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Ação Penal

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UNIMAR UNIVERSIDADE DE MARÍLIA
CURSO DE DIREITO
AÇÃO PENAL: CONCEITUAÇÃO 
MARINARA FERREIRA BOSSONI¹
MARIA EDUARDA BONFIM MIRANDA²
Marília
2021
Resumo: O presente trabalho tem como finalidade transferir a conceituação e os princípios a respeito da ação penal pública e privada no âmbito do direito processual penal. Ainda fazendo-se necessário trazer como fonte principal entendimentos doutrinários. 
Palavras-chave: ação penal; ação penal privada; ação penal pública; princípios.
Abstract: The purpose of this paper is to transfer the conceptualization and the principles regarding public and private criminal action within the scope of criminal procedural law. Still making it necessary to bring doctrinal understandings as the main source.
CONCEITO DE AÇÃO PENAL 
A ação penal vem sendo como um direito concedido ao sujeito, de natureza penal e constitucional de acionar o Estado-Juiz para que realize a aplicabilidade da lei penal ao caso concreto. 
Possui como desígnio dar base ao devido processo legal, que constitui em um meio adequada e indispensável para que se sustente a condenação criminal do sujeito, possibilitando o atingimento do contraditório e da ampla defesa. 
AÇÃO PENAL PÚBLICA
A ação penal pública é tal quando o Ministério Público, na compleição dos procuradores da República ou de promotores de justiça desempenham o seu direito de ação através da denúncia – sendo esta a peça inicial da ação penal pública. 
São consideradas ações penais públicas as seguintes:
Incondicionada: Não é dependente de satisfação alguma para que o Ministério Público execute sua titularidade disponibilizando a denúncia. Essa modalidade de ação não depende de representação.
Condicionada: Onde advém do cumprimento de acurados pressupostos de admissibilidade, podendo ser a representação do ofendido ou a requisição do Ministério Público.
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
Pode-se observar dentro da ação penal pública alguns princípios importantes, estes: 
a) Obrigatoriedade ou Compulsoriedade: É imprescindível a presença de prova material do crime, isto é, esta combinada com indícios de autoria e ou participação.
b) Indisponibilidade: Quando dadivado a ação penal, é imprescindível a atuação do Ministério Público (MP) na relação processual. Se houver a constituição de sua convicção a respeito da inocência do réu, poderá requerer sua absolvição, mas não poderá desistir da ação. Conforme previsto no art. 42 do CPP: “O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.”
c) Indivisibilidade: Se ocorrer a existência da justa causa, é primordial que se impute os fatos que serão sondados na etapa antecedente ao processo, podendo gerar como forma de pena o arquivamento implícito.
d) Pessoalidade: Conforme está previsto no art. 5º, XLV da Constituição Federal, não passam da pessoa do réu. 
AÇÃO PENAL PRIVADA 
A ação penal privada advém de ação por iniciativa da vítima ou de seu representante legal, caso ela venha a ser menor ou incapaz. Não obstante que o direito de punir continue sendo estatal, a iniciativa se faculta pelo ofendido quando estes atingem sua intimidade. Todavia, a diferença básica entre a ação penal privada e ação penal pública está na legitimidade ativa.
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA 
Pode-se observar dentro da ação penal privada alguns princípios importantes, estes:
a) Oportunidade: A vítima ou quem o configure legalmente não serão compelidos a deflagrar a ação penal. Isso quer dizer que, a ação penal pela visão da oportunidade, lida antes mesmo de estar instaurada. 
b) Decadência: Dentro deste princípio a decisão será de mérito e formará coisa julgada material, esta declarará a extinção da punibilidade em relação ao partícipe. O prazo decadencial não se suspende, posterga e se interrompe, nem se prorroga.
c) Renúncia: Esta se dá por declaração da vítima. É uma renúncia expressa ou um ato no qual se constate flagrantemente que não se concilia com a intenção de ver o processo do delito, também denominada como renúncia tácita. Da renúncia, será prolatada sentença de mérito (coisa julgada material) que declara extinta a punibilidade em relação aos participantes da infração. Uma vez que a renúncia acontece, ela se amplia aos demais infratores, conforme previsto no art. 49 do Código de Processo Penal. 
d) Disponibilidade: No momento em que deflagrada a ação penal privada, a vítima poderá desistir do seu processamento até o trânsito em julgado da sentença.
e) Perdão: O perdão acarreta uma sentença de mérito que forma coisa julgada material e declara também a extinção de punibilidade em relação aos infratores. É indispensável que haja a aceitação do interlocutor, de forma expressa ou tácito, podendo o interlocutor aceitar ou não até no prazo de 3 dias.
f) Perempção: É indagado, no momento em que ocorre um desleixo quanto ao impulsionamento da ação, ou seja, negligência do autor da ação em realizar ato necessário ao andamento acordante do processo.
QUEM PROPÕE A AÇÃO PENAL
É dever do Ministério Público propor a ação penal sempre que a lei não dispuser que é privativa do ofendido.
Ações penais são sempre públicas. A iniciativa é que pode ser do ofendido, quando a lei considerar que cabe a ele decidir sobre a conveniência de submeter o conflito do julgamento.
CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO PENAL
São cinco os princípios que regem a ação penal pública: o da legalidade ou obrigatoriedade; o da indisponibilidade; o da intranscendência; o da divisibilidade e o da oficialidade.
Os órgãos encarregados da persecução penal são oficiais, isto é, públicos.
São espécies de ação penal pública: Ação Penal Pública Incondicionada, Ação Penal Pública Condicionada à Representação, Ação Penal Pública Condicionada à Requisição.
A ação penal privada contra um dos autores impõe a ação penal contra todos. O querelante não pode escolher um em detrimento da ação contra o outro. A regra tem por finalidade evitar a vingança privada e, até, a extorsão dirigida contra um dos agentes.
São quatro os princípios que regem a ação penal privada: o da conveniência ou oportunidade; o da disponibilidade; o da instranscendência; e o da indivisibilidade.O crime que exige a interposição de uma de ação penal privada é aquele em que o código prevê a seguinte frase: “somente se procede mediante queixa”.
EXEMPLO REAL ALENTA DE AÇÃO PENAL PÚBLICA
Detalhes da Jurisprudência
Processo RMS 2135551-25.2017.8.26.0000 SP 2018/0014272-6
Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA
Publicação DJe 22/08/2018
Julgamento 2 de Agosto de 2018
Relator Ministro JORGE MUSSI
Ementa
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. INQUÉRITO POLICIAL. ARQUIVAMENTO A PEDIDO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PEDIDO DE DESARQUIVAMENTO PELO OFENDIDO. IMPOSSIBILIDADE.
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. O pedido de arquivamento do inquérito policial é formulado pelo destinatário do resultado das investigações que, na hipótese de crimes de ação penal pública incondicionada, é o Ministério Público, na condição de titular do direito de ação.
2. "A vítima de crime de ação penal pública incondicionada não tem direito líquido e certo de impedir o arquivamento do inquérito ou peças de informação." 3. Permitir reexame judicial - seja por via recursal ou por ação autônoma de impugnação - quanto ao mérito do pedido de arquivamento do inquérito policial importa em violação, por via transversa, da prerrogativa do Ministério Público que, na condição de titular da ação penal, é quem deve se manifestar acerca da existência ou não de elementos capazes de sustentar a persecução penal. 4. Ao magistrado caberá lançar mão, fundamentadamente, da opçãoinserta no art. 28, do Código de Processo Penal, apenas na hipótese em que discordar da promoção de arquivamento. Do contrário, consumado estará o arquivamento, permitindo-se o desarquivamento desde que se verifique a situação descrita no art. 18 do mesmo pergaminho legal. 5. Recurso ordinário improvido.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal deJustiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Os Srs. MinistrosReynaldo Soares da Fonseca, Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik e Felix Fischer votaram com o Sr. Ministro Relator. SUSTENTARAM ORALMENTE: DR. GUSTAVO MARTIN TEIXEIRA PINTO (P/RECTE) E MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, Pablo Enrique de Abreu. “A Ação Penal”. Âmbito Jurídico, 2016. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-152/a-acao-penal/ Acesso em: 11 de abr. de 2021. 
“Resumo de Ação Penal Pública”. Direito.legal, 2018. Disponível em: https://direito.legal/direito-publico/resumo-de-acao-penal-publica/ Acesso em: 19 de abr. de 2021. 
REIS, Alexandre Cebrian Araújo. GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. “Ação Penal Privada”. DireitoNet, 2019. Disponível em: https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/1214/Acao-Penal-Privada Acesso em: 19 de abr. de 2021. 
RODRIGUES, Renato Ribeiro. “Os princípios que regem a Ação Penal”. Jusbrasil, 2016. Disponível em: https://renato07.jusbrasil.com.br/artigos/245040816/os-principios-que-regem-a-acao-penal Acesso em: 19 de abr. de 2021.

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