HADDAD, professor da disciplina de Ginecologia e 
chefe do Setor de Uroginecologia do HcFmusp, por suas valiosas contribuições tanto nesta tese, 
quanto em minha vida profissional. Exemplo de humildade, mesmo com tantos títulos 
conquistados. Arquétipo de líder, cuja semelhança almejo, um dia, alcançar. 
 
À prof. Dra. ANDREISA PAIVA MONTEIRO BILHAR, médica assistente e 
coordenadora do serviço de Uroginecologia da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, pelas 
preciosas colaborações. Profissional extremamente competente e que, apesar da mocidade, 
carrega dentro de si uma sabedoria e experiência sem iguais. 
 
A todos os colegas do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), na pessoa da Dra. LIANA 
RABELO CAVALCANTE, chefe do serviço de Ginecologia do HGF, verdadeira incentivadora 
de todos os sonhos que trilho neste hospital. 
 
 
Às secretárias da Pós-graduação em Ciências Médico-Cirúrgicas da Universidade 
Federal do Ceará/UFC, Sras. MARIA LUCIENE VIEIRA DE OLIVEIRA e MAGDA MARIA 
GOMES FONTENELE, pelo carinho, eficiência e dedicação indiscutíveis aos mestrandos e 
doutorandos deste programa de pós-graduação. 
 
A todos os membros do Grupo Cearense Interdisciplinar de Uroginecologia e 
Disfunções do Assoalho Pélvico por todo apoio que ofereceram a mim. 
 
Às pacientes do ambulatório de Uroginecologia do Hospital Geral de Fortaleza e do 
Hospital Geral dr. Cesar Cals, pela aceitação em participar deste trabalho científico, sem os quais 
isto não seria possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda 
não sabe como convém saber.” 
I Coríntios 8,2 
 
RESUMO 
 
Associação clínica dos sintomas defecatórios em mulheres com disfunção do 
assoalho pélvico. José Ananias Vasconcelos Neto. Pós Graduação Stricto Sensu de Ciências 
Médico-Cirúrgicas, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (Tese de 
doutorado). Maio, 2017. Orientadora: Profa. Dra. Sthela Maria Murad Regadas. 
Introdução: Os prolapsos de parede vaginal posterior têm sido frequentemente implicados com 
sintomas defecatórios, porém os dados são controversos. Objetivos: Avaliar a associação e 
correlação das medidas do ponto de Bp, do corpo perineal (CP) e do hiato genital (HG) com 
constipação, incontinência anal, severidade dos sintomas e qualidade de vida. Métodos: As 
pacientes foram distribuídas em 2 grupos de acordo com o ponto Bp da parede vaginal posterior 
(POP-Q): Um grupo sem prolapso da parede vaginal posterior (Grupo de Controle = Bp ≤ -1) e 
um com prolapso da parede vaginal posterior (Grupo de Caso = Bp ≥ 0). A qualidade de vida 
(SF-36) foi comparada entre os grupos. Foram também calculadas as correlações entre o 
estadiamento do prolapso posterior (Bp, HG, CP e HG+CP) e a gravidade dos sintomas 
intestinais. Resultados: Foram avaliadas 613 mulheres, sendo 174 incluídas (Grupo de Controle 
= 69 / 39,7%, Grupo de Casos = 105 / 60,3%). Os grupos foram semelhantes nas seguintes 
características: incontinência anal, urgência fecal e/ou constipação. Não houve correlação entre 
a gravidade da constipação ea incontinência anal, de acordo com os escores de Wexner, e a 
gravidade do prolapso da parede vaginal posterior (ponto Bp). Houve, no entanto, diferenças 
estatisticamente significativas entre os grupos quando comparadas as medidas de CP, HG e 
HG+CP. O CP e o HG+CP correlacionaram-se positivamente com sintomas de constipação, bem 
como com os escores de alguns domínios do SF-36, no entanto, não houve correlação com a 
incontinência anal. Conclusão: Estes resultados sugerem que o prolapso da parede vaginal 
posterior não tem correlação com a constipação ou a incontinência anal, porém as medidas de 
CP e HG+CP apresentam correlação com os sintomas de constipação e com o SF-36. 
Palavras-chave: Prolapso vaginal, retocele, constipação, incontinência fecal, qualidade de vida. 
 
ABSTRACT 
Clinical association of bowel symptoms in women with pelvic floor disorders. José Ananias 
Vasconcelos Neto. Stricto Sensu Post-Graduation in Medical Sciences Surgical. Federal 
University of Ceará. Department of Surgery, Medical School, Federal University of Ceara (PhD's 
thesis). May, 2017. Advisor: Prof. Dra. Sthela MariaMurad Regadas. 
 
Introduction: Posterior vaginal wall prolapses have often been implicated in bowel symptoms, 
but the data are controversial. Objectives: The aim of this study was to evaluate the association 
and correlation of Bp point, perineal body (Pb) and genital hiatus (Gh) measures with 
constipation, anal incontinence, severity of symptoms and quality of life. Methods The patients 
were distributed into 2 groups according to the posterior vaginal wall Bp point (POP-Q): One 
group without posterior vaginal wall prolapse (Control Group = Bp ≤ -1) and one with posterior 
vaginal wall prolapse (Case Group = Bp ≥ 0). Demographic data, defecatory dysfunctions and 
SF-36 were compared between the groups. Correlations between severity of posterior prolapse 
(Bp, Gh, Pb and Gh+Pb) and severity of bowel symptoms were also calculated. Results A total 
of 613 women were evaluated, with 174 included (Control Group=69/39.7%, Case 
Group=105/60.3%). The groups were similar in the following characteristics: anal incontinence, 
fecal urgency and/or constipation. There was no correlation between the severity of constipation 
and anal incontinence, according to Wexner scores, and the severity of the posterior vaginal wall 
prolapse, measured through the Bp point. There were, however, statistically significant 
differences between the groups when comparing Pb, Gh and Gh+Pb measures. The Pb and 
Gh+Pb correlated positively with symptoms of constipation, as well as with the scores of some 
domains of the SF-36, however, there was no correlation with anal incontinence. Conclusion: 
These results suggest that the severity of posterior vaginal wall prolapse is not correlated with 
constipation or anal incontinence, but Pb and Gh + Pb measurements are correlated with 
constipation and SF-36 scores. 
Keywords: Vaginal prolapse, rectocele, constipation, fecal incontinence, quality of life. 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1  Diagrama da Teoria Integral de Petrus.............................................................. 18 
Figura 2  Pontos e medidas do POP-Q ............................................................................ 25 
Figura 3  Estadiamento dos prolapsos de órgãos pélvicos ............................................... 27 
Figura 4  Seleção das pacientes ....................................................................................... 30 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1  Estadiamento dos prolapsos (POP-Q). Fortaleza, 2017.................................. 32 
Gráfico 2  Medidas do POP-Q (HG, CP, HG+CP) comparadas entre grupos. Fortaleza, 
2017................................................................................................................ 34 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1  Características das pacientes (n=174). Fortaleza, 2017 ................................. 31 
Tabela 2  Presença de sintomas de constipação ou de incontinência anal. Fortaleza, 
2017................................................................................................................ 33 
Tabela 3  Correlação entre as escalas de constipação e incontinência anal (CCF) e as 
medidas do POP-Q. Fortaleza, 2017.............................................................. 34 
Tabela 4  Comparação dos grupos em relação à qualidade de vida geral (SF-36). 
Fortaleza, 2017............................................................................................... 35 
Tabela 5  Correlação entre SF-36 e as medidas do POP-Q. Fortaleza, 2017................. 36 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
CCF Cleveland Clinic Florida 
CP Corpo Perineal 
CVT Comprimento Vaginal Total 
DAP Disfunção do Assoalho Pélvico 
HG Hiato Genital 
HGCC Hospital Geral Dr. César Cals 
HGF Hospital Geral de Fortaleza 
IC 95% Intervalo de Confiança de 95% 
IMC Índice de Massa Corporal 
POP Prolapso de Órgãos Pélvicos 
POP-Q Pelvic Organ Prolapse Quantification 
QV Qualidade de Vida 
RN Recém-nascido 
SF-36 Medical Outcomes Study Short Form 36 Health Survey 
SPSS Statiscal Package for the Social Sciences 
STROBE The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 17 
2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 21 
2.1 Geral ................................................................................................................... 21 
2.2 Específicos .......................................................................................................... 21 
3 MÉTODO .......................................................................................................... 22 
3.1 Tipo de estudo..................................................................................................... 22 
3.2 Local da pesquisa .............................................................................................. 22 
3.3 Participantes ...................................................................................................... 23 
3.4 Definição das variáveis ..................................................................................... 23 
3.4.1 Sintomas intestinais ............................................................................................ 24 
3.4.1.1 Avaliação da constipação ................................................................................... 24 
3.4.1.2 Avaliação da incontinência anal ......................................................................... 24 
3.4.2 Avaliação da Disfunção do Assoalho Pélvico .................................................... 25 
3.4.3 Avaliação da Qualidade de Vida ........................................................................ 27 
3.5 Coleta de dados e tamanho amostral .............................................................. 28 
3.6 Análise estatística ............................................................................................. 28 
4 RESULTADOS ................................................................................................. 30 
5 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 37 
6 CONCLUSÃO ................................................................................................... 44 
 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 45 
 ANEXO A – APROVAÇÃO CEP HGCC ........................................................ 52 
 ANEXO B – APROVAÇÃO CEP HGF ........................................................... 53 
 ANEXO C – PORTFÓLIO .............................................................................. 54 
 MATERIAL COMPLEMENTAR A – Tabela extra com dados da tese ...... 73 
 MATERIAL COMPLEMENTAR B – Artigo 1 da tese publicado ............... 75 
 MATERIAL COMPLEMENTAR C – Artigo 2 da tese publicado ............... 85 
 MATERIAL COMPLEMENTAR D – Artigo 3 da tese publicado ............... 94 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O prolapso de órgãos pélvicos (POP) é caracterizado pelo descenso das 
paredes vaginais anterior e/ou posterior e/ou do ápice da vagina. É um problema que afeta 
negativamente a vida de milhões de mulheres, prejudicando-as nas esferas física, 
psicológica e sexual (JELOVSEK; BARBER, 2006). 
Estima-se que 15 a 30% das mulheres com idade acima de 50 anos apresentem 
POP e que cerca de 11% das mulheres com idade acima de 80 anos necessitem de correção 
cirúrgica (LUBER; BOERO; CHOE, 2001). Aproximadamente 12% das mulheres com 
expectativa de vida normal serão submetidas a pelo menos um procedimento cirúrgico 
devido à presença de POP ou incontinência urinária, com uma taxa de 29% de necessidadede novo procedimento por volta dos 79 anos de idade (OLSEN et al., 1997), o que gera 
um gasto anual, para os serviços de saúde dos Estados Unidos, na faixa de 1,5 bilhão de 
dólares (SUBAK et al., 2001). 
Os principais sintomas atribuídos aos POP são: sensação de peso na vagina, 
sensação de abaulamento vaginal durante esforço ou durante a prática de atividades 
físicas. Muitos sintomas das disfunções do assoalho pélvico são comumente atribuídos a 
defeitos de determinados compartimentos anatômicos (PETRUS, 2010, ELLERKMANN 
et al., 2001, MACCIONI, 2013, WAGENLEHNER et al., 2016) (Figura 1). 
A avaliação destes compartimentos pode ser realizada através do exame 
físico, utilizando o POP-Q (Pelvic Organ Prolapse Quantification). Este é um método 
padronizado internacionalmete com o objetivo de estadiar o prolapso dos compartimentos 
anterior (pontos Aa e Ba), posterior (pontos Ap e Bp) e apical (pontos C e D). Também 
avalia o hiato genital (HG), o corpo perineal (CP) e o comprimento vaginal total (BUMP 
et al. 1996). 
Os defeitos da parede vaginal anterior estão relacionados à obstrução 
18 
 
infravesical: retenção urinária, jato fraco e sensação de esvaziameno incompleto da 
bexiga. Os defeitos relacionados ao compartimento posterior têm sido frequentemente 
implicados com sintomas defecatórios, relacionados à obstrução defecatória e à 
continência anal: excessivo esforço na defecação, sensação de esvaziamento incompleto 
do intestino ou evacuação com digitação (MACCIONI, 2013; COLLINS, O'SULLIVAN, 
LASALA, 2012; DIGESU et al., 2005), ou ainda, sintomas de incontinência anal. 
 Figura 1. Diagrama da Teoria integral de Petrus. 
Fonte: Adaptado de PETRUS, 2010. PS: sínfise púbica, S: sacro, PCM: músculo 
pubococcígeo, B: bexiga, UT: útero, R: reto, LMA: músculo longitudinal do ânus, 
LP: placa do elevador do ânus, PUL: Ligamento pubo-uretral, EUL: ligamento 
utetral externo, PCF: fáscia pubocervical, ATFP: Arco tendíneo, USL: Ligamentos 
uterossacro, RCF: Fáscia reto-vaginal, PB: corpo perineal. 
19 
 
Estudos desenvolveram uma série de questionamentos relacionados aos 
sintomas da evacuação e da continência, de acordo com a frequência e ocorrência dos 
eventos, desenvolvendo e padronizando o sistema de escore que possibilita avaliar a 
intensidade desses sintomas, que são as escalas de constipação (AGACHAN et al., 1996) 
e a de incontinência anal da Cleveland Clinic Florida (CCF) (JORGE; WEXNER, 1993). 
Vários autores observaram que os sintomas de constipação foram 
significativamente mais comuns em mulheres com prolapso de parede vaginal posterior 
em comparação com as mulheres sem prolapso de parede vaginal posterior (COLLINS; 
O’SULLIVAN; LASALA, 2012, MOURITSEN; LARSEN, 2003, FIALKOW et al. 
2002). No entanto, os resultados são controversos quando se avalia a correlação de 
gravidade do prolapso de parede vaginal posterior em relação aos sintomas intestinais. 
Numerosos estudos têm descrito uma correlação positiva entre os estadios do 
prolapso e os sintomas intestinais (COLLINS; O’SULLIVAN; LASALA, 2012, DIGESU 
et al., 2005). Ellerkmann e colaboradores (2001) revelaram fraca correlação entre 
evacuação incompleta e manipulação digital com avançado prolapso de parede vaginal 
posterior. Weber et al. (1998) relataram que 79,7% das mulheres com prolapso posterior 
apresentaram, pelo menos, um sintoma intestinal, porém não conseguiram identificar uma 
correlação entre as queixas intestinais e o estadio do prolapso. 
A constipação também foi associada com a soma das medidas do hiato genital 
(HG) e do corpo perineal (CP) (GROENENDIJK et al., 2012). Embora, outros estudos 
mostraram uma fraca (KAHN et al., 2005, DIETZ, 2009) ou nenhuma associação (da 
SILVA et al., 2006) entre prolapso de parede vaginal posterior e sintomas intestinais 
(ELLERKMANN et al., 2001, COLLINS; O’SULLIVAN; LASALA, 2012, KAHN et 
al., 2005, da SILVA et al., 2006, GRIMES et al., 2014]. Este parâmetro (HG+CP) foi 
inicialmente utilizado para identificar mulheres com avulsão dos músculos elevadores do 
20 
 
ânus, apresentando, por conseguinte, um risco aumentado de recorrência do prolapso após 
tratamento cirúrgico (GERGES et al., 2013, VOLLOYHAUG et al., 2013). 
Estas diferenças nos resultados da literatura podem ser explicadas pelos 
estudos populacionais heterogêneos e pela metodologia aplicada. A maioria deles inclui 
mulheres com prolapso posterior, anterior e apical silmultaneamente. Além disso, não 
foram utilizados escores ou questionários validados para queixas defecatórias, nem ainda 
avaliação qualidade de vida na mesma população estudada. 
Portanto, são necessários estudos com estratificação dos compartimentos 
vaginais afetados associados a questonários validados que identifiquem a presença dos 
sintomas bem como quantifiquem sua intensidade. Além disso, ressalta-se a importância 
de agregar questionários de qualidade de vida, que possam identificar o quanto esses 
sintomas interferem nas atividades diárias e no bem-estar das pacientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivo geral 
 
Avaliar a associação clínica dos sintomas defecatórias em mulheres com 
disfunções do assoalho pélvico. 
 
2.2 Objetivos específicos 
 
Avaliar a relação entre prolapso de parede vaginal posterior quantificado pelo 
POP-Q e a presença de constipação e incontinência anal. 
Correlacionar o prolapso de parede vaginal posterior (Ponto Bp) com a 
gravidade da constipação e da incontinência anal. 
Correlacionar as medidas HG, CP e HG+CP com a gravidade da constipação 
e da incontinência anal. 
Analisar a relação entre prolapso de parede vaginal posterior e qualidade de 
vida (SF-36). 
Analisar a relação entre HG, CP e HG+CP e qualidade de vida (SF-36). 
22 
 
3 MÉTODO 
 
3.1 Tipo de estudo 
 
Trata-se de um estudo do tipo caso-controle realizado em ambulatórios de 
uroginecologia de dois hospitais terciários de Fortaleza, o Hospital Geral de Fortaleza 
(HGF) e o Hospital Geral dr. César Cals (HGCC). A estrutura metodológica foi baseada 
seguindo as orientações da iniciativa STROBE (The Strengthening the Reporting of 
Observational Studies in Epidemiology) para casos-controle (VON ELM et al., 2014). 
 
3.2 Local da pesquisa 
 
Os ambulatórios funcionam de maneira integrada desde 2011, seguindo o 
mesmo protocolo padronizado de atendimento, com consulta interdisciplinar, contando 
com uma equipe formada por médicos uroginecologistas, enfermeiros, fisioterapeutas e 
psicólogos. São realizados, em média, 200 atendimentos por mês. 
As pacientes são encaminhadas aos serviços referenciadas dos postos de 
saúde, tanto de Fortaleza, quanto de outros municípios do Estado do Ceará ou de outros 
setores dos próprios hospitais. Elas são atendidas pelo médico, que faz a avaliação geral 
através da anamnese e exame físico; e pela enfermeira, que realiza a avaliação da 
qualidade de vida, utilizando questionários validados. 
São oferecidos às pacientes diversos tipos de exames complementares para 
elucidação diagnóstica, desde exames de imagem, até o estudo urodinâmico, além de 
diferentes modalidades de tratamento, do conservador ao cirúrgico. 
Em ambos os serviços, foi criado um portfólio (ANEXO C) contendo dados 
relevantes para a identificação e avaliação das pacientes com disfunção do assoalho 
23 
 
pélvico atendidas, essa conduta objetivava tanto a coleta de dados minuciosa como a 
padronização dos dois serviços. 
 
3.3 Participantes 
 
Foram selecionadas para o estudo pacientes que relataram sintomas de 
disfunção do assoalho pélvico (DAP) atendidas nos ambulatórios de uroginecologia entre 
julho de 2011 e julho 2016. 
A enfermeira e coordenadora de pesquisa no setor verificou a fidelidade da 
coleta e entrada de dados procurando por valores faltantes, outliers e inconsistências. 
Foram excluídas as pacientes que apresentavam distúrbios cognitivosou 
doenças neurológicas, bem como grávidas ou quem estivesse com menos de seis meses 
pós-parto. Também foram excluídas as mulheres com história de cirurgia colorretal, 
anorretal ou ginecológica prévia e pacientes com pontos Ba e C maiores que o ponto Bp, 
a fim de se obter uma amostra mais homogênea, diminuindo, assim, os vieses da avaliação 
dos prolapsos da parede vaginal posterior. 
As pacientes foram distribuídas em dois grupos de acordo com o ponto Bp 
(POP-Q). O ponto Bp = 0 foi utilizado como ponto de corte para considerar o diagnóstico 
de POP sintomático. Neste estudo foi considerado: grupo sem prolapso da parede vaginal 
posterior (Grupo Controle = Bp ≤ -1) e grupo com prolapso da parede vaginal (Grupo 
Caso = Bp ≥ 0). 
 
3.4 Definição das variáveis 
 
As histórias médica e uroginecológica detalhadas foram obtidas de cada 
paciente. Os dados demográficos como idade e escolaridade, o índice de massa corporal 
(IMC), o número de gestações, de partos, de partos vaginais, de cesarianas, o maior peso 
24 
 
do recém-nascido (RN), a presença do sintoma de bola ou peso na vagina foram incluídos 
como variáveis. Pacientes completaram quatro questionários validados para avaliar a 
qualidade de vida e a gravidade da constipação e da incontinência anal. 
 
3.4.1 Sintomas intestinais 
 
3.4.1.1 Avaliação da constipação 
 
Foi avaliada por meio da escala de constipação da CCF (AGACHAN et al., 
1996) (ANEXO C). A escala aborda frequência dos movimentos intestinais, dificuldade 
(esforço à evacuação), sensação de evacuação incompleta, dor abdominal, tempo no 
banheiro, assistência para evacuação, falha e duração da evacuação (Pontuação mínima: 
0 - Pontuação máxima: 30). Mulheres com pontuação maior ou igual a 7 foram incluídas 
como pacientes constipadas (AGACHAN et al., 1996). 
Optou-se por avaliá-la de duas maneiras: (1) utilizando a associação com a 
presença (sim ou não) de sintomas de constipação, sem medir a intensidade e (2) 
correlacionando à intensidade da constipação (escore total), com o estadiamento do 
prolapso, utilizando o POP-Q. 
 
3.4.1.2 Avaliação da incontinência anal 
 
Foi realizada por meio da escala de incontinência da CCF (JORGE; 
WEXNER, 1993) (ANEXO C). Este questionário aborda a incontinência (flatos, 
líquido/soilling ou fezes sólidas), a necessidade de forros ou absorventes e a alteração do 
estilo de vida. Foram incluídas mulheres com incontinência anal com escore maior ou 
igual a um (JORGE; WEXNER, 1993). De acordo com essa escala, a continência anal 
25 
 
perfeita teria um escore 0 (zero) e a incontinência um escore maior ou igual a um 
(pontuação máxima: 20). 
Optou-se por avaliá-la de duas maneiras: (1) utilizando a associação com a 
presença (sim ou não) de sintomas de incontinência anal sem medir a intensidade e (2) 
correlacionando a intensidade da incontinência anal (escore total), com a intensidade do 
prolapso, utilizando o POP-Q. 
 
3.4.2 Avaliação da DAP 
 
Cada paciente foi submetida ao exame físico, incluindo o sistema de 
quantificação de prolapsos de órgãos pélvicos (POP-Q) (BUMP et al., 1996) (ANEXO 
C). Este é composto de seis pontos definidos dentro da vagina: dois anteriores (Aa e Ba), 
dois posteriores (Ap e Bp) e dois apicais (C e D). Cada ponto é expresso pela distância 
em centímetros das carúnculas himenais, consideradas como marco para referência 
(ponto zero), as medidas são consideradas negativas ou positivas se forem observadas 
acima ou abaixo do ponto de referência, respectivamente (Figura 2). 
 
Figura 2. Pontos e medidas do POP-Q. 
 
Fonte: BUMP et al., 1996. Seis pontos: Aa, Ba, C, D, Ap e Bp. Medidas: Gh: Hiato 
genital (HG), Pb: Corpo perineal (CP), TVL: comprimento vaginal total (CVT). 
26 
 
• Aa e Ap são pontos que se situam na linha média da parede vaginal, 3cm 
proximal anterior e posterior respectivamente às carúnculas himenais. 
• Os pontos Ba e Bp representam as posições mais distais da porção superior 
das paredes vaginais anterior e posterior do fórnice vaginal anterior e posterior ao ponto 
Aa e Ap, respectivamente. 
• Avaliação do compartimento apical (ponto C): mensura-se, sob manobra 
de Valsalva, a distância (em centímetros) entre as carúnculas himenais e o colo uterino. 
• Avaliação do compartimento apical (ponto D): mensura-se, sob manobra 
de Valsalva, a distância (em centímetros) entre as carúnculas himenais e a Inserção dos 
ligamentos uterossacros. 
• Hiato genital (HG): Medida, sob Valsalva, entre a metade do esfíncter 
uretral e a fúrcula vaginal. 
• Corpo perineal (CP): Medida, sob Valsalva, entre a fúrcula vaginal e a 
metade do esfíncter anal. 
• Além dessas medidas dinâmicas, mensura-se o comprimento vaginal total 
(CVT) em repouso. 
Todos os exames vaginais foram realizados com a bexiga esvaziada e paciente 
em posição de litotomia. 
O prolapso pode ser estagiado de acordo com a posição da parte de maior 
herniação em relação às carúnculas himenais. As mensurações do POP-Q correspondem 
a estágios que variam de zero a quatro, em que: 
• 0 significa ausência de prolapso, ou seja, prolapsos até – (CVT-2), 
• I corresponde a prolapsos que variam de – (CVT-3) até – 2, 
• II corresponde a prolapsos que variam entre - 1 e +1, 
• III contém prolapsos que variam de +2 a + (CVT-3) e 
27 
 
• IV refere-se a medidas maiores e iguais à + (CVT-2). 
O estadiamento é realizado em cada compartimento (anterior, apical e 
posterior) da vagina, como se pode ver na figura 3. 
 
Figura 3. Estadiamento do POP. 
 
 Fonte: Adaptado de HAYLEN et al., 2010. 
 
De acordo com outros estudos (GERGES et al., 2013, VOLLOYHAUG et 
al., 2013, GROENENDIJK et al., 2012, KAHN et al., 2005), utilizamos também a soma 
das medidas HG e CP (HG+CP) como variável de pesquisa. Além do POP-Q, cada 
paciente foi avaliada em relação à presença ou não de laceração perineal, que, se presente, 
foi classificada em laceração de pele, cutâneo-mucosa ou músculo-aponeurótica. 
 
3.4.3 Avaliação da qualidade de vida (QV) 
 
No primeiro dia de atendimento, todas as pacientes foram avaliadas em 
relação à qualidade de vida geral, dependendo dos sintomas referidos. 
Para avaliação da qualidade de vida geral, foi utilizado o Medical Outcomes 
28 
 
Study Short Form 36 Health Survey (SF-36), validado e traduzido no Brasil em 1997 
(CICONELLI et al., 1999) (ANEXO C). Nele avaliam-se aspectos da QV que estão 
diretamente relacionadas à saúde do indivíduo. 
É composto por 36 itens que analisam oito dimensões de saúde: Capacidade 
Funcional, Aspecto Físico, Dor, Estado Geral de Saúde, Vitalidade, Aspectos Sociais, 
Aspectos Emocionais e Saúde Mental. Apresenta um escore final de 0 a 100, em que 
escores mais baixos representam pior qualidade de vida. 
 
3.5 Coleta de dados e tamanho amostral 
 
A coleta de dados foi realizada pelos profissionais que trabalham nos 
ambulatórios citados. Todos foram previamente treinados para a aplicação adequada dos 
escores e questionários de qualidade de vida presentes no portfólio padronizado (ANEXO 
C). O tamanho da amostra foi determinado pelo tempo estabelecido de coleta de dados e 
pelos critérios de inclusão e exclusão. 
 
3.6 Análise estatística 
 
As diferenças entre grupos de dados contínuos foram avaliadas pelo teste t de 
Student (para dados normalmente distribuídos) ou com o teste U de Mann-Whitney (para 
dados não paramétricos). Após o teste de Kolmogorov Smirnov foram evidenciadas 
apenas duas variáveis com distribuição normal: IMC e Estado Geral da Saúde (SF-36). 
As diferenças na distribuição entre os dados categóricos foram avaliadas utilizando-se o 
Qui-Quadrado. 
Os dados de distribuição normal quantitativa foram expressos em médias e 
desvios padrão. Já os dados de distribuição descritiva anormal foram descritos em 
29 
 
medianas e intervalo interquartil (p25 e p75). As variáveis categóricas foram relatadaspor meio de frequências, porcentagens e intervalos de confiança de 95% (IC95%). 
As correlações entre a severidade do prolapso posterior, a gravidade da 
defecação obstruída, a incontinência anal e as medidas de POP-Q (HG, CP e HG + CP) 
foram calculadas usando o ρ de Spearman (rho). Foi utilizado um nível alfa a priori de 
0,05, de modo que todos os resultados que produziram um valor de p <0,05 foram 
considerados estatisticamente significativos. As correlações foram consideradas muito 
baixas quando r = 0,0-0,2; baixa quando r = 0,2-0,4; moderada quando r = 0,40 a 0,6 e; 
forte quando r> 0,6. O programa Statiscal Package for the Social Sciences (SPSS) versão 
20.0 (IBM, 2010) foi utilizado para todas as análises. 
 
3.7 Aspectos éticos 
 
O protocolo clínico foi previamente aprovado (nº 526/2011) pelo Comitê de 
Ética em Pesquisa dos dois Hospitais (ANEXO A e B), e todos os pacientes assinaram o 
termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (ANEXO C). A resolução 466/12 do 
Conselho Nacional de Saúde (CNS) foi respeitada em todos os seus aspectos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
4 RESULTADOS 
 
O total de pacientes arroladas foi de 613, porém foram excluídas todas as 
pacientes que tinham o prolapso de parede anterior e apical maiores que os prolapsos de 
parede posterior com o objetivo de avaliar com mais homogeneidade os prolapsos de 
parede vaginal posterior. Após, foram excluídas todas as pacientes que foram submetidas 
a cirurgias ginecológicas (histerectomias e/ou cirurgias de incontinência urinária e 
prolapso genitais) ou coloproctológicas, restando uma amostra final de 174 mulheres 
(Figura 4). 
 
Figura 4. Seleção das pacientes. 
 
 
A amostra final foi composta por mulheres com idade entre 25 e 87 anos 
(mediana: 50,0), com excesso de peso (IMC = 28,1 ± 4,9), multíparas (mediana do 
número de nascimentos = 3,0) e na pós-menopausa (52%). A análise demográfica desses 
dois grupos foi semelhante, exceto quanto à escolaridade. As pacientes do grupo caso 
tinham menos anos de estudo (p=0,04) (Tabela 1). 
31 
 
Tabela 1. Características das pacientes (n=174). Fortaleza, 2017. 
Características Amostra total (n=174) 
Grupo controle (Bp ≤ -1) 
(n=69\39,7%) 
Grupo caso (Bp ≥ 0) 
(n=105\60,3%) 
p 
Idade (anos) 50.0 (44.0-60.0) 49.0 (42.0-58.0) 51.0 (44.2-62.0) 0.051 
Educação (anos) 8.0 (3.0-12.0) 9.0 (5.0-12.0) 6.0 (1.2-10.0) 0.041 
Renda (R$) 999,96 (677,99-1.399,99) 1.089,99 (723,98-1.499,96) 975,99 (623,50-1.352,98) 0.121 
IMC (Kg/m²) 28.1 (± 4.9) 28.7 (± 4.1) 27.7 (±5.3) 0.282 
Gravidez 4.0 (3.0-6.0) 4.0 (2.0-5.0) 4.0 (3.0-7.0) 0.001 
Paridade 3.0 (2.0-5.0) 3.0 (2.0-4.0) 4.0 (3.0-6.0) 0.001 
Partos vaginais 3.0 (1.0-5.0) 2.0 (1.0-4.0) 3.0 (2.0-5.7) 0.001 
Cesarianas 0.0 (0.0-1.0) 0.0 (0.0-1.0) 0.0 (0.0-1.0) 0.261 
RN mais pesado (g) 3.800.00 (3.341.50-4.285.00) 3.775.00 (3.102.50-4.000.00) 4.000.00 (3.500.00-4.500.00) 0.011 
Expresso em média (±desvio padrão) e mediana (intervalo interquartílico) quando apropriados. 
 p1= Mann-Whitney, p2= Student’s t-test IMC: Índice de Massa Corpórea, R$ = Reais 
 
32 
 
As pacientes do grupo caso também apresentaram um maior número de gestações 
(p=0,00), partos (p=0,00) e partos vaginais (p=0,00). A mediana do peso dos recém-nascidos (RN) 
mais pesados também foi maior no grupo caso (p=0,01) (Tabela 1). 
A maioria das pacientes apresentava prolapso com estadio II (58,7%), sendo seguidas 
pelas pacientes com estadio I (14,4%). No grupo controle, as pacientes dos estadios 0, I e II 
apresentaram uma proporção semelhante (30,4 x 36,3 x 33,3, respectivamente. No grupo caso, a 
ampla maioria das pacientes (75,3%) tinha prolapsos com pontos Bp iguais a zero ou +1 (Gráfico 
1). 
 Gráfico 1. Estadiamento dos prolapsos (POP-Q). Fortaleza, 2017. 
 
 
 
Sessenta e cinco pacientes (37,6%) apresentaram constipação e 55 (30,7%) queixas de 
incontinência fecal. Ao comparar os grupos não foi observada diferença quanto à presença de 
incontinência anal, urgência fecal ou constipação, ou seja, não houve associação entre a prensença 
de prolapso da parede vaginal posterior com os sintomas defecatórios acima descrtios (Tabela 2). 
12,0
14,4
58,7
8,0 6,9
30,4
36,3
33,3
0 00 0
75,3
13,3 11,4
0 I II III IV
Amostra Total (n=174) Bp ≤ -1 (n=69/39,7%) Bp ≥ 0 (n=105/60,3%)
33 
 
 
 Tabela 2. Presença de sintomas de constipação ou de incontinência anal. Fortaleza, 2017. 
Sintomas intestinais 
Bp ≤ -1 
n (%) 
Bp ≥ 0 
n (%) 
p* 
Incontinência anal Não 47 (68,1) 71 (68,3) 0.694 
Sim 22 (31,9) 33 (31,7) 
Urgência fecal Não 55 (84,6) 77 (77,8) 0.280 
Sim 10 (15,4) 22 (22,2) 
Constipação Não 38 (58,5) 66 (64,1) 0.465 
Sim 27 (41,5) 37 (35,9) 
*Qui-quadrado. 
 
Ao analisar os escores de constipação e incontinência fecal, observamos que os grupos 
também eram semelhantes: pontuação de constipação CCF (Controle: 5,1 IC95%: 3,4-6,8) x Caso: 
3,8 IC95%: 2,5, p = 0,242); Índice de incontinência CCF (Controle: 1,4 IC95%: 0,7-2,0) x Caso: 
1,3 IC95%: 0,8-1,8, p = 0,982). No entanto, houve diferenças estatísticas entre os grupos quando 
comparados em relação às medidas de CP, HG e HG+CP. As pacientes do grupo caso apresentaram 
as medidas HG (p=0,00) e HG+CP (p=0,00) maiores em relação ao grupo controle. Quanto ao 
corpo perineal, foi levemente maior no grupo controle (p=0,046) (Gráfico 2). 
Não se observou correlação entre os escores de constipação e de incontinência anal 
(CCF) com o estadiamento do prolapso da parede vaginal posterior (ponto Bp) e com a medida 
HG. Também não foi demonstrada correlação entre os escores de incontinência anal e as medidas 
CP e HG + CP. Houve, porém, uma correlação positiva entre as medidas de CP e HG + CP com 
34 
 
escore de constipação (p = 0,00), ou seja, quanto maiores as medidas CP e HG + CP, mais intensa 
seria a constipação (Tabela 3). 
 
Gráfico 2. Medidas do POP-Q (HG, CP, HG+CP) comparadas entre grupos. Fortaleza, 2017. 
 
Dados expressos em mediana (cm). Mann – Whitney. 
HG = hiato genital, CP = corpo perineal. 
 
Tabela 3. Correlação entre as escalas de constipação e incontinência anal (CCF) e as medidas do 
POP-Q. Fortaleza, 2017. 
Variáveis Bp HG CP HG+CP 
Escala de incontinência 
(Escore total) 
-0,024 -0,007 0,045 0,019 
Escala de constipação 
(Escore total) 
-0,112 -0,015 0,295 (0,000) 0,153 (0,027) 
HG 0,600 (0,000) - - - 
CP 0,267 (0,000) - - - 
HG+CP 0,359 (0,000) - - - 
Correlação: coeficiente de Spearman. Quando a diferença foi significativa, o valor de p foi exposto entre 
parênteses. HG= Hiato genital, CP= Corpo perineal. 
 
(p=0.000) (p=0.000) (p=0.046) 
35 
 
Também houve uma correlação positiva entre o ponto Bp e as medidas HG 
(p=0,00), CP (p=0,00) e HG+CP (p=0,00), ou seja, quanto maior o ponto Bp, maiores as 
medidas HG, CP e HG+CP (Tabela 3). 
Ao comparar os grupos (caso e controle) em relação à qualidade de vida geral (SF-36), 
não foi observada diferença significativa em nenhum dos oito domínios (Tabela 4), no entanto, ao 
realizar a correlação entre as medidas anatômicas (Bp, HG, CP e HG+CP) e a qualidade de vida 
geral, foi observada uma correlação negativa em dois domínios (saúde geral e Dor) em relação as 
medidas CP e HG + CP, ou seja, quanto menores as medidas de CP e HG+CP, maior a qualidade 
de vida nos quesitos estados geral de saúde e dor (Tabela 5). 
 
Tabela 4. Comparação dos grupos em relação à qualidade de vida geral (SF-36). Fortaleza, 2017. 
 
 
 
 
Domínios SF-36 
Bp ≤ -1 
 Md p25 p75 
 Bp ≥ 0 
 Md p25 p75 
 
p 
Estado geral da saúde (M±DP) 51,8 ± 24,8 52,4 ± 25,0 0,89¹ 
Capacidade funcional 60,0 32,5 77,5 55,0 30,0 85,0 0,76² 
Aspectos físicos 25,0 0,0 100,0 25,0 0,0 100,0 0,88² 
Aspectos emocionais 33,3 0,0 100,0 33,3 0,0 100,0 0,95² 
Aspectos sociais 62,5 50,0 100,0 62,5 46,8 100,0 0,65²Vitalidade 50,0 32,5 70,0 50,0 30,0 70,0 0,98² 
Dor 51,0 41,0 67,0 51,0 41,0 64,5 0,45² 
Saúde Mental 64,0 50,0 80,0 62,0 44,0 73,0 0,40² 
36 
 
Tabela 5. Correlação entre SF-36 e as medidas do POP-Q. Fortaleza, 2017. 
Domínios SF-36 Bp HG CP HG+CP 
Estado geral da saúde 0.096 -0.052 -0377(0.018) -0.315(0.042) 
Capacidade funcional -0.035 -0.043 -0.226 -0.202 
Aspectos físicos -0.025 0.258 -0.190 0.064 
Aspectos emocionais 0.008 0.002 -0.148 -0.096 
Aspectos sociais -0.020 0.117 -0.274 -0.073 
Vitalidade 0.060 -0.013 -0.296 -0.221 
Dor -0.010 0.043 -0.547(0.001) -0.307(0.046) 
Saúde mental -0.079 -0.108 -0245 -0.280 
Correlação: coeficiente de Spearman. Quando a diferença foi significativa, o valor de p foi exposto 
entre parênteses. HG= Hiato genital, CP= Corpo perineal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
5 DISCUSSÃO 
 
O ponto de corte utilizado para definição de prolapso sintomático está muito bem 
estabelecido na literatura. A sensação de prolapso em mulheres com estadio 0 e I (POP-Q) ocorre 
em apenas 6% e 11% das mulheres, respectivamente, e chega a 77% nas pacientes com prolapso 
estadio II. A combinação ótima de valores preditivos positivos e negativos razoavelmente elevados 
ocorreram quando o prolapso foi definido como maior ou igual a 0 cm (TAN et al., 2005). A 
sensibilidade e a especificidade nos sintomas de prolapso vaginal, quando considerado este ponto 
de corte, chegam a 69% e 97%, respectivamente (GUTMAN et al., 2008). Em relação à função 
defecatória, o ponto Bp acima de -0,5 se correlaciona com alguns sintomas (Evacuação incompleta 
e força para defecar) (COLLINS; O’SULLIVAN; LASALA, 2012). Muitos outros autores também 
recomendam que o diagnóstico clínico de prolapso deveria estar restrito apenas às mulheres com 
prolapsos localizados a partir da carúncula himenal (ponto zero no POP-Q) (BRADLEY et al., 
2005, BARBER et al., 2009, GRIMES et al., 2014, SWIFT; TATE; NICHOLAS, 2003, SWIFT et 
al., 2005). Devido a estes resultados, consideramos, neste estudo, o mesmo ponto de corte na 
divisão entre grupos caso e controle (ponto Bp=0). 
Mulheres que buscam consultas uroginecológicas, apresentam uma alta taxa de 
sintomas intestinais (relacionados à evacuação obstruída e à continência fecal) (RAZA-KHAN et 
al., 2010). A teoria integral de Petrus (2010) afirma que o prolapso e a maioria dos sintomas do 
assoalho pélvico como incontinência urinária de esforço, urgência miccional, esvaziamento 
anormal da bexiga e do intestino e alguns tipos de dores pélvicas estão relacionados com a flacidez 
dos ligamentos de suporte do assoalho pélvico. A incontinência anal, a constipação e as dores 
pélvicas estariam relacionadas com defeitos nos ligamentos uterossacros, na fáscia retovaginal e 
no corpo perineal. 
38 
 
Estudos observam sintomas de constipação mais frequentemente em mulheres com 
prolapso da parede vaginal posterior (COLLINS; O’SULLIVAN; LASALA, 2012, MOURITSEN; 
LARSEN, 2003, FIALKOW et al., 2002). Contudo, outros descrevem associações estatisticamente 
fracas (KAHN et al., 2005, DIETZ, 2009). No entanto, há diferenças na população estudada e na 
metodologia aplicada. A maioria dos trabalhos na literatura inclui mulheres com prolapso posterior, 
anterior e/ou apical concomitantemente. Neste estudo, foram excluídas as mulheres com pontos 
Ba e C maiores que o ponto Bp. Esta supressão na amostra estudada se deve à necessidade de uma 
maior homogeneidade na casuística, lacuna que não fora preenchida em estudos anteriores. Após 
a avaliação dos dados, mais uniformes, foi observado que não havia correlação entre o prolapso da 
parede vaginal posterior (de acordo com o exame físico utilizando o POP-Q) e os sintomas de 
constipação e da incontinência. 
A avaliação anatômica dos prolapsos através do POP-Q é utilizada em todo o mundo 
para classificar os estadios e definir as condutas terapêuticas, assim como avaliar o resultado pós-
operatório. É extremamente difundido pelos uroginecologistas, uniformizando dados de pesquisas 
na literatura mundial. Porém o POP-Q avalia apenas a parte anatômica dos prolapsos vaginais, não 
estuda a função do assoalho pélvico nem do esfíncter anal (MOURITSEN; LARSEN, 2003) e 
existem críticas quanto à acurácia deste método no diagnóstico de retoceles verdadeiras (DIETZ, 
2009). Dietz (2009) e Guzman et al. (2016) evidenciaram que a retocele clínica estava fracamente 
associada a sintomas de prolapso vaginal e que a digitação vaginal, para auxiliar a defecação, foi 
o único sintoma significativamente associado com a verdadeira retocele. No entanto, o diagnóstico 
de uma "verdadeira retocele" exige exames de imagem, como ultrassonografia dinâmica (qualquer 
modalidade) ou a ressonância nuclear dinâmica. 
A incontinência anal e a urgência fecal não estavam associadas à presença de POP 
posterior. Esses achados confirmam os de outros autores (FIALKOW et al., 2002, SAKS et al., 
39 
 
2010, BRADLEY et al., 2006, GROENENDIJK et al., 2012). Um estudo, porém, demonstrou uma 
associação positiva entre prolapso da parede vaginal posterior e a incontinência anal 
(MOURITSEN; LARSEN, 2003). Além dos dados inconsistentes, estes autores definiram o 
prolapso da parede vaginal posterior quando os pontos Bp eram maiores ou iguais a -1 e não 
excluíram as pacientes submetidas a procedimentos cirúrgicos ginecológicos e proctológicos. Em 
estudos anteriores, observou-se uma relação entre incontinência anal e incontinência urinária, 
caracterizando uma dupla incontinência, porém não houve avaliação da função intestinal 
(BEZERRA et al., 2014). 
O estudo de Da Silva et al. (2006) não encontrou associação entre sintomas intestinais 
e prolapso. Estes autores ainda afirmaram que os sintomas intestinais parecem ser causados por 
anormalidades anorretais primárias, sem relação direta com prolapso de órgãos pélvicos. Eles 
propuseram reconsiderar os critérios atuais para o tratamento do prolapso da parede vaginal 
posterior com base nesses achados. A qualidade das fezes influenciaria muito mais em relação aos 
sintomas de defecação obstruída do que a própria presença do prolapso de parede posterior 
(DIETZ, 2009). 
Os resultados na literatura são controversos quanto à avaliação da correlação entre POP 
posterior e sintomas intestinais. Alguns estudos (WEBER et al., 1998, GRIMES et al., 2014) 
encontraram correlação significativa entre os sintomas de disfunção intestinal e o estadio do 
prolapso do compartimento posterior. No entanto, não se observou neste estudo associação 
clinicamente significativa, confirmando o que outros autores também demonstraram (GRIMES; 
LUKACZ, 2012, TAN et al., 2005, KLINGELE et al., 2005, ELLERKMANN et al., 2001, DA 
SILVA et al., 2006; WEBER et al., 1998, MIEDEL et al., 2008). Sugere-se, então, que os sintomas 
intestinais e o prolapso vaginal posterior comumente coexistem, mas não necessariamente têm uma 
relação causal. 
40 
 
Além da relação entre o prolapso de parede vaginal posterior e as queixas intestinais, 
o presente estudo também avaliou a relação destes sintomas com as medidas CP e HG+CP. A 
mensuração de HG+CP é simples e prontamente disponível para todos os ginecologistas 
(VOLLOYHAUG et al., 2013). Alguns autores sugerem que esta medida está relacionada ao 
descenso perineal (GROENENDIJK et al., 2012, KAHN et al., 2005). 
Gerges et al. (2013) propuseram estratificar a distensibilidade anormal do hiato genital 
em: leve (HG+CP=7.0–7.99 cm), moderado (HG+CP= 8,0-8,99 cm), acentuado (HG+CP = 9,0-
9,99 cm) e severo (HG+CP ≥ 10cm). No entanto, a maioria das pacientes incluídas no estudo era 
caucasiana, necessitando validar a estratificação proposta para outros grupos étnicos. No presente 
estudo, os dados foram semelhantes aos mencionados por Gerges et al. (2013), considerando que 
a mediana da medida HG+CP no grupo caso (Bp ≥ 0) foi de 8,0 (7,0-9,0), mostrando um hiato 
genital aumentado, maiordo que no grupo controle (Bp ≤ -1). 
A mensuração de HG+CP pode ajudar a identificar mulheres com avulsão dos 
músculos elevadores do ânus, as quais estão em maior risco de desenvolver prolapso. Ademais, 
verificou-se que a avulsão do elevador parece ser um fator de risco independente para a recorrência 
do prolapso após o tratamento cirúrgico (GERGES et al., 2013, VOLLOYHAUG et al., 2013). 
Uma medida (HG+CP) ≥ 8,5 cm permite a identificação de mulheres com potencial risco para 
prolapso e chance aumentada de recorrência após cirurgia (VOLLOYHAUG et al., 2013). Esses 
dados são importantes porque permitem estimar o prognóstico do sucesso cirúrgico, sendo úteis 
para aconselhamento e planejamento cirúrgico da paciente, particularmente no que se refere ao uso 
de telas para prolapso. 
Na análise das medidas CP e HG+CP, observou-se correlação positiva com os sintomas 
de constipação. Os resultados na literatura são controversos, Kahn et al. (2005) encontraram uma 
fraca correlação entre o escore total de constipação e HG+CP (p = 0,02). Eles relataram que as 
41 
 
mulheres com dois ou mais sintomas de constipação apresentavam maiores medidas de HG+CP 
do que as mulheres que apresentavam apenas um ou nenhum sintoma. No entanto, essas 
associações desapareceram na análise de regressão multivariada, sugerindo que essas relações são 
fracas em relação às covariáveis utilizadas em seus modelos. Esforço ao defecar foi o único 
preditor estatístico independente em relação à medida HG+CP. Da mesma forma, Groenendijk et 
al. (2012) observaram que a constipação estava fracamente associada à medida HG+CP. 
As medidas HG e CP também foram avaliadas em relação à incontinência anal, 
considerando a possibilidade de que um corpo perineal curto possa estar relacionado a uma 
laceração sintomática do esfíncter anal. Entretanto, não houve correlação com as medidas do POP-
Q (HG, CP e HG+CP), corroborando os dados da literatura (GROENENDIJK et al., 2012, KAHN 
et al., 2005). O prolapso e os sintomas do assoalho pélvico provavelmente compartilham uma 
etiologia comum ao invés de terem uma relação causal direta. Conceitos fisiopatológicos que 
podem estar relacionados com o prolapso e os sintomas do assoalho pélvico são a doença do 
colágeno, lesões dos músculos do assoalho pélvico devido ao parto e neuropatia do assoalho 
pélvico (DIETZ, 2008, LUKACZ et al., 2006, GROENENDIJK et al., 2012. 
A correlação entre sintomas e qualidade de vida, de acordo com o SF-36, foi 
semelhante para ambos os grupos em todos os domínios. Isto pode ser devido às características 
sociodemográficas e clínicas similares das pacientes (pacientes com DAP). Este resultado pode ser 
justificado pelo fato de a presença de POP posterior isolado não afetar a qualidade de vida global 
da paciente. Em contraste, foram encontradas correlações significativas entre dois domínios 
(percepções gerais de saúde e dor) das medidas SF-36 e as medidas HG+CP e CP. 
Considerando os estadios do POP-Q, as pacientes sintomáticas apresentaram maior 
gravidade clínica do que as mulheres assintomáticas (SCARLATO et al., 2011, DIGESU et al., 
2003). Em contraste, outro estudo não encontrou associação entre prolapso de órgão pélvico e 
42 
 
sintomas de dor pélvica ou dor lombar. Este estudo utilizou uma escala visual para quantificar o 
grau de dor. No entanto, ele não tinha um grupo controle de indivíduos com suporte vaginal normal 
(HEIT et al., 2002). Um estudo caso-controle que incluiu um grupo controle de mulheres com 
suporte vaginal normal, utilizando questionários validados, mostrou que as mulheres com prolapso 
são mais propensas a relatar dor, pressão ou peso na porção inferior do abdômen ou pelve em 
comparação com as mulheres com suporte normal (REDDY et al., 2011). Groenendijk et al. (2012) 
descobriram que o desconforto e a dor estavam relacionados aos defeitos do assoalho pélvico, 
especialmente o prolapso da parede vaginal posterior (Bp) e à medida HG+CP. Estes dados são 
coerentes com os resultados do presente estudo. Além disso, correções cirúrgicas de defeitos 
apicais (ligamentos uterossacros) levaram a uma diminuição das dores pélvicas 
(WAGENLEHNER et al., 2016). 
Ao contrário de vários estudos anteriores que examinaram a relação entre os sintomas 
intestinais e a gravidade do prolapso de órgãos pélvicos, o presente estudo controlou importantes 
variáveis de resultados dúbios: a exclusão de mulheres que apresentaram prolapso da parede apical 
e vaginal anterior maior do que o prolapso da parede vaginal posterior e aquelas que haviam sido 
submetidas a cirurgias prévias, como a cirurgia pélvica que altera a percepção do prolapso e dos 
sintomas intestinais (DIGESU et al., 2005, SUNG et al., 2012, GRIMES et al., 2016, SUNG et al., 
2012, DIGESU et al., 2005, ANDREW et al., 2013, KAHN; STANTON, 1998). Além disto, 
utilizamos questionários validados de qualidade de vida geral e específicos para constipação e 
incontinência anal. 
O estudo foi limitado pela pequena população e pelo fato de que as imagens dinâmicas 
e morfológicas não foram associadas às investigações funcionais para esclarecer e correlacionar 
os sintomas e escolher a melhor modalidade de tratamento. Há múltiplas disfunções que afetam o 
compartimento posterior da mulher e que podem contribuir para os vários sintomas como pressão, 
43 
 
prolapso, incontinência, esforço excessivo para defecação, sensação de evacuação incompleta, 
fezes endurecidas, sensação de obstrução anorretal e manobras manuais para facilitar a defecação. 
Muitas destas disfunções necessitam de exames complementares para seus diagnósticos. Assim, 
como utilizamos apenas o exame físico para diagnóstico de prolapso de parede vaginal posterior 
(retocele), muitas outras patologias podem ter sido subdiagnosticadas. 
Estudos posteriores sobre a relação entre os sintomas intestinais, avaliação física, 
imagens dinâmicas e morfológicas (incluindo ultrassonografia anorretal/transvaginal e dinâmica 
ou ressonância nuclear magnética dinâmica) e investigações funcionais (incluindo manometria 
anorretal) no compartimento posterior, dividido em dois grupos (mulheres sintomáticas x 
assintomáticas), forneceriam parâmetros de prática mais concretos para o diagnóstico das 
disfunções do assoalho pélvico que são complexas de identificar apenas por exame físico, como 
anismus, intusssuscepção e até mesmo a diferença entre retocele e entero-sigmoidocele. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
6 CONCLUSÃO 
 
A constipação e a incontinência anal foram semelhantes em mulheres com prolapso da 
parede vaginal posterior quando comparados com mulheres sem prolapso posterior da parede 
vaginal. 
Não houve correlação entre o estadiamento do prolapso da parede vaginal posterior 
(ponto Bp) com a gravidade da constipação e da incontinência anal. 
As medidas CP e HG+CP (POP-Q) correlacionaram-se positivamente com sintomas 
de constipação, porém sem demonstrar correlação com a incontinência anal. 
Não houve diferença entre os grupos quando comparados em relação à qualidade de 
vida geral. 
Houve correlação negativa das medidas CP e HG+CP com dois domínios do SF-36 
(saúde geral e dor). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
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52 
 
ANEXO A – Aprovação CEP/HGCC 
 
 
 
 
 
53 
 
ANEXO B – Aprovação CEP/HGF 
 
 
 
 
 
 
54 
 
ANEXO C – Portfólio HGF/HGCC 
 
 
PORTIFÓLIO PACIENTES 
NOME: ___________________________________ PRONTUÁRIO: ____________ 
TELEFONES:________________________________________________ 
DIAGNÓSTICO FINAL:____________________________________________________ 
TRATAMENTO PROPOSTO: ( ) Medicamento ( ) Fisioterapia ( ) Cirurgia ( ) Pessário 
CIRURGIA PROPOSTA: ______________________________________ 
CIRURGIA REALIZADA:____________________________________________________ 
DATA DA CIRURGIA: ______/_______/________ 
CHECK LIST PARA PACIENTES CIRÚRGICAS 
PRÉ-INTERVENÇÃO PÓS 4º MÊS (___/____/___) 
□ TERMO DE CONSENTIMENTO 
□ Identificação/SÓCIO-DEMOGRÁFICO 
□ ANAMNESE/EX. FÍSICO 
IU PROLAPSO 
□ POP-Q □ AFA □ PAD TEST 
□ SF- 36 □ ICIQ-SF 
□ EUD 
□ P-QOL ( ) NA 
□ KHQ ( ) NA 
□ PISQ ( ) NA 
 
Tratamento Inicial Proposto: ________________ 
( ) DIGITADO NO SPSS 
 
 
 
□ POP-Q 
□ RESÍDUO MICCIONAL 
□ TESTE DE ESFORÇO 
□ AGENDAR RETORNO COM 4 MESES DE 
PÓS 
□ AGENDAR PAD-TEST COM 4 MESES DE 
PÓS 
 
( ) DIGITADO NO SPSS 
 
 
 
IU PROLAPSO 
□ PERGUNTAS SUBJETIVAS 
□ POP-Q □ AFA □ PAD TEST 
□ AVALIAÇÃO DE INCONTINÊNCIA FECAL E 
CONSTIPAÇÃO 
□ SF-36 
□ KHQ ( ) NA 
□ P-QOL ( ) NA □ ICIQ-SF ( ) NA 
□ SOLICITAR 
EUD 
□ PISQ ( ) NA 
( ) DIGITADO NO SPSS 
PÓS 6º MÊS (___/____/___) 
IU PROLAPSO 
□ PERGUNTAS SUBJETIVAS □ POP-Q 
□ ICIQ-SF □ EUD ( ) DIGITADO SPSS 
□ PISQ ( ) NA 
 
 
IU PROLAPSO 
□ PERGUNTAS SUBJETIVAS 
□ POP-Q 
□ KHQ ( ) NA 
□ P-QOL ( ) NA 
□ ICIQ-SF 
SE TIVER ATIVIDADE SEXUAL: 
□ PISQ ( ) NA 
 
ANEXO 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) - Pacientes 
PÓS 1º MÊS (___/____/___) 
PÓS 12 º MÊS (___/____/___) 
SPSS Nº: 
55 
 
Essas informações estão sendo fornecidas para sua participação voluntária neste 
estudo, o qual tem o objetivo de comparar o perfil socioeconômico das mulheres com e sem 
disfunção do assoalho pélvico no município de Fortaleza e avaliar sua qualidade de vida, bem 
como avaliar as implicações da correção cirúrgica de prolapso pélvico na função sexual e os efeitos 
da fisioterapia na disfunção sexual. Caso você concorde em participar, será acompanhada no 
Ambulatório de Uroginecologia e Cirurgia Vaginal do Hospital César Cals ou no Ambulatório do 
Hospital Geral de Fortaleza, com participação da rotina de atendimento do serviço, realizando 
entrevistas e exames. Os exames a serem realizados são necessários para o seguimento e tratamento 
da doença fazendo parte da rotina do ambulatório. Entre eles a avaliação clínica realizada pela 
equipe médica do serviço; questionários de qualidade de vida e ficha socioeconômica adaptada do 
CCEB/2011. Será também realizada a avaliação funcional do assoalho pélvico por um toque 
vaginal (músculos vaginais) utilizando a escala de Oxford (AFA) e Ortiz (PERFECT) para 
sabermos a força da sua musculatura vaginal. Sua participação é voluntária e não sofrerá nenhum 
dano caso não concorde em participar da pesquisa. Caso aceite participar, você tem plena liberdade 
para desistir a qualquer momento, sem necessidade de justificativa, se julgar conveniente. Todas 
as informações colhidas e a identidade serão mantidas em sigilo como informação confidencial. 
Não há despesas pessoais para você participar da pesquisa, incluindo exames e consultas. Também 
não há compensação financeira relacionada à sua participação. O pesquisador e a equipe de 
profissionais se comprometem a utilizar os dados e o material coletado somente para fins de 
pesquisa. Colocamo-nos à disposição para qualquer informação relacionada à pesquisa ou qualquer 
contratempo advindo dela. 
Da mesma forma, a paciente declara que dá plena autorização à equipe de cirurgia 
ginecológica do Hospital César Cals e do Hospital Geral de Fortaleza para proceder às 
investigações necessárias ao diagnóstico do seu estado de saúde, bem como executar as avaliações, 
questionários, o tratamento designado correção cirúrgica de distopia genital e ou incontinência 
urinária e todos os procedimentos que o incluem, inclusive anestesias ou outras condutas médicas 
que tal tratamento possa requerer, podendo o referido profissional valer-se do auxílio dos outros 
profissionais de saúde. 
Acredito ter sido suficientemente informada a respeito das informações que li ou que 
foram lidas para mim, descrevendo os testes, questionários e entrevistas. Declaro, igualmente, estar 
ciente de que o tratamento adotado não assegura a garantia de cura e que a evolução da doença e 
o resultado do tratamento podem obrigar o (a) profissional (a) a modificar as condutas inicialmente 
56 
 
propostas, sendo que, neste caso, fica o(a) mesmo(a) autorizado(a), desde já, a tomar providências 
necessárias para tentar a solução dos problemas surgidos, segundo seu julgamento. 
Certifico que o(a) pesquisador(a) me informou sobre a natureza e as características do 
tratamento proposto, bem como dos resultados esperados e de outras possíveis alternativas de 
tratamento paraesta doença, como também os possíveis riscos conhecidos, complicações e 
benefícios esperados, relativos ao tratamento proposto, e as formas alternativas de tratamento, 
incluindo o não tratamento. 
 
____________________________________ Data ___/___/___ 
Assinatura do paciente / representante legal 
 
_____________________________________ Data ___/___/___ 
Assinatura da testemunha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
57 
 
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 
Data: _____/_____/_____ 1. Prontuário: _________________________ 
2. Zona: 1- Urbana 2- Rural 
3. Idade:______________ 
4. Profissão atual: 1- Do lar 2 - serviços gerais 3 - agricultora 4 - costureira 5 - aposentada. Da atividade: _________________ 6 
- vendedora 7 - professora 8 - outras: _____________________________________________________________ 
5. Estado civil: 1 - solteira 2 - casada/união estável 3 - divorciada 4 - viúva 
6. Escolaridade da mulher: ___________ anos de estudo 
(analfabeta=0/Ens. Fund. Completo [1ª-8ªsérie]=9 anos/ Ens. Méd. Completo[1ª-3ªsérie do 2º grau]=12 anos) 
7. PONTOS A: ________ (Analfabeta até a 3ª série do 1º Grau = 0/ Até a 4ª série do 1º grau = 1/ Até a 8ª série completa = 2 /Ensino 
médio completo = 4/ Superior completo = 8) 
AVALIAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA 
 
13. Renda familiar total (somando com o bolsa família, se for o caso): R$__________________ 
Avaliação da posse de itens (CCEB 2011) 
Quantidade 0 1 2 3 4 
TV em cores 0 pontos 1 ponto 2 pontos 3 pontos 4 pontos 
Rádio 0 pontos 1 ponto 2 pontos 3 pontos 4 pontos 
Banheiro 0 pontos 4 pontos 5 pontos 6 pontos 7 pontos 
Automóvel 0 pontos 4 pontos 7 pontos 9 pontos 9 pontos 
Empregada mensalista 0 pontos 3 pontos 4 pontos 4 pontos 4 pontos 
Máquina de lavar 0 pontos 2 pontos 2 pontos 2 pontos 2 pontos 
Vídeo cassete e/ou DVD 0 pontos 2 pontos 2 pontos 2 pontos 2 pontos 
Geladeira 0 pontos 4 pontos 4 pontos 4 pontos 4 pontos 
Freezer (aparelho independente ou parte da 
geladeira duplex) 
0 pontos 2 pontos 2 pontos 2 pontos 2 pontos 
TOTAL DE PONTOS B 
 
15. Avaliação da classe social (SOMAR PONTOS A E PONTOS B):__________________________ 
16. Classe: 1- A1 (42-46) 2- A2 (35-41) 3- B1 (29-34) 4- B2 (23-28) 5-C1 (18-22) 6- C2 (14-17) 7- D (08-
13) 8- E (00-07) 
58 
 
ANAMNESE 
17. Queixa principal: ( , , ) 1 - “Bola na vagina” 2 - Perda de urina 3 - Urinar muito 4- 
Outras:____________________ 
Expressão da paciente: __ ____________________________________________________________ 
HDA:_________________________________________________________________________________ 
ICIQ – SF (Tamanini, J.T.N. et al.) 
18. Com que frequência você perde urina? 0-nunca 1 - uma vez/semana ou menos 2 - duas ou três 
vezes/semana 3 - uma vez/dia 4 - diversas vezes/dia 5 - o tempo todo 
19. Qual a quantidade de urina que você pensa que perde? 
 0 - nenhuma 2 - pequena quantidade 4 - moderada quantidade 6 - grande quantidade 
20. Quanto à perda de urina interfere em sua vida diária? 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
 (0=não interfere 10= interfere muito) 
21. ICIQ SCORE: (Somar os resultados 18+19+20 = ___________________) 
22. Quando você perde urina (assinale as alternativas que se aplicam à paciente)? 
( ) 1 - Nunca ( ) 2 - Perco antes de chegar ao banheiro ( ) 3 - Perco quando tusso ou espirro 
( ) 4 - Perco quando estou dormindo ( ) 5 - Perco quando estou fazendo atividades físicas 
( ) 6 - Perco quando terminei de urinar e estou me vestindo ( ) 7 - Perco sem razão óbvia ( ) 8 - Perco o 
tempo todo 
INVESTIGAÇÃO SOBRE AS QUEIXAS DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL 
23. Nº de micções diurnas (da hora que acorda até antes de dormir): ______________ 
24. Nº de micções noturnas (após ter dormido, quantas vezes acorda para urinar?): _____________ 
25. Perda de urina aos esforços (Marque apenas 1 opção) 0 – Não 1 - Grandes esforços 2 - Médios esforços 
3 - Mínimos esforços 
26. Urgência (Desejo súbito de urinar que é difícil de adiar – ICS, 2010) 0 – Não 1- Sim 
27. Noctúria (N° de micções noturnas ≥3)  0 - Não 1- Sim 
28. Urge-incontinência (queixa de perda urinária de urina associada à urgência – ICS, 2010) 0 – Não 
1- Sim 
29. Enurese noturna (queixa de perda involuntária de urina durante o sono – ICS, 2010) 0 – Não 1- Sim 
30. Perda de urina contínua 0 - Não 1- Sim 
31. Quantos forros vaginais você usa por dia  ____________________ (Escreva 0, caso não utilize forros) 
32. Perda de urina ao coito 0 - Não 1- Na penetração 2- No orgasmo 3- Não tem relação sexual 
33. Dificuldade de iniciar micção (queixa-se de atraso para iniciar a micção – hesitação) 0 – Não 1- Sim 
59 
 
34. Disúria 0 – Não 1- Sim 
35. Força para iniciar a micção 0 – Não 1- Sim 
36. Polaciúria (Nº micções diurnas ≥ 7vezes) 0 – Não 1- Sim 
37. Sensação de esvaziamento incompleto (a bexiga não esvaziou completamente após a micção)  0 – 
Não 1- Sim 
38. Hematúria 0 – Não 1- Sim 
39. Dor ao enchimento vesical 0 – Não 1- Sim 
40. ITU recorrente (No mínimo, 3 ITU sintomáticas e diagnosticadas pelo médico nos últimos 12 meses)? 
0 – Não 1- Sim 
41. Se sim, quantas vezes em um ano:______ (Escreva 0, caso não tenha tido nenhum episódio) 
42. Incontinência fecal 0 – Não tem 1- gases 2- sólidos 3-“mancha a calcinha” 
Se a paciente referir incontinência fecal, AVALIAR O GRAU DE INCONTINÊNCIA DE JORGE & 
WEXNER 
(Escore mínimo = 0, escore máximo = 20) 
 Nunca Raramente Algumas 
vezes 
Geralmente Sempre 
43. Perda para sólidos 0 1 2 3 4 
44. Perda para líquidos 0 1 2 3 4 
45. Perda para gases 0 1 2 3 4 
46. Uso de fraldas/forro 0 1 2 3 4 
47. Alteração do estilo de 
vida 
0 1 2 3 4 
48. TOTAL 
49. Classificação do grau de incontinência: 0 - Não tem 1 - Leve (0-7 pts) 2 - Intermediária (8-13 pts) 3- 
Grave (14-20 pontos) 
 
50. Você tem urgência fecal (Desejo súbito de defecar que é difícil de adiar – ICS, 2010)? 0 - Não 1- Sim 
 
51. Constipação (Movimentos intestinais infrequentes e/ou necessidade frequente de esforço ou ajuda manual para defecar)? 0 - Não 1- Sim 
Se a paciente referir constipação, preencher ESCORE DE JORGE & WEXNER DE CONSTIPAÇÃO 
(Escore mínimo = 0, escore máximo = 30) 
52. Frequência instestinal 1-2 x em 1-2 
dias 
0 
2x/semana 
1 
1x/semana 
2 
< 1x/sem 
3 
< 1x/mês 
4 
53. Dificuldade: 
(Esforço evacuatório) 
Nunca 
0 
Raramente 
1 
Algumas vezes 
2 
Geralmente 
3 
Sempre 
4 
54. Sensação evacuatória 
incompleta 
Nunca 
0 
Raramente 
1 
Algumas vezes 
2 
Geralmente 
3 
Sempre 
4 
55. Tempo: min no 
lavatório 
(tentativa para evacuar) 
< 5´ 
0 
5 - 10’ 
1 
10 - 20’ 
2 
20 - 30’ 
3 
> que 30’ 
4 
60 
 
56. Auxílio: 
(tipo de auxílio para 
evacuar) 
Sem auxílio 
0 
Laxativos estimulantes 
1 
Auxílio digital, enema ou 
ducha 2 
57. Tentativas para 
evacuar 
sem sucesso em 24h 
Nunca 
0 
1-3 
1 
3-6 
2 
6-9 
3 
> 9 
4 
58. Duração da 
constipação (anos) 
0 
0 
1-5 
1 
5-10 
2 
10-20 
3 
>20 
4 
59. Dor abdominal (não 
relacionada à 
evacuação) 
Nunca 
0 
Raramente 
1 
Algumas vezes 
2 
Geralmente 
3 
Sempre 
4 
60. TOTAL 
 
61. Classificação do grau de constipação: 0- Não tem constipação 1- Discreta (0-10) 2- Moderada (11-20) 
3- Intensa (21-30) 
62. Sensação de bola na vagina 0 - Não 1- Sim 
63. Frouxidão vaginal 0 - Não 1- Sim 
PERFIL GINECO-OBSTÉTRICO 
DUM: ___/___/___ 
64. Está na menopausa ? 0 – Não 1- Sim 2- Não dá para saber (histerectomizada)

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