Buscar

GA-Texto-Sem-6-

Prévia do material em texto

Trabalho de Gestão Ambiental 
Relatório Final: Ecodesign – Ecoeficiência 
Prof. Dr. Vagner Cavenaghi 
 
 
 
 
 
Bruno Pacce 
Heitor Bezerra 
Lucas Veronezi 
 
 
 
 
 
 
BAURU 
MARÇO/2015 
 
 
 
Sumário 
Evolução histórica do Ecodesign e da Ecoeficiência ..................................................... 1 
Princípios do Ecodesign e da Ecoeficiência .................................................................. 2 
Objetivos do Ecodesign ................................................................................................ 3 
Por que implantar o ecodesign e a ecoeficiência em uma empresa? ............................ 5 
Manual inEDIC.............................................................................................................. 6 
1º Passo – Planejamento do projeto de Ecodesign: ................................................................. 7 
2º Passo – Análise do produto: ................................................................................................. 8 
3º Passo – Definição das estratégias de Ecodesign: .................................................................. 8 
4º Passo – Desenvolvimento de novos conceitos: .................................................................... 8 
5º Passo – Detalhe do produto: ................................................................................................ 9 
6º Passo – Produção e lançamento no mercado: ..................................................................... 9 
7º Passo – Avaliação do produto e do projeto:......................................................................... 9 
8º Passo – Atividades de seguimento: ...................................................................................... 9 
Princípios estratégicos do Ecodesign ......................................................................... 10 
Métodos e ferramentas ............................................................................................... 11 
1. Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) .................................................................................... 11 
2. Matriz Eco-Funcional ....................................................................................................... 12 
3. Casa da Qualidade para o Ambiente (QFDE) ................................................................... 12 
4. Matriz MET ...................................................................................................................... 12 
5. Matriz MECO ................................................................................................................... 12 
6. LiDS – Wheel (Estratégias de Design para o Ciclo de Vida) ............................................. 12 
7. Matriz de Avaliação da Responsabilidade Ambiental do Produto (ERPA) ...................... 12 
8. Matriz de Design para o Ambiente (DfE Matrix) ............................................................. 13 
9. As Dez Regras de Ouro .................................................................................................... 13 
10. Análise ABC .................................................................................................................. 13 
11. Análise do Efeito Ambiental (EEA) .............................................................................. 13 
Do Ecodesign ao Design para a Sustentabilidade ...................................................... 13 
Referências ................................................................................................................ 14 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Figuras 
Figura 1: Características do Ecodesign ........................................................................ 4 
Figura 2: Ecodesign e ciclo de vida ............................................................................... 5 
Figura 3: Ecodesign para o Design para a Sustentabilidade ....................................... 14 
Evolução histórica do Ecodesign e da Ecoeficiência 
Ao longo da história, o homem sempre usou dos recursos fornecidos 
pela natureza para confeccionar seus produtos, construções e tudo o que a 
mente humana pudesse conceber. 
Com a Revolução Industrial no século XVII, a exploração de recursos 
naturais se intensificou enormemente. Neste período não havia nenhuma 
preocupação com a finitude dos recursos usados, e muito menos com o 
impacto que o uso desses recursos causavam na natureza, e à saúde do ser 
humano. 
Muitos dos problemas do meio ambiente hoje são provenientes de um 
design e planejamento que não levaram em consideração a matéria-prima 
envolvida e os impactos ambientais de suas ações na natureza e na saúde do 
homem. 
O conceito de ecodesign foi se aprimorando ao longo do tempo, e hoje 
podemos defini-lo como “a integração sistemática de considerações ambientais 
no processo de design de produtos (entendidos como bens e serviços).” David 
Camocho, 2011. 
Ou seja, é um termo para uma crescente tendência mundial nos campos 
da arquitetura, engenharia e design em que o objetivo principal é desenvolver 
produtos, sistemas e serviços que reduzam o uso de recursos não-renováveis 
e/ ou minimizem o seu impacto ambiental sendo assim amigáveis para o meio 
ambiente. 
Mas a relação do design com a ecologia, não é nova como parece, o 
primeiro designer a ter consciência do impacto ambiental da profissão foi o 
americano Victor Papanek nos anos 1970. Visionário, foi um homem a frente 
do seu tempo, mas mesmo assim ridicularizado pelos colegas, que 
acreditavam que esta preocupação pela relação do design com o entorno 
artificial e natural era exagerado. 
Ele escreveu o livro "Design for the real world", onde já expressava 
desesperadamente essa preocupação com a relação homem-natureza e o 
2 
 
papel do design em essa relação como produtor de artefatos. Outra figura 
importante no tema é o designer e engenheiro Buckminster Fuller, também um 
visionário e pioneiro na relação homem-natureza. 
Sabemos hoje que grande parte dos problemas ambientais atuais foram 
causados pela mesma engenharia, design, manufatura tradicional que sempre 
desconsiderou qualquer posterior impacto ambiental na hora de projetar, 
manufaturar, transportar e vender bens e serviços. 
Princípios do Ecodesign e da Ecoeficiência 
Seguem abaixo os princípios do ecodesign: 
 Escolha de materiais de baixo impacto ambiental: menos poluentes, 
não-tóxicos, de produção sustentável ou reciclados, ou que requerem 
menos energia na fabricação. 
 Eficiência energética: utilizar processos de fabricação com menos 
energia. 
 Qualidade e durabilidade: produzir produtos que durem mais tempo e 
funcionem melhor a fim de gerar menos lixo; 
 Modularidade: criar objetos cujas peças possam ser trocadas em caso 
de defeito, pois assim não é todo o produto que é substituído, o que 
também gera menos lixo. 
 Reutilização/Reaproveitamento: Propor objetos feitos a partir da 
reutilização ou reaproveitamento de outros objetos; projetar o objeto 
para sobreviver seu ciclo de vida, criar ciclos fechados sustentáveis. 
A ecoeficiência pode ser obtida através da união entre, o fornecimento de bens 
e serviços sustentáveis, que satisfaçam as necessidades humanas, e assim, 
promove a redução dos impactos ambientais e de consumo de recursos 
naturais. 
No âmbito da poluição ambiental, um sistema ecoeficiente é aquele que 
consegue produzir mais e melhor, com menores recursos e menores resíduos. 
Para tal, pressupõem-se oito elementos fundamentais para a ecoeficiência: 
1. Minimizar a intensidade de materiais dos bens e serviços 
2. Minimizar a intensidade energética de bens e serviços 
3 
 
3. Minimizar a dispersão de tóxicos 
4. Fomentar a reciclabilidade dos materiais 
5. Maximizar a utilização sustentável de recursos renováveis. 
6. Estender a durabilidade dos produtos. 
7. Promover a educação dos consumidores para um uso mais racional dos 
recursosnaturais e energéticos. 
Implantar um sistema de gestão ambiental em uma empresa, diminui custos, 
evita riscos ambientais, acaba com o diferencial competitivo, evita riscos à 
saúde dos funcionários e clientes, alcança a conformidade legal, reduz a 
poluição, garante a manutenção de recursos naturais e motiva as pessoas 
envolvidas a se engajarem nas questões ambientais. 
Objetivos do Ecodesign 
Com a competividade crescente no mercado, o design de produtos se 
tornou uma ferramenta de grande importância para a competividade das 
empresas. O design tradicional leva em consideração 7 aspectos no 
desenvolvimento do projeto: funcionalidade, qualidade, segurança, custo, 
facilidade de produção, ergonomia e estética. 
O ecodesign pode ser considerado uma evolução do design tradicional, 
pois ele engloba mais uma característica além das 7 consideradas 
tradicionalmente, a variável ambiental. A Figura 1, a seguir, demonstra esta 
relação: 
4 
 
 
Figura 1: Características do Ecodesign 
Todos os produtos têm impactos ambientais, que podem ocorrer em 
qualquer fase do ciclo de vida: extração das matérias-primas, fabricação, 
distribuição, utilização e fim de vida. Os impactos no ciclo de vida podem variar, 
de proporção e de curto prazo a longo prazo, e podem ocorrer a nível local, 
regional ou global. Levando em consideração os aspectos ambientais desde o 
início do processo de desenvolvimento do produto é a maneira mais eficaz de 
introduzir mudanças que afetam positivamente o seu perfil ambiental em todos 
os estágios do ciclo de vida. 
Estudos compravam que mais de 80% dos impactes ambientais 
relacionados com o produto são determinados na fase de design, ou seja, o 
ecodesign é uma ferramenta importantíssima, que busca diminuir os impactos 
ambientais ao longo do ciclo de vida do produto, além de reduzir a quantidade 
de insumos utilizados, melhorando a eficiência dos processos e reduzindo e 
reutilizando os resíduos descartados na produção. A Figura 2, a seguir, 
demonstra o papel do ecodesign no ciclo de vida dos produtos. 
5 
 
 
Figura 2: Ecodesign e ciclo de vida 
Esta abordagem levando em consideração todo o ciclo de vida segue os 
seguintes princípios: 
 Nenhum material é arbitrariamente excluído; 
 Todas as características ambientais do produto são consideradas; 
 Se considera não só o próprio produto, mas todo o sistema em que este 
opera ou funciona; 
 Os impactes ambientais não são transferidos de uma fase do ciclo de 
vida para outra, nem de um meio receptor (ar, água, solo) para outro. 
Por que implantar o ecodesign e a ecoeficiência em uma 
empresa? 
Primeiramente, qualquer empresa que deseja prosperar deve seguir as 
tendências do mercado. Algumas destas tendências estão estritamente ligadas 
ao meio-ambiente, entre elas: 
 Leis ambientais cada vez mais rígidas; 
6 
 
 Empresas ambientalmente incorretas não são mais competitivas, visto 
que o consumidor “percebeu” o poder sobre as empresas e estão cada 
vez mais exigentes; 
 Abertura de capital para novos negócios com disponibilidade para 
projetos ambientais seguros; 
 Consumidores mais exigentes com a responsabilidade ambiental; 
 Acordos internacionais; 
 Crescimento do mercado verde 
Além destas tendências, as empresas vêm adotando estas novas práticos 
devido aos diversos benefícios resultantes. Dentre os benefícios da 
ecoeficiência, ecodesign e responsabilidade ambiental, podemos listar 
diversos: 
 Redução de custos: proveniente da redução do uso de matéria-prima e 
energia e da economia com multas, penalidades e impostos 
 Redução do impacto ambiental: Melhor utilização de materia-prima e 
energia, redução e melhora do descarte de residuos e reciclagem. 
 Aumento da receita: Melhora da imagem do produto e da empresa e 
atração de novos consumidores do crescente mercado verde. Além de 
facilitar o acesso ao mercado internacional. 
 Promove a inovação: a inovação é posta em prática com a necessidade 
de desenvolvimento de novos produtos, do desenvolvimento de novos 
materiais e processos e da proposição de novos desafios. 
 Melhora nos relacionamentos: Melhora no relacionamento com clientes, 
ONGs, sociedade e governo. 
Manual inEDIC 
A atividade de design é um processo criativo. As soluções inovadoras 
desenvolvidas para problemas em design comumente não podem ser pré-
determinadas. Porém, até ser ponto é possível planejar com certa precisão a 
metodologia utilizada para desenvolver tais soluções. Para o apoio a projetos, 
foi desenvolvido um manual de 8 passos da inEDIC (Innovation and ecodesign 
7 
 
in the ceramic industry – projeto da National Laboratory of Energy and Geology, 
Sustainable Production and Consumption Research Unit de Portugal). 
 Pode parecer simples, mas existe um longo caminho a percorrer desde a 
tomada de decisão de implementar o ecodesign em uma linha de produtos já 
existente ou desenvolver um produto novo com esta preocupaçãp até a entrega 
final. Faz-se necessária a escolha adequada, a avaliação do desempenho 
atual, do desempenho potencial, das medidas para explorar tal potencial e as 
práticas de suporte. Tal processo envolve diversas funções distintas e engloba 
diversas áreas organizacionais de uma empresa. 
 As empresas que decidem implementar o ecodesign podem começar por 
componentes dos seus produtos e gradualmente estender o projeto ao 
completo redesign de produtos ou serviços. A duração de um projeto pode 
variar, sendo que isso dependerá da complexidade do produto e do projeto em 
si. Comumente tais projetos levam de três meses a um ano para serem 
concluídos, sendo que o recomendado é que durem o mínimo possível, tanto 
pela perspectiva estratégica quanto a motivacional dos membros envolvidos. 
 Seguem abaixo os oito passos de apoio ao desenvolvimento de projetos 
ecodesign: 
1º Passo – Planejamento do projeto de Ecodesign: 
 Obtenção do compromisso da alta administração (o comprometimento 
deve ser enraizado em toda a empresa e, para isso, é fundamental que 
comece na alta administração e passe para outros níveis hierárquicos); 
 Definição da equipe (para tais projetos é sempre necessário formar 
equipes multifuncionais, sendo que geralmente serão composta, pelo 
menos, de um designer, um engenheiro ambiental e um engenheiro de 
produção); 
 Investigação da motivação (procurar descobrir claramente quais são 
ganhos, tanto para a empresa quanto para o ambiente, que serão 
proferidos pela conclusão do projeto); 
 Seleção do produto (escolher com base em análise de potencial qual 
produto será trabalhado ou criado com foco no ecodesign); 
8 
 
 Definição do Brief (documento visual contendo todos os aspectos 
definidos até então do projeto, para que todos tenham conhecimento e 
possam se envolver no mesmo); 
 Estabelecimento do plano (definição do plano de fato. O que será feito, 
como, por quem, para que e etc.). 
2º Passo – Análise do produto: 
 Definição da unidade funcional (definição, neste caso, de qual unidade 
ambiental o produto atenderá); 
 Análise de mercado (analisar as necessidades do nicho de mercado alvo 
e etc); 
 Análise ambiental (análise dos impactos ambientais ao longo do ciclo de 
vida do produto); 
 Análise econômica (análise do retorno financeiro do produto); 
 Análise dos requisitos legais (análise do produto perante leis e 
certificações); 
 Echobenchmarking (comparação interna ou externa de produtos ou 
processos semelhantes); 
 Revisão do Brief (adicionar novas informações ao documento). 
3º Passo – Definição das estratégias de Ecodesign: 
 Análise das estratégias de Ecodesign (analisar quais serão os princípios 
guia e as estratégias em potencial – serão explicadas posteriormente); 
 Seleção das estratégias mais adequadas (dentre as analisadas, 
escolher as que se adequam a realidade do produto). 
4º Passo – Desenvolvimento de novos conceitos: 
 Desenvolvimento de conceitos de produto(estabelecer as 
características básicas e essenciais do produto); 
 Análise e avaliação detalhadas do conceito de produtos (analisar com 
equipes multifuncionais o conceito até então estipulado); 
 Definição do conceito final do produto (confirmação ou replanejamento 
do conceito do produto ocasionando no conceito final). 
9 
 
5º Passo – Detalhe do produto: 
 Definição das especificações do produto (definição de especificações e 
medidas técnicas); 
 Desenvolvimento do protótipo (fase de teste das especificações). 
6º Passo – Produção e lançamento no mercado: 
 Produção (manufatura do produto final real); 
 Promoção interna do produto (teste por parte da própria organização); 
 Lançamento no mercado (inserir o produto no mercado alvo estipulado). 
7º Passo – Avaliação do produto e do projeto: 
 Avaliação do projeto de Ecodesign (através de feedbacks avaliar o 
desenvolvimento e a consecução do projeto); 
 Avaliação do produto final (também através de feedbacks avaliar o 
resultado final do produto); 
 Relatório (elaborar relatório que contenha as informações acima e que 
será utilizado para tomada de decisões futuras). 
8º Passo – Atividades de seguimento: 
 Integração do design nos processos e sistema de gestão da empresa 
(tomada de decisão com base no sucesso ou no fracasso do produto: 
estudar a possibilidade de implementar a ótica do ecodesign em outras 
áreas da empresa); 
 Do Eco(re)design à Eco-inovação e design para a sustentabilidade 
(tomada de decisão importante: pode significar apenas uma mudança no 
produto ou uma mudança total na filosofia da empresa). 
 
Neste contexto, é importante ressaltarmos também a existência de 
barreiras a implementação de projetos com enfoque em ecodesign. Algumas 
das mais recorrentes são 
 Dificuldades de compreensão do Ecodesign; 
 Fraca percepção do impacto; 
 Convicção de que o Ecodesign implica em investimento elevado; 
 Resistência à mudança; 
10 
 
 Falta de talentos especializados; 
 Dificuldades técnicas na adaptação a novos desenvolvimentos; 
 Dificuldades em desenvolver equipes multi-funcionais. 
Princípios estratégicos do Ecodesign 
 Durante a avaliação ambiental do produto ao longo do ciclo de vida, são 
identificados aspectos ambientais importantes e algumas ideias de melhoria 
podem surgir. Porém, o processo de geração de ideias fica incompleto se 
apenas for embasado em avaliações ambientais. Para o desenvolvimento de 
soluções ambientais efetivas e que levem em consideração de maneira 
holística todos os aspectos chave do desenvolvimento de um produto em 
Ecodesign, é necessário repensar o produto e sua função como um todo. 
 Para tal, sugere-se uma lista de estratégias e princípios que devem ser 
seguidos durante um projeto de ecodesign. As estratégias de ecodesign, com 
os respectivos critérios ou medidas, podem ser usadas como um checklist para 
avaliar, qualitativamente, o perfil ambiental de um produto. 
 A primeira das estratégias e o princípio mais inovador a ser seguido é 
etapa de levantamento de novas ideias e novas formas de atender as 
expectativas de projeto (tanto no aspecto produtivo da Ecoeficiência quanto a 
ao aspecto do produto do Ecodesign). É o passo que envolve maior criatividade 
e necessita de suporte constante da alta administração. A seguir os demais 
princípios chave: 
1. Selecionar materiais de menor impacto (foco na ecoeficiência) 
2. Reduzir o uso de materiais (foco na ecoeficiência) 
3. Reduzir o impacto ambiental da produção (foco na ecoeficiência) 
4. Promover embalagem e logística com enfoque ambiental (foco na 
ecoeficiência) 
5. Reduzir o impacto ambiental no ciclo de vida (foco no ciclo de vida) 
6. Aumentar a durabilidade (foco no ciclo de vida) 
7. Otimizar o sistema de fim de vida (foco no ciclo de vida) 
11 
 
Métodos e ferramentas 
 Ao longo das últimas décadas, diferentes métodos e ferramentas de 
ecodesign foram desenvolvidos para a avaliação de impactos ambientais, 
evidenciando potenciais problemas e conflitos e facilitando a escolha entre 
diferentes aspectos através da comparação entre estratégias de design 
ambiental. Tais métodos e ferramentas configuram-se como formas 
sistemáticas de lidar com questões ambientais durante o processo de 
desenvolvimento do produto e podem apresentar abordagens qualitativas, ou 
ambas. Diversas ferramentas focam-se no ciclo de vida de produtos, 
identificando potenciais de melhoria no desempenho ambiental em diversas 
fases do mesmo. 
 Apesar do otimismo apresentado na virada do milênio em relação a 
esses métodos e ferramentas, atualmente a busca por comprovação dos seus 
benefícios, em escala global. E, justamente, a falta de tal comprovação é, 
potencialmente, uma fonte de descontentamento por parte de empresas 
manufatureiras. 
 O intenso desenvolvimento de novos métodos e ferramentas de 
ecodesign em detrimento ao estudo e aprimoramento das existentes e a falta 
de integração do contexto do desenvolvimento de produtos, bem como sua 
ligação com a estratégia da empresa e com os processos de competição e 
cooperação, são possíveis explicações para a não obtenção das 
potencialidades do ecodesign. 
 Seguem abaixo 11 métodos e ferramentas que comprovaram sua 
importância na aplicação no processo de desenvolvimento de produtos com 
enfoque em ecodesign: 
1. Avaliação do Ciclo de Vida (ACV): utilizada para fornecer uma visão 
holística do desempenho ambiental total de um produto ao longo de todo 
o seu ciclo de vida, de forma a se entender a complexidade dos 
problemas ambientais. É geralmente utilizado para comparar produtos 
que desempenham a mesma função ou para determinar pontos críticos. 
12 
 
2. Matriz Eco-Funcional: maneira sistemática de incorporar 
adequadamente as propriedades funcionais necessárias e importantes 
para um produto ao menor preço ambiental possível. 
3. Casa da Qualidade para o Ambiente (QFDE): ferramenta desenvolvida 
para a incorporação dos aspectos ambientais (requisitos ambientais e 
especificações de engenharia ambientais) no QFD tradicional para lidar 
com os requisitos tradicionais da qualidade e com os requisitos 
ambientais simultaneamente. 
4. Matriz MET: os maiores problemas ambientais do ciclo de vida de um 
produto são identificados e utilizados para a elaboração de diferentes 
estratégias ambientais para melhoria do desempenho ambiental do 
produto. Os impactos ambientais são classificados nas categorias Ciclo 
de Materiais (M), Uso de Energia (E) e Emissões Tóxicas (T) 
5. Matriz MECO: uma estimativa do impacto ambiental de cada fase do 
ciclo de vida (fornecimento de matéria-prima, manufatura, uso, 
disposição e transporte) é realizada através de estimativas das 
quantidades de materiais (M), energia (E), químicos (C) e outros 
materiais (O) utilizados na produção e uso do produto. 
6. LiDS – Wheel (Estratégias de Design para o Ciclo de Vida): oferece uma 
visão geral do potencial de melhorias ambientais de um produto ao 
designer. Oito estratégias ambientais de melhoria são utilizadas nessa 
ferramenta: seleção de materiais com baixo impacto ambiental, redução 
do uso de materiais, otimização das técnicas de produção, otimização 
dos sistemas de distribuição, redução do impacto durante o uso, 
otimização da vida útil, otimização do sistema de gestão do fim de vida 
do produto e um novo conceito de desenvolvimento. 
7. Matriz de Avaliação da Responsabilidade Ambiental do Produto (ERPA): 
utilizada para estimar o potencial de melhorias de um produto de acordo 
com o seu desempenho ambiental atual e desejado. Cada fase do seu 
ciclo de vida (pré-manufatura, manufatura, distribuição, uso e 
remanufatura/reciclagem/reuso) é avaliada de acordo com cinco critérios 
(escolha de materiais, uso de energia, resíduos sólidos, efluentes 
líquidos e emissões gasosas). O impacto ambiental de cada fase do 
13 
 
ciclo de vida é estimado através da pontuação de cadacritério de 0 
(máximo impacto) a 4 (mínimo impacto). 
8. Matriz de Design para o Ambiente (DfE Matrix): levanta questões 
relacionadas aos impactos ambientais do produto que podem não ter 
sido considerados previamente e fornece uma análise semi-quantitativa 
das alternativas de design do produto. 
9. As Dez Regras de Ouro: guia o desenvolvedor de produtos quanto às 
questões gerais a serem consideradas através da sua aplicação de 
acordo com os desafios específicos de um produto particular. Consiste 
de um sumário de diversas linhas guias e manuais utilizados por 
empresas dos mais diversos setores, contendo recomendações de 
estratégias ambientais. 
10. Análise ABC: realiza a avaliação dos impactos ambientais de um 
produto. O produto é avaliado em onze critérios diferentes e, de acordo 
com essa avaliação qualitativa, é classificado em uma das seguintes 
áreas: A = problemática (requer ações), B = média (a ser observado e 
melhorado) e C = sem perigo (nenhuma ação é requerida). 
11. Análise do Efeito Ambiental (EEA): os impactos ambientais em todas as 
fases do ciclo de vida de um produto são identificados e avaliados de 
maneira sistemática, através da avaliação de todas as atividades do 
ciclo de vida do produto que possam ter influência ambiental 
significativa. 
Do Ecodesign ao Design para a Sustentabilidade 
 O Design para a Sustentabilidade, como parte de uma evolução do 
conceito e metodologia de Ecodesign aplicado com sucesso por várias 
organizações e empresas, com benefícios significativos a nível económico e 
ambiental, é uma nova abordagem baseada num forte componente social como 
um fator chave nas estratégias de longo prazo. 
Nesta abordagem, empresas atuam de forma responsável, incorporando 
fatores ambientais e sociais no desenvolvimento do produto e adotando formas 
inovadoras para atender às necessidades do consumidor. 
14 
 
A Figura 3, a seguir, ilustra a evolução da abordagem do ecodesign para 
o design para a sustentabilidade, com ênfase em aspectos tecnológicos, 
aspectos funcionais e os prazos e os tipos de impactos considerados. 
 
Figura 3: Ecodesign para o Design para a Sustentabilidade 
 
 
 
 
 
 
Referências 
<http://www.adam-europe.eu/prj/5887/prd/1/2/InEDIC_MANUAL_PT.pdf> 
<http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_tn_sto_077_542_12125.pdf> 
<http://www.eesc.usp.br/ecoinovacao/files/Downloads/Sesso_B_-
_A_Experincia_do_Brasil_no_Desenvolvimento_do_Modelo_de_Maturidade_e
m_Ecodesign.pdf> 
15 
 
<http://pt.slideshare.net/marthaandya/conceitos-ecodesign>

Continue navegando

Outros materiais