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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CAMPUS DE SOBRAL 
PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA 
MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE DA FAMÍLIA 
 
 
 
 
LISANDRA TEIXEIRA RIOS 
 
 
 
TENDÊNCIA DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL, 2009-2019: ESTUDO 
DE SÉRIE TEMPORAL NO ESTADO DO CEARÁ 
 
 
 
 
 
 
SOBRAL – CE 
2021 
 
 
 
 
LISANDRA TEIXEIRA RIOS 
 
 
 
 
TENDÊNCIA DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL, 2009-2019: ESTUDO DE 
SÉRIE TEMPORAL NO ESTADO DO CEARÁ 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentado à banca 
examinadora do Programa de Pós-Graduação 
em Saúde da Família da Universidade 
Federal do Ceará, Campus Sobral, como 
requisito parcial para obtenção do Título de 
Mestre em Saúde da Família. 
Linha de Pesquisa: Gestão de sistemas e 
serviços de saúde 
 
 
Orientadora: Profa. Dra. Maria Socorro de Araújo Dias 
Coorientador: Prof. Dr. Jacques Antonio Cavalcante Maciel 
 
 
 
 
 
SOBRAL – CE 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará 
Biblioteca Universitária 
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a) 
 
 
R453t Rios, Lisandra Teixeira. 
TENDÊNCIA DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL, 2009-2019: ESTUDO DE 
SÉRIE 
TEMPORAL NO ESTADO DO CEARÁ / Lisandra Teixeira Rios. – 2021. 
87 f. : il. color. 
 
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Campus de Sobral, Programa de Pós-
Graduação em Saúde da Família, Sobral, 2021. 
Orientação: Profa. Dra. Maria Socorro de Araújo 
Dias . Coorientação: Profa. Dra. Jacques Antonio 
Cavalcante Maciel. 
 
1. Política de Saúde. 2. Atenção Primária à Saúde. 3. Saúde Bucal. 4. Estudos de Séries 
Temporais. I. Título. 
CDD 610 
 
 
 
 
 
 
LISANDRA TEIXEIRA RIOS 
 
 
TENDÊNCIA DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL, 2009-2019: ESTUDO DE 
SÉRIE TEMPORAL NO ESTADO DO CEARÁ 
 
Dissertação de Mestrado apresentado à banca 
examinadora do Programa de Pós-Graduação 
em Saúde da Família da Universidade Federal 
do Ceará, Campus Sobral, como requisito 
parcial para obtenção do Título de Mestre em 
Saúde da Família. 
Linha de pesquisa: Gestão de sistemas e 
serviços de saúde 
 
Data da Defesa 20/01/2021 
BANCA EXAMINADORA 
________________________________________ 
Profª. Drª. Maria Socorro de Araújo Dias (Orientador) 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) 
_______________________________________ 
Prof. Dr. Jacques Antonio Cavalcante Maciel (Coorientador) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
_________________________________________ 
Prof. Drª. Pollyanna Martins Pereira (Examinadora) 
Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família – RENASF/UVA 
_________________________________________ 
Prof. Dr. Fernando Daniel de Oliveira Mayorga (Examinador) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
A Deus e Nossa Senhora, por terem sido meus guias, meus escudos, minha luz e minha força. 
Aos meus pais pela educação, amor e carinho dedicado a mim durante toda a vida. A eles todos 
os méritos de minhas conquistas. 
Ao meu irmão Samuel por toda sua ajuda durante esta caminhada e por acreditar em mim mais 
do que eu mesma. 
Aos meus orientadores, professora Socorro pela paciência e por não desistir de mim. A 
professora Lielma, por ter me incentivado a conquista deste título e pela disponibilidade de 
sempre. Ao professor Jacques, por ter aceitado este desafio e por ter “aberto o caminho” desde 
sua chegada. 
Aos meus avôs, Mundinho e Dedé (em memória), por me fazerem entender a importância de 
se ter estudo. Conquisto espaços acadêmicos inimagináveis para um agricultor e um comerciante 
do interior de Itapipoca. 
As minhas avós, Joana (em memória) e Ivani, por serem exemplos de mulheres fortes e pela 
forte oração e proteção de vó, sem isso nada seria possível. 
Aos meus familiares (tias e primos), meus amigos e meu namorado por toda preocupação comigo 
e por torcerem para que esta etapa chegasse ao fim com muito sucesso. 
Aos meus colegas de trabalho, Vaneza, Bianca, Debora e Lia, e ao meu gerente Oseias, pela 
compreensão e apoio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Á ausência da Railana, luto diariamente para não 
sucumbir a dor da sua partida. 
 
 
 
 
RESUMO 
Seguindo os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Saúde Bucal 
(PNSB) visa reorientar a assistência odontológica por meio da promoção de saúde como eixo 
principal do cuidado. Além de universalizar o acesso pela inserção transversal da saúde bucal 
nas linhas de cuidado e garantir a integralidade. Nesse sentido, passadas década e meia de 
institucionalização da PNSB, entende-se ser necessária a realização de pesquisas que discorram 
sobre seus avanços, que indique seu alcance e seu foco de atuação. O objetivo deste trabalho é 
analisar a tendência de indicadores da PNBS no Estado do Ceará com foco no acesso, na 
promoção e na integralidade do cuidado no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2019. 
Para isso, será realizada análise do tipo série temporal, com abordagem quantitativa. A fim de 
facilitar a busca de dados lançou-se mão de um instrumento de busca confeccionado pela autora 
que abrangesse os dados e indicadores de interesse disponíveis em domínio público. Para 
análise de tendência dos indicadores de saúde bucal, foi utilizada modelagem de regressão de 
Prais-Winsten. As variáveis encontradas como ascendentes foram Cobertura das equipes de 
Saúde da Família e equipes de Saúde Bucal do Estado do Ceará, Cobertura de Saúde Bucal do 
Estado do Ceará e do Brasil e Média de Profilaxia e Evidenciação de Placa. As variáveis 
classificadas como decrescentes foram Média de Primeira Consulta Odontológica 
Programática, Média de Escovação Dental Supervisionada e Média de Ação Coletiva de 
Aplicação Tópica de Flúor. As ditas como estacionárias foram Número de Equipes de Saúde 
Bucal, Média de Aplicação Tópica de Flúor, Média de Aplicação de Selante e Cariostático e 
as variáveis referentes a Recuperação e Reabilitação. Evidencia-se a necessidade de novos 
estudos que contemplem os aspectos não abordados e que explorem os resultados advindos 
desta pesquisa. 
Palavras-chave: Política de Saúde; Atenção Primária à Saúde; Saúde Bucal; Estudos de Séries 
Temporais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
Following the principles of the Unified Health System (SUS), the National Oral Health Policy 
(PNSB) aims to reorient dental care through health promotion as the main axis of care. In 
addition to universal access through the transversal insertion of oral health in the lines of care 
and ensuring integrality. In this sense, after a decade and a half of institutionalization of the 
PNSB, it is understood that it is necessary to carry out research that discusses its progress, 
indicating its scope and focus of action. The objective of this paper is to analyze the trend of 
PNBS indicators in the State of Ceará with a focus on access, promotion and comprehensive 
care from January 2009 to December 2019. For this, a time series analysis was performed, with 
a quantitative approach. In order to facilitate the search for data, a search instrument made by 
the author was used, covering data and indicators of interest available in the public domain. 
Patins-Winsten regression modeling will be used to analyze the trend of oral health indicators. 
The variables found to be ascending were Coverage of the Family Health teams and Oral Health 
teams of the State of Ceará, Oral Health Coverage of the State of Ceará and Brazil and Average 
Prophylaxis and Plaque Disclosure. The variables classified as decreasing were Average of 
First Programmatic Dental Consultation, Average of Supervised Dental Brushing and Average 
of Collective Action of Topical FluorideApplication. The ones said to be stationary were 
Number of Oral Health Teams, Average Topical Application of Fluoride, Average Application 
of Sealant and Cariostatic and the variables referring to Recovery and Rehabilitation. 
It is evident the need for new studies that contemplate the aspects not addressed and that explore 
the results from this research. 
Keywords: Health Policy; Primary Health Care; Oral Health; Time Series Studies. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1- Principais ações da Política Nacional de Saúde. 
Figura 2- Linha cronológica do Brasil Sorridente. 
Figura 3- Distribuição percentual do número de municípios com mais de 50 mil habitantes, 
segundo a situação quanto à fluoretação por região. Brasil, 2010-2015. 
Figura 4- Indicadores de saúde bucal propostos no Programa Nacional de Melhoria do Acesso 
de Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS E TABELAS 
Quadro 1- Definição dos indicadores de saúde bucal do Pacto da Atenção Básica 2006, segundo 
a Portaria nº 493/GM, de 10 de março de 2006. 
Quadro 2- - Cronologia dos principais resultados epidemiológicos relacionados à saúde bucal, 
1986-2013. Brasil, 2020. 
Quadro 3- Síntese de indicadores utilizados nesse estudo, bem como suas respectivas fontes. 
Brasil, 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
Gráfico 1- Evolução no número de equipes de saúde bucal entre os anos de 2009 e 2019, 
segundo os dados do Ministério da Saúde. 
Gráfico 2- Investimentos do Governo Federal na Saúde Bucal entre o período de 2003 a 2017, 
de acordo com o Fundo Nacional de Saúde (FNS). 
Gráfico 3- Número de eSF e eSB no ano de 2019, segundo o SIA- SUS. 
Gráfico 4- Série temporal da Média de Primeira Consulta Odontológica Programática no 
Estado do Ceará entre os anos de 2009 a 2019, segundo os dados dos Sistema de Informação 
Ambulatoriais do SUS (SIA- SUS). 
Gráfico 5- Evolução do número de Equipes de Saúde Bucal implantadas no Estado do Ceará 
entre os anos de 2009 e 2019, segundo dados do e-gestor. 
Gráfico 6- Série temporal da Cobertura de Saúde Bucal do Estado do Ceará entre os anos 
de 2009 e 2019, segundo dados do Sistema de Informação em Saúde (SIS- APS). 
Gráfico 7- Evolução da Cobertura das equipes de Saúde da Família e equipes de Saúde 
Bucal do Estado do Ceará entre os anos de 2009 e 2019, segundo dados do Sistema de 
Informação em Saúde (SIS- APS). 
Gráfico 8- Evolução da Cobertura de Saúde Bucal do Estado do Ceará e do Brasil entre os 
anos de 2009 e 2019, segundo dados do Sistema de Informação em Saúde (SIS- APS). 
Gráfico 9- Série histórica da Média de Ação Coletiva Dental Supervisionada no Estado do 
Ceará, segundo os dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS) até março 
de 2013 e do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) (abril de 
2013- 2019). 
Gráfico 10- Série histórica da Média de Ação Coletiva Aplicação Tópica de Flúor no Estado 
do Ceará, segundo os dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS) até 
março de 2013 e do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) (abril 
de 2013- 2019). 
 
 
 
Gráfico 11- Série histórica da Média Tópica de Flúor (individual por sessão) no Estado do 
Ceará, segundo os dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS) até março 
de 2013 e do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) (abril de 
2013- 2019). 
Gráfico 12- Série histórica da Média de Aplicação de Cariostático e Selante no Estado do 
Ceará, segundo os dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS) até março 
de 2013 e do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) (abril de 
2013- 2019). 
Gráfico 13- Série histórica da Média de Profilaxia e Evidenciação de Placa no Estado do 
Ceará, segundo os dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS) até março 
de 2013 e do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) (abril de 
2013- 2019). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
AB- Atenção Básica 
ACD- Auxiliar de Consultório Dentários 
ACS- Agente Comunitário de Saúde 
APS- Atenção Primária à Saúde 
ASB- Auxiliar de Saúde Bucal 
BBO- Biblioteca Brasileira de Odontologia 
BVS- Biblioteca Virtual em Saúde 
CD- Cirurgião Dentista 
CECOL- Centros Colaboradores em Vigilância da Saúde Bucal 
CEO- Centros de Especialidades Odontológicas 
CEP- Comitê de Ética em Pesquisa 
CFO - Conselho Federal de Odontologia 
CNBS- Conferência Nacional de Saúde Bucal 
CNS- Conferência de Saúde 
CONASEMS - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde 
CONASS- Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde 
CONEP- Comissão Nacional de Ética em Pesquisa 
DF- Distrito Federal 
eSB- Equipes de Saúde Bucal 
ESF- Estratégia de Saúde da Família 
 
 
 
FDI- Federação Dentária Internacional 
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa 
INAMPS- Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdenciária 
LRPD- Laboratórios Regionais de Prótese Dentária 
MEC- Ministério da Educação 
MS- Ministério da Saúde 
OMS- Organizção Mundial de Saúde 
PC- Procedimentos Coletivos 
PIAB- Pacto de Indicadores da Atenção Básica 
PMAQ- AB- Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica 
PNAB- Política Nacional de Atenção Básica 
 PNAD- Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
PNS- Política Nacional de Saúde 
 PRECAD- Programa Nacional de Prevenção da Cárie 
PSE- Programa Saúde na Escola 
PSF- Programa Saúde da Família 
SB- Saúde Bucal 
SESP- Serviços Especializados em Saúde Pública 
SI- Sistema Incremental 
SIA- Sistema de Informações Ambulatoriais 
SUS- Sistema Único de Saúde 
 
 
 
SESA- Secretária de Saúde do Estado do Ceará 
TC- Tratamentos Concluídos 
THD- Técnico em Higiene Bucal 
TSB- Técnico de Saúde Bucal 
UBS- Unidade Básica de Saúde 
UFMG- Universidade Federal de Minas Gerais 
 UOM- Unidades Odontológicas Móveis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14 
2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA .................................................................................. 17 
3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 19 
3.1 Objetivo geral................................................................................................................. 19 
3.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 19 
4 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 20 
4.1 Políticas de Saúde Bucal no Brasil: perspectiva histórica .................................................. 20 
4.2 Trajetória da Política de Saúde Bucal no Ceará ............................................................... 25 
4.3 Saúde Bucal na Estratégia de Saúde da Família: Avanços e Desafios ................................ 26 
4.4 Levantamentos Epidemiológicos das Condições de Saúde Bucal dos Brasileiros ................ 33 
4.5 Indicadores em Saúde Bucal na Atenção Básica ............................................................... 38 
5 METODOLOGIA ............................................................................................................. 41 
5.1 Tipo e abordagem do estudo ........................................................................................... 41 
5.2 Cenário do estudo ........................................................................................................... 42 
5.3 Coleta de dados ..............................................................................................................43 
5.4 Período do estudo ........................................................................................................... 45 
5.5 Análise dos dados ........................................................................................................... 45 
5.6 Aspectos Éticos ............................................................................................................... 46 
6 RESULTADOS ................................................................................................................. 46 
6.1 Eixo acesso ao cuidado odontológico ................................................................................ 47 
6.2 Eixo Proteção/Assistência à Saúde Bucal ......................................................................... 51 
6.3 Eixo Recuperação e Reabilitação ..................................................................................... 56 
7 DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 58 
7.1 Eixo acesso ao cuidado odontológico ................................................................................ 58 
7.2 Eixo Proteção/Assistência à Saúde Bucal ......................................................................... 60 
7.3 Eixo Recuperação e Reabilitação ..................................................................................... 63 
8 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 68 
9 REFERÊNCIAS................................................................................................................ 70 
APÊNDICE A- INSTRUMENTO DE BUSCA ..................................................................... 82 
APÊNDICE B- SUMARIZAÇÃO DA COLETA DE DADOS ................................................ 84 
 
 
 
 
14 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
A Federação Dentária Internacional (FDI) durante o Congresso Mundial de 
Odontologia, em 2016, definiu um novo conceito de “saúde bucal”. Conferiu a este uma 
compreensão multifacetada que inclui a capacidade de falar, sorrir, cheirar, saborear, tocar, 
mastigar, engolir e de transmitir emoções, através de expressões faciais, com confiança e livres 
de dor ou desconforto e sem doença do complexo craniofacial. Considerou ainda que a saúde 
bucal é um componente fundamental para a saúde geral, como um bem-estar físico, sofrendo 
influência dos valores e atitudes dos indivíduos e de seus coletivos, das experiências, suas 
percepções e expectativas, como também da capacidade de adaptar-se as transformações 
internas e externas do ser. Além de ser um reflexo da essência da qualidade de vida, formada 
por atributos fisiológicos, psicológicos e sociais (FDI, 2016). 
Assim sendo, a Saúde Bucal (SB) abrange o denominado complexo craniofacial, 
constituído por estruturas e tecidos dentários, bucais, faciais e do crânio. Desta forma, 
desordens neste complexo podem ocasionar dores, infecções e sofrimentos físicos e 
psicológicos. Diante disso, necessita-se de muito mais do que ações assistenciais em saúde 
bucal, requer integração de ações preventivas e curativas de doenças ou agravos e de promoção 
e reabilitação da saúde. Pelo exposto, é requerido a garantia da universalização do acesso, por 
meio do envolvimento do Estado nos três níveis da esfera de governo, assim como determina 
a Constituição da República Federativa (WHO, 2003; BRASIL, 2004; NARVAI, 2011). 
Contudo, a odontologia esteve durante muitos anos à margem das políticas públicas de 
saúde no país. A inserção de práticas odontológicas no Sistema Único de Saúde (SUS) se deu 
de maneira paralela aos demais serviços, colecionando experiências locais exitosas de inserção 
na Atenção Primária à Saúde (APS). Foi a partir destas que se conseguiu ampliar o acesso, 
desenvolver ações de promoção da saúde e prevenção de agravos e ofertar serviços curativos 
mais complexos. A Saúde bucal, no Brasil, apenas contemplaria a universalização do acesso e 
a integralidade do cuidado em 2004, quando foi lançada a Política Nacional de Saúde Bucal 
(PNSB), conhecida como “Brasil Sorridente” (PEREIRA, 2003, COSTA, 2006). 
Desta forma, a APS brasileira passa a ter três importantes requisitos que a difere dos 
demais modelos de assistência no mundo, são eles: responsabilização da população adscrita em 
territórios geográficos pelas equipes multiprofissionais de saúde, a existência dos agentes 
comunitários de saúde e a inclusão da atenção odontológica no serviço público. Sendo assim, 
a promulgação da PNSB foi um importante marco nas políticas públicas de saúde destinada a 
15 
 
 
integralidade e universalização do cuidado, destacando o sistema de saúde público brasileiro 
no cenário internacional (SILVA, 2016). 
Além de proporcionar a ampliação e qualificação da Atenção Básica (AB), a saúde 
bucal colaborou para aumento da resolutividade no pronto-atendimento, inclusão de 
procedimentos mais complexos na atenção básica, destacando a inclusão da reabilitação 
protética, com ressalvas para realidades e possibilidades de cada local. Esta ampliação do 
acesso ao cuidado odontológico corrobora para a superação do modelo biomédico vigente 
durante décadas, por meio da inserção transversal da saúde bucal nos programas integrais de 
saúde, como por linhas de cuidado e por condição de vida (SILVA, 2016; BRASIL, 2004). 
 Logo, seguindo os princípios do SUS, a PNSB visa reorientar a assistência 
odontológica por meio da promoção de saúde como eixo principal do cuidado. Além de 
universalizar o acesso pela inserção transversal da saúde bucal nas linhas de cuidado e garantir 
a integralidade, por meio de Equipes de Saúde Bucal (eSB) na Estratégia de Saúde da Família 
(ESF), abertura de Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) e Laboratórios Regionais 
de Prótese Dentária (LRPD) e a odontologia hospitalar (GOES, 2012; PUCCA, 2020). 
No contexto do Ceará, o Estado sempre esteve na vanguarda quanto aos investimentos 
públicos em saúde, contudo, no campo da saúde bucal não foi diferente. Antes mesmo da 
criação da PNBS existia em vigor no Estado uma Política Estadual de Saúde Bucal, contando 
com estratégias como, a presença de consultórios odontológicos no ambiente escolar, afim de 
reduzir a alta prevalência de cárie nesta faixa etária, em hospitais, realizando, em sua maioria, 
procedimentos mutiladores (MELO, 2019; VIEIRA, 2013). 
Além do Programa Dentista da Família, cujo intuito era equiparar o número de equipes 
de saúde da família e de saúde bucal. Como critério para aderir ao programa a Secretária de 
Saúde (SESA) usou os municípios com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). 
Como, até então, o incentivo do governo federal para a área de saúde bucal era muito pequeno, 
o governo do Estado repassava incentivo financeiro que possibilitasse o pagamento do salário 
do cirurgião dentista ficando a cargo da gestão municipal a manutenção do consultório e a 
compra de insumos. A partir de tal programa notou-se um expressivo aumento na cobertura 
das equipes de saúde bucal (VIEIRA, 2013; PORTO 2004). 
Passadas década e meia de institucionalização da PNSB, entende-se ser necessária a 
realização de pesquisas que discorram sobre seus avanços, que indique seu alcance e seu foco 
16 
 
 
de atuação. Na literatura atual estudos debruçam-se a avaliar, prioritariamente, o cuidado em 
saúde bucal na Atenção Primária, seguido por estudos acerca da qualidade do serviço e 
acessibilidade do mesmo. 
Sendo assim, lança-se como pergunta norteadora deste estudo: Como a produção do 
cuidado em saúde bucal na APS tem se expressado historicamente no Ceará com vistas a 
ampliação do acesso, promoção da saúde e a integralidade do cuidado, enquanto diretrizes 
orientadoras da PNSB? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA 
Problemas de saúde bucalsão relevantes problemas de saúde pública, contudo, 
considerando a trajetória da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), a saúde bucal não 
apresentou lugar de destaque na agenda nacional até os anos 2000, mudando este panorama 
após a inserção das equipes de saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família. Apesar do 
importante papel indutor do Ministério da Saúde para expansão das diretrizes da PNSB, deve-
se levar em consideração a configuração local dada a diversidades dos estados brasileiros e 
suas características singulares. 
Diante disto, optou-se por analisar no Estado do Ceará a implementação de tal política, 
com vistas a ascendente abrangência de serviços públicos odontológicos na última década, bem 
como, a cobertura populacional por estes serviços, que representa uma expressiva adesão dos 
municípios cearenses aos dispositivos da política. Além de analisar quais ações a Política 
Estadual de Saúde Bucal desenvolveu antes mesmo da PNSB, que foram de sucesso e atuaram 
como genitoras para a estabilidade da PNBS no Ceará. 
Por fim, outro ponto de destaque, é o fato de a autora atuar por quatro anos como 
estudante e trabalhadora no serviço público odontológico em um importante município do 
Estado. Assim, diante dos enfretamentos e conquistas cotidianas no “fazer” da odontologia 
pública a mesma entende a necessidade de compreender quais avanços já foram conquistados 
pela saúde bucal e quais pontos chaves precisam ser melhorados. Vale ressaltar, o importante 
papel de diagnóstico situacional que tal pesquisa tem o poder de ofertar a nível de gestão, 
apontando numericamente onde devem ser investidos esforços e recursos. 
Nesse sentido, é necessário conhecer a implementação da política como parte do 
planejamento que deve anteceder a avaliação da efetividade de uma política. Para isso, os 
estudos de séries temporais podem trazer benefícios, pois permitem prever não somente futuros 
cenários da distribuição de doenças na população, mas também os fatores que podem modificar 
essa distribuição, neste caso, indicadores do cuidado. Permitem ainda aos gestores de saúde 
preverem os coeficientes de morbimortalidade em sua região, podendo programar iniciativas 
de promoção da saúde. Para antever esse panorama é necessário levar em consideração não 
apenas o que ocorreu no último ano, mas também a movimentação recente que essa medida 
sofreu no tempo. 
A realização deste estudo justifica-se pela necessidade de conhecer a evolução temporal 
de indicadores de saúde bucal que orientam o desempenho da PNSB, assim como identificar a 
18 
 
 
tendência das ações de cuidado à saúde destinadas à população, que podem ter como um dos 
fatores a ausência de avaliação da efetividade de ações com base no olhar aos indicadores. 
Nesse sentido, os resultados desta pesquisa pretendem contribuir para o monitoramento do 
desempenho dos serviços e o cumprimento de atributos da APS, colaborando para a realização 
com informações para subsidiar os planos municipais para o enfrentamento e controle dos 
agravos diretamente relacionados ao cuidado em saúde bucal. Além disso, produz 
conhecimento a fim de oferecer elementos aos gestores e técnicos do Sistema Único de Saúde 
para o planejamento e organização de intervenções de vigilância em saúde bucal. As 
informações apresentadas neste estudo poderão subsidiar demais estudos em locais com 
contextos semelhantes ao do estado do Ceará. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
3 OBJETIVOS 
3.1 Objetivo geral 
Analisar a implementação da Política Nacional de Saúde Bucal no Estado do Ceará por meio 
de indicadores de acesso, proteção e assistência à saúde bucal, e integralidade do cuidado na 
Atenção Primária a Saúde, no período de 2009- 2019. 
3.2 Objetivos específicos 
 Identificar evolução da implementação da PNSB, segundo os eixos promoção e 
proteção da saúde, recuperação e reabilitação. 
 Examinar, na linha do tempo de implementação da PNSB, evidências ou não de 
ampliação de acesso da população as ações de saúde bucal. 
 Verificar a tendência temporal dos indicadores de saúde bucal correspondentes aos 
eixos indicativos de integralidade do cuidado na Atenção Primária à Saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
4 REVISÃO DE LITERATURA 
4.1 Políticas de Saúde Bucal no Brasil: perspectiva histórica 
A primeira referência à inclusão do dentista no serviço público aconteceu no Estado de 
São Paulo em 1892, mas, somente em 1929, é que se regulamentou o Serviço Dentário Escolar 
e se oficializou a presença de consultórios odontológicos nas escolas (TELAROLLI, 1996; 
NARVAI 2008a). Tais atendimentos eram realizados por demanda livre, sem que houvesse 
nenhum planejamento, perdurando até 1988. As ações eram individualizadas, não existia um 
plano de tratamento e, tecnologias de promoção da saúde e prevenção de doenças ou agravos 
eram impensadas neste momento (NARVAI, 2009). 
 Um importante fato que norteou o rumo da odontologia aconteceu em 1926, quando o 
governo Norte Americano publicou o Relatório Gie, o qual detalhava os principais problemas 
e deficiências dos cursos de Odontologia dos Estados e Unidos e Canadá, além de recomendar 
que a formação deveria dar maior ênfase as ciências biológicas e clínicas, a busca pela 
especialização precoce e nas práticas curativas-mutiladoras. Recomendava ainda que o 
mercado privado deveria ser o principal foco de atuação odontológica (MOYSES, 2008). 
 A partir de então, o modelo que preponderou no cenário brasileiro foi a Odontologia de 
Mercado, centrada em uma base biológica e individual e na transformação dos cuidados em 
saúde em mercadoria, voltando-se para o mercado capitalista hegemônico (NARVAI, 2006). 
Na década de 50, através do Serviço Especial de Saúde Pública, foi implantada, a Odontologia 
Sanitária, disseminando ainda que de maneira discreta, novas perspectivas para ações de saúde 
bucal, incorporando ações relativas ao campo da promoção da saúde bucal (NARVAI, 2006). 
O modelo de ações foi importado dos Estados Unidos, o chamado Sistema Incremental (SI), 
eram voltadas exclusivamente para escolares. Esta lógica impulsionou mudanças intersetoriais, 
como a fluoretação das águas de abastecimento público (RAMIRES, 2007). 
Avançando para década de 70, o surgimento do movimento da Reforma Sanitária no 
Brasil, passou a difundir ideias acerca da universalização, equidade e participação popular, 
sendo passo crucial para a uma importante mudança constitucional que viria anos depois. No 
ano de 1986 ocorre a VIII Conferência de Saúde (CNS), considerada um marco de mudança 
para a história do sistema de saúde, uma vez que discutia os princípios que norteariam o 
21 
 
 
Sistema Único de Saúde (SUS), constituído dois anos mais tarde. Ainda neste mesmo ano, 
ocorre também a I Conferência Nacional de Saúde Bucal (CNBS), na qual foi discutida a 
necessidade de se haver uma política de saúde bucal inserida no novo sistema democrático que 
se desenhava no país (BRASIL, 2011; MANFREDINI, 2008). 
Logo, com a promulgação da Constituição de 1988, o SUS foi sendo paulatinamente 
implantado pelo país e, com muitas divergências e contradições, foi se desenhando ao longo 
dos anos uma Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB). Neste mesmo ano, foi criado o 
Departamento de Odontologia associado ao Instituto Nacional de Assistência Médica e 
Previdenciária (INAMPS) e seguindo movimento contrário a Reforma Sanitária, era instituído 
o Programa Nacional de Controle da Cárie, com ações verticais, centralizadas e técnico-
curativas (NARVAI, 2009; NARVAI, 2008a). 
Decorrendo meses após a promulgação da Constituição Federal, em paralelo ao 
INAMPS, o Ministério da Saúde (MS) definiu uma PNSB. Tal política baseava-se nos 
princípios norteadores do SUS, contudo destinava-se a alguns grupos populacionais e os 
procedimentos prioritários eram os de emergências, seguido pelos de baixa complexidade,como restaurações, porém previa o oferecimento de serviços de especialidades básicas, como 
endodontia, periodontia, prótese, cirurgia e ortodontia. Ainda fazia de seu escopo as ações 
voltadas para a prevenção e educação em saúde bucal (MANFREDINI, 2008). 
Neste ano em questão, foi lançado o documento “Plano Quinquenal de Saúde 1990- 
1995- A saúde do Brasil Novo, em que contemplava a odontologia apenas ao explicitar as 
metas estabelecidas para o câncer de orofaringe, cárie e doença periodontal. Vale mencionar 
que em 1989, de maneira vertical, foi lançado o Programa Nacional de Prevenção da Cárie 
(PRECAD). Em 1991, através da Portaria nº 184, foi estabelecido a oferta de serviços que 
visavam a promoção e prevenção, os Procedimentos Coletivos (PC), que surgiram com o 
intuito de extinguir os Tratamentos Completados ou Tratamentos Concluídos (TC), como 
mecanismo de repasse de verbas. Esteve em vigor até o ano de 2006 (MANFREDINI, 2008; 
NARVAI, 2008a; CARVALHO, 2009). 
Durante anos e atravessando governos, a PNSB permaneceu sem grandes avanços. 
Porém, muitas experiências exitosas foram vivenciadas em alguns municípios brasileiros, em 
que conseguiram organizar suas políticas municipais de saúde bucal de modo que absorvesse 
princípios do SUS, como universalidade, atendimento por ciclos de vida, condições equânimes 
22 
 
 
da população, que serviram de modelo para a posterior construção da PNSB (NARVAI, 2008a; 
NARVAI, 2009). 
Assim, após anos de investimentos na atenção hospitalocêntrica, as políticas de saúde 
voltaram-se para atenção básica e no ano de 1994 foi criado o programa Saúde da Família 
(PSF), em que se reorientou, dentre outras coisas, os repasses de recursos públicos, não mais 
sendo por fator produtivo e sim por números de habitantes e incentivos específicos. No entanto, 
foi apenas no ano de 2000, através da Portaria nº 1.444 foi inserido o CD na ESF 
(GIOVANELLA, 2009; ANDRADE, 2007; BRASIL, 2000). 
Considerando a necessidade de ampliação do acesso dos brasileiros ao serviço 
odontológico, visando a melhoria dos índices epidemiológicos em saúde bucal e a inclusão das 
ações desta área na ESF, foi promulgada a Portaria nº 267. Através dela definiu-se as Normas 
e Diretrizes que integravam o Plano de Reorganização das Ações de Saúde Bucal na Atenção 
Básica Significando um importante incentivo financeiro para a odontologia no serviço público 
e aumentando a oferta de tais serviços no Brasil (BRASIL, 2000; BRASIL, 2001). 
Ainda no ano 2000, mas anterior a inclusão do CD na ESF, o Instituto Brasileiro de 
Geografia e Pesquisa (IBGE) publicou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílios (PNAD), apontando dados assustadores. Segundo esta pesquisa, cerca de 30 
milhões de brasileiros nunca tinham ido ao dentista, correspondendo a 18,7% da população. 
Contudo, as diferenças deste percentual se acentuavam quanto às regiões e condições sociais. 
Enquanto os brasileiros com rendimento de até 20 salários mínimos apenas 4,1% nunca tinham 
ido ao dentista, aqueles em que o rendimento não chegava a um salário mínimo 36,5% nunca 
tinham sentado na cadeira odontológica. Chegando a proporções drásticas na região Nordeste, 
atingindo um percentual de 43,4% (NARVAI, 2008a). 
Sendo assim, no ano de 2004, sob o mandato do Presidente Lula, a mais significativa 
Política Pública de Saúde Bucal tem sua gênese, o Programa Brasil Sorridente. Fazendo parte, 
pela primeira vez na história do país, no Plano Nacional de Saúde (NARVAI, 2008a; BRASIL, 
2004a). 
 Apresentada oficialmente no documento “Diretrizes da Política Nacional de Saúde 
Bucal”, somando o termo “Diretrizes” após ricos debates em colegiados estaduais e municipais, 
Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de 
Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), que tinham a percepção de que não se tratava 
23 
 
 
substancialmente de uma política específica, mas sim de diretrizes para sua construção. Sendo 
parte da Política Nacional de Saúde (PNS) e, por isso, tendo a sua implementação integrada às 
demais ações de saúde (COORDENAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE BUCAL, 2011; 
NARVAI, 2011). 
 Sendo assim, tal política tem como pressupostos propõe reorientar a assistência 
odontológica ampliando o acesso, qualificando a atenção a partir dos ciclos de vidas, 
garantindo a integralidade por meio da inserção da odontologia em todos os níveis de cuidado. 
Além de prever articulações intersetoriais, como com a educação e a viabilização da adição de 
flúor nas águas de abastecimento público (BRASIL, 2004; PUCCA, 2015). 
 Ainda toma como pressupostos o compromisso com a qualificação da Atenção Básica, 
assegurar a integralidade de ações, estabelecer uma política de financiamento, definir a 
Educação Permanente como estratégia para suscitar mudanças na formação técnica dos 
trabalhadores em saúde bucal. Além da utilização da epidemiologia para o planejamento de 
ações, o acompanhamento dos impactos destas ações por meio de indicadores, a atuação 
centrada na vigilância, através de práticas contínuas de avaliação e acompanhamento de danos. 
Por fim, determinar uma agenda em pesquisa científica. 
Norteada por princípios como: gestão participativa, acesso, ética, acolhimento vínculo 
e responsabilização, as ações em saúde bucal devem contemplar atividades de promoção e 
prevenção. Sendo elas: fluoretação das águas, educação em saúde, higiene bucal 
supervisionada e aplicação tópica de flúor. Além de ações de recuperação, abrangendo desde 
procedimentos de baixa complexidade, como exodontias, restaurações, até de média e alta e 
complexidade, como diagnósticos de lesões e cirurgião de grande extensão. Contando ainda 
com a faceta reabilitadora, devolvendo função parcial ou total aos pacientes, considerando a 
capacidade de cada local. (BRASIL, 2004). 
Figura 1- Principais ações da Política Nacional de Saúde Bucal 
24 
 
 
Fonte: Brasil, 2013. 
Na Atenção Primária, tendo como campos de atuação a ESF e Unidades Odontológicas 
Móveis (UOM), criadas no final do final do último mandato do governo Lula, com a premissa 
de ofertar atendimentos em áreas rurais isoladas e com grande extensão geográfica. Na ESF 
promoveu uma reorientação de práticas e impulsionou a adesão CD na equipe mínima. No 
tocante da Atenção Secundária e Terciária, possibilitou a ampliação e qualificação, 
especialmente com a implantação dos CEOs e LRPD. Concedeu atuação também na promoção 
de ações intersetoriais e interministeriais, do mesmo modo que promove a integração ensino-
serviço, através do GraduaCeo (BRASIL, 2016). 
Figura 2- Linha cronológica do Brasil Sorridente. 
 
25 
 
 
Fonte: Brasil, 2020. 
4.2 Trajetória da Política de Saúde Bucal no Ceará 
 A atenção odontológica no Estado do Ceará surgiu de diversas maneiras ao longo dos 
anos. Algumas entidades privadas prestavam serviço odontológico à população, como a 
Associação de Merceeiros, o Centro de retalhista, além da Faculdade de Farmácia e 
Odontologia, incialmente uma intuição privada que prestava serviço gratuito aos pobres, 
integrando-se ao Sistema Federal de Ensino, apenas em 1950. Outros órgãos públicos de níveis 
federais, estaduais e municipais prestavam assistência odontológica a seus funcionários, como 
o setor odontológico da polícia militar, o Centro de Especialidades de Polícia Militar (CEOP) 
em funcionamento até os dias atuais, neste órgão foram criados vários programas de 
atendimentos voltados a determinadas faixas etárias (PORTO, 2004). 
 Apenas em 1931 surgiu a assistência odontológica no setor público através da 
instalação de consultórios odontológicos dentro das escolas e com a criação do Centro Estadual 
de Saúde. No ano de 1965 estes centros são extinguidos e dão lugar aos Centros de Treinamento 
Odontológico, cuja finalidade era reciclar os dentistas da rede pública, em 1997 passaram a 
chamar de Centro de Especialidades Odontológicas (CEO).Outro importante órgão deste 
período era o Centro de Saúde Dercy Vargas atendendo exclusivamente crianças e gestantes 
(PORTO, 2004; TEIXEIRA, 2009). 
 Em 1938, criou-se o Instituto de Previdência do Estado do Ceará (IPEC) ofertando 
assistência médica, odontológica e jurídica aos servidores estaduais. Sendo pioneiro na oferta 
de atendimentos odontológicos especializados. Até 1922 existiam ações pontuais em alguns 
municípios do Ceará mais voltadas a extrações dentárias, além dos consultórios instalados nas 
escolas que voltavam suas atividades a prática de bochecho fluoretado, a fim de diminuir a 
grande prevalência de cárie dentária (PORTO, 2004). 
 Apenas nos anos 2000, fomentou-se as primeiras discussões acerca da necessidade de 
uma política específica para a saúde bucal no estado. No ano de 2003 o governo estadual criou 
o Programa Dentista da Família, visando ampliar a cobertura das equipes de saúde bucal, 
principalmente nos municípios do interior. Neste mesmo ano, foi aprovada pela Comissão 
Intergestora Bipartite a Política Estadual de Melhoria da Assistência à Saúde Bucal, uma das 
vertentes foi o investimento em serviços especializados através da implantação de centros de 
26 
 
 
especialidades em todas microrregiões do estado. Com a criação do PNSB no ano seguinte, os 
CEOs estaduais passaram a receber recursos federais (VIEIRA, 2013). 
 Logo, vale ressaltar um importante marco para o Ceará, no ano de 2004, o primeiro 
CEO proveniente da PNSB foi inaugurado no município de Sobral, na região Norte do estado, 
contando com a presença do então Presidente da República, Lula. Tal fato demonstra o 
protagonismo do Estado na fomentação e expansão da política de saúde bucal (SILVA, 2019). 
 Outra importante ação neste mesmo período foi o Projeto de Rastreamento do Câncer 
de Boca, em que foram capacitados os cirurgiões dentistas (CD) para além de identificar, 
realizar busca ativa de lesões. Em 2005, a Secretaria Estadual de Saúde, organizou um concurso 
público para médicos, enfermeiros e dentistas da Estratégia de Saúde da Família, assim 
fortalecendo o vínculo empregatício destes profissionais e estimulando o investimento na 
atenção básica (LESSA, 2010; PEQUENO, 2005). 
 O rumo da política de saúde bucal foi modificado durante a gestão de 2007 a 2012, 
priorizando a atenção odontológica secundária e terciária. Assim, em 2008 foi lançado pelo 
governo do estado o Monitoramento e Acompanhamento dos projetos prioritários do governo 
(MAPP), cuja previsão era a implantação de 17 CEO em todo o estado. Quanto a Atenção 
Primária, ainda foram destinados recursos para sua estruturação, contudo, o governo extinguiu 
o Programa Dentista da Família, pois as atribuições da atenção básica passaram a ser de 
responsabilidade dos munícipios (VIEIRA, 2013). 
 Portanto, observa-se que no Ceará desde os primórdios da trajetória da Política de 
Saúde Bucal Estadual houve um empenho tanto no incentivo financeiro como no 
desenvolvimento dos serviços públicos odontológicos. Inicialmente, tais serviços eram 
ofertados na capital para atender a população do interior. Contudo, a Secretária Estadual de 
Saúde (SESA) por meio do Programa Dentista da Família incentivava a organização municipal 
deste serviço. E em 2007, além de contribuir com a atenção básica ainda ampliou a prestação 
de serviços odontológicos especializados por meio dos CEO regionais (VIEIRA, 2013). 
4.3 Saúde Bucal na Estratégia de Saúde da Família: Avanços e Desafios 
A inserção do CD nas equipes de saúde da família (eSF) ocorreu através da Portaria 
MS-1.444, de 28/12/2000. Resultado de um longo processo de discussão, entre muitos atores e 
instituições da classe odontológica, insistindo na necessidade de dentistas compondo o quadro 
de profissionais prestadores de serviços da Atenção Básica. Segundo Baldin (2005), o objetivo 
27 
 
 
desta inclusão foi melhorar os índices epidemiológicos, ampliar o acesso e transformar o 
processo de trabalho. Logo, a Atenção Primária à Saúde (APS) constitui-se como um dos 
principais pilares para a efetivação do PBS, uma vez que, reorganizados as ações de saúde 
bucal neste nível concretiza-se a possibilidade de mudança no modelo de assistência (BRASIL, 
2008). 
 Foram definidas duas modalidades de equipe, a modalidade I, composta por um CD e 
um Auxiliar de Saúde Bucal (ASB) e a modalidade II, composta por um CD, um ASB e um 
Técnico de Saúde Bucal (TSB). Na tabela pode-se observar a evolução no número de equipes 
entre os anos de 2009 a 2019. 
Gráfico 1- Evolução no número de equipes de saúde bucal entre os anos de 2009 e 2019, 
segundo os dados do Ministério da Saúde. 
 
Fonte: Brasil, 2020. 
Conseguinte, quando em 2004 é lançada as Diretrizes da PNBS, destacavam-se: o 
cuidado como eixo da reorientação do modelo, a humanização do processo de trabalho e a cor 
responsabilização dos serviços, imbricando- se nas diretrizes do SUS e também da ESF. Trouxe 
ainda o enfoque nas linhas de cuidado, como de crianças, adolescentes, adultos e idosos, além 
de ações voltadas para condições especiais de vida, como saúde da mulher, do trabalhador de 
portadores de necessidades especiais (KNAUTH, 2006). 
20626
21999
23076 23586
24131
25327 25891 25827
27082
28050
28991
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Evolução do NÚMERO DE EQUIPES DE SAÚDE 
BUCAL
28 
 
 
 Deste modo, o trabalho em saúde bucal passa a fundamentar-se na universalidade 
equidade, integralidade da atenção, trabalho em equipe e interdisciplinar, foco de atuação 
centrado no território-família-comunidade, humanização da atenção, responsabilização e 
vínculo. Exigindo da eSB o relacionamento com os usuários, participação na gestão dos 
serviços, a fim de que se responda as demandas das pessoas assistidas, ampliando assim o 
acesso (BRASIL, 2017). 
 Sendo assim, o processo de trabalho foi aspecto de transformação fundamental, ao 
passo que, insere-se os trabalhadores de saúde bucal em uma equipe multiprofissional afronta-
se valores, lugares e poderes já consolidados pela “forma de fazer odontologia” dos sistemas 
passados. Configurando-se como um grande desafio a integração da categoria as equipes, 
podendo ser explicada pela inserção tardia, a formação tecnicista e individualista, dificultando 
a abordagem holística e a demanda excessiva (BALDANI, 2005). 
 Desta maneira, a demanda excessiva pode ser explicada pela dívida na assistência 
odontológica perpetrada ao longo dos anos e pela falta de políticas públicas e de ações 
programáticas. Por isso, as ESB devem atuar de maneira individual, com o cuidado de não 
reproduzir a concepção de odontologia de mercado, e de maneira coletiva, adotando medidas 
de promoção, prevenção e controle epidemiológico das doenças do complexo estomatognático. 
Então, cabe a estes profissionais advogarem políticas públicas saudáveis e de estimular o 
autocuidado (LOURENÇO 2012; EMMI, 2015). 
 Posto isto, a Portaria 648 do Ministério da Saúde de 2006, elenca como procedimentos 
básicos odontológicos: restauração, periodontia básica, exodontias, profilaxia e aplicação 
tópica de flúor. Define ainda as atribuições dos profissionais que compõem a eSB. Cabendo a 
estes profissionais além da realização das práticas técnico- odontológicas, ações que visem o 
cuidado integral em saúde bucal, tais como de promoção, prevenção, proteção, tanto no âmbito 
individual como coletivo. 
 Logo, de acordo com o Caderno de Normas e Manuais Técnicos da Atenção Básica de 
número 17, publicado em 2008 pelo MS, os principais desafios enfrentados pelas ESBs na ESF 
são: unificação da porta de entrada, enfatizando a necessidade de se integrar as ações e 
serviços odontológicos e da atuação multiprofissional e interdisciplinar destes profissionais. 
Garantir o acesso a demanda espontânea, adotando o acolhimento como uma forma de 
ampliar o acesso e qualificaro atendimento, a fim de que seja possível dá respostas satisfatórias 
para as necessidades das populações. Desenvolver ações programadas de promoção da 
29 
 
 
saúde, e assistência voltadas ao controle das patologias crônicas e/ou às populações mais 
vulneráveis do território, construindo as agendas de acordo com as necessidades locais. 
Organizar a Atenção Domiciliar, através de visitas domiciliares programadas e agendadas 
para o acompanhamento de pacientes em situações de vulnerabilidade. Por fim, 
encaminhamento para outros níveis de atenção, como os CEOs e hospitais (BRASIL, 2008). 
 Ainda no ano de 2006, através da Pacto de Indicadores da Atenção Básica, foi 
redefinido os indicadores que constituem o instrumento nacional de monitoramento e avaliação 
das ações e serviços de saúde bucal referentes à AB. Sendo os dois principais indicadores: 
cobertura de primeira consulta odontológica programática e cobertura da ação coletiva de 
escovação dental supervisionada e dois outros complementares: média de procedimentos 
odontológicos básicos individuais e proporção de procedimentos odontológicos especializados 
em relação às ações odontológicas individuais (BRASIL, 2006a). O quadro apresenta a 
definição de cada indicador. 
Quadro 1- Definição dos indicadores de saúde bucal do Pacto da Atenção Básica 2006, segundo 
a Portaria nº 493/GM, de 10 de março de 2006. 
COBERTURA DE PRIMEIRA 
CONSULTA ODONTOLÓGICA 
PROGRAMÁTICA 
 
É o percentual de pessoas que receberam uma 
primeira consulta odontológica programática, 
realizada com finalidade de diagnóstico e, 
necessariamente, elaboração de um plano 
preventivo-terapêutico (PPT), para atender as 
necessidades detectadas. Não se refere a 
atendimentos eventuais como os de 
urgência/emergência que não tem seguimento 
previsto. 
 
30 
 
 
COBERTURA DA AÇÃO COLETIVA 
ESCOVAÇÃO DENTAL 
SUPERVISIONADA 
 
É o percentual de pessoas que participaram da 
ação coletiva escovação dental 
supervisionada. Tal ação é dirigida, 
necessariamente, a um grupo de indivíduos. 
Expressa o percentual de cobertura 
correspondente a média de pessoas que 
tiveram acesso à escovação dental com 
orientação/supervisão de um profissional 
treinado, considerando o mês ou meses em 
que se realizou a atividade, em determinado 
local e ano, visando à prevenção de doenças 
bucais, mais especificamente cárie dentária e 
doença periodontal. 
 
MÉDIA DE PROCEDIMENTOS 
ODONTOLÓGICOS BÁSICOS 
INDIVIDUAIS 
 
Consiste no número médio de procedimentos 
odontológicos básicos, clínicos e/ou 
cirúrgicos, realizados por indivíduo, na 
população residente em determinado local e 
período. 
 
PROPORÇÃO DE PROCEDIMENTOS 
ODONTOLÓGICOS SPECIALIZADOS 
EM RELAÇÃO ÀS AÇÕES 
ODONTOLÓGICAS INDIVIDUAIS 
 
Consiste na proporção de procedimentos 
odontológicos especializados em relação às 
demais ações individuais odontológicas 
realizadas no âmbito do SUS. 
 
Fonte: Brasil, 2006. 
 Desta maneira, a assistência odontológica na ESF deve estar preparada para atender as 
necessidades e ser resolutiva em, pelo menos, 80% dos casos. Sendo a ordenadora para os 
demais serviços do PBS, sendo assim a sua plena concretude está atrelada ao sucesso da PNSB, 
representada pelo PBS (BRASIL, 2008). 
Outrossim, trazendo a luz da discussão os avanços da PNSB, as eSBs tendo como palco 
a APS, desenvolveram relevantes ações de promoção e educação em saúde, através da criação 
de espaços de conversas e trocas de saberes e de atividades promotoras, preventivas e de 
controle das doenças bucais, o que promove o autocuidado do público assistido. Conseguinte, 
contribui para a universalização e acessibilidade aos serviços odontológicos. Pois, de acordo 
31 
 
 
com a PNAD de 2008, o percentual de brasileiros que não nunca haviam ido ao dentista decaiu 
de 15,9% (27,9 milhões) para 11,7% (22,1 milhões) (ANJOS, 2011; CHAVES, 2017). 
 No entanto, a ampliação da atenção secundária, através da criação e expansão dos 
CEOs, é a linha de ação com maior visibilidade da Política e, segundo Narvai (2009), chegando 
até se confundir com a mesma. Estas unidades propõem realizar procedimentos 
complementares aos da APS, os ofertando de acordo com a realidade epidemiológica de cada 
local. Devem estar articulados em rede e integrados a todos os níveis de atenção, em especial 
a Atenção Primária. Porém, há diversos relatos de descaracterização dos CEOs, atuando muitas 
vezes como “porta de entrada” do sistema, fenômeno descrito por Narvai como “atalho ao 
CEO. 
No tocante de avanços intersetoriais, a fluoretação das águas de abastecimento teve 
grande avanço. Já sendo implantada desde a década de 50 e sendo ampliada nos anos seguintes. 
No entanto, no início dos anos 2000 houve a ascensão do movimento antiflúor, em que foram 
encaminhados muitos projetos preterindo a suspensão da fluoretação. O Conselho Federal de 
Odontologia (CFO) e outras entidades odontológicas, posicionaram-se de maneira decisiva no 
Congresso Nacional. Desta forma, foram elaborados pareceres contrários aos projetos e 
socializadas informações sobre os benefícios do flúor com a sociedade (FRAZÃO, 2017). 
Contudo, apesar da importância de a fluoretação das águas de abastecimento público 
ser reconhecida como um fator crucial para o declínio da cárie dentária no Brasil e de trazer 
benefícios diretos na qualificação dos sistemas de tratamento e distribuição de águas, observa-
se que existe uma desigualdade quanto ao acesso de água (CURY, 2015). No estudo de Roncalli 
et al. (2019) foram apresentados os níveis de distribuição dos percentuais nos municípios com 
mais de 50 mil habitantes, como mostra a figura 2, no período de 2010 a 2015. 
Figura 3- . Distribuição percentual do número de municípios com mais de 50 mil habitantes, 
segundo a situação quanto à fluoretação por região. Brasil, 2010-2015. 
32 
 
 
 
Fonte: RONCALLI, 2019. 
Logo, é visível a discrepância entre a região Sul e Norte, em que, na primeira os 
percentuais de municípios com o abastecimento de águas fluoretadas próprias para consumo 
humano chegam a ultrapassar 70% e, já na região Norte quase 90% dos seus municípios não 
tem flúor nas águas disponíveis para o consumo. 
 Diante do exposto, conclui-se que os avanços da PNSB são substanciais, contudo, o 
maior desafio, segundo Narvai (2011), é não permitir a dissociação da saúde bucal das demais 
políticas públicas de saúde. Para que, dessa forma, não seja reduzido a um simples programa 
odontológico e sim há uma política que visa enfrentar e superar as misérias e desigualdades 
sociais. 
 
33 
 
 
4.4 Levantamentos Epidemiológicos das Condições de Saúde Bucal dos Brasileiros 
Levantamentos ou inquéritos epidemiológicos trata-se de estudos de caráter transversal 
que tem por finalidade apropriar-se da extensão e severidade de um determinado problema em 
saúde. Visam ainda diagnosticar as necessidades acumuladas, auxiliam na definição de 
prioridades e avaliam programas, podendo serem utilizados como instrumento de gestão. Seus 
dados são de grande importância para serem utilizados em comparações futuras (BONITA, 
2006; ANDRADE, 2013). 
Logo, os levantamentos odontológicos têm por objetivo avaliar as necessidades da 
população, de acordo com as condições de saúde oral, desta forma, subsidiando o 
desenvolvimento de programas e políticas públicas a nível municipal, estadual e federal, 
embasadas em dados confiáveis (ANDRADE, 2013). Permitem, a partir das informações 
colhidas, controlar as mudanças nos padrões e prevalências dos condicionantes avaliados 
(FLETCHER, 2014). 
Contudo, a odontologia brasileira apresenta tímidas experiências em avaliação de 
políticas de saúde utilizando inquéritos em Saúde Bucal. Na década de 50 estes estudos eram 
realizados apenas na população de escolares, sendo que somente em 1986 foi realizada a 
primeira pesquisa de base populacional. Sendo assim, comparandoa outros países, como a 
Inglaterra que realizou levantamentos desde as primeiras décadas do século XX, o Brasil 
inseriu-se tardiamente neste processo (RONCALLI, 2012; BRASIL, 2012). 
Assim sendo, as principais produções obtidas através de estudos primários datam de 
1986, sendo esta a primeira grande experiência. Teve abrangência de diferentes grupos etários 
(de escolares a idosos) e vinculada ao PRECAD, sendo examinadas 22.709 pessoas nas 15 
capitais do país e Distrito Federal (DF). Buscou avaliar a cárie dentária, doença periodontal e 
edentulismo (RONCALLI, 2006; BRASIL, 1988). 
Adiante, os principais resultados obtidos por este levantamento foram a alta prevalência 
e severidade de cárie dentária em escolares, em que o ICPO-D (Índice de Dentes Cariados 
Perdidos e Obturados) na faixa etária de 12 anos, considerado como um dos principais 
indicadores para avaliar saúde dental mundialmente, indicou que, de acordo com a escala da 
OMS, que o Brasil era o terceiro pior índice do mundo, perdendo apenas para Brunei e 
República Dominicana. (BRASIL, 1988; PERES, 2007). Observou-se também alto índice de 
edentulismo em adultos e idosos, afamando o Brasil como o “país dos desdentadados”. Além 
das desigualdades regionais no perfil epidemiológico. Em que a região Norte apresentava os 
34 
 
 
piores indicadores, seguido pela ausência de atendimentos odontológicos, em que na faixa 
etária de 6 a 12 anos apenas 26% teriam recebido assistência odontológica, em contrapartida, 
na região Sul o índice para esta mesma população era de 49% (BRASIL, 1988). 
Deste modo, teve fundamental importância, pois foi a primeira vez que se mencionou 
a intenção de estabelecer um modelo de atenção à saúde bucal com base epidemiológica 
(RONCALLI, 2006). Logo, principais causas para que se realizasse este inquérito seria a 
necessidade de dados confiáveis, a constatação de que a oferta de serviços odontológicos para 
a população era escassa e a possibilidade de se implantar um programa nacional de assistência 
odontológica (BRASIL, 1988). Cabe ressaltar o momento político que o país passava, com 
apenas dois anos de governo de um presidente civil eleito por voto direto e, no campo da saúde, 
neste mesmo ano, ocorreu a histórica 8ª Conferência Nacional de Saúde (RONCALLI, 2012). 
Apesar dos importantes resultados obtidos nesta pesquisa, sendo utilizados em muitos 
estudos para traçar o perfil epidemiológico dos brasileiros, não houve continuidade das práticas 
epidemiológicas e nem tais dados foram usados para embasar uma política pública de SB, que 
só ocorreria anos depois. A divulgação desses resultados ficou restrita ao relatório do 
levantamento e, até o presente momento não estão disponíveis em bases de dados públicos, 
como o Datasus (RONCALLI, 2006). 
Confirmando isso, apenas dez anos mais tarde executa-se um outro levantamento em 
SB, contudo, pouco se aproveitou do levantamento passado. Roncalli (2006), afirma que houve 
um retrocesso, uma vez que, a amostra da era apenas de escolares de 6 a 12 anos, avaliando 
somente a condição de cárie dentária. Apesar da SB ocupar espaço como uma área técnica no 
MS, diferente do governo passado, em que se tratava apenas de uma divisão, tais resultados 
não foram vinculados a nenhuma política de saúde vigente, havendo descontinuidade da prática 
epidemiológica nesta área (PEREIRA, 2009). 
Logo, os principais dados dessa pesquisa foi a tendência de declínio da cárie dentária 
na faixa etária avaliada e, assim como encontrado no estudo anterior, diferenças 
epidemiológicas regionais. Vale ressaltar que estes resultados não seguiram uma metodologia 
de publicação, aliás, o relatório final não chegou a ser publicado, contudo, diferindo do anterior, 
tais dados estão disponíveis para tabulação na plataforma Datasus (RONCALLI, 2006). 
Sucessivamente, em 2000, inicia a ser projetado o que se tornaria o terceiro 
levantamento epidemiológico em SB a nível nacional sob os cuidados do MS, o Projeto 
35 
 
 
SB2000 – Condições de Saúde Bucal da População Brasileira, posteriormente denominado SB 
Brasil 2003. Este viria ser um marco para a epidemiologia odontológica, apresentando um 
maior rigor metodológico em relação aos anteriores. Pela primeira vez se incluiu municípios 
de médio porte, não apenas as capitais, alcançando um número considerável de 250 municípios 
ao todo (BRASIL, 2003). 
De modo que, foi avaliado os principais agravos em SB, como cárie dentária, doença 
periodontal, edentulismo, alterações nos tecidos moles (jamais analisadas anteriormente, 
fluorose. Permitiu que os grupos etários fossem compostos por todos os ciclos de vida, além 
de uma avaliação de teor qualitativo em três dimensões: condição socioeconômica, acesso a 
serviços de saúde e auto percepção dos participantes quanto a sua condição de SB 
(RONCALLI, 2012; BRASIL, 2003). 
Sendo assim, dentre os principais resultados deste levantamento, cita-se: queda da cárie 
dentária na população de escolares, confirmando o achado do levantamento de 1996. 
Persistência nas desigualdades regionais, em que este declínio é maior em zonas urbanas das 
regiões Sul e Sudeste e melhores condições de SB foram encontradas em alunos de escolas 
particulares. A quantidade de brasileiros edêntulos ainda era alarmante e o surgimentos de 
novas necessidades de saúde, como as oclusopatias (BRASIL, 2003). 
Desta forma, os dados gerados por este levantamento serviram de subsídio para a 
implantação do PSB no ano seguinte de sua publicação. A partir deste inquérito, foi possível 
estabelecer um diagnóstico aprofundado acerca da situação de SB no Brasil, conhecendo 
expressão de doenças jamais pesquisadas em magnitudes nacionais, como as oclusopatias e 
fluorose. Outro grande feito foi ter dado bases a sua metodologia que permitisse a replicação 
nos diferentes níveis de governança, desde a secretarias de saúde de pequenos municípios a 
grandes metrópoles. Consentiu ainda que fossem realizadas comparabilidades a nível 
internacional. Também se arquitetou para que fosse possível criar uma matriz para uma futura 
construção de um modelo de vigilância em SB, por meio da obtenção de dados primários 
(BRASIL, 2003; RONCALLI, 2006; RONCALLI, 2012). 
Apesar do rigor no delineamento amostral e de treinamento e calibração prévia dos 
pesquisadores, sendo inclusive publicados e absorvidos pela academia e serviços, segundo 
Queiroz (2009), tal inquérito sofreu inúmeras críticas no que tangia a representatividade da 
amostra, pois não houve cautela na escolha da mesma, de modo que, as estimativas não foram 
consideradas válidas para a população brasileira. 
36 
 
 
Conseguinte, em março de 2010, seis anos após a instituição da PNBS, por meio do Caderno 
de Saúde Pública, o MS lança o editorial sobre o Projeto SB Brasil 2010 – Pesquisa Nacional 
de Saúde Bucal, em dezembro deste mesmo ano foi publicado seus primeiros resultados. 
Executado em parceria com secretarias estaduais e municipais de saúde das cinco regiões do 
país, com o apoio de entidades de classe odontológicas e das Universidades, teve proposta 
metodológica sugerida como estratégia para o desenvolvimento do eixo de vigilância em saúde 
na PNBS, sendo inserido na mesma (BRASIL, 2010; RONCALLI, 2011). 
Desta forma, foi realizada em 26 capitais e no DF, além de cento e cinquenta municípios 
do interior com distintos portes populacionais. Participaram como pesquisadores cerca de dois 
mil trabalhadores do SUS, das três esferas governamentais e foram examinadas e entrevistada 
em média de 38 mil pessoas, dos diferentes grupos etários (crianças, adolescentes, adultos e 
idosos) (BRASIL, 2010). 
Logo, em comparação aos levantamentos anteriores, teve resultados animadores a nível 
nacional. Novamente se confirmou a tendência de declínio da doença cárie em escolares, 
apresentando dados que apontavam para um maior acesso aos serviços odontológicos, como o 
aumento no percentual decrianças livres de cárie, que em 2003 era de 31% e em 2010 chegou 
a 44% em 2010. Tal declínio estendeu-se também para as outras faixas etárias. Outro ponto, 
foi o aumento em 69% dos dentes tratados, além da queda quase pela metade dos dentes 
extraídos, em comparativo com o levantamento de 2003 (BRASIL, 2010; BRASIL, 2003; 
BRASIL, 2012). 
Contudo, houve ainda persistência nas desigualdades regionais, o endetulismo, apesar 
de apresentar queda principalmente na população adulta, ainda consistia em um número 
significativo na população de idosos. Constatou-se uma diminuição na necessidade do uso de 
prótese em adultos e adolescentes, porém na população idosa ainda há um importante déficit. 
E a prevalência de oclusopatias não tratadas em adolescentes era de 10%, apontando a 
necessidade de se reorganizar a oferta de tratamento ortodôntico na atenção secundária 
(BRASIL, 2010; RONCALLI, 2011; BRASIL, 2012). 
Por fim, em 2013 o IBGE realiza a Pesquisa Nacional de Saúde, incluindo o 
componente SB. Foram realizadas auto avaliações sobre a percepção de saúde dos brasileiros, 
em que foram entrevistados pessoas de 18 ou mais anos de idade, os indicadores referentes a 
SB analisados foram divididos em duas categorias: higiene bucal e condições de Saúde Bucal 
(IBGE, 2015). 
37 
 
 
Quanto a higiene bucal foi avaliada: Proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade 
que escovam os dentes pelo menos duas vezes por dia b) Proporção de pessoas de 18 anos ou 
mais de idade que usam escova de dente, pasta de dente e fio dental para a limpeza dos dentes; 
c) Proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade que trocam a escova de dente por uma 
nova, pelo menos, a cada três meses IBGE, 2015). 
Quanto as Condições de saúde bucal forma avaliados: a) Proporção de pessoas de 18 
anos ou mais de idade que consideram sua saúde bucal como boa ou muito boa; b) Proporção 
de pessoas de 18 anos ou mais de idade que têm grau intenso ou muito intenso de dificuldade 
para se alimentar por problemas nos dentes ou dentadura; c) Proporção de pessoas de 18 anos 
ou mais de idade que perderam todos os dentes; d) Proporção de pessoas de 18 anos ou mais 
de idade que perderam 13 ou mais dentes; e) Proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade 
que usam algum tipo de prótese dentária (IBGE, 2015). 
Logo, os dados obtidos mostraram que homens, idosos, aqueles que se consideravam 
pretos e pardos, residentes de zona rural e da região Nordeste apresentavam os piores 
indicadores de higiene bucal, bem como os maiores relatos de grau intenso ou muito intenso 
de dificuldade para se alimentar por problemas nos dentes ou dentadura. A perda dentária 
afetou cerca de 16 milhões de indivíduos, atingindo principalmente mulheres, desta maneira, 
tais dados corroboram com os achados em levantamentos de anteriores, como por exemplo o 
SB Brasil 2010. (IBGE, 2015; NICO, 2016). O quadro a seguir compila os levantamentos 
epidemiológicos abordados nesta sessão e seus principais resultados epidemiológicos. 
 
Quadro 2- Cronologia dos principais resultados epidemiológicos relacionados à saúde bucal, 
1986-2013. Brasil, 2020. 
Ano Resultados epidemiológicos 
1986 
- Alta prevalência e severidade de cárie em escolares; 
- Alto índice de edentulismo em adultos e idosos; 
- Desigualdades regionais no perfil epidemiológico 
 
1996 
- Declínio da doença cárie em escolares; 
- Persistência de desigualdades regionais 
 
38 
 
 
2003 
- Declínio na cárie da população escolar; 
- Persistência de desigualdades regionais; 
- Edentulismo ainda alarmante; 
- Aparecimento de outras necessidades epidemiológicas 
2010 
- Declínio de cárie em escolares e em outras faixas etárias; 
- Persistência das desigualdades regionais; 
- Maior acesso aos serviços odontológicos; 
- Edentulismo em queda na população adulta, porém números 
alarmantes em idosos; 
- Declínio da necessidade de prótese em adolescentes e adultos e déficit 
na população de idosos. 
- Prevalência de oclusopatias não tratadas. 
 
2013 
- Piores índices de higiene bucal em homens, idosos, pretos e pardos e 
residentes na zona rural; 
- Persistência das desigualdades regionais; 
- Edentulismo em números alarmantes; 
- Melhora considerável na condição de SB de adolescentes e adultos; 
 
Diante do exposto, torna-se possível afirmar que a condição de SB da população adulta 
brasileira teve significativa melhora com o passar dos anos, contudo, os idosos ainda 
apresentam situação preocupante (BORGES, 2014). No entanto, apesar das relavantes 
informações obtidas neste estudo, apontou-se como limitação a a realização de apenas 
entrevistas, sem que houvesse exame clínico, porém, a autopercepção de SB possui alta 
validade aceitável, além de referir-se a questões muito mais subjetivas do que clínicas, de fato 
(MOURA, 2014; MOREIRA, 2005). 
Dada a importância de se ter dados primários em SB para subsidiar tomadas de decisões 
quanto ao futuro das políticas públicas, o realocamento de recursos humanos, financeiros e 
materiais, o MS prever uma nova versão do projeto SB Brasil para o ano de 2020. 
4.5 Indicadores em Saúde Bucal na Atenção Básica 
O monitoramento dos indicadores em saúde tem um papel fundamental para o 
fortalecimento da AB, uma vez que, através de sua pactuação é possível refletir sobre quais 
39 
 
 
medidas devem ser tomadas para que se consiga alcançar os resultados esperados. Além disso, 
durante o processo de criação, pactuação e aperfeiçoamento ocorre uma maior integração entre 
as unidades gestoras, sejam elas Secretarias Municipais ou Estaduais de Saúde, desta forma, 
melhorando a capacidade de gestão e avaliação (BATISTA, 2010). 
Sendo assim, através da Portaria 476 de 1999, o MS instituiu o Pacto de Indicadores da 
Atenção Básica (PIAB). Tinha o intuito de ampliar o monitoramento dos recursos e o impacto 
na saúde da população, este instrumento formal baseava-se na negociação entre as três esferas 
do governo. Contudo, em relação a SB os indicadores eram escassos, segundo Corrêa (2015), 
no Pacto de 2003, somente dois indicadores estavam relacionados a esta área. Enquanto no 
Pacto pela Saúde para biênio de 2010-2011, não havia nenhum indicador de SB, posteriormente 
corrigido pela Portaria 3.840, em que foram incluídos dois indicadores: cobertura populacional 
estimada das eSB da ESF e média da ação coletiva de escovação supervisionada. (BRASIL, 
2009, BRASIL, 2010b). 
Ademais, deve-se elucidar a importância do levantamento epidemiológico de 2003, a 
partir dele subsídios foram dados para que se traçasse o planejamento e avaliação das ações em 
saúde bucal. Logo, no ano de 2006, um conjunto de reforma institucionais foi pactuado, sendo 
incluídos novas portarias e indicadores constituindo o Pacto pela Saúde, Pacto em Defesa do 
SUS, Pacto pela Vida e Pacto de Gestão. Neste mesmo ano, foi o instituído o CECOL, a fim 
de se fortalecer a vigilância e monitoramento em SB, como supracitado neste estudo (BRASIL, 
2006a, BRASIL, 2006b). 
Portanto, no âmbito da SB, os indicadores instituídos pelo PIAB de 2000 a 2010 foram: 
cobertura de primeira consulta odontológica programática, cobertura da ação coletiva 
escovação dental supervisionada, média de procedimentos odontológicos básicos individuais, 
proporção de procedimentos odontológicos especializados em relação às ações odontológicas 
individuais, cobertura populacional estimada das eSB da eSF e média da ação coletiva de 
escovação supervisionada. (BRASIL, 2010b). 
Outrossim, em 2011, através do Decreto nº 7.508, que regu-lamenta a Lei nº 8.080, de 
1990, outro instrumento de pactuação foi instituído, o Contrato Organizativo da Ação Pública 
da Saúde (COAP). Segundo Tamaki (2012), este instrumento teve como principal propósito 
organizar e integrar as ações e serviços em regiões de saúde, de tal maneira que garantisse a 
integralidade do cuidado aos usuários. Ainda neste ano, reconhecendo as iniquidadesno acesso 
e utilização dos serviços de saúde, publica-se a segunda edição da Política Nacional de Atenção 
40 
 
 
Básica (PNAB), introduzindo o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da 
Atenção Básica (PMAQ-AB) (BRASIL, 2014; BRASIL, 2011). 
Desta forma, o PMAQ surge como uma estratégia promotora de melhorias no acesso e 
qualidade da Atenção Básica AB. Organizado em quatro fases, sendo a primeira etapa dirigida 
para a contratualização de compromissos e indicadores, contando com um total de 47 
indicadores pactuados entre as equipes participantes e a gestão (BRASIL, 2012; FAUSTO, 
2014). Deste indicadores, sete tratavam da SB, sendo quatro aferindo o desempenho- média da 
ação coletiva de escovação dental supervisionada, cobertura de primeira consulta odontológica 
programática, cobertura de primeira consulta de atendimento odontológico à gestante e razão 
entre tratamentos concluídos e primeiras consultas odontológicas programáticas; e três 
referiam-se ao monitoramento- média de instalações de próteses dentárias, média de 
atendimentos de urgência odontológica por habitante e taxa de incidência de alterações da 
mucosa oral, tais dados eram oriundos do siab e do esus/sisab (BRASIL, 2012). Na figura 3 
observa-se os indicadores propostos pelo PMAQ, bem como sua categoria, segundo França 
(2020), e sua fórmula. 
Figura 4- Indicadores de saúde bucal propostos no Programa Nacional de Melhoria do Acesso 
de Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). 
 
Fonte: França, 2020. 
41 
 
 
 Conforme as Diretrizes da PNS, os acompanhamentos dos impactos das ações em saúde 
bucal devem ser acompanhados através de adequados indicadores, devendo ser de fácil registro 
e devem garantir dados confiáveis e contínuos (BRASIL, 2010b). Contudo, segundo França 
(2020), poucas dimensões são abordadas na área da SB, apontando para a necessidade de 
incorporação de novos indicadores. Porém, é importante salientar os avanços propiciados pelo 
PMAQ, que expandiu o número de indicadores e ampliou a avaliação da qualidade dos serviços 
prestados, bem como o desempenho das políticas públicas (MACHADO, 2018). 
 Em março de 2019, o Ministério da Saúde lança o Previne Brasil, tratando-se de uma 
nova forma de financiamento da APS. De acordo com tal modelo, a distribuição dos recursos 
terá como métrica o desempenho das eSF, os indicadores de saúde que antes contabilizavam 
mais de setecentos, passam a ser considerados apenas vinte e um. E destes apenas um refere-
se a saúde bucal: proporção de gestantes que passaram por atendimento odontológico. 
Entretanto, as ações odontológicas também entram como medida chave para o cálculo de 
escores (BRASIL, 2019; GOBBO, 2019). 
 
 
5 METODOLOGIA 
5.1 Tipo e abordagem do estudo 
 Trata-se de um estudo observacional, analítico, ecológico de série temporal, 
ancorado na abordagem quantitativa. Séries temporais ou séries históricas, são dados 
observados em intervalos regulares de tempo, que podem ser obtidos por meio da 
observação periódica de um evento (ANTUNES, 2015) 
Na epidemiologia tais estudos são de grande importância, pois permitem prever 
futuros cenários da distribuição de eventos relacionados a saúde da população e, mais 
relevante ainda, os fatores capazes de modificar essa distribuição. Sendo assim, propiciam 
aos gestores tomadas de decisões embasas em informações confiáveis, efetivando recursos 
e esforços no correto campo de necessidade (LATORRE, 2001; ANTUNES, 2015).
 Para Gomes (2007), a pesquisa documental está para além de uma técnica ou 
procedimento de coleta de dados, configura-se como uma metodologia de pesquisa. Uma 
vez que, considera a epistemologia, a teoria que orienta os conceitos e princípios do trabalho 
42 
 
 
científico, a morfologia que estrutura sistematicamente o objeto de estudo e, por fim, a 
técnica que controla a escolha da coleta de dados que deve propiciar um diálogo entre os 
achados documentais e a teoria. 
 Ao que tange a abordagem quantitativa, esta subsidia análise de grandes 
aglomerados de dados, do ponto de vista social, a fim de classificá-los e torná-los 
inteligíveis através de variáveis. Os dados se apresentam como indicadores, tendências 
observáveis, de forma confiável e sem vieses. Tal modelo baseia-se na formulação de 
hipóteses e técnicas de verificação sistemática, a fim de explicar os fenômenos estudados 
por meio de estatística (PONTE, 2012; TURATO, 2009). 
 Sendo assim, este estudo realiza análise de um grande conjunto de dados, seja pela 
expressão quantidade de informações exploradas, seja pelo corte temporal e ou pela 
magnitude de se analisar uma política vigente. Ademais, além de realizar a mensuração 
estatística de tal política circunscrito no estado do Ceará. 
5.2 Cenário do estudo 
 O estado do Ceará conta com 184 municípios e uma população estimada de 9,1 
milhões de habitantes em 2019, sendo o 8º estado mais populoso do país e sua capital, 
Fortaleza, a segunda mais populosa da região Nordeste. Apresentando um IDH de 0,682 e 
uma esperança de vida 73,6 (IBGE, 2020). 
 Torna-se cenário deste estudo a Estratégia de Saúde da Família (ESF) e as Equipes 
de Saúde Bucal (eSB) do Estado do Ceará. Desde o ano de 1994 a Coordenadoria de Saúde 
da Família do Estado do Ceará adotou a atenção à Estratégia Saúde da Família como 
estratégia central de atuação. Em 1998, o Estado começou a passar um por processo de 
regionalização e descentralização, sendo um dos pioneiros. Desde então, busca-se adotar 
um sistema regionalizado e hierarquizado em níveis de complexidade de atenção em 
territorialidades de micro e macrorregiões de saúde, estando a Atenção Primária na 
responsabilidade das regiões de saúde (SESA, 2007; SESA, 2019). 
 Até dezembro de 2019, o estado do Ceará contava com 2.469 eSF e 1.893 eSB 
implantadas e distribuídas em todos os munícipios e organizadas, de acordo com o decreto 
33.602 de 2020, em cinco superintendências (Fortaleza, Sertão Central, Norte, Cariri, 
Litoral Leste) e em 22 Áreas Descentralizadas de Saúde (ADS). Quanto a cobertura 
43 
 
 
populacional a eSF possuía cobertura de 82,9% e a cobertura de eSB era de 66,74% 
(BRASIL 2020; SESA, 2019). 
5.3 Coleta de dados 
 Os dados de cada município do Ceará foram coletados no site oficial do 
Departamento de Informática do SUS (DATASUS), via Tabnet. Para isto, utilizou-se um 
instrumento de busca (APÊNDICA B), composto por dados sociodemográficos e de saúde 
bucal, correspondente a série temporal de 2009 a 2019. 
Foram coletados dados sociodemográficos como: estimativa da população 
municipal para o ano de 2019, Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e 
Índice de Gini, ambos para o ano de 2010. O IDHM, mede e avalia a qualidade de vida de 
uma população utilizando como critérios indicadores de educação, esperança de vida e 
renda. Já o Índice de Gini é uma medida de desigualdade, uma vez que assinala a diferença 
entre o rendimento dos mais pobres e mais ricos, genericamente. Por fim, para a população 
foi utilizada a estimativa populacional para cada ano. Vale ressaltar que as variáveis 
população e IDHM foram captados do banco de dados do IBGE, enquanto o e Índice de 
Gini do Datasus. 
 Os dados relacionados a saúde bucal foram organizados em categorias de busca de 
acordo com os eixos da Política Nacional de Saúde Bucal, sendo eles: acesso, promoção/ 
prevenção à saúde, recuperação e reabilitação. De modo que, fosse possível mensurar 
acesso ao serviço por meio de: número de primeira consulta odontológica programática, 
número de equipes de saúde bucal (eSB) e cobertura populacional de saúde bucal. 
Para mensurar a promoção e assistência à saúde foram considerados: escovação 
dental supervisionada, ação coletiva de bochecho fluoretado, ação coletiva de aplicação 
tópica de flúor, Aplicação tópica de flúor (individual por sessão), aplicação de cariostático, 
aplicação de selante, profilaxia/ remoção

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