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Análise preliminar da disposição dos resíduos no Cinturão Verde – 
Ilha Solteira (SP) 
Zamariola, N. 1*; Leite, M. A. 2; Costa, B. S. 3; Candelária, M. C. 1 
 
1
 Bolsistas PROEX. Alunos do Curso de Agronomia Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, FEIS-UNESP. 
*nathi_zamariola@hotmail.com 
2
 Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, FEIS-UNESP; Agronomia. Departamento de 
Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, DEFERS 
3 
 Aluno do Curso de Zootecnia Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, FEIS-UNESP. 
Introdução 
O Brasil cada vez mais vem se tornando um país urbano, as cidades cresceram em número e 
tamanho. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010) mostram que cerca 
de 20% da população brasileira vivia em áreas rurais no ano de 2000. Essa menor concentração 
populacional no campo pode criar a impressão de que o impacto negativo do lixo produzido nessas 
áreas, no meio ambiente, é inferior ao do urbano. No entanto, a falta de um sistema de descarte 
consolidado e eficiente em inúmeras localidades rurais pode ocasionar sérios problemas ao 
ambiente, como a contaminação da água, do solo e até dos alimentos produzidos nessas lavouras, 
refletindo também em danos à qualidade de vida do ser humano, (MARTINI, R.; COSTA, C. D.; 
BOTEON, M., 2006). 
O Censo 2000, realizado pelo IBGE, apurou que a coleta pública de lixo atingia apenas 13,3% 
dos domicílios rurais do País (IBGE, 2010). Em 1991, 31,6% do total de lixo produzido na zona rural 
era enterrado ou queimado, subindo esse percentual para 52,5% no ano 2000, evidenciando a 
magnitude do problema da eliminação do lixo nas propriedades rurais, (IBGE, 2010). 
 Sem o atendimento necessário, produtores rurais buscam outras formas para eliminar o lixo 
de suas propriedades, formas as quais, na maioria das vezes são inadequadas. O uso de 
soterramento ou queimadas na eliminação do lixo é condenado por muitos devido aos seus impactos 
negativos à produção e ao ambiente. 
Ao se enterrar o lixo, por exemplo, pode ocorrer a contaminação de lençóis freáticos e do solo, 
danificando a qualidade de bens fundamentais à produção agrícola. Já a queimada, além de poder 
gerar incêndios, aumenta a emissão de gases tóxicos na atmosfera. O lixo rural é o resíduo da 
atividade agropecuária podendo conter, em sua composição, materiais particulares a produção como 
defensivos, restos de culturas, dejetos animais etc., (MARTINI, R.; COSTA, C. D.; BOTEON, M., 
2006). 
De acordo com DAROLT (2002), o lixo rural é composto tanto pelos restos vegetais da cultura 
e materiais associados à produção agrícola (como adubos químicos, defensivos e suas embalagens), 
dejetos animais, produtos veterinários, pastilhas e lonas de freios, restos de alimentos, vidros, latas, 
papéis, papelões, plásticos, pilhas e baterias, lâmpadas etc. Assim, além de parte do lixo rural ser 
composto por materiais bastante específicos, a ineficiência do sistema de coleta pública no campo 
agrava ainda mais a situação. 
mailto:%20nathi_zamariola@hotmail.com
mailto:%20nathi_zamariola@hotmail.com
Devido aos diversos problemas que podem ser gerados pela eliminação incorreta do lixo, esse 
trabalho teve como objetivo avaliar o destino dado aos resíduos sólidos pelos pequenos produtores 
rurais do Cinturão Verde – Ilha Solteira. 
 
Material e Métodos 
Para realização do presente trabalho foram utilizados como instrumento de pesquisa, 
questionários semi-estruturados contendo perguntas a respeito do destino dado aos lixos 
convencional, orgânico, reciclável bem como o conhecimento dos produtores quanto aos problemas 
que o lixo pode causar se depositado em local inadequado. 
As análises foram obtidas a partir de respostas dos produtores do Cinturão Verde aos 
questionários. Os dados foram levantados nos meses de agosto e setembro de 2010 em dez 
propriedades rurais, meses em que foram realizadas visitas de campo a fim de verificar pessoalmente 
o destino dado aos lixos produzidos nas propriedades. 
Perguntas realizadas: 
1- O que se faz com o lixo comum (lixo de casa)? 
2- O que é feito com o lixo orgânico (restos de comida)? 
3- O que é feito com plásticos, vidros, metais e papéis? 
4- O caminhão de coleta de lixo passa próximo à sua residência? 
5- Possui conhecimento sobre algum problema que o lixo pode causar se colocado em local 
indevido? 
6- Conhece alguma técnica de reaproveitamento de lixo? 
 
Resultados 
Com base nas respostas dos produtores pode-se verificar que 40% desses queimam os 
resíduos produzidos em suas propriedades, 30% separam os resíduos recicláveis e os levam para o 
local de coleta mais próximo e os 30% restantes levam todo o resíduo ao local de coleta, sem separá-
los. 
Sobre o lixo reciclável, os seguintes resultados foram obtidos na Tabela 1. 
 
Tabela 1. Destinação final dada ao resíduo reciclável pelos pequenos produtores do Cinturão Verde- 
Ilha Solteira. 
 Material 
Locais e forma de 
descarte 
Plástico Vidro Metal Papel 
Guardam em casa 20,0% 10,0% 0,0% 0,0% 
Separam e levam 
para coleta 
30,0% 30,0% 30,0% 30,0% 
Queimam 30,0% 0,0% 0,0% 40,0% 
Descartam com 
outros lixos 
20,0% 20,0% 30,0% 20,0% 
Contato direto com 
o solo 
0,0% 40,0% 40,0% 10,0% 
Em relação ao resíduo orgânico (restos de comida), a Figura 1 demonstrou a distribuição, com 
as maiores porcentagens na utilização do resíduo como adubo ou lançado diretamente no solo. 
 
 
Figura 1: Destino dado os resíduos orgânicos pelos agricultores. 
 
A respeito do caminhão de coleta de lixo, 70% dos produtores disseram ocorrer a coleta 
enquanto 30% afirmam a não ocorrência da coleta próximo a sua propriedade. 
Os produtores foram questionados também sobre seus conhecimentos quanto aos danos 
causados pelo lixo ao meio ambiente, à saúde humana e animal e sobre técnicas de 
reaproveitamento dos resíduos. Para essa pergunta, 40% dos produtores acham que o lixo pode 
contaminar o solo, 30% o solo e a água, 20% dos produtores concordam haver contaminação, porém 
acham que a mesma é de pequena gravidade e 10% concordam que se destinado incorretamente, o 
lixo pode além de contaminar o meio ambiente, causar doenças aos humanos e aos animais. Sobre a 
técnica de reaproveitamento do lixo, 90% dos entrevistados disseram conhecer, através de projetos 
de extensão da UNESP, a composteira, enquanto apenas 10% disseram não conhecer técnica 
alguma. 
 
Discussão e Conclusões 
 Pela Tabela 1 notou-se que a queima dos resíduos sólidos, tanto orgânicos como inorgânicos 
é uma prática comum entre as propriedades rurais do Cinturão Verde e também em outras zonas 
rurais. Isto pode ser comprovado pelo estudo de LIMA, et al. (2005) que analisaram os resíduos da 
Zona Rural do município de João Alfredo (PE) onde 85% dos agricultores queimavam os resíduos. 
ALPE et al. (2009) estudando o destino de embalagens de defensivos agrícolas no Cinturão Verde de 
Ilha Solteira (SP) quantificou que 12,5% dos agricultores queimavam as embalagens dos defensivos. 
Deve-se salientar que as queimadas são uma forma de poluição do ar e a Lei 9608/98 (Lei de crimes 
ambientais), em seu artigo 54 diz: “Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem 
ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a 
destruição significativa da flora - Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa”. 
10%
20%
30%
10%
30%
composteira
alimentação animal
adubo
queimam
contato com o solo
A composteira, adubo ou alimentação animal são os destinos da maioria dos resíduos 
orgânicos nas propriedades do Cinturão Verde, mas cerca de 30% é lançado no solo, a céu aberto. 
Segundo LIMA et al. (2005) quando depositado a céu aberto, os resíduos atraem vários tipos de 
insetos: mosquitos, pernilongos, moscas, baratas, ratos, entre outros, que além do mau cheiro já 
existente, podem causar várias doenças aos habitantes, como: diarréias, dengue, febre, lepstopirose 
e infecções;86% dos entrevistados afirmaram que surgem doenças e insetos, enquanto que 17% dos 
entrevistados constataram apenas a presença dos insetos. 
Embora exista uma tendência à separação dos resíduos sólidos para uma possível reciclagem, 
somente 30% dos materiais são utilizados para esse fim, talvez devido ao fato do caminhão de coleta 
de resíduos não passar em cerca de 30% das propriedades entrevistadas. 
Somente 10% dos entrevistados tem conhecimento que poderá ocorrer contaminação e 
doenças dos seres humanos e animais. Resultado bem distinto do encontrado por LIMA et al. (2005) 
onde 100% dos entrevistados responderam que o lixo pode trazer problemas para a natureza, 
incluindo o homem, se não houver um manuseio correto dos mesmos. 
Com relação ao aproveitamento dos resíduos, 90% dos entrevistados dizem que conhecem a 
técnica da compostagem, sendo este valor ligado diretamente aos diversos projetos de extensão 
desenvolvidos pela UNESP na área do Cinturão Verde. 
Dessa forma observou-se que deve haver um trabalho de conscientização junto aos 
proprietários rurais para uma melhoria das condições sanitárias relativas aos resíduos sólidos no 
Cinturão Verde. Os projetos de extensão da UNESP mostraram eficiência quanto aos propósitos, 
visto que 90% dos entrevistados conheciam técnicas de reaproveitamento de resíduos orgânicos e 
mencionaram a UNESP como a Instituição promotora dessa técnica. 
 
Referências 
ALPE, V. et al. Análise preliminar do destino de embalagens vazias de agrotóxicos no Cinturão Verde 
no município de Ilha Solteira. In: Encontro de Ciências da Vida (2010). 
DAROLT, M.R. Lixo Rural: Entraves, Estratégias e Oportunidades. Ponta Grossa: 2002. IAPAR-
Instituto Agronômico do Paraná. Disponível em: <http://www.planetaorganico.com.br/trabdarlixo.htm>. 
Acesso em: Set 2010. 
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. In: Censo Demográfico de 2000. Disponível em: 
<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: Set 2010. 
Lei 9605/98 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm 
MARTINI, R.; COSTA, C. D.; BOTEON, M. Gestão do lixo: Um estudo sobre as possibilidades de 
reaproveitamento do lixo de propriedades hortícolas. Piracicaba: 2006. Centro de Estudos Avançados 
em Economia Aplicada - CEPEA/ESAL/USP. Disponível em: 
<http://www.sober.org.br/palestra/5/1026.pdf>. Acesso em: Set 2010. 
LIMA, A. A. et al. (2005) Lixo rural: O caso do município de João Alfredo (PE). Caminhos de 
Geografia. 9 (16) pág. 1- 5. http://www.ig.ufu.br/revista/caminhos.html.

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