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EMBRIOLOGIA CLINICA - MATERIAL COMPLETO

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EMBRIOLOGIA CLINICA
Unidade 1 - Do indivíduo ao seu filho: os processos de produção dos gametas e fecundação
Objetivos
OBJETIVOS DA UNIDADE
- Compreender o processo da gametogênese, da fecundação e os processos de divisão celular envolvidos;
- Explicar a gametogênese e as etapas envolvidas na espermatogênese e ovogênese;
- Conceituar infertilidade e esterilidade, explicando suas principais causas.
TÓPICOS DE ESTUDO
Gametogênese e fecundação – 
// Fases da gametogênese e formação dos gametas feminino e masculino
// Fases da fecundação e formação da célula-ovo ou zigoto
// As células e a organização do genoma humano
// Tipos de divisão celular: mitose para organogênese e meiose para gametogênese
Espermatogênese –
// Sistema reprodutor masculino
// O caminho do espermatozoide pelo sistema reprodutor masculino
Oogênese ou ovulogênese–
// Os folículos ovarianos durante a oogênese
Infertilidade x esterilidade –
// Infertilidade relacionada à mulher
// Infertilidade relacionada ao homem
Gametogênese e fecundação
A gametogênese é o processo pelo qual as células germinativas das gônodas produzem os gametas ou células sexuais – espermatozoides, nos homens; oócitos secundários, nas mulheres.
Esse processo envolve dois tipos diferentes de divisão celular: a mitose, que é responsável pelo aumento numérico das células, mantendo o número de cromossomos (2n), e a meiose, a qual reduz pela metade o número de tais cromossomos (n). A gametogênese é um processo lento e progressivo, fundamental para a reprodução sexuada e a propagação das espécies (MOORE et al, 2016; ARAÚJO et al., 2017).
A gametogênese do homem se chama espermatogênese e acontece nos testículos, enquanto a gametogênese da mulher se chama oogênese, ovogênese ou ovulogênese, e acontece nos ovários. 
A fecundação, por sua vez, tem objetivo inverso da gametogênese: ao invés de dividir células e cromossomos, ela os reúne em uma única célula (o zigoto), a qual passará por divisões mitóticas até formar um novo indivíduo com características herdadas do casal (MOORE, 2016; MUSTACCHI, PERES, 2000).
FASES DA GAMETOGÊNESE E FORMAÇÃO DOS GAMETAS FEMININO E MASCULINO
A formação dos gametas se inicia ainda no período embrionário, ocasião na qual as células germinativas dos ovários e dos testículos iniciarão um longo e progressivo processo até culminar na produção dos gametas feminino e masculino, respectivamente. 
Para chegar aos oócitos secundários e espermatozoides, as células germinativas passam por três fases características, as quais envolvem mitose, meiose e diferenciação celular. Embora semelhantes, existem particularidades entre elas: a oogênese e espermatogênese.
As fases da gametogênese e suas características são:
1
1 - Fase de multiplicação: nesta fase, as células germinativas precursoras do embrião se dividem por mitose e passam por diferenciação celular, de modo a serem diferentes das células das quais provêm. Ao final desta fase, obtém-se todo o repertório de oogônias nos ovários, enquanto as espermatogônias continuarão a passar por mitoses ao longo da vida. Esta é uma diferença significativa entre a oogênese e a espermatogêse.
Diagrama 1. Fase de multiplicação da oogênese e da espermatogênese – mitose.
2 - Fase de crescimento: as oogônias e as espermatogônias aumentam de volume para se diferenciarem em oócitos I (também chamados ovócitos I ou oócitos primários) e espermatócitos I. Nas meninas, a fase de crescimento se inicia no 4º mês de vida intrauterina e termina ainda antes do nascimento, com os ovócitos I ricos em reservas nutritivas a serem utilizadas para nutrir o futuro embrião, no caso de fecundação. Nos espermatócitos I, o aumento de volume é bem sutil, visto que não guardam reservas nutritivas. A característica marcante da fase de crescimento é a diferenciação celular das gônias, a fim de prepará-las para a fase seguinte quando sofrerão meiose.
· 3
3 - Fase de maturação: é quando ocorrem as duas meioses. A primeira delas divide o número de cromossomos entre as células-filhas: espermatócitos II e oócitos II (também chamados oócitos secundários), na espermatogênese e oogênese, respectivamente. A segunda meiose forma 4 espermátides na espermatogênese e 1 ovócito II e 3 corpúsculos polares (também chamados de corpos polares) na oogênese. Esta fase é bastante complexa e exibe muitas diferenças entre a oogênese, que é muito longa e demora anos para formar em um único oócito secundário. Já a espermatogênese é muito rápida, mas requer uma etapa de diferenciação e especialização chamada espermiogênese, na qual as espermátides se diferenciarão em espermatozoides (MOORE, 2016; MUSTACCHI, PERES, 2000).
A visão geral das etapas envolvidas na espermatogênese e na oogênese até a formação dos gametas e fecundação pode ser analisada na Figura 1. 
Figura 1. Ilustração da visão geral da espermatogênese e ovogênese até a formação da célula-ovo ou zigoto (2n). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2020.
Ao final da espermatogênese, são gerados milhares de gametas masculinos, os espermatozoides e, exceto raras exceções, um único oócito II (Figura 2).
Figura 2: Gametas humanos: espermatozoide e oócito II. Fonte: MOORE, 2016.
FASES DA FECUNDAÇÃO E FORMAÇÃO DA CÉLULA-OVO OU ZIGOTO
A fecundação é a fusão entre o pró-núcleo do espermatozoide e o pró-núcleo feminino dentro do oócito II, integrando o material genético dos gametas masculino e feminino para então formar a célula-ovo ou zigoto. Na sequência, ocorrem sucessivas divisões celulares por mitoses, que culminam na organogênese e na formação do novo indivíduo.
	Oócito completa segunda divisão meiótica e provoca ativação metabólica da oótide (oócito quase maduro) para iniciar a clivagem do zigoto.
	
Restaura o numero de cromossomos (46) no zigoto.
	FECUNDAÇÃO
	Promove a variabilidade da espécie pela mistura de cromossomos paternos e maternos.
	
Determina o sexo cromossômico do embrião.
Diagrama 2. Biologia da fecundação.
Na fecundação natural, os espermatozoides são ejaculados no canal vaginal e passam ao colo uterino, onde se tornam capacitados, o que significa dizer que a cobertura glicoproteica e de proteínas seminais é removida da superfície do acrossoma, alterando também sua membrana plasmática. Então, eles respondem aos estímulos e nadam até a tuba uterina, recrutados por sinais químicos liberados pelo oócito II e as células foliculares que o envolvem. Para isso, eles contam com a ajuda do muco cervical e do esperma, que auxiliam a neutralizar o pH ácido da vagina. Os oócitos têm uma vida média de 12 horas após a ovulação, enquanto os espermatozoides sobrevivem por até 48 horas no corpo feminino (MOORE, 2016). Esse trajeto se encontra ilustrado na Figura 3.
Figura 3. Caminho dos espermatozoides, do canal vaginal até o oócito II, na tuba uterina, onde ocorre a fecundação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2020.
 (
Um espermatozoide penetra no 
oócito
 II, o qual termina a segunda divisão meiótica, formando o 
ocócito
 maduro;
) (
Vários espermatozoides circundam o 
oócito
 II e liberam as enzimas para dissolver as células foliculares da corona radiata e permitir a penetração da zona 
perúcida
;
) Para acontecer a fusão do gameta feminino e masculino, é necessário que ocorra uma série de eventos moleculares coordenados, os quais se iniciam com o contato entre um espermatozoide e um oócito II e terminam quando os cromossomos maternos e paternos se misturam durante a primeira divisão mitótica do zigoto, na fase da metáfase. O processo se completa em 24 horas.
 (
Mistura dos cromossomos maternos e paternos da metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto;
Formação do zigoto diploide unicelular.
) (
Fusão dos pró-núcleos 
masculinos e feminino
;
)	
Diagrama 3. fases da fecundação até a formação da célula-ovo ou zigoto. Fonte: MOORE, 2016.
CURIOSIDADE
Um fato surpreendente é que o gameta feminino depende do espermatozoide para completar a meiose II, finalizar o desenvolvimento e, assim, tornar-se ele mesmo um gameta. Outro evento digno de referência é o fato de o oócitoI, que se diferencia antes de a menina nascer, iniciar o acúmulo de reservas nutricionais para atender à demanda do futuro embrião.
Para compreender os eventos que ocorrem desde a produção dos gametas até a fecundação e formação de um novo indivíduo, convém saber alguns conceitos e nomenclaturas a respeito da célula, dos tipos de divisão celular e da organização do genoma humano.
AS CÉLULAS E A ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO
As células que formam os corpos dos seres vivos são chamadas de células somáticas e contêm, em seus núcleos, o genoma que caracteriza a espécie e torna único cada indivíduo, diferenciando-o dos demais de sua espécie. O genoma é o conjunto de genes que, por sua vez, são constituídos por moléculas de ácido desoxirribonucleico – DNA (MOORE, 2016; MUSTACCHI, PERES, 2000). 
As células dos seres vivos passam por dois tipos distintos de divisão celular: a mitose, cujo objetivo é aumentar o número de células filhas idênticas à célula-mãe, e a meiose, cujo resultado é a formação de duas células-filhas contendo a metade do número de cromossomos da célula-mãe. As células somáticas se dividem por mitose para repor células mortas e também para permitir o desenvolvimento e crescimento. As células-filhas são clones da célula-mãe, mas também podem sofrer processos de diferenciação celular que as tornarão diferentes da célula de origem. 
ASSISTA
Desde a fecundação, o zigoto passa por várias mitoses consecutivas e por diferenciação celular, para formação do embrião e do feto. É surpreendente que uma única célula possa originar células, tecidos e órgãos até finalmente formar o novo indivíduo. Tão importante quanto a formação de novas células é a morte celular das células programadas, também chamada de apotose. Para entender como a diferenciação celular e a apoptose estão envolvidas na formação dos seres vivos, assista à videoaula: Células e Tecidos - aula 16 - Diferenciação e morte celular.
https://youtu.be/uPrpUKk8A18
Na espécie humana, o DNA está organizado em 46 pares de cromossomos, presentes nos núcleos das células somáticas. Na maior parte do ciclo celular, esses cromossomos estão desorganizados e constituem a cromatina. Porém, por ocasião da mitose, a cromatina se condensa fortemente para formar os cromossomos e, assim, facilitar a divisão da metade exata de cromossomos entre as duas células-filhas. A organização do DNA em pares de cromossomos, localizados nos núcleos das células somáticas, está ilustrada na Figura 4.
Figura 4. Ilustração da célula somática com os pares de cromossomos formados por DNA. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2020.
Durante o ciclo celular, as células passam por diversas etapas, sendo a interfase o período de maior atividade celular, que corresponde à maior parte do ciclo celular. Durante a interfase, o DNA está disperso e não é possível visualizar individualmente os cromossomos, pois a cromatina não está enovelada e ocupa a maior parte do núcleo celular. Porém, no momento da mitose, as moléculas de DNA se organizam em forma de espirais condensadas, formando os cromossomos, os quais podem ser individualmente visíveis e identificados nas fotografias. A análise dos cromossomos durante a mitose constitui o estudo do cariótipo e permite diagnosticar alterações cromossômicas. Esse processo facilita a divisão igualitária do material genético entre as duas células-filhas, garantindo que sejam clones idênticos à célula-mãe. Assim, os termos cromatina e cromossomo são utilizados para designar o estado no qual se encontra a molécula de DNA: frouxa, durante a interfase; condensada, durante a mitose. A Figura 5 mostra a fotografia do cariótipo normal humano, com 23 pares de cromossomos (MOORE, 2016; MUSTACCHI, PERES, 2000).
Figura 5. Cariótipo de uma célula somática de um homem mostrando os 22 pares de cromossomos autossômicos e um par de cromossomos sexuais, o 23º. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2020.
As células somáticas têm 23 pares de cromossomos, sendo 22 pares autossômicos e um par sexual, pois ele determinará o sexo do bebê. O par de cromossomos sexuais presente nas células autossômicas dos homens é composto por um cromossomo X e um cromossomo Y, ao passo que, nas células autossômicas das mulheres, o par de cromossomos sexuais é composto por dois cromossomos X. Já nas células embrionárias, os gametas que não os possuem aos pares têm 22 cromossomos autossômicos e 1 cromossomo sexual. Todos os óvulos exibem apenas o cromossomo sexual X, enquanto metade dos espermatozoides contém um cromossomo X, e, a outra metade, um cromossomo Y. Sendo assim, é possível perceber que a Figura 2 mostra o cariótipo de um homem, pois o 23º par de cromossomo contém um cromossomo X e outro Y (MOORE, 2016; MUSTACCHI, PERES, 2000). 
A representação dos conceitos relacionados aos termos usados para se referir às células somáticas e embrionárias está ilustrada no Diagrama 4.
Diagrama 4. Termos usados para designar as células somáticas e germinativas.
TIPOS DE DIVISÃO CELULAR: MITOSE PARA ORGANOGÊNESE E MEIOSE PARA GAMETOGÊNESE
A divisão celular é o processo pelo qual uma célula origina duas outras. Em humanos, a divisão celular se dá por duas formas diferentes: a mitose e a meiose. Ambos os processos envolvem diferentes fases e obedecem a rigorosos mecanismos de controle celular.
// A mitose e a formação do corpo
A mitose é o processo de divisão celular realizado por vários tipos de células, inclusive pelo zigoto, que resulta na proliferação de células somáticas idênticas à célula-mãe. Inicialmente, ocorre duplicação de seu material genético para, posteriormente, dividi-lo entre suas duas células-filhas, que são clones da célula-mãe. Na mitose, o número de cromossomos das células-filhas é sempre igual ao da célula-mãe. Esse tipo de divisão celular é imprescindível para formação dos seres vivos pluricelulares a partir da fecundação, assim como para a reposição e renovação de células. Em muitos casos, as células resultantes da mitose passarão por mecanismos de diferenciação celular para que se tornem células diferentes da célula-mãe – sem tal diferenciação, seria impossível a organogênese. Todas as células resultantes da divisão celular por mitose são células somáticas diploides (2n) (MOORE, 2016; MUSTACCHI, PERES, 2000).
// A meiose e a formação dos gametas
A meiose é um processo especial de divisão celular pelo qual passam apenas as células germinativas presentes nas gônodas sexuais para formar os gametas. Contudo, tal divisão não é precedida pela duplicação dos cromossomos, de modo que as células resultantes da meiose contêm a metade de cromossomos da célula-mãe. Assim, é por meio da meiose que o número de cromossomos das células somáticas (2n) é dividido ao meio, promovendo a diferenciação das células germinativas (n): oócito primário (n) e espermatozoide (n). Portanto, todas as células resultantes da divisão celular por meiose são células germinativas haploides (n), ou seja, gametas. Para entender as fases da meiose, é importante conhecer a estrutura e nomenclatura dos cromossomos. 
Cada cromossomo tem uma forma, tamanho e posição do centrômero, sendo composto por sequências gênicas exclusivas. Eles se dispõem aos pares, nas células diploides, que são chamados de cromossomos homólogos. Durante a meiose, formam-se pares de cromossomos homólogos, sendo um deles proveniente do espermatozoide e o outro do oócito secundário. O centrômero é uma constricção que divide os cromossomos em dois braços, cujos tamanhos variam de acordo com o cromossomo, sendo de chamados braços curtos e braços longos. As cromátides são o resultado da divisão longitudinal dos cromossomos. A Figura 6 ilustra a estrutura dos cromossomos (MOORE, 2016; MUSTACCHI, PERES, 2000).
Figura 6: Ilustração representando a estrutura do cromossomo. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2020.
Para a formação dos gametas, são necessárias duas rodadas de meiose:
PRIMEIRA DIVISÃO MEIOTICA: É chamada de divisão reducional, uma vez que o número de cromossomos é reduzido de diploide para haploide. Durante a prófase,que é o primeiro estágio da meiose, ocorre pareamento dos cromossomos homólogos (formando um par de cromossomos ⎼ um do pai e um da mãe). Os cromossomos, com cromátides duplas, são presos pelos centrômeros ao fuso. Apesar de não serem homólogos, os cromossomos sexuais X e Y se emparelham nas extremidades dos braços curtos, as quais são homólogas. Posteriormente, na anáfase, os cromossomos se movem da placa equatorial (no centro da célula) e separam-se, de modo que um representante de cada par de cromossomos migra aleatoriamente para um polo do fuso meiótico. Ao final da meiose I, as células formadas são haploides, sendo elas o espermatócito secundário ou o oócito secundário.
SEGUNDA DIVISÃO MEIOTICA: Cada cromossomo de cromátide dupla se divide em duas metades, formando duas cromátides. A seguir, cada cromátide se direciona a um polo da célula, mantendo o número haploide de cromossomos (23) em cada célula-filha. Porém, agora cada cromossomo tem cromátide única. A segunda divisão meiótica é semelhante a uma mitose normal, com a diferença de resultar em duas células haploides (MOORE, 2016; MUSTACCHI, PERES, 2000).
Figura 7. Estágios das duas fases da meiose. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2020.
Embora a função de maior destaque da meiose seja a de reduzir o número de cromossomos pela metade para formação dos gametas, garantindo a manutenção do número de cromossomos nas espécies após a fecundação, ela tem papel imprescindível na variabilidade genética. Isso porque, durante a meiose, ocorre o arranjo aleatório entre os cromossomos maternos e paternos, permitindo que o bebê tenha características diferentes daquelas exibidas pelos progenitores. O cruzamento de segmentos cromossômicos mistura os genes, reposicionando-os, produzindo a recombinação do material genético.
Espermatogênese
A espermatogênese é o processo que ocorre nos túbulos seminíferos dos testículos, pelo qual as células germinativas primordiais, chamadas espermatogônias, diferenciam-se em espermatozoides. Este processo demanda três fases: multiplicação, crescimento e maturação (MOORE, 2016).
O menino nasce com espermatogônias, as quais permanecem em estado quiescente nos primeiros anos de vida. Estas células indiferenciadas se localizam junto à membrana basal dos túbulos seminíferos, na área mais externa dos testículos. Elas apresentam núcleos ovalados ou arredondados, com cromatina densa, e são diploides. Por volta dos 6 anos de idade do menino, as espermatogônias iniciam o período de multiplicação para gerar novas espermatogônias. Trata-se, portanto, de um processo de autorrenovação que se estenderá ao longo de toda a vida. Na mesma ocasião, isto é, por volta dos 6 anos de idade, as espermatogônias também se dividem por meio da mitose, para originar um estádio mais diferenciado de células chamadas espermatócitos primários, correspondendo à fase de multiplicação da espermatogênese.
Os espermatócitos primários são células com núcleo volumoso, cuja cromatina inicia o processo de condensação. Eles se afastam das espermatogônias que os originaram na membrana basal e se distribuem pela porção mais central dos túbulos seminíferos. Assim como as espermatogônias, os espermatócitos primários são células diploides, com 46 cromossomos, dos quais 44 são autossômicos e 2 são sexuais: um X e outro Y. Cada espermatócito primário passará pela primeira divisão meiótica para originar dois espermatócitos secundários haploides, cada um contendo 22 cromossomos autossômicos e um cromossomo X ou Y. Estas células caracterizam a fase de crescimento da espermatogênese (MOORE, 2016).
No início da puberdade, por volta dos 12 anos de idade, cada espermatócito primário passará pela primeira divisão por meiose reducional, assim chamada porque vai reduzir o número de cromossomos à metade, ou seja, as duas células resultantes, chamadas espermatócitos secundários, conterão 23 cromossomos cada, dos quais 22 serão autossômicos e 1 será sexual. Observe que uma das células resultantes da primeira meiose irá ficar com o cromossomo sexual X, enquanto a outra ficará com o cromossomo Y. Por isso, quando houver fecundação, o sexo cromossômico do embrião será determinado de acordo com o tipo de espermatozoide (X ou Y) que fecundou o oócito.
É importante ressaltar que, embora sejam haploides, os espermatócitos secundários ainda contêm cromossomos com duas cromátides. Na segunda divisão meiótica, eles formarão quatro células chamadas espermátides, que também são haploides, mas que contêm cromossomos com apenas uma cromátide. Esta é a fase de crescimento da espermatogênese e depende de hormônios sexuais.
Finalmente, as espermátides se diferenciarão em espermatozoides e este processo da espermatogênese, denominado espermiogênese, não envolve divisão, mas apenas uma grande diferenciação celular, marcada por muitas alterações morfofisiológicas. À medida que ocorre a espermatogênese, as células vão diminuindo de tamanho e ocupando regiões mais internas dos testículos, mas sempre dentro dos túbulos seminíferos. O processo completo, desde a formação do espermatócito primário até a diferenciação do espermatozoide, demora aproximadamente dois meses para acontecer. A nutrição dessas células indiferenciadas é provida por células também localizadas nos túbulos seminíferos chamadas células de Sertoli. Além disso, sob ação do hormônio folículo estimulante (FSH), as células de Sertoli proporcionam o microambiente adequado para a proliferação das espermatogônias e a falta desse hormônio implicará azoospermia, provocada por hipogonadismo hipogonadotrópico ⎼ e, consequentemente, em infertilidade masculina (MOORE et al., 2016; TANAKA et al., 2016). A Figura 8 ilustra a espermatogênese. 
CITANDO
Para compreender a importância do hormônio folículo estimulante (FSH) sobre as células de Sertoli e a espermatogênese, leia o caso clínico que relata as dificuldades de um casal, formado por um rapaz, de 27 anos, e sua esposa, de 26 anos, para engravidar: Infertilidade e Hipogonadismo (TANAKA, M.; PIOLI, R.; SAADE, R. 2016).
Figura 8. Ilustração da espermatogênese. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 08/07/2020.
SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
O sistema genital masculino é composto por dois testículos, conhecidos como gônadas masculinas, além de vários ductos pelos quais passam o espermatozoide (deferentes, ejaculatório e uretra), de órgãos produtores de hormônios (próstata, glândula bulbouretral, vesículas seminais) e órgãos acessórios: escroto e pênis. 
Os dois testículos localizam-se no escroto, na região anterior do períneo, e ficam atrás do pênis. Eles são constituídos por vários lóbulos, formados por túbulos seminíferos, os quais correspondem a 80 a 85% de sua massa. Os túbulos seminíferos são formados por espermatogônias e dois tipos de células somáticas, as quais participam da espermatogênese. São as células de Leydig, responsáveis pela secreção de testosterona, e as células de Sertoli, que promovem a sustentação das células espermáticas e produzem um líquido nutritivo para os espermatozoides. Eles ainda promovem a liberação dos espermatozoides na luz dos túbulos seminíferos e sua condução até o epidídimo. O esperma é produzido nos testículos (MOORE, 2016).
CURIOSIDADE
Existe uma correlação positiva entre o número de células de Sertoli, o peso do testículo e o número de espermatozoides produzidos. Assim, a eficiência da produção espermática sofre influência do número de células.
Os epidídimos são pequenos ductos que coletam e armazenam, por cerca de 18 horas, os espermatozoides, até que se tornem móveis, para depois os transportar aos ductos deferentes. 
As vesículas seminais são duas bolsas de aproximadamente 7,5 cm, localizadas entre o fundo da bexiga e o reto, acima da próstata. Elas produzem um líquido rico em frutose, prostaglandinas e proteínas de coagulação, o qual será adicionado na secreção dos testículos e constitui 60% do volume do sêmen. Sua natureza alcalina é importante para neutralizar a acidez da vagina e mesmo da urina remanescente na uretra, que seria letal aos espermatozoides.A próstata é um órgão localizado abaixo da bexiga, responsável pela produção do líquido prostático que também compõe o sêmen. Ele estimula a motilidade dos espermatozoides mais uma glândula cuja secreção é acrescentada ao líquido seminal. 
As glândulas bulbouretrais, também conhecidas como glândula de Cowper, são duas pequenas estruturas arredondadas, do tamanho de uma ervilha, próximas do bulbo do pênis e inferiores à próstata. Durante a excitação sexual, as glândulas bulbouretrais secretam um muco que lubrifica a extremidade do pênis e a uretra, diminuindo o atrito com os espermatozoides. 
O sistema reprodutor masculino tem três tipos de ductos pelos quais o espermatozoide e outras substâncias são transportadas, sendo eles:
Ductos deferentes–
Uma extensão dos túbulos do epidídimo, com aproximadamente 6 metros de comprimento enrolados acima dos testículos até a cavidade abdominal, na qual se unem aos ductos das vesículas seminais e se juntam à uretra.
Ductos ejaculatórios–
São a porção final dos ductos deferentes. Eles atravessam a próstata até o colículo seminal da uretra prostática, para onde conduzem os espermatozoides e o líquido seminal.
Uretra–
Tubo com cerca de 20 centímetros de comprimento que transporta o sêmen durante a ejaculação. A uretra também transporta a urina.
O pênis é o órgão erétil, responsável por conduzir o espermatozoide até o canal vaginal. É formado por dois cilindros superiores, os corpos cavernosos, e um cilindro inferior, o corpo esponjoso. A parte externa do pênis é dividida em raiz, corpo e glande. O prepúcio é uma pele fina e deslizante que envolve a parte livre do pênis (MOORE, 2016).
O CAMINHO DO ESPERMATOZOIDE PELO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
Quando a espermiogênese é completada, os espermatozoides deixam os vasos seminíferos e passam aos epidídimos. De lá, eles passam para os vasos deferentes, ductos das vesículas seminais, e à uretra. A maioria dos espermatozoides é armazenada nos vasos deferentes, os quais são envolvidos por três camadas de músculos lisos, cujas contrações empurram os espermatozoides em direção ao ducto ejaculatório próximo à uretra. O percurso do espermatozoide até a uretra está ilustrado na Figura 9.
Figura 9. O trajeto do espermatozoide em um modelo do sistema reprodutor masculino. A figura não mostra a uretra. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2020.
// O espermatozoide maduro
Os espermatozoides maduros são células móveis formadas por uma cabeça, colo e uma cauda ou flagelo:
CABEÇA: Representa a maior parte da célula e contém o núcleo, o qual é envolvido pelo acrossoma, uma organela sacular em forma de capuz que fica comprimida entre este e a membrana plasmática, na extremidade anterior do espermatozoide. O acrossoma se desenvolve a partir do complexo Golgiense e desempenha importante função na fecundação.
COLO: Junção entre a cabeça e a cauda.
CAUDA: Fornece a motilidade que auxilia o espermatozoide a deslocar-se até o oócito primário. É formada por três segmentos: 1) peça intermediária, que contém mitocôndrias produtoras do trifosfato de adenosina (ATP) para fornecer energia para a motilidade do espermatozoide; 2) peça principal; e 3) peça terminal (MOORE, 2016).
Oogênese ou ovulogênese
A ooogênese ou ovogênese é o processo que ocorre no interior dos ovários, pelo qual as células germinativas primordiais do embrião feminino, chamadas oogônias, diferenciam-se em gametas femininos.
Este processo se inicia ainda na vida intrauterina, por volta da 15ª semana de idade gestacional, e termina, para cada gameta, por ocasião da ovulação, sem, contudo, ainda ter formado gameta. Portanto, é possível que a oogênese demore de 12 a 50 anos para se completar. Assim como na espermatogênese, a oogênese demanda três fases para que se complete: multiplicação, crescimento e maturação, cujas durações, entretanto, diferem consideravelmente entre si. Quando a menina nasce, grande parte do processo de oogênese já aconteceu (MOORE, 2016; ARAUJO et al., 2007).
Por ocasião do 4º mês da vida fetal, as células germinativas primordiais passam por sucessivas divisões mitóticas para originar as oogônias, o que caracteriza a fase de multiplicação da oogênese. 
A seguir, mas ainda na vida fetal, durante três a cinco meses, cada oogônia passará por significativos processos de diferenciação celular para formar um oócito I, que é diploide. Cada oócito I é então envolvido por uma camada de células epiteliais foliculares achatadas, as quais, à medida em que o tempo passa, vão se tornando cúbicas e depois cilíndricas. Cada ovócito primário envolvido pela camada de células foliculares forma um folículo primordial ou folículo ovariano. O oócito I do folículo primordial é volumoso, com 40 µm de diâmetro, e o citoplasma já é abundante; o núcleo também é grande e a cromatina é frouxa, com nucléolo bem evidente. Nesta fase, os cromossomos encontram-se duplicados e com duas cromátides cada um, as quais formam quiasmas (pontos de cruzamentos) entre cromátides não irmãs, devido ao crossing over. Logo após nascer e até a puberdade, os ovários são repletos desses folículos primordiais, sendo que à medida que ocorrem as ovulações, seus números vão diminuindo. Os folículos ovarianos são separados uns dos outros por tecido conjuntivo adjacente e por uma lâmina basal, e são considerados as unidades funcionais dos ovários, pois realizam as funções de produzir o futuro gameta feminino e seus nutrientes, bem como hormônios sexuais femininos. A formação dos oócitos I não envolve mitose nem meiose, mas diferenciação celular das oogônias em ovócitos I bem volumosos, de forma que essa etapa é referida como fase de crescimento da oogênese. Ao nascer, a recém-nascida contém, em seus ovários, cerca de 2 milhões de oócitos I e nenhuma oogônia, uma vez que cada oogônia se diferenciou em um ovócito I e esta é uma diferença significativa da espermatogênese (MOORE, 2016; ARAUJO et al., 2007). A Figura 10 ilustra um folículo primordial, constituído por um oócito I, envolvido por uma camada de células foliculares achatadas.
Figura 10. Folículo primordial. Fonte: MOORE, 2016.
Ainda na vida intrauterina, os oócitos I entram na primeira divisão meiótica. Porém as células foliculares que o envolvem secretam inibidores da maturação do oócito, que são substâncias que impedem a progressão da meiose a partir da prófase I (fase do diplóteno). Desta forma, os oócitos primários entram na prófase da primeira meiose antes do nascimento e só irão terminá-la após a puberdade, sob influência dos hormônios sexuais. Na verdade, a prófase pode durar até os 50 anos de idade, pois, após ela se completar, o oócito I se divide em duas células-filhas: um corpúsculo polar e um oócito II, que se mantêm dentro do folículo primário e são envoltos pela zona pelúcida. Ocorre proliferação e mudança morfológica das células foliculares. O folículo primário, que consiste no oócito I e no corpúsculo polar I, deixa o ovário durante a ovulação e permanece viável por 12 horas, sendo essa a fase de maturação pré-natal da oogênese (MOORE et al., 2016; ARAÚJO et al., 2007). O folículo primário está ilustrado na Figura 11.
Figura 11. Folículo primário. Fonte: MOORE et al., 2016.
Quando nasce, a menina tem aproximadamente 2 milhões de oócitos primários, os quais permanecem quiescentes até a adolescência, fase na qual muitos deles vão sofrendo degeneração e morrendo por apoptose. Por ocasião da puberdade, restam apenas cerca de 40 mil oócitos primários. Este longo período para completar a primeira meiose pode estar relacionado à maior frequência de erros que ocorrem com o decorrer da idade materna. Isto é devido ao fato de os oócitos primários, na prófase, serem mais vulneráveis aos efeitos deletérios por agentes ambientais como radiação, o que os torna mais suscetíveis a erros meióticos, como a não disjunção da separação das cromátides-irmãs de um cromossomo (MOORE, 2016).
Uma vez na puberdade, a cada mês, um dos 40.000 oócitos I remanescentes irá progredir para ovócito II e ser expelido durante a ovulação. Ao final da vidareprodutiva, apenas cerca de 400 oócitos I alcançarão o estádio de oócitos II. A maturação do oócito I para ovócito II envolve a finalização da meiose I, que origina duas células-filhas haploides desiguais. Enquanto uma delas, o oócito II, fica com a maior parte do citoplasma da célula-mãe, a outra, o corpúsculo polar I, fica com pequena parte do citoplasma e irá perecer. A seguir, o ovócito I entra na segunda meiose evoluindo até a fase de metáfase. É nesse estádio que ele deixa o ovário durante a ovulação (MOORE, 2016; ARAUJO et al., 2007). Na maioria das vezes, apenas um dos ovários passa pela ovulação a cada ciclo, liberando um único oócito II na fase de metáfase. Porém, há casos de ovulação nos dois ovários no mesmo mês, assim como formação de dois oócitos II em um único mês. Isso explica os casos de gestações gemelares. A Figura 12 ilustra o folículo secundário com o oócito II e o primeiro corpúsculo polar, tal como deixa o ovário.
Figura 12. Folículo secundário com oócito II. Fonte: MOORE, 2016.
Vamos retomar o momento da ovulação, quando o núcleo do oócito II interrompeu a segunda divisão meiótica e deixou o ovário. Embora seja comum que ele seja referido como gameta feminino, ele na verdade não o é. Considerando que o oócito II não terminou o processo de meiose, ele permanece junto com o corpúsculo polar II dentro da célula-mãe. 
O oócito II somente termina a meiose quando, e se, for penetrado por um espermatozoide. Neste caso, a meiose resultará em duas células, uma grande e que ficou com a maior parte do citoplasma, o oócito fecundado, e uma outra célula menor, que ficou com o citoplasma remanescente e que corresponde ao segundo corpúsculo polar, destinado à degeneração. Será considerado gameta feminino, após a liberação dos corpúsculos polares. Apenas neste momento se completa a fase de maturação pós-natal da oogênese (MOORE, 2016; ARAUJO et al., 2007). A fecundação e formação do gameta feminino está ilustrada na Figura 13.
Figura 13. Ilustração fecundação. Fonte: MOORE, 2016.
As etapas sequenciais da espermatogênese e da ovogênese estão ilustradas na Figura 14.
Figura 14: Ilustração espermatogênese e ovogênese. Fonte: MOORE, 2016, p. 37.
// Características das fases da oogênese
As fases de multiplicação, crescimento e maturação da oogênese são bastante complexas e se finalizam somente após a fecundação, quando o oócito II completa a meiose.
 (
FASE DE MULTIPLICAÇÃO (MITOSE)
-As células germinativas primordiais dão origem às 
ovogônias
 diploides;
-
Ovogônias
 
iniciaim
 diferenciação para ovócitos primários (2n);
-Termina antes do nascimento;
-dois milhões de 
oócitos
 primários ao nascimento.
)
 (
FASE DE MATURAÇÃO (FINALIZA MEIOSE I E INICIA MEIOSE II)
-Da menarca à menopausa;
-Na puberdade: finalização da meiose I – liberação de um 
oócito
 secundário e um corpúsculo polar durante a ovulação;
-Inicio da meiose II (estaciona na metáfase) e liberação do folículo secundário contendo um ovócito secundário e um corpúsculo polar na ovulação. Finalização da meiose II se dá mediante a fecundação e, nesse caso, há formação do gameta.
) (
FASE DE CRESCIMENTO (INICIO DA MEIOSE I)
Antes do nascimento até a ovulação 
( 
da menarca à menopausa):
-Ovócitos primários diploides iniciam meiose I e interrompem-na na fase de prófase I;
-Aumento considerável de volume celular para formação do vitelo, 
constituido
 por proteínas, gorduras, glicogênio e vitaminas citoplasmáticas.
)
Diagrama 5. Características das fases da oogênese.
As principais diferenças entre a espermatogênese encontram-se resumidas no Diagrama 6.
Diagrama 6: Principais diferenças entre a oogênese e espermatogênese. Fonte: ARAUJO et al., 2007.
OS FOLÍCULOS OVARIANOS DURANTE A OOGÊNESE
Os folículos ovarianos são os conjuntos formados por um oócito e as camadas de células foliculares que o rodeiam. Os oócitos são os futuros gametas femininos que levarão consigo as características genéticas da mãe e, durante seu amadurecimento até a fecundação, passarão por diversas etapas que são sustentadas pelas células foliculares que os envolvem.
Assim, durante a oogênese, a arquitetura dos folículos ovarianos passa por diferentes modificações sequenciais, nas quais ocorre progressivo aumento do tamanho dos ovócitos bem como das células foliculares (ARAÚJO et al., 2007).
Folículo primordial
Contém uma pequena célula germinativa, o oócito primário em fase de crescimento (prófase I, no diplóteno), envolvido por uma única camada esparsa de células foliculares achatadas. Os folículos primordiais existem desde o nascimento até a menopausa, predominando, porém, na menina pré-púbere. Eles começam a diminuir à medida que os ovócitos vão amadurecendo. Além disso, muitos dos folículos primordiais entrarão em degeneração por apoptose (MOORE, 2016).
Na puberdade, os ovários passam a exibir outros tipos de folículos ovarianos:
Folículos primários
As células foliculares que envolvem o oócito primário começam a ficar arredondadas, depois cúbicas e, finalmente, colunares. As células do estroma se organizam ao redor das células foliculares e formam a teca interna, produtora de hormônios, e a teca externa, associada ao tecido conjuntivo frouxo. Entre a teca interna e as células foliculares há uma camada de lâmina basal. As células da teca interna se diferenciam em células secretoras de esteroides a partir do colesterol: progesterona e androgênios. Porém, a maior parte dos androgênios migra da teca interna para as células foliculares, que os convertem em estrogênios.
Folículos ovarianos secundários, multilamelares ou em crescimento
a cada ciclo ovariano, dos muitos folículos que entram em crescimento, somente um, na maioria das vezes, completa a maturidade. Inicialmente, o ovócito primário aumenta de volume e, ao seu redor, forma-se a zona pelúcida, uma camada glicoproteica produzida por ele e pelas células foliculares ao seu redor, agora chamadas de corona radiata. Algumas das glicoproteínas presentes nesta zona são receptores específicos da espécie no momento da fertilização. As células foliculares estão em intensa atividade mitótica e, por isso, o folículo cresce, acumulando-se um líquido rico em ácido hialurônico. A teca interna encontra-se bem desenvolvida com intensa atividade de síntese hormonal.
Folículos ovarianos maduros ou pré-ovulatórios
próximo da ovulação, o folículo primário cresce ainda mais, podendo alcançar 2,5 cm de diâmetro e, dentro dele, há grande quantidade de líquido folicular. Ele faz uma saliência na superfície do ovário, na qual o epitélio superficial exibe alterações morfológicas para promover maior varredura das fímbrias e da tuba uterina. O oócito primário fica preso à parede do folículo pelo cumulus oophorus, um pedículo formado por células foliculares. Estas células também formam a membrana granulosa, próxima da teca interna, e a corona radiata, presa na zona pelúcida. Concomitantemente, o ovócito primário completa a meiose I que estava interrompida desde o período fetal e inicia, na sequência, a meiose II (que somente se completará no caso de fecundação), formando assim o ovócito secundário e o primeiro corpúsculo polar. O folículo maduro, bem volumoso e visível ao ultrassom, é liberado dos ovários aproximadamente 10 a 12 horas após o pico do hormônio luteinizante (LH), constituindo o evento de ovulação. Os hormônios liberados pelos ovários para a circulação sistêmica até a ovulação são estrogênios e androgênios, os quais também serão convertidos na periferia em estrogênios. A evolução dos folículos ovarianos, desde folículo primordial até o folículo secundário liberado na ovulação, está ilustrada na Figura 15.
Figura 15. Ilustração da organização e estrutura dos folículos presentes no ovário. Fonte: GUERREIRO et al., 2015. 
Infertilidade x esterilidade
A gestação e o nascimento de um bebê envolvem etapas muito complexas e representam um desafio para muitos casais. Estima-se que, após relação sexual realizada no período ovulatório e sem uso de qualquer método contraceptivo, apenascerca de 20% dos casais chegam à gestação. Esse número mostra que a fertilidade humana é baixa em relação a outras espécies (CAMBIAGHI, SOUZA, 2012). 
O termo infertilidade é utilizado para as situações nas quais um casal apresenta menores chances da gravidez, mas que podem ser contornadas por um tratamento médico adequado. Já a esterilidade se refere à condição irreversível que impede a concepção, em decorrência da impossibilidade da produção de gametas (oócitos e espermatozoide) ou de zigotos viáveis.
A infertilidade é tratada como uma condição do casal, e não do homem ou da mulher. Assim, o termo infertilidade do casal é utilizado para se referir ao casal que não consegue engravidar após um ano praticando relações sexuais, pelo menos seis vezes ao mês e sem uso de qualquer método contraceptivo. A infertilidade é chamada primária quando o casal nunca teve filhos; secundária, para aqueles que estão com dificuldades de engravidar após o nascimento do primeiro filho.
A infertilidade é resultado de diversos fatores, incluindo emocionais, nutricionais e biológicos. O aumento da idade e do peso, além de uma prática de atividade física extenuante, comprometem a fertilidade por provocar disfunções dos órgãos reprodutores, dos gametas ou do concepto. O abuso de álcool altera o número e a motilidade dos espermatozoides presentes no sêmen. O uso de tabaco está associado a modificações na morfologia e concentração de espermatozoides no sêmen; na mulher, ele está relacionado à aceleração da diminuição dos folículos ovarianos. 
EXPLICANDO
O sêmen humano, também conhecido como esperma, é composto por espermatozoides, secreções testiculares, das vesículas seminais, da próstata e da glândula bulbo-uretral. Ele é esbranquiçado e opalino, espumoso e cremoso, porém, após períodos de abstinência sexual, fica amarelado. A cada ejaculação, é eliminado entre 3,5 a 5 ml e, após 10 minutos fora do organismo humano, começa a ficar líquido.
Ainda que a infertilidade seja do casal, existem causas que são inerentes à mulher; outras, ao homem (CAMBIAGHI, SOUZA, 2012; MOORE, 2016).
INFERTILIDADE RELACIONADA À MULHER
Os fatores mais frequentes que contribuem para a infertilidade são:
Idade–
O declínio da fertilidade e a taxa de aborto espontâneo nas mulheres acima de 40 anos se dá em razão de diversos fatores:
· Redução nas taxas de implantação;
· Baixa resposta à estimulação ovariana;
· Diminuição da qualidade dos oócitos;
Hormonais e ovarianos–
Responsáveis por 50% dos casos de infertilidade, por comprometer a ovulação. A falha no eixo hipotalâmico-hipófise-gônadas leva à anovulação ou disovulia, que são a falta de ovulação ou formação de óvulos disfuncionais, respectivamente. A síndrome dos ovários policísticos, decorrente do acúmulo de folículos nos ovários, é uma das causas mais frequentes dessas alterações. A obesidade, assim como ganho ou perda ponderal, junto a exercícios físicos extenuantes, além de disfunção tireoidiana e hiperprolactinemia, também contribuem para as alterações hormonais. O excesso de peso contribui para a resistência insulínica e, com isso, para a anovulação (CAMBIAGHI, SOUZA, 2012; FICHMAN et al., 2020);
Anatômicos–
São responsáveis por 20 a 30% dos casos de infertilidade, por impedir a fusão do espermatozoide e do oócito ou a implantação do embrião no útero. Tais alterações podem ser congênitas ou decorrentes de traumas, cirurgias, miomas e infecções, como a doença inflamatória pélvica (DIP). 
· Útero: miomas e alterações no formato do útero (útero bicorno ou didelfo) dificultam a implantação embrionária no endométrio;
· Colo do útero: alterações na composição do muco cervical, no qual o espermatozoide nada;
· Tubas uterinas: alterações no peristaltismo provocada por estresse e outros fatores;
· Aderências: decorrentes de infecções pélvicas e cirurgias, obstruem os órgãos e, com isso, dificultam a fecundação;
Endometriose–
Até 40% das causas femininas de infertilidade podem ser decorrentes da endometriose, que é a migração do endométrio para lugares diferentes da cavidade uterina. O endométrio consiste no tecido no qual o embrião se implanta. Quando não ocorre a fecundação, ele é eliminado. Nas pacientes com endometriose, o endométrio se renova fora da zona interna do útero, provocando dores e dificultando a gestação;
Fatores imunológico–
Quando há incompatibilidade entre o muco cervical e o espermatozoide, ou entre os gametas masculino e feminino, ou ainda entre o embrião e o útero.
INFERTILIDADE RELACIONADA AO HOMEM
A infertilidade masculina é atribuída à espermatogênese anormal, distúrbios endócrinos ou bloqueio de um dos ductos que compõem o sistema reprodutor. A infertilidade em homens geralmente resulta de defeitos na espermatogênese.
Os testículos mal posicionados são uma causa frequente de baixa produção de espermatozoides e alterações na motilidade (MOORE, 2016). Atualmente, já se sabe que a idade do homem, assim como a da mulher, interferem na produção dos gametas e, por consequência, na fertilidade. No homem, as causas mais frequentes que contribuem para a infertilidade são:
Relacionadas aos espermatozoides–
- Astenospermia (baixa motilidade) e oligospermia (pequeno número de espermatozoides): provocados por varicocele, infecções, reações imunológicas, tabagismo, alcoolismo, uso de medicamentos, fatores psíquicos;
- Teratospermia: alterações no formato do espermatozoide em decorrência do uso de drogas de abuso, medicamentos, varicocele e alterações congênitas, dentre outras;
- Azoospermia: ausência de produção, em decorrência do criptorquidismo, dentre outros.
Doenças–
Varicocele, câncer, caxumba, doenças sexualmente transmissíveis;
Alterações hormonais–
Diminuição nos níveis de FSH, Testosterona e LH, que diminuem a produção de espermatozoides;
Alterações genéticas–
A espermatogênese depende de genes e da integridade do cromossomo Y.
EXPLICANDO
Proteínas da família Bcl-2 estão envolvidas na maturação das células germinativas e na sobrevivência dos diferentes estágios até a produção dos espermatozoides. Os genes HOX estão associados à dinâmica dos microtúbulos, ao formato da cabeça e da cauda dos espermatozoides. Pequenas microdeleções no cromossomo Y resultam em espermatogênese deficiente ou infertilidade (MOORE, 2016).
A avaliação da fertilidade do homem se inicia pela análise de amostra do sêmen coletado após masturbação – espermograma. A quantidade de espermatozoides por mililitro de sêmen varia entre 100 e 20 milhões no ejaculado de homens férteis, dos quais 50% continuam móveis depois de 2 horas, sendo possível encontrar alguma motilidade até 24 horas após a coleta. Homens com alteração da fertilidade apresentam menos de 10 milhões de espermatozoides por mililitro de sêmen, sendo alguns deles imóveis e defeituosos (MOORE, 2016).
SINTETIZANDO
A gametogênese é o processo de produção de gametas. Por meio dela, os cromossomos das células somáticas dos pais são transferidos para os gametas, os quais poderão, por meio da fecundação, perpetuar os genes dos progenitores.
A gametogênese masculina se chama espermatogênese e acontece nos túbulos seminíferos dos testículos. Ela se inicia por volta dos 6 anos de idade, a partir de divisões mitóticas das espermatogônias, seguidas pela diferenciação celular e formação de espermatócitos I. Estas células, por sua vez, passarão por duas meioses sucessivas, a fim de formar os espermatócitos II e, posteriormente, as espermátides, as quais são haploides. Na sequência, haverá diferenciação morfológica das espermátides para formar a cabeça com acrossomo rico em enzimas e cauda. Esse processo se chama espermiação. Os espermatozoides deixam os vasos seminíferos dos testículos e seguem aos epidídimos, onde ficam estocados por 18 horas até adquirirem motilidade. Então, passam aos ductos deferentes, canal ejaculatório e uretra, para serem eliminados junto ao sêmen. Cada espermatogônia forma quatro espermatozóides.
A gametogênse feminina se chama oogênese e ocorre nos ovários. É um processo muito longo: inicia-se ainda na vida intrauterinae termina quando cada ovócito II é fecundado. Os ovócitos secundários se diferenciam a partir das oogônias. Cada oogônia se divide por mitose e, a seguir, diferencia-se em oócito I, o qual é imediatamente envolvido por uma camada de células foliculares que o acompanhará até a fecundação. Juntos, oócito e células foliculares constituem o folículo primordial, o qual passará, posteriormente, a folículo primário e secundário, de acordo com o desenvolvimento do oócito. Os ovários são repletos de folículos ovarianos que constituem a unidade fundamental dos ovários.
As células foliculares produzem substâncias nutritivas e hormônios. Ainda na vida fetal, o oócito I, após aumentar de volume, entra na meiose I, porém estaciona na prófase I e só vai retomar a divisão na puberdade. Então, a cada mês, um único folículo primário completa a primeira divisão meiótica, dando origem a duas células de tamanhos desproporcionais: o ovócito I, que recebe a maior parte do citoplasma, e o primeiro corpúsculo polar, com a menor parte, que sofrerá degeneração. O ovócito I inicia a segunda divisão meiótica pouco antes da ovulação, mas a interrompe na metáfase. A meiose se completará mediante a penetração por um espermatozoide. Nesse caso, haverá duas células resultantes da meiose II: o ovócito fecundado, que contém a maior parte do citoplasma, e o segundo corpo polar, que, assim como o primeiro, é uma célula pequena, não funcional e que sofrerá degeneração.
A fecundação compreende a fusão entre o oócito II e o espermatozoide, acontecendo nas tubas uterinas. O oócito II permanece viável por 12 horas após a ovulação, degenerando-se depois desse período. Já os espermatozoides sobrevivem por até 48 horas no trato genital feminino. A fecundação restabelece a diploidia ao formar, a partir de duas células haploides, um zigoto com 46 cromossomos. O sexo genético é determinado pelo espermatozoide, de acordo com o cromossomo que ele tiver: Y ou X, para masculino e feminino, respectivamente. 
Alterações durante a gametogênese podem comprometer a fertilidade e também dar origem a alterações cromossômicas no feto. A compreensão dos processos envolvidos na gametogênese permite o desenvolvimento de tecnologias de reprodução assistida e, com isso, ajuda as pessoas que não podem tê-los de forma natural.
A infertilidade é a ausência de gestação por meio natural após 1 ano de prática sexual sem uso de contraceptivos e com pelo menos seis relações sexuais mensais. A infertilidade é referida ao casal, mas pode ter causas ligadas ao homem; outras, à mulher. O uso de drogas lícitas e ilícitas, alimentação inadequada, obesidade e aumento da idade são causas associadas à infertilidade. Infecções, alterações anatômicas, como bloqueio das tubas uterinas, miomas e endometriose são causas frequentes de infertilidade feminina. No homem, as causas de infertilidade são ligadas a fatores hormonais, criptorquidia e alterações relacionadas ao espermatozoide, como baixa produção ou produção defeituosa e problemas de motilidade.
A esterilidade, diferente da infertilidade, é uma condição irreversível da fertilidade, pela incapacidade de produzir gametas ou zigoto.
UNIDADE 2. - Ciclo reprodutivo da mulher e fecundação
OBJETIVOS DA UNIDADE
· Compreender os ciclos reprodutivos e mecanismos de fecundação; 
· Explicar a anatomia e fisiologia do sistema genital feminino;
· Descrever a relação entre o hipotálamo, hipófise, ovários e ciclo menstrual mensal; 
· Compreender os diferentes métodos contraceptivos disponíveis e seu uso;
· Discutir as políticas públicas relacionadas à reprodução.
TÓPICOS DE ESTUDO
Ciclos reprodutivos, mecanismos da fecundação e métodos contraceptivos–
// Fases da mulher e potencial reprodutivo: menarca, menacme e menopausa
// Anatomia e fisiologia do sistema reprodutor feminino
// Métodos de fecundação
// Métodos contraceptivos
Fisiologia do ciclo menstrual–
// Ciclos reprodutivos femininos: ovariano e uterino 
Marcos históricos e políticas públicas da reprodução humana–
// Marcos históricos do desenvolvimento da reprodução humana 
// Políticas públicas voltadas para a reprodução humana
Ciclos reprodutivos, mecanismos da fecundação e métodos contraceptivos
Do ponto de vista reprodutivo, a mulher passa por diferentes fases, que vão desde a preparação para a fecundação e gestação até a etapa na qual ela perde a capacidade de gerar filhos.
Cada uma dessas fases é regida por uma rigorosa rede de interação neuroendócrina que se traduz em adaptações fisiológicas para a reprodução. É no corpo da mulher que ocorrem a fecundação, implantação e desenvolvimento do bebê até o nascimento.
Por outro lado, a mulher pode escolher o melhor momento para engravidar graças ao uso de métodos contraceptivos. Atualmente, existem diversas opções de métodos contraceptivos hormonais e não hormonais, inclusive de longa duração.
FASES DA MULHER E POTENCIAL REPRODUTIVO: MENARCA, MENACME E MENOPAUSA
De acordo com o potencial reprodutivo, a mulher passa por três fases durante sua vida: menarca, menacme e menopausa, precedida pelo climatério.
A menarca corresponde à primeira menstruação da menina. É um marco que separa a infância da puberdade, um período de profundas alterações corporais. Os hormônios sexuais – estrogênio e progesterona produzidos pelos ovários – estimulam o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários: pelos pubianos, mamas e alargamento dos quadris. Ao mesmo tempo, em resposta ao hormônio de crescimento, ocorre o estirão de crescimento. Não existe uma idade fixa para o acontecimento da menarca e diversos fatores podem influenciar a idade da menarca, entre os quais a disponibilidade de nutrientes e o nível de treinamento físico, sendo mais tardia entre as atletas, quando comparadas às meninas não atletas. A melhoria da qualidade de vida ao longo dos séculos tem diminuído a idade da menarca entre as meninas de diferentes populações, embora aquelas que vivem sob restrições econômicas ainda tenham a primeira menstruação com idade superior às meninas de classes econômicas mais privilegiadas.
É importante ressaltar que a puberdade é um processo da adolescência e não a adolescência em si e que, embora após a menarca a menina já libere os gametas prontos para a fertilização, seu corpo ainda não está preparado para a gestação. 
O desenvolvimento sequencial das características sexuais secundárias foi sistematizado por Tanner, em 1962 (Quadro 1) e é um critério muito utilizado para acompanhar o desenvolvimento físico durante a puberdade.
// Quadro 1. Estadiamento maturacional de Tanner
A menacme é o período entre a menarca e a menopausa, quando a mulher se encontra em idade fértil e corresponde ao melhor período para engravidar. As gestações nos extremos da menacme representam maiores riscos para a saúde do feto e da mãe, sendo consideradas de alto risco. 
A gestação na adolescência predispõe ao desenvolvimento de anemia, diabetes gestacional, síndrome hipertensiva da gravidez (SHG) e complicações no parto, inclusive com aumento da mortalidade materna e infantil. Após os 35 anos de idade, a mulher tem menores chances de engravidar e quando engravidam ficam mais vulneráveis à diabetes gestacional, hipertensão e parto prematuro.
Finalmente, ocorre a menopausa, quando a mulher não pode mais engravidar em virtude da interrupção dos ciclos ovarianos e falência dos ovários. Em geral, ocorre entre os 48 e os 55 anos de idade. Durante o climatério ocorre diminuição do nível de estrógenos, progesterona e testosterona, e com isso o aparecimento de várias queixas da mulher, que apresenta diminuição do desejo sexual, ondas de calor e irritabilidade.
Além disso, a mulher tende a ganhar peso e perder massa óssea, aumentando o risco de osteoporose. A diminuição de estrógeno neste período provoca atrofia vulvovaginal, responsável pela dispareunia, corrimento e prurido vulvar. Com a diminuição de hormônios nesse período, a mulher fica mais predisposta a desenvolver infecções urinárias, osteoporose, doenças cardíacas, depressão e câncer de mama.
A perda dacapacidade reprodutiva ocorre de forma progressiva, em resposta à variação da taxa hormonal, que geralmente se inicia aos 40 anos, quando começam a acontecer alterações do fluxo menstrual. O período de transição entre o período fértil e infértil é chamado de climatério. Por volta dos 50 anos, o ciclo menstrual fica cada vez mais longo e o fluxo cada vez menor, até que a mulher deixa de menstruar. 
Considera-se que a mulher atingiu a menopausa quando ela apresentou ausência de menstruação por 12 meses. Embora as chances sejam bem menores, a mulher pode engravidar durante o climatério e, nesse caso, a gestação é considerada de alto risco para o binômio mãe-feto. A reposição hormonal pode ajudar a minimizar esses problemas, mas sua indicação requer cuidadoso exame feito pelo médico e depende de fatores familiares, como casos de câncer.
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO
O sistema reprodutor feminino localiza-se na pelve e é formado por dois ovários, duas tubas uterinas (antigamente chamadas trompas de Falópio) e um útero.
Figura 1. Sistema reprodutor feminino. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 03/09/2020.
Ovários–
São dois órgãos maciços em forma de amêndoa, de aproximadamente três centímetros, suspensos na cavidade abdominal por ligamentos de tecido conjuntivo e mesentério e são parcialmente recobertos pelas fímbrias das tubas uterinas. 
Os ovários são responsáveis pela produção dos gametas femininos e hormônios e subdividem-se nas seguintes zonas distintas: córtex, que corresponde à maior parte do ovário, é delimitado pelo epitélio germinativo, sendo formado pelo estroma constituído por células tecais, células contráteis, tecido conjuntivo e folículos ovarianos, que são os oócitos rodeados por uma ou mais camadas de células foliculares (ou células da granulosa); e medula, que é constituída por um agregado heterogêneo de células e pelo hilo, por onde entram e saem vasos sanguíneos.
Tubas uterinas–
É a nomenclatura antiga das trompas de Falópio. São dois tubos curvos, com aproximadamente 10 cm de comprimento por 1 cm de largura cada, que ligam os ovários ao útero. O calibre das tubas uterinas vai aumentando à medida que se afastam do útero para abrirem-se nas extremidades distais formando funis de bordas franjadas, os quais terminam na cavidade peritoneal. As tubas uterinas apresentam quatro regiões: parte uterina, istmo, ampola e infundíbulo, o qual se ajusta sobre os ovários. Durante a ovulação, o oócito é sugado para o interior de uma das tubas e desloca-se por ela até a cavidade uterina. 
 
É também nas tubas uterinas que ocorre a fecundação e quaisquer alterações anatômicas ou decorrentes de traumas, inflamação, cicatrizes e infecções tubárias causadas por microrganismos constituem fator de risco para gravidez ectópica e infertilidade. A cada ciclo menstrual, uma das tubas conduz um oócito II em direção ao útero. Mas é também por elas que os espermatozoides, vindos do útero, nadam em resposta às substâncias quimiotáticas para alcançarem o oócito II. Quando ocorre a fecundação, ela se dá no nível da ampola da tuba, onde também ocorrem as primeiras divisões celulares do zigoto até o estádio de blastocisto, que é levado pelos movimentos peristálticos até a cavidade uterina.
Útero–
Órgão muscular em forma de pera, oco, com aproximadamente 7,5 cm de comprimento por 5 a 7 cm de largura na parte superior e 3 cm na parte inferior, que corresponde ao colo do útero. Localiza-se acima da bexiga. É composto por três camadas:
 
· Perimétrio: uma camada peritoneal firmemente aderida ao miométrio;
· Miométrio: camada de músculo liso localizada entre o perimétrio e o endométrio e que produz contrações para promover o parto natural; 
· Endométrio: epitélio escamoso estratificado não queratinizado que é renovado a cada ciclo menstrual em resposta aos estrogênios e progesterona. O endométrio atinge 4 a 5 mm de espessura no pico do desenvolvimento e é altamente vascularizado, sendo responsável pela nutrição do embrião até que se forme a placenta. Quando não ocorre fecundação, o endométrio se desagrega e é eliminado junto à menstruação. A análise microscópica do miométrio durante a fase lútea, ou secretora do ciclo menstrual, mostra três camadas: (i) uma camada fina e compacta, formada de tecido conjuntivo disposto ao redor dos colos das glândulas uterinas. Desintegra-se e descama durante a menstruação e após o parto; (ii) uma camada espessa e esponjosa, constituída por tecido conjuntivo edematoso, rico em fluidos, formada pelas porções tortuosas e dilatadas das glândulas uterinas. Assim como a camada fina, a camada espessa se desintegra e descama durante a menstruação e após o parto; e (iii) uma camada basal delgada, formada pelo fundo cego das glândulas uterinas, dotada do seu próprio suprimento sanguíneo e que não se desintegra durante a menstruação. 
Colo uterino ou cérvix (endocérvix e exocérvix)–
Estreitamento inferior do útero que se abre na vagina. Um tampão feito de muco cervical separa o colo do útero do canal vaginal. É por ele que o espermatozoide passa da vagina para dentro do útero, com direção às tubas uterinas.
Vagina–
É um canal musculoso com cerca de 7,5 cm de comprimento que liga o colo uterino ao meio exterior, onde forma o introito vaginal, entre a uretra e o ânus. 
A vagina é rica em glicogênio, o qual é transformado em ácido lático pelos inúmeros microrganismos que nela vivem, constituindo um ecossistema que a protege contra agentes patogênicos. É pela vagina que o pênis entra para ejacular os espermatozoides e é também por ela que nasce o feto.
Órgãos genitais externos–
São coletivamente chamados de vulva. São formados pelos:
 
· Grandes lábios: dobras externas da pele análogas ao escroto e cobertas por pelos;
· Pequenos lábios: delicados e membranosos;
· Clitóris: é formado por tecido erétil com oito mil terminações nervosas muito sensíveis, o dobro daquelas encontradas no pênis. O clitóris fica na extremidade anterior dos pequenos lábios e tem uma parte interna que atinge até 4 cm de comprimento, enquanto a parte externa mede apenas 5 mm. Quando estimulado, pode atingir até 2 cm de comprimento em função da intensificação da circulação sanguínea.
· EXPLICANDO
· Os hormônios esteroidais estrógenos (estradiol, estrona e estriol) são produzidos pelos ovários e placenta. No homem, também há produção desses hormônios, embora em menores quantidades, pelos testículos. Os ovários também produzem progesterona e os hormônios peptídicos (inibina e relaxina, entre outros).
Diagrama 1 – Camadas do corpo do útero
Figura 2 – Sistema reprodutor feminino
MÉTODOS DE FECUNDAÇÃO
A fecundação natural é feita na tuba uterina geralmente nas primeiras 12 horas após a ovulação, sendo que após esse período o oócito começa a perder a viabilidade. Nesse período, as extremidades fimbriadas da tuba uterina ficam mais próximas dos ovários. As fímbrias, movem-se para frente e para trás do ovário realizando uma varredura e promovendo uma corrente de fluido e, com a ajuda dos cílios das células da mucosa capturam o oócito secundário para o infundíbulo afunilado da tuba uterina.
Após o ato sexual, as prostaglandinas presentes no sêmen ejaculado provocam contrações uterinas e, com isso, estimulam os espermatozoides a se movimentarem a uma velocidade de 2 a 3 milímetros por segundo até o local da fecundação: a ampola da tuba uterina.
O volume médio de sêmen ejaculado é de 3,5 ml e a velocidade de locomoção é influenciada pelo pH. Durante esse processo, os espermatozoides passam pelo processo de capacitação, que consiste em alterações promovidas por componentes presentes no colo do útero e nas tubas uterinas para torná-los aptos a penetrar a corona radiata, a zona pelúcida e finalmente, a membrana plasmática do oócito II.
A fecundação realizada por meio da inseminação intrauterina obedece ao mesmo esquema, acontecendo sempre no nível da tuba uterina. Porém, na fertilização in vitro é necessário proceder à capacitação dos espermatozoides incubando-os por algumas horas em meio específico para essefim.
A capacitação é importante para promover a reação acrossômica e ligação do espermatozoide à glicoproteína ZP3 da zona pelúcida do oócito. Parece que a reação acrossômica depende de íons de cálcio, prostaglandinas e progesterona presentes na membrana plasmática do espermatozoide.
A passagem dos espermatozoides capacitados pela corona radiata promove alterações moleculares que promovem perfurações no acrossoma. Então, formam-se vários pontos de fusão entre a membrana plasmática do espermatozoide e a membrana acrossômica externa, provocando pontos de aberturas e liberação de enzimas da vesícula acrossômica, necessárias ao processo de fecundação, incluindo a hialuronidase e a acrosina.
Figura 3. Ilustração da fecundação. Fonte: MOORE; PERSAUD; TORCHIA, 2016, p. 18.
Logo após a fecundação, iniciam-se as primeiras divisões celulares do zigoto ainda na tuba uterina para formar duas células, cerca de 30 a 36 horas após a fecundação, quatro células após 40 horas, e oito células entre 50 e 60 horas que forma a mórula. 
Durante esse tempo, o embrião vai se deslocando e alcança o útero três dias após a fecundação, quando já tem de 32 a 64 células e se chama blastocisto.
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
Atualmente, existem diversos métodos de contracepção reversíveis e o aconselhamento do ginecologista é fundamental para capacitar a mulher a decidir como fazer o planejamento familiar.
É importante ressaltar que mesmo quando corretamente utilizados, com exceção da abstinência sexual, todos os métodos são passíveis de falhas, as quais variam de 0,1 a 20%. Fatores como idade, doenças prévias, ocorrência de câncer na família e disciplina comportamental exigida pelo método devem ser consideradas pelo médico e paciente.
Por exemplo, o uso da pílula anticoncepcional exige que ela seja ingerida no mesmo horário diário. Além disso, caso a mulher precise tomar outro(s) fármaco(s), deverá associar durante esse período um outro método contraceptivo, uma vez que a interação medicamentosa pode reduzir a eficácia da pílula.
Pensando nessas questões, a Organização Mundial de Saúde recomenda que mulheres mais vulneráveis à gestação involuntária façam uso de métodos contraceptivos de longa duração (LARCs), que são aqueles com duração entre três e dez anos e que não exigem atenção da mulher para garantir a eficácia. 
Nesse grupo, incluem-se as adolescentes, mais propensas ao esquecimento da medicação, assim como mulheres que fazem consumo abusivo de substâncias e aquelas que vivem em situação de rua.
Porém, é necessário garantir que todas as mulheres tenham acesso aos métodos contraceptivos de longa duração. Entre os LARCs, apenas o dispositivo intrauterino de cobre é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
// Métodos anticoncepcionais não hormonais
Os métodos anticoncepcionais não hormonais utilizam técnicas e barreiras para impedir que o espermatozoide encontre o oócito. A eficácia varia de acordo com o método e a habilidade de sua utilização.
De particular interesse entre os métodos não hormonais, é a utilização da camisinha ou preservativo, seja masculina ou feminina, durante todas as relações sexuais. Isso porque o preservativo é o recurso mais eficiente no combate à transmissão das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Assim, mesmo que a mulher utilize outro método contraceptivo, ela deve associar o uso da camisinha do começo ao final da relação sexual.
ASSISTA
O preservativo feminino, assim como o masculino, oferece dupla proteção durante a prática sexual, prevenindo as infecções sexualmente transmissíveis e a gravidez não planejada. O uso dos preservativos diminui também a incidência de infecções no sistema reprodutor, dores no baixo ventre e, possivelmente, câncer de colo uterino e infertilidade nos homens e nas mulheres. A eficácia contraceptiva depende do uso correto. Para saber como manejar a camisinha feminina e masculina, assista aos vídeos:
https://youtu.be/8cC1P2Xjp2g
https://www.youtube.com/watch?v=sGjVz-8-IpE
O DIU (dispositivo intrauterino) é um método de longa duração que alcança até dez anos após ter sido implantado. Trata-se de um método seguro e que não requer disciplina para utilização, pois após realização do implante a mulher não precisa dispender nenhum cuidado além das consultas rotineiras ao ginecologista. 
O DIU de cobre, assim como o preservativo masculino e o feminino, são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as maternidades brasileiras. A eficiência desses métodos varia entre muito eficientes, eficientes e pouco eficientes.
Os métodos contraceptivos hormonais são bastante eficientes e o mecanismo de ação envolve a supressão da ovulação, o aumento da espessura do muco cervical dificultando a movimentação dos espermatozoides e alterações no endométrio. Esses contraceptivos têm diferentes apresentações: comprimidos, adesivos, anel e implante intradérmico e intrauterino. Alguns deles podem provocar ganho de peso e dor de cabeça, espinhas, náuseas e tonturas, que tendem a melhorar após três meses de uso.
Os comprimidos orais representam o método contraceptivo mais utilizado. Além da contracepção, são indicados para o tratamento de cólicas menstruais, tensão pré-menstrual, alterações do ciclo menstrual, endometriose e síndrome dos ovários policísticos. Eles podem conter apenas progesterona (minipílula e injeção trimestral) ou uma combinação de progesterona com estrogênio.
As pílulas que apresentam apenas progesterona, conhecidas por minipílulas, devem ser tomadas diariamente e sem interrupção e são indicadas especialmente para mulheres em período de amamentação.
Já as injeções com progesterona podem ser administradas seis semanas após o parto e repetidas a cada três meses. Elas não interferem na amamentação, inibem a ovulação em cerca da metade dos ciclos menstruais e deixam o muco cervical mais espesso, dificultando a penetração dos espermatozoides. Contudo, têm a desvantagem de poder resultar em gravidez em caso de um único dia de esquecimento.
Quadro 2. Eficácia dos contraceptivos não hormonais. Fonte: Portal Vivendo a Adolescência. Acesso em: 03/09/2020.
// Métodos anticoncepcionais hormonais
O mecanismo de ação dos contraceptivos hormonais combinados é atribuído a diferentes vias. Enquanto o estrogênio inibe a liberação de FSH pela adeno-hipófise e, consequentemente, o desenvolvimento do folículo ovariano, a progesterona inibe a liberação de LH e assim a ovulação e também altera o muco cervical e, com isso, dificulta a passagem dos espermatozoides.
Além disso, o estrógeno e a progesterona alteram o endométrio para dificultar a implantação. De acordo com a concentração hormonal, as pílulas combinadas são divididas em diferentes categorias:
Monofásicas–
São as mais utilizadas. Contêm 21 comprimidos com a mesma dose hormonal e que devem ser tomados consecutivamente em dose única diária. Após a interrupção, a mulher menstrua;
Bifásicas–
Contêm 22 comprimidos, os quais devem ser tomados em uma ordem específica, pois há alteração na proporção dos hormônios nos comprimidos, que são apresentados em cores diferentes;
Trifásicas–
Contêm comprimidos com três doses diferentes dos mesmos hormônios e devem ser tomados na ordem indicada na embalagem; 
Monofásicas contínuas–
Mais recentes, com 28 comprimidos de mesma composição e dose.
Uma desvantagem importante das pílulas contraceptivas é a interação medicamentosa com alguns fármacos que diminuem sua eficiência. Outro fator importante é a disciplina necessária, pois a pílula deve ser tomada no mesmo horário todos os dias para garantir sua eficiência. Uma forma de minimizar estes problemas é a apresentação desses contraceptivos por via injetável, que permite a administração mensal ou trimestral para contraceptivos combinados ou apenas com progesterona, respectivamente. 
Os contraceptivos combinados também são apresentados na forma de adesivos que devem ser colados na pele e trocados uma vez por semana durante três semanas seguidas, e em anéis vaginais, que devem ser colocados uma vez ao mês e retirados após três semanas,quando ocorrerá a menstruação.
Finalmente, a pílula do dia seguinte (1.500 microgramas de levonorgestrel em dose única) é o método de anticoncepção de emergência indicado para mulheres após relação sexual. Elas devem ser usadas após relação desprotegida, ou quando houver falha no método anticoncepcional provocada por esquecimento do uso ou rompimento ou deslizamento do preservativo masculino ou feminino. Também é indicada em casos de violência sexual.
Embora possa ser ingerida até cinco dias após a relação sexual, seu efeito, que consiste em impedir ou retardar a ovulação, diminui com o tempo. Caso já tenha ocorrido a fecundação, a pílula do dia seguinte não irá interferir na gestação, ou seja, ela não é abortiva.
O Governo Federal, por meio do Sistema Único de Saúde, promove o planejamento familiar disponibilizando às mulheres alguns métodos contraceptivos. Veja a lista com os métodos contraceptivos ofertados pelo SUS (BRASIL, 2016):
1 Pílula combinada;
2 Minipílula;
3 Injeção mensal e trimestral;
4 Camisinha masculina;
5 Camisinha feminina;
6 Anticoncepção de emergência;
7 Diafragma;
8 DIU de cobre.
O dispositivo intrauterino e o implante intradérmico contendo progesterona são métodos contraceptivos reversíveis de longa duração, prevenindo a gestação por cinco e três anos, respectivamente.
Esses métodos são bastante eficientes na diminuição das gestações indesejadas e, por isso, recomendados pela Organização Mundial de Saúde para adolescentes, incluindo aquelas que nunca tiveram filhos, e mulheres que se encontram em situação de risco, sobretudo as que fazem consumo abusivo de substâncias e aquelas que vivem em situação de rua (VIEIRA, 2016; BARON; POTTER; SCHRAGER, 2018). Apesar das vantagens, o Ministério da Saúde ainda não disponibiliza esses métodos à população.
Fisiologia do ciclo menstrual
O ciclo menstrual mensal da mulher é o resultado de uma complexa interação de hormônios responsáveis pela preparação para a gestação. Essa preparação depende da interação entre hormônios produzidos pelo hipotálamo, pela hipófise e pelos ovários. Esses hormônios atuam de modo a proporcionar dois efeitos principais: a ovulação e a preparação do útero para implantação do embrião.
A duração média do ciclo reprodutivo é de 28 dias, regulada pela variação cíclica dos hormônios hipofisários FSH e LH e dos hormônios ovarianos estrógeno e progesterona. Porém, o período do ciclo pode sofrer variações entre 20 e 45 dias, estando ainda dentro da normalidade. O ciclo reprodutivo é conhecido como ciclo menstrual mensal e começa a ser contado no primeiro dia da menstruação e dura até a menstruação seguinte.
EXPLICANDO
O hipotálamo é uma glândula pequena localizada na base cerebral, acima do quiasma óptico e abaixo do terceiro ventrículo. A hipófise se divide em duas partes: a adeno-hipófise ou hipófise anterior e a neuro-hipófise ou hipófise posterior. A primeira secreta os hormônios: 1) gonadotrofinas (LH e FSH); 2) prolactina (PRL); 3) hormônio estimulante da tireoide (TSH); 4) hormônio adrenocorticotrófico (ACTH); 5) hormônio do crescimento (GH). A neuro-hipófise, considerada uma extensão do hipotálamo, secreta ocitocina e hormônio antidiurético (ADH), também chamado vasopressina.
As células neurossecretoras do hipotálamo secretam o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) de forma pulsátil em intervalos de 90 minutos. Isso é possível porque esse hormônio apresenta meia-vida curta, com duração de apenas dois a quatro minutos. 
A exposição contínua ao GnRH reduz o número de receptores de GnRH do gonadotrofo (modulação negativa). Já a exposição intermitente aumenta o número de receptores de GnRH (modulação positiva).
EXPLICANDO
A secreção de GnRH antes da puberdade é contínua e, por isso, não consegue estimular a adeno-hipófise a secretar as gonadotrofinas (FSH e LH). Com a maturação do sistema límbico na puberdade, a secreção de GnRH passa a ser pulsátil. Inicialmente, ele é produzido durante a fase REM do sono, depois passa a ser secretado também durante o sono não REM para então ser produzido em picos a cada 90 minutos durante as 24 horas do dia. A liberação de GnRH sofre influências inibitórias dopaminérgicas e endorfinérgicas, e excitatórias noradrenérgicas. 
O GnRH liberado pelo hipotálamo é conduzido pelo sistema porta hipofisário até o lobo anterior da adeno-hipófise, que, por sua vez, responde a esse estímulo produzindo dois hormônios cujos alvos são os ovários:
Hormônio folículo-estimulante (FSH)–
Estimula a produção de estrogênio e o desenvolvimento dos folículos ovarianos;
Hormônio luteinizante (LH)–
Age como disparador da ovulação e estimula a produção de progesterona pelas células foliculares e pelo corpo lúteo.
Esses hormônios também induzem o crescimento dos folículos ovarianos e do endométrio.
Figura 4. Sistema endócrino humano. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 03/09/2020.
	
CICLOS REPRODUTIVOS FEMININOS: OVARIANO E UTERINO
Durante o ciclo menstrual mensal, os ovários e o útero passam por modificações para promover a maturação do folículo, que gera o oócito maduro e os hormônios, e as alterações endometriais para a implantação e nutrição do embrião.
Esse ciclo está intimamente relacionado com o sistema neuroendócrino e a produção hormonal ovariana em duas fases diferentes: antes da ovulação, durante o processo de maturação do folículo, e após a ovulação, quando foi formado o corpo lúteo que vai impactar alterações no endométrio.
Ciclo ovariano–
O FSH e o LH produzidos pela adeno-hipófise regulam o ciclo ovariano, o qual se divide em três fases: folicular (desenvolvimento dos folículos); ovulatória (liberação de um oócito II de um folículo maduro); e luteínica (formação do corpo lúteo). A cada ciclo, alguns folículos primários respondem ao FSH e entram em desenvolvimento, para que apenas um deles complete a maturação.
Fase folicular (antes da ovulação/predominantemente FSH)–
O folículo ovariano é uma estrutura situada no ovário, formada pelo oócito e células foliculares, também chamadas células da granulosa, para sustentar o crescimento e a libertação do oócito.
 
As meninas nascem com milhares de folículos imaturos em seus ovários, os quais permanecerão quiescentes até a puberdade. Quando os hormônios hipofisários FSH e LH passam a ser produzidos em maior quantidade na puberdade, vários folículos entram em crescimento, promovendo alterações, tanto no oócito de cada folículo, quanto nas células foliculares, que passam a secretar hormônios, principalmente o estrógeno.
 
A membrana plasmática do oócito secreta uma camada espessa de glicoproteínas ao seu redor, de modo a separá-lo das camadas de células foliculares que a rodeiam. Esta camada se chama zona pelúcida e exercerá papel importante na fecundação, impedindo que mais de um espermatozoide penetre o oócito. O estímulo para que os folículos ovarianos comecem a crescer vem do hormônio FSH, cuja produção aumenta antes que a do LH.
 
Apesar de vários folículos entrarem em crescimento, normalmente apenas um atinge a maturação e libera o oócito, enquanto os demais involuem e sofrem atresia uma semana após terem iniciado o crescimento. A atresia dos folículos é importante para prevenir a fecundação de mais de um oócito e com isso, mantém a gestação de um feto.
 
Conforme o folículo primário aumenta de tamanho, o tecido conjuntivo ao seu redor se organiza formando uma cápsula: a teca folicular. A teca, por sua vez, se diferencia em duas camadas: teca interna, vascularizada e glandular, produz hormônios esteroides (estrógeno e progesterona); e a teca externa, que forma uma cápsula de tecido conjuntivo ao redor do folículo em desenvolvimento. A teca interna também produz um fluido folicular e androgênios, os quais passarão para as células foliculares onde serão convertidos em estrogênio.
 
As células foliculares passam a se dividir muito rapidamente em resposta ao FSH, formando uma camada estratificada em volta do oócito, que se posiciona excentricamente em relação ao folículo ovariano, que agora se mostra oval. Ao redor das células foliculares

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