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; ; ; ; ANAIS DA VI MOSTRA CIENTÍFICA NOVOS SEGMENTOS E EMPREENDIMENTOS NO TURISMO ORGANIZADORES DOS ANAIS: Ivanir Azevedo Delvizio Rosângela Custodio Cortez Thomaz Leonardo Giovane Moreira Gonçalves REALIZAÇÃO: APOIO: REALIZAÇÃO: ; ; COMISSÃO ORGANIZADORA DA IX SEMANA DE TURISMO Rosângela Custodio Cortez Thomaz (Presidente da Comissão Organizadora) Ananda C. R. M. dos Santos Caio H. Borba Gustavo E. Ferreira Gabriela B. de Lima Jéssica S. C. Lattanzi João P. B. de Farias Laís R. M. Vieira Leonardo G. M. Gonçalves Lucas C. Fernandes Rafaela S. da Silva Victoria de A. B. Tatini Victória R. Falcão COMISSÃO CIENTÍFICA DA VI MOSTRA CIENTÍFICA Profa. Ivanir Azevedo Delvizio (Presidente da Comissão Científica) Prof. Ewerton Henrique de Moraes (UNESP - Câmpus de Rosana) Prof. Eduardo Romero de Oliveira (UNESP - Câmpus de Rosana) Prof. Fábio Luciano Violin (UNESP - Câmpus de Rosana) Prof. Fernando Protti Bueno (UNESP - Câmpus de Rosana) Prof. Francisco Barbosa Nascimento Filho (UNESP - Câmpus de Rosana) Prof. Guilherme Henrique Barros de Souza (UNESP - Câmpus de Rosana) Profa. Juliana Maria Vaz Pimentel (UNESP - Câmpus de Rosana) Profa. Luciana Codognoto da Silva (UFMS – Câmpus de Nova Andradina) Profa. Renata Maria Ribeiro (UNESP - Câmpus de Rosana) Prof. Roberson da Rocha Buscioli (UNESP - Câmpus de Rosana) Profa. Rosângela Custodio Cortez Thomaz (UNESP - Câmpus de Rosana) Prof. Vagner Sérgio Custódio (UNESP - Câmpus de Rosana) Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 4 ; ; APRESENTAÇÃO É com satisfação que apresentamos os Anais da VI Mostra Científica e IX Semana Acadêmica de Turismo, evento promovido pelo Curso de Turismo da Universidade Estadual Paulista (UNESP), entre os dias 18 e 20 de outubro de 2017, no Câmpus Experimental de Rosana. Buscando promover um espaço de discussão e reflexão, em sua nona edição, a Semana Acadêmica do Turismo teve como tema central os novos segmentos e empreendimentos no turismo, promovendo palestras, roda de discussão e conferência sobre turismo LGBT, turismo tecnológico, turismo de guerra, turismo e cidades inteligentes, turismo gastronômico e restrição alimentar, turismo e acessibilidade, além dos minicursos Bar e Sommelier. Além disso, no dia 20 de outubro, foi realizada a VI Mostra Científica, com apresentação de trabalhos inseridos em cinco eixos temáticos: Turismo e Cultura; Turismo e Desenvolvimento Local; Turismo, Marketing e Serviços; Turismo e Políticas Públicas e Outros Segmentos do Turismo, que foram organizados em três grupos de trabalho (GTs). No GT1 – Turismo, Marketing e Serviços, coordenado pelo Prof. Me. Roberson da Rocha Buscioli, foram apresentados trabalhos sobre a potencialidade do uso de recursos de realidade virtual na área do turismo, a importância da atratividade, criatividade e representatividade na criação de logotipos, a efetividade no uso das ferramentas mercadológicas no setor de A&B, a utilização do meio digital nos hotéis de pequeno porte e a terminologia relativa à hotelaria e aos meios de hospedagem. No GT2 – Turismo, Cultura e Desenvolvimento Local, coordenado pela Profa. Dra. Rosângela Custodio Cortez Thomaz, os trabalhos versaram sobre a questão do lazer nos çassentamentos rurais, a contribuição da cultura africana para a formação do samba e sua relevância para o turismo no Rio de Janeiro, o impacto da massificação do turismo na identidade mística de São Thomé das Letras, o turismo em favelas e a terminologia relativa ao patrimônio cultural. No GT3 – Múltiplos Olhares sobre o Turismo, coordenador pelo Prof. Me. Francisco Barbosa do Nascimento Filho, foram discutidos temas variados, como o narcoturismo, as gírias utilizadas por visitantes de penitenciárias, os fatores motivacionais dos frequentadores do festival Atlântida, a importância do Programa de Educação Tutorial para a formação acadêmica, projetos de lei dos municípios de interesse turístico e unidades de conservação. Os trabalhos apresentados estão organizados de acordo com o eixo temático em que se inseriram, dividindo-se em duas categorias: artigos completos e resumos expandidos. Agradecemos a todos que colaboraram para o sucesso da VI Mostra Científica e da IX Semana Acadêmica de Turismo e esperamos que esta publicação contribua para o desenvolvimento dos estudos na área do Turismo. Ivanir Azevedo Delvizio Presidente da Comissão Científica Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 5 SUMÁRIO Artigos Científicos: Turismo e Cultura A trajetória de vida e origem em uma análise reflexiva: o Museu do Assentado no município de Rosana/SP ........ 8 Leonardo Giovane Moreira Gonçalves; Rosângela Custodio Cortez Thomaz. Artigos Científicos: Turismo, Marketing e Serviços Análise perceptual dos logotipos de baladas LGBT em São Paulo: um estudo nos atributos atratividade, criatividade e representatividade. ................................................................................................................................. 22 Vagner Sérgio Custódio; Maria Fernanda Sanchez Maturana; Fábio Luciano Violin; Francisco Barbosa do Nascimento Filho. Sonhos simulados: o potencial da realidade virtual como produto turístico ............................................................. 29 Fabrício Alvez Martins; Ariel de Carvalho Santos; Fábio Luciano Violin. Marketing mix do setor de A&B: análise da efetividade no uso das ferramentas mercadológicas ......................... 35 Fábio Luciano Violin; Guilherme Henrique Barros de Souza: Renata Maria Ribeiro: Fabrício Alves Martins. Artigos Científicos: Turismo e Políticas Públicas Análise e perspectivas de lazer para as comunidades rurais dos assentamentos do município de Rosana/SP ....... 46 Isadora de Oliveira Pinto Barciela; Maria Luiza Carucci Alvez; Mateus Ribeiro de Oliveira. Resumos Científicos: Turismo e Desenvolvimento Local Turismo de realidade: a turistificação da favela da rocinha com foco na comunidade receptora .......................... 56 Lara Testoni Rossi; Ewerton Henrique de Moraes. Resumos Científicos: Turismo, Marketing e Serviços A utilização das mídias sociais nos hotéis de pequeno porte de Rosana/SP ............................................................... 60 Gabriela Butzer de Lima; Francisco Barbosa do Nascimento Filho. Resumos Científicos: Turismo e Políticas Públicas Mapa do MIT: identificação do andamento dos projetos de lei ................................................................................. 64 Ana Paula Marques Gonçalves; Ewerton Henrique Moraes. Resumos Científicos: Turismo e Cultura Compreender as mudanças na identidade mística esotérica em São Thomé das Letras causadas pela massificação do turismo ........................................................................................................................................................................ 68 Sarah Delamagna Bordonal; Guilherme Henrique Barros de Souza. A contribuição da cultura africana para a formação do samba brasileiro e sua relevância no desenvolvimento do turismo na cidade do Rio de Janeiro/RJ .................................................................................... 71 Ismael Muniz Pessoa; Juliana Maria Vaz Pimentel; Bruna Novais Souza. Resumos Científicos: Outros Segmentos do Turismo Turismo de eventos: análise dos fatores motivacionais dos frequentadores do festival de música eletrônica atlântida - Ilha do Paraíso - Ilha Solteira/SP ................................................................................................................76 Sarah Delamagna Bordonal; Roberson da Rocha Buscioli; Bruna de Souza Novais; Lara Testoni Rossi. Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 6 As gírias influentes entre o grupo de visitantes de penitenciárias .............................................................................. 79 João Paulo Bloch Farias; Juliana Maria Vaz Pimentel; Renata Maria Ribeiro. O narcoturismo como segmentação .............................................................................................................................. 82 Roberson da Rocha Buscioli; Thiago Pedroso Soares. A importância do programa de educação tutorial (PET) na formação de membros do projeto universitário ...... 85 Jéssica Suellen Caetano Lattanzi; Rafaela Santos da Silva; Rosângela Custodio Cortez Thomaz. Levantamento de termos relativos ao campo do patrimônio cultural ........................................................................ 88 Ivanir Azevedo Delvizio; Jéssica Suellen Caetano Lattanzi. Terminologia do turismo: hotelaria e meios de hospedagem ...................................................................................... 91 Dara Cleaver Afonso; Ivanir Azevedo Delvizio; Camila da Silva Dias; Lucaiana Ferreira Gonçalves. Dicionário de turismo: proposta de modelo de definição das unidades de conservação .......................................... 94 Beatriz Sousa Pereira; Ivanir Azevedo Delvizio. Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 7 ANAIS Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 8 ; ; L. G. M. Gonçalves; R. C. C. Thomaz. ISSN 0000-0000 A TRAJETÓRIA DE VIDA E ORIGEM EM UMA ANÁLISE REFLEXIVA: O MUSEU DO ASSENTADO NO MUNICÍPIO DE ROSANA/SP ¹ GONÇALVES, Leonardo Giovane Moreira² THOMAZ, Rosângela Custodio Cortez³ Universidade Estadual Paulista - UNESP Câmpus de Rosana leonardo.giovane@hotmail.com, rocortez@rosana.unesp.br 1 Artigo Científico vinculado à Iniciação Científica: “Patrimônios e Lazeres Turísticos: O Museu do Assentado no município de Rosana/SP”, financiada pelo Pibic/CNPq 2015/2016. ² Graduando em Turismo, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rosana/SP. ³ Pós-doutorado em Turismo, Universidade de Santiago de Compostela (USC), Espanha, Doutora e Mestre em Arqueologia, Universidade de São Paulo (USP), Licenciada e Bacharel em Geografia, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Presidente Prudente/SP. RESUMO – Ao longo da história da humanidade, pesquisadores e pensadores sempre refletiram sobre as transformações das eras e, sobretudo, previam o dia em que o homem se renderia a sua própria criação, ou seja, aos meios tecnológicos. No contexto atual, observa-se, a cada dia, a marcha forçada da sociedade rumo ao desenvolvimento, obtenção de lucro e expansão das fronteiras, não obstante, essa mesma sociedade esvazia-se dos passos do passado e constrói um futuro refletindo somente no presente, ocasionando, assim, a marginalização de grupos sociais. Desse modo, o presente trabalho buscou retratar a trajetória de vida e origem da assentada Maria de Lurdes, pertencente ao assentamento Nova Pontal, situado em Rosana/SP. O recorte da pesquisa busca expor as características de um povo que lutou e luta pela posse de terra no extremo oeste de São Paulo. Para isso, utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica exploratória para contextualizar os fatos coletados por uma entrevista semiestruturada. Desse modo, tornou-se possível refletir sobre a história de vida e origem da assentada com os paradigmas existentes no meio em que a mesma está, e identificou-se a relação entre os relatos individuais e coletivos, bem como de que modo a história individual auxilia no entendimento dos fatos históricos. Palavras-chave: Trajetória de Vida; Origem; Memória Oral. ABSTRACT - Throughout the history of humanity researchers and thinkers have always reflected on the transformations of the ages and above all, predicted the day when man would surrender his own creation, in other words, the technological resources. In the current context, it is observed every day the forced march of the society towards development, obtaining profit and expansion of frontiers, nevertheless, this same society empties from the footsteps of the past and constructs a future reflecting only in the present, thereby causing marginalization of social groups. Thus, the aim of this work is to portray the trajectory of life and origin of Maria de Lourdes, belonging to Nova Pontal Settlement, situated in Rosana/SP. The research clipping seeks to expose the characteristics of a people which fight and fought for possession of land in the West of São Paulo. For this it was used an exploratory bibliographical research to contextualize the facts collected by a semi-structured interview. In this way, it has become possible to reflect on the history of life and origin of the settled with the paradigms in the midst of which she is, and identify the relationship between individual and collective accounts, as well the way individual history helps to understand historical facts. Keywords: Trajectory of Life; Origin; Oral memory. mailto:leonardo.giovane@hotmail.com mailto:rocortez@rosana.unesp.br Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 9 ; ; L. G. M. Gonçalves; R. C. C. Thomaz. ISSN 0000-0000 1 INTRODUÇÃO Localizado no extremo Sudoeste do Estado de São Paulo, o Pontal do Paranapanema é pertencente à região Alta Sorocabana do extremo oeste do Estado de São Paulo, delimitada pelos rios Paranapanema, fronteira com o Estado do Paraná, e Paraná, fronteira com o Estado do Mato Grosso do Sul. A atividade econômica predominante na região é a agropecuária, dado que sua estrutura fundiária está baseada em latifúndios localizados em terras pertencentes ao Estado, que foram griladas em anos passados (THOMAZ, 2013, p.5). A apropriação do Pontal foi marcada por inúmeros fatores desumanos e ilegais, como o extermínio dos indígenas, grilagem de terras, desmatamento, comercialização e ocupação de terras. Um dos grandes grilos que aconteceram foi o da fazenda Pirapó-Santo Anastácio, tendo preceitos empresariais, dando origem a inúmeras outras fazendas (SOBREIRO, 2013, p. 52). Monbeig (1984) salienta que a marcha capitalista para o Oeste Paulista aconteceu em três etapas. A primeira tem origem de 1900 a 1905, embalada pela conjunta produção de café e a construção das estradas de ferro no estado de São Paulo (SOBREIRO, 2013, p. 53). A segunda etapa durou até meados de 1929, que foi palco da crise econômica, sobretudo a crise do café no contexto mundial. Dessa forma, a vinda de imigrantes, as migrações internas e o avanço das estradas de ferro se tornaram mais presentes nas zonas pioneiras. A marcha para o Oeste Paulista foi impulsionada pelo modelo capitalista de produção. Dessa forma, como existiam inúmeras terras a Oeste do estado, várias ações pioneiras se formalizaram para explorar a nova área e incorporar esses espaços ainda não utilizados para o plantio (SOBREIRO, 2013, p. 54). Sobreiro (2013, p. 93) ainda expõe que, devidos aos inúmeros ‘grilos1’ que ocorreram, em 21 de fevereiro de 1891, o Ministério da Agricultura foi favorável à alocação de colonos estrangeiros nas terrasda Fazenda Pirapó-Santo Anastácio (que era uma terra grilada posteriormente). Com isso, intensificou-se a vinda de migrantes para a região, pois muitos consideraram que essa era uma terra devoluta. Dessa 1 A expressão grilagem faz menção a uma antiga prática de envelhecer documentos forjados para adquirir a posse de terras. Estes documentos eram postos em caixas com grilos, que ao defecarem davam um aspecto envelhecido aos documentos. forma, aconteceu um processo de grilagem dentro de uma terra já grilada. Contudo, o surgimento das cidades se intensificou por volta de 1951, com a Estrada de Ferro Sorocabana e a criação de um ramal saindo de Presidente Prudente/SP até as barrancas do Rio Paraná (LEITE, 1998, p.95). Segundo Leite (1998, p. 97), no ponto final dos trilhos, a firma Camargo Correia decide fazer uma cidade. O município se chamaria Rosana, nome de uma das filhas de Sebastião Camargo, e seria cercado por lotes rurais, chácaras, sítios e fazendas. Contudo, a estrada não foi finalizada até a atualidade. É visto que os conflitos pela posse de terra sempre foram marcantes no Pontal do Paranapanema e só tiveram uma diminuição com a construção das usinas hidrelétricas de Porto Primavera/SP, no rio Paraná, e de Rosana/SP e Taquaruçu, no rio Paranapanema, e com a instalação da Destilaria de Álcool Acídia no município de Teodoro Sampaio/SP (PAIÃO, 2001, p.40). Segundo Paião (2001, p.39), após o término das usinas hidrelétricas de Porto Primavera/SP, Rosana/SP e Taquaruçu/MS, que geraram cerca de 30 mil empregos para a região, muitos empregados foram demitidos. Diante disso, muitos trabalhadores continuaram na região sem perspectiva de trabalho. Com o fechamento dos estabelecimentos e a crise econômica, muitos se viram obrigados a voltar para o campo. Surge, nesse período, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST, que começa a exercer forte pressão sobre o governo e os fazendeiros, pelo fato de as terras da região serem devolutas e pertencerem ao Estado, logo deveriam sofrer o processo da reforma agrária (PAIÃO, 2001, p.40). Em julho de 1990, o MST fez a sua primeira ocupação no Pontal, especificamente no município de Teodoro Sampaio/SP, iniciando, assim, o quadro de luta por terras no oeste paulista (FERNANDES; RAMALHO, 2001). Diante da instabilidade social e econômica e das ocupações e conflitos, sendo a região do Paranapanema a mais pobre do Estado de São Paulo, o governo, em 1995, decide implantar o plano de ação governamental para o Pontal. Segundo Pimentel (2005, p.125), até o ano de 2001, a região do Pontal possuía cerca de 88 assentamentos rurais, distribuídos em 16 municípios. Desses, Mirante do Paranapanema/SP era o que mais possuía assentamentos, cerca de 33% do total. Até meados de 2001, o município de Rosana, que está localizado no extremo Oeste do Estado de São Paulo, fazendo divisa como os municípios de Euclides da Cunha Paulista, Teodoro Sampaio e com os Estados de Mato Grosso do Sul e Paraná, possuía três (3) Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 10 ; ; L. G. M. Gonçalves; R. C. C. Thomaz. ISSN 0000-0000 assentamentos, que eram os assentamentos: Nova Pontal, Bonanza e Gleba XV de Novembro, com 717 famílias assentadas em uma área de 17.240 hectares, e, em 2005, foi instituído o assentamento de reforma agrária Porto Maria, para 41 famílias de trabalhadores rurais (FERNANDES; RAMALHO, 2001). Segundo o Censo 2010, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população do Município era de 19.691 habitantes, desses 80% estão na cidade. Embasado nos fatos históricos relativos ao uso e à apropriação de terras no Pontal do Paranapanema, o presente trabalho tem como intuito explanar sobre parte dos resultados obtidos pela Iniciação Cientifica “Patrimônios e Lazeres Turístico: O Museu do Assentado no Município de Rosana/SP”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/ CNPq, orientado pela Profa. Dra. Rosangela Custodio Cortez Thomaz. O presente trabalho busca retratar a trajetória e origem da assentada Maria de Lurdes Santos de Oliveira, natural do município de Diamante do Norte/PR e residente no assentamento de reforma agrária Nova Pontal, situado no distrito rural de Primavera- Rosana/SP. Assim, busca responder os seguintes questionamentos: De que forma a história individual auxilia no entendimento da apropriação agrária local? De que forma os traços culturais individuais interagem com o meio coletivo dos assentamentos de reforma agrária? 1.1 Metodologia Utilizou-se para a realização deste trabalho visita in loco ao lote da assentada Maria de Lurdes Santos de Oliveira para que fosse possível a realização de uma entrevista utilizando a metodologia da história que abordou os aspectos origem e trajetória de vida no contexto coletivo e individual da entrevistada. As entrevistas foram realizadas durante o período de vigência do projeto 2015/2016. Os relatos orais da entrevistada foram gravados em um aparelho celular e, posteriormente, transcritos na íntegra para servir de base neste trabalho. Quanto à elaboração do roteiro de entrevista, a mesma se dividiu em quatro principais partes. Sendo a primeira ‘Trajetória de vida e origem’, a qual buscou percorrer em uma linha cronológica os fatos que ocorreram na vida dos entrevistados até a obtenção do lote, assim como de qual modo os mesmos cozinhavam, dormiam, viviam e faziam suas atividades cotidianas, seja no período do acampamento, ocupações e/ou em outras fases de suas vidas; a segunda denominada ‘Crescimento’, que teve a pretensão de obter informações sobre as lendas, mitos, estórias, brinquedos e brincadeiras que os entrevistados faziam uso no passado. A terceira, por sua vez, intitulada ‘Trabalho’, buscou relatos sobre os modos de trabalho dos pais e dos entrevistados, com o intuito de relacionar esses relatos com os anteriores e criar um perfil social dos entrevistados, bem como as suas relações com o trabalho, lazer, educação, militância e demais áreas. Já a quarta e última intitula-se ‘História’ e almejou realizar uma espécie de feedback a partir dos relatos orais dos entrevistados, em outras palavras, os entrevistados respondiam perguntas como “Ao longo de sua trajetória de vida houve algo que te marcou?”, pois, assim, tornava-se possível identificar os pontos mais importantes após dezenas de minutos de entrevista. A elaboração desse roteiro de entrevista teve como base o modelo de entrevista exposto no livro “A voz do passado” (THOMPSON, 1992). No entanto, devido ao perfil da entrevistada, objetivo da pesquisa e objeto de estudo, houve mudanças significativas na supressão e adição de perguntas e apontamentos diante do roteiro modelo apresentado pelo autor no livro. Além disso, para a elaboração deste artigo científico, tendo como intuito aprofundar as discussões dos resultados e gerar assim a análise reflexiva dos relatos orais, foram utilizados livros, artigos científicos, sites, monografias e outros materiais que versam sobre o turismo no espaço rural, patrimônio material e imaterial, memória, traços culturais e outros temas relacionados ao objeto de pesquisa. Justifica-se a escolha da entrevistada, Maria de Lurdes, devido ao seu rico detalhamento oral prestado durante a entrevista a respeito do seu histórico de vida e origem. Além da minuciosidade relatada, a entrevistada aponta alguns fatos e lembranças que auxiliam no entendimento da formação agrária local, identidade cultural individual e identidade coletiva do assentamento.2. ASSENTAMENTO NOVA PONTAL: Constituição O assentamento de reforma agrária Nova Pontal situa-se no município de Rosana/SP e tem suas origens na Fazenda Nova Pontal, antiga propriedade da Timboril Agropecuária Ltda., cujos sócios são o Sr. Ronaldo Carvalho da Cunha e a Sra. Vera Lucia Rocha da Cunha. A fazenda detinha uma área de 2.786,90 hectares de terras, sendo margeada pela rodovia de ligação entre Porto Primavera/SP ao estado do Paraná, via Diamante do Norte/PR, e ao sul pelo rio Paranapanema (CRUZ, 2008). https://www.sinonimos.com.br/minuciosidade/ Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 11 ; ; L. G. M. Gonçalves; R. C. C. Thomaz. ISSN 0000-0000 Utilizando-se de meios legais, a antiga proprietária das terras concedeu a posse da fazenda ao Estado, em setembro de 1998, e a Fundação do Instituto de Terras do Estado de São Paulo-ITESP, por sua vez, em novembro do mesmo ano, promoveu uma assembleia com as 122 famílias apontadas para ocupar as terras (CARNEIRO, 2007). Entende-se que dificuldades enfrentadas pelos então assentados após o período de reforma agrária não diminuíram em relação ao período de acampamento e ocupação das fazendas. Carneiro (2007) explana em sua pesquisa que, nos primeiros anos de constituição do assentamento Nova do Pontal, as famílias não possuíam infraestrutura local, bem como: água canalizada, estradas, energia elétrica, meios de transportes, instituições de ensino entre outros serviços. Além disto, os assentados não detinham recursos financeiros para investir na terra, ocasionando assim uma busca incessante das famílias pelas políticas públicas municipais, como discorre a autora: [...] Com uma expressiva ajuda da Prefeitura no preparo de solo para plantio de feijão, perfuração de poços cacimbas, ajuda do Estado na construção de estradas, implantação de escola rural, distribuição de cestas básicas e leite para as crianças, as famílias assentadas vencem o primeiro ano de luta e de trabalho no assentamento, já com muitas esperanças de um futuro promissor e de realizações. (CERNEIRO, 2007, p. 54) Atualmente o assentamento possui escolas, posto de saúde, igrejas, centro comunitário, infraestrutura básica e outros bens e serviços que facilitam o desenvolvimento das práticas agrícolas e comerciais do espaço, além de oferecerem maior qualidade de vida à população autóctone. Quando mencionamos a população autóctone, cabe salientar que o Assentamento Nova Pontal é constituído de quatro distintos grupos, os militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra- MST, o Movimento dos Agricultores Sem Terra- MAST, os ex- funcionários da fazenda e os sindicalistas de Porto Primavera/SP (CARNEIRO, 2007). Deste modo, insere-se inicialmente a concepção da heterogeneidade social e cultural existente em ambos os assentamentos mencionados, assim como as distinções ideológicas existentes entre militantes do MST e do MAST em contraponto às ideologias dos ex- funcionários das fazendas que sofreram o processo de reforma agrária. Essas diferenciações iniciais, por si só, são elementos plausíveis de serem analisados do ponto de vista dos traços culturais existentes em cada um dos grupos, bem como as concepções políticas, hábitos e costumes. Outro ponto a ser elencado no eixo da heterogeneidade cultural versa sobre a trajetória de vida e origem dos assentados, pois, como mencionado, as famílias que compõem os assentamentos, em sua maioria, não são residentes de Rosana/SP, ou seja, são provenientes de outras regiões do país e do exterior. Assim, observa-se a pluralidade dos traços culturais existentes nos assentamentos no que se refere ao meio coletivo e individual e, mais uma vez, insere-se o papel da entrevistada Maria de Lurdes no diálogo entre a memória e história coletiva e individual que configura o Assentamento Nova Pontal. 3. FASES DA VIDA COLETIVA 3.1 Origem A primeira fase de vida da entrevistada, atualmente com 55 anos, referiu-se à sua origem, em que foi perguntado sobre onde morou e por quanto tempo. A entrevistada Lurdes respondeu: [...] eu nasci em Diamante do Norte, região de Diamante né, que era município de Nova Londrina, meu pai era madeireiro então eles trabalhavam mexendo com madeira, tirando madeira, que era tudo mata né, então a gente nasceu, eu e meus irmãos, os 4 nascemos ali, mas ali foi pouco tempo e a gente foi embora pro Mato Grosso, porque pra lá que concentrava mais as matas, para tirar madeira né. E a gente ficou assim, sempre andando, e do Mato Grosso, nois viemo embora, quando chegou à época da gente começar a estudar. Né, minha irmã mais velha que é de 60, então chegou a época dela estudar, é a época que a gente veio para Euclides da Cunha, para poder ir para escola. Ai de Euclides foi, que a gente veio ali para fazenda, aonde a gente ta assentada hoje. (OLIVEIRA, 2015) Percebe-se, então, que a entrevistada levava uma vida simples, e que o seu deslocamento dependia do trabalho de seu pai e de seus estudos. Em outro momento, ela cita que não ficaram acampados, pois trabalhavam para a fazenda pelo fato de seu pai ser madeireiro. A casa da entrevistada tinha também as características rústicas, a mesma relata que “é, aonde a gente morava. Tanto aqui no Paraná como no Mato Grosso, que é o que a gente consegue lembrar, mas alvenaria, madeira, não, isso não tinha né. E de pau-a- pique fica as varas, pega barro e fazia as parede né, é Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 12 ; ; L. G. M. Gonçalves; R. C. C. Thomaz. ISSN 0000-0000 pau a pique aquilo lá” (OLIVEIRA, 2015). Salienta-se que Lurdes e sua família dependiam do trabalho na fazenda e, por isso, viviam de objetos e costumes simples. Sobre a casa de pau-a-pique, conforme mencionado pela entrevista, insere-se um dentre vários traços culturais pertencentes ao seu individualismo e coletivismo. A técnica pau-a-pique no Brasil vem desde o período colonial, entre os séculos XVI e XIX, segundo Olender (2006, p. 1), “uma das técnicas mais encontradas na arquitetura brasileira, à qual é atribuída a feitura dos primeiros edifícios construídos pelos portugueses no Brasil, é aquela conhecida principalmente como pau-a-pique ou taipa de mão”. Apesar de a técnica de construção pau-a-pique ter se difundido com a chegada dos portugueses, não há registros históricos de que esses povos foram os pioneiros na técnica. Segundo Vasconcellos (1968, p. 47): [...] embora o pau-a-pique se tenha difundido por todo o Brasil, e intensamente em Minas Gerais, é ele totalmente desconhecido em Portugal. Não há, em todo esse país, exemplo de sua aplicação. Não há, por sua vez, indicações seguras de sua origem africana [...]. A real origem do pau-a-pique é discutida por muitos pesquisadores. Alguns argumentam que possivelmente a técnica foi desenvolvida no Brasil, resultando de experiências portuguesas, africanas e indígenas, uma vez que os portugueses já faziam uso do método taipa de pilão (OLENDER, 2006, p.48). As “casas de pau-a-pique são casas tradicionais construídas geralmente de paus, colmo, capim, cordas de cascas de árvores” (DIAS; COSTA; PALHARES, 2015, p. 12) quando se faz referência às tribos indígenas tradicionais. Já quando se refere às construções em meio rural ou na área periurbana, as construções, além dos materiais anteriores, utilizam barro, argila, bambus e cordas, conforme elencado por Maria de Lurdes (OLIVEIRA, 2015). Quando questionada sobre seus antigos costumes, aentrevistada relatou que cozinhavam em fogão de lenha e que, naquela época, eles não tinham muita fartura comparado ao que têm hoje. Sobre seus costumes, Lurdes discorreu: Aquela época essas coisas eram difíceis, não tinha essas fartura que tinha hoje não, né. Tinha não, lá comia, carne que comia era de bicho do mato, porque morava no mato né, era que tinha era isso, a situação não era nada fácil, hoje é uma maravilha né, tem riqueza e fartura, naquela época não era assim, tinha, nascia criança, graças a Deus se a mãe tivesse leite, porque se não tivesse era uma latinha de leite em pó pro mês inteiro, é, a situação não era fácil, ai os irmãozinhos mais fácil ficavam olhando assim, vinha com aquela vontade de tomar um copinho do leitinho, mas não tinha jeito, pela situação que a gente vivia. (OLIVEIRA, 2015) A respeito do local em que dormia, a entrevistada disse que as camas eram de madeira, porém, o estrado, segundo Lurdes (OLIVEIRA, 2015), “ou era capim ou era palha os colchão, ia nos mato na beira dos córregos tinha um tipo de capim macio, ou era aqueles capins ou era palha de milho nos cochãos, ou rede, pegava o saco, e emendava e fazia rede, não é essas redes chiques que tem hoje não” (OLIVEIRA, 2015). E até mesmo os banhos eram bem simples, pois tinham que pegar água do poço para tomar o banho. A situação de vida de Lurdes era bem simples e, consequentemente, a sua educação também foi. A entrevistada teve seu primeiro contato com a escola aos 7 anos, e seus irmãos, com 8 e 9 anos, quando se mudaram para Euclides para poder estudar. Em entrevista, foi perguntado também sobre os costumes culturais, ou seja, se havia danças, festas e comidas típicas. A entrevistada respondeu que “era difícil, não tinha, era assim, era uma família só em cada lugar, não tinha esse negócio de um monte de gente perto, não tinha não” (OLIVEIRA, 2015). Em relação às festas de padroeiros, eles não tinham o hábito de comemorar, devido a calmaria do campo e o pai da entrevistada que, como ela mesma disse, “era muito calado”. Então, percebe-se que houve essa carência de cultura, eles não tinham esses costumes e as comemorações populares. A valorização da família se baseava mais no trabalho e na educação, quando a mesma podia ser prioridade. 3.2 Vinda a Rosana/SP O principal motivo de a entrevistada ter vindo para Euclides da Cunha/SP foi o fato de seu pai ter que trabalhar na fazenda e, consequentemente, o seu marido também. Foi perguntado a Lurdes, quais eram os serviços que seu marido fazia na fazenda, e ela disse que ele construía “casa, fazia cocho de sal, essas coisas assim, parte de pedreiro e carpinteiro. Pedreiro, carpinteiro, encanador, pintor, ele pegava a casa dava pronta né” (OLIVEIRA, 2015), ou seja, o marido dela Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 13 ; ; L. G. M. Gonçalves; R. C. C. Thomaz. ISSN 0000-0000 fazia todos os processos na fazenda, fato corriqueiro em pequenas propriedades. Em questões anteriores, Lurdes já havia dito que não teve que acampar, e, assim, foi questionada se tinha algum lugar para ficar quando chegaram, e a mesma afirmou que já tinham e que seria a fazenda em que iriam trabalhar e morar. Antigamente, quando eles chegaram a essa fazenda, ela ainda não fazia parte do assentamento, era apenas a Fazenda Nova Pontal. Porém, atualmente, as propriedades foram desapropriadas, e o Estado comprou para assentar as pessoas. 3.3 Acampamento Como a entrevistada nunca ficou acampada, os questionamentos foram mais voltados às suas experiências trabalhando na fazenda. A Sra. Lurdes relatou uma situação, dentre várias que aconteciam no local, em que as pessoas invadiam a fazenda por ter necessidades, sendo que quem estava na fazenda também tinha essas necessidades. Ela relatou que “a gente nunca ficou acampado, mas já passou por estresse, porque quem tá acampado passa por situações e a gente que mora na fazenda e vê ela sendo invadida também passa por situações difíceis também, né” (OLIVEIRA, 2015). Com essa tentativa de invasão, a Lurdes e sua família sentiam muito medo. Sobre esse medo, ela relata que: Ah muito medo né, a gente tinha medo, eles ameaçavam a gente, porque morava na fazenda, então a gente tinha muito medo. E até muito tempo, a gente não era bem visto pelo pessoal do MST né, porque o maior movimento é o MST, então não era bem visto por eles. Por vontade deles a turma da fazenda também não teria pegado terra, mas como quem manda é o Estado, nós tivemos esse direito assegurado. (OLIVEIRA, 2015) Além das ordens deliberadas pelo Estado, Lurdes também tinha um patrão e esse também dava ordens referentes aos “invasores”, a entrevistada cita que uma das ordens era, “[...]de não dar água, não deixar eles fica entrando, mas era difícil né, porque a gente tando ali a pessoa chega lá e pedi uma agua, às vezes, não tinha jeito de negar né, meio escondido, mas a gente arrumava” (OLIVEIRA, 2015). É perceptível, então, que havia diferenças entre o povo da fazenda e do MST (Movimento Sem Terra). As pessoas que estavam na fazenda não tinham muito respeito pelas pessoas do assentamento do MST. Desse modo, surgiam esses conflitos, mesmo sendo duas populações que tinham uma dificuldade semelhante, que seria a busca por terra e por um lugar para morar. 3.4 Reforma Agrária Logo com esse processo de ocupação, a fazenda em que Lurdes morava foi vendida, para que fizessem o assentamento para o MST. Assim, a entrevistada comenta sobre como foi o processo de conseguir um lote. Foi perguntado se demorou muito para conseguir. Lurdes comentou que: Não, logo que já negociou já, todo mundo que tava lá, pegou né, tanto os funcionários, como os que tavam acampado, foi feito a seleção e conseguiu, até esse povo aqui do cinturão verde, a maioria era dali, desse cinturão verde, aí tirou, deu lote lá para eles, ele foram, teve muitos que vendeu o lote, porque era muito grande para trabalhar voltar pra cá de novo. (OLIVEIRA, 2015) Segundo Paião (2001, p.68), os assentamentos rurais têm a finalidade de aproveitar os recursos fundiários do Estado, ou seja, atribuir uma nova finalidade às terras tidas como devolutas ou improdutivas. Cabe à União tanto arrecadar terras tidas como devolutas quanto desapropriar terras particulares. 3.5 Atualmente Atualmente a entrevistada mora com a sua família, que é composta por cinco pessoas. E estão em uma casa de sete cômodos. A entrevistada comenta sobre sua mudança de casa e sobre o material da mesma, assim como a sua filha que mora em sua antiga casa (Figura 1). Lurdes explica então essa mudança: [...] essa de madeira que a gente tinha lá em Euclides, é onde a filha tá morando agora, agora tem um banheirinho sanitário, porque ela lá construiu, porque na nossa época não tinha, nós entramos lá na casinha, era quase pau-a-pique, tinha as paredes de madeira, não tinha mata junta, a telha não tava terminada a cobertura direito, não tinha porta nem janela, só os vão, ai botava os foião pra tampá de noite e beleza, porque a gente tinha que trabalhar né, porque tinha terra e tinha que mudar, então não deu tempo de fazer casa assim não. (OLIVEIRA, 2015) Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 14 ; ; L. G. M. Gonçalves; R. C. C. Thomaz. ISSN 0000-0000 Mesmo com essa mudança da casa, eles ainda dependem de uma boa parte de seus cultivos. Atualmente a renda da família é “o leite é uma, né, o gado que vendebezerro e a feirinha também tem uma boa ajuda, que a gente vende os produtos também lá, né” (OLIVEIRA, 2015). Porém, alguns hábitos e dificuldades que passavam antes, hoje em dia, já são mais diferentes para eles. Figura 1- Primeira Residência da Sra. Lurdes. Fonte: Acervo pessoal da entrevistada. A entrevistada comenta sobre como atualmente essas dificuldades, principalmente de escolarização, são diferentes agora. Lurdes comenta também sobre a facilidade do transporte: [...] hoje a coisa ta é boa né, hoje tá boa, hoje tá boa as coisas, hoje a gente tem bastante transporte, tanto na rodovia, assim das empresas, como para as crianças irem para escola, tudo tem transporte, tanto para escola, como para gente vir para cidade, então hoje as coisas estão uma beleza. (OLIVEIRA, 2015) Sendo assim, é possível ver que, atualmente, as dificuldades que ela tinha antes, junto de sua família, agora não são mais as mesmas. Os costumes e hábitos da entrevistada foram se alterando com o tempo, e hoje ela pode dizer que teve uma participação no processo da criação do assentamento da região. E, assim, ainda vivendo na área rural, a dona Lurdes consegue compreender toda essa mudança e tudo que interferiu no seu cotidiano. Mas ela ainda vive de seus hábitos básicos de plantar e cultivar, assim como de criar gados. Sendo assim, sua cultura não foi miscigenada no atual presente. 4. CICLO DE VIDA INDIVIDUAL E COLETIVA 4.1 Infância No decorrer da entrevista, foi perguntado à entrevistada se existe alguma crença, dança ou comida típica atualmente, bem como algum padroeiro, ou alguém que faz arte, poesia e etc. Dessa maneira, Lurdes (OLIVEIRA, 2015) respondeu: Não tinha assim comida típica, dança assim, padroeiro não tinha só que o povo era animado. Não tinha celular, não tinha computador, não tinha televisão. Pensa em uma infância feliz, esses hoje, sabe o que é infância? Não sabe não. Esses de hoje não sabe mais o que é infância. Nós tivemos infância, porque na nossa época de pequeno, juntava as crianças e os adulto: pai, mãe, avó e tios, juntava assim de noite no terreirão, a lua clara, porque não tinha energia, então a gente sentava ali, eles iam contá história, contá piada, brincá de passar anel, bimborão da cruz, eu minha infância, tinha um campo de futebol em frente à casa que eu morava, eu brincava, jogava bola, brincava de queima, brincava e muito, eita que tempo bom [...]. Por meio dos relatos da entrevistada, é possível observar um devaneio feliz da sua época de infância e, além disso, é possível analisar a referência aos meios tecnológicos como elementos que, pelo fato de não existirem, fizeram sua infância feliz. Desse modo, é possível considerar que os relatos feitos por Lurdes refletem a esfera folclórica de sua infância, que, segundo Mônica (2001, p.22), entende-se que “o fenômeno folclórico existe em todos os níveis sociais, sofrendo processos de aculturação. É a representação máxima da maneira de sentir, pensar, agir e reagir da nossa gente”. Por meio do relato sobre os seus costumes, é possível observar a menção à inúmeras brincadeiras que fizeram parte de sua infância. Dessa maneira, foram abordados, de modo especial, os momentos de sua infância e questionou-se sobre as estórias e lendas desse período. Logo de início, a entrevistada menciona o mito do Lobisomem e, em seguida, discorre que: O lobisomem que comia principalmente essas crianças que não eram batizadas, aí quando a criançada começava a ficar bem impossível e querer a andar, eles inventavam que tinha um velho que matava as crianças e comia o fígado e falava que era o papa fígado, e a gente ficava com medo, quem que abria a porta Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 15 ; ; L. G. M. Gonçalves; R. C. C. Thomaz. ISSN 0000-0000 de noite? Saía ninguém para fora né. (OLIVEIRA, 2015) Sem dúvida, as lendas e mitos inventados no passado tinham como objetivo, além do entretenimento, buscar respostas para coisas que aconteciam no dia a dia. Almeida (1965, p.167) explica que “a lenda é uma narrativa em torno de um fato real, com uma explicação ou interpretação de uma figura, uma realidade ou um acontecimento histórico, em torno da qual a fantasia cria uma série de coisas irreais e até mesmo inverossímil”. Assim, observou-se também a menção a uma brincadeira, pela entrevista, da qual não se possui registros acadêmicos plausíveis para interpretar. Destarte, foi perguntado de que forma se realiza a brincadeira bimborão da cruz. De início, a entrevistada relatou que a brincadeira se assemelha à dança de quadrilha, pois são feitas duas filas e, logo após, disse que “faz aquela, e vai passar, aí chega lá, e dava um tapa na bunda, e passava naquele bimborão da cruz, brincava bastante, era as crianças e os adultos, tudo junto que brincava” (OLIVEIRA, 2015). Por meio do relato da entrevistada, não é possível compreender a brincadeira. Contudo, ressalta-se a importância deste trabalho para evocar a memória desta brincadeira, bem como o seu futuro aprofundamento teórico. Continuando com a entrevista, perguntou-se à entrevistada, novamente, sobre a possível existência de um prato que lhe remeta à infância e, também, se havia festas e danças referentes ao mesmo período. Segundo a entrevistada: Doce de feijão cozinhava aqueles feijão bem escuro, cozinha até ele derreter, passava ele na peneira, e ponhava leite açúcar e apurava, ponhava uma canelinha, pensa num doce gostoso. Ali comia aquele doce, mas o bom mesmo era o forrozão, que corri froxo. Aquilo saia e a poeira levantava. (OLIVEIRA, 2015) A entrevistada menciona o doce de feijão como um insumo típico das comemorações de aniversário, em especial em sua época de infância, quando a mesma residia no Mato Grosso do Sul. Observa-se a relação da memória com a localidade, uma vez que a memória da entrevistada está estritamente ligada ao local onde viveu sua infância, ou seja, o fato de a memória existir está de acordo com os aspectos culturais da região. Além disso, o aspecto da memória de outras pessoas suscita a memória coletiva sobre o fato, assim como afirma Funari e Pinsky (2003, p. 18): Por caminhos diversos encruzam-se as memórias particular e coletiva. De sua confluência nasce a possibilidade de identidade individual e coletiva, uma vez que a memória é uma forma de os indivíduos e as sociedades recomporem a relação entre o presente e o passado, para manter o equilíbrio emocional. Assim, observa-se que o individual compõe o patrimônio cultural coletivo e o coletivo interfere nos traços culturais individuais simultaneamente e que ambos são indissociáveis, uma vez que o ser é fruto da sociedade e a sociedade é o reflexo daqueles que a habitam. 4.2 Adolescência A história de vida da entrevistada divide-se em várias cidades. Em especial, na adolescência, foi perguntado à entrevistada se existiam festas, comemorações e brincadeiras nesse período e, segundo a mesma: Na adolescência não, eu tava em Euclides, mas aí essa época já tinha energia, o povo já tem televisão, já parou as brincadeira, né, aí juntou a televisão, ai meu Deus que novidade era a televisão preto e branco, não era aquela colorida aquela grandona lá não, né, era aquela preto e branco lá, que o tempo dava um ventinho a bichina vish sumia, mais aquilo quem tinha tava vidrado, quem não tinha ia para janela do vizinho para assistir, que era novidade, aí já foi perdendo aquele encanto das reuniõezinhas, das brincadeiras [...]. (OLIVEIRA, 2015) Por meio dos relatos da entrevistada, é possível averiguar elementos importantes noprocesso de transição da infância para a adolescência e, sobretudo, no advento da tecnologia, assim como relatado que a atração da época era a televisão e, conforme relatado, ter um aparelho em casa não era algo tão acessível, e quem não detinha poder aquisitivo para comprar uma ia assistir na janela do vizinho. Em outro trecho, Lurdes ressalta que, após o surgimento da televisão, as outras atividades que a mesma executava, bem como reuniões e brincadeiras, foram perdendo o encanto. Dessa maneira, observa-se a transformação dos hábitos culturais em consequência da televisão, bem como é relatado: As transmissões de televisão no Brasil começaram em 18 de setembro de 1950. O aparelho chegou ao país trazido por Assis Chateaubriand, que fundou o Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 16 ; ; L. G. M. Gonçalves; R. C. C. Thomaz. ISSN 0000-0000 primeiro canal de televisão, a TV Tupi. Desde então, a televisão cresceu e hoje representa um fator importante na cultura popular moderna das pessoas e tornou-se parte da identidade cultural do brasileiro. A TV lança moda, inspira comportamentos e cria vínculos entre quem está do lado de cá da tela. (MINICOM, 2012) Assim, é possível observar aspectos significativos que marcam a transição entre duas fases da vida da entrevistada, assim como a televisão, que pode ser considerada um monumento que enfatiza a recordação da entrevista, pois, segundo Le Goff (1990, p. 535) “[...] o monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação, por exemplo, os atos escritos [...].” Outro fato que marca esta transição é o início das atividades de trabalho por Lurdes, dadas as dificuldades da época e das condições financeiras da família, segundo ela: [...] as dificuldades que a gente passava, tinha na, nos arredores lá de Euclides tinha um povo que plantava roça, então tinha algodão, aí na época de algodão a gente ia ajuda a colher algodão, tinha uma casa de farinha que a gente ia ajudar o senhorzinho que era arrancar a mandioca, raspar né, para fazer a farinha, e a gente ganhava a farinha para comer e um bijuzinho para comer. Porque não tinha essas riquezas que nois tem hoje. (OLIVEIRA, 2015) Ressalta-se, utilizando as descrições de Lurdes, que o pagamento pelos seus trabalhos era resumido na obtenção de farinha e “bijuzinho” para consumo, ou seja, a remuneração, nesse período, em relação à entrevistada, não era feita por meio de dinheiro, mas sim por alimento. 5. SENTIMENTOS DE VIDA Com o intuito de encerrar a entrevista, o presente trabalho adotou uma metodologia que detinha perguntas que, quando dirigidas à entrevistada, oportunizaram a sua reflexão sobre todas as fases da vida. A primeira pergunta faz referência ao que mais marcou a entrevistada durante sua trajetória de vida, que segundo ela: [...] o que marca muito a gente é a falta de união que tem, entre os povos né, porque às vezes a gente luta querendo melhoria, mas não tem união assim do povo, essa é uma parte assim que marca muito, que por mais que a gente luta, por mais que quer ajeitar não consegue, mexer, lidar com as pessoas. (OLIVEIRA, 2015) Torna-se possível considerar que a entrevistada relata com clareza a carência da união das pessoas, realizando uma alusão ao passado, tentando, assim, espelhar no contexto atual os aspectos que pode observar em outrora. Seguindo esse pensamento, foi perguntado à entrevistada se ela se arrepende de algum fato de sua vida, segundo ela: Ah tem não, hoje, eu já arrependo pelo o que eu não fiz, que às vezes eu falo pro marido, é nós pegamo o lote já meio tarde, nós estamos mais velhos, cansados, se fosse tempo de mais novo a gente teria trabalhado um pouquinho mais, coisa que hoje a gente tem vontade mas o corpo já não ajuda, mas arrepender não, o lote, tem que trabalhar muito, mas é um lugar bom para se viver, para morar, para viver. (OLIVEIRA, 2015) O relato da entrevistada nos permite observar o caráter singelo do cuidado com o patrimônio, que pode ser representado pelo cuidado com a posse de terra, que, conforme relatado, a dedicação limita-se aos aspectos físicos do corpo. Contudo, quando questionada sobre a principal lição que a vinda lhe ensinou, a entrevistada relata que “a vida é boa para se viver e você teno disposição, a terra te dá o que você precisa a sobrevivência, e a fé, Deus dá, é só a gente procurar a força de Deus” (OLIVEIRA, 2015). Além disso, foi notória a força de vontade da entrevistada frente às adversidades da vida, obtendo destaque essa observação à resposta ao questionamento sobre se a entrevistada faria novamente tudo o que já fez e que, segundo ela, “tem dia que eu tô assim meio cansada, assim, mas se fosse para começar eu começava tudo de novo, sem água, sem, sem energia, sem uma casa boa, mas a gente começava tudo de novo” (OLIVEIRA, 2015). Como pergunta conclusiva, foi questionado à entrevistada qual a sua principal frustração atual e, segundo ela: [...] A frustração que os jovens hoje não têm a infância que a gente teve né, hoje quanto mais eles têm, mais eles acham pouco e não sabe agradecer o que têm, né, essa é uma grande... Se é uma frustração essa é uma grande, eu falo para eles mesmo, né, que tem de tudo, porque a gente teve assim muitas Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 17 ; ; L. G. M. Gonçalves; R. C. C. Thomaz. ISSN 0000-0000 dificuldades não tinha direito nem o que comê e hoje graças a Deus tem fartura, tem leite, tem carne, mandioca, bastante coisa que a gente produz. (OLIVEIRA, 2015) A frustração da entrevistada é possível ser visualizada pelo contexto dinâmico da cultura, ou seja, as características e hábitos culturais que se alteram de geração em geração, de cidade para cidade, país por país e assim por diante. Bem como é retratado por Horta (2004, p.5), que enfatiza: [...] percebe-se, sem medo de errar, que o folclore é existencial. Mesmo que inconscientemente, vive-se folclore o tempo inteiro, com as pessoas praticando, ao longo de sua existência, ações herdadas de sua cultura. Antes mesmo de nascer, o homem já se insere no universo folclórico através das crenças e costumes, ainda que supersticioso, sobre procedimentos e ações relativas a esse período. Desse modo, observa-se uma ruptura dos traços culturais entre a sua geração e a geração de seus filhos. Assim, enfatiza-se a necessidade do resgate dessa memória e posteriormente a transmissão da memória oral para que a mesma não acabe soterrada pelo avanço da tecnologia e do tempo. Por fim, a entrevistada relata que seu principal orgulho é a posse da terra e, quando comentado sobre a permanência do homem no campo, bem como se tudo o que a entrevistada conquistou será retomado pelos seus filhos, a mesma expõe que: Ah isso é normal, eles só esperam dar 18 anos para ir embora. Não é uma frustração, porque a gente já sabe disso, que os sonhos deles é emprego, é um mundo diferente [...] Não, eles não ficam. Já tenho um perto de Manaus, o mais velho é aquele ali, esse dos filhos irem embora é realidade, porque o Sonho da terra fica sendo nosso, não é o sonho deles não. (OLIVEIRA, 2015) Portanto, enfatiza-se a descontinuação dos traços culturais pelas presentes e futuras gerações dos assentados, em especial da Dona Lurdes, ao expor a saída de seus filhos do campo. Assim, refletimos sobre a última frase da entrevistada que, ao dizer que os sonhos dela são diferentes dos sonhos dos filhos, enalteceainda mais a discrepância entre passado e presente, o antigo e o novo, o arcaico e o globalizado, o rural e o urbano e, sobretudo, a diferenciação entre pais e filhos. 6. CONCLUSÃO Conclui-se, assim, que as pessoas que viveram em fazendas no período do MST sofreram certo preconceito por não terem passado pelo processo de acampamento e por serem assim julgados, pois os acampados acreditavam que quem estava na fazenda não passava por dificuldades, sendo que eles passavam e ainda recebiam ordens para tratá-los mal contra a sua vontade. Com isso, afastaram-se dois povos que lutavam pelo mesmo objetivo, que foi o direito de ter terra. E no que diz a respeito ao passado da entrevistada, é possível perceber que eles viviam das coisas básicas e simples, e tudo era feito de maneira natural, com objetos e elementos encontrados na natureza. E, além da simplicidade dos objetos, eles também viviam uma tradição de acompanhar o pai por onde ele conseguia emprego. Assim, as crianças frequentaram a escola apenas quando já tinham mais idade. Por meio desse processo de mudança e de adaptação, é possível enxergar que essas pessoas que vivem em assentamentos não são invasores ou desocupados, na realidade, elas estão lutando por algo bem maior, que é o direito de ter um lugar para viver e para criar sua família. A própria entrevistada se orgulha de ter continuado o caminho de seus pais e de hoje cultivar e cuidar de gado e, assim, poder viver desse tipo de renda. E o fato de ela vender seus produtos na feirinha, que está localizada no centro de Primavera/Rosana-SP, só mostra o quanto ela está batalhando por seus direitos e objetivos. Respondendo o primeiro questionamento: De que forma a história individual auxilia no entendimento da apropriação agrária local? Torna-se nítida a relação entre o indivíduo com a história coletiva, pelos relatos orais de Lurdes se observou a reafirmação da apropriação fundiária local, seja pela compra da fazenda, na qual a entrevistada trabalhava, ou pelos conflitos entre militantes e fazendeiros, até pelo período de disponibilização de recursos para compra de gado e construção de casas e outros eventos. Os fatos cotidianos se mesclam com os fatos históricos, pois, afinal, são os indivíduos atores ou protagonistas de suas histórias, pessoas que criam a trama social. Entender as histórias individuais em sua essência é obter mais detalhes sobre a história coletiva, ou seja, auxilia no entendimento de eventos pessoais que não estão expostos nos livros de história, mas que são triviais para a compreensão do contexto geral. Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 18 ; ; L. G. M. Gonçalves; R. C. C. Thomaz. ISSN 0000-0000 A respeito do segundo questionamento: De que forma os traços culturais individuais interagem no meio coletivo dos assentamentos de reforma agrária? Conforme relatado no parágrafo anterior e discorrido neste trabalho, os traços culturais pessoais são mutáveis e a cultura como um todo se adapta às diferentes situações. E, assim como menciona Mônica (2001, p.21), o “elemento dinâmico da cultura, modifica-se e se transforma de região a região, de acordo com os meios e sua funcionalidade. De aceitação coletiva, não perde seu caráter, seu valor, sua autenticidade”. É desse modo que a essência cultural individual interage, em específico, nos assentamentos de reforma agrária, pois as pessoas que ali vivem são provenientes de inúmeras regiões do Brasil, cada região detém seu caráter cultural. Além disso, as trajetórias individuais, até a chegada ao lote, dão aos assentados e assentadas marcas na memória e traços culturais que carregam consigo até a constituição de seus assentamentos. Assim, seus traços culturais rurais, origem e trajetória se fundem, gerando, dessa forma, o conceito intercultural, transmitido pela oralidade, objetos, fotos, insumos e outros meios. 7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ALMEIDA, R. Manual da coletânea folclórica. Rio de Janeiro: Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, 1965. CARNEIRO, L. P. M. Proposta de implantação de dois roteiros turísticos no assentamento Nova Pontal, em Rosana, SP: análise das limitações e possíveis soluções. 2007. Monografia (Graduação em Turismo) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus Experimental de Rosana, Rosana/SP, 2007. CRUZ, P. M. Restauração e agroecologia: é possível? Estudo de viabilidade no assentamento Nova do Pontal com base na permacultura. 2008. 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Maturana; F. L. Violin; F. B. do Nascimento Filho. ISSN 0000-0000 ANÁLISE PERCEPTUAL DOS LOGOTIPOS DE BALADAS LGBT EM SÃO PAULO: UM ESTUDO NOS ATRIBUTOS ATRATIVIDADE, CRIATIVIDADE E REPRESENTATIVIDADE. CUSTODIO, Vagner Sérgio¹ MATURANA, Maria Fernanda Sanchez² VIOLIN, Fábio Luciano³ NASCIMENTO FILHO, Francisco Barbosa do4 Universidade Estadual Paulista - UNESP Câmpus de Rosana vagner@rosana.unesp.br, ma.fersanchez@hotmail.com, violin@rosana.unesp.br, francisco@rosana.unesp.br 1 Doutor em Educação Física, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Rosana, São Paulo. 2 Mestranda em Educação Sexual, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Araraquara, São Paulo. 3 Doutor em Administração, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Rosana, São Paulo. 4 Doutorando em Turismo, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Rosana, São Paulo. RESUMO - O objetivo desse estudo foi o de realizar uma análise perceptual dos logotipos das Baladas LGBT da cidade de São Paulo ranqueados em 2017 pelo website especializado http://www.baressp.com.br. Para isso, foram realizados 2 testes perceptuais sendo o de ranking e o de magnitude nos atributos atratividade, criatividade e representatividade. Esses testes foram aplicados em 28 pessoas, sendo 14 homossexuais e 14 heterossexuais, todos alunos da área do Turismo. Os logotipos foram extraídos do website supracitado e conseguiram-se 8 logotipos (Hot Hot, Lions night club, The L Club, A loca, The Week, Cantho Club, Bubu Lounge, Club Yacht). E pode-se demonstrar que na média dos 3 atributos o logotipo do Hot Hot foi o que obteve a melhor posição no ranqueamento entre os homossexuais com média 2,85 e média 3,4 nos heterossexuais. Nos testes de magnitude na média geral dos atributos, a Hot Hot ficou em primeiro entre os homossexuais com 34,13 de média e 39,25 entre os heterossexuais. Esses resultados apontam que alguns logotipos conseguiram alcançar os objetivos de serem atrativos, sedutores e discretos, e também demonstrou que alguns logotipos como os do club yacht e Lions night club não conseguiram. Palavras chave: Logotipos; Percepção; baladas LGBT. ABSTRACT - The objective of this study was to perform a perceptual analysis of the LGBT nightclub logos of the city of São Paulo ranked in 2017 by the specialized website http: //www.baressp.com.br. For this, 2 perceptual tests were performed, the ranking and the magnitude of attributes attractiveness, creativity and representativeness. These tests were applied to 28 people, 14 homosexuals and 14 heterosexuals, all students in the area of Tourism. The logos were extracted from the website mentioned above, and 8 logos (Hot Hot, Lions night club, The L Club, The Week, The Club, Bubu Lounge, Club Yacht) were taken into account. It can be demonstrated that in the average of the 3 attributes the Hot Hot logo was the one that obtained the best position in the rank among homosexuals with an average of 2.85, and an average of 3.4 in the group of heterosexuals. In the tests of magnitude in the general mean of the attributes, Hot Hot ranked first among homosexuals with 34.13 average and 39.25, among heterosexuals. These results indicate that some logos have achieved the goals of being attractive, seductive and discreet, and also demonstrated that some logos such as the club yacht and Lions night club have not. Keywords: Logotypes; Perception; Gay clubs. mailto:vagner@rosana.unesp.br mailto:violin@rosana.unesp.br Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 23 ; V. S. Custódio; M. F. S. Maturana; F. L. Violin; F. B. do Nascimento Filho. ISSN 0000-0000 1. INTRODUÇÃO Segundo Braga e Guimarães (2014), a partir da década de 1960, ocorreu uma intensificação de ações coletivas homossexuais organizadas com o objetivo de afirmar suas identidades. Nesse contexto, surge o mercado segmentado, que passa a dedicar mais atenção ao potencial consumidor homossexual, fornecendo serviços e produtos destinados a homossexuais, como agências de namoro, boates, bares e baladas, dentre outros. Um dos acontecimentos mais marcantes ocorreu, segundo Carrara (2006), em 28 de junho de 1969, no Stonewall Inn, considerado um bar gay, onde um grupo de clientes se recusou a pagar propina a policiais, que frequentemente os atacavam e realizavam prisões ilegais, além de extorsões. Os homossexuais reagiram violentamente à presença dos policiais, e o conflito durou três dias, estendendo-se a outras ruas. Mais tarde, o dia 28 de junho tornou-se o "Dia Mundial do Orgulho Gay". No Brasil, segundo Carrara (2006), a primeira balada Gay surgiu em 1964, chamada La Cueva, localizada em Copacabana, no Rio de Janeiro, no mesmo ano em que a ditadura militar se instaurou no Brasil. Na época, era rotineiramente fechada sendo que os proprietários tinham muito trabalho para reabri-la. Mas, segundo Carrara (2006), foi na década de 1990, provavelmente devido à administração da Prefeita Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo, que se autodeclarava simpatizante ao movimento LGBT, em que houve no Brasil e principalmente em São Paulo um aumento significativo de serviços destinados ao público LGBT, que promoveu a maior Parada Gay do Mundo com cerca de 2 milhões de participantes. Nesse cenário surge a maioria das casas noturnas destinadas a esse publico, dentre elas algumas que foram objetos desta pesquisa, ocorrendo uma grande concorrência no setor, o que fez com que essas empresas investissem em propaganda e marketing para poder se diferenciar da concorrência e ser atuante no mercado. Dentre as variadas estratégias de marketing, surgiram os logotipos dessas empresas, para serem a principal imagem visual da casa noturna e fornecerem aos seus clientes boas percepções sobre o estabelecimento. Nessa perspectiva, a utilização desses logotipos, muitas vezes, tem tido o objetivo de fornecer uma identidade a esses locais. Para que essa identidade traga resultados positivos, faz-se necessário que o logotipo seja visualmente atraente e que, de certa forma, represente o local, fornecendo características próprias que lhe deem significado. Muitas vezes, os logotipos são desenvolvidos por profissionais do marketing que utilizam informações previamente selecionadas para a criação artística do produto visual. Segundo Gândara (2008), a imagem é o conjunto das informações e das ações comunicativas. Quando se promove uma imagem mental do local, Barbosa (2001) explica que é uma transposição do real ao imaginário criando um mundo metafórico. Mas o problema é que geralmente os logotipos de estabelecimentos comerciais não são submetidos a testes perceptuais no público alvo antes de serem divulgados. Isso ocorre devido à maioria dos profissionais envolvidos no processo criativo não dominarem as técnicas metodológicas de análise de percepção. A falta de aplicação desses testes faz com que se corra o risco de alguns logotipos não conseguirem atrair o seu público alvo e também serem figuras não representativas, e isso pode se tornar um problema, pois os logotipos podem ser, nas ações de marketing, um importante instrumento de divulgação. Tendo como base essa argumentação, surge a seguinte pergunta: Será que os logotipos das principais baladas LGBT da Cidade de São Paulo ranqueadas pelo site http://www.baressp.com.br são atrativos, criativos e representativos?E quais os atributos necessários para se ter um bom logotipo? Por meio de um estudo piloto realizado pelos autores, tendo como participantes 10 pessoas homossexuais acadêmicas do curso de Turismo, onde foi perguntado de forma livre, ou seja, sem oferecer opções “quais as qualidades que um logotipo de uma balada LGBT tem que ter pra ser bom?” 8 participantes disseram que deveria ser atrativo e 2 disseram que deveria ser criativo. Mediante essas respostas, utilizaram-se os atributos atratividade, criatividade e representatividade para relacionar a qualidade e eficácia desses logotipos e como metodologia a psicologia experimental, mais especificamente a psicofísica escalar embasada em Stevens (1975), que elaborou testes perceptuais para diagnosticar as percepções subjetivas e que podem ser aplicadas em diversas situações, dentre elas, as casas noturnas, que, apesar de comercializarem percepções subjetivas, utilizam muito pouco esse método. Para atender os objetivos deste estudo, dentre os inúmeros testes possíveis, foi escolhido o teste de categoria, que é feito por meio de uma escala ordinal, que possibilita a categorização e classificação dos objetos, no caso os logotipos de eventos LGBT, bem como ordená-los de acordo com o atributo avaliado. Ferraz (2005) ressalta que esse tipo de escala não Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 24 ; V. S. Custódio; M. F. S. Maturana; F. L. Violin; F. B. do Nascimento Filho. ISSN 0000-0000 apenas diferencia subjetivamente os objetos, mas também demonstra se o objeto tem mais ou menos qualidade em um determinado atributo. Outro teste utilizado nesse estudo foi o de estimação de magnitude que, segundo Ferraz (2005), é um processo de julgamento em que os observadores emparelham números a diferentes níveis de sua própria impressão perceptiva e, dessa forma, expressam uma razão à sensação atribuída. Dessa forma, essa pesquisa pretendeu diagnosticar qual é a balada LGBT de São Paulo que melhor conseguiu desenvolver um logotipo que atraia e fidelize seu público alvo e mostrar uma proposta metodológica viável em diversas situações na qual necessite analisar a percepção visual nas ações e atividades de divulgação de estabelecimentos comerciais. 1.1 Metodologia Esta pesquisa buscou analisar a percepção das pessoas em relação aos logotipos de baladas LGBT na cidade de São Paulo nos atributos atratividade, criatividade e representatividade. Para isso, usou-se o website http://www.baressp.com.br/noticias/confira-as- 9melhores-baladas-gls-em-sao-paulo, verificando os logotipos até se esgotarem todas as ocorrências. Conseguiram-se 8 logotipos, que estão apresentados na Figura 1, seguindo a sequência de ocorrência no site de pesquisa: Figura 1 – Cartazes das Baladas LGBT e suas respectivas informações. Fonte: Autores (2017) A partir das imagens da figura 1, foi selecionado o público alvo para aplicação dos testes e foram escolhidas pessoas que academicamente estivessem envolvidas com lazer e turismo. Essa escolha ocorreu devido a esses indivíduos poderem ser uma amostra mais fidedigna para o julgamento dos atributos, pois se pressupõe que possuam informações relevantes sobre estratégias de marketing e lazer. Nessa perspectiva, decidiu-se utilizar alunos que se autodeclarem homossexuais ou heterossexuais do curso de bacharelado em Turismo pertencentes à UNESP – Câmpus Experimental de Rosana. A escolha específica dessa população ocorreu devido à conveniência de serem as pessoas qualificáveis mais próximas aos pesquisadores, o que gerou a viabilidade do estudo. Optou-se por utilizar uma amostragem aleatória de sujeitos, sendo que foi convencionada pelos pesquisadores como sendo uma amostra relevante 28 alunos num universo de 120 e que se sujeitaram à realização do estudo. Todos os participantes foram voluntários não pagos e consentiram verbalmente a se submeter aos testes. Para aplicação dos testes, foram levadas duas folhas A4, a primeira a ser mostrada possuía a impressão dos 8 logotipos das baladas LGBT, conforme a figura 1, coloridas e identificadas cada uma com um número de 1 a 8. Numa segunda folha, havia uma ficha de aplicação dos testes onde constava o nome do sujeito para o controle dos pesquisadores, a idade para a caracterização da faixa etária da amostra e a orientação sexual para diferenciar quem era homossexual e quem era heterossexual. Na ficha também constou um quadro que deveria ser preenchido pelo sujeito da seguinte forma: com as imagens dos 8 logotipos lateralmente dispostas sobre uma mesa e a ficha de aplicação abaixo das imagens, foi perguntado ao sujeito qual dos logotipos era o mais atraente, ou seja, dava mais vontade de visitar o local? Após o apontamento do primeiro, se perguntou-se qual era o segundo mais atrativo e assim por diante até chegar à oitava posição. A situação supracitada configura o teste de categoria, que ranqueou todos os logotipos conforme a sua atratividade. Após os sujeitos categorizarem, foi perguntado o seguinte: Quanto que o primeiro que você apontou é mais atrativo do que o segundo? Respondido isso, perguntou-se quanto é mais atrativo o segundo do terceiro? E assim por diante até se chegar do sexto para o sétimo, sendo que a esse último foi designado o valor 0. Essas perguntas configuram o teste de magnitude, que visou quantificar subjetivamente a Anais da IX da Semana de Turismo, VI Mostra Científica, UNESP, Rosana - SP, 18-20 de outubro de 2017. v.1. 25 ; V. S. Custódio; M. F. S. Maturana; F. L. Violin; F. B. do Nascimento Filho. ISSN 0000-0000 intensidade da percepção de atratividade entre os logotipos. Após essa aplicação, o mesmo procedimento foi realizado, mas agora perguntando sobre a criatividade, ou seja, qual é o mais criativo e o quanto é mais criativo? O mesmo procedimento foi realizado no atributo representatividade, em que se perguntou qual é mais representativo? E o quanto é mais representativo? Essas perguntas estão na ficha utilizada, disposta a seguir: Figura 2 – Ficha utilizada para realização dos testes perceptuais. Fonte: Autores (2017) Após a aplicação dos testes nos sujeitos participantes, todas as informações numéricas foram repassadas para o software Excel for Windows da seguinte forma: Nas colunas horizontais, foram inseridos em cada coluna os sujeitos tanto para o grupo homossexual quanto para o grupo heterossexual. Cada sujeito foi representado por um número, sendo 1 a 14 para ambos os grupos. Nas linhas verticais, foram inseridos os logotipos, sendo que cada um ocupou uma linha. E os logotipos foram representados pelos mesmos números utilizados na aplicação dos testes descritos acima. No teste de categorias, no qual ocorreu um ranqueamento, foi disposta a posição de cada logotipo apontada pelo sujeito, por exemplo, o logotipo 1 foi ranqueado em 2º lugar pelo sujeito 7, então, na linha referente ao logotipo 1 e na coluna referente ao sujeito 7 foi atribuído o número 2, que equivale à segunda posição no ranque. Após esse procedimento ter sido realizado, foram selecionadas todas as posições dispostas horizontalmente de cada logotipo e utilizou-se a ferramenta média para se calcular a média de posição de cada logotipo e se chegar ao resultado de qual logotipo foi considerado mais atraente, criativo e representativo pelos grupos, sendo que os logotipos que obtiveram o menor valor na média foram considerados os melhores ranqueados. Para melhor analisar os resultados, também se utilizou a ferramenta DESVPAD do Excel