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80
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.4, p.80-85, 2007.
Recebido para publicação em 10/11/2006
Aceito para publicação em 06/04/2007
Níveis de saturação por bases para a produção de mudas de nim indiano
(Azadirachta indica A. Juss)
CALDEIRA JÚNIOR, C.F.*; FERNANDES, L.A.; MARTINS, E.R.; SANTOS, A.M.; DE PAULA, T.O.M.;
ALVARENGA, I.C.A.
Instituto de Ciências Agrárias – Universidade Federal de Minas Gerais – Av. Osmane Barbosa, s/n -
 
Caixa
Postal 135 – Montes Claros-MG – CEP: 39.404-006. * e-mail: agrosuacui@yahoo.com.br
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da saturação por bases do substrato sobre
a produção de mudas de nim indiano. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente
casualizado com cinco tratamentos (níveis de saturação por bases: 6 (natural), 15, 30, 45 e 60%)
e seis repetições. As melhores mudas foram produzidas quando a saturação por bases do substrato
estava entre 30 e 40%.
Palavras-chave: Azadirachta indica, calagem, plantas medicinais
ABSTRACT: Levels of saturation through bases for seedling production of Azadirachta
indica A. Juss. The objective of this work was to evaluate the bases saturation levels of substrate
for seedlings production of Azadirachta indica A. Juss. The experimental design utilized was
completely randomized with five treatments [levels of saturation through bases: 6 (natural), 15,
30, 45 and 60%] with six replications. The best seedlings were production when the base saturation
of substrate was between 30 and 40%.
Key words: Azadirachta indica, liming, medicinal plants
INTRODUÇÃO
A espécie da Família Meliaceae, Azadirachta
indica ou “neem tree”, popularmente denominada nim
no Brasil, tem sido muito estudada quanto às suas
propriedades e quanto ao seu potencial como
inseticida natural, e seus extratos têm se revelado
tão potentes quanto os inseticidas comerciais (Roel
et al., 2000). Esta planta é utilizada há séculos na
Índia, porém sendo pouco conhecida no Brasil. Sabe-
se que além de controlar pragas e doenças de plantas,
é também usada na medicina para o tratamento de
várias doenças tais como malária e Chagas, e na
indústria de cosméticos.
Estudando o óleo da semente de nim,
Mordue & Nisbet (2000) concluíram que este contém
azadirachtina e outros compostos potencialmente
bioativos, sendo eficiente no controle de pragas de
grãos armazenados. Barbosa et al. (2002) afirma que
o tratamento do feijão (Phaseolus vulgaris L.) com
óleo de nim proporcionou igual proteção contra os
danos causados por Zabrotes subfasciatus (Boh.)
tal qual o inseticida malathion. Souza & Vendramim
(2005) evidenciaram efeito inseticida do extrato
aquoso das folhas do nim indiano sobre mosca-branca
(Bemisia tabaci (Genn.)) biótipo B, alcançando
controle de até 99,6 % deste inseto.
Para a produção de mudas de nim têm sido
usadas adubações provenientes de recomendações
a partir do conhecimento obtido de outras espécies,
especialmente de essências florestais, isso pode levar
a produção de mudas de baixa qualidade, devido ao
desconhecimento de suas necessidades nutricionais.
Para que um programa de reflorestamento tenha
sucesso é notória a necessidade de produzirem
mudas de boa qualidade, uma vez que a maior
resistência às condições adversas do meio ambiente
e o menor tempo necessário para a sua completa
formação são fatores decisivos no seu sucesso (Cruz
et al., 2004), além da necessidade de conhecimento
dos sintomas visuais de deficiência nutricional
manifestado pela espécie.
Taylor & Arkin (1981) afirmam que embora o
enraizamento esteja sob controle genético, o
crescimento das raízes é modificado por fatores
químicos e físicos do solo, sendo que a presença de
Al tóxico prejudica muito o desenvolvimento radicular.
Em condições de toxidez elevada por Al, as funções
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Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.4, p.80-85, 2007.
bioquímicas das raízes são afetadas e o seu
desenvolvimento é prejudicado diminuindo a taxa de
respiração, interferindo em reações enzimáticas
responsáveis pela deposição de polissacarídeos nas
paredes celulares e alterando a absorção e transporte
de vários nutrientes, principalmente Ca, Mg e P
(Furlani, 1983). Ainda segundo Furlani (1983), os
sintomas foliares da fitotoxidez por Al são geralmente
confundidos com os de deficiência de P e Ca. As áreas
mais afetadas são as extremidades das raízes, e, de
um modo geral, ocorre uma ausência de ramificações
superficiais do sistema radicular; desfavorecendo um
maior aproveitamento de água e de nutrientes.
Em solos ácidos com elevada saturação por
alumínio, a calagem promove a precipitação do Al
tóxico do solo, possibilitando a proliferação intensa
das raízes. A importância do sistema radicular das
plantas é óbvia, visto existir uma estreita dependência
entre o desenvolvimento das raízes e a formação da
parte aérea. Este fato é muito importante em mudas,
na fase de pós-plantio no campo, podendo aumentar
a taxa de pegamento e estabelecimento mais rápido,
com reflexos na precocidade de produção dos
pomares. Assim, para a produção de mudas de forma
eficiente, o uso de corretivos da acidez do solo pode
favorecer a obtenção de plantas com qualidade e
estado nutricional adequado (Prado, 2004). O calcário
tem sido usado como corretivo de acidez do solo,
fornecendo ao mesmo tempo cálcio e magnésio à
cultura, proporcionando um aproveitamento mais
eficiente de adubos fosfatados (Mascarenhas et al.,
1967). A mineralização da matéria orgânica é
favorecida, promovendo um aumento da CTC efetiva
do solo e criando condições que permitem o
melhoramento das propriedades físicas do solo, no
que tange a sua permeabilidade (Souza et al., 1980).
Andrade (1997) observou que a calagem
fornecendo Ca e Mg e em conseqüência, aumentando
a soma (S) e a saturação por bases (V); elevando o
pH e consequentemente reduzindo os teores e a
saturação por Al (m), promoveram alterações químicas
bastante favoráveis e essenciais ao crescimento e
produção do feijoeiro. No entanto, Vale et al. (1996)
ressaltam que a resposta à prática de calagem pode
ou não ocorrer, dependendo das características de
cada uma das espécies que se pretenda produzir,
principalmente no que se refere à tolerância a acidez.
O objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes
níveis de saturação por bases do substrato na
produção de mudas de nim indiano (Azadirachta
indica A. Juss).
MATERIAL E MÉTODO
O experimento foi conduzido em casa de
vegetação no Campus Regional de Montes Claros da
Universidade Federal de Minas Gerais, no período de
agosto de 2005 a fevereiro de 2006. Utilizaram-se
amostras de solo coletadas na camada de 0 a 20 cm
de profundidade de um latossolo vermelho - amarelo,
sendo este seco ao ar, peneirado (malha de 4 mm de
diâmetro) e destinado ao enchimento dos vasos.
Deste solo retirou-se uma amostra que foi
caracterizada física e quimicamente conforme
Embrapa (1997) (Tabela 1).
As sementes de nim indiano foram obtidas
do Horto de Plantas Medicinais do Núcleo de Ciências
Agrárias da UFMG, sendo postas a germinar em leito
de areia. Quando as mudas atingiram uma altura
média de 5 cm, foram repicadas para vasos de plástico
rígido preenchidos com 3 dm3 de solo.
Foi utilizado o delineamento estatístico
inteiramente casualizado, constituído por cinco níveis
de saturação por bases (V%), 6 (saturação natural),
15, 30, 45 e 60% e seis repetições, sendo cada
parcela formada por um vaso com duas plantas. Para
o cálculo das doses de corretivos a serem aplicados em
cada tratamento utilizou-se a fórmula (Van Raij, 1991).
NC (t/ha) = (V2 – V1).T/100
onde:
NC = necessidade de calagem (toneladas/
hectare);
V2 = percentagem da saturação por bases
desejada;
V1 = percentagem da saturação por bases
do solo (obtido na análise);
T = CTC a pH 7,0.
O corretivo utilizado consistiu numa mistura
de CaCO3 e MgCO3, produtos p.a., na relação
estequiométrica de 4:1, sendo que após a sua
aplicação seguiu-se um periodo de incubação de 30
dias, quando o teor de umidade do solo foi mantido
próximo a capacidade de campo, inclusive para a
testemunha,que não recebeu correção.
TABELA 1. Características químicas de uma amostra de latossolo vermelho – amarelo textura média, da Região
de Montes Claros – MG, utilizado como substrato na produção de mudas de nim indiano.
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Realizou-se uma básica dois dias antes da
repicagem das mudas com: 300 mg dm-3 de P, 100
mg dm-3 de N, 100 mg dm-3 de K e 40 mg dm-3 de S
pelo uso de de NaH2PO4.H2O, NH4NO3, KCl e K2SO4
conforme sugerido por Passos (1994). Utilizou-se,
ainda, uma adubação de micronutrientes com: B =
0,81 mg dm-3 (H3BO3), Mn = 3,66 mg dm
-3
(MnCl2H2O), Zn = 4,00 mg dm
-3 (ZnSO4.7H2O), Cu =
1,33 mg dm-3 (CuSO4.5H2O) e Mo = 0,15 mg dm
-3
[(NH4)6Mo7O24.4H2O] de acordo com recomendação
de Alvarez (1974). Após aplicação das adubações foi
feita a mistura das mesmas com o solo das unidades
experimentais.
Conforme recomendação de Garcia (1986)
realizou-se três adubações de cobertura, sendo estas
nitrogenadas e feitas aos 35, 70 e 105 dias após a
repicagem, aplicando-se em cada adubação 20 mg
dm-3 de N, tendo como fonte o NH4NO3 nas duas
primeiras aplicações e o KNO3 na última, acrescendo,
portanto, 55,8 mg dm-3 de K.
O experimento foi encerrado aos 120 dias
após a repicagem, onde foram avaliados a altura e o
diâmetro do coleto. Para medição da altura foi
utilizada uma régua graduada em centímetros e para
a medição do diâmetro do coleto um paquímetro digital
com sensibilidade de 0,01 mm. A partir de então as
plantas foram separadas em raiz e parte aérea, sendo
esta subdividida em caule e folhas. As partes foram
lavadas em água destilada, pesadas em balança
analítica e destinadas a secagem em estufa de
circulação forçada de ar a 65oC até atingir peso
constante, onde posteriormente foram pesadas
novamente para obtenção da matéria seca da raiz,
caule e folhas das mudas.
Com os dados obtidos calcularam-se a
massa de matéria seca da parte aérea e total, a
relação altura da parte aérea/diâmetro do coleto, a
relação altura da parta aérea/produção da matéria
seca da parte aérea, a relação produção da matéria
seca da raiz/produção da matéria seca da parte aérea
e o índice de qualidade de Dickson (IQD) (Dickson et
al., 1960):
onde:
PMST = Produção de matéria seca total (g);
H = Altura da parte aérea (cm);
D = Diâmetro do coleto (mm);
PMSR = Produção de matéria seca da raiz (g);
PMSPA = Produção de matéria seca da
parte aérea.
Os resultados foram submetidos à análise
de variância e ajuste de equações de regressões.
Pela derivação das equações de regressão ajustadas
estimou-se a saturação máxima para a respectiva
variável em estudo.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Observa-se através da Tabela 2 e Figura 1
que a altura da parte aérea foi influenciada pela
elevação da saturação por bases do substrato,
apresentando resposta quadrática negativa. O
máximo crescimento alcançado por este parâmetro
foi de 43,17 cm e deu-se em saturação por bases
igual a 37,09%. Resultado similar foi encontrado por
Balieiro et al. (2001) em estudo com Acacia
holoserica A. Cunn. ex G. Don e Acacia auriculiformis
A. Cunn. ex Benth.. quanto à altura. No entanto, Cruz
et al. (2004) em ensaio com ipê-roxo (Tabebuia
impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl.) observaram que
não houve resposta significativa quanto ao
crescimento em altura com elevação de saturação
por bases do solo.
TABELA 2 . Máximo valor de altura (H), diâmetro do coleto(D), peso de matéria seca da raiz (MSR), caule
(MSC), folha (MSF), parte aérea (MSPA) e total de mudas de nim indiano em resposta à elevação da saturação
por bases, 120 dias após a repicagem.
O crescimento em diâmetro do coleto das
mudas de nim indiano foi afetado de forma significativa
pela elevação da saturação por bases do substrato
apresentando resposta quadrática (Figura 1). Carneiro
(1976) afirma que o diâmetro do coleto é um dos
atributos mais importantes para a sobrevivência de
mudas de espécies florestais logo após o transplante
em campo. O crescimento máximo alcançado por
este parâmetro deu-se em saturação por bases igual
a 36,42% quando seu valor foi de 6,61 cm (Tabela 2).
Resultado igual foi encontrado por Cruz et al. (2004)
observando o crescimento em diâmetro do ipê-roxo
(T. impetiginosa) evidenciando resposta quadrática
negativa, com crescimento máximo quando a
saturação por bases foi igual a 44,5%.
Conforme Balieiro et al. (2001) há espécies
que não respondem à calagem em termos de
crescimento em diâmetro do coleto, como A.
IQD = PMST
 H/D + PMSR/PMSPA
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Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.4, p.80-85, 2007.
FIGURA 1. Altura da parte aérea, diâmetro do caule, matéria seca da raiz (MSR), matéria seca de caule (MSC),
matéria seca de folha (MSF), matéria seca da parte aérea (MSPA) e matéria seca total (MST) para mudas de nim
indiano em função dos níveis de saturação por bases.
holosericea e A. auriculiformes. Entretanto, respostas
positivas à calagem foram encontradas por Barbosa
et al. (1995) estudando Myracroduon urundeuva e
Furtini Neto et al. (1999) em Senna multijuga (L.C.
Rich.) Irwin & Barn. e Stenolobium stans Benth.
Atributos como a produção de matéria seca
de raízes, caule, folhas, parte aérea e total também
foram afetados de forma significativa pela elevação
da saturação por bases do substrato (Figura 1).
Quanto à produção de matéria seca das
raízes (MSR), observa-se resposta quadrática, tendo
como ponto de máxima produção quando a saturação
por bases do substrato alcançou valor igual a 35,23%.
Resultado semelhante foi encontrado por Cruz et al.
(2004), onde também verificaram resposta quadrática
negativa à calagem quanto ao aumento da MSR em
estudo com T. impetiginosa. No entanto, aumento da
MSR em resposta à calagem foi observado em mudas
de E. grandis (Novais et al., 1979); M. urundeuva All.
(Barbosa et al., 1995) e S. stans (Furtini Neto et al.,
1999).
De acordo com Hermann (1964) a produção
de MSR tem sido reconhecido como um dos
melhores e mais importantes parâmetros para a
sobrevivência e estabelecimento das mudas em
campo.
Saturação por Bases (%)
Saturação por Bases (%)
Saturação por Bases (%)
Saturação por Bases (%)
Saturação por Bases (%)
Saturação por Bases (%)
Saturação por Bases (%)
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Para a produção de matéria seca de caule
(MSC) e folhas (MSF) verificou-se resposta
quadrática, alcançando valores de máxima produção
quando a elevação da saturação por bases para
33,43% e 32,83%, respectivamente. Foi encontrado
por Barbosa et al. (1995) máxima produção de MSF
de M. urundeuva quando a saturação por bases teve
valor de 60%. Conforme Cruz et al. (2004) um maior
peso de MSF é interessante para um melhor
desenvolvimento das mudas, pois representa maior
capacidade fotossintética e maior vigor.
Conforme verificado nos parâmetros
anteriores, a produção de matéria seca da parte aérea
e total apresentou resposta quadrática, tendo como
pontos de máxima produção em saturação por bases
igual a 33,27% e 34,12%, respectivamente.
Comportamento semelhante ao descrito foi verificado
por Cruz et al. (2004) em T. impetiginosa; Novais et
al. (1979) em E. grandis e por Furtini Neto et al. (1999)
em S. multijuga, Anadenanthera falcata e S. stans.
Entretanto, Balieiro et al. (2001) verificaram queda na
produção de matéria seca com a elevação da saturação
por bases em A. holosericea e A. auriculiformes.
Também às relações entre aos atributos
morfológicos que indicam a qualidade de mudas foram
afetadas pela elevação da saturação por bases do
substrato (Tabela 3). No presente trabalho, a relação
altura da parte aérea/diâmetro do coleto (H/D) foi maior
na saturação por bases igual a 45%. Carneiro (1976)
estudando Pinus taeda L. afirma que valores da
relação H/D variando entre 5,4 e 8,1 são os ideais;
no entanto, quanto menor for este valor, maior será a
capacidade das mudas sobreviverem e se estabelecerem
em campo (Carneiro,1983), portanto, quanto a este
parâmetro, em todas as saturações estudadas as
mudas apresentam valores satisfatórios.
Conforme Cruz et al. (2004) o quociente
obtido através da divisão da H/MSPA não é
comumente usado como índice para avaliar o padrão
de qualidade de mudas, no entanto, serve para
predizer o potencial de sobrevivência da muda em
campo. Gomes (2001) afirma que quanto menor for
este índice, mais lignificada será a muda e melhor
seu desenvolvimento em campo. Portanto, os
resultados obtidos neste trabalho mostram haver na
saturação por bases de 30% o menor valor para este
índice (6,86). Parviainen (1981) diz que a relação
MSPA/MSR é considerada um índice eficiente e
seguro para expressar o padrão de qualidade de
mudas. Brissette (1991) citado por Azevedo (2003)
afirma que a relação existente entre estes atributos
deve ficar em torno de 2,0 sem definir a espécie
estudada. Assim sendo, os resultados obtidos neste
ensaio mostram valores satisfatórios, tendo a
saturação por bases do substrato igual a 30% o
melhor índice, apresentando a relação de 1,47.
TABELA 3. Médias das relações altura/diâmetro do
coleto (H/D), altura/peso da matéria seca da parte
aérea (H/MSPA), matéria seca da parte aérea/matéria
seca da raiz (MSPA/MSR) e índice de qualidade de
Dickson (IQD) para mudas de nim indiano em
resposta á elevação da saturação por bases, 120 dias
após a repicagem.
Fonseca et al. (2002) afirmam que o cálculo
do índice de qualidade de Dickson (IQD) são
considerados a robustez e o equilíbrio da distribuição
da biomassa da muda, ponderando os resultados de
vários atributos importantes empregados na avaliação
da qualidade das mesmas. Tendo sido desenvolvido
estudando mudas de Picea glauca (Moench) Voss. e
Pinus monticola Dougl. ex D. Don (Dickson et al.
1960), Hunt (1990) citado por Gomes (2001) propôs
que um valor mínimo de 0,20 era um bom indicador
para a qualidade de mudas de Pseudotsuga
menziensii (Mirbel) Franco e Picea abies (L.) Karst.,
sendo que quanto maior for o valor para este índice,
melhor será o padrão de qualidade das mudas
(Gomes, 2001). Neste trabalho obteve, para todos os
tratamentos, valores superiores ao sugerido
denotando padrão de qualidade às mudas. No
entanto, o melhor resultado para este índice pode
ser conseguido com elevação da saturação por bases
do substrato a 30%.
CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos conclui-se que
as mudas de nim indiano respondem de forma positiva
à elevação da saturação por bases do substrato até
certo limite e que, conforme análise dos atributos
morfológicos e suas relações, qualificando as mudas,
os melhores resultados podem ser conseguidos quando
a saturação por bases for elevada para 30 a 40 %.
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