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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLÍNICA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS 
 
 
 
 
 
MÔNICA COELHO ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA ESPESSURA DO RAMO DIREITO DO DIAFRAGMA CRURAL 
E NÍVEIS DE GRELINA E LEPTINA PLASMÁTICA EM PACIENTES 
COM DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) INFECTADOS 
COM HELICOBACTER PYLORI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2019 
 
 
MÔNICA COELHO ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA ESPESSURA DO RAMO DIREITO DO DIAFRAGMA CRURAL 
E NÍVEIS DE GRELINA E LEPTINA PLASMÁTICA EM PACIENTES 
COM DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) INFECTADOS 
COM HELICOBACTER PYLORI 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação 
em Ciências Médicas do Departamento de 
Medicina Clínica da Universidade Federal do 
Ceará como requisito parcial para obtenção do 
grau de Doutor em Ciências Médicas. 
 
Orientador: Prof. Dr. Miguel Ângelo Nobre e 
Souza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÔNICA COELHO ANDRADE 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA ESPESSURA DO RAMO DIREITO DO DIAFRAGMA CRURAL 
E NÍVEIS DE GRELINA E LEPTINA PLASMÁTICA EM PACIENTES 
COM DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) INFECTADOS 
COM HELICOBACTER PYLORI 
 
 
 
Tese submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Médicas do 
Departamento de Medicina Clínica da 
Universidade Federal do Ceará como requisito 
parcial para obtenção do grau de Doutor em 
Ciências Médicas. 
 
Aprovada em: _____/_____/_____. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
________________________________________ 
Prof. Dr. Miguel Ângelo Nobre e Souza (Orientador) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
________________________________________ 
Prof. Dr. Armênio Aguiar dos Santos 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
_________________________________________ 
Prof. Dra. Maria de Fátima Oliveira 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
_________________________________________ 
Profa. Dra. Lúcia Libanez Bessa Campelo Braga 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
_________________________________________ 
Prof. Dra. Gardênia Costa do Carmo 
Centro Universitário Christus 
 
 
https://bv.fapesp.br/pt/pesquisador/178778/marcellus-henrique-loiola-ponte-de-souza/
https://bv.fapesp.br/pt/pesquisador/178778/marcellus-henrique-loiola-ponte-de-souza/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus. 
À Virgem Maria. 
Aos meus pais e ao meu noivo. 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTO ESPECIAL 
 
 
 A Deus, Alfa e Ômega, princípio e o fim de todas as coisas. Ele me conduziu, 
amparou e não me permitiu desistir. Agradeço também a virgem Maria, que pela poderosa 
intercessão fez grandes coisas em meu favor. 
 Aos meus pais, por toda compreensão, auxílio, sacrifícios diários e incentivo 
a realização desta tese, prova maior de que amor e doação andam de mãos dadas. 
 Ao meu noivo, Pérsio Veloso, por me ouvir, me incentivar e impulsionar. 
Companheiro na alegria e na tristeza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao Prof. Dr. Miguel, pela orientação e ensinamentos que me passou ao longo 
desses anos. Aprendi muito do ponto de vista técnico, mas o maior de todos os ensinamentos 
foi entender que posso realizar mais coisas do que me achava capaz de fazê-lo. 
À CAPES, pelo apoio financeiro com a manutenção da bolsa de auxílio. 
Aos professores participantes da banca examinadora Profa. Dra. Lúcia Libanez 
Bessa Campelo Braga, Profa. Dra. Maria de Fátima Oliveira, Profa. Dra. Gardenia Costa do 
Carmo e Prof. Dr. Armênio Aguiar dos Santos pelo tempo, pelas valiosas colaborações e 
sugestões. 
Aos pacientes que participaram desta pesquisa, pela boa vontade e colaboração. 
Aos meus colegas de laboratório por toda parceria e boa convivência, que tornava 
mais suave e alegre nosso dia a dia: Patriciane, Éricka, Héltia, Josire, Juliete, Vicente, Patrícia, 
Edna, Alessandra, Carlos Eduardo e Leonardo. 
Ao Walber, que além da parceria no laboratório ainda me auxiliou na busca de 
programas de análise de imagens, o meu muito obrigada. 
À Tanila, Débora e Nádia que foram minhas companheiras mais próximas, me 
auxiliavam nas dificuldades e festejavam as alegrias. Obrigada pelos conselhos, paciência e 
por ficarem no “barco” até o final. A vocês, a minha eterna gratidão. 
À Diana e ao setor de Unidade de Pesquisa Clínica da Universidade Federal do 
Ceará por toda cooperação na realização das coletas de sangue dos pacientes. 
À Ana Flávia por ter me auxiliado na realização dos ELISAS. 
Ao Dr. Luciano Monteiro pela realização das análises das biópsias bem como ao 
setor de Patologia da Universidade Federal do Ceará e a residente Priscila. 
À Michele, Tiago, Felipe e Orleâncio tanto pela realização das análises com 
biologia molecular como pela paciência em me ensinar o passo a passo de todo o processo na 
bancada. 
Às secretárias da pós-graduação, Ivone e Rita, por todo auxílio e boa vontade com 
que me atenderam todas as vezes que precisei, o meu muito obrigada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Descobri que há uma harmonia maravilhosa 
nas verdades complementares da fé e da 
ciência. O Deus da bíblia é também o Deus do 
genoma. Deus pode ser encontrado na catedral 
e no laboratório. Investigando a criação 
incrível e majestosa de Deus, a ciência pode na 
verdade ser uma forma de LOUVOR” 
 
Francis Collins 
 
 
RESUMO 
 
Pacientes com esofagite de refluxo apresentam menor espessura e falha funcional do 
diafragma crural (DC), fato que fundamenta a possível existência de uma deficiência 
muscular esquelética em pacientes com DRGE. Além disso, a relação entre Helicobacter 
pylori e Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) apresenta algumas divergências entre os 
estudos, fazendo-se necessário maior número de pesquisas capazes de esclarecer esta relação. 
O objetivo do presente estudo foi avaliar a espessura e ecogenicidade do ramo direito do DC 
bem como medir os níveis plasmáticos de grelina e leptina em pacientes com DRGE, com e 
sem infecção por H. pylori. Trata-se de um estudo transversal onde foram incluídos pacientes 
que apresentaram resultado da fração de tempo total do refluxo ≥ 4,2 na pHmetria de 24h. 
Realizou-se a coleta de sangue e as amostras foram centrifugadas e armazenas a -80°C até a 
realização das dosagens da grelina e leptina através de ensaio imunoenzimático (ELISA). A 
Endoscopia Digestiva Alta (EDA) foi realizada a fim de retirar as biópsias para análise 
histopatológica, urease e Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e em seguida executava-se 
a ecoendoscopia para captura das imagens do DC. A espessura do músculo foi medida em 
milímetros e a intensidade média da escala de cinza dos pixels foi considerada como a 
ecogenicidade. Grupo H. pylori positivo era composto por 9 pacientes, 4 homens e 5 
mulheres, com idade média de 41,44 ± 10,77 anos e H. pylori negativo por 21 voluntários, 9 
homens e 12 mulheres, com idade média de 48,62 ± 15,56 anos. O empachamento foi mais 
presente no grupo H. pylori positivo (p = 0,004). Obteve-se níveis mais baixos (p = 0,012) da 
razão grelina ativa/total no grupo H. pylori positivo (0,43 ± 0,14) em relação ao grupo 
negativo (0,62 ± 0,19) e níveis mais altos (p = 0,033) de grelina total no grupo infectado 
(854,10 ± 328,60) em relação ao não infectado (593,20 ± 249,50). Não se observou diferença 
entre os grupos com relação a grelina ativa (p = 0,892), leptina (p = 0,560) e ecogenicidade (p 
= 0,365). Com relação a espessura do DC, obteve-se maiores níveis de leptina, escores da 
atividade inflamatória e escores de H. pylori no grupo com diafragma crural mais fino (≤ 
4mm). Apesar daslimitações no que se refere ao tamanho das amostras, este estudo permite 
concluir que a infecção por H. pylori pode interferir nos níveis de grelina mas não alterou a 
ecogenicidade do DC. Além disso, verificou-se escores mais elevados de infecção por H. 
pylori (p = 0,008) e níveis mais altos de leptina (p = 0,027) no grupo com DC mais fino (≤ 
4mm). 
Palavras-chave: Refluxo Gastroesofágico; Helicobacter pylori; grelina; leptina; 
ecoendoscopia. 
 
 
ABSTRACT 
 
Patients with reflux esophagitis have lower thickness and functional failure of the crural 
diaphragm (CD), a fact that supports the possible existence of a skeletal muscle deficiency in 
patients with Gastroesophageal Reflux Disease (GERD). In addition, the relationship between 
Helicobacter pylori and GERD presents some divergences between the studies, requiring a 
greater number of studies capable of clarifying this relationship. The objective of the present 
study was to evaluate the thickness and echogenicity of the right branch of CD as well as to 
measure plasma levels of ghrelin and leptin in patients with GERD, with and without H. 
pylori infection. This was a cross-sectional study, which included patients who presented a 
total reflux time fraction of ≥ 4.2 at 24h pHmetry. Blood was collected and the samples were 
centrifuged and stored at -80°C until ghrelin and leptin dosages were performed by Enzyme-
Linked Immunosorbent Assay (ELISA). Upper Digestive Endoscopy (UDE) was performed to 
remove biopsies for histopathological analysis, urease and Polymerase Chain Reaction (PCR), 
and then performed the echoendoscopy to capture the CD images. The thickness of the muscle 
was measured in millimeters and the mean intensity of the gray scale of the pixels was 
considered as the echogenicity. H. pylori positive group consisted of 9 patients, 4 men and 5 
women, with a mean age of 41.44±10.77 years and negative H. pylori by 21 volunteers, 9 
men and 12 women, with a mean age of 48.62±15.56 years. The embedding was more 
present in the H. pylori positive group (p = 0.004). Lower levels (p = 0.012) of the active/total 
ghrelin ratio were obtained in the H. pylori positive group (0.43±0.14) compared to the 
negative group (0.62±0.19) and levels taller (p = 0.033) of total ghrelin in the infected group 
(854.10±328.60) compared to the uninfected group (593.20±249.50). No difference was 
observed between groups with respect to active ghrelin (p = 0.892), leptin (p = 0.560) and 
echogenicity (p = 0.365). With regard to the thickness of the CD, higher levels of leptin, 
inflammatory activity scores and H. pylori scores were obtained in the group with finer crural 
diaphragm (≤ 4 mm). Despite limitations in sample size, this study concludes that H. pylori 
infection may interfere with ghrelin levels but did not alter the echogenicity of CD. In 
addition, there were higher scores of H. pylori infection (p = 0.008) and higher levels of leptin 
(p = 0.027) in the group with the finest DC (≤ 4 mm). 
Keywords: Gastroesophageal Reflux; Helicobacter pylori; ghrelin; leptina; echoendoscopy. 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1  Interpretação dos resultados de diferentes exames esofágicos associados a 
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)..................................................... 20 
Figura 2  Mapa representando as prevalências de infecção por H. pylori em diferentes 
populações mundiais.......................................................................................... 24 
Figura 3  Processo de formação da grelina........................................................................ 27 
Figura 4  Atualização do sistema Sydney de classificação e gradiente de gastrite........... 35 
Figura 5  Medida da espessura da porção direita do diafragma crural em imagem de 
secção transversal captada por ecoendoscopia.................................................... 36 
Figura 6  Medida da ecogenicidade da porção direita do diafragma crural em imagem 
de secção transversal captada por ecoendoscopia............................................... 37 
Figura 7  Fluxograma da seleção dos pacientes e divisão dos grupos do estudo................ 41 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 Relação entre grelina ativa/total em pacientes com Doença do Refluxo 
Gastresofágico (DRGE) infectados (9 voluntários) e não infectados (21 
voluntários) por H. pylori.................................................................................. 48 
Gráfico 2 Concentração de grelina ativa em pacientes com Doença do Refluxo 
Gastresofágico (DRGE) infectados (9 voluntários) e não infectados (21 
voluntários) por H. pylori.................................................................................. 49 
Gráfico 3 Concentração de grelina total em pacientes com Doença do Refluxo 
Gastresofágico (DRGE) infectados (9 voluntários) e não infectados (21 
voluntários) por H. pylori.................................................................................. 50 
Gráfico 4 Concentração de leptina em pacientes com Doença do Refluxo 
Gastresofágico (DRGE) infectados (9 voluntários) e não infectados (21 
voluntários) por H. pylori.................................................................................. 51 
Gráfico 5 Medida da espessura do ramo direito (RD) do diafragma crural durante a 
expiração em pacientes com Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE) 
infectados (9 voluntários) e não infectados (21 voluntários) por H. pylori...... 53 
Gráfico 6 Medida da espessura do ramo direito (RD) do diafragma crural durante a 
inspiração em pacientes com Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE) 
infectados (9 voluntários) e não infectados (20 voluntários) por H. pylori...... 54 
Gráfico 7 Ecogenicidade do ramo direito (RD) do diafragma crural durante a expiração 
em pacientes com Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE) infectados (9 
voluntários) e não infectados (21 voluntários) por H. pylori............................ 55 
Gráfico 8 Ecogenicidade do ramo direito (RD) do diafragma crural durante a 
inspiração em pacientes com Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE) 
infectados (9 voluntários) e não infectados (20 voluntários) por H. pylori...... 56 
Gráfico 9 Correlação entre leptina e média total da espessura do ramo direito do 
diafragma crural durante a expiração em 30 pacientes com Doença do 
Refluxo Gastroesofágico................................................................................... 61 
Gráfico 10 Correlação entre leptina e média total da espessura do ramo direito do 
diafragma crural durante a inspiração em 29 pacientes com DRGE................. 62 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 Classificação endoscópica de Los Angeles....................................................... 21 
Tabela 2 Primers utilizados na amplificação dos genótipos de interesse......................... 38 
Tabela 3 Perfil demográfico dos pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico 
(DRGE) infectados e não infectados por H. pylori........................................... 
 
42 
Tabela 4 Achados endoscópicos e escores dos questionários RDQ e RSI nos 30 
pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados e 
não infectados por H. pylori.............................................................................. 43 
Tabela 5 pHmetria de 24h e tratamento prévio contra H. pylori nos 30 voluntários 
com Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados e não 
infectados por H. pylori..................................................................................... 44 
Tabela 6 Caracterização da dispepsia e constipação intestinal nos 30 voluntários com 
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados e não infectados 
por H. pylori...................................................................................................... 45 
Tabela 7 Caracterização da inflamação e atividade inflamatória em pacientes com 
Doençado Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados e não infectados 
por H. pylori...................................................................................................... 46 
Tabela 8 Resultados do histopatológico, urease e marcadores moleculares dos nove 
pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados com 
H. pylori............................................................................................................ 47 
Tabela 9 Resumo dos resultados da grelina ativa, total, ativa/total e leptina em 
pacientes com Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE) infectados (9 
voluntários) e não infectados (21 voluntários) por H. pylori............................ 52 
Tabela 10 Resumo dos achados de espessura e ecogenicidade do ramo direito do 
diafragma crural em pacientes com Doença do Refluxo Gastresofágico 
(DRGE) infectados e não infectados por H. pylori........................................... 57 
Tabela 11 Correlação entre os escores de infecção por Helicobacter pylori com 
empachamento, inflamação, atividade inflamatória e grelina ativa/grelina 
total em 30 pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico...................... 58 
 
 
Tabela 12 Escores de inflamação, atividade, metaplasia, atrofia e presença de H. pylori 
em pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico de acordo com a 
espessura do ramo direito do diafragma crural em diferentes sítios da 
mucosa gástrica................................................................................................. 59 
Tabela 13 Avaliação da presença do gene cagA de H. pylori em pacientes com Doença 
do Refluxo Gastroesofágico de acordo com a espessura do ramo direito do 
diafragma crural................................................................................................ 60 
Tabela 14 Grelina e leptina em pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico de 
acordo com a espessura do ramo direito do diafragma crural........................... 60 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
BAR Barreira Anti-Refluxo 
CNS Conselho Nacional de Saúde 
DC Diafragma Crural 
DNA Ácido desoxirribonucleico 
DRGE Doença do Refluxo Gastroesofágico 
EDA Endoscopia Digestiva Alta 
EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético 
EEI 
ELISA 
EXP 
GOAT 
HCl 
H & E 
H. pylori 
HUWC 
IBP 
IIQ 
IMC 
INSP 
JEG 
NPY 
PCR 
RCF 
RD 
TCLE 
TMI 
UFC 
 
 
Esfincter Esofágico Inferior 
Ensaio de Imunoabsorção Ligado a Enzima 
Expiração 
Grelina O-aciltransferase 
Ácido clorídrico 
Hematoxilina-Eosina 
Helicobacter pylori 
Hospital Universitário Walter Cantídeo 
Inibidor da Bomba de Prótons 
Intervalo interquartil 
Índice de Massa Corpórea 
Inspiração 
Junção Esofagogástrica 
Neuropeptídeo Y 
Reação em Cadeia da Polimerase 
Força Centrífuga Relativa 
Ramo Direito 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
Treinamento Muscular Inspiratório 
Universidade Federal do Ceará 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
 
% Porcentagem 
® 
pg/ml 
ng/ml 
nm 
MHz 
Marca Registrada 
Picograma por mililitro 
Nanograma por mililitro 
Nanômetro 
Megahertz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 18 
1.1 Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE): Conceito e epidemiologia............. 18 
1.1.1 Aspectos clínicos ....................................................................................................... 19 
1.1.2 Aspectos anatômicos e o diafragma crural ............................................................. 21 
1.2 Helicobacter pylori ................................................................................................... 23 
1.2.1 Histórico e características morfológicas.................................................................. 23 
1.2.2 
1.2.3 
1.3 
1.3.1 
1.3.2 
1.4 
2 
2.1 
2.2 
3 
3.1 
3.2 
3.3 
3.4 
3.5 
3.6 
3.7 
3.8 
3.9 
3.10 
3.11 
 
3.12 
3.13 
4 
Epidemiologia ........................................................................................................... 
Diagnóstico e manifestações clínicas ...................................................................... 
Grelina e leptina ...................................................................................................... 
Grelina ...................................................................................................................... 
Leptina ...................................................................................................................... 
Justificativa............................................................................................................... 
OBJETIVOS ............................................................................................................ 
Objetivos gerais ....................................................................................................... 
Objetivos específicos................................................................................................ 
METODOLOGIA ................................................................................................... 
Delineamento, local e período de estudo ............................................................... 
Aspectos éticos.......................................................................................................... 
Critérios de inclusão e exclusão ............................................................................. 
Recrutamento dos pacientes ................................................................................... 
População ................................................................................................................. 
pHmetria de 24 horas .............................................................................................. 
Coleta de sangue ...................................................................................................... 
Endoscopia Digestiva Alta e coleta de biópsias ..................................................... 
Estudo histopatológico ............................................................................................ 
Ecoendoscopia: Medida da espessura e ecogenicidade do diafragma crural..... 
Extração de DNA e Reação em Cadeia da Polimerase para determinação de 
diferentes genótipos de H. pylori............................................................................ 
Dosagem plasmática dos hormônios grelina e leptina ......................................... 
Análise estatística .................................................................................................... 
RESULTADOS ........................................................................................................ 
 23 
 25 
 26 
 26 
 28 
 29 
 30 
 30 
 30 
 31 
 31 
 31 
 31 
 31 
 32 
 32 
 33 
 34 
 34 
 35 
 
 37 
 39 
 40 
 41 
 
 
4.1 
4.1.1 
4.1.2 
 
4.1.3 
4.1.4 
4.1.5 
4.1.6 
 
4.1.7 
4.1.8 
4.1.9 
4.1.10 
 
4.2 
 
 
4.2.1 
 
 
4.2.2 
 
4.2.3 
 
 
4.2.4 
 
5 
6 
Pacientes com DRGE infectados e não infectados por H. pylori.......................... 
Dados demográficos ................................................................................................. 
Achados endoscópicos e sintomas dos pacientes com DRGE infectados e não 
infectados por H. pylori............................................................................................. 
pHmetria de 24h e tratamento prévio contra H. pylori ........................................... 
Dispepsia e constipação intestinal ........................................................................... 
Achados histopatológicos .........................................................................................Estudo histopatológico, urease e marcadores moleculares de pacientes com 
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados por H. pylori................. 
Grelina e leptina ....................................................................................................... 
Espessura do ramo direito do diafragma crural ..................................................... 
Ecogenicidade do ramo direito do diafragma crural .............................................. 
Correlações entre os escores de infecção por H. pylori com empachamento, 
inflamação, atividade inflamatória e grelina ativa/total.......................................... 
Pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico divididos de acordo com a 
espessura do ramo direito do diafragma crural.................................................... 
Estudo histopatológico de biópsias gástricas em pacientes com Doença do 
Refluxo Gastroesofágico de acordo com a espessura do ramo direito do 
diafragma crural....................................................................................................... 
Avaliação dos genes cagA + e cagA- de acordo com a espessura do ramo direito 
do DC......................................................................................................................... 
Níveis de leptina e grelina plasmática em pacientes com Doença do Refluxo 
Gastroesofágico de acordo com a espessura do ramo direito do diafragma 
crural.......................................................................................................................... 
Correlação entre leptina e espessura do ramo direito do diafragma crural em 
pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico................................................ 
DISCUSSÃO ............................................................................................................ 
CONCLUSÃO ......................................................................................................... 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E 
ESCLARECIDO...................................................................................................... 
APÊNDICE B – RESULTADOS INDIVIDUAIS.................................................. 
ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA..... 
 41 
 41 
 
 42 
 43 
 44 
 46 
 
 47 
 48 
 53 
 55 
 
 57 
 
 59 
 
 
 59 
 
 60 
 
 
 60 
 
 61 
 63 
 68 
 69 
 
 75 
 77 
 85 
 
 
ANEXO B – AVALIAÇÃO CLÍNICA PADRONIZADA ..................................... 
ANEXO C – QUESTIONÁRIO DE DOENÇA DO REFLUXO ......................... 
ANEXO D – ÍNDICE DE SINTOMAS DO REFLUXO FARINGO-
LARÍNGEO (RSI).................................................................................................... 
 88 
 91 
 
 92 
 
 
 
 
 
 
18 
1 INTRODUÇÃO 
 
A verdadeira influência da infecção por Helicobacter pylori na patogênese da 
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) apresenta algumas divergências entre os 
pesquisadores, o que torna necessário maior número de estudos controlados que sejam 
capazes de esclarecer esta relação. Xie et al. (2013) realizaram estudo de revisão buscando 
justamente verificar a relação entre H. pylori e DRGE e concluíram existir associação 
negativa entre a infecção bacteriana e a DRGE endoscópica, além disso afirmaram que a 
erradicação da bactéria pode ser considerada fator de risco para doença do refluxo 
principalmente em indivíduos asiáticos (XIE et al., 2013). 
Já Mungan & Şimşek (2017) não verificaram relação entre a presença de DRGE e 
H. pylori após realizar revisão de literatura. Os autores afirmaram o tratamento efetivo da 
bactéria não ter impacto sobre o refluxo, apesar de verificar menor frequência de pessoas com 
esôfago de Barrett e adenocarcinoma de esôfago entre pacientes infectados pela bactéria, 
principalmente pelo gene cagA. Outra situação importante, foi a consideração de tratamento 
antibacteriano principalmente entre os indivíduos que necessitam fazer uso crônico de 
Inibidor da Bomba de Prótons (IBP), devido a atrofia e/ou metaplasia que estes pacientes 
apresentam e que pode ser impactada pelo uso a longo prazo do IBP. Assim, os autores 
concluíram o tratamento contra a H. pylori ser independente da DRGE, com exceção daqueles 
que necessitam fazer uso de IBP a longo prazo (MUNGAN & SIMSEK, 2017). 
 
1.1 Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE): Conceito e epidemiologia 
 
O refluxo gastroesofágico (RGE) pode ser descrito como um fenômeno 
fisiológico de curta duração (< 3 minutos) caracterizado pelo retorno do conteúdo gástrico 
para o esôfago, normalmente no período pós-prandial, e que em pessoas saudáveis provoca 
pouco ou nenhum sintoma (VANDENPLAS et al., 2009). Quando ocorre um rompimento 
destas condições fisiológicas, com estabelecimento de sinais ou sintomas incômodos 
(possivelmente levando a complicações) que podem interferir na qualidade de vida dos 
indivíduos, caracteriza-se conceitualmente o quadro de Doença do Refluxo Gastroesofágico 
(DRGE) (VAKIL et al., 2006). 
 
 
 
 
19 
Com relação a epidemiologia, estudo realizado por El-Serag et al. (2014) em 
revisão sistemática sobre a DRGE, concluiu-se esta doença ser prevalente em todo o mundo 
apresentando variações nas prevalências de acordo com a área geográfica. Considerou-se 
DRGE a presença de pirose e/ou regurgitação pelo menos uma vez por semana (ou por 
diagnóstico clínico ou segundo a definição de Montreal) e se obteve os seguintes valores de 
prevalência: 8,8% – 25,9% na Europa, 18,1% – 27,8% na América do Norte, 2,5% – 7,8% no 
leste da Ásia, 8,7% – 33,1% no Oriente Médio, 23,0% na América do Sul e 11,6% na 
Austrália (EL-SERAG et al., 2014). Já no Brasil, a incidência da DRGE é de 12% 
(aproximadamente 20 milhões de pessoas) e compromete de forma importante a qualidade de 
vida dos pacientes (HENRY, 2014). 
 
1.1.1 Aspectos clínicos 
 
A partir da necessidade de padronização do conceito e manifestações associadas a 
DRGE estabeleceu-se um consenso, realizado em Montreal, a fim de normatizar e facilitar a 
compreensão entre médicos, pesquisadores e agências reguladoras. Neste consenso, as 
manifestações da DRGE foram classificadas em esofágicas e extra esofágicas (VAKIL et al. 
2006). Também se estabeleceu como sintomas característicos a queimação retroesternal 
(referida como azia) e a regurgitação. A esofagite de refluxo, mais referida atualmente como 
esofagite erosiva, foi descrita como a lesão esofágica mais comum (VAKIL et al., 2006; 
BERSTAD & HATLEBAKK, 1995; KLAUSER et al., 1990). 
Assim, os pacientes podem ser diagnosticados a partir de sintomas típicos isolados 
ou pela realização de exames que detectem o refluxo do conteúdo do estômago, como a 
pHmetria ou monitoramento da impedância ou mesmo por exames que verifiquem as 
consequências da DRGE (endoscopia, histopatológico, microscopia eletrônica) com presença 
de manifestações típicas (esofágicas) ou atípicas (extra-esofágicas) (VAKIL et al., 2006). 
Nesse contexto, um estudo moderno associado ao diagnóstico da DRGE foi descrito 
recentemente no Consenso de Lyon, e abordou questões como a interpretação de testes 
esofágicos associados a DRGE, como pode ser verificado na figura 1. 
 
 
 
 
 
 
20 
Figura 1 – Interpretação dos resultados de diferentes exames esofágicos associados a Doença 
do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Legenda: LA – Los Angeles; TEA – Tempo de Exposição Ácida; IBNM: Impedância Basal Noturna Média; 
IOPII: Índice de Onda Peristáltica Induzida por Ingestão pós refluxo; JEG – Junção Esôfago Gástrica; CII: 
Células Inflamatórias Intraepiteliais. Fonte: Gyawali et al., 2018. 
 
O monitoramento através da pHmetria de24h é o método mais confiável para se 
diagnosticar a DRGE, pois avalia diferentes variáveis durante a realização do exame (tempo 
de pH menor que 4 e número de episódios de refluxo, por exemplo) a partir do incentivo ao 
paciente de consumir alimentos que possam provocar a manifestação dos sintomas associados 
a DRGE (RICHTER, 1996). Nesse contexto, também se deve comentar sobre a importância 
da realização da Endoscopia Digestiva Alta (EDA) a fim de diagnosticar os diferentes graus 
de gravidade da DRGE. Com intuito de padronizar e facilitar a comunicação entre os 
profissionais da saúde, estabeleceu-se a classificação endoscópica de Los Angeles, descrita 
atualmente como o melhor validado, reprodutível e preciso para este fim (SAMI & 
RAGUNATH, 2013). Este sistema de classificação teve sua forma final publicada em 1999, 
como pode ser verificado na tabela 1 (LUNDELL et al., 1999). 
 
 
 
EVIDÊNCIAS CONCLUSIVAS DE 
REFLUXO PATOLÓGICO 
EVIDÊNCIAS 
INCONCLUSIVAS 
EVIDÊNCIA ADJUNTA OU 
DE APOIO 
EVIDÊNCIA CONTRA 
REFLUXO PATOLÓGICO 
Esofagite graus C e D de LA 
Barrett longo 
Estenose esofágica péptica 
Esofagite graus A e 
B de LA 
Histopatologia (escores) 
Microscopia eletrônica (CII) 
Baixa impedância mucosa 
 
TEA > 6% 
TEA 4% - 6% 
40 – 80 Episódios de 
refluxo 
Associação de sintomas de 
refluxo 
Episódios de refluxo > 80 
Baixa IBNM e IOPII 
Baixo PSPWI 
Hipotensão JEG 
Hérnia hiatal 
Hipomotilidade esofágica 
TEA < 4% 
Menos de 40 episódios 
de refluxo 
ENDOSCOPIA pH ou pH - IMPEDÂNCIA MANOMETRIA 
 
21 
Tabela 1 – Classificação endoscópica de Los Angeles 
Grau A Uma ou mais erosões menores do que 5mm 
Grau B Uma ou mais erosões maiores do que 5 mm em sua maior extensão, não contínuas 
Grau C 
Erosões contínuas (ou convergentes) entre os ápices de pelo menos 2 pregas, 
envolvendo menos que 75% do órgão 
Grau D Erosões ocupando pelo menos 75% da circunferência do órgão 
Fonte: LUNDELL et al., 1999. 
 
1.1.2 Aspectos anatômicos e o diafragma crural 
 
 O esôfago estende-se desde a faringe até as vértebras C5-C6, na junção 
esofagogástrica (BOYCE & BOYCE Jr., 1999). Trata-se de um órgão condutor oco formado 
por camadas mucosa e muscular (tanto liso como estriado) (LOBATO et al., 2001). Tem como 
função conduzir o alimento da cavidade oral até o estômago além de impedir o retorno do 
conteúdo gástrico do estômago, contando para isso com a importante participação do esfíncter 
esofágico inferior (EEI) (BORJA, 2015). Na porção superior apresenta o esfíncter esofágico 
superior formado por tecido muscular estriado e já na parte inferior o esfíncter esofágico 
inferior, composto por tecido muscular liso (FIGUEIREDO & JACOB, 2002). Grande parte 
dos episódios de refluxo se dá durante relaxamento transitório espontâneo e não adequado do 
EEI em momentos não relacionados com a deglutição ou peristalse do esôfago (ORLANDO, 
2008). 
A barreira anti-refluxo (BAR) é um componente fisiológico que impede o retorno 
do conteúdo gástrico para o esôfago. Esta barreira apresenta como elementos principais: EEI, 
o diafragma crural (DC), o ângulo de His e o ligamento freno-esofágico (VANDENPLAS et 
al., 2009). Destes, pode-se citar como de grande relevância a ação conjunta do EEI e do DC, 
pois exercem zona de alta pressão na BAR e, consequentemente, evitam ocorrer o contato do 
conteúdo do estômago com o esôfago (BOECKXSTAENS, 2005). 
O DC pode ser descrito como espécie de esfíncter externo na junção 
esofagogástrica (JEG) e dessa forma atua de maneira relevante juntamente a BAR, estando 
diretamente ligado a DRGE (MITTAL, 1988). Como se trata de um músculo estriado, sua 
função poderia ser modificada por treinamento muscular inspiratório (TMI) (SOUZA et al., 
2013). Outros autores já verificaram o aumento da força do diafragma em outros contextos 
clínicos (BAILEY et al., 2010; KODRIC et al., 2013). Normalmente, as contrações do DC 
estão relacionadas com a respiração, por exemplo, na inspiração ocorre um aumento de 10 -
 
22 
20mmHg na pressão da JEG e na inspiração profunda esse aumento é de 50 – 150 mmHg 
(MITTAL & BALABAN, 1997). 
Em 2013, Souza et al. realizaram em nosso laboratório um treinamento muscular 
inspiratório (TMI) em pacientes com DRGE. Avaliou-se através de manometria e pHmetria 
antes e após o TMI e constatou-se um aumento da pressão da JEG, diminuição da progressão 
proximal do refluxo gastroesfágico bem como uma redução dos sintomas da DRGE. Este 
estudo concluiu que alguns pacientes com DRGE podem apresentar falha do DC e que o TMI 
poderia ser utilizado como tratamento adicional aos métodos já estabelecidos. 
A pressão inspiratória na JEG é menor em pacientes com DRGE em comparação 
com indivíduos saudáveis, bem como os doentes não aumentam a pressão na junção mesmo 
durante esforço inspiratório (SOUZA et al., 2013; SOUZA et al., 2017). Estudos prévios já 
observaram que pacientes com esofagite apresentavam o DC crural mais fino e com 
deficiência funcional quando comparados ao grupo controle (sem esofagite), o que remete a 
uma possível atrofia do músculo esquelético desses pacientes. Os pesquisadores estudaram a 
porção direita do diafragma crural através de ultrassom endoscópico e verificaram uma 
diferença significativa entre as espessuras do DC dos pacientes com esofagite (0,37 ± 0,03 
cm, n = 20) em comparação com os controles (0,49 ± 0,04 cm, n = 13) (p < 0,02). Estes 
resultados fundamentam a possibilidade da existência de uma deficiência muscular 
esquelética do diafragma crural de pacientes com DRGE, o que poderia indicar a necessidade 
da realização de exercícios físicos como possível forma de tratamento (SOUZA et al., 2017). 
Borja (2015) realizou estudo transversal em 404 pacientes atendidos pelo setor de 
endoscopia do Hospital Universitário Walter Cantídio. Buscou medir a pressão inspiratória 
máxima através do manovacuômetro e relacioná-la com sintomas associados a DRGE. 
Embora o déficit da pressão inspiratória máxima não tenha apresentado associação com 
esofagite, pirose e regurgitação, alguns sintomas atípicos como disfagia e excesso de muco na 
garganta ou nariz se associaram de forma significativa com o déficit da pressão inspiratória 
máxima. 
 
 
 
 
 
 
 
23 
1.2 Helicobacter pylori 
 
1.2.1 Histórico e características morfológicas 
 
Em estudo publicado na revista Lancet, Marshall & Warren (1984) relataram a 
observação de microrganismos em formato de espiral ou bacilos recurvados em quase todos 
os pacientes com gastrite ou úlcera gástrica, fato que poderia ser possível explicação para a 
etiologia destas doenças. Em 1985, Marshall et al publicaram um trabalho que buscava 
cumprir o postulado de Koch. Marshall, que apresentava mucosa gástrica normal, ingeriu uma 
suspensão de H. pylori, fato que levou ao aparecimento de gastrite detectada através de 
análise histológica. A partir daí, descreveu-se a bactéria como causadora da gastrite aguda e 
propôs que outras desordens crônicas poderiam estar associadas ao microrganismo, como por 
exemplo a úlcera péptica (MARSHALL et al., 1985). Diante de tão importante contribuição 
científica para o mundo, Marshall e Warren foram agraciados com o prêmio Nobel de 
Fisiologia ou Medicina em 2005 (DER WEYDEN, ARMSTRONG & GREGORY, 2005). 
Etimologicamente, o termo Helicobacter pylori surgiu da raiz das palavras helix, 
que significa espiral, bacter que é definido como bastonete e por fim, pylorus que se refere à 
parte inferior do estômago (MURRAY et al., 2006). Trata-se de bactéria gram negativa, com 
formato encurvado, microaerófilo, medindo cerca de 0,5µm de largura por 3,0µm de 
comprimento e com formato cocóide em culturas antigas (MARSHALL & WARREN, 1984). 
A infecção por esta bactéria é considerada uma das mais comuns em seres humanos, podendo 
ser a responsável por desordens digestivas como a gastrite crônica, úlcera péptica e câncer 
gástrico (COELHO et al., 2018).1.2.2 Epidemiologia 
 
Com relação a epidemiologia, segundo estudo realizado por Eusebi et al. (2014) 
através de pesquisas em bases de dados (Medline e PubMed) no período de abril de 2013 a 
março de 2014, verificou-se que a prevalência da bactéria H. pylori pode ser considerada 
elevada na maioria dos países. Os autores relataram que aproximadamente um terço das 
populações norte americana e norte europeia estão infectadas enquanto a prevalência na 
América do Sul, Ásia, sul e leste da Europa é maior que 50%. Além disso, os autores 
verificaram prevalência mais baixa da infecção em indivíduos mais jovens, fato que pode 
sugerir redução das taxas de contaminação nas próximas décadas (EUSEBI et al., 2014). Hu, 
 
24 
Zhu e Lu (2017) também publicaram recentemente mapa ilustrando as prevalências da 
infecção por H. pylori ao redor do mundo, como pode ser verificado na figura 2. 
 
Figura 2: Mapa representando as prevalências de infecção por H. pylori em diferentes 
populações mundiais. 
 
 
Fonte: Hu, Zhu e Lu, 2017. 
 
Estudo realizado por Rodrigues et al. (2005) avaliou a prevalência de infecção por H. 
pylori em uma amostra randomizada de uma comunidade de baixa renda da cidade Fortaleza, 
Ceará. Nesta pesquisa, os autores obtiveram uma taxa de prevalência de 62,9% (384/610) e o 
valor da taxa de infecção aumentou de forma significativa com a idade (p < 0,0001), sendo 
73,3% em voluntários de 11 a 20 anos e 87% naqueles com aproximadamente 60 anos. A 
pesquisa de H. pylori foi realizada usando 13C-uréia nos indivíduos com menos de 14 anos e 
e ELISA (Ensaio Imunoenzimático) para aqueles acima desta idade. 
No que se refere a transmissão, que apresenta influência direta na epidemiologia da 
doença, pode-se afirmar que a via exata de contaminação permanece indefinida. Apesar disso, 
estudos indicam que a transmissão pessoa a pessoa através do contato fecal-oral ou oral-oral 
são as mais prováveis. Além disso, pesquisadores também apontam para a transmissão 
ambiental, através de alimentos ou água contaminados. O conhecimento destas formas de 
propagação são de grande relevância pois podem nortear medidas profiláticas e de controle da 
 
25 
infecção (MLADENOVA & DURAZZO, 2018). 
 
1.2.3 Diagnóstico e manifestações clínicas 
 
No que se refere ao diagnóstico da H. pylori, a EDA é uma técnica invasiva essencial 
para a coleta de biópsias para realização dos testes rápido da urease, histopatológico e cultura. 
Já com relação as técnicas não invasivas, pode-se mencionar o teste respiratório com ureia 
marcada com isótopos de carbono (13C e 14C), pesquisa de anticorpos no sangue através de 
testes sorológicos ou pesquisa de antígenos em amostras fecais (HpSA) (CUTLER, PRASAD 
& SANTOGADE, 1998; CHODOS et al., 1988). 
A Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) é outra técnica que pode ser utilizada para 
diagnosticar a infecção, embora não seja utilizada na prática clínica, é frequentemente 
utilizada em instituições de pesquisa, pois evidencia através da análise genética a diferença de 
patogenicidade entre as cepas bacterianas. Tem como vantagens utilizar diferentes tipos de 
amostras para análise, como biópsia gástrica, suco gástrico, saliva e fezes. Além disso, requer 
pequenos fragmentos de amostra para identificar a presença das bactérias (GARZA-
GONZÁLEZ et al., 2014). Como pontos desfavoráveis, pode-se citar o alto custo com 
equipamentos e reagentes necessários a realização da técnica. 
Com relação as manifestações patológicas, o H. pylori apresenta grande importância 
clínica na gênese de diferentes alterações gástricas, principalmente correlação com lesões 
precursoras do câncer gástrico (metaplasia intestinal e gastrite atrófica). Familiares de 
primeiro grau de pacientes com câncer gástrico tem maior risco de apresentar esta doença. 
Nesse sentido, Motta (2004) avaliou a presença de lesões precursoras do câncer e infecção por 
H. pylori em familiares de pacientes com câncer gástrico e em controles (sem história 
familiar). Segundo os resultados de Motta, a metaplasia incompleta (p = 0,001) e a displasia 
(p = 0,025) foram mais significantes no grupo com história familiar. O autor concluiu que 
voluntários com histórico familiar de câncer gástrico tem maior prevalência de alterações 
histopatológicas confinadas a presença do H. pylori (MOTTA, 2004). 
Além das já conhecidas alterações gástricas (gastrite, úlcera, câncer), pode-se 
mencionar o fato da H. pylori estar negativamente associada ao crescimento de crianças 
infectadas (ERDEMIR et al., 2015). Uma das hipóteses utilizadas para explicar esses achados, 
seria os efeitos da infecção bacteriana em substâncias como leptina e obestatina, o que sugere 
a influência da infecção bacteriana com a regulação da homeostase do apetite e da energia 
(ROMO-GONZÁLEZ et al., 2017). Revisão sistemática realizada por Nweneka & Prentice 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Mladenova%20I%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=29458239
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Durazzo%20M%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=29458239
 
26 
(2011) concluiu que os níveis de grelina circulante são significativamente menores em 
indivíduos infectados em comparação aos não infectados pelo H. pylori (NWENEKA & 
PRENTICE, 2011). Apesar destes achados, ainda permanecem muitas controvérsias sobre a 
etiologia do retardo do crescimento e maior número de estudos se faz necessário a fim de 
esclarecer estas hipóteses. 
 
1.3 Grelina e leptina 
 
A grelina e a leptina podem ser consideradas como responsáveis, pelo menos em 
parte, pelo controle do apetite e consumo energético e a colonização por H. pylori pode 
interferir nessa regulação. François et al. (2011) realizaram um estudo verificando a influência 
da erradicação do H. pylori nos níveis séricos de leptina e grelina e constataram que os níveis 
de grelina acilada pós prandial foram quase seis vezes maiores após a erradicação do que 
quando comparado com os níveis pré-tratamento (p < 0,005) e os níveis medianos de leptina 
também aumentaram significativamente (p < 0,001). Assim, os autores puderam concluir que 
os níveis de leptina e grelina (associados a uma refeição) bem como o IMC (Índice de Massa 
Corporal) mudaram de forma significativa após tratamento contra H. pylori. Estes achados 
fundamentam a hipótese de que a infecção bacteriana influenciaria os níveis desses hormônios 
e consequentemente exerceria efeitos na morfometria corporal (FRANÇOIS et al., 2011). 
 Além disso, alguns estudos apontam para a relação entre leptina e grelina com a 
DRGE ou mesmo com esôfago de Barrett. Rubenstein et al. (2013) realizou um estudo caso 
controle e verificou que a leptina foi associada positivamente ao esôfago de Barrett, 
principalmente em homens com DRGE. Por outro lado, observaram que a grelina foi 
inversamente associada a DRGE e positivamente associada ao esôfago de Barrett. Assim, o 
papel da leptina e grelina pode ser de relevância em estudos que envolvam tanto a DRGE 
como infecções por H. pylori. 
 
1.3.1 Grelina 
 
A grelina é um hormônio gastrointestinal que foi identificado pela primeira vez no 
estômago de ratos por Kojima et al. (1999). Recebeu este nome devido a sua atividade de 
promover o aumento da secreção do Hormônio do Crescimento, ghre tem raiz Proto-Indo-
Europeu, da palavra “crescer” (KOJIMA et al. 1999). 
A grelina é produzida de forma predominante pelo estômago, entretanto alguns 
 
27 
estudos apontam para produção de quantidades inferiores pelo intestino, hipotálamo, hipófise, 
pâncreas, pulmão, rim e placenta (OSAWA, 2008). Se atribui alguns efeitos fisiológicos a este 
hormônio, como por exemplo, secreção do hormônio de crescimento, estímulo do apetite, 
adiposidade, resposta a fome dentre outros (HOUGLAND, 2019). 
 Este hormônio apresenta 28 aminoácidos distribuídos em sequência e é produzido 
principalmente nas glândulas oxínticas do estômago. Inicialmente,a grelina é expressa como 
um polipeptídeo que sofre vários processamentos até chegar ao estágio final. A precursora 
preprogrelina apresenta um peptídeo sinal de secreção que é retirado por uma peptidase de 
sinal (do retículo endoplasmático) para produzir a progrelina, Em seguida, a progrelina é 
modificada com ácido octanóico pela enzima GOAT (Grelina O-aciltransferase) formando a 
acyl progrelina que passa finalmente por uma clivagem proteolítica formando a grelina 
acylada madura com 28 aminoácidos. Como pode ser verificado na figura 3, a grelina acylada 
pode sofrer ação de esterases circulantes transformando-se em desacyl grelina (HOUGLAND, 
2019; KOJIMA et al. 1999). 
 
Figura 3: Processo de formação da grelina. 
 
Fonte: Hougland, 2019. 
 
 
 
 
28 
1.3.2 Leptina 
 
A palavra leptina vem do termo grego leptos, que significa “fina”, oriundo do 
gene lep (localizado no cromossomo 7) responsável pela transcrição de um peptídeo de 167 
aminoácidos e peso molecular de 16kD (DENVER, BONETT & BOORSE, 2011; 
MUNZBERG & MORRISON, 2015). Trata-se de peptídeo produzido principalmente pelo 
tecido adiposo e distribuído para a circulação. Apresenta relação diretamente proporcional 
com o tecido adiposo e sinaliza ao cérebro sobre o armazenamento energético (SCHWARTZ 
et al., 1996; MUNZBERG & MORRISON, 2015). O jejum reduz os níveis séricos de leptina 
enquanto a alimentação e obesidade aumentam (AHIMA et al., 1996). 
A leptina age sobre as células neurossecretoras anorexígenas provocando a 
secreção do α-MSH (hormônio estimulante de melanócitos), que atua nos neurônios de 
segunda ordem (localizados no hipotálamo) estimulando a produção de sinais de redução da 
ingestão e aumento da metabolização. Leptina também tem atuação sobre células orexígenas 
inibindo o NPY (neuropeptídeo Y), reduzindo o sinal de aumento da ingestão (GUYTON & 
HALL, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
1.4 Justificativa 
 
 Nosso grupo de pesquisa verificou redução da espessura do ramo direito do DC 
em pacientes com esofagite de refluxo quando comparado ao grupo controle (sem esofagite). 
Este estudo foi realizado através da análise de imagens estáticas obtidas através da 
ecoendoscopia (SOUZA et al. 2017). Além disso, observamos aumento da pressão da JEG 
bem como redução da progressão proximal do refluxo e dos sintomas associados em pacientes 
com DRGE após treinamento muscular inspiratório (SOUZA et al. 2013). Esses achados 
sustentam a hipótese da existência de possível deficiência muscular esquelética no DC destes 
pacientes. 
 Yang et al (2019) verificaram a leptina ser capaz de induzir perda muscular em 
um modelo de carcinoma hepatocelular em zebrafish, apontando para a sinalização da leptina 
como potencial novo alvo terapêutico para pacientes com câncer e perda muscular. Este 
achado despertou interesse do nosso grupo para pesquisar a possível relação entre leptina e 
perda muscular do DC em pacientes com DRGE. Além disso, estudos prévios já apontaram 
para relação entre os hormônios leptina e grelina com DRGE e esôfago de Barrett 
(RUBENSTEIN et al., 2013). 
 Por tratar-se de pesquisa inovadora onde pouco se conhece a respeito da 
fisiopatologia da falha do diafragma crural, nosso grupo também buscou estudar a possível 
influência da infecção por H. pylori em um grupo de pacientes com DRGE. Fundamentando-
se para isso justamente na já conhecida relação entre hormônios leptina e grelina e infecção 
bacteriana (ROMO-GONZÁLEZ et al., 2017; MANTERO et al., 2018; ERDEMIR et al., 
2015). Logo, o presente estudo buscou determinar os níveis plasmáticos de leptina e grelina 
bem como avaliar a espessura e ecogenicidade do ramo direito do diafragma crural em 
pacientes com DRGE infectados e não infectados pelo H. pylori. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivos Gerais 
 
Avaliar a espessura e ecogenicidade do ramo direito do diafragma crural em 
pacientes com Doença do Refluxo Gastroesfágico (DRGE) com e sem infecção por 
Helicobacter pylori. 
Medir os níveis plasmáticos de grelina e leptina em pacientes com Doença do 
Refluxo Gastroesfágico (DRGE) com e sem infecção por Helicobacter pylori. 
 
 
2.2 Objetivos Específicos 
 
 Medir a espessura da porção direita do diafragma crural em indivíduos com 
DRGE com e sem infecção por Helicobacter pylori. 
 Medir a ecogenicidade da porção direita do diafragma crural em indivíduos 
com DRGE com e sem infecção por Helicobacter pylori. 
 Verificar os níveis plasmáticos de leptina em pacientes com DRGE com e sem 
infecção pelo H. pylori. 
 Verificar os níveis plasmáticos de grelina em pacientes com DRGE com e sem 
infecção pelo H. pylori. 
 Verificar se existe associação entre o gene cagA da bactéria H. pylori com a 
espessura do ramo direito do diafragma crural. 
 Correlacionar os níveis hormonais de leptina e grelina com as medidas de 
espessura do ramo direito do diafragma crural em pacientes com DRGE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
3 METODOLOGIA 
 
3.1 Delineamento, local e período de estudo 
 
Trata-se de um estudo transversal, onde os pacientes foram recrutados no setor de 
endoscopias e no ambulatório de cirurgia digestiva do Hospital Universitário Walter Cantídio 
(HUWC) e encaminhados para o Laboratório de Gastroenterologia da Universidade Federal 
do Ceará (UFC), no Centro de Biomedicina, local onde foi realizado o atendimento inicial 
destes pacientes. O estudo aconteceu no período de maio de 2017 a novembro de 2018. 
 
3.2 Aspectos éticos 
 
 A pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa em 
Humanos da Universidade Federal do Ceará (UFC), de acordo com as determinações éticas da 
Resolução do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas com seres humanos (CNS, 2013), 
tendo sido aprovada sob o número do parecer 2.048.803. 
 
3.3 Critérios de inclusão e exclusão 
 
Foram incluídos pacientes de ambos os sexos, de 23 a 74 anos, com ou sem 
esofagite de refluxo graus A, B, C ou D (Classificação endoscópica de Los Angeles) desde 
que apresentassem pHmetria de 24 horas com fração de tempo total de refluxo (%) maior ou 
igual a 4,2. 
Foram excluídos pacientes com: Hipotireoidismo não controlado; grávidas 
(KASAI et al., 2016); portadores de diabetes mellitus (KASAI et al., 2016); obesidade (IMC 
> 35); distúrbio cognitivo ou psiquiátrico que dificultasse a colaboração com o estudo; 
insuficiência renal ou hepática (KASAI et al., 2016); estado caquético incluindo câncer 
avançado (KASAI et al., 2016); tivesse realizado tratamento contra H. pylori há menos de seis 
meses do estudo e fizesse uso de corticoides orais. 
 
3.4 Recrutamento dos pacientes 
Os pacientes foram recrutados no Ambulatório de Cirurgia Digestiva e no Setor de 
Endoscopia do Hospital Universitário Walter Cantídio, Universidade Federal do Ceará. 
 
32 
Inicialmente, aplicou-se um questionário de avaliação clínica padronizada contendo questões 
sobre doenças prévias, medicamentos e hábitos de vida, além de questões envolvendo 
dispepsia/constipação – Anexo B; em seguida, aplicou-se o Questionário de Diagnóstico do 
Refluxo (RDQ) – Anexo C (SHAW et al., 2001) e por fim o questionário de Índice de 
Sintomas do Refluxo laringo-faríngeo (RSI) – Anexo D (BELAVISKY, POSTMA, e 
KOUFMAN, 2002). Caso o paciente apresentasse esofagite erosiva (graus A, B, C ou D) 
verificado em laudo endoscópico ou sintomas típicos da DRGE (pirose/regurgitação), este era 
convidado a participar da pesquisa e, caso aceitasse, assinava o termo de consentimento livre 
e esclarecido (TCLE). Neste primeiro momento, caso o paciente estivesse fazendo uso de: 
Inibidores da bomba de prótons, bloqueadores do receptor H2 (histamina) e medicamentos 
que alterem diretamente a motilidade gástrica, por exemplo, domperidona e metoclopramida, 
se solicitava a suspensão do uso do medicamento para posterior realizaçãodos exames de 
pHmetria e EDA. 
Após este contato inicial, era agendado um dia para realização da pHmetria de 
24horas e apenas aqueles que apresentassem uma fração de tempo total de refluxo (%) maior 
ou igual a 4,2 eram incluídos no estudo. 
 
3.5 População 
 
Os pacientes com DRGE foram divididos em dois grupos, de acordo com os 
resultados do histopatológico e urease: Helicobacter pylori positivo (9 pacientes) ou 
Helicobacter pylori negativo (21 pacientes). O voluntário foi considerado positivo quando 
apresentou achados de positividade pelo estudo histopatológico (presença da bactéria nas 
lâminas analisadas microscopicamente) e mudança de cor no teste da urease. 
 
3.6 pHmetria de 24 horas 
 
Para a avaliação do refluxo gastroesofágico utilizou-se o aparelho de impedância 
multicanal intraluminal AL-4 – Alacer Biomédica, São Paulo ou aparelho Ohmega System, 
MMS-Medical Meansurement Systems B.V., Holanda. Cada aparelho possuía sua sonda 
específica contendo sensor de pH e antes de cada exame procedeu-se a calibração do 
equipamento seguindo as instruções conforme software do equipamento. 
 
33 
Após localização do EEI por manometria esofágica de alta resolução, realizou-se 
a sondagem do paciente com o cateter de impedanciopHmetria por via transnasal, sob 
anestesia tópica, de forma que o sensor de pH fosse posicionado 5 cm acima do bordo 
superior do esfíncter esofágico inferior. Depois de fixada a sonda, marcava-se o tempo e o 
exame era iniciado com o objetivo de verificar o conteúdo refluído do estômago para o 
esôfago durante aproximadamente 24 horas. Em seguida, eram prestadas as devidas 
orientações ao paciente (recomendava-se que realizasse pelo menos 4 refeições durante o 
período do exame) e entregue um diário, onde o voluntário deveria anotar os horários, 
quantidade e descrição dos alimentos ingeridos. Por fim, recomendava-se ao paciente que 
anotasse os horários de mudanças de decúbito e quaisquer sintomas que por ventura pudesse 
sentir durante o período do exame. 
No dia seguinte, o voluntário comparecia ao laboratório de Gastroenterologia para 
retirada da sonda. Os exames eram gravados no coletor portátil e os valores medidos 
transferidos e armazenados em um banco de dados para posterior análise. 
 
3.7 Coleta de sangue 
 
Após confirmação da DRGE través da pHmetria de 24h, o paciente foi convidado 
a comparecer a Unidade de Pesquisa Clínica da Universidade Federal do Ceará a fim de 
realizar a coleta de sangue para dosagem de leptina e grelina. O paciente comparecia ao 
laboratório em dia e horário previamente agendados e com tempo médio de jejum de 12 
horas, sendo a coleta realizada no período da manhã. 
Na sala de coleta, iniciava-se o procedimento de coleta das amostras de sangue em 
tubos devidamente etiquetados contendo EDTA (Ethylenediamine tetraacetic acid). Em 
seguida, os tubos eram homogeneizados e submetidos a centrifugação a 2500 RCF, por 15 
minutos a 4°C para a retirada do sobrenadante (segundo orientações da bula do kit de ELISA 
Millipore Corporation® para dosagem dos analitos de interesse). O material biológico foi 
mantido em gelo durante todo transporte e armazenado em tubos tipo eppendorf® até que 
fosse estocado em freezer a -80°C para posterior análise. 
 
 
 
 
 
34 
3.8 Endoscopia Digestiva Alta e coleta de biópsias 
 
A coleta de biópsias foi realizada a partir da padronização de um mapa que foi 
seguido durante toda a realização deste estudo (modificação protocolo de Dixon et al. 1996). 
Foram retirados cinco fragmentos de biópsia para análise histopatólogica (antro pequena 
curvatura, antro grande curvatura, incisura angular, corpo pequena curvatura e corpo grande 
curvatura), dois para PCR (antro pequena curvatura e corpo pequena curvatura) e um para 
urease (antro grande curvatura). 
Com relação a urease, a biópsia coletada era imediatamente adicionada em tubo 
contendo ureia e indicador de pH e a leitura da coloração era feita após 24h. Considerou-se 
positivo os casos onde houve mudança da cor amarela para vermelho e negativo quando o 
líquido permanecia amarelo (DAS et al., 1987). 
 
 
3.9 Estudo Histopatológico 
 
 As biópsias gástricas (antro pequena curvatura – AP; antro grande curvatura – 
AG; incisura algular; corpo pequena curvatura – CP; corpo grande curvatura - CG) coletadas 
durante a endoscopia foram conservadas em formol até que fossem encaminhadas e 
transportadas para o setor de patologia da Universidade Federal do Ceará. 
 Todas as lâminas foram analisadas de forma cega e por um único médico 
patologista (L. M. F.) do setor de Patologia da Universidade Federal do Ceará. A coloração 
utilizada em todas as lâminas foi a Hematoxilina-Eosina (H&E). Foram avaliados os seguintes 
critérios no estudo microscópico: Inflamação (células mononucleares), atividade inflamatória 
(neutrófilos), metaplasia, atrofia e presença ou não de Helicobacter pylori. Atribuiu-se escores 
de acordo com a intensidade dos achados, a saber: Normal (0), leve (1), moderado (2) e 
marcado (3). Os critérios avaliados no presente estudo estão de acordo com protocolo de 
Dixon et al. (1996), como pode ser verificado na figura 4. 
 
 
 
 
 
 
 
35 
Figura 4: Atualização do sistema Sydney de classificação e gradiente de gastrite. 
 
Fonte: DIXON et al., 1996. 
 
3.10 Ecoendoscopia: Medida da espessura e da ecogenicidade do diafragma crural 
 
Os pacientes foram submetidos a realização de uma ecoendoscopia no Serviço de 
Endoscopia do Hospital Universitário Walter Cantídio e com o mesmo avaliador em todas os 
procedimentos (M. A. N. S.). Foi utilizado equipamento ecoendoscópio com transdutor radial 
(SU-8000; Fujifilm Corporation, Tóquio, Japão) com 11 mm de diâmetro. 
Após a intubação esofágica, o transdutor de ultrassom foi mantido na junção 
esofagogástrica de forma a se visualizar a porção crural do diafragma entre a parede do 
esôfago e a aorta. O DC foi identificado anterior a aorta e em imagens estáticas de seções 
transversais ao longo do comprimento crus direito para definir a “espessura” do diafragma 
crural de cada indivíduo (figura 5), em duas imagens captadas durante a expiração e duas na 
inspiração (protocolo modificado de NOBRE, 2014). 
 As imagens endoscópicas foram analisadas por um outro avaliador (M. C. A.), 
que não saiba a qual grupo correspondia cada uma das imagens, num ensaio cego. Foi 
utilizado como ferramenta de medida de comprimento um software de análise DICOM 
 
36 
(RadiAnt® Viewer 64bit) e considerada a média de três medições, em pontos 
aproximadamente equidistantes, como pode ser verificado na figura 5 (protocolo modificado 
de NOBRE, 2014). 
 
Figura 5: Medida da espessura da porção direita do diafragma crural em imagem de secção 
transversal captada por ecoendoscopia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Própria, 2019. 
 
 A ecogenicidade foi definida como a média da intensidade da escala de cinza em todos 
os pixels da região de interesse (protocolo modificado de NOBRE, 2014). A análise foi 
realizada com as mesmas imagens utilizadas para medir a espessura tanto na inspiração como 
na expiração do ramo direito do diafragma crural e utilizando um programa de processamento 
de imagens, o Image J. Este programa é baseado no sistema de processamento de imagens 
Java inspirado NHI Image, e tem sido aplicado em diferentes tipos de análises inclusive 
estudos envolvendo neurociência (IMAGE J.NET, 2019; AAKALU et al., 2001). 
A medida da ecogenicidade foi realizada em aproximadamente toda a extensão do 
diafragma crural captada pela imagem (ROI – Region of interest), e apresentava área variável 
de acordo com cada paciente. Utilizou-se ferramenta “freehand selections” do programa 
Image J, a fim de cobrir toda área referente ao músculo e assim obter a melhor 
representatividade possível das médias da intensidade da escala cinza em todos os pixels daárea de interesse. Quanto menor o valor numérico mais escuro na escala de cinza, e quanto 
 
37 
maior, mais claro. A média dos elementos era então calculada e definida no presente estudo 
como sendo o grau de ecogenicidade do ramo direito do diafragma crural (protocolo 
modificado de NOBRE, 2014). (Figura 6). 
 
Figura 6: Medida da ecogenicidade da porção direita do diafragma crural em imagem de 
secção transversal captada por ecoendoscopia. 
 
 
Fonte: Própria, 2019. 
 
3.11 Extração de DNA e Reação em Cadeia da Polimerase para determinação de 
diferentes genótipos de H. pylori 
 
Foi realizada a extração de DNA (ácido desoxirribonucleico) de duas biópsias 
gástricas de cada paciente (antro pequena curvatura e corpo pequena curvatura) utilizando o 
Kit de extração QIAmp DNA Mini kit #51306 QUIAGEN, seguindo as normas e 
recomendações dos fabricantes no que se refere ao processamento, análise e interpretação dos 
resultados. As biópsias foram inicialmente processadas pela adição de tampões e trituradas em 
equipamento com lâminas rotativas Polytron®, para que em seguida as amostras fossem 
incubadas em banho-maria a 56° por 24h. No dia seguinte, após a digestão do material, 
procedeu-se a etapa de lise celular e por fim as eluições em coluna. O material foi analisado e 
quantificado no espectrofotômetro NanoDrop® a fim de avaliar a quantidade de DNA 
extraído. As amostras foram congeladas a -20°C até a realização da Reação em Cadeia da 
 
38 
Polimerase (método qualitativo). 
Após a etapa de extração, o DNA extraído foi amplificado em termociclador (My 
Cycler – Bio-Rad, USA®) pela ação da enzima Go Taq® Green Master Mix (Promega®) e da 
adição de primers específicos de interesse (tabela 2), sendo que as reações ocorreram de 
forma separada para cada marcador. As amostras amplificadas foram posteriormente 
adicionadas em gel de agarose 2%, corado com brometo de etídio, para realização da corrida 
eletroforética. Em seguida, o gel foi processado em transluminador com luz ultravioleta para 
visualização das bandas e interpretação dos resultados. Para controle de cada análise e para 
monitorar possíveis contaminações, utilizou-se um controle positivo e um negativo para cada 
marcador genético utilizado. 
 
Tabela 2: Primers utilizados na amplificação dos genótipos de interesse. 
PRIMER SEQUÊNCIA 
(5’ – 3’) 
PARES DE 
BASE 
REFERÊNCIA 
Cag A – F 
Cag A - R 
VacA s1 – F 
VacA s1 - R 
VacA s2 – F 
VacA s2 - R 
ATAATGCTAAATTAGACAACTTGAGCGA 
 
TTAGAATAATCAACAAACATCACGCCAT 
 
ATGGAAATACAACAAACACAC 
 
 CTGCTTGAATGCGCCAAAC 
 
ATGGAAATACAACAAACACAC 
 
 CTGCTTGAATGCGCCAAAC 
298pb 
 
 
259pb 
 
 
 
286pb 
 
 
Covacci & Rappuoli, 1996 
 
 
 
Atherton et al. 1995 
 
 
 
Atherton et al. 1995 
VacA m1 – F 
VacA m1 - R 
GTAATGGTGGTTTCAACACC 
 TAATGAGATCTTGAGCGCT 
290pb Atherton et al. 1995 
VacAm2 – F 
VacAm2 - R 
GGAGCCCCAGGAAACATTG 
CATAACTAGCGCCTTGCAC 
 
352pb Atherton et al. 1995 
 
Fonte: Própria, 2019. 
 
 
 
 
 
39 
3.12 Dosagem plasmática dos hormônios grelina e leptina 
 
 A avaliação hormonal foi realizada pelo ensaio ELISA, Enzyme-Linked 
Immunosorbent Assay (Ensaio de Imunoabsorção Ligado a Enzima). Utilizou-se os kits 
Human Ghrelin (Active) EZGRA-88K (Millipore Corporation®) para dosagem de grelina 
ativa; Human Ghrelin (Total) EZGRT-89K (Millipore Corporation®) para dosagem de grelina 
total; Human Leptin EZHL-80SK (Millipore Corporation®) para dosagem de leptina. 
 Com relação dosagem da grelina ativa, realizou-se ensaio ELISA tipo 
sanduíche, com a detecção de moléculas de grelina ativa nas amostras de plasma dos 
pacientes através de reação com mistura de anticorpos de captura e detecção (1:1). 
Aguardava-se duas horas em um agitador de placas de microtitulação (temperatura ambiente) 
para que a reação ocorresse. Posteriormente, foi feita a lavagem dos poços da placa de ELISA 
e em seguida se realizou a adição da enzima peroxidase, que deveria ficar 30 minutos em 
agitador de placas. Após realizar as lavagens dos materiais não ligantes, adicionou-se o 
substrato 3,3’,5,5’-tetra-metilbenzidina e através da monitorização da cor, se observou a 
intensidade da reação para que se pudesse adicionar solução ácida e finalizar o ensaio. A 
leitura da absorbância foi realizada em espectrofotômetro à 450nm. 
 Na dosagem de grelina total se realizou um ensaio ELISA tipo sanduíche, 
com a detecção de moléculas de grelina nas formas ativa e des-octanoíl através de reação com 
mistura de anticorpos de captura e detecção (1:1). Em seguida, procedeu-se a realização dos 
mesmos passos já mencionados na dosagem da grelina ativa, com adição da enzima 
peroxidase e substrato bem como as lavagens dos materiais não ligantes. Por fim, após 
finalizar a reação com adição de solução ácida, a leitura da absorbância foi feita em 
espectrofotômetro à 450nm. 
 Para a dosagem da leptina, o tipo de ensaio foi ELISA tipo sanduíche e 
procedeu-se a captura de moléculas de leptina a partir anticorpo policlonal de coelho anti-
leptina humana imobilizado na placa de microtitulação. Aguardou-se por duas horas a ligação 
dos antígenos e anticorpos em agitador de placas a temperatura ambiente. Em seguida, lavou-
se os poços da placa e se adicionou um anticorpo de detecção (30 minutos em agitador). Após 
remover a solução residual, se adicionou a enzima peroxidase (30 minutos no agitador de 
placas) seguida por lavagens e por fim, adição do substrato 3,3’,5,5’-tetrametilbenzidina. 
Através da monitorização da cor, se observou a intensidade da reação para que se pudesse 
adicionar solução ácida e finalizar o ensaio. A leitura da absorbância foi realizada em 
espectrofotômetro à 450nm. 
 
40 
3.13 Análise estatística 
 
 As variáveis quantitativas contínuas foram representadas por média ± desvio 
padrão e os escores dos questionários RDQ e RSI por mediana e intervalo interquartil. Na 
análise entre os grupos H. pylori positivo e negativo os dados foram analisados quanto a 
normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk e, caso apresentassem distribuição normal, foram 
avaliados pelo Teste t não pareado e os não paramétricos pelo teste Mann Whitney. Nas 
análises de associação para dados categóricos utilizou-se o Teste Exato de Fischer e para 
avaliar as correlações utilizou-se teste de Spearman. Foram considerados significativos os 
resultados com valor de p < 0,05. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
4 Resultados 
 
4.1 Pacientes com DRGE infectados e não infectados por H. pylori 
 
 Inicialmente, foram recrutados 44 pacientes dos quais 13 foram excluídos por 
apresentar fração de tempo total de refluxo menor que 4,2 na pHmetria de 24 horas e 1 por 
extravio do exame de ecoendoscopia. Obtendo-se a amostra final de 30 voluntários, sendo 9 
do grupo H. pylori positivo e 21 do H. pylori negativo, como pode ser verificado 
esquematicamente pelo fluxograma abaixo. 
 
Figura 7: Fluxograma da seleção dos pacientes e divisão dos grupos do estudo. 
 
 
 
 
Fonte: Própria, 2019. 
 
4.1.1 Dados demográficos 
 
 O grupo H. pylori positivo era composto por 9 voluntários (4 homens e 5 
mulheres) com média de idade de 41,44 ± 10,77 anos (média ± desvio padrão) e IMC de 
28,82 ± 3,43 Kg/m2. Já o grupo negativo tinha 21 pacientes (9 homens e 12 mulheres) com 
idade média de 48,62 ± 15, 56 anos e IMC de 27,36 ± 2,45 Kg/m2. Estes achados demonstram 
 
42 
a semelhança entre os grupos no que se refere a distribuição por sexo, idade, peso, altura e 
IMC, como pode ser verificado na tabela 3. 
 
Tabela 3: Perfil demográfico dos pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) 
infectados e não infectados por H. pylori. 
GRUPOS 
GRUPO H. pylori 
POSITIVO (n = 9) 
GRUPO H. pylori 
NEGATIVO (n = 21) p 
Gênero 
(masculino/feminino) 04/05 09/12 
 Idade(anos) 41,44 ± 10,77 48,62 ± 15,56 0,220 
Peso (Kg) 71,50 ± 9,45 70,57 ± 13,35 0,852 
Altura (metros) 1,58 ± 0,07 1,60 ± 0,13 0,590 
IMC (Kg/m2) 28,82 ± 3,43 27,36 ± 2,45 0,196 
Fonte: Própria, 2019. Legenda: Os dados estão representados por média ± desvio padrão, exceto para a variável 
gênero apresentada em número absoluto. Teste t não pareado. 
 
 
4.1.2 Achados endoscópicos e sintomas dos pacientes com Doença do Refluxo 
Gastroesofágico (DRGE) infectados e não infectados por H. pylori 
 
 A comparação das variáveis endoscópicas nos grupos H. pylori positivo e 
negativo não apresentaram diferença (p = 0,795), tabela 4. A mediana dos escores do 
questionário de sintomas de refluxo (RDQ) no grupo positivo foi de 37 (7,5 – 45) e no 
negativo de 21 (11,5 – 29,5), não apresentando diferença significativa. Com relação ao 
questionário de sintomas de refluxo laringo-faríngeo (RSI), obteve-se mediana de 21 (5 – 30) 
no grupo positivo e 16 (9 – 24) no negativo, não sendo considerada diferença significativa, 
como pode ser observado na tabela 4. 
 
 
 
 
 
43 
 
Tabela 4: Achados endoscópicos e escores dos questionários RDQ e RSI nos 30 pacientes com 
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados e não infectados por H. pylori 
 VARIÁVEIS 
GRUPO H. pylori 
POSITIVO (n=9) 
GRUPO H. pylori 
NEGATIVO (n=21) p 
Endoscopia Digestiva Alta 0,795a 
Sem esofagite 3 (33,33%) 3 (14,29%) 
 Esofagite não erosiva 0 2 (9,52%) 
 Grau A1 0 3 (14,29%) 
 Grau B1 3 (33,33%) 6 (28,57%) 
 Grau C1 2 (22,22%) 5 (23,81%) 
 Grau D1 0 1 (4,76%) 
 Esôfago de Barrett 1 (11,11%) 1 (4,76%) 
 Questionários 
RDQ2 (Mediana e IIQ) 37 (7,5 – 45) 21 (11,5 – 29,5) 0,319b 
RSI3 (Mediana e IIQ) 21 (5 – 30) 16 (9 – 24) 0,635b 
Fonte: Própria, 2019. Legenda: 1 – Classificação de Los Angeles; 2 – Questionário de Diagnóstico do Refluxo 
(RDQ); 3 – Índice de Sintomas do Refluxo laringo-faríngeo (RSI). IIQ: Intervalo interquartil. Teste exato de 
Fischera e teste Mann Whitneyb. 
 
4.1.3 pHmetria de 24h e tratamento prévio contra H. pylori 
 
 A média da fração de tempo total (%) de refluxo detectado pela pHmetria de 
24h no grupo positivo foi de 11,63 ± 4,92 e no grupo negativo de 10,01 ± 4,67, não se 
verificando diferença entre os grupos (p = 0,399). 
 Com relação ao tratamento prévio contra H. pylori, foi perguntado aos 
voluntários se tinham realizado tratamento contra a bactéria antes de iniciar o estudo. No 
grupo H. pylori positivo 4 pacientes já haviam sido tratados e 5 não. No grupo negativo, 13 
foram tratados e 8 não. Segundo o teste Exato de Fischer não houve diferença significativa 
 
44 
entre os grupos (p = 0,443), como se observa na tabela 5. Assim, 17 pacientes já haviam sido 
tratados previamente (4 H. pylori positivo; 13 H. pylori negativo) e 5 eram positivos e nunca 
haviam sido tratados. Logo, 22 indivíduos tiveram infecção no passado ou no momento de 
realização da pesquisa, correspondendo a uma prevalência de 73,3% de infecção por H. 
pylori. 
 
Tabela 5: pHmetria de 24h e tratamento prévio contra H. pylori nos 30 voluntários com 
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados e não infectados por H. pylori. 
VARIÁVEIS 
GRUPO H. pylori 
POSITIVO (n=9) 
GRUPO H. pylori 
NEGATIVO (n=21) p 
pHmetria 24h 
(fração tempo total - %) 11,63 ± 4,92 10,01 ± 4,67 0,399a 
TRATAMENTO H. pylori 
 
0,443b 
Sim 4 (44,44%) 13 (61,90%) 
 Não 5 (55,56%) 8 (38,10) 
Fonte: Própria, 2019. Legenda: Fração de tempo total está representada por média ± desvio padrão. Os dados de 
tratamento contra H. pylori estão representados por números absolutos e porcentagens. Testes t não pareadoa e 
Exato de Fischerb. 
 
4.1.4 Dispepsia e constipação intestinal 
 
 No que se refere ao empachamento, os nove (100%) pacientes do grupo 
positivo referiram empachamento enquanto 12 (57,14%) do grupo negativo não apresentavam 
este sintoma, o que representa uma diferença significativa entre os grupos, p = 0,004. Já com 
relação a constipação intestinal, 3 (33,33%) do grupo positivo apresentavam este sintoma e 6 
(66,67%) não, enquanto 3 (14,29%) do grupo negativo eram constipados e 18 (85,71%) não 
(p =0,329), como deve ser verificado na tabela 6. 
 
 
 
 
45 
Tabela 6: Caracterização da dispepsia e constipação intestinal nos 30 voluntários com Doença 
do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados e não infectados por H. pylori. 
 VARIÁVEIS 
GRUPO H. pylori 
POSITIVO (n=9) 
GRUPO H. pylori 
NEGATIVO (n=21) p 
EMPACHAMENTO 
 
0,004 
Sim 9 (100%) 9 (42,86%) 
 Não 0 (0%) 12 (57,14%) 
 Frequência empachamento 
 
> 0,99 
< 1 vez/sem 0 0 
 1 vez/sem 1 (11,11%) 1 (4,76%) 
 2-4 vezes/sem 3 (33,33%) 2 (9,52%) 
 5-7 vezes/sem 5 (55,56%) 6 (28,57%) 
 CONSTIPAÇÃO 
 
0,329 
Sim 3 (33,33%) 3 (14,29%) 
 Não 6 (66,67%) 18 (85,71%) 
 Frequência evacuação 
 
0,07 
< 1vez/sem 1 (11,11%) 0 
 1vez/sem 2 (22,22%) 1 (4,76%) 
 2 vezes/sem 1 (11,11%) 1 (4,76%) 
 3 vezes/sem 0 0 
 >3 vezes/sem 5 (55,56%) 19 (90,48%) 
Fonte: Própria, 2019. Legenda: Os dados estão representados por números absolutos e as respectivas 
porcentagens. Teste Exato de Fischer. 
 
 
 
 
 
46 
4.1.5 Achados histopatológicos 
 
 Com relação a inflamação (células mononucleares), existe diferença 
significativa entre os grupos H. pylori positivo e negativo (p = 0,004) de acordo com a 
intensidade dos achados. No grupo positivo 4 pacientes apresentaram inflamação leve e 5 
moderada, enquanto no grupo negativo 20 tinham inflamação leve e 1 moderada. No que se 
refere a atividade (neutrófilos), a diferença entre os grupos também foi importante (p < 0,01), 
com 3 pacientes apresentando atividade leve, 4 moderada e 2 marcada no grupo positivo. Já 
no negativo todos os pacientes (21) tinham atividade normal. 
 Na metaplasia intestinal, 2 pacientes do grupo negativo e 2 do positivo 
apresentaram metaplasia leve, sem diferença significativa (p = 0,563). Com relação a atrofia, 
1 voluntário do grupo negativo e 1 do positivo mostraram atrofia leve, diferença não 
significativa (p = 0,517). 
 
Tabela 7: Caracterização da inflamação e atividade inflamatória em pacientes com Doença do 
Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados e não infectados por H. pylori. 
VARIÁVEIS 
GRUPO H. pylori 
positivo (n = 9) 
GRUPO H. pylori 
negativo (n = 21) p 
INFLAMAÇÃO 
 
0,004 
Normal 0 0 
 Leve 4 20 
 Moderado 5 1 
 Marcado 0 0 
 ATIVIDADE 
 
< 0,01 
Normal 0 21 
 Leve 3 0 
 Moderado 4 0 
 Marcado 2 0 
 Fonte: Própria, 2019. Os dados estão representados por números absolutos. Teste de Fischer. 
 
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4.1.6 Estudo histopatológico, urease e marcadores moleculares de pacientes com Doença do 
Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados por H. pylori 
 De acordo com a tabela 8, pode-se verificar que os resultados da patologia e 
urease corroboram com relação a presença de H. pylori. Os demais 21 pacientes foram 
negativos em ambos os métodos. 
Já com relação ao genótipo do gene cagA, 5 pacientes foram positivos para a presença 
deste gene e os demais 25 foram negativos. A expressão do genótipo do gene vacA foi a 
seguinte: (3) vacAs1m1, (1) vacAs2m2, (1) vacAs1s2m1, (3) vacAs1m1m2, (1) vacA 
s1s2m1m2. Os demais 21 pacientes foram negativos para o gene vacA nos alelos estudados 
(s1, s2, m1 e m2). 
 
Tabela 8: Resultados do histopatológico, urease e marcadores moleculares dos nove pacientes 
com Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) infectados com H. pylori. 
 
 
 PCR 
Paciente Patologia Urease cagA vacAs1 vacAs2 vacAm1 vacAm2 
APS POS POS POS POS NEG POS NEG 
VBC POS POS NEG NEG POS NEG POS 
CWSF POS POS NEG POS POS POS NEG 
ALO POS POS NEG POS NEG POS POS 
FIIF POS POS POS POS NEG POS NEG 
MLRR POS POS POS POS NEG POS NEG 
JWSA POS POS POS POS NEG POS POS 
AMMM POS POS NEG POS POS POS POS 
FQR POS POS POS POS NEG POS POS 
Fonte: Própria, 2019. PCR: Reação em Cadeia da Polimerase.

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