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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE MOLÉCULAS, CÉLULAS, GÊNESE E NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DISCIPLINA: FARMACOLOGIA MARCOS EDUARDO FERREIRA DOS SANTOS RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: Anestesia Intravenosa com Propofol. BELÉM-PA 2022 MARCOS EDUARDO FERREIRA DOS SANTOS MATRÍCULA: 202209740051 TURMA: D22 RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: Anestesia Intravenosa com Propofol. Relatório apresentado à Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará – Campus Belém, sob orientação do Prof. Dr. Moisés Hamoy, como requisito de obtenção de conceito parcial no módulo de Moléculas, Células, Gênese e Níveis de Organização, o qual integra a disciplina de Farmacologia. BELÉM-PA 2022 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 3 2. OBJETIVOS 5 3. METODOLOGIA 6 3.1 Materiais Utilizados 6 3.2 Cobaia Animal Não-Humano 6 3.3 Drogas Administradas 7 3.4 Dose Administrada 7 3.5 Via de Administração 7 4. RESULTADOS 8 5. DISCUSSÃO 9 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12 1. INTRODUÇÃO A atuação dos anestésicos ocorre no potencial de ação de canais específicos, principalmente os de sódio, causando uma hiperpolarização, sem o retorno ao potencial normal de ação, conhecido como potencial de repouso. Sua atuação, além de química, possui consequências físicas, o que causa um fechamento no poro transmembrana (RANG & DALE, 2016). Os fármacos mais utilizados para a indução anestésica são intitulados anestésicos parenterais. A ação rápida desses tipos de anestésicos advém de sua lipofuicidade, aliada à perfusão relativamente alta do encéfalo e da medula espinal, após uma dose única em bolus e, por fim, acumulam-se no tecido adiposo. As tipificações desses anestésicos possuem mecanismos particulares, além de efeitos colaterais próprios (GOODMAN & GILMAN, 2018). Os anestésicos parenterais são moléculas de pequenas dimensões, lipofílicas, aromáticas ou heterocíclicas substituídas, conforme mostrado na Figura 1. A lipofilia é crucial para determinar sua farmacocinética. Após administradas, essas drogas distribuem-se preferencialmente nos tecidos altamente perfundidos e lipofílicos do encéfalo e da medula espinal, onde atuam anestesiando após uma única circulação. Posteriormente, os níveis sanguíneos diminuem, resultando na redistribuição da droga, com sua saída do Sistema Nervoso Central (SNC) de volta para a circulação sanguínea. O anestésico difunde-se, então, para os tecidos menos perfundidos, como os músculos e as vísceras e, mais lentamente, para o tecido adiposo, muito lipofílico, mas menos perfundido ainda. Após doses únicas de anestésicos parenterais administradas em bolus, o término da anestesia retrata essa redistribuição e saída do SNC, não o metabolismo (GOODMAN & GILMAN, 2018). Figura 1 - Estrutura de alguns anestésicos parenterais. Fonte: GOODMAN & GILMAN, 2018. Após a redistribuição, os níveis sanguíneos do anestésico caem conforme uma interação complexa entre a taxa metabólica e a quantidade e lipofilicidade da droga armazenada nos compartimentos periféricos. Assim, pode-se considerar as meias-vidas dos anestésicos parenterais como "sensíveis ao contexto", e o grau dessa contextualidade difere grandemente de uma droga para outra, como pode ser observado com base nos seus diferentes graus de hidrofobicidade e de depuração metabólica (GOODMAN & GILMAN, 2018). Dentre estes medicamentos, destaca-se o propofol, cujo qual possui efeitos que, no homem, indicaram dois possíveis usos clínicos: primeiro, uma alternativa para os barbitúricos como agente de indução e, segundo, como agente de manutenção da anestesia através da infusão contínua (MAGELLA et al., 1990). A farmacocinética do propofol tem sido descrita utilizando-se modelos bi ou tricompartimentais. Após administração venosa em dose única, as concentrações sanguíneas do propofol declinam rapidamente, devido à sua rápida distribuição (PRYS-ROBERTS et al., 1984; GEPTS et al., 1987; LANDAIS et al., 1987; WHITE; 1988). 2. OBJETIVOS O objetivo inicial da utilização da aula prática gira em torno da necessidade de melhoria do processo de aprendizagem de um conteúdo naturalmente denso, que exige grande dedicação. Perante isso, a aula prática objetiva a fixação dos conteúdos ministrados em aula teórica e, serve, ademais, para aumentar a visão acerca do que é ministrado, de modo a ampliar o senso de conexão do discente com o conteúdo da unidade curricular. Além do mais, a interpretação prática dos conceitos ministrados em aula costuma aguçar a curiosidade dos estudantes, levando-nos a tomar iniciativa em estudar e compreender as inúmeras vertentes da farmacologia médica. Em se tratando da aplicação dos anestésicos parenterais, especialmente o propofol, o objetivo da aula prática é realizar conexões entre o conhecimento farmacológico e a aplicabilidade deste no campo de atuação da medicina. E, por meio da interligação do conhecimento teórico obtido em sala de aula com a ação prática, foi possível entender o conteúdo, por diferentes óticas, e aplicar conhecimentos de farmacocinética relacionados aos anestésicos administrados por via intravenosa, para observação da ação no organismo vivo em questão, de forma aproximada ao que ocorre no ser humano. O objetivo específico da administração dos fármacos estudados é a observação da resposta imediata do medicamento após administração intravenosa nos ratos, a qual deve promover perda de consciência, o que sinaliza a atuação da droga no Sistema Nervoso, atuando como anestésico geral. Por meio desses experimentos aplicados em aula prática, os discentes entram em contato cada vez mais cedo com a aplicação da farmacologia médica, essencial para o entendimento do processo de aplicação de anestésicos por diferentes vias, comum no cotidiano dos profissionais da medicina. 2 É imprescindível, por fim, que o estudante obtenha conhecimento e domínio em relação às reações advindas da aplicação destes anestésicos, seja do mecanismo de atuação, efeitos requeridos ou efeitos colaterais – como observa-se nos animais que são selecionados para estudo –, e, dessa forma, desenvolva expertise, enquanto futuro médico, para a aplicabilidade em pacientes. 3. METODOLOGIA Após a abordagem teórica, fomos encaminhados para o Laboratório de Neurofarmacologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), onde ocorreu o experimento utilizando animal não-humano, orientado pelo professor Dr. Moisés Hamoy. No início da aula prática, o docente informou à turma que iríamos visualizar a atuação do anestésico propofol no organismo dos ratos, e que a administração iria ocorrer através da via intravenosa. 3.1 Materiais Utilizados QUANT. MATERIAIS 1 Scalp para aplicação da droga. 1 Jaleco para proteção individual. 1 Pincel e quadro branco, no qual foram feitos esquemas para a explicação sobre os mecanismos de atuação da droga. 3 Ratos brancos/albinos Wistar, em gaiola, da espécie Rattus norvegicus, com massas aproximadas de 300g, criados na UFPA de Belém. 1 Droga: propofol em concentração 10mg/ml. 1 Celular para pesquisas complementares. Tabela 1 - Materiais utilizados durante o experimento. 3.2 Cobaia Animal Não-Humano Os animais utilizados como cobaias não humanos foram três ratos albinos Wistar, da espécie Rattus norvegicus. 3.3 Drogas Administradas Foi utilizado durante o experimento a droga propofol. 3.4 Dose Administrada Dose de 5mg/kg. 3.5 Via de Administração A via de administração é a intravenosa. 4. RESULTADOS O professor Moisés Hamoy, em conjunto com a discente Lourena, fizeram diversas tentativas para administrar o medicamento na veia dos três animais, na veia caudal e coxa, no entanto, não houve sucesso, em virtude de o tamanho do calibre da veia possuir dimensões muito próximas ao da agulha do scalp disponível. 5. DISCUSSÃO Durante a aula, foi discutido a respeito da administração do propafol como anestésico venoso. A longa meia-vida de eliminação do propofol indica que ele pode se acumular no organismo quandoadministrado em doses intermitentes ou em infusão contínua para manutenção da anestesia, assim como no caso de prolongada sedação em unidade de tratamento intensivo (GEPTS et al., 1987). O propofol produz depressão do SNC dose-dependente, desde a sedação à hipnose. O efeito requerido no rato seria a perda da consciência, que, conforme dito pelo professor, ocorre quase instantaneamente na concentração aplicada de 10mg/ml. Na dose de 2 a 2,5 mg.kg-1, em humanos adultos, a perda da consciência ocorre em menos de 60s (tempo de circulação braço-cérebro). Esta dose deve diminuir para 1 a 1,5 mg.kg-1 em pacientes idosos e em pacientes pré-medicados com drogas depressoras do SNC. A duração da ação é de 5-10min (GEPTS et al., 1987; 1987; WHITE; 1988). O uso clínico corrente do propofol inclui indução e manutenção da anestesia geral, assim como sedação durante anestesia Iocorregional. Sua metabolização ocorre fundamentalmente no fígado, produzindo glicuronídeo solúvel em água e sulfatos conjugados que são excretados primariamente na urina (GEPTS et al., 1987; 1987; WHITE; 1988). O propofol é um novo anestésico venoso de início rápido de ação e de curta duração, utilizado para indução e/ou manutenção da anestesia geral. A baixa incidência de efeitos colaterais, assim como a rápida eliminação, faz com que a droga seja especialmente útil em procedimentos cirúrgicos de curta duração (MAGELLA et al., 1990). O propofol é uma droga eficaz para a indução da anestesia geral, sendo especialmente útil em procedimentos cirúrgicos de curta duração, uma vez que prova recuperação rápida e de boa qualidade. As consequências hemodinâmicas na indução com o propofol dependem não só da medicação pré-anestésica utilizada, como também do estado fisiológico prévio do paciente. É importante esclarecer que o estudo da recuperação é muitas vezes difícil, principalmente no que se refere à recuperação tardia quanto ao retorno do indivíduo ás atividades normais. Na infusão contínua de propofol, para a manutenção da anestesia, a velocidade de recuperação é dose-dependente. A maioria dos pacientes está acordada quando a concentração da droga no sangue atinge 1 µg.ml, orientada com 0,6 µg.ml e com função psicomotora normal com cerca de 0,2 µg.ml (FRAGEN, 1986). Portanto, o propofol é uma boa alternativa como agente de indução na anestesia. Como no caso dos outros anestésicos que o precederam, é importante o conhecimento da droga por parte do anestesiologista que a administra. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A união teórico-prática do estilo de ensino é capaz de potencializar a absorção de conhecimento, por meio de uma melhor adequação do processo de ensino-aprendizagem. Da mesma forma, a aula prática de farmacologia cumpriu com o seu papel ao unir estes tipos de ensino, a julgar a dinâmica desse processo que claramente instiga os estudantes a procurarem conhecer e entender mais sobre a atuação dos medicamentos anestésicos no organismo (que nesta segunda aula prática ocorreu por meio do propofol) e compreender o tempo de resposta da droga e sinais clínicos que indicam que está ocorrendo a sedação. A aula prática ocorreu com o fito de observarmos os efeitos da droga no sistema nervoso das cobaias, conforme foi estudado. No entanto, não se pode analisar a atuação do efeito farmacodinâmico estipulado (perda da consciência), em decorrência do contratempo mencionado nos resultados deste trabalho. Mesmo assim, é certo que o anestésico estudado apresenta características pré/pós-anestésicas distintas. É uma droga eficaz para a indução da anestesia geral, sendo especialmente útil em procedimentos cirúrgicos de curta duração, uma vez que prova recuperação rápida e de boa qualidade. Tal conhecimento proporciona aos alunos o entendimento no que tange as inserções clínicas, referente aos casos específicos onde se pode ou não administrar aquele anestésico, ou mesmo se está indicado para aplicação em uma certa faixa etária ou não. Por fim, a transcrição da aula prática e conhecimentos teóricos, por meio deste relatório, é de fundamental importância no enriquecimento do aprendizado, principalmente através das literaturas diversas que agregam mais conhecimento sobre o assunto teórico-prático aqui relatado. E, por se tratarem de conhecimentos científicos, estão o tempo todo sendo aprimorados, o que torna a pesquisa uma forma de atualização sobre o que está sendo discutido no ambiente acadêmico e no âmbito prático, proporcionando ao estudante de medicina aprimoramento contínuo das técnicas farmacológicas e médicas em geral. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FRAGEN, R.J. Recovery from Diprivan (propofol) based on clinical experience in North America. Seminars in Anesthesia, 1986; VII(1): 131-132. GEPTS, E.; CAMU, F.; COCKSHOTT, L. D. et al. Disposition of propofol administered as constant rate intravenous infusions in humans, Anesth Analg 1987;66:1256-63. GOODMAN & GILMAN. As bases farmacológicas da terapêutica. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2019. LANDAIS, A.; COCKSHOTT, L. D.; COPPENS, M.C. et al. Pharmacocinetique du propofol comme agent d1 induction chez I’adulte. Cahiers d'anesthesiologie, 1987; 35(6): 427-428. MAGELLA, Helena Albuquerque de; CHEIBUB, Zacharias Borges. Propofol: Revisão Bibliográfica. Revista Brasileira de Anestesiologia, v.40, n.4, pp.289-294, 1990. PRYS-ROBERTS, C.; JR HUG, C.C. Pharmacokinetics of Anaesthesia. Blackwell Socientific Publications, Oxford, London, Edinburgh, Boston, Melbourne, 1984: 128-156. WHITE, F.P. Propofol: pharmacokinetics and pharmacodynamics. Seminars in Anesthesia, 1988; Vll(1) (suppl.1): 4-20.