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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CENTRO DE CIÊNCIAS 
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA 
 
 
 
 
 
FRANCISCO DAVY BRAZ RABELO 
 
 
 
 
GEOTECNOLOGIAS COMO SUBSÍDIO AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL 
INTEGRADO DO MUNICÍPIO DE BARROQUINHA, CEARÁ - BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2018
 
 
 
FRANCISCO DAVY BRAZ RABELO 
 
 
 
GEOTECNOLOGIAS COMO SUBSÍDIO AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL 
INTEGRADO DO MUNICÍPIO DE BARROQUINHA, CEARÁ - BRASIL 
 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao 
Programa de Pós-Graduação em 
Geografia, do Centro de Ciências da 
Universidade Federal do Ceará, como 
requisito parcial para obtenção do título 
de Mestre. Área de Concertação: 
Dinâmica Ambiental e Territorial. Linha 
de Pesquisa: Estudos Socioambientais 
 
Orientador: Prof. Dr. Edson Vicente da 
Silva 
Coorientadora: Profª. Drª Adryane 
Gorayeb Nogueira Caetano 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FRANCISCO DAVY BRAZ RABELO 
 
 
 
GEOTECNOLOGIAS COMO SUBSÍDIO AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL 
INTEGRADO DO MUNICÍPIO DE BARROQUINHA, CEARÁ - BRASIL 
 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao 
Programa de Pós-Graduação em 
Geografia, do Centro de Ciências da 
Universidade Federal do Ceará, como 
requisito parcial para obtenção do título 
de Mestre. Área de Concertação: 
Dinâmica Ambiental e Territorial. Linha 
de Pesquisa: Estudos Socioambientais 
 
 
Aprovado em: ___/___/_____ 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_____________________________________________________ 
Prof. Dr. Edson Vicente da Silva (Orientador) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
_____________________________________________________ 
Prof. Dr. Antonio Jeovah de Andrade Meireles 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
_____________________________________________________ 
Prof. Dr. Ernane Cortez Lima 
Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A meus pais, Fátima e José, pelo apoio, incentivo e compreensão, ao longo 
da vida. 
Ao orientador e amigo Prof. Dr. Edson Vicente da Silva e coorientadora Drª 
Adryane Gorayeb Nogueira Caetano, pelas contribuições e orientações no 
desenvolvimento da pesquisa, acima de tudo, de fundamental importância na formação 
pessoal, acadêmica e profissional, na graduação e pós-graduação em Geografia, pela 
cresça no meu potencial e incentivo à continuidade dos estudos. 
À companheira Joalana Araújo Macêdo, pelo acompanhamento na trajetória 
do mestrado, pela convivência, revisão, formatação e sugestões. 
À coordenação do Programa de Pós-Graduação em Geografia, Prof. Christian 
Dennys Monteiro de Oliveira e ao secretário Erandi Canafístula Araújo pela disposição 
ao auxilio nos encaminhamentos burocráticos da pós-graduação. 
Ao Prof. Dr. José Manuel Mateo Rodriguez, da Universidade de Havana 
(UH), Cuba, pelos conhecimentos compartilhados sobre estudos geoossistêmicos, em 
inúmeras oportunidades. 
Ao Prof. Dr. Marcos José Nogueira de Souza, da Universidade Estadual do 
Ceará (UECE), pelos conhecimentos compartilhados nas disciplinas. 
Ao Prof. Adunias dos Santos Teixeira, do Departamento de Engenharia 
Agrícola (UFC), pelos conhecimentos compartilhados nas disciplinas de 
Geoprocessamento e Sistemas de Informação Geográfica, pelo exemplo de seriedade, 
competência e dedicação demonstrada ao longo das disciplinas. 
Aos professores do Departamento de Geografia da UFC, em especial Antonio 
Jeovah de Andrade Meireles, Raimundo Castelo Melo Pereira, Marta Celina Linhas Sales, 
Maria Clélia Lustosa Costa, Paulo Roberto Lopes Thiers, Maria Elisa Zanella, Vládia 
Pinto Vidal de Oliveira, Alexandra Maria de Oliveira, Maria Florice Raposo Pereira e 
José Levi Furtado Sampaio, pela base teórica e instrumental da minha formação 
acadêmica. 
Ao Prof. Dr. Daniel Dantas Moreira Gomes, da Universidade de Pernambuco 
(UPE) pelas contribuições no exame de qualificação e no conhecimento compartilhado 
nas disciplinas de Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informações Geo-Referenciadas. 
Aos colegas do Laboratório de Geoecologia das Paisagens e Planejamento 
Ambiental (LAGEPLAN), Laboratório de Geoprocessamento (LABOCART) e da 
 
 
Empresa Júnior do curso de Geografia (GeoMaps), nos quais tive a oportunidade de 
participar e conviver, tirando grandes lições de vida na convivência. 
Aos colegas da pós-graduação em Geografia, em especial Vanessa Barbosa 
de Alencar e Bruno Gonçalves Pereira, pelas conversas e angústias comuns, além do 
compartilhamento de informações sobre o litoral oeste do Ceará. E a Camila de Oliveira 
Louzada pelo incentivo e colaboração. 
Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio 
Ambiente (PRODEMA), Antonio Correia Miranda, Clarissa Dantas Moretz-Sohn e 
Nágila Fernanda Furtado Teixeira. 
Aos colegas pelas sugestões ao longo da pesquisa em especial Paula Alves 
Tomaz e Laura Mary Marques Fernandes. 
Aos professores Frederico de Holanda Bastos (UECE) e Carlossandro 
Carvalho de Albuquerque, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), pelos 
auxílios nos primeiros trabalhos de campo em Barroquinha. 
Ao Prof. Rodrigo Guimarães de Carvalho, da Universidade do Estado do Rio 
Grande do Norte (UERN) pelas inúmeras conversas, conselhos e sugestões. 
Aos membros da banca de defesa: Prof. Dr. Antonio Jeovah de Andrade 
Meireles (UFC) e Prof. Dr. Ernane Cortez Lima, da Universidade Estadual Vale do 
Acaraú (UVA) pelas contribuições ao trabalho. 
Por fim, ao amigo Lúcio Correio Miranda, da Universidade Federal do Pará 
(UFPA) pelo incentivo à continuidade e finalização deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Homme est la nature prenant 
conscience d'elle même" 
 
RECLUS, Éliseé. L’Homme et la Terre. 
Paris: Albin Michel, 1930. 
 
 
 
RESUMO 
 
 
A análise integrada constitui a abordagem metodológica fundamental para 
estabelecimento de estratégias de planejamento e gestão ambiental. O diagnóstico 
propiciado pela análise integrada subsidia posteriores etapas de planejamento e gestão 
ambiental, necessário, para tanto, à conjugação de trabalhos técnicos, apoio político-
administrativo e participação comunitária. Análise e planejamento, em escala municipal, 
considerando o município de Barroquinha, são exemplo da aplicação da metodologia. As 
geotecnologias vêm se aperfeiçoando, com inovações tecnológicas, em níveis de precisão 
cada vez mais eficientes como recurso para leitura e interpretação da realidade terrestre. 
Possibilidades de efetivação de leituras espaço-temporal, com imagens de satélite e de 
quantificação da dinâmica espacial, têm trazido significativos avanços ao planejamento 
ambiental, seja na elaboração de diagnósticos, planos de gestão, como também na 
definição de prognósticos e criação de prováveis cenários paisagísticos futuros. O 
objetivo geral desta pesquisa consiste em apresentar as aplicações da Geotecnologia como 
subsídio ao planejamento ambiental integrado, no município de Barroquinha, localizado 
no noroeste no estado do Ceará, região Nordeste do Brasil, utilizou-se o enfoque 
metodológico da Geoecologia das Paisagens, almejando abranger, no diagnóstico 
socioambiental, múltiplos fatores, de ordem natural e antrópicos que, direta ou 
indiretamente, influenciam na dinâmica dos sistemas ambientais e na qualidade de vida, 
em múltipla diversidade. algumas características/análise integrada. Foi desenvolvido uma 
proposta de zoneamento ambiental/geoecológico e funcional/propositivo planejamento 
de caráter local, ou seja, voltado ao município e comunidade, procurando a instituição de 
um modelo de, que subsidiam a implantação de programa e projetos para a gestão 
comunitária e participativa. 
 
PALAVRAS-CHAVE: AnáliseAmbiental Integrada. Geotecnologias. Geoecologia das 
Paisagens. Vulnerabilidade Ambiental. Planejamento Ambiental 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Integrated analysis is the fundamental methodological approach for the establishment of 
environmental planning and management strategies. The diagnosis provided by the 
integrated analysis subsidizes subsequent stages of environmental planning and 
management, which is necessary for the combination of technical works, political-
administrative support and community participation. Analysis and planning, in municipal 
scale, considering the municipality of Barroquinha, are an example of the application of 
the methodology. Geotechnologies have been perfecting, with technological innovations, 
at increasingly efficient levels of precision as a resource for reading and interpreting 
terrestrial reality. Possibilities for carrying out space-time readings with satellite images 
and quantification of spatial dynamics have brought significant advances in 
environmental planning, whether in the elaboration of diagnostics, management plans, as 
well as in the definition of forecasts and the creation of probable landscape scenarios 
futures. The general objective of this research is to present the applications of 
Geotechnology as a subsidy to integrated environmental planning, in the municipality of 
Barroquinha, located in the north-west of the state of Ceará, in the Northeast region of 
Brazil, using the methodological approach of Geoecology of Landscapes, aiming to cover 
, socioenvironmental diagnosis, multiple natural and anthropic factors that directly or 
indirectly influence the dynamics of environmental systems and the quality of life in 
multiple diversity. some features / integrated analysis. A proposal was developed for 
environmental / geoecological and functional / propositional zoning planning of local 
character, that is, aimed at the municipality and community, seeking the institution of a 
model of, which subsidize the implementation of program and projects for community 
and participatory management. 
 
KEYWORDS: Integrated Analysis. Geotechnology. Geoecology of Landscapes. 
Environmental Planning. 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
 
Figura 1 - Síntese do pensamento sistêmico nos estudos ambientais ............................. 24 
Figura 2 - Funcionamento do Geossistema. ................................................................... 27 
Figura 3 - Fases do planejamento e gestão ambiental adotadas na pesquisa .................. 33 
Figura 4 - Estrutural geral do Sistema de Informações Geográfica. .............................. 37 
Figura 5 - SCN - Carta Topográfica Matricial (BITUPITÁ-SA-24-Y-A-V). ................ 43 
Figura 6 - SCN - Carta Topográfica Matricial (CHAVAL-SA-24-Y-C-II-100.000). .... 43 
Figura 7 - Representação das curvas de nível, modelo digital de elevação e com imagem 
PALSAR e AVNIR-2. ................................................................................. 49 
Figura 8 - Representação de matrizes com as classes temáticas geradas para inserção da 
equação. ....................................................................................................... 53 
Figura 9 - Exemplo de fusão do Landsat 8 (Composição falsa cor + pancromática). .... 54 
Figura 10 - Localização do município de Barroquinha – CE ......................................... 57 
Figura 11 - Mapa da costa do Ceará em 1629 ................................................................ 58 
Figura 12 - Evolução territorial do município de Barroquinha (1900, 1960, 1991 e 2000).
 ..................................................................................................................... 59 
Figura 13 - Distritos do município de Barroquinha. ....................................................... 61 
Figura 14 - Unidades Geoambientais de Barroquinha – CE .......................................... 62 
Figura 15 - Faixa de praia e pós-praia em Bitupitá. ....................................................... 65 
Figura 16 - Faixa de praia em Bitupitá. .......................................................................... 67 
Figura 17 - Ortofotomosaico do município de Barroquinha (1968) ............................... 68 
Figura 18 - Normalized Difference Vegetation Index (NDVI), em vermelho o destaque 
da vegetação de manguezal. ........................................................................ 69 
Figura 19 - Área de manguezal no estuário do rio Timonha .......................................... 69 
Figura 20 - Avanço de duna barcana no distrito de Bitupitá. ......................................... 71 
Figura 21 - Dunas fixas próxima ao estuário do Rio Remédios. .................................... 72 
Figura 22 - Eolianitos na praia de Curimã. ..................................................................... 73 
Figura 23 - Migração de duna móvel e soterramento da vegetação de tabuleiro. .......... 74 
Figura 24 - Depressão interdunar em Curimã. ............................................................... 75 
Figura 25 - Setor de tabuleiro litorâneo. ......................................................................... 76 
Figura 26 - Gráfico da Taxa de Crescimento Anual ....................................................... 77 
 
 
Figura 27 - Gráfico de Distribuição da População Residente ........................................ 78 
Figura 28 - Gráfico de população residente no município por faixa etária entre 2000 e 
2010. ............................................................................................................ 79 
Figura 29 - Gráfico da participação da população extremamente pobre no município e no 
Estado por situação de domicilio em 2010 .................................................. 79 
Figura 30 - Gráfico da participação dos setores econômicos do Produto Interno Bruto do 
Município em 2008. ..................................................................................... 81 
Figura 31 - Gráfico com a taxa de crescimento do PIB nominal por setor econômico no 
Município de Barroquinha e Estado do Ceará entre 2005 e 2008. .............. 81 
Figura 32 - Gráfico de admitidos e desligados do município de Barroquinha entre 2008 e 
2016. ............................................................................................................ 82 
Figura 33 - Gráfico de distribuição dos postos de trabalho formais por setor de atividades 
no município em 2010 e 2016. .................................................................... 82 
Figura 34 - Gráfico de distribuição percentual das cinco maiores despesas do munícipio 
em 2009. ...................................................................................................... 83 
Figura 35 - Gráfico de Proporção de domicílios com acesso a rede de abastecimento de 
água, a coleta de lixo e ao escoamento do banheiro ou sanitário adequado em 
2010 ............................................................................................................. 84 
Figura 36 - Modelo digital de terreno da área de Praia Nova, Barroquinha ................... 88 
Figura 37 - Modelo digital de superfície da área de Praia Nova, Barroquinha. ............. 88 
Figura 38 - Modelo digital de terreno da área de Praia Nova, Barroquinha. .................. 89 
Figura 39 - Residência soterrada por sedimentos arenosos na Praia Nova, Barroquinha.
 ..................................................................................................................... 89 
Figura 40 - Fotografia aérea de 1968 do campo de dunas de Barroquinha. ................... 90 
Figura 41 - Campo de dunas em diferentes períodos no litoral do município de 
Barroquinha (1972 e 2017). ........................................................................ 90 
Figura 42 - Área com fixação de duna pela vegetação em Barroquinha. ....................... 92 
Figura 43 - Trilhasdos carros sobre a área de eolianitos na praia de Curimã. ............... 92 
Figura 44 - Salina abandonada em Barroquinha. .......................................................... 94 
Figura 45 - Localidade de Bitupitá e da Ilha Grande, inicialmente nas proximidades do 
estuário do rio Timonha ............................................................................... 96 
Figura 46 - Regeneração de manguezal em área de antiga salina. ................................. 97 
Figura 47 - Variações na linha de costa do munícipio de Barroquinha em 50 anos (1967 
a 2017). ........................................................................................................ 98 
 
 
Figura 48 - Gráfico de área em porcentagens com relação ao grau de vulnerabilidade 
ambiental.................................................................................................... 104 
Figura 49 - Técnica de fusão - método IHS, imagem do Lansat 1 (composição falsa cor) 
com imagem pancromática do satélite CORONA (7,5 m). ....................... 106 
Figura 50 - Comparação das alterações entre as imagens de 67/73 e 2017. ................. 107 
 
 
 
 
 
LISTA DE MAPAS 
 
Mapa 1 – Localização dos Distritos de Barroquinha, Ceará .......................................... 22 
Mapa 2 – Batimetria e Altimetria da Costa Oeste do Ceará ........................................... 60 
Mapa 3 – Unidades Geoecológicas ................................................................................ 64 
Mapa 4 – Formas de Uso e Ocupação ............................................................................ 91 
Mapa 5 – Fluxos de matéria e energia e sistemas ambientais do estuário do Rio Timonha.
 ................................................................................................................... 100 
Mapa 6 – Modelo digital de elevação gerado a partir do sensor ALOS PALSAR com 12,5 
metros de resolução, evidenciando nos tons mais quentes às áreas de 
tabuleiro. .................................................................................................... 103 
Mapa 7 – Vulnerabilidade do Município de Barroquinha, Ceará ................................. 105 
Mapa 8 – Mosaico de Fotografias Aéreas (1968) do Município de Barroquinha, Ceará
 ................................................................................................................... 108 
Mapa 9 – Proposta de Zoneamento Funcional do Município de Barroquinha, Ceará.. 113 
 
 
 
file:///C:/Users/Lageplan/Desktop/17-04-18_FDBR_M.docx%23_Toc511726210
file:///C:/Users/Lageplan/Desktop/17-04-18_FDBR_M.docx%23_Toc511726212
file:///C:/Users/Lageplan/Desktop/17-04-18_FDBR_M.docx%23_Toc511726213
file:///C:/Users/Lageplan/Desktop/17-04-18_FDBR_M.docx%23_Toc511726214
file:///C:/Users/Lageplan/Desktop/17-04-18_FDBR_M.docx%23_Toc511726215
file:///C:/Users/Lageplan/Desktop/17-04-18_FDBR_M.docx%23_Toc511726215
file:///C:/Users/Lageplan/Desktop/17-04-18_FDBR_M.docx%23_Toc511726216
file:///C:/Users/Lageplan/Desktop/17-04-18_FDBR_M.docx%23_Toc511726216
file:///C:/Users/Lageplan/Desktop/17-04-18_FDBR_M.docx%23_Toc511726216
file:///C:/Users/Lageplan/Desktop/17-04-18_FDBR_M.docx%23_Toc511726217
file:///C:/Users/Lageplan/Desktop/17-04-18_FDBR_M.docx%23_Toc511726219
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
 
Quadro 1 - Unidades Globais: Geossistema, Geofácies e o Geótopo. ........................... 29 
Quadro 2 - Tipos de mapas, escala e tipologia. .............................................................. 38 
Quadro 3 - Estágios de projeção e escalas utilizadas conforme sistema administrativo. 39 
Quadro 4 - Classificação ecodinâmica do ambiente. ...................................................... 40 
Quadro 5 - Avaliação da Estabilidade das Categorias morfodinâmicas e o peso. .......... 40 
Quadro 6 - Aspecto e representação vetorial e matricial. ............................................... 45 
Quadro 7 (A, B, C) - Dados gerais do satélite Alos. ...................................................... 47 
Quadro 8 - Escala de Vulnerabilidade das Unidades Territoriais Básicas. .................... 50 
Quadro 9 - Síntese das unidades geoecológica ............................................................... 63 
 
 
 
 
 
LISTAS DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Geologia do município de Barroquinha. ....................................................... 51 
Tabela 2 - Geomorfologia do município de Barroquinha............................................... 51 
Tabela 3 - Unidades Geoecológicas do município de Barroquinha. .............................. 52 
Tabela 4 - Solos do município de Barroquinha. ............................................................. 52 
Tabela 5 - Vegetação do município de Barroquinha. ..................................................... 52 
Tabela 6 - Clima do município de Barroquinha. ............................................................ 53 
Tabela 7 - Classes, peso e área relacionados a vulnerabilidade do município. ............ 104 
 
 
 
 
 
LISTAS DE EQUAÇÕES 
 
Equação 1 - Equação da Vulnerabilidade Ambiental ..................................................... 51 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ALOS - Advanced Land Observing Satellite 
APP - Áreas de Preservação Permanente 
AVNIR-2 - Advanced Visible and Near Infrared Radiometer-type 2 
COGERH - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará 
CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais 
ESRI - Environmental Systems Research Institute 
ETM+ - Enhanced Thematic Mapper Plus 
FUNASA - Fundação Nacional de Saúde 
GIS - Geographic Information Science / Geographic Information System 
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IDACE - Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará 
IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará 
JAXA - Japan Aerospace Exploration Agency 
LANDSAT - Land Remote Sensing Satelite 
MDE - Modelo Digital de Elevação 
NASA - National Aeronautics and Space Administration 
OLI - Operational Land Imager 
PALSAR - Phased Array type L-band Synthetic Aperture Radar 
PRISM - Panchromatic Remote-Sensing Instrument for Stereo Mapping 
SAR - Radar de Abertura Sintética 
SEMACE - Superintendência Estadual do Meio Ambiente 
SIFT - Scale-Invariant Feature Transform 
SIG - Sistema de Informações Geográficas 
SRTM - Shuttle Radar Topography Mission 
TM - Tematic Mapper 
UAF - Alaska Satellite Facility’s 
USGS - United States Geological Survey 
VANT - Veículo Aéreo Não Tripulado 
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 18 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PROCEDIMENTOS TÉCNICO-
METODOLÓGICOS ................................................................................ 23 
2.1 Fundamentação Teórica ............................................................................ 23 
2.1.1 Proposta teórico-metodológica da Geoecologia da Paisagem ................... 30 
2.1.2 Planejamento Ambiental ............................................................................ 32 
2.1.3 Zoneamento Ambiental............................................................................... 33 
2.1.4 Geotecnologias na Análise Ambiental ....................................................... 35 
2.1.5 Adaptação da Ecodinâmica em Vulnerabilidade Natural......................... 39 
2.2 Procedimentos Técnico-Metodológicos .................................................... 41 
2.2.1 Aplicação dos produtos cartográficos gerados .......................................... 55 
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................. 57 
3.1 Caracterização regional e geoecológica do município de Barroquinha 57 
3.1.1 Situação geográfica.................................................................................... 57 
3.1.2 Localização.................................................................................................. 59 
3.1.3 Aspectos Geoambientais ............................................................................. 61 
3.1.4 Aspectos Demográficos e Sociais ............................................................... 77 
4 DIAGNÓSTICO INTEGRADO ............................................................... 85 
4.1 Mar Litorâneo ............................................................................................ 85 
4.2 Praia e pós-praia ........................................................................................ 86 
4.3 Campo de Dunas ........................................................................................ 89 
4.4 Planície Fluviomarinha ............................................................................. 93 
4.4.1 Planícies fluviais ....................................................................................... 101 
4.4.2 Tabuleiro litorâneo ................................................................................... 101 
4.4.3 Depressão Sertaneja ................................................................................. 102 
 
 
5 ECODINÂMICA E VULNERABILIDADES AMBIENTAIS SOBRE 
UMA BASE DE ZONEAMENTO GEOECOLÓGICO ...................... 104 
6 ZONEAMENTO FUNCIONAL: PROPOSTA DE PLANEJAMENTO 
AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE BARROQUINHA ...................... 110 
7 ZONEAMENTO PROPOSITIVO ......................................................... 114 
7.1 Plano de Gestão Integrada ...................................................................... 114 
7.2 Zona de Preservação Ambiental - ZPA ................................................. 115 
7.3 Zona de Conservação Ambiental - ZCA ................................................ 117 
7.4 Zona de Recuperação Ambiental - ZRA ............................................... 119 
7.5 Zonas de Uso Especifico - ZUE............................................................... 121 
8 CONCLUSÃO .......................................................................................... 125 
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 127 
 
 
 
18 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Os ambientes litorâneos compõem áreas de intensa dinâmica, em função do 
caráter de interface entre o continente e o oceano. Por outro lado, constituem territórios 
densamente povoados e valorizados. No litoral, concentram-se grande parte das obras, 
equipamentos e serviços portuários e industriais do país. O Nordeste se destaca pelo 
processo de uso e ocupação histórico, da costa ao interior, com oito de nove capitais 
situadas no litoral. 
Apesar da ocupação do Estado do Ceará ter sido diferenciada, pois se deu do 
interior para o litoral o conjunto paisagístico do litoral, progressivamente, vem sendo 
transformado pela ação antrópica que somado a processos naturais, ocasiona, muitas 
vezes, graves prejuízos socioambientais e apresenta diferentes níveis de alteração. Desse 
modo, a ocupação desordenada dos sistemas ambientais modifica diretamente as 
condições de sustentabilidade ambiental e socioeconômica das comunidades tradicionais 
e conservação da biodiversidade (MEIRELES; SILVA, 2002; GORAYEB; SILVA; 
MEIRELES, 2004). 
A especulação imobiliária de ambientes litorâneos tem exercido pressão 
constante e crescente sobre as paisagens naturais e culturais, em áreas litorâneas. O 
imaginário de viver períodos de vida, com vista contemplativa do mar e praias com 
coqueirais, tem levado parte da população urbana, com maiores recursos financeiros, à 
busca de imóveis, em municípios litorâneos, perspectiva em que áreas, ao longo do tempo, 
tendem a ser ocupadas e cada vez mais estimadas pelos empreendedores (DANTAS, 
2007; PEREIRA, 2012; PEREIRA, 2014; DANTAS, 2015). 
Nessa linha, os estudos socioambientais da zona costeira são instrumento 
relevante no diagnóstico de problemas ambientais e na proposição de uso racional de 
espaços, haja vista que os sistemas ambientais litorâneos são afetados pela ocupação 
desordenada, desencadeando uma série de prejuízos e impactos socioambientais 
negativos. 
O uso de Geotecnologias, dentre as quais Geoprocessamento, Sensoriamento 
Remoto e Sistema de Informações Geográficas (SIG) auxiliam nos estudos ambiental, ao 
agregarem conjunto de técnicas e metodologias na construção de modelos. Os problemas 
ambientais ocorrem dentro das dimensões básicas do mundo físico, apresentando 
19 
 
 
extensão territorial (espaço) e dinâmica (tempo), onde a operacionalização desses 
modelos propicia visão da situação como um todo – perspectiva holística (SILVA, 2001). 
O município de Barroquinha situa-se a 402 km de Fortaleza, capital cearense, 
encontrando-se relativamente isolado geograficamente, em relação aos grandes centros 
urbanos, localizado sob as coordenadas geográficas 3º01’08” de latitude (S) e 41º08’10” 
de longitude (WGr), com área de 383,426 km², na mesorregião Noroeste no estado, 
microrregião do Litoral de Camocim e Acaraú, nordeste do Brasil, limitando-se a norte 
com os municípios de Camocim e Oceano Atlântico, ao sul com Chaval e Granja, a leste 
com Camocim e a oeste com o Estado do Piauí e Chaval (mapa 01). 
A população pelo último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), de 2010, foi de 14.476 habitantes, com densidade demográfica de 
36,76 habitantes por km², percentualmente menor do que o que apresenta no Estado, a 
densidade demográfica de 56,76 hab/km². Em 2017, a projeção populacional foi de 
14.880 pessoas, para o Estado, de 9.020.460, de acordo com o IBGE (2018). 
Com o crescimento da população e diversificação das formas de uso e 
ocupação, acentua-se a necessidade de implementação de estratégias de planejamento 
ambiental de forma integrada, em escala municipal, em que a delimitação de unidades 
geoecológicas, com caráter de homogeneidade de condições naturais, atrelada aos 
indicadores de condições sociais e econômicas, podem auxiliar nas ações e medidas para 
orientação do planejamento e gestão ambiental, além de melhor organização territorial do 
município. 
Considerando o contexto de novas territorializações do espaço litorâneo 
brasileiro, a Região Nordeste se destaca quanto ao Litoral Setentrional, onde ainda há 
espaços naturais pouco ocupados pelas residências e atividades econômicas. O setor 
extremo noroeste da costa do Estado do Ceará, onde está localizada a área de estudo, 
constitui, no momento, área ocupada predominantemente pelas comunidades tradicionais 
formadas de pescadores, marisqueiros, artesãos e pequenos agricultores (TUPINAMBÁ, 
1999; LIMA, 2002; MEIRELES et al., 2009; ARAÚJO; PEREIRA, 2015). 
A problemática da pesquisa se baseia no fato de os municípios costeiros, 
comumente, se inserirem em ambiente de extremo dinamismo e estratégias de 
planejamento e gestão ambiental desconsiderarem especificidades, na implementação dos 
instrumentos de ordenamento, configuração espacial de interseção entre ambientes com 
fluxos de matéria e energia, o que, de certa forma, limita diferentes formas de uso e 
ocupação. Assim, três questões se destacam na sistematização da problemática de estudo: 
20 
 
 
a) A configuração espacial do município de Barroquinha, em ambiente com 
intensos fluxos de material e energia, tem limitado a progressiva ocupação? 
b) As formas de uso e ocupação têm sido realizadas de acordo com a 
capacidade de suporte do meio ambiente? 
c) Proposta de planejamento ambiental, abalizada pelo zoneamento 
ambiental, diagnóstico de vulnerabilidades e uma proposta de zoneamento funcional 
poderão subsidiar formas de uso e ocupação mais bem adequadas às especificidades do 
ambiente? 
Nessa perspectiva, a pesquisa teve como objetivogeral elaborar proposta para 
melhor organização espacial de áreas litorâneas, pela análise ambiental integrada, com 
enfoque na Geoecologia das Paisagens e na Ecodinâmica do município de Barroquinha, 
pelo uso de geotecnologias. 
Objetivos específicos: 
a) realizar estudo de organização, classificação e taxionomia de estruturas e 
processos paisagísticos, com destaque para as principais formas de uso e ocupação do 
município; 
b) construir banco de dados geográfico dos recursos naturais e uso e ocupação 
com informações do município; 
c) diagnosticar problemas, limitações e potencialidades de unidades 
geoecológicas da paisagem, em função de estrutura e funcionamento da área, em relação 
às atividades socioeconômicas e culturais, representando-as cartograficamente; 
(d) propor estratégias e diretrizes de planejamento, no âmbito municipal, 
representadas pelo zoneamento funcional, com esboço de proposta de plano de gestão. 
Como etapas da pesquisa, destacaram-se reconhecimento preliminar do 
território municipal, inventário de informações secundárias, análise integrada 
(geoecologia, ecodinâmica e análise de vulnerabilidades), obtenção de diagnóstico 
integrado e devidas proposições de planejamento territorial de âmbito municipal. 
Desenvolve-se pela análise de escala municipal do território de Barroquinha, 
com suporte do enfoque geoecológico, no trecho compreendido entre estuários dos rios 
Timonha e Remédios. Incluem-se na análise, distritos de Bitupitá, Araras e Barroquinha, 
além da sede municipal. 
Tem-se que os núcleos habitacionais, Bitupitá e Curimã, devam 
posteriormente ser analisados de forma detalhada, com elaboração de cartas temáticas, na 
21 
 
 
escala 1:5.000, para, assim possibilitar melhor gestão das comunidades litorâneas e 
entornos imediatos. 
O capítulo 02 refere-se ao aspecto teórico e procedimentos metodológicos, 
destacando-se como referência de base, Geoecologia das Paisagens, princípios do 
Planejamento Ambiental, Zoneamento Ambiental, uso de Geotecnologias na Análise 
Ambiental e adaptação da Ecodinâmica, na interpretação das condições de 
Vulnerabilidade Natural do território de Barroquinha. 
No capítulo 03, faz-se diagnóstico e delimitação das unidades geoecológicas. 
O capítulo 04 apresenta proposta de Zoneamento Funcional e plano de gestão. 
No capítulo 05, conclusão e as considerações finais. 
22 
 
 
 
 
Mapa 1 – Localização dos Distritos de Barroquinha, Ceará 
 
23 
 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PROCEDIMENTOS TÉCNICO-
METODOLÓGICOS 
 
No desenvolvimento da pesquisa, citam-se autores que embasaram o 
arcabouço teórico-metodológico, dividido em duas partes: primeira, com a 
fundamentação teórica e a segunda, com procedimentos técnicos na obtenção de dados. 
A Análise Ambiental Integrada é a proposta metodológica adotada em 
estudos de Geografia, aplicada no Planejamento Ambiental, em diferentes escalas 
territoriais. A concepção metodológica, por fundamentar-se em teoria geossistêmica, 
oferece contribuição essencial, na compreensão da dinâmica dos sistemas naturais e 
formas de uso pela sociedade (ROSS, 2009). A contribuição está em propiciar 
fundamentos sólidos à elaboração de bases teóricas e metodológicas do planejamento e 
gestão ambiental, como também subsidiar a construção de modelos teóricos que 
incorporem princípios de sustentabilidade ambiental ao processo de ordenamento 
territorial. 
 
2.1 Fundamentação Teórica 
 
Para adequada fundamentação teórica e metodológica de Análise Ambiental 
Integrada e sua aplicabilidade ao planejamento ambiental e ordenamento territorial, fez-
se a revisão de literatura científica de diferentes autores e escolas da Geografia. Com 
enfoque da Geoecologia da Paisagem, incluindo concepções teórico-metodológicas da 
análise geossistêmica e ecodinâmica, a princípio, analisam-se publicações de Bertrand 
(1972; 2007), Sotchava (1977; 1978), Tricart (1977; 1979), Beroutchachvili e Bertrand 
(1978), Christofoletti (1979, 1999), Bolós (1981), Ross (1990, 1995, 2006), Rougerie e 
Beroutchatchvili (1991), Troppmair (1995), Golubev (1999), Monteiro (2000), 
Rodriguez e Silva (2004), Bertrand e Bertrand (2007) e, para avaliação da vulnerabilidade 
ambiental, utilizam-se estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) de 
Crepani et al. (2001), com base em estudos de Tricart (1977). Na revisão bibliográfica 
sobre Planejamento Ambiental consultam-se publicações de Silva (1987, 1998), Richling 
(1994), Rodriguez (1994, 2008), Vainer (1995), Mendez (1999), Santos (2004), Santos 
(2004), Rodriguez e Silva (2004), Ross (2009) e Christopherson (2017). Na aplicação de 
geotecnologias, utilizaram-se Câmara et al. (2001), Silva (2001), Florenzano (2002, 
24 
 
 
2008), Leão et al. (2007), Jensen (2009). Por fim, aplicações dos Geossistemas, 
Geoecologia das Paisagens e Ecodinâmica no Estado do Ceará. 
 
O Enfoque Sistêmico na Geografia 
 
O pensamento sistêmico tem caráter interdisciplinar. Na Geografia apresenta 
visão de síntese do conjunto do espaço geográfico, no caso dos estudos ambientais, 
conforme diagrama elaborado por Zonnevelde (1994) (Figura 1), utilizado comumente na 
categoria de análise geográfica da paisagem, como eixo e sinopse de componentes 
paisagísticos. 
 
Figura 1 - Síntese do pensamento sistêmico nos estudos ambientais 
Fonte: Zonnevelde (1994). 
 
O conceito de sistemas, proposto inicialmente por Ludwig von Bertalanffy, 
na década de 30, do século XX. Oliveira (2002, p. 25) considera como sistema “conjunto 
de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário 
25 
 
 
com determinado objetivo e efetuam determinada função”. Com a Teoria Geral dos 
Sistemas, áreas do conhecimento trabalham e utilizam a abordagem nessa perspectiva. 
 
O conceito de sistema aberto encontrou também aplicação nas ciências da 
Terra, geomorfologia (Chorley, 1964) e meteorologia (Thompson, 1961), 
tendo sido traçado detalhada comparação dos modernos conceitos 
meteorológicos com o conceito organísmico de Bertalanffy em biologia. 
Convém lembrar que já Prigogine em sua obra clássica (1947) mencionava a 
meteorologia como um possível campo de aplicação dos sistemas abertos. 
(BERTALANFFY, 1973 p. 144). 
 
Na Geografia, os estudos com abordagem sistêmica, segundo Gregory (1992), 
iniciaram com Cholley e Kennedy, na década de 1970, contribuindo para a evolução dos 
estudos de análise integrada, em contraponto à homogeneização de estudos setorizados, 
subsidiando os aplicados de forma integralizada, principalmente no âmbito da Geografia 
Física / Geografia da Natureza, em auxilio ao ordenamento de formas de uso e ocupação 
e planejamento ambiental. 
Como exemplo de repercussão, Ross (2009) destaca o da Geografia, na 
perspectiva utilitarista e aplicada a interesses de desenvolvimento da antiga União 
Soviética (URSS), no pragmatismo da ciência aplicada à planificação de serviço do 
Estado Soviético. 
Sotchava (1978, p. 15) propôs o conceito de Geossistema que consiste em que 
"os geossistemas são fenômenos naturais, todavia os fatores econômicos e sociais, ao 
influenciarem sua estrutura e peculiaridades espaciais, devem ser tomados em 
consideração". Dessa forma Sotchava (1978) define: 
 
Geossistema é a expressão dos fenômenos naturais, ou seja, o potencial 
ecológico de determinado espaço no qual há uma exploração biológica, 
podendo influir fatores sociais e econômicos na estrutura e expressão espacial, 
porém, sem haver necessariamente, face aos processos dinâmicos, uma 
homogeneidade interna (p. 19) 
 
Sotchava (1978) enfatiza que "os geossistemas são fenômenos naturais, 
todavia os fatores econômicos e sociais, ao influenciarem sua estrutura e peculiaridades 
espaciais, devem ser tomados em consideração". 
Na concepção de Solntsev (1981) apud Rodriguez e Silva (2004, p. 15): 
O enfoque sistêmico é um estilo particular de pensamentoque exige que: (i) o 
objeto estudado seja um todo ou uma formação integral; (ii) as funções, que 
constituem os intercâmbios dos fluxos de matéria, energia e informação, 
devem ser compreendidas como um todo; (iii) existam qualidades próprias ao 
sistema que não sejam inerentes aos elementos que o formam e (iv) os 
elementos e o sistema subordinam-se as leis comuns. 
26 
 
 
 
Assim, a abordagem sistêmica propicia bases teóricas fundamentais que 
norteiam a aplicabilidade da metodologia geoecológica, em que unidades do espaço 
geográfico, como exemplo do recorte territorial do município, constituem territórios 
objeto de planejamento ambiental, com possíveis subsistemas, no caso, zonas estuarinas 
e distintas feições geoecológicas. 
O critério de homogeneidade das condições naturais é fator principal de 
análise geoecológica da paisagem. A característica é consequência de fatores genéticos e 
históricos e condições atuais da paisagem. Considera-se que a homogeneidade é 
proporcionalmente relativa, pois quanto maior a dimensão paisagística menor a 
homogeneidade de nível dimensional da paisagem, predominando normalmente a 
heterogeneidade das condições naturais (RODRIGUEZ; SILVA, 2004). 
Segundo Rodriguez (1998), apesar de controvérsias com a primeira utilização 
do termo Geossistema, pela diferenciação de abordagem da escola soviética e francesa, o 
termo foi utilizado por Viktor Borisovich Sotchava, objetivando integração entre natureza 
e sociedade. Na década de 1960, para designar Sistema Geográfico ou Complexo Natural 
Territorial (MARTINELLI, 2010). 
Na perspectiva da paisagem de escola francesa, Bertrand (1971) apresenta 
conceito similar para geossistema: 
 
“Certa porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto, 
instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo 
dialeticamente uns sobre os outros um conjunto único e indissociável.” 
(BERTRAND, 1971, p. 18). 
 
A perspectiva de Geossistema francês apresenta como característica a procura de 
relativa homogeneidade dos componentes, em que "potencial ecológico", exploração 
biológica" e "ação antrópica" se correlacionam dialeticamente e de forma indissociável 
(Figura 3). Compreende-se o esboço teórico apresentado pelo autor para explicação do 
funcionamento do geossistema: 
 
27 
 
 
Figura 2 - Funcionamento do Geossistema. 
 
Fonte: Bertrand (1968). 
 
Apesar das críticas de Tricart (1986), no que diz respeito à falta de clareza, 
exemplificação e aplicação ao modelo baseado no Complexo Natural Territorial proposto 
por Sotchava, o autor destaca posteriormente, na obra Ecodinâmica, que utiliza como 
princípio a teoria sistêmica e a interrelação das partes, para delineamento das relações de 
equilíbrio dinâmico entre pedogênese e morfogênese: 
 
O conceito de sistema é, atualmente, o melhor instrumento lógico de que 
dispomos para estudar os problemas do meio ambiente. Ele permite adotar uma 
atitude dialética entre a necessidade da análise – que resulta do próprio 
progresso da ciência e das técnicas de investigação – e a necessidade, contrária, 
de uma visão de conjunto, capaz de ensejar uma atuação eficaz sobre esse meio 
ambiente. Ainda mais, o conceito de sistema é, por natureza, de caráter 
dinâmico e por isso adequado a fornecer os conhecimentos básicos para uma 
atuação – o que não é o caso de um inventário, por natureza estático 
(TRICART, 1977, p. 67). 
 
O enfoque sistêmico é uma das abordagem teórica dos estudos de Geografia, 
sobretudo dos voltados ao planejamento, gestão e avaliação de condições do meio 
ambiente, pela capacidade de interconexão de diferentes variáveis naturais com formas 
de uso e ocupação do espaço geográfico pela sociedade, superando a hegemonia dos 
setorizados, ou seja, a abordagem sistêmica trouxe nova perspectiva para análises 
geográfica e ambiental a partir da segunda metade do século XX, tendo a paisagem 
categoria de análise principal. A este respeito Monteiro (2001, p. 89) enfatiza: 
a paisagem é vista de um modo bem mais dinâmico porquanto não ignora as 
relações, seus feedbacks e interações, de modo a configurar um verdadeiro 
“sistema” onde as áreas pertinentes a ela estão muito além das formas e 
aparências assumidas pelos elementos, sendo capazes, até mesmo de provocar 
importantes reações em áreas distantes. Isso decorre do fato: o homem é 
considerado na paisagem como qualquer outro elemento ou fator constituinte 
do sistema paisagem (geossistema) por que ele desempenha aqui um papel 
realmente ativo. 
28 
 
 
 
Dessa forma, para estudo do dinamismo e interpelação do geossistema, é 
necessário organização e taxinomia. A proposta de Bertrand (2007) consiste na 
hierarquização das unidades em Zona, Domínio, Região Natural, Geossistema, Geofácies 
e Geotopo, em correlação com a escala têmporo-espacial e unidades elementares (quadro 
1). 
Rodriguez (1994) esclarece que a análise sistêmica baseia-se no conceito de 
paisagem como “todo sistêmico”, em que se combinam natureza, economia, sociedade e 
cultura, em amplo contexto de inúmeras variáveis que buscam representar a relação da 
natureza como sistema e dela com a sociedade. Sistemas formadores da paisagem são 
complexos e exigem multiplicidade de classificações que podem, segundo o autor, 
enquadrar-se perfeitamente em três princípios básicos de análise: genético, estrutural 
sistêmico e histórico, que se fundem numa classificação complexa. 
É importante destacar a relevância na aplicação da hierarquização dos 
sistemas ambientais, nos estudos geográficos, diretamente relacionados ao conceito de 
sustentabilidade, na avaliação de potencialidades e limitações do ambiente, pensando e 
propondo formas de utilização racionais, baseadas na capacidade de suporte do meio. 
 
29 
 
 
Quadro 1 - Unidades Globais: Geossistema, Geofácies e o Geótopo. 
UNIDADES DE 
PAISAGEM 
ESCALA 
TÊMPORO-
ESPACIAL (A. 
CAILLEUX J. 
TRICART) 
EXEMPLO 
TOMADO NUMA 
MESMA SÉRIE DE 
PAISAGENS 
UNIDADES ELEMENTARES 
Relevo (1) Clima (2) Botânica Biogeografia 
Unidade 
trabalhada pelo 
homem (3) 
ZONA G. I Temperada -- Zonal -- Bioma Zona 
DOMÍNIO G. II Cantábrico 
Domínio 
estrutural 
Regional -- Domínio região -- 
REGIÃO NATURAL G. III-IV Picos de Europa 
Região 
estrutural 
-- Andar série -- 
Quarteirão rural 
ou urbano 
GEOSSISTEMA G. IV-V 
Geossistema atlântico 
montanhês (calcário 
sombreado com faia 
hidrófila a “Aspérula 
adorata” em “terras 
fusca”) 
Unidade 
estrutural 
Local -- Zona equipotencial -- 
GEOFÁCIES G. VI 
Prado de ceifa com 
Molinio-
Arrhenatheretea em 
solo lixiviado 
hidromórfico formado 
em depósiito 
morâinico. 
-- -- 
Estádio 
agrupamento 
-- 
Exploração ou 
quarteirão 
parcelado 
(pequena ilha em 
uma cidade) 
GEOTOPO G. VII 
“Cadiés” de dissolução 
com “Aspidium 
Londhitis Sw” em 
microssolo úmido 
carbonarado em 
bolsas. 
-- Microclima -- Biótipo biocenose 
Parcela (casa em 
cidade) 
Fonte: Bertrand (2007)
30 
 
 
2.1.1 Proposta teórico-metodológica da Geoecologia da Paisagem 
 
A Geoecologia da Paisagem é a proposta metodológica adotada em estudos de 
Geografia, aplicada a planejamento ambiental, com importante contribuição ao 
desenvolvimento de propostas de uso e ocupação do espaço geográfico. A concepção 
metodológica, por se basear em visão geossistêmica, oferece contribuição essencial à 
compreensão da dinâmica dos sistemas naturais, e a da Geoecologia da Paisagem está em 
propiciar fundamentos sólidos à elaboração de bases teóricas e metodológicas do planejamento 
e gestão ambiental, como também subsídios à construção de modelos teóricos que possibilitam 
incorporar a sustentabilidade ao processo de desenvolvimento (SANTOS et al., 2009). 
A metodologia geoecológica se alicerça em base sistêmica e fundamentada na 
análise integrada dos componentes antrópicos e naturais. Pela caracterização socioeconômica e 
natural,subsidia a elaboração de documentação temática e a formulação de textos científicos 
com caráter técnico operacional, tendo em vista o planejamento territorial. Constitui perspectiva 
inovadora que incorpora valores de interdisciplinaridade e multidisciplinaridade, em pesquisas 
de análise, diagnóstico e planejamento do espaço geográfico. Considera a interação entre os 
elementos e processos de inter-relações entre a natureza e a sociedade (RODRIGUEZ; SILVA; 
CAVALCANTI, 2016). 
Seu objeto de análise e interpretação é a paisagem no conceito de formação 
antroponatural. A perspectiva a considera sistema territorial resultante da composição 
dinâmica, entre elementos naturais e antropotectogênicos, que sociedade e a dinâmica natural 
modificam, de forma constante e permanente. Considera-se que, em razão da intensidade e 
predomínio específico de processos dinâmicos, é possível identificar a formação de paisagens 
naturais, antroponaturais e antrópicas (RODRIGUEZ; SILVA; CAVALCANTE, 2007). 
Em síntese, a paisagem apresenta propriedades intrínsecas enquanto unidade 
territorial, possível de delimitação e análise, em escala precisa. Apresenta ainda caráter 
sistêmico e complexo, na constituição de unidade, com níveis específicos de intercâmbio de 
matéria, energia e informação (SILVA; RODRIGUEZ; MEIRELES, 2011). 
Silva, Rodriguez e Meireles (2011) acrescentam que o enfoque geoecológico 
direcionado à análise da paisagem deve recorrer à inserção de subsistemas natural, econômico 
e sociocultural, que refletem particularidades da população utilizando recursos e serviços da 
paisagem, criando, assim, estruturas econômicas e impactos decorrentes. 
No contexto de evolução do pensamento geográfico sistêmico, a paisagem é 
entendida como sistema aberto, em constante inter-relação com paisagens circundantes, pela 
31 
 
 
troca de matéria e energia (RODRIGUEZ, 1994). Rodriguez e Silva (2004) destacam que o 
procedimento científico de regionalização de paisagens consiste em determinar o sistema de 
divisão territorial de unidades espaciais de qualquer tipo (administrativa, econômica, natural, 
etc.) em escala global, regional e local. 
Denominada geossistema, enquanto unidade taxonômica, cada unidade de 
hierarquia ou do sistema de unidades taxonômicas, define-se pelos índices ou parâmetros 
diagnósticos, claros e precisos. As unidades diferenciadas, na tipologia de paisagens do Brasil, 
baseadas na homogeneidade relativa, de acordo com a escala, são as seguintes: tipo, subtipo, 
classe, grupo, subgrupo e espécie (RODRIGUEZ; SILVA, 2002). 
 
A regionalização físico-geográfica (geoecológica ou de paisagem) consiste na análise, 
classificação e cartografia de complexos físico-naturais individuais, naturais e 
modificados pela atividade humana e compreensão de sua composição, estrutura, 
relações, desenvolvimento e diferenciação. (AMORIM; OLIVEIRA, 2007, p. 127) 
 
Há coerência entre os termos utilizados e o conteúdo dos conceitos refletidos. 
Paisagem natural e Geossistema são conceitos genéricos, pois designam conteúdo geral, por 
exemplo, similar ao conceito de vegetação, relevo ou solo. Não é possível identificar 
determinada unidade taxonômica por meio de termo que designa uma noção genérica 
(RODRIGUEZ; SILVA, 2002). 
Unidades definidas na regionalização de paisagens naturais, baseadas na 
homogeneidade relativa, de acordo com a escala, são as seguintes: subcontinente, país, domínio, 
província, distrito, região e sub-região (RODRIGUEZ; SILVA, 2002), no caso específico da 
pesquisa, utilizado critério de município e distrito. 
Conforme Rodriguez, Silva e Cavalcanti (2016), a Geoecologia da Paisagem, em 
procedimentos investigativos, necessita proceder no sentido de: 
 
• Estabelecer sistema universal de distinção, caracterização e cartografia de 
unidades geoecológicas; 
• Desenvolver métodos de análise sistêmica quanto aos atributos e 
propriedades particulares das paisagens; 
• Indicar critérios consistentes e coerentes que possam ser aplicados em 
estratégias de planejamento e gestão ambiental; 
32 
 
 
• Aprimorar conceitos e procedimentos de avaliação da sustentabilidade 
geoecológica, como instrumento eficaz na contextualização de diferentes 
possibilidades para a efetivação do desenvolvimento sustentável. 
Existem diferentes valores e utilidades em planejamento e gestão ambiental e 
territorial. A realidade e objetividade que representam paisagem ou geossistemas naturais não 
são arbitrárias. Elas se organizam de acordo com relações de forças onde existem ordem e 
hierarquia. Forças são leis ou regularidades geoecológicas ou geográficas. A classificação, ou 
seja, construção da hierarquia e sistema de unidades taxonômicas responde a leis, pois existe 
correlação direta entre componentes, em diferentes escalas de abordagem. Simplificação 
excessiva da hierarquia de unidades leva ao reducionismo, na interpretação da realidade, por 
tratar-se, de elaboração de princípios de classificação que correspondam à realidade 
(RODRIGUEZ; SILVA, 2002). 
 
2.1.2 Planejamento Ambiental 
 
Com relação ao planejamento, Mendez (1999) explica que está atrelado à 
possibilidade de pensar e criar o futuro, pela valorização do presente e articulação com o 
passado. Na concepção do planejamento ambiental, ações de gestão se direcionam ao uso da 
natureza, partindo de visão de inter-relações com componentes do meio ambiente e sociedade. 
Silva e Rodriguez (2013) acrescenta que o planejamento ambiental constitui 
processo organizado de obtenção de informações, de análise e reflexão sobre potencialidades, 
problemas e limitações do território. Podendo definir metas, objetivos, estratégias de uso de 
projetos e atividades voltadas para à organização espacial (Figura 3). 
Em propostas de planejamento ambiental, com base teórico-metodológica, a 
Geoecologia da Paisagem se efetiva em diferentes cenários, em razão de objetivos e tendências 
diversificados. Embora o processo de planejamento seja técnico-científico, não se consolida, 
sem interação entre os diferentes atores e grupos sociais, econômicos e culturais envolvidos no 
território a ser planejado. Assim, é necessário viabilizar enfoque participativo, com 
envolvimento de agentes políticos, econômicos e da população (SILVA; RODRIGUEZ, 2013). 
Nessa concepção, o planejamento incorpora os seguintes momentos: 
 
• Mobilização da população no sentido de promover a participação no processo de 
planejamento; 
33 
 
 
• Coleta de informações e depoimentos de diferentes conteúdos e tipos; 
• Contato direto na elaboração das diferentes etapas, para referendar resultados; 
• Discutir possíveis cenários do planejamento. 
 
Figura 3 - Fases do planejamento e gestão ambiental adotadas na pesquisa 
Fonte: Adaptado de Rodriguez e Silva (2013). 
 
A respeito do planejamento ambiental, Christofoletti (2014) comenta que a 
geomorfologia tem importante papel, em que o conhecimento geomorfológico auxilia na 
indicação de grandezas integrativas, em escala espacial, local e regional, além de contribuir na 
diferenciação de categorias específicas, identificação e avaliação de azares naturais, impactos 
ambientais e na avaliação dos recursos ambientais. 
Diakonov e Mamai (2008) apud Rodriguez, Silva e Cavalcanti (2016) afirmam que 
o planejamento ambiental, com base na Geoecologia da Paisagem, articula diferentes categorias 
de gestão e manejo. Faz parte do conjunto da política ambiental, territorial e pública, no sentido 
de se estabelecer a organização espaço-temporal das atividades da sociedade, em diferente 
gama de paisagem, visando à criação de novas estruturas antroponaturais devidamente 
planejadas, sobre conceitos de sustentabilidade ambiental e social. 
 
2.1.3 Zoneamento Ambiental 
 
Para aplicação prática do planejamento ambiental, existem leis, decretos e 
diretrizes, entre os quais instrumentos, em destaque o Zoneamento Ambiental que tem como 
objetivo“setorizar o território em zonas ou áreas específicas – paisagens – que encerram 
qualidades naturais e modificadas pelo homem, visando ao uso eficiente dos recursos dos 
34 
 
 
diversos sistemas de ocupação” (Ribeiro, 1998). O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente 
(IBAMA) define Zoneamento Ambiental como: 
 
o instrumento de ordenamento territorial íntima e indissoluvelmente ligado ao 
desenvolvimento da sociedade, que via assegurar, a longo prazo, equidade de acesso 
aos recursos ambientais – naturais, econômicos e sociais -, os quais se configuram, 
quando adequadamente aproveitados, em oportunidades de desenvolvimento 
sustentável (IBAMA, 2010, p. 05). 
 
Definem-se as características homogêneas do meio ambiente, acima de tudo, é 
instrumento propositivo, na medida que racionaliza usos do meio pela capacidade de suporte. 
Além disso também é instrumento regulatório, pelas leis e decretos que o legitimam como 
instrumento normativo, Lei 6.938/1981 (Política Nacional de Meio Ambiente), Lei 9.985/2000 
(Sistema Nacional de Unidades de Conservação), Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), 
Decreto 4.297/2002 (estabelece critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico). 
Atividades e formas de uso são indicadas pelas etapas do diagnóstico e proposta de 
zoneamento, onde “o zoneamento deve definir as atividades que podem ser desenvolvidas em 
cada compartimento e, assim, orientar a forma de uso, eliminando conflitos entre tipos 
incompatíveis de atividades” (SANTOS, 2004, p. 133). 
O Decreto Nº 4.297/2002 indica critérios para Zoneamento Ecológico-Econômico 
(ZEE) no Brasil, como instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), 
regulamenta o art. 9o, inciso II, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, com objetivos e 
princípios: 
 
Art. 2o O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente 
seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece 
medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade 
ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, 
garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da 
população. 
Art. 3o O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos 
agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, 
direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção 
do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas. 
Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial das atividades econômicas, levará 
em conta a importância ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossistemas, 
estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território e 
determinando, quando for o caso, inclusive a relocalização de atividades 
incompatíveis com suas diretrizes gerais. 
 
No que diz respeito ao processo de elaboração e implementação do ZZE, o Art. 4o 
define: 
35 
 
 
I - buscará a sustentabilidade ecológica, econômica e social, com vistas a 
compatibilizar o crescimento econômico e a proteção dos recursos naturais, em favor 
das presentes e futuras gerações, em decorrência do reconhecimento de valor 
intrínseco à biodiversidade e a seus componentes; 
II - contará com ampla participação democrática, compartilhando suas ações e 
responsabilidades entre os diferentes níveis da administração pública e da sociedade 
civil; e 
III - valorizará o conhecimento científico multidisciplinar. 
 
Por fim, esclarece-se sua relação com o direito ambiental brasileiro, pelos seguintes 
princípios constitucionais: 
 
Art. 5o O ZEE orientar-se-á pela Política Nacional do Meio Ambiente, estatuída nos 
arts. 21, inciso IX, 170, inciso VI, 186, inciso II, e 225 da Constituição, na Lei no 
6.938, de 31 de agosto de 1981, pelos diplomas legais aplicáveis, e obedecerá aos 
princípios da função sócio-ambiental da propriedade, da prevenção, da precaução, do 
poluidor-pagador, do usuário-pagador, da participação informada, do acesso 
eqüitativo e da integração. 
 
Em face dos dispositivos legais, o Zoneamento Ambiental se legitima como 
importante instrumento legal para planejamento ambiental no Brasil, ao longo do tempo, a 
aplicabilidade tem sido eficiente, nas diferentes escalas, em âmbito nacional, regional e local. 
 
2.1.4 Geotecnologias na Análise Ambiental 
 
Geotecnologias se inserem no cotidiano humano, na perspectiva acadêmica ou nas 
aplicações do dia a dia. Ao longo de revoluções técnico-científicas dos séculos XIX e XX, 
técnicas, tecnologias e equipamentos foram desenvolvidos com necessidades ligadas a 
aplicações militares, planejamento, gestão e estudos do meio ambiente, contribuindo 
diretamente para a evolução de tecnologias da geoinformação (SILVA, 2001). 
Para compreensão de diferentes técnicas, método de aquisição, análise e 
processamento de dados geoespaciais, é necessário discutir aspectos basilares, inseridos no 
meio. De forma ampla, o geoprocessamento se compreende como técnica de processamento de 
dados georreferenciados, em meio computacional, utilizando-se de métodos estatísticos e 
matemáticos. 
Nesse sentido, Xavier da Silva (2001, p. 06) indica que o geoprocessamento: “É um 
conjunto de técnicas computacionais que opera sobre bases de dados (que são registros de 
ocorrências) georreferenciados, para os transformar em informação (que é um acréscimo de 
conhecimento) relevante.” 
36 
 
 
Além da perspectiva de geoprocessamento como técnica, autores indicam 
paradigma de Ciência da Geoinformação (CÂMARA, 2001), em que o geoprocessamento 
transcende o caráter meramente tecnicista, compondo novo ramo do conhecimento científico 
de origem interdisciplinar. 
Existem também termos diferenciados ligados ao regionalismo e/ou como 
determinadas áreas do conhecimento denominam o que seria geoprocessamento, a exemplo do 
conceito de Geomática ou Geoinformação: 
 
Ciência que se utiliza de técnicas matemáticas e computacionais para a análise de 
informações geográficas, ou seja, informações temáticas “amarradas” à superfície 
terrestre, através de um sistema de coordenadas. No Brasil, os termos 
Geoprocessamento e Geomática se referem à mesma coisa, ou seja, 
Geoprocessamento é utilizado como sinônimo de Geomática. (ROSA, 2009). 
 
Em relação ao termo SIG/GIS, existem acrônimos, sinônimos e conceitos distintos, 
no geral, denominado de Sistema de Informação Geográfica, podendo também ser apresentado 
como Sistema de Informações Geográficas, Sistema de Informações Georreferenciadas, 
Sistema Geográfico de Informação (SGI) e Geographic Information Science (GIS). 
Ao longo da evolução do conceito e diferentes denominações, grande parte dos 
autores Maguire, D.J., Goodchild M.F., Rhind D.W. (1997); Burrough, P.A. and McDonnell, 
R.A. (1998); Longley, P.A., Goodchild, M.F., Maguire, D.J. and Rhind, D.W. (2005); 
Tomlinson, R.F., (2005) estruturam SIG em cinco elementos básicos: dados, hardware, 
software, pessoas e métodos/técnicas. 
Na bibliografia clássica, sua estrutura teórica se baseia na interação entre interface, 
em que o operador insere e manipula dados, pelos mecanismos de entrada e integração dos 
dados, conceber a geração de produtos finais se dão pela visualização e plotagem. Operações 
de análise ocorrem por meio da consulta e análise espacial dos dados, e por fim, gerência dos 
dados espaciais se dá no banco de dados geográfico (Figura 4). 
 
37 
 
 
Figura 4 - Estrutural geral do Sistema de Informações Geográfica. 
 
Fonte: CÂMARA (2001). 
 
Câmara (2001) explica que a estrutura geral de banco de dados geográfico se dá 
pela inter-relação entre interface (usuário e programa), entrada e integração de dados (input), 
consulta e análise espacial (operações), visualização e plotagem (output) e gerência de dados 
espaciais (organização). 
Rosa (2009), considera o SIG como: 
 
Conjunto de ferramentas computacionaiscomposto por equipamentos e programas 
que, por meio de técnicas, integra dados, pessoas e instituições de forma a tornar 
possível a coleta, o armazenamento, o processamento, a análise e a disponibilização 
de informações georreferenciadas, que possibilitam maior facilidade, segurança e 
agilidade nas atividades humanas, referentes ao monitoramento, planejamento e 
tomada de decisão, relativas ao espaço geográfico. (ROSA, 2009, p. 27) 
 
É importante destacar que comumente SIG, são considerados apenas um programa, 
contudo este é apenas parte do conceito, pela sigla de programas conhecidos: ArcGIS, QGIS, 
gvSIG, etc. 
As ferramentas computacionais, como Sistemas de Informações Geográficas (SIG), 
é de preciosa ajuda para estudo do espaço físico. A aplicação, no planejamento ambiental, é 
recurso de apoio importante, pois, possibilita correlacionar aspectos físicos, bióticos e 
antrópicos da paisagem, propiciando análise integrada de componentes, gestão com a 
espacialização dos fenômenos, simulações futuras, por meio da combinação de eventos de 
ocorrência provável, entre outras aplicabilidades (SILVEIRA, 2005). 
38 
 
 
Na relação entre aplicação de geotecnologias, para mapeamento, montagem do 
banco de dados e análise da paisagem, com base na geoecologia, é importante destacar que os 
sistemas formadores da paisagem são complexos e exigem multiplicidade de classificações, e 
podem se enquadrar perfeitamente em três princípios básicos de análise: genético, estrutural 
sistêmico e histórico, que se fundem em uma classificação complexa (RODRIGUEZ, 1994). 
A aplicabilidade da escala em trabalho de Geoecologia é assim exemplificada por 
Rodriguez (1994): 
 
Quadro 2 - Tipos de mapas, escala e tipologia. 
Mapas Escala Tipologia 
Muito detalhados 1:2.000 a 1:10.000 Fácies 
Detalhados 1:10.000 a 1:100.000 Comarcas e Localidades 
Gerais 1:100.000 a 1:250.000 Localidades e Regiões 
Muito gerais 1:250.000 a mais Tipos de Paisagem 
Fonte: Rodriguez (1994) 
 
Lima e Martinelli (2008) indicam que Sotchava (1978) orientou-se pelo 
parcelamento da natureza em unidades elementares de análise para resolução de problemas. Em 
seguida, pormenorizando e delimitando agrupamentos das unidades, caracterizadas pelos 
agregados de atributos, se elaborariam “cartas de paisagem”. Nessa perspectiva, Tricart (1965) 
pondera a classificação taxonômica como melhor noção geográfica de escala. A complexidade 
da taxonomia destaca os problemas da classificação global das paisagens (BERTRAND, 1971). 
No caso da compartimentação do relevo, a taxonomia da paisagem proporciona sua 
classificação e análise. Em todas as paisagens, a dualidade suporte-cobertura, se manifesta e a 
percepção global imediata corresponde à intercalação dos elementos fundamentais 
(DELPOUX, 1974). 
O Quadro 3, indica os estágios e escalas de representações cartográficas que devem 
ser referenciais na elaboração de mapeamentos da paisagem através da metodologia 
geoecológica. 
 
39 
 
 
Quadro 3 - Estágios de projeção e escalas utilizadas conforme sistema administrativo. 
SISTEMA 
TERRITORIAL 
ADMINISTRATIVO 
ESTÁGIO DE 
PROJEÇÃO 
ESCALA NÍVEL DE INFORMAÇÃO 
MATERIAIS FÍSICO 
GEOGRÁFICOS 
País Esquema geral 1:5.000.000 
1:1.000.000 
Regionalização físico-geográfica 
(países, zonas e subzonas) 
Estado, região Econômica Esquema regional 1:1.000.000 
1:500.000 
Regionalização físico-geográfica 
Mapa paisagístico tipológico em 
pequena escala 
Grupos de Distritos Esquema de 
planejamento regional 
1:300.000 Mapa de paisagem em escala 
média 
Regiões físico-geográficas, mapa 
de processos físico-geográficos 
atuais (difusão) 
Distritos, Grupos de 
Regiões 
Projeto de planejamento 
regional 
1:100.000 
1:50.000 
Mapa de paisagem em escala 
média (localidades) 
Mapas de intensidade dos 
processos 
Mapas avaliativos 
Região Administrativa Fundamentação técnico-
econômica do plano geral 
1:50.000 
1:25.000 
Mapas de paisagens (localidades, 
comarcas) 
Mapas de prognóstico 
Povoados, Cidades Plano Geral 1:25.000 
1:5.000 
Mapas de paisagens (comarcas 
fácies) 
Localidade Projeto de planejamento 
regional 
1:2.000 e maior Mapas de paisagens (estados 
fácies) 
Caracterização de seus regimes 
naturais-estabilidade 
Fonte: Shishenko (1988) apud Rodriguez, Silva e Cavalcanti (2016). 
 
2.1.5 Adaptação da Ecodinâmica em Vulnerabilidade Natural 
 
Tricart (1977) propôs uma metodologia para classificação do ambiente com base 
no estudo da dinâmica dos ecótopos, a qual denominou de ecodinâmica. Consiste na 
classificação do ambiente em meios estáveis, intergrades e instáveis, baseada em uma 
abordagem sistêmica. A este respeito autor indica: 
O conceito de unidade ecodinâmicas é integrado no conceito de ecossistema. Baseia-
se no instrumento lógico de sistema, e enfoca as relações mutuas entre os diversos 
componentes da dinâmica e os fluxos de energia/ matéria no meio ambiente. (Tricart, 
1977, pag. 31) 
 
Tamanini (2008) define vulnerabilidade do ambiente como suscetibilidade para 
qualquer tipo de dano, relacionada com fatores de desequilíbrio de ordem natural, expresso pela 
própria dinâmica do ambiente, e antropogênica, a exemplo do mau uso do solo e de intervenções 
em regimes fluviais. 
Para a análise da vulnerabilidade ambiental, é necessário ter, como partida, o 
conhecimento e ponderação de atributos de geologia, geomorfologia, solo, vegetação e clima 
(CREPANI et al., 2001). Cada grupo de sistemas e unidades pode ser mapeado e relacionado 
com o quadro de vulnerabilidade natural. 
 
40 
 
 
Quadro 4 - Classificação ecodinâmica do ambiente. 
Meios estáveis Meios intergrades Meios fortemente instáveis 
 
 
cobertura vegetal densa 
 
 
 
 
balanço entre 
interferências 
morfogenéticas e 
pedogenéticas 
condições bioclimáticas 
agressivas, com ocorrências 
de variações fortes e 
irregulares de ventos e 
chuvas; 
 
dissecação moderada 
relevo com vigorosa 
dissecação; 
 
 
ausência de 
manifestações vulcânicas 
presença de solos rasos; 
inexistência de cobertura 
vegetal densa; 
planícies e fundos de vales 
sujeitos a inundações; 
geodinâmica interna intensa. 
Fonte: Adaptado de Tricart (1977). 
 
Para Crepani et al. (2001), a escala de vulnerabilidade de unidades territoriais 
básicas (Quadro 03), partindo da caracterização morfodinâmica, definida segundo critérios 
desenvolvidos pelos pressupostos da Ecodinâmica de Tricart (1977) que definem as seguintes 
categorias hierárquicas por parâmetro morfodinâmico: 
 
Quadro 5 - Avaliação da Estabilidade das Categorias morfodinâmicas e o peso. 
Categoria Morfodinâmica Relação Pedogênese/Morfogênese Valor 
Estável Prevalece a Pedogênese 1,0 
Intermediária Equilíbrio Pedogênese/Morfogênese 2,0 
Instável Prevalece a Morfogênese 3,0 
Fonte: Crepani et al. (2001). 
 
Desse modo, o conhecimento das vulnerabilidades ambientais serve como 
instrumento de suporte ao planejamento e ocupação do território, levando-se em conta a relação 
entre a dinâmica natural do meio ambiente e pressões de atividades antrópicas. 
41 
 
 
No desenvolvimento do trabalho, foram necessárias adaptações a proposta de 
Crepani et al. (2001), por se tratar de município litorâneo, com dinâmica acentuada, alterou-se 
ponderação da variável geomorfológica na equação. 
 
2.2 Procedimentos Técnico-Metodológicos 
 
Síntese das Etapas Metodológicas 
 
I. Reconhecimento preliminar da área e obtenção de informações de 
cartografia básica e temática; 
II. Revisão bibliográfica e definição da fundamentação teórica; 
III. Análise Geoecológica por meio de levantamento de campo; 
IV. Diagnóstico Integrado; 
V. Proposições para Planejamento e Gestão Ambiental. 
VI. Na sequência dessa dissertação serão detalhadas as etapas efetivas no 
desenvolvimento e conclusão da pesquisa em questão. 
 
Na sequência, detalharam-se etapas efetivas do desenvolvimento e conclusão dapesquisa. Os procedimentos técnicos aplicados no desenvolvimento da pesquisa consistiram 
nas seguintes fases (Figura 4): 
 
i. revisão bibliográfica e cartográfica, inventário e coleta de dados secundários; 
ii. atualização e elaboração de mapa básico do município, interpretação de imagens de 
satélite, análise/inventário, identificação e delimitação de unidades geoecológicas da 
paisagem; 
iii. reconhecimento da verdade terrestre, levantamento de dados primários e construção de 
diagnóstico da unidade geoecológica com inter-relações; 
iv. organização dos dados, elaboração do mapa de unidades de paisagem/formas de uso e 
ocupação, com texto descritivo; 
v. efetivação do diagnóstico ambiental, elaboração de mapa temático com síntese do 
diagnóstico e seu texto descritivo; 
vi. definição da vulnerabilidade ambiental do município; 
vii. estabelecimento de um zoneamento funcional de base técnico-científica como aporte a 
plano de gestão participativa; 
42 
 
 
viii. confecção do mapa de zoneamento funcional, redação final da dissertação e 
apresentação de resultados; 
ix. elaboração de estratégias de planejamento e gestão do município. 
 
A revisão bibliográfica e cartográfica, inventário e coleta de dados secundários, 
incluem leitura da bibliografia relacionada à pesquisa, bem como a obtenção de bases 
cartográficas e mapas temáticos de diferentes conteúdos e escalas, além da obtenção de dados 
de censo e fontes de abrangência regional (IBGE, CPRM, ICMbio), estadual (IPECE, 
COGERH, IDACE) e municipal (secretarias). As informações, além de subsidiarem o 
cumprimento do primeiro objetivo específico da pesquisa, ajudaram na construção de dados 
geográficos da área de estudo. 
A aquisição de material cartográfico é extremamente importante para 
caracterização e mapeamento da área de estudo. Desta forma, listam-se materiais utilizados na 
pesquisa: 
• Cartas topográficas da SUDENE adquiridas digitalmente, em formato .dgn, 
no site do Exército Brasileiro (DSG) na escala de 1:100.000 (Figura 5 e 6); 
• Mapa Geológico e Geomorfológico do projeto Radam Brasil e da CPRM 
(2004); 
• Mapa de solos elaborados pela EMBRAPA (2003); 
• Imagens SRTM disponibilizada pelo USGS (2002); 
• Imagens do Quickbird com resolução espacial de 60cm, do ano de 2004, da 
SEMACE; 
• Fotografias aéreas de 1968 cobrindo o litoral de Barroquinha adquirida na 
CPRM; 
• Imagens do satélite Landsat (2017/2018) adquiridas no site da NASA. 
 
Recorre-se à leitura e interpretação visual e gráfica da paisagem, pela de 
interpretação de imagem de satélite e devido reconhecimento de campo. Bases cartográficas 
utilizadas: cartas da DSG-SUDENE, na escala de 1:100.000 e IPECE, na escala de 1:20.000. 
Escala na análise geoecológica é extremamente importante, pois permite a 
elaboração de mapeamento da paisagem pela metodologia integrada, entre condições naturais 
e aspectos culturais/socioeconômicos. Para a efetivação da pesquisa, utilizou-se escala de 
1:100.000. 
43 
 
 
Na escala para planejamento e mapa de unidades de paisagem, utiliza-se como base 
critério geológico-geomorfológico, como unidades elementares, para delimitação das unidades 
geoecológicas, identificando-se o predomínio de sistemas genético-processuais e 
correspondentes subunidades, representadas em mapas, por fim vulnerabilidade ambiental 
aplicada. 
 
Figura 5 - SCN - Carta Topográfica Matricial (BITUPITÁ-SA-24-Y-A-V). 
 
Fonte: BDGex (2018). 
 
Figura 6 - SCN - Carta Topográfica Matricial (CHAVAL-SA-24-Y-C-II-100.000). 
 
Fonte: BDGex (2018). 
Banco de dados georreferenciados forma-se com informações coletadas e geradas, 
para futuras consultas, sobre projeto de planejamento, integralizando informações de diferentes 
44 
 
 
modelos de dados espaciais (matricial e vetorial), em ambiente SIG, com diferentes escalas 
cartográficas e temporalidades, permitindo compreensão de estruturas e fenômenos ocorridos 
no município de Barroquinha. 
Foram adquiridos dados de 1 arco segundo (1") da Shuttle Radar Topography 
Mission (SRTM), disponibilizados na plataforma EarthExplorer, do United States Geological 
Survey1 (USGS), atualmente com resolução de 30 metros. Os dados altimétricos foram geradas 
pela conjugação do sistema interferométrico com radar de abertura sintética (SAR), acoplado 
em um ônibus espacial. 
A Missão do ônibus espacial de topografia por radar (Shuttle Radar Topography 
Mission - SRTM) é um projeto internacional liderado pela Agência Nacional de 
Inteligência Geoespacial e pela NASA, dos Estados Unidos. Executada pelo ônibus 
espacial Endeavour durante 11 dias em fevereiro de 2000, seu objetivo foi obter a 
mais completa base de dados topográfica digital de alta resolução da Terra. (WEBER 
et al., 2004, p.09). 
 
Com base nos dados do SRTM e interpretação das imagens de satélite foi possível 
gerar a representação hipsométrica do município e delimitar as unidades tipológicas da 
paisagem e seus respectivos sistemas. 
Os dados socioeconômicos consideram-se pela análise quantitativa e densidade 
populacional, formas de uso e ocupação e agrupamentos comunitários da área. 
Com a atualização e elaboração de mapa básico do município de Barroquinha, 
escala de 1:100.000 e interpretação de imagem de satélite da série Land Remote Sensing Satelite 
(Landsat), lançado pela National Aeronautics and Space Administration (NASA), das 
operações 1, 5, 7 e 8, nos respectivos sensores Multispectral Scanner System (MSS), Tematic 
Mapper (TM), Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+) e Operational Land Imager (OLI), 
são imagens disponibilizadas pelo USGS. 
Bandas do Landsat possibilitam trabalho com média resolução espacial (15 e 30 
metros) compreendendo escala de trabalho. Em seguida, pela delimitação de unidades 
geoecológicas da paisagem e formas de uso e ocupação, foi possível complementar a análise de 
gabinete e leitura de informações de sensores remotos, com técnicas cartográficas e de 
geoprocessamento. 
A interpretação das imagens realizou-se com auxílio de Sistema de Informação 
Geográfica (SIG), observando-se os parâmetros básicos para interpretação e análise de imagem 
(raster) utilizando elementos primários (localização, tonalidade/cor) e secundários (tamanho, 
forma e textura), conforme Jensen (2009). Após a compilação interpretação, as imagens foram 
 
1 Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) 
45 
 
 
vetorizadas no software ArcGIS 10.4, tendo como referência relação aspecto, formato vetorial 
e formato de varredura (quadro 4). 
 
Quadro 6 - Aspecto e representação vetorial e matricial. 
Aspecto Formato Vetorial Formato Varredura 
Relações espaciais 
entre objetos 
Relacionamentos topológicos 
entre objetos disponíveis 
Relacionamentos espaciais devem 
ser inferidos 
Ligação com banco de 
dados 
Facilita associar atributos a 
elementos gráficos 
Associa atributos apenas a classes 
do mapa 
Análise, Simulação e 
Modelagem 
Representação indireta de 
fenômenos contínuos. 
Álgebra de mapas é limitada 
Representa melhor fenômenos 
com variação contínua no espaço. 
Simulação e modelagem mais 
fáceis 
Escalas de trabalho Adequado a grandes e a 
pequenas escalas 
Mais adequado para pequenas 
escalas (1:25.000 e menores) 
Algoritmos Problemas com erros 
geométricos 
Processamento mais rápido e 
eficiente 
Armazenamento Por coordenadas (mais 
eficiente) 
Por matrizes 
Fonte: INPE (2001). 
Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) possibilitam trabalho com 
diferentes modelos espaciais de dados, utilizados para representação de informações que, 
basicamente se classificam em dados vetoriais e matriciais. Os vetoriais foram caracterizados 
pelo modo de implantação, pelas entidades gráficas representadas por: 
• Pontos: utilizado para representar entidades pontuais, pluviosidade, ou alguma 
coleta de dados; 
• Linhas: ligando pontos, modelo topológico,

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