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2021-tcc-rllbastos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS 
 CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA DE ALIMENTOS 
 
 
 
 
 
RAYSSA LARIELLA LIMA BASTOS 
 
 
 
 
 
 
 
CERTIFICAÇÃO FSSC 22000 EM INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS: UMA REVISÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2021 
 
RAYSSA LARIELLA LIMA BASTOS 
 
 
 
 
 
 
CERTIFICAÇÃO FSSC 22000 EM INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS: UMA REVISÃO 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Curso de Bacharelado em Engenharia de 
Alimentos do Departamento de Engenharia de 
Alimentos da Universidade Federal do Ceará, 
como requisito parcial para obtenção do título 
de Bacharel em Engenharia de Alimentos. 
 
Orientador: Prof. Dr. Italo Waldimiro Lima de 
Franca. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2021 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
B33c Bastos, Rayssa Lariella Lima.
 Certificação FSSC 22000 em indústrias de alimentos: uma revisão / Rayssa Lariella Lima Bastos. – 2021.
 40 f. : il. color.
 Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências
Agrárias, Curso de Engenharia de Alimentos, Fortaleza, 2021.
 Orientação: Prof. Dr. Italo Waldimiro Lima de Franca.
 1. Certificação. 2. FSSC 22000. 3. Indústria de alimentos. 4. Segurança de alimentos. I. Título.
 CDD 664
RAYSSA LARIELLA LIMA BASTOS 
 
 
 
CERTIFICAÇÃO FSSC 22000 EM INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS: UMA REVISÃO 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Curso de Bacharelado em Engenharia de 
Alimentos do Departamento de Engenharia de 
Alimentos da Universidade Federal do Ceará, 
como requisito parcial para obtenção do título 
de Bacharel em Engenharia de Alimentos. 
 
 
 
Aprovada em: _____/_____/______. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
________________________________________ 
Prof. Dr. Italo Waldimiro Lima de Franca (Orientador) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
_________________________________________ 
Profa. Dra. Larissa Morais Ribeiro da Silva 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
_________________________________________ 
Dra. Dayana Pinto de Meneses 
Universidade Estadual do Ceará (UFC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus. 
A minha avó Josefa Bezerra de Oliveira 
(in memorian). 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, agradeço pela minha vida e saúde. 
A minha mãe Itla e minha tia Daniele, pelo incentivo aos meus estudos. A vocês 
minha gratidão e amor. 
A minha avó Josefa Bezerra de Oliveira (in memoriam) que sempre foi minha maior 
motivação. 
Ao meu noivo Renan Capistrano por todo seu carinho e paciência ao longo desses 
anos de relacionamento. 
Aos meus sogros Everaldo Vieira e Rejane Capistrano e minha cunhada Erika 
Capistrano que sempre me acolheram com todo amor e cuidado. 
As minhas amigas Julianny Vieira e Rebecca Capistrano por todo o apoio e afeto. 
Aos meus amigos Joaquim Júnior, João Pedro, Letícia Brasil, Lucas Brasil e 
Mariana Sales, que me acompanham desde o colégio e são para mim a personificação de amor 
e cuidado. 
As minhas amigas Clara Facó, Marília de Castilho e Melissa Almeida, minhas 
companheiras de curso, que compartilharam comigo todos os anos de graduação e foram 
fundamentais para essa conquista. 
Aos meus amigos e companheiros de trabalho que viraram amigos da vida, Erica 
Mota, Kamilla Araújo, Thalita Cavalcante e Willian Araújo, a vocês todo o meu carinho e 
gratidão. 
Ao Professor Doutor Italo Waldimiro pela orientação na execução do trabalho e por 
ter sido um excelente professor ao longo da minha graduação. 
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu 
muito obrigada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“ Por vezes sentimos que aquilo que fazemos 
não é senão uma gota de água no mar. Mas o 
mar seria menor se lhe faltasse uma gota. ” 
 
Madre Teresa de Calcutá.
 
RESUMO 
 
Com o avanço da tecnologia e o maior acesso à informação, os consumidores estão cada vez 
mais exigentes com relação à qualidade e segurança dos alimentos. Uma forma de manter as 
organizações em um lugar de destaque no mercado consumidor são as certificações. A FSSC 
22000 (Food Safety System Certification) é um esquema que une padrões aceitos por diversos 
países e que agrega valor real às organizações. Ela é composta pela junção da ISO 22000, que 
é uma norma de gestão e segurança do alimento, com as especificações técnicas para programas 
de pré-requisitos (PPRs) específicos do setor, como a ISO / TS 22002-1 e Requisitos Adicionais 
da FSSC 22000. O esquema surgiu a partir da necessidade de harmonizar os referenciais de 
segurança do alimento já existentes. A certificação na norma é realizada por organismos de 
certificação independentes e acreditados, e para isso a empresa deve possuir um Sistema de 
Gestão de Segurança do Alimento implementado de acordo com a norma ISO 22000, que 
engloba as boas práticas de fabricação, plano APPCC e um sistema de gestão da qualidade bem 
desenvolvido, além de contar com o apoio da alta direção. Nesse contexto, foi realizado um 
levantamento bibliográfico sobre os principais aspectos do esquema de certificação FSSC 
22000 em indústrias de alimentos e sua importância à segurança de alimentos. Seja por 
exigência de clientes, ou pela necessidade da própria empresa de possuir uma certificação em 
uma norma de gestão e segurança do alimento, a certificação em FSSC 22000 se faz muito 
importante e tem uma série de benefícios, como de expansão do mercado interno ou o início de 
atividades no mercado internacional, maior controle do processo e a segurança do produto final. 
 
Palavras-chave: Certificação; FSSC 22000; Indústria de Alimentos; Segurança de Alimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
With the advancement of technology and greater access to information, consumers are 
increasingly demanding about food quality and safety. One way to keep organizations in a 
prominent place in the consumer market is certifications. FSSC 22000 (Food Safety System 
Certification) is a scheme that unites standards accepted by several countries and that adds real 
value to organizations. It is composed of the joining of ISO 22000, which is a food safety and 
management standard, with the technical specifications for sector-specific prerequisite 
programs (PRPs), such as ISO / TS 22002-1 and Additional FSSC 22000 Requirements . The 
scheme emerged from the need to harmonize existing food safety standards. Certification in the 
standard is carried out by independent and accredited certification bodies, and for this the 
company must have a Food Safety Management System implemented in accordance with the 
ISO 22000 standard, which encompasses good manufacturing practices, HACCP plan and a 
well-developed quality management system, in addition to having the support of senior 
management. In this context, a bibliographic survey was carried out on the main aspects of the 
FSSC 22000 certification scheme in food industries and its importance to food safety. Whether 
due to customer demand, or the company's own need to have a certification in a food 
management and safety standard, certification in FSSC 22000 is very important and has a series 
of benefits, such as expansion of the domestic market or the start of activities in the international 
market, greater process control and final product safety. 
 
 
Keywords: Certification; FSSC 22000; Food Industry; Food Safety. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - EmpresasCertificadas pelo GFSI no Mundo em 2021 ............................... 20 
Figura 2 - Etapas do processo de certificação ............................................................... 22 
Figura 3 - Diagrama operacional de segurança de alimentos ........................................ 27 
Figura 4 - Princípios para a implantação de um APPCC ............................................... 28 
Figura 5 - Certificados da Norma ISO 22000 emitidos no mundo entre os anos 
 2012 e 2016 .................................................................................................... 30 
Figura 6 - Certificados da Norma ISO 22000 emitidos no Brasil entre os anos 
 2007 e 2014 ..................................................................................................... 30 
Figura 7 - Estrutura da norma ISO 22000:2019 ............................................................... 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Tipos de contaminantes em alimentos ................................................................ 19 
Quadro 2 - Normas de gestão ISO mais difundidas .............................................................. 21 
Quadro 3 - Benefícios da implantação do APPCC em indústrias ......................................... 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Palavras-chave utilizadas durante a pesquisa ......................................................... 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
APPCC Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle 
BPF Boas Práticas de Fabricação 
BRC British Retail Consortium 
FAO Food and Agriculture Organization 
FSSC Food Safety System Certification 
GAP Good Agricultural Practices 
GFSI Global Food Safety Initiative 
IFS International Food Standard 
ISO International Organization for Standardization 
OMS Organização Mundial da Saúde 
PCC Ponto Crítico de Controle 
PPR Programa de Pré-Requisitos 
SGSA Sistema de Gestão e Segurança de Alimentos 
SGS Société Générale de Surveillance 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14 
2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 15 
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 15 
2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 15 
3 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 16 
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 17 
4.1 Contexto histórico ............................................................................................. 17 
4.2 Segurança Alimentar e Segurança do Alimento .............................................. 18 
4.3 Certificações ...................................................................................................... 19 
4.3.1 Processo de certificação .................................................................................... 21 
4.4 Alta Direção ...................................................................................................... 23 
4.5 Sistema de Gestão de Segurança dos Alimentos .............................................. 24 
4.6 Programa de Pré-Requisitos (PPRs) ................................................................ 25 
4.7 APPCC .............................................................................................................. 25 
4.8 Norma ISO 22000 ............................................................................................. 29 
4.8.1 Rastreabilidade e Recolhimento ......................................................................... 33 
4.9 O esquema Food Safety System Certification 22000 (FSSC 22000) ................ 34 
4.10 Benefícios da certificação em FSSC 22000 em indústrias de alimentos .......... 35 
4.11 Empresas que obtiveram resultados positivos com a certificação .................. 37 
5 CONCLUSÃO................................................................................................... 38 
 REFERÊNCIAS................................................................................................ 39 
 
 
 
14 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Com o avanço da tecnologia e o maior acesso à informação, os consumidores 
estão cada vez mais bem informados e exigentes com relação à qualidade e segurança dos 
alimentos. Segundo Coletto (2012), existem dois aspectos principais que devem ser abordados: 
as características sensoriais e a ausência de perigos à sua saúde. 
 Uma forma de manter as organizações em um lugar de destaque no mercado 
consumidor são as certificações, que tem como principal objetivo auxiliar no crescimento e 
desenvolvimento das empresas, através da normalização de seus serviços e processos, para que 
esses tenham maior aceitabilidade tanto no mercado interno como externo (MARTINS; 
GASPAROTTO; SARAIVA, 2014 p. 87). 
 Atualmente uma das certificações mais requisitadas é a FSSC 22000, uma vez 
que une padrões aceitos por diversos países sendo assim aceita por fabricantes de todo o mundo. 
Dessa forma, um dos critérios de escolha de muitos no momento de compra do produto para 
exportação é a certificação em FSSC 22000 por parte do fornecedor. Isso porque a 
implementação da norma visa um Sistema de Gestão e Segurança de Alimentos (SGSA), o que 
para muitos é uma garantia de inocuidade e segurança do produto. Além disso, a certificação 
diminui a burocracia no momento de seleção, aprovação e homologação do fornecedor. 
 A FSSC 22000 auxilia na definição de processos e demonstra um controle 
consistente por parte da empresa, sobre os perigos identificados, adaptação às mudanças no 
processo e na atualização e melhoria do sistema. Independente do porte da empresa ou 
complexidade, a norma agrega valor real às organizações e uniformiza o campo de atuação de 
fornecedores e compradores ao longo da cadeia de alimentos e em todo o mundo (SGS, 2014). 
 Com a implantação desse sistema de gestão de segurança de alimentos é possível 
garantir produtos seguros e rastreabilidade eficaz, com uma gestão integrada com seus 
fornecedores e a garantia assegurada nos seus materiais de embalagens, ingredientes e insumos 
de processos (ARTUZO; PAZZOTTI, 2016). Neste contexto, o presente trabalho visa abordar 
os principais requisitos e benefícios da certificação na norma FSSC 22000. 
 
 
 
15 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivo Geral 
 
Elencar, por meio de um levantamento bibliográfico, os principais aspectos do 
esquema de certificação FSSC 22000 em indústrias de alimentos e sua importância à segurança 
de alimentos. 
 
2.2 Objetivos Específicos 
 
a) Descrever o contexto histórico da certificação; 
b) Elencar os elementos e requisitos do esquema FSSC 22000; 
c) Relacionar a importância da aplicação da norma com a segurança de alimentos; 
d) Explicar as etapas do processo de certificação; 
e) Destacar os benefícios da certificação FSSC 22000 em indústrias de alimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
3 MATERIAL E MÉTODOS 
 
A composição do presente trabalho foi realizada utilizando como base de dados o 
GOOGLE SCHOLAR e SCIELO para a coleta de artigos e legislações relacionadas à FSSC 
22000 e segurança dealimentos. A pesquisa foi realizada no período de junho a agosto de 2021 
e reuniu cerca de 40 trabalhos científicos, incluindo artigos, teses, dissertações e outros 
trabalhos de conclusão de curso. Os artigos com data de publicação mais recente (2016-2021) 
tiveram prioridade, contudo também foram utilizados artigos nos demais anos de acordo com a 
relevância de suas informações. Foram utilizadas 24 palavras-chave para a pesquisa, estas estão 
listadas a seguir na tabela 1. 
 
Tabela 1 - Palavras-chave utilizadas durante a pesquisa. 
Palavras-chave 
 Segurança de Alimentos Controle de 
Qualidade 
Codex Alimentarius 
 FSSC 22000 Gestão da 
Qualidade 
FDA 
Pontos Críticos de 
Controle 
GFSI Segurança Alimentar 
APPCC SGSA Programa de Pré-
Requisitos 
ISO FAO Ferramentas da 
Qualidade 
Food Security Indústria de 
Alimentos 
ANVISA 
Food Safety ISO 22000 PCC 
Perigos em Alimentos Certificação PPRO 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
17 
 
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
4.1 Contexto histórico 
 
Uma das grandes preocupações para os comerciantes de alimentos no século XX 
eram as barreiras comerciais que foram criadas pelas diferentes leis e padrões alimentares de 
diversos países. Nesse cenário, em 1962 foi criado por decisão da FAO e da OMS o Codex 
Alimentarius com o objetivo de harmonizar os padrões alimentares existentes e facilitar o 
comércio de alimentos seguros. 
O Codex Alimentarius é um programa intergovernamental que tem como objetivo 
principal a elaboração e a coordenação de normas alimentares, que são criadas baseando-se em 
princípios científicos em plano internacional (ORTEGA; BORGES, 2012). O Brasil por sua 
vez é membro do Codex Alimentarius desde 1968 e é um dos países da América Latina com 
maior participação no Programa Codex (ANVISA, 2020). 
Contudo, o Codex Alimentarius não apresenta requisitos de gestão e dessa forma se 
fez necessário a publicação de outros referenciais por vários países, ou por determinados setores 
da cadeia alimentar, contendo as ferramentas de gestão tais como as normas BRC, IFS, ISO, 
Global Markets, Global G.A.P, entre outras. Esses padrões de qualidade têm como objetivo 
ajudar na melhoria da eficácia e no desempenho da empresa através do estabelecimento de 
regras que visam garantir de forma universal a qualidade daquele processo ou produto 
(SANTOS, 2019). 
A globalização da economia juntamente com a industrialização aumentou a 
concorrência no mercado devido à gama de produtos e serviços distribuídos em escala mundial. 
Esses fatores geraram nas organizações uma necessidade de busca por alternativas para que se 
mantenham competitivas no mercado e uma forma de estratégia é manter seus processos e 
produtos alinhados às expectativas de clientes e consumidores (CANTANHEDE, 2017). 
Neste contexto, segundo Henson & Humphrey (2009), as redes de padrões privados 
globais como BRC (British Retail Consortium), IFS (International Food Standard) e ISO 
(International Organization for Standardization), aumentaram significativamente sua 
importância no cenário mundial. 
 
 
 
 
18 
 
4.2 Segurança Alimentar e Segurança do Alimento 
 
Os termos segurança alimentar e segurança do alimento são constantemente 
confundidos ou usados de maneira incorreta. Isso acontece por conta da similaridade dos 
termos, que gera em algumas pessoas a ideia de que ambos são sinônimos para definir o mesmo 
conceito. Porém, apesar da semelhança, segurança alimentar e segurança do alimento são dois 
termos com significados diferentes. 
A segurança alimentar, também conhecida pelo termo inglês “Food Security”, tem 
todo um contexto histórico que ganhou visibilidade, principalmente na Europa, depois da 
Segunda Guerra, fazendo referência a importância de aumentar a oferta de alimentos para 
combater o desabastecimento alimentar que ocorria naquele momento no continente 
(ORTEGA; BORGES, 2012). Sendo assim, segundo a FAO (Food and Agriculture 
Organization of The United Nations - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a 
Agricultura) apud Nascimento, Ramos e Da Hora (2020), a segurança alimentar é definida 
como sendo a “segurança de existência de comida para todas as pessoas, a toda hora, terem 
acesso físico e econômico à comida suficiente, segura e nutritiva para uma vida ativa e 
saudável”. 
Enquanto que “Food Security” ou segurança do alimento é o conceito que indica 
que o alimento não causará nenhum dano ao consumidor quando preparado e/ou consumido de 
acordo com seu uso pretendido (ABNT, 2006). A segurança do alimento também pode ser 
escrita como sendo “a garantia de o consumidor adquirir um alimento com atributos de 
qualidade que sejam de seu interesse, entre os quais se destacam os atributos ligados à sua saúde 
e segurança” (SILVA, 2012). 
Dessa forma, pode-se dizer que os termos estão relacionados e que a segurança do 
alimento faz parte da segurança alimentar, remetendo a garantia da isenção de contaminantes 
biológicos, físicos ou químicos no momento do consumo (ALVES, 2014). No Quadro 1 é 
possível observar de forma resumida os tipos de perigos em alimentos e exemplos que podem 
ameaçar a segurança do produto. 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Quadro 1 - Tipos de perigos em alimentos 
Tipo de perigo Definição Exemplo 
Físico Corpos estranhos que são 
externos ao alimento em si 
Fragmentos de pedra, vidro, 
metal, plástico, borracha, 
cabelo, entre outros 
Químico Substâncias químicas que 
não fazem parte da 
composição original do 
produto 
Lubrificantes, determinados 
metais pesados, toxinas, 
resíduos de 
produtos de higienização, 
pesticidas, entre outros 
 
Biológico Organismo, ou substância 
oriunda de um organismo que 
traz alguma ameaça à saúde 
humana ou animal. 
Salmonella spp., Listeria, 
coliformes termotolerantes, 
bolores e leveduras, entre 
outros 
Alergênico Qualquer proteína, proteínas 
modificadas ou frações 
protéicas derivadas de 
alimentos que causam 
alergias 
Leite, ovos, peixes, 
crustáceos, amendoim, trigo, 
soja, amêndoa, noz, avelã, 
noz-pecã,noz de macadâmia, 
castanha-de-caju e castanha-
do-brasil e seus respectivos 
derivados. 
Radiológico Oriundos de radionuclídeos 
que possam estar associados 
aos alimentos aumentando a 
quantidade de radioatividade 
à qual a pessoa é exposta 
Radionuclídeos 
Fonte: Adaptado de Dias (2019). 
 
4.3 Certificações 
 
A certificação é a uma forma de garantir, através de um processo formal, que os 
requisitos de um produto, processo ou serviço, são cumpridos de acordo com as normas pré-
definidas e é sempre realizada por organismos de certificação independentes e acreditados para 
o efeito (ISO, 2015). Ela é um processo de terceira parte, de verificação da conformidade da 
produção com normas e padrões técnicos preestabelecidos, públicos ou privados de países 
importadores e conhecidos como códigos de conduta (NEVES, 2005). 
Sendo assim, as certificações são uma estratégia para manter as organizações em 
um lugar de destaque no mercado consumidor, tendo como foco principal alavancar o 
crescimento e desenvolvimento das organizações de forma a normalizar seus processos e 
20 
 
serviços para que tenham maior aceitabilidade no mercado nacional e internacional 
(MARTINS; GASPAROTTO; SARAIVA, 2014 p. 87). Garantindo desta forma um aumento 
de sua competitividade pela diferenciação em relação aos seus concorrentes, além de permitir 
às empresas exportadoras atenderem às exigências técnicas nas relações de comércio 
internacional (COSTA, 2007). 
A certificação como ferramenta de gestão é importante para o desenvolvimento 
sustentável de uma organização, além de contribuir para a melhoria contínua desta. De forma 
que quando uma organização é certificada em alguma norma, isso demonstra que ela possui 
uma boa gestão, além de ser um fator de reconhecimento do desempenho da empresa 
(RIBEIRO, 2012). Na Figura 1 é possível observar a quantidade de empresas certificadas em 
FSSC 22000no mundo em 2021. 
 
Figura 1 - Empresas Certificadas em FSSC 22000 no Mundo em 2021 
 
Fonte: GFSI (2021). 
 
É possível evidenciar através da imagem que as certificações ganharam força no 
cenário mundial, estando presente em uma quantidade significativa em quase todos os países 
do globo, isso mostra tanto uma preocupação por parte das empresas em se adequar dentro dos 
21 
 
padrões de segurança do produto como também uma pressão gerada por parte do mercado, a 
fim de se manterem competitivas como dos consumidores a fim de cumprir suas expectativas. 
A International Organization for Standardization (ISO) é uma organização não 
governamental que foi fundada em 1947 com o objetivo de facilitar o comércio internacional 
de bens e serviços, e desenvolver a cooperação a nível intelectual, científico, tecnológico e 
econômico (CANTANHEDE, 2017). Atualmente o número de certificados emitidos nesta 
norma já ultrapassa a casa de 1 milhão (ISO, 2015), afirmando a popularidade da norma em 
escala mundial. No Quadro 2 é possível observar as cinco normas de gestão da ISO mais 
difundidas. 
 
Quadro 2 - Normas de gestão ISO mais difundidas 
Norma Tema abordado pelos Requerimentos 
especificados nesta norma 
ISO 9001 Sistema de Gestão da Qualidade 
ISO 50001 Sistema de Gestão de Energia 
ISO 27001 Sistema de Gestão de Segurança da 
Informação 
ISO 22000 Sistema de Gestão de Segurança de 
Alimentos 
ISO 14000 Sistema de Gestão Ambiental 
Fonte: Adaptado de Castanhede (2017). 
 
Todas as normas da família ISO levam como base a ISO 9000, que é composta por 
normas técnicas que definem a gestão da qualidade de forma geral e sistêmica, a partir da gestão 
de uma organização estabelecida pela alta direção (OBARA, 2018). 
 
 4.3.1 Processo de certificação 
 
Como já mencionado anteriormente, existem várias normas e padrões certificáveis, 
porém independentemente da norma, o processo de certificação é um só e possui um formato 
bem definido. Na Figura 2 é possível observar as etapas do processo de certificação. 
 
 
 
22 
 
Figura 2 - Etapas do processo de 
certificação 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 
A primeira etapa é a de escolha da norma de certificação, isso vai depender da 
origem do produto (animal ou vegetal), do tipo de processamento, das necessidades da empresa 
e de seus clientes e do seu objetivo. Definido isso, a próxima etapa é a de seleção de um 
Organismo de Certificação, nesse momento se deve levar em consideração a disponibilidade de 
auditores qualificados, presença regional, a sazonalidade, programação, duração da auditoria, e 
os custos gerais. 
Após a escolha da norma a ser certificada e do Organismo de Certificação o 
próximo passo é programar a data da auditoria. A maioria das normas já especifica prazos em 
que as auditorias de certificação e recertificação devem ocorrer. Porém dentro do limite a 
escolha da data é um consenso entre auditor e auditado. Antes da auditoria em si, o auditor 
geralmente envia o plano de auditoria, onde tem todos os pontos que serão auditados e visitados 
durante a auditoria, bem como a divisão de dias e horários para cada um desses pontos. Depois 
23 
 
vem o processo de auditoria em si, onde o auditor se dirige até a planta da empresa a ser 
certificada, e realiza a obtenção de evidências objetivas de conformidade ou não-conformidade 
por meio de observação, entrevistas e revisão de procedimentos documentados e registros. 
Todas as conformidades e não conformidades são documentadas no relatório de auditoria e são 
enviadas em forma de relatório para a empresa. 
A certificação em si só é obtida após o encerramento das não conformidades. Sendo 
assim, a empresa precisa preencher um plano de ação para as não conformidades observadas e 
enviar para a certificadora. A certificadora por sua vez, irá avaliar se as ações corretivas 
sugeridas pela empresa são suficientes para tratar as não conformidades observadas. No caso 
das ações corretivas não serem suficientes, a certificadora determina um prazo para uma nova 
avaliação, que pode ser por meio de uma nova visita no local ou feita de forma remota. Cada 
escopo de certificação tem requisitos de condução e prazo para o fechamento das não 
conformidades. 
A decisão de emissão do certificado é feita através de uma análise crítica do 
relatório de auditoria e das evidências do encerramento das não conformidades identificadas. 
Só após este processo ocorrer de forma bem-sucedida que pode ser emitido um certificado e o 
mesmo é enviado para a empresa. 
Após a emissão do certificado, a empresa continua sendo auditada anualmente, e 
esse processo chama-se auditoria de manutenção, e tem como objetivo avaliar se o sistema é 
mantido e melhorado continuamente. Algumas auditorias podem ser realizadas de forma não 
anunciada. Para a FSSC 22000 existe um ciclo de 1 auditoria de certificação e 2 auditorias de 
manutenção, após isso é realizada uma auditoria de recertificação e 2 de manutenção. 
 
4.4 Alta Direção 
 
Define-se como alta direção a pessoa ou grupo de pessoas que controla e dirige uma 
organização no mais alto nível, geralmente a diretoria, diretor presidente, CEO. São as pessoas 
que têm o poder de delegar autoridade e fornecer recursos na organização. 
Para todo processo de certificação ou qualquer amadurecimento da empresa com 
relação ao sistema de segurança do alimento é importante que isso venha desde a alta direção. 
Uma vez que, para garantir a segurança do alimento, os funcionários como um todo demandam 
uma série de esforços e para que isso seja mantido no dia a dia, é preciso que haja uma cultura 
forte de segurança do alimento dentro da empresa. 
24 
 
Dessa forma, a ISO 22000 exige que a alta direção demonstre liderança e o 
comprometimento com relação ao Sistema de Gestão e Segurança do Alimento (SGSA). Isso é 
feito através do estabelecimento de objetivos para o SGSA, assegurando que os recursos 
necessários estejam disponíveis, direcionando e apoiando as pessoas para contribuir com a 
eficácia do mesmo e sempre promovendo a sua melhoria contínua. 
 
4.5 Sistema de Gestão de Segurança dos Alimentos 
 
Tendo em vista que perigos à segurança de alimentos podem ocorrer em qualquer 
fase na cadeia produtiva e do fluxograma de fabricação daquele alimento, se faz necessário a 
combinação de esforços de todos os participantes da cadeia produtiva de alimentos. Nesse 
contexto existe o SGSA (Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos) que é uma ferramenta 
de gestão que trabalha no desenvolvimento de controle, mapeamento e ações de forma a garantir 
a avaliação dos desvios no processo no ato do acontecimento e as devidas correções e ações 
corretivas (NASCIMENTO; RAMOS & DA HORA, 2020). 
Tal sistema auxilia na tomada de ação rápida de forma a corrigir os desvios do 
processo, garantindo assim uma maior segurança ao processo e tem como seus principais 
princípios a comunicação interativa, o sistema de gestão, o programa de pré-requisitos e a 
análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC). 
A implementação do SGSA trata-se de uma decisão estratégica para a empresa, uma 
vez que traz uma série de benefícios como a capacidade de fornecer a segurança de alimentos, 
produtos e serviços que garantam a satisfação do cliente e atendam aos requisitos estatutários e 
regulamentares aplicáveis, auxiliar na abordagem de riscos que estejam associados aos seus 
objetivos, podendo assim ajudar a melhorar seu desempenho geral em segurança de alimentos. 
Para a implantação da FSSC 22000 em uma indústria de alimentos é necessário que 
exista um SGSA e que ele seja evidenciado através de documentações, procedimentos, registros 
requeridos pela norma e também os documentos que são necessários para assegurar o efetivo 
planejamento, implementação e atualização do SGSA (ABNT, 2006). Dentre essa 
documentação encontram-se manuais, procedimentos operacionais, procedimentos de 
higienização,procedimentos de controle de qualidade, procedimentos de gestão da qualidade. 
 
 
 
25 
 
4.6 Programa de Pré-Requisitos (PPRs) 
 
O Programa de Pré-Requisitos é definido segundo a ABNT (2019), como sendo as 
condições básicas e as atividades necessárias para manter um ambiente higiênico ao longo da 
cadeia produtiva de alimentos adequadas para a produção, manipulação e suprimento de 
produtos finais seguros para o consumo. Para a indústria de alimentos o programa de pré-
requisitos se baseia pela ISO/TS 22002-1 (Programa de pré-requisitos na segurança de 
alimentos. Parte 1: Processamento Industrial de Alimentos). 
Quando a organização decide estabelecer um programa de pré-requisitos, ela deve 
assegurar que os requisitos estatutários, regulamentares e os requisitos de clientes sejam 
identificados e quando estabelecido deve ser considerado: 
a) Construção e leiaute de edifícios e utilidades associadas; 
b) Leiaute das instalações, incluindo zoneamento de áreas, local de trabalho e 
c) Utilidades: ar, água, energia e gases; 
d) Descarte de resíduos; 
e) Manutenção; 
f) Gestão de materiais recebidos; 
g) Medidas para prevenção de contaminação cruzada, incluindo alergênicos; 
h) Limpeza e sanitização das instalações, equipamentos, utensílios; 
i) Controle de pragas; 
j) Higiene e conduta pessoal; 
k) Reprocesso; 
l) Recolhimento e recall; 
m) Armazenagem; 
n) Informação do produto e conscientização do consumidor; 
o) Defesa dos Alimentos, biovigilância e bioterrorismo. 
 
4.7 APPCC 
 
O plano de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) é um 
mecanismo de abordagem sistemática para a identificação de perigos, avaliação de riscos e 
controle que é utilizado em indústria de alimentos e tem como objetivo identificar perigos 
específicos em cada etapa do processo de produção e as medidas adequadas para o seu controle 
bem como ações corretivas com a finalidade de garantir a segurança do produto. A implantação 
26 
 
do APPCC gera inúmeros benefícios, tanto para os governos, indústrias e os consumidores. 
Alguns desses benefícios estão listados abaixo no Quadro 3. 
 
Quadro 3 - Benefícios da implantação do APPCC em indústrias. 
Benefícios da implantação do APPCC 
Para os clientes Para a indústria 
Redução dos riscos de doenças transmitidas 
pelos alimentos 
Redução dos custos de produção, jurídicos e 
de seguro 
Melhor qualidade de vida (em termos 
socioeconômicos e de saúde) 
Aumento da confiança dos consumidores e 
do Governo 
Aumento da confiança na oferta de produtos 
alimentares 
Melhoria do acesso ao mercado 
Maior sensibilização para a questão da 
inocuidade dos alimentos 
Produtos com qualidade mais consistente e 
maior garantia de inocuidade 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 
Além de benefícios para os clientes e a própria empresa, a implantação do plano 
APPCC também beneficia o governo, pois os esforços demandados por órgão regulatórios para 
a realização de inspeções por conta de denúncias também diminui. Pode-se dizer que a 
implantação de um plano APPCC por parte da empresa gera não somente benefícios 
financeiros, como também leva a empresa a atingir uma maior maturidade na gestão e segurança 
do alimento. 
Pelo fato de ser uma análise mais profunda dos perigos encontrados no processo, 
para a empresa implantar o APPCC é necessário que ela já tenha um Programa de Pré-
Requisitos implantando e bem enraizado. Sendo assim, não é viável para uma empresa que 
ainda não possui nem PPR implantar um APPCC, é necessário primeiramente implantar e 
executar as Boas Práticas de Fabricação para em seguida partir para o APPCC. Na Figura 3 é 
possível observar o diagrama operacional de segurança de alimentos até a norma FSSC 22000. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Figura 3 - Diagrama operacional de segurança de alimentos 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 
Para a implantação do APPCC é necessário o envolvimento e comprometimento da 
alta direção e também que os supervisores envolvidos no processo estejam cientes do grau de 
importância do Sistema e dos benefícios que possa trazer para a empresa (SENAI, 2002). De 
acordo Codex Alimentarius, o Sistema APPCC baseia-se em sete princípios básicos 
(FAO/WHO Food Standards, 2003). Esses princípios estão descritos na Figura 4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Figura 4 - Princípios para a implantação de um 
APPCC. 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 
A elaboração do plano é feita através de uma análise dos perigos existentes em cada 
etapa do processo de produção, desde as matérias primas utilizadas no processo até o produto 
final a ser expedido e juntamente essa identificação dos perigos também é feita a determinação 
das medidas preventivas de cada um (SENAI, 2002). 
Após essa etapa é feita a identificação dos Pontos Críticos de Controle (PCCs) que 
são etapas do processo na qual são aplicadas medidas de controle com o objetivo de acabar ou 
reduzir em níveis significativos os perigos que possam causar riscos à saúde do consumidor. 
Os PPRs são capazes de controlar e até mesmo eliminar a maioria dos perigos identificados 
durante o processamento, esses são chamados de Pontos de Controle (PC). Porém, quando os 
perigos não podem ser controlados somente pelo Programa de Pré-Requisitos, devem ser 
considerados como Ponto Crítico de Controle (PCC) na aplicação do sistema APPCC. 
29 
 
Após definidos os PCCs é preciso estabelecer limites críticos de controle e esses 
devem ser mensuráveis. Os limites críticos são valores máximos e/ou mínimos, que são 
definidos a partir do estudo de legislações, guias, artigos e histórico da empresa, capazes de 
assegurar o controle do perigo independente de sua origem. Após isso deve ser definido uma 
forma de monitorar esses PCCs e esse monitoramento deve ser evidenciado por meio de 
registros. 
Em seguida, devem ser estabelecidas medidas corretivas, que devem ser tomadas 
quando um PCC não estiver controlado. Por fim, são estabelecidos procedimentos para a 
verificação da eficácia do plano APPCC e é definido um sistema de documentação e registros. 
Sempre que houver alguma alteração na linha de processamento ou quando se fizer necessário, 
o plano APPCC precisará ser revisado. 
 
4.8 Norma ISO 22000 
 
A ISO é uma federação sem fins lucrativos que integra organismos nacionais de 
normalização, e tem como missão facilitar o comércio mundial e promover a harmonização 
global, através da publicação de um elevado número de normas internacionais, que abrangem 
diversas áreas como a qualidade, o ambiente, a segurança alimentar, entre outros (APCER, 
2015). A família ISO 22000 é composta por um conjunto de normas especificamente ligadas a 
Sistemas de Gestão da Segurança do Alimento. 
Segundo Escanciano e Santos-Vijande (2014), a ISO 22000 especifica os requisitos 
para um Sistema de Gestão de Segurança do Alimento quando uma organização precisa 
demonstrar sua capacidade de controlar os perigos relacionados à segurança do produto, a fim 
de garantir que o alimento seja seguro para consumo humano, seja para um controle interno da 
empresa como para responder às demandas dos clientes, tendo em vista que muitos cliente, 
principalmente do mercado externo, exigem que seus fornecedores tenha alguma certificação. 
O aumento da conscientização dos consumidores com relação à segurança e 
qualidade dos alimentos, junto com a internacionalização crescente das empresas e a 
globalização dos mercados, criaram nas empresas uma certa pressão para a certificação em 
padrões de segurança reconhecidos internacionalmente, isso pode ser evidenciado nas Figuras 
5 e 6 onde podemos verificar o número de certificados da norma ISO 22000 emitidos no mundo 
e no Brasil, respectivamente. 
 
 
30 
 
Figura 5 - Certificados da Norma ISO 22000 emitidos no mundo entre os anos 2012 
e 2016 
 
Fonte: Dados obtidos do ISO Survey 2016 (ISO, 2016). 
 
Figura 6 - Certificadosda Norma ISO 22000 emitidos no Brasil entre os anos 2007 
e 2014 
 
Fonte: Dados obtidos do ISO_Survey 2014 (ISO, 2014). 
 
31 
 
Nas imagens é possível verificar que entre o período de 2012 e 2016 houve um 
aumento de 132% na emissão de certificados no mundo. Já no Brasil houve um aumento de 
878% na emissão de certificados no período de 2007 a 2014. O que demonstra que cada vez 
mais empresas se mostram interessadas em atestar sua qualidade e comprometimento em 
assuntos relacionados à segurança do produto, em nível nacional e internacional. Segundo SGS 
(2011), atualmente muitos países, indústrias e varejistas têm suas próprias normas de segurança 
dos alimentos. Entretanto, elas podem não atender satisfatoriamente algumas questões-chave 
ao longo da cadeia de fornecimento. 
Segundo Martins, Gasparotto e Saraiva (2014) “a ABNT NBR ISO 22000 se 
fundamenta em quatro pilares, comunicação interativa, gestão de sistema, programa de pré-
requisitos e princípios de Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) ”. A 
norma foi alinhada com a ISO 9001 com o objetivo de melhorar a compatibilidade entre as duas 
normas. Possui um formato idêntico à ISO 9001 e a ISO 14001, o que possibilita o 
desenvolvimento de sistema integrado de gestão, podendo a empresa ser certificada em todas 
essas normas, uma vez que uma está integrada com a outra. A versão mais atual da norma, a 
ISO 22000:2019, é dividida em 10 seções como pode ser visto na Figura 7. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
Figura 7 - Estrutura da Norma ISO 
22000:2019 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 
Na seção 1 é definido o escopo e os tipos de organizações que podem implementar 
e certificar nesta norma. A seção 2 se refere aos documentos indispensáveis que podem ser 
usados para aplicação da norma e a seção 3 aborda a lista de termos que são utilizados ao longo 
da norma com o objetivo de promover a utilização da mesma linguagem. 
Na quarta seção a norma fala sobre o contexto da organização e discorre sobre as 
necessidades e expectativas das partes interessadas, a determinação do escopo do sistema de 
gestão de segurança de alimentos e do SGSA em si. Já se seção 5 aborda os assuntos 
relacionados a liderança e comprometimento, como política de segurança de alimentos da 
empresa e funções, responsabilidade e autoridades organizacionais. 
A seção 6 da norma é sobre planejamento e inclui ações para abordar riscos e 
oportunidades, objetivos do SGSA e planejamento para alcançá-los e planejamento de 
mudanças. Na seção 7 a norma fala sobre apoio de recursos, pessoas, infraestrutura, 
competências, conscientização, comunicação e informações documentadas. 
33 
 
A seção 8 da norma é sobre operação que é basicamente os assuntos abordados no 
Programa de Pré-Requisitos, incluindo o plano de controle de perigos (APPCC), recolhimento 
e controle de não conformidades de produto e processo. A seção 9 é sobre avaliação de 
desempenho e nela estão incluídos os monitoramentos, auditorias e análise crítica pela direção. 
E por fim, a seção 10 aborda o tema melhoria que é sobre tratamento de não conformidades e 
melhoria contínua da organização. 
Os requisitos especificados a partir da quarta seção são os que são auditados para a 
emissão do certificado que garante que a organização dispõe de um sistema de gestão que 
cumpre com a norma em questão (SILVA, 2014). 
 
4.8.1 Rastreabilidade e Recolhimento 
 
Entende-se por rastreabilidade como a capacidade de acompanhar o histórico, a 
aplicação, o movimento e a localização de um objeto por meio de estágios especificados de 
produção, processamento e distribuição (ABNT, 2019). Em outras palavras, rastrear significa 
capturar informações sobre atributos específicos de produtos ao longo da cadeia produtiva, ou 
seja, da origem do seu processo até o consumidor final (MACHADO, 2000). 
O exercício de rastreabilidade é um requisito obrigatório para empresas que 
possuem um Sistema de Gestão e Segurança do Alimento e a sua frequência é definida pela 
própria empresa e especificada em seus procedimentos. Esse exercício nada mais é do que 
rastrear um produto pelo lote, obtendo informações desde o lote da sua matéria prima, 
embalagens, insumos utilizados durante o processo, informações do processo, lote, data de 
fabricação e clientes aos quais foi destinado o produto em questão. 
Entende-se por recolhimento como sendo a ação que deve ser adotada pela empresa 
interessada e demais empresas da cadeia produtiva, que visa à imediata e eficiente retirada de 
lotes de produtos potencialmente inseguros do mercado de consumo e imediata suspensão de 
sua comercialização. 
A ISO 22000 exige que a organização seja capaz de assegurar em tempo adequado 
o recolhimento de lotes de produtos finais que tenham sido identificados como potencialmente 
inseguros. A empresa deve manter documentada todas as informações necessárias para notificar 
as partes interessadas, tratar os produtos recolhidos e em estoque e desempenhar as ações a 
serem tomadas no caso de um possível recolhimento. A norma também exige que a organização 
34 
 
verifique a eficácia do seu procedimento de recolhimento por meio de simulações, que devem 
ter a frequência definida pela própria empresa. 
A rastreabilidade está incluída dentro do processo de recolhimento, de forma que 
para realizar uma simulação ou até mesmo um recolhimento real, é necessário que os 
responsáveis iniciem primeiramente um processo de rastreabilidade para identificar a 
localização desses produtos potencialmente inseguros, e assim poder comunicar às partes 
interessadas e tomar as devidas ações necessárias. 
 
4.9 O esquema Food Safety System Certification 22000 (FSSC 22000) 
 
A ISO 22000 sozinha não foi suficiente para obter a aprovação da GFSI, pois ela 
não aborda nada sobre o programa de pré-requisitos (PPR). Sendo assim, um grupo formado 
por grandes empresas multinacionais se reuniu e elaborou o PAS 220, que se concentra na 
cobertura dos programas necessários para a fabricação de alimentos. Porém a GFSI verificou a 
necessidade de haver um esquema geral que reunisse os dois programas individuais, com ênfase 
nos requisitos regulatórios e de clientes (SANTOS, 2019). 
Então em 2009, como uma forma de responder às necessidades das grandes 
organizações de demonstrar, num formato internacionalmente compreendido, que possuem um 
sistema integrado de gestão que atende aos requisitos de segurança alimentar tanto de clientes, 
como das agências reguladoras, a FFSC (Foundation For Food Safety Certification) 
desenvolveu o referencial FSSC 22000 (Food Safety System Certification) (PEREIRA, 2010). 
A Norma FSSC 22000 teve sua publicação no ano de 2009, sendo formada pela 
combinação da ISO 22000:2005 e da especificação PAS 220:2008, que detalha os requisitos 
para o estabelecimento, implementação e manutenção dos programas de pré-requisitos 
necessários para o controle de riscos nos processos de produção de alimentos. O conteúdo desta 
norma foi aprovado e reconhecido pelo Global Food Safety Initiative (GFSI) (Foundation FSSC 
22000, s.d.). Atualmente, em sua nova versão o esquema é composto de 3 componentes: ISO 
22000, Programa de Pré-Requisitos e Requisitos Adicionais. Ela estabelece requisitos tanto 
para o sistema de segurança de alimentos das organizações, como para o sistema de certificação, 
que será utilizado pelas certificadoras (DIAS, 2019). 
A FSSC 22000 atualmente encontra-se na sua versão 5.1 publicada em 03 de 
novembro de 2020, tendo sua versão anterior, a versão 5, publicada em 03 de junho de 2019. 
Os principais fatores que iniciaram o desenvolvimento dessa nova versão não foram questões 
de modificação substancial na estrutura do esquema de certificação, nem nas normas de 
35 
 
referência que o compõem, mas sim a incorporação da versão 2020.1 dos requisitos de 
benchmarking do GFSI, que reforçou o comprometimentocom as lideranças; o reforço do 
processo de licenciamento e do programa de integridade, demonstrando uma maior 
harmonização entre o GFSI e o esquema FSSC e alterações editoriais e complementares do 
requisitos do esquema de certificação em FSSC 22000. 
Esse esquema possibilita uma certificação do sistema de gerenciamento, o que o 
difere de outros esquemas, que geralmente são esquemas de certificação de processo ou 
produto, como por exemplo, a certificação de produtos orgânicos (FSSC, 2016). Além disso, a 
normalização pode ser aplicada em qualquer país, porém alguns países exigem selos e/ou 
certificados peculiares de sua cultura, como o Selo Halal e o Certificado Kosher, por exemplo 
(MARTINS; GASPAROTTO; SARAIVA, 2014). 
Para a SGS (2011) uma das maiores empresas de certificação do mundo, entre os 
principais benefícios da FSSC 22000 é que ela fornece uma boa estrutura onde a organização 
pode desenvolver seu sistema de gestão de segurança do alimento além de possibilitar a 
flexibilidade para permitir escolher a melhor maneira de controlar seu próprio sistema e garantir 
que a política e os objetivos de segurança alimentar sejam cumpridos. 
Independentemente do tamanho da organização ou da complexidade de seus 
processos de gerenciamento, a FSSC 22000 pode ser aplicada. Isso inclui empresas públicas e 
privadas e aquelas que fabricam produtos perecíveis tanto de origem animal como de origem 
vegetal, produtos com longa vida útil, ingredientes alimentícios e/ou aditivos alimentares. 
Sendo assim a FSSC 22000 pode ser aplicada a uma ampla gama de organizações de manufatura 
de alimentos (FSSC 22000). Porém, uma empresa que almeje uma certificação FSSC 22000 já 
deve possuir um SGSA (Sistema de Gestão e Segurança do Alimento) desenvolvido, 
implementado e mantido de acordo com a norma ISO 22000 (DERREADO, 2017). 
 
4.10 Benefícios da certificação em FSSC 22000 em indústrias de alimentos 
 
Dentre os benefícios de um sistema de gestão de maneira geral pode-se ressaltar 
(DIAS, 2019): 
a) Redução nos custos uma vez que permite à empresa aceder a novos mercados 
por conta da maior credibilidade perante os clientes, além de em muitos casos 
aumentar a vida útil de alguns produtos e reduzir as perdas durante o processo. 
36 
 
b) Diminuição de riscos nos produtos, uma vez com um sistema de gestão bem 
implementado é possível prever e corrigir possíveis riscos na segurança dos 
alimentos, tornando-os assim mais seguros. 
c) Motivação dos funcionários, uma vez que para um sistema de gestão funcionar 
de maneira correta é preciso que os colaboradores estejam mais conscientes para os 
perigos de contaminações e acerca da higiene pessoal, para isso a empresa investe 
em treinamentos e campanha de conscientização e a parte de Recursos Humanos na 
empresa atua bastante na cultura organizacional. 
Com relação a certificação em FSSC 22000, quando a organização obtém o 
certificado, de acordo com os requisitos de uma norma aprovada pela GFSI, indica que ela está 
preparada para atender aos crescentes requisitos de clientes globais e demonstra solidez na 
gestão de sistemas de segurança de alimentos (CASTANHEDE, 2017). Para a empresa, a 
certificação também traz uma série de vantagens, entre elas (SEVERINO, 2016): 
a) Permite a incorporação de especificações técnicas de setor alimentar para PRPs, 
HACCP, requisitos regulamentares e os princípios do Codex Alimentarius; 
b) É uma referência global, sendo reconhecido e aprovado por todas as partes 
interessadas pela cadeia de fornecimento; 
c) É reconhecido por organizações menos estruturadas; 
d) É aceito pela Cooperação Europeia de Acreditação; 
e) O fato de se integrar com outros sistemas de gestão; 
f) Harmoniza os referenciais de segurança alimentar existentes. 
De maneira geral, pode-se dizer que há benefícios para todos os envolvidos nessa 
cadeia de beneficiamento. Os fornecedores são beneficiados, os clientes são beneficiados uma 
vez que possuem mais segurança em comprar os produtos de uma empresa certificada e a 
certificação também diminui os processos burocráticos envolvidos no momento de 
homologação de fornecedores e dos processos de venda, principalmente para outros países e 
diminuindo a necessidade de auditorias por parte dos clientes. 
A empresa em si também é beneficiada ganhando uma maior visibilidade no 
mercado, maiores controles durante o processo produtivo, acompanhamentos prévios durante a 
etapa de produção, conseguindo estabelecer medidas corretivas no caso de algum desvio, 
diminuindo assim as perdas e retrabalho causados pela falta de um sistema de gestão e 
segurança do alimento consolidado e também possibilita uma rastreabilidade eficaz dos 
produtos, já que são produzidos com uma gestão integrada com seus fornecedores, oferecendo 
37 
 
uma garantia assegurada nos seus materiais de embalagens, ingredientes e insumos de 
processos. 
Para os governos, a certificação de terceira parte, que é financiada pelas próprias 
indústrias de alimentos, também é algo benéfico, uma vez que fornece um panorama que 
permite a redistribuição de recursos para áreas que necessitam de mais atenção 
(CASTANHEDE, 2017). 
Dessa forma há fortes evidências de que as empresas certificadas apresentam 
margens mais elevadas através de ganhos de eficiência, resultantes da aplicação dos requisitos 
definidos por uma das normas (GFSI, 2011). 
 
4.11 Empresas que obtiveram resultados positivos com a certificação 
 
Na literatura são reportados alguns casos de empresas que obtiveram sucesso após 
a certificação em FSSC 22000. No estudo realizado por Artuzo e Pazzoti (2016), sobre a 
implantação de FSSC 22000 em uma indústria de sucos concentrados de laranja e limão, a 
certificação foi obtida visando à produção de alimentos seguros e satisfação de todos os clientes. 
A implantação teve como escopo de certificação “Produção de sucos de laranja e limão 
concentrados e clarificados, com ou sem conservantes, resfriados ou congelados e óleos 
essenciais”. 
Foi possível evidenciar que após a implantação da norma houve uma maior 
aceitação e utilização dos documentos e registros no dia-a-dia da organização, por parte dos 
funcionários, de forma que foi possível manter de forma contínua uma coerência entre os 
procedimentos documentados e as rotinas existentes na empresa. Também houve um avanço 
no nível de comunicação interna, e na busca por melhorias de processos, produção dos produtos 
e das dificuldades encontradas no dia-a-dia. Além disso, foi possível observar um crescimento 
nas vendas e novos mercados após a obtenção da certificação em FSSC 22000. 
O estudo ressalta que após a certificação nesse esquema de segurança de alimentos 
houve um grande aumento na procura por parte dos consumidores. Grandes clientes nacionais, 
internacionais com grande renome mundial passaram a procurar a empresa para compra de seus 
produtos e colocar em pauta a homologação como fornecedor direto destes produtos. 
O trabalho reportado por Martins, Gasparotto e Saraiva (2014), que aborda os 
benefícios da certificação FSSC 22000 em uma Usina de Açúcar e Álcool, retrata que essa usina 
com sede em São Paulo, optou pela certificação após exigência de um dos principais clientes 
38 
 
da empresa. O cliente exigiu que todos seus fornecedores deveriam ser certificados na Norma 
FSSC 22000. Dessa forma, o projeto de certificação teve início e durou aproximadamente dois 
anos, desde o contato do cliente relatando essa exigência até a certificação FSSC 22000 em 
junho de 2012. 
 Os resultados apresentados foram muito positivos, uma vez que após a certificação 
a usina passou a ser reconhecida perante seus fornecedores, clientes e organizações do mesmo 
ramo de atividade. Após a certificação, a empresa verificou um aumento no número de 
organizações interessadas em fornecer matéria-prima, insumos e equipamentos. Também foi 
possível observar uma diminuição no número de auditoriaspor parte de clientes, o que significa 
um aumento na confiança e credibilidade do processo de fabricação e na qualidade do produto 
final. Dessa forma, a usina alcançou a certificação de modo positivo com alto grau de esforço 
por todos os funcionários e um eficiente amadurecimento do Sistema de Gestão. 
Sendo assim, é possível perceber que seja por exigência de clientes, ou pela 
necessidade da própria empresa de possuir uma certificação em uma norma de gestão e 
segurança do alimento, a certificação em FSSC 22000 demonstra um controle consistente de 
seus processos, o que assegura aos clientes a aquisição de produtos seguros, dentro de padrões 
aceitos internacionalmente. 
 
5 CONCLUSÃO 
 
O esquema FSSC 22000 surgiu a partir da necessidade de grandes organizações, 
como uma forma de demonstrar num formato internacionalmente compreendido que uma 
empresa possui um sistema integrado de gestão que é capaz de atender requisitos legais e de 
clientes. Ela é composta pela ISO 22000, Programa de Pré-Requisitos e Requisitos Adicionais. 
Foi relacionada a importância de sua aplicação com a segurança de alimentos, 
através da explanação detalhada dos benefícios da implantação da norma para a segurança do 
alimento, colaborando com os interesses da empresa e partes interessadas e de todo o processo 
de certificação. 
Tendo em vista que os países buscam cada vez mais mecanismos para garantir a 
segurança e saúde do consumidor, prezando por produtos de origem confiável e com controles 
rigorosos no que diz respeito à qualidade e segurança dos alimentos. Conclui-se que para as 
indústrias de alimentos que querem expandir seu mercado interno ou iniciar atividades no 
mercado externo, a certificação em FSSC 22000 se faz muito importante ou até mesmo 
essencial. 
39 
 
REFERÊNCIAS 
 
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pré-requisitos na segurança de alimentos. Processamento industrial de alimentos. Ed. 
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	Com o avanço da tecnologia e o maior acesso à informação, os consumidores estão cada vez mais exigentes com relação à qualidade e segurança dos alimentos. Uma forma de manter as organizações em um lugar de destaque no mercado consumidor são as certifi...
	1 INTRODUÇÃO
	2 OBJETIVOS
	2.1 Objetivo Geral
	2.2 Objetivos Específicos
	3 MATERIAL E MÉTODOS
	4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
	4.1 Contexto histórico
	Uma das grandes preocupações para os comerciantes de alimentos no século XX eram as barreiras comerciais que foram criadas pelas diferentes leis e padrões alimentares de diversos países. Nesse cenário, em 1962 foi criado por decisão da FAO e da OMS o ...
	O Codex Alimentarius é um programa intergovernamental que tem como objetivo principal a elaboração e a coordenação de normas alimentares, que são criadas baseando-se em princípios científicos em plano internacional (ORTEGA; BORGES, 2012). O Brasil por...
	Contudo, o Codex Alimentarius não apresenta requisitos de gestão e dessa forma se fez necessário a publicação de outros referenciais por vários países, ou por determinados setores da cadeia alimentar, contendo as ferramentas de gestão tais como as nor...
	A globalização da economia juntamente com a industrialização aumentou a concorrência no mercado devido à gama de produtos e serviços distribuídos em escala mundial. Esses fatores geraram nas organizações uma necessidade de busca por alternativas para ...
	Neste contexto, segundo Henson & Humphrey (2009), as redes de padrões privados globais como BRC (British Retail Consortium), IFS (International Food Standard) e ISO (International Organization for Standardization), aumentaram significativamente sua im...
	4.2 Segurança Alimentar e Segurança do Alimento
	4.3 Certificações
	Figura 1 - Empresas Certificadas em FSSC 22000 no Mundo em 2021
	4.3.1 Processo de certificação
	Figura 2 - Etapas do processo de certificação
	4.4 Alta Direção
	4.5 Sistema de Gestão de Segurança dos Alimentos
	4.6 Programa de Pré-Requisitos (PPRs)
	4.7 APPCC
	4.8 Norma ISO 22000
	4.8.1 Rastreabilidade e Recolhimento
	4.9 O esquema Food Safety System Certification 22000 (FSSC 22000)
	4.10 Benefícios da certificação em FSSC 22000 em indústrias de alimentos
	4.11 Empresas que obtiveram resultados positivos com a certificação
	5 CONCLUSÃO
	REFERÊNCIAS

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