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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 1 AULA 04 = FATOS JURÍDICOS – 1ª PARTE = Professor Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 2 �Itens específicos do edital publicado que serão abordados nesta aula →→→→ FATOS JURÍDICOS (1ª Parte). Fato e Ato Jurídico. Prescrição. Decadência. Subitens →→→→ Fato Jurídico. Conceito. Classificação. Aquisição. Resguardo. Modificação. Extinção de Direitos. Prescrição. Conceito. Disposições Gerais. Efeitos. Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas. Prazos. Decadência. Conceito. Disposições Gerais. Espécies. Efeitos. Prazos. �Legislação a ser consultada →→→→ Código Civil: arts. 189 até 211. Sumário Introdução ....................................................................................... 03 Classificação Geral dos Fatos ............................................................ 08 Prescrição e Decadência como Fato Jurídico ..................................... 11 PRESCRIÇÃO .................................................................................... 12 Disposições Gerais ...................................................................... 15 Causas Impeditivas e Suspensivas .............................................. 21 Causas Interruptivas .................................................................. 25 Prazos Prescricionais .................................................................. 28 Ações Imprescritíveis ................................................................. 31 DECADÊNCIA ................................................................................... 33 Espécies de Decadência .............................................................. 35 Prazos Decadenciais ................................................................... 37 Aula 04 Fatos Jurídicos – 1ª Parte Prescrição e Decadência DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 3 Quadro Comparativo: Prescrição e Decadência ................................. 41 RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 42 Bibliografia Básica ........................................................................... 46 EXERCÍCIOS COMENTADOS (FGV) .................................................... 47 EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (FCC) ............................................. 56 INTRODUÇÃO Como vimos, uma RELAÇÃO JURÍDICA é formada por três elementos: Elemento Subjetivo: são as pessoas envolvidas; os sujeitos de direito e suas relações. O sujeito ativo é o titular do direito oriundo da relação. O sujeito passivo é aquele sobre o qual recai um dever decorrente da obrigação assumida pela relação e que deve respeitar o direito do sujeito ativo. Elemento Objetivo: é o objeto do direito; o bem jurídico pretendido pelo sujeito ativo. Divide-se em objeto imediato, que é a prestação (a obrigação de dar, fazer ou não fazer) e objeto mediato (o bem em si: móvel ou imóvel, divisível ou indivisivel, fungível ou infungível, etc.). Elemento Imaterial: é o vínculo que se estabelece entre os sujeitos e os bens. Este é o FATO JURÍDICO. É o fato propulsor idôneo à produção de consequências jurídicas. Será o ponto desta e da próxima aula. Vejamos. Toda relação jurídica possui um ciclo vital: nasce, se desenvolve, pode ser conservada, modificada ou transferida e se extingue. Há sempre um fato que antecede o surgimento de um direito subjetivo. ����FATO, portanto, é uma ocorrência, um evento, um acontecimento. O tema “Fatos, Atos e Negócios Jurídicos” deve ser visto bem devagar. Por isso, o desmembramos em duas aulas. Esta primeira é introdutória. Costumo fazer isso também nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte teórica. Os alunos, de uma forma geral, não gostam muito dessa primeira parte do tema. Mas ela é imprescindível. Por isso vou tentar torná-la mais agradável... Falaremos hoje sobre alguns conceitos, classificações, e, principalmente da prescrição e da decadência. Na realidade este será o ponto central da aula. Depois, na próxima aula, passaremos para uma parte mais dinâmica, onde veremos o Negócio Jurídico e seus elementos constitutivos, além da ineficácia (nulidade e anulabilidade) do Negócio Jurídico. Comecemos, então. Como dissemos, fato é um acontecimento. No entanto, os fatos podem ser classificados. Há fatos que não interessam ao Direito. A doutrina os chama de DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 4 “fatos comuns, meramente materiais ou ajurídicos”. São os acontecimentos naturais ou as condutas humanas, cuja ocorrência não traz o potencial de repercutir na ordem jurídica. Exemplo: quando uma pessoa passeia por um jardim, está praticando um fato comum, que não sofre a incidência do direito. Porém, se essa pessoa que está passeando comprar um saco de pipocas, alugar uma bicicleta ou pisar sobre o gramado, causando danos à vegetação ou mesmo alimentar os animais em um zoológico (condutas consideradas como proibidas), tais fatos passarão a interessar ao direito, causado repercussões. Portanto, para que um acontecimento seja considerado como fato jurídico é necessário que esse acontecimento, de alguma forma, cause algum reflexo no âmbito do Direito. Seja este reflexo lícito ou ilícito. Observem a seguinte classificação: FATO: qualquer ocorrência ou acontecimento. Fato Comum: ação humana ou fato da natureza que não interessa ao Direito (por isso, não será objeto do nosso estudo). Fato Jurídico (em sentido amplo – lato sensu): Fato + Direito. É o fato qualificado pelo Direito. Ou seja, é o acontecimento natural ou humano ao qual o Direito atribui efeitos e relevância jurídica. Ex.: um contrato de locação é um fato jurídico (mais do que isso, é um negócio jurídico), pois tanto o locador, como o locatário assumem compromissos e ficam vinculados um ao outro. Deste vínculo surgem efeitos, ou seja, reflexos no campo do Direito (direitos e deveres para ambas as partes). Vamos agora conceituar os fatos jurídicos: ����Acontecimentos previstos em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas. Para efeito de memorização dos elementos do fato jurídico, costumo usar a expressão A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos. Vejamos: AQUISIÇÃO DE DIREITO →→→→ É a conjunção (união) dos direitos com seu titular. Ocorre a aquisição de um direito com a incorporação do patrimônio à personalidade do titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se subordina a seu titular. Ex.: quando eu acho um livro abandonado (e não perdido) ou quando eu compro um automóvel de um amigo, eu me torno proprietário destes bens; adquiri direitos sobre eles. Os direitos podem ser adquiridos de forma: a) Originária: o direito nasce no momento em que o titular se apossa ou se apropria de um bem de maneira direta, sem a participação de outra pessoa; não há qualquer relação com o titular anterior e mesmo que tivesse, não há transmissão pelo seu titular (ex.: pescar um peixe em alto-mar, achar coisaabandonada, etc.). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 5 b) Derivada: ocorre quando há uma transferência ou transmissão do direito de propriedade (sucessão), existindo uma relação jurídica entre o titular anterior (sucedido) e o atual (sucessor). Ex.: quando eu vendo um carro ou uma casa a propriedade do bem passa de uma pessoa para outra, daí ser considerada como derivada; outro exemplo é a aquisição de direitos pelos herdeiros. Lembrando que o direito é adquirido com todas as qualidades e defeitos do título anterior. A aquisição ainda pode ser classificada em: c) Gratuita: quando não há uma contraprestação na aquisição; só o adquirente aufere vantagem. Ex.: pessoa recebe um bem por doação; neste caso não há contraprestação (o mesmo ocorre quando se recebe uma herança). d) Onerosa: quando há uma contraprestação na aquisição; há benefícios recíprocos. Ex.: pessoa adquire o bem por meio de uma compra → se por um lado a pessoa recebeu o bem, por outro lado ela teve que parar por ele, havendo uma contraprestação na aquisição (o mesmo ocorre na troca e na locação). RESGUARDO DE DIREITOS (proteção, conservação ou defesa) →→→→ São atos praticados pela pessoa que servem para proteger os seus direitos. Ou seja, o titular de um direito deve praticar atos conservatórios preventivos (garantindo seu direito contra eventual e futura violação) ou repressivos (são os que visam restaurar eventual direito violado). Costuma-se dizer que não pode haver direito subjetivo sem a correspondente proteção. Exemplo: Direito de Retenção. Uma pessoa possui uma casa (o bem não é dela, mas ela está na posse de boa-fé, ou seja, acredita que a casa seja sua). Esse possuidor realiza benfeitorias necessárias (conserto dos alicerces ou do telhado) ou úteis (construção de garagem). Posteriormente o real proprietário move uma ação contra o possuidor de boa-fé e ganha a ação. O possuidor deve ir embora, sair da casa e devolvê-la. No entanto, como realizou benfeitorias, deve ser indenizado por elas. Se a outra parte não indenizar, o possuidor pode reter o bem (a casa) até que seja indenizada pelas benfeitorias (art. 1.219, CC). Outros exemplos: arresto (que é a apreensão judicial de coisa litigiosa ou de bens para a segurança da dívida; o que se quer é que se assegure o pagamento da dívida); sequestro (que é o depósito judicial da coisa litigiosa para garantia do direito sobre a coisa; o que se quer é a preservação da própria coisa); protesto, etc. A defesa pode ser: a) Extrajudicial: são hipóteses de defesa de direitos sem ser necessário ingressar em juízo. Ex.: quando se estabelece uma cláusula penal (multa) em um contrato o que se quer na verdade é estabelecer uma garantia para o cumprimento deste contrato. Outros exemplos: o sinal (também chamado de arras) que é um adiantamento da quantia que será paga também para garantir o cumprimento da DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 6 obrigação; a fiança, que serve para garantir o pagamento da dívida (se o devedor principal não pagar a dívida, o credor poderá acionar o fiador), etc. b) Judicial: são as ações judiciais para proteção de direitos. Recorre-se à autoridade judicial competente para restabelecer um direito já violado ou para proteger um direito ameaçado. Lembrando que para a propositura de uma ação judicial é necessário ter um interesse legítimo (econômico ou moral). Ex.: Mandado de Segurança (que visa proteger um direito líquido e certo); Interdito Proibitório (que é uma ação possessória, que visa proteger uma pessoa de eventuais ameaças a sua posse), etc. Lembrem-se do brocardo: “A todo DIREITO corresponde uma AÇÃO que o assegura”. Se houver ameaça ou violação a um direito subjetivo, este será protegido por meio de uma ação judicial (art. 5°, XXXV, CF/88 “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”). Imaginem o seguinte exemplo: sabemos que “todo cidadão tem o direito de ir, vir e permanecer”. Esse é um Direito que temos; dizemos que este é um direito material. Agora... e se uma autoridade policial diz que você está preso em flagrante, sem ter um motivo plausível para esta prisão? É o famoso “teje preso”. O que você faria?? Com certeza você entraria com um Habeas Corpus!!! Ora, o Habeas Corpus é uma Ação. Assim, nós temos um Direito (no caso o direito de locomoção, de ir, vir e permanecer)! Violado este Direito, surge a Ação (no caso o Habeas Corpus)! Prevê o art. 5°, LXVIII, CF/88: “conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. O mesmo pode ocorrer com uma propriedade. Eu comprei um sítio. Paguei por ele. Tenho a escritura e o registro. Portanto é meu, eu tenho direito de propriedade. Mas alguém invadiu a minha propriedade. O que eu posso fazer? Com certeza entrarei com uma ação... no caso Ação Reivindicatória. Portanto, voltando e reforçando a ideia... “a todo direito corresponde uma ação”. AÇÃO é o meio que o titular do direito dispõe para obter a atuação do Poder Judiciário, no sentido de solucionar litígios relativos a interesses jurídicos (art. 17, CPC/2015 →→→→ “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade” – neste sentido a Súmula 409 do Supremo Tribunal Federal). Sabemos que no Brasil nós não podemos fazer “justiça pelas próprias mãos”, sob pena até de cometermos um crime (exercício arbitrário das próprias razões – art. 345, Código Penal). Se uma pessoa me deve seis meses de aluguel eu não posso ir até sua casa, lhe dar uns ‘tabefes’ e exigir o pagamento devido ou simplesmente colocá-la no ‘olho da rua’. Não! O correto é ingressar com uma ação de despejo por falta de pagamento e requerer também o pagamento dos aluguéis atrasados. No entanto, admite-se, excepcionalmente, a autodefesa ou DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 7 autotutela de um direito, como no caso da legítima defesa da posse (art. 1.210, §1°, CC), do penhor legal, etc. MODIFICAÇAO DE DIREITOS (transformação) →→→→ Os direitos podem sofrer modificações relativas ao seu conteúdo (objeto) ou a seus titulares (pessoas), sem que haja alteração em sua substância. A modificação do direito pode: a) Objetiva: diz respeito ao conteúdo ou objeto da relação jurídica. Pode ser qualitativa, quando um direito se converte em outra espécie (o credor de uma saca de feijão aceita o equivalente em dinheiro; uma pessoa está devendo uma quantia em dinheiro e o credor aceita um terreno em substituição) ou quantitativa, quando diz respeito ao volume do objeto. b) Subjetiva: substituição da titularidade do direito, ou seja, de uma das pessoas (sujeito ativo ou passivo) envolvidas na obrigação, podendo ser inter vivos (contrato) ou causa mortis. Ex.: testamento – morrendo o titular de um direito este se transmite aos seus sucessores. Outros exemplos: desapropriação, venda de um bem, etc. Alguns autores afirmam que a transmissão dos direitos seria um quinto elemento do Fato Jurídico. Obs.: há direitos que não comportam modificação no sujeito por serem personalíssimos (também chamados de intuitu personae). EXTINÇÃO DE DIREITOS →→→→ quando sobrevém uma causa que elimina os seus elementos essenciais. Notem que o perecimento deve ser total. Se for parcial, o direito persiste sobre o remanescente desta parte. Se a extinçãopuder ser atribuída a alguém, este será o responsável pelos prejuízos, devendo ressarci-los. Vejamos os principais exemplos de extinção dos direitos (entre outros): • Perecimento do objeto (ex.: anel que cai em um rio profundo e é levado pela correnteza) ou perda das qualidades essenciais do objeto (ex.: campo de plantação que é invadido pelo mar). • Renúncia: quando o titular de um direito, dele se despoja, sem transferi-lo a quem quer que seja; ele abre mão de um direito que teria (ex.: renúncia à herança). • Abandono (ou derrelição): intenção do titular de se desfazer da coisa não querendo ser mais seu dono (ex.: jogar um par de sapatos velho no lixo). • Alienação: que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, de forma onerosa (compra e venda) ou gratuita (doação). • Falecimento do titular, sendo direito personalíssimo, e por isso, intransferível. • Confusão: numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e devedor. • Prescrição ou Decadência: será o tema desta aula de forma pormenorizada. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 8 Bem... com isso encerramos esta parte introdutória sobre os elementos do fato jurídico. Vejamos agora a CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS JURÍDICOS. O quadro abaixo nos dará uma visão geral sobre o tema. CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS A) FATO COMUM →→→→ Acontecimento sem repercussão no Direito. B) FATO JURÍDICO →→→→ Acontecimento natural ou humano ao qual o Direito atribui efeitos (A.R.M.E.). Fato + Direito. Também chamado de Fato Jurídico em Sentido Amplo. I. FATO JURÍDICO NATURAL (Fato Jurídico em Sentido Estrito ou Stricto Sensu) → é o acontecimento natural (independe da vontade do sujeito de direito), mas que decorrem efeitos. Divide-se: 1. Ordinários: são os que normalmente podem acontecer (previsíveis): nascimento, morte (por causas naturais), implemento de certa idade (16, 18, 21, 35, 70 anos), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC), decurso de tempo (como a prescrição, a decadência, a usucapião), etc. Todos estes fatos produzem efeitos jurídicos relevantes. 2. Extraordinários: são os que ocorrem de forma inesperada (imprevisíveis). Exemplos clássicos: “caso fortuito” ou “força maior”. Têm importância ao direito por excluírem, como regra, a responsabilidade: destruição de bens móveis e imóveis em virtude de uma tempestade, desabamento de prédios em virtude de um terremoto, incêndio de uma fábrica em razão de um raio, naufrágio de um navio em virtude de um maremoto, tsunami, etc. II. FATO JURÍDICO HUMANO (ou simplesmente ATO) →→→→ é o acontecimento que conta com a participação humana. Abrange tanto os atos lícitos como os ilícitos. Veremos este tema na próxima aula, de forma mais detalhada. Por enquanto, é importante que se saiba: 1) ATO LÍCITO também chamado de ato jurídico em sentido amplo (lato sensu) ou ato jurídico voluntário, previsto no art. 185, CC) →→→→ praticado em conformidade com a ordem jurídica: a) ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO (stricto sensu): há a participação humana, voluntária, consciente e lícita. No entanto, os efeitos são impostos pela lei e não pela vontade das partes interessadas, não havendo regulamentação da autonomia privada. Não há liberdade de escolha nos efeitos jurídicos produzidos, pois estes são automaticamente DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 9 conferidos pela lei. Também é chamado de “ato não-negocial”. Assim, a vontade é importante formação do ato, mas não quanto à produção dos efeitos deste ato, uma vez que decorrem da lei. Exemplos mais comuns: reconhecimento de filho, fixação de domicílio, emancipação voluntária feita pelos pais, abandono (derrelição), ocupação, percepção de frutos de uma árvore, confissão, atos de comunicação processual, como a notificação, etc. b) NEGÓCIO JURÍDICO: há um comportamento humano e os efeitos desse comportamento são ditados pela própria manifestação de vontade; os efeitos são desejados pelas partes. Há, portanto, autonomia privada; autorregulação de interesses particulares, em maior ou menor grau. As partes podem definir os efeitos que vão ocorrer em função da conduta praticada. Exemplos mais comuns: contratos e testamentos. 2) ATO ILÍCITO (ou involuntário): é o praticado em desacordo com a ordem jurídica (arts. 186 e 187, CC). Na realidade, muitas vezes a conduta é voluntária e consciente, havendo a transgressão a um dever jurídico. No entanto, a doutrina costuma chamar esses atos de involuntários porque os efeitos da sua prática é que são involuntários (ou seja, impostos pela lei). A consequência da prática do ato ilícito é o surgimento do dever de reparar o dano causado. Ao invés de criarem um direito, criam deveres e obrigações. Reforçando: quando se fala em fato jurídico involuntário, não é a conduta que é involuntária, mas sim os efeitos decorrentes dessa conduta. O ato ilícito pode atuar nas seguintes áreas do Direito: a) Penal: violação de um dever tipificado como crime, pressupondo um prejuízo causado à sociedade; desrespeitado, compromete-se a ordem social (norma de ordem pública); a sanção é pessoal, ou seja, é a pessoa do infrator imputável que irá responder pela conduta (não se transmite a responsabilidade a terceiros). b) Administrativo: violação de um dever que se tem para com a administração; a sanção também é pessoal. c) Civil: violação de um dever contratual ou legal, pressupondo um dano a terceiro; a sanção é patrimonial, ou seja, atinge o patrimônio do lesante (como regra). Costuma-se dizer que enquanto o ato lícito é fonte de direito, o ato ilícito é fonte de responsabilidade (obrigações). ���� Observações ���� 01) Parte da doutrina considera que o ato ilícito se enquadra na noção de ato jurídico. Daí alguns editais de concurso estabelecem: “Ato Jurídico: ato lícito DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 10 e ilícito”. Porém a doutrina majoritária discorda. Para ela, se ato jurídico é toda ação humana lícita, o ato ilícito seria reservado para uma categoria própria, não podendo ser enquadrado como ato jurídico. Podemos concluir: o ato ilícito é um fato jurídico (humano), porém não é um ato jurídico. 02) Parte da doutrina também se refere ao “ato-fato jurídico”. Não há previsão dessa categoria no atual Código Civil, ficando tudo no plano doutrinário. Seria uma categoria intermediária entre o ato da natureza e o fato do homem. Ocorre nas situações em que um ser humano pratica uma conduta lícita, sendo que esta gera uma consequência jurídica, ainda que a pessoa não tenha vontade que esse efeito se concretize. Trata-se do evento que, embora oriundo de uma conduta humana, produz efeitos na órbita jurídica, independentemente da vontade de os produzir (não há necessidade da vontade humana para a produção de efeitos). Os exemplos clássicos disso são o de uma criança de 10 anos que compra um doce em uma padaria ou de um louco que pinta um quadro que se torna uma obra de arte (ele se torna proprietário da obra sem ter a intenção para tanto). Em ambos os casos não há uma vontade direcionada à celebração de um contrato de consumo. Feitas essas observações vamos analisar os itens do quadro acima. O primeiro deles é o Fato Jurídico Natural. A doutrina também o chama de fato jurídico em sentido estrito ou fato jurídico stricto sensu. São expressões sinônimas, mas que costumam cair e confundem...����Fato Natural é o acontecimento natural (independe da vontade humana) do qual decorrem efeitos jurídicos, criando, modificando ou extinguindo direitos. Como vimos, podem ser classificados em: 1. Ordinários São aqueles que normalmente ocorrem; são previsíveis. Pergunto: o que há de mais certo em nossa vida? – A morte! Ela ocorrerá independente de nossa vontade! E trará uma série de consequências jurídicas. Se por um lado a morte extingue a personalidade de uma pessoa, por outro lado cria inúmeros direitos e obrigações para os sucessores do falecido. Portanto a morte é o exemplo clássico de fato natural. Lógico que estou falando da morte por causas naturais (costumo brincar: “a morte morrida”). Pois um homicídio (brincando ainda: “a morte matada”) é crime, e, portanto, ato ilícito. Outros exemplos de fato jurídico natural ordinário: o nascimento (início da personalidade), a maioridade (cessação da incapacidade), o decurso de tempo que juridicamente se apresente sob a forma de prazo (intervalo de dois termos), a usucapião (matéria que pertence ao Direito das Coisas), além da prescrição e da decadência, etc. Estes últimos temas são importantíssimos e serão analisados de forma autônoma, ainda nesta aula. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 11 2. Extraordinários São causas ligadas ao caso fortuito ou à força maior, onde se configura uma imprevisibilidade e inevitabilidade do evento, além da ausência de culpa pelo ocorrido. Não há uma unanimidade dos autores para se conceituar e diferenciar tais institutos. Para alguns, caso fortuito seria um evento da natureza, imprevisível e inevitável (ex.: uma tempestade, um terremoto, um tsunami, etc.). Já força maior é o que decorre de uma atuação humana imprevisível e inevitável interferindo no ato (ex.: uma greve). Para outros o conceito é exatamente o inverso. Para outros ainda, o caso fortuito decorre de uma causa desconhecida (ex.: explosão de uma caldeira em uma usina) e na força maior conhece-se a causa, que é fato da natureza (ex.: raio que provoca um incêndio). Outros autores tratam ambos os termos como sinônimos. Sílvio Venosa assim leciona: “caso fortuito e força maior são situações invencíveis, que refogem às forças humanas, ou às forças do devedor, impedindo e impossibilitando o cumprimento da obrigação”. Geralmente costuma cair nas provas (especialmente em Direito Civil) as expressões “caso fortuito” ou “força maior” e não a situação propriamente dita. E quando cai a situação (ex.: um terremoto), basta o aluno saber classificá-la o fato como “fato jurídico natural (ou fato jurídico em sentido estrito – stricto sensu) extraordinário”. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA COMO FATO JURÍDICO As obrigações jurídicas não são eternas. Se eu empresto determinada quantia em dinheiro a uma pessoa eu não posso ficar cobrando esta dívida a vida inteira. Eu tenho um prazo determinado para exigir o cumprimento da obrigação; se não cobrar dentro deste prazo não poderei mais fazê-lo. Assim, para que haja uma tranquilidade na ordem jurídica, fundada na necessidade de estabilidade social, da certeza do direito e de que as relações jurídicas não se prorrogam indefinidamente, surgiram os institutos da prescrição e da decadência. No entanto, como veremos mais adiante, alguns direitos são imprescritíveis (ex.: direito de reconhecimento de paternidade, direito ao nome, alimentos, etc.). Assim, o decurso do tempo, aliado a inércia do titular do direito, faz com que a situação de afronta ao direito prevaleça sobre o próprio direito. Ex.: o credor de uma dívida em dinheiro, que não recebeu o que lhe é devido, tem o direito de ajuizar uma ação para cobrar esta dívida. Mas se ele deixa de ajuizar a ação cabível, após certo tempo, perde o direito de fazê-lo, consolidando-se uma situação contrária a seus interesses, mas que ocorreu por sua própria culpa; por sua desídia. Há um brocardo em latim, muito conhecido, que diz: dormientibus non succurrit jus (o direito não socorre aos que dormem). O fundamento primordial dessa proteção a situações consolidadas no tempo (ainda que contrárias ao direito de alguém) é a paz social. Assim, impede- DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 12 se que esta paz seja perturbada, a qualquer tempo, por quem se sinta lesado em algum direito. Ora, se o próprio interessado não cuidou de defender seus direitos no tempo estabelecido em lei, vamos interpretar esta conduta como uma “renúncia ao direito”, pois ele aceitou de forma inerte a afronta que lhe foi feita. Não se trata de achar este instituto justo ou injusto. Não é esta a preocupação da lei. O que se busca é uma questão de segurança jurídica, de tranquilidade e paz social. Ninguém se veria seguro em seus direitos, se a qualquer tempo pudesse vê-los na contingência de serem contestados por fatos ocorridos há muito tempo. Elementos comuns da prescrição e decadência. Os dois institutos são causas extintivas decorrentes do não exercício de um direito em determinado prazo. Requisitos: a) inércia do titular do direito; b) decurso de tempo para o exercício desse direito. ���� Atenção ���� Embora o Direito Civil trace as regras gerais sobre prescrição e decadência, este tema é comum a todas as matérias do Direito. O Direito Penal, Administrativo, Tributário, Comercial, Trabalhista... todas elas tratam do assunto. Lógico que cada matéria possui as suas peculiaridades. Vamos dar o enfoque apenas sob a ótica do Direito Civil. Se cair uma questão sobre esse tema, observem bem em sua prova, qual ramo do Direito está sendo abordado. Reforço: o que vamos falar aqui se refere ao Direito Civil (embora muita coisa possa ser aproveitada por outras matérias). Curiosidade (já vi isso cair isto em alguns concursos recentes...) O Código Civil anterior não mencionava a expressão decadência. Para ele tudo era prescrição. Ele possuía um artigo que dizia: “Prescreve... ” e elencava uma série de situações. Era a doutrina que analisando item por item daquela relação dizia o que era prescrição e o que era decadência. Mas mesmo assim, não havia um consenso sobre todos os temas. Resumindo: era uma bagunça... atualmente a matéria está mais fácil. O Código diz exatamente o que é prescrição e o que é decadência. Ele conceitua ambos os institutos. E menciona as situações e os prazos de um e outro caso. Além disso, ainda existem alguns “macetes de concurso” que facilitam a diferenciação. Vou mencioná-los mais adiante. I. PRESCRIÇÃO (arts 189 a 206, CC) DIREITO SUBJETIVO é a faculdade que o ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Representa a estrutura da relação poder-dever, em que o poder de uma das partes corresponde ao dever da outra. A infração deste dever resulta (nas relações jurídicas patrimoniais) um DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 13 dano para o titular do direito subjetivo. Por isso, todo direito subjetivo deve (ou deveria) ser protegido por uma ação. No momento em que este direito é violado surge a possibilidade de se exigir do devedor uma ação ou omissão, que permite a composição do dano ocorrido. A doutrina chama este direito de exigir de pretensão. Pretensão é o bem jurídico que uma pessoa deseja alcançar por meio da via judicial, uma vez que a obrigação não foi satisfeita de forma extrajudicial; ou seja, é o poder de exigir de outrem, coercitivamente,o cumprimento de um dever jurídico. A pretensão é deduzida em juízo por meio de uma ação (que é o instrumento para se exigir a pretensão). Violado um direito nasce para o seu titular a pretensão. A partir daí surge a possibilidade de se fazer valer em juízo este direito violado e também se inicia a contagem do prazo prescricional. Portanto, o prazo prescricional se inicia no momento em que o direito é violado... e morre no último dia do prazo prescricional. Havendo violação ao direito e o titular deste permanecer inerte, a consequência será a perda da pretensão. Não confundir pretensão (possibilidade conferida ao credor de exigir do devedor o cumprimento da prestação) com direito de ação (direito de pedir ao Estado a prestação de sua atividade jurisdicional analisando o caso concreto). O que a prescrição extingue é a pretensão (e não a ação), que surge exatamente quando o direito material subjetivo é violado, porque, nesse momento, pode o sujeito exigir coercitivamente o cumprimento de certo dever jurídico. Já o direito de ação não está sujeito à prescrição, pois qualquer pessoa pode, a qualquer tempo, sentindo necessidade de tutela jurisdicional, recorrer ao Estado em busca de Justiça. DIRETO AO PONTO Prescrição é a perda da pretensão do titular de um direito subjetivo, em virtude de sua inércia durante um prazo determinado previsto em lei. Reforçando: o que caracteriza a prescrição é que ela extingue uma pretensão alegável em juízo por meio de uma ação, mas não o direito propriamente dito. Trata-se de uma sanção aplicada a pessoa que foi negligente, pois não fez valer seu direito no prazo adequado, operando-se tanto em relação às pessoas naturais (físicas), como em relação às jurídicas. Portanto, a prescrição tem por objeto direitos patrimoniais e disponíveis (como exemplo as obrigações), não abrangendo os direitos de personalidade, os relacionados ao estado da pessoa e os direitos de família (que são imprescritíveis, conforme veremos adiante). Assim, a prescrição se por um lado extinguir determinada situação jurídica, por outro lado consolida relações que se prolongaram no tempo sem reclamação. • A quem a prescrição favorece? Ao devedor que não pagou seu débito e não foi acionado em tempo oportuno para fazê-lo! DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 14 • A quem a prescrição prejudica? Ao credor que ao ter o direito violado, pois o devedor não pagou a dívida, ficou inerte e não o acionou judicialmente dentro do prazo fixado em lei! ����Requisitos da Prescrição: a) violação de um direito e nascimento da pretensão (possibilidade de se ingressar com uma ação); b) inércia do titular do direito violado; c) continuidade desta inércia durante prazo fixado em lei (decurso de tempo); d) inexistência de impedimentos ou causas suspensivas ou interruptivas do prazo. Embora esta expressão seja bem técnica, precisamos mencioná-la, pois muitos concursos a exigem. Trata-se da actio nata. Isto é, não pode correr a prescrição enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada pela violação do direito. ����Vamos agora dar um exemplo completo ���� Digamos que eu tenha emprestado certa quantia em dinheiro a uma pessoa, estabelecendo prazo de 06 (seis) meses para que a importância seja devolvida. A partir do momento em que eu empresto o dinheiro, surge o direito ao crédito. Se o devedor pagar a dívida dentro do prazo estabelecido a obrigação se extingue pelo seu cumprimento. Mas se ele não me pagar no prazo, haverá a violação ao direito de crédito. Neste momento “nasce” a pretensão (actio nata), que é a possibilidade de se exigir judicialmente o direito que foi violado. A partir daí eu já posso ingressar com uma ação pleiteando meu direito. Mas nada é eterno... eu tenho um prazo estabelecido na lei para fazer valer meu direito. Devo exercer o direito dentro desse prazo, pois se assim eu não fizer, inicia-se a contagem do prazo prescricional. Se eu entrar com a ação dentro do prazo, eu exerci meu direito. Mas... e se eu não ingressar com a ação dentro do prazo? – Ora, a minha pretensão de ver o crédito satisfeito prescreveu... Eu não posso mais entrar com a ação. Na realidade eu até “posso” entrar com a ação... mas esta ação está fadada ao fracasso, pois basta que a outra parte alegue (e mesmo que não alegue o juiz poderá reconhecer de ofício) que a ação será extinta! E eu ainda deverei suportar todos os encargos da ação (custas processuais, honorários advocatícios de ambas as partes, etc.). Com a prescrição eu perco o instrumento jurídico para fazer valer meu direito. Agora eu pergunto... e se o devedor pagar espontaneamente a dívida que estava prescrita? O pagamento valeu? E o devedor, percebendo que a dívida estava prescrita, pode se arrepender do pagamento que fez e pedir a devolução do dinheiro? Resposta: de fato, a dívida estava prescrita, mas a pessoa que pagou não pode mais pedir de volta o dinheiro. Se ela pagar espontaneamente a dívida prescrita, este pagamento valeu! E por quê? –Porque o direito material (que é o meu direito ao crédito, que nasceu no dia em que eu fiz o empréstimo) ainda existia. Ele não foi extinto pela prescrição. A pessoa ainda estava me devendo. A DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 15 prescrição atingiu apenas a pretensão; com a prescrição eu perdi o instrumento judicial para cobrar a dívida. E não o direito ao crédito. Com a prescrição perde- se apenas o direito à pretensão (consequentemente não há mais ação para exercer o direito em juízo). Mas o direito em si (o direito ao crédito) ainda se mantém intacto (embora sem proteção jurídica). Portanto a pessoa pagou algo que existia, valendo este pagamento, mesmo que a ação esteja prescrita, não se podendo pedir a devolução da quantia paga. Aliás, dívida prescrita é um excelente exemplo de obrigação natural, isto é, de uma obrigação sem proteção judicial, pois não pode ser exigida pelo credor e o devedor só paga se quiser; mas, pagando, não pode pedir a restituição do valor desembolsado. O art. 882, CC assim prevê: “Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível” (lembrando que repetir, em sentido jurídico, significa pedir de volta). Vamos recordar. A prescrição não serve para proteger o lesante. Trata-se de uma punição ao próprio lesado por sua inércia. Baseia-se no interesse social de pacificação das demandas. Ela extingue a pretensão. Extinta a pretensão perde-se o direito de ajuizar a ação, ou seja, perde-se o direito de resolver a pendência judicialmente. Todavia, o direito em si (o direito material, o direito propriamente dito) permanece incólume, só que sem proteção jurídica para solucioná-lo. DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A PRESCRIÇÃO Vejamos cada item do Código Civil de forma pormenorizada: EXCEÇÃO (art. 190, CC) Determina o Código Civil: “A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão” (art. 190, CC). Inicialmente cabe um esclarecimento quanto a esta frase, em especial àqueles que não têm formação jurídica. A expressão “exceção” possui basicamente dois sentidos. De uma forma geral significa aquilo que foge à regra; que não se inclui em determinada situação; dá uma ideia de ressalva, de reserva, de exclusão. No entanto, na técnica jurídica o vocábulo significa outra coisa: indica uma forma de defesa realizada por uma das partes (em geral o réu) em um processo para opor-se a um direito do adversário. Substitua no texto legal a expressão exceção por defesa... veja como ficou mais fácil! O autor de uma ação deduz uma pretensão (exigindodo réu o cumprimento de um dever jurídico). E o réu pode se defender por meio de uma exceção. Muitas vezes esta defesa é indireta, pois o réu, sem negar categoricamente o fato alegado pelo autor, alega outro fato ou direito com o objetivo de elidir ou paralisar a ação proposta. Exemplos: o autor ingressa com uma ação (deduzindo uma pretensão: DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 16 cobrando uma dívida) e o réu alega como defesa que já foi processado, sendo que a ação foi julgada improcedente por aquele mesmo fato (neste caso falamos em exceção de coisa julgada); ou alega que já há uma ação pendente sobre o mesmo assunto (exceção de litispendência); ou que aquele juízo é incompetente para apreciar este tipo de questionamentos (exceção de incompetência); ou que ele não é parte legítima no processo (exceção de ilegitimidade processual); etc. Outro exemplo: “A” possui um crédito contra “B”, mas este se encontra prescrito. Portanto “A” não pode exigir de “B” o pagamento da dívida. Ocorre que “B” ingressou contra “A” uma ação cobrando este por outra dívida. Pergunta-se: “A” pode se defender alegando a compensação desta dívida com a outra da qual é credor, mas se encontra prescrita? Resposta: Não! Ora, se está prescrita a pretensão (o crédito de “A” contra “B”), prescrita também está a defesa (exceção), que no caso se daria com a compensação. Assim, se o direito não pode ser alegado como modalidade de ataque (pretensão), também não poderá ser invocado como meio de defesa (exceção: no caso a compensação). Resumindo: o que o art. 190, CC quer dizer é que o prazo dado para a manifestação do contradireito (que é a exceção ou a defesa) é exatamente o mesmo que a lei estipula para que o titular da ação exerça sua pretensão. Por isso costuma-se dizer que “a exceção (defesa) nasce com o exercício da pretensão”. RENÚNCIA (art. 191, CC) Renúncia é um ato unilateral, produzindo efeitos sem necessidade da manifestação de vontade da outra parte. Uma dívida está prescrita. O credor não tem mais como cobrar a dívida judicialmente. Mesmo assim o devedor pode renunciar a esta prescrição. Dispõe a lei que esta renúncia pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar. Apesar de pequeno, este dispositivo é muito importante, cai muito nas provas e exames, além de trazer diversas consequências jurídicas. Vamos por partes. Inicialmente nosso Código não admite a renúncia prévia ou antecipada. Ou seja, o devedor não pode renunciar à prescrição antes dela ocorrer, até porque, não se pode renunciar algo que ainda não temos ou que ainda não existe. Ex.: Digamos que eu seja um credor. O devedor não pagou o que deve. Eu tenho um prazo para entrar com a ação. Mas eu não entrei com a ação no prazo legal. Portanto ocorreu a prescrição. Mas, mesmo prescrita a dívida, o devedor pode pagar o que deve. E se ele assim proceder (pagando a dívida após o prazo prescricional) estará renunciando à prescrição. Portanto a renúncia é um ato do devedor. No entanto o devedor somente pode renunciar à prescrição após a consumação desta. Enquanto o prazo prescricional estiver fluindo, o devedor não pode renunciar ela. Isto para não destruir a sua eficácia prática. Se assim não fosse o credor poderia inserir uma cláusula abusiva em um contrato. Ex.: o credor DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 17 insere no contrato uma cláusula em que o devedor renuncia (isto é, desiste do direito de alegar) de forma antecipada, eventual e futura prescrição. A lei proíbe esta conduta. Caso contrário qualquer credor poderia colocar uma cláusula no contrato de que o seu direito permaneceria válido e eficaz até o momento que ele, credor, desejasse e eventualmente ingressasse com a ação judicial. Ou seja, poderia propor a ação quando quisesse. Outra coisa: não pode haver renúncia à prescrição quando esta for em prejuízo de terceiros. Ex.: A deve a B e C determinada quantia (duas dívidas autônomas). Em relação a B a dívida está prescrita. Resta então A pagar C. No entanto A renuncia a prescrição em relação a B e paga sua dívida em relação a ele. A seguir alega que não tem mais dinheiro para pagar C. Ora, a dívida estava prescrita. B não tinha mais como cobrar a dívida. E A ao pagar B, renunciou à prescrição, mas prejudicou os direitos de C. Portanto esta conduta não é permitida. Trata-se de uma evidente fraude contra credores, sendo que C pode anular a renúncia e pedir a entrega do dinheiro para si. A renúncia pode ser classificada em: a) Expressa: o prescribente (pessoa a quem a prescrição aproveitaria; o devedor) abre mão do direito de forma explícita. Ex.: devedor redige um documento por escrito abrindo mão da prescrição; como isso possibilita-se ao credor acionar o devedor exigindo o crédito que estaria prescrito. b) Tácita: o interessado pratica determinado ato incompatível com a prescrição. O exemplo clássico é o próprio pagamento da dívida prescrita. Se eu pago uma dívida que está prescrita, eu estou renunciando tacitamente à prescrição. Outro exemplo é o requerimento que o devedor faz de “parcelamento do débito”; com esta conduta ele demonstra que quer pagar a dívida prescrita, embora em prestações. ���� Cuidado com as expressões usadas pelos examinadores (todas erradas): “não pode haver renúncia à prescrição”; “a renúncia só pode ser expressa”; “só pode ser tácita”; “pode ser expressa ou tácita e ocorrer antes de sua consumação”, etc. ALEGAÇÃO (art. 193, CC) A prescrição pode ser alegada em qualquer fase do processo, mesmo em grau de recurso pela parte a que aproveita, ou seja, pela parte interessada com a sua declaração. Uma ação geralmente é interposta perante um Juiz singular (primeira instância), seguindo um trâmite processual. A prescrição pode ser alegada em qualquer momento deste trâmite: na contestação, na audiência de oitiva de testemunhas, nos debates, no julgamento, etc. Após a sentença do Juiz, as partes podem recorrer da decisão. O processo então será encaminhado para DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 18 um Tribunal, que é o órgão de segunda instância. Também no Tribunal a prescrição pode ser arguida. ���� Atenção ���� A doutrina aponta que não é cabível a alegação de prescrição na fase de liquidação em processo de execução, nem em fase de liquidação da sentença. Ou seja, o processo de conhecimento já se findou. Agora somente vamos executar o que ficou decidido anteriormente. Segundo a doutrina, não tem cabimento alegar a prescrição somente no momento em se vai executar o que já foi exaustivamente debatido. Também se tem entendido que embora o art. 193 diga que a prescrição possa ser alegada “em qualquer grau de jurisdição”, ela não poderia ser alegada, pela primeira vez, perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), pois estes Tribunais são considerados como instâncias especiais e extraordinárias. Eles somente poderiam conhecer de recursos nos quais tenha havido prévio debate da matéria em outras instâncias (chamamos isso de pré-questionamento). EFEITOS ESSENCIAIS DA PRESCRIÇÃO • Um contrato não pode conter cláusula declarando que um direito é imprescritível. Só a lei pode fazê-lo e mesmo assim em circunstâncias muito especiais, conforme veremos. • Os prazos prescricionais não podem ser alterados pelos particulares,ainda que haja um acordo de vontades entre eles (art. 192, CC), seja para reduzi-los, aumentá-los ou mesmo suprimi-los, uma vez que se trata de matéria de ordem pública. Não existe prazo prescricional convencional. Todos os prazos prescricionais são legais. É a lei que determina em que prazo determinada pretensão prescreve (veremos esses prazos mais adiante), impedindo que eles sejam alterados. • Prescrevendo o principal, prescrevem todos os acessórios. • Antes de consumada é irrenunciável: não se pode renunciar a prescrição que ainda não ocorreu. • Os relativamente incapazes (art. 4°, CC) (art. 4°, CC) e as pessoas jurídicas têm direito a ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente (art. 195, CC). Ex.: foi nomeado um curador para um rapaz com 16 anos (relativamente incapaz), sendo que ele possuía um crédito vencido. O curador (assistente legal) sabe disso, não ingressa com a ação para cobrar o crédito e ocorre a prescrição. Em relação ao crédito, nada mais pode ser feito; está prescrito. Mas posteriormente o rapaz poderá acionar o curador em razão de sua não-alegação do direito. Trata-se de mais uma forma de se proteger e preservar o patrimônio de incapazes ou das empresas. Entende a doutrina DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 19 que a responsabilidade é subjetiva (é necessária a prova do dolo ou da negligência do agente). • Suspensa a prescrição em favor de um credor solidário, somente se suspenderá a prescrição em favor dos demais se a obrigação for indivisível. Ex.: Antônio se comprometeu a entregar um cavalo de raça para Bernardo e Carlos de forma solidária. Assim, eles são credores solidários de um bem indivisível (o cavalo). Se por algum motivo o prazo prescricional for suspenso em relação a Bernardo, este prazo, por força de lei (art. 201, CC), também ficará suspenso em relação a Carlos, pois a obrigação além de solidária é indivisível. No entanto, se a obrigação for divisível (dinheiro) a prescrição somente ficará suspensa em relação a Bernardo, correndo normalmente em relação ao outro credor. Falarei um pouco mais sobre este assunto mais adiante. ����Cuidado���� Todos os efeitos citados acima têm uma grande incidência em concursos públicos!!! Pessoas a quem aproveita A prescrição pode ser alegada e aproveita tanto às pessoas físicas como às jurídicas. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu sucessor (art. 196, CC), a título universal (herança) ou singular (legado). Ex.: Antônio tem um direito de ação em face de Bernardo. Digamos que o prazo prescricional é de dez anos. Passados sete anos Antônio não ingressou com a ação e faleceu. Neste caso Carlos, herdeiro de Antônio, disporá apenas do prazo faltante para exercer a pretensão (ou seja, três anos). O prazo não parou em razão da morte de Antônio. Ou seja, a morte não interrompe e nem suspende o prazo prescricional, que continua a fluir normalmente contra os sucessores. No entanto... (como não podia deixar de ser...) há uma exceção a essa regra: na hipótese em que o sucessor é absolutamente incapaz. Neste caso a prescrição não corre (fica impedida ou suspensa, como veremos adiante). Aproveitando o exemplo acima: Antônio faleceu e Carlos, seu único filho, tem 12 anos de idade. Neste caso a morte de Antônio fará com que o prazo prescricional fique paralisado (suspenso) e somente se reiniciará quando Carlos completar 16 anos (pois passa a ser relativamente incapaz). Finalmente em relação a este tópico: prescrevendo o direito principal, prescrevem também os acessórios. Exemplo: se a dívida principal prescreveu, com ela prescreveu também a multa contratual (trata-se da aplicação da regra, que aqui também se aplica, de que “os acessórios acompanham o principal"). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 20 Declaração de Ofício (ex officio) ����Indagação Importante: um Juiz, no curso de uma ação judicial, pode reconhecer a prescrição, mesmo que a outra parte não tenha alegado, ou seja, mesmo que não tenha sido provocado para decidir a respeito? Ex.: digamos que uma eventual pretensão já esteja prescrita. Eu tenho ciência deste fato, mas, assumindo o risco, ingresso com a ação judicial mesmo assim... A outra parte não alega a prescrição (dizemos na gíria que ela “engoliu barriga” ou “comeu bola”). O Juiz percebe que ocorreu a prescrição. Pergunto: pode o Juiz reconhecer a prescrição sem que a mesma tenha sido alegada (chamamos isso de declaração ex officio)? A lei era taxativa no sentido de que o Juiz não podia suprir de ofício a alegação de prescrição, salvo se favorecesse a pessoa absolutamente incapaz. Era o que dispunha o art. 194, CC. No entanto a Lei n° 11.280 de 16 de fevereiro de 2006 revogou o art. 194, CC e alterou o dispositivo do anterior CPC a respeito. Ocorre que a redação do CPC/2015 assim dispõe sobre o tema: Art. 332, §1°: “O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição”. No entanto, estabelece o parágrafo único do art. 487: “Ressalvada a hipótese do §1° do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se”. Concluindo: atualmente o Juiz pode reconhecer a prescrição (e também a decadência) independentemente de requerimento da outra parte liminarmente (logo que a demanda foi proposta). No entanto, sendo a outra parte citada e instaurada a relação processual o juiz somente poderá reconhecer a prescrição e a decadência depois de dar às partes oportunidade para manifestação. Requisitos para se reconhecer a prescrição • Pretensão a ser exercida: a pretensão nasce com a violação de um direito. • Inércia do titular desta pretensão: não exercício do direito. • Decurso de prazo: continuidade da inércia durante certo lapso de tempo fixado em lei. • Ausência de algum fato ou ato a que a lei confira eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva de curso prescricional, conforme veremos logo adiante. Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrição Como vimos, violado o direito subjetivo surge a pretensão. E a partir daí começa a correr o prazo prescricional para se ingressar com a ação adequada. No entanto a lei prevê situações em que o prazo sequer inicia seu fluxo, ainda que já surgida a pretensão (são as causas impeditivas) ou que suspendem o curso da DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 21 prescrição já iniciada (causas suspensivas) ou fazem com que o prazo seja reiniciado (causas interruptivas). ����A relação das hipóteses impeditivas, suspensivas e interruptivas é taxativa. Ou seja, as causas estão expressamente previstas na lei, não se podendo fazer uma “interpretação extensiva”. Estas causas só podem ser estabelecidas por lei (trata-se de norma de ordem pública). Vejamos cada uma das situações previstas no Código Civil. CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS (arts. 197, 198 E 199, CC) A expressão “não corre a prescrição” (prevista nos artigos 197, 198, 199 e 200, CC) indica uma causa impeditiva ou suspensiva do prazo prescricional. A diferença entre impedimento e suspensão é sutil. Ambas possuem o mesmo regime jurídico. Porém se diferenciam: Causas impeditivas são circunstâncias que impedem queo curso prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa individual ou familiar (atendendo a razões de confiança, amizade, parentesco e de ordem moral). A contagem do prazo não se inicia enquanto durar a impossibilidade jurídica do impedimento. Ou seja, se o prazo ainda não começou a fluir a causa ou obstáculo impede que ele comece. Causas suspensivas são circunstâncias que paralisam temporariamente o prazo prescricional que já estava em curso, sem prejuízo do tempo já decorrido. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, o prazo prescricional volta a correr de onde parou, aproveitando-se e computando-se o prazo já decorrido antes do fato. Resumindo: nas causas impeditivas o prazo nem começou a contar; nas causas suspensiva o prazo começou a fluir, mas parou, voltando a contagem quando cessar o motivo da “parada”. Impedimento do Prazo Prescricional ANOS IMPEDIMENTO 1º 2º 3º 4º 5º O prazo somente começa a fluir após a cessação da circunstância que impede que o curso prescricional se inicie. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 22 Suspensão do Prazo Prescricional Ano Ano 1º 2º 3º Prazo 4º 5º Fluxo de prazo prescricional de 05 anos, onde já decorreram 03 anos. Suspenso Cessada a suspensão, o prazo retoma seu fluxo pelo saldo (no caso são mais 02 anos). NÃO CORRE A PRESCRIÇÃO: Entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal (art. 197, I, CC). Observem que dependendo do momento em que a dívida venceu pode ser hipótese de impedimento ou de suspensão do prazo. Ex.: uma mulher empresta determinada quantia a seu namorado. Antes do vencimento da dívida credora e devedor se casam (não importa saber qual o regime de bens adotado pelo casal). O prazo prescricional sequer se inicia, pois não corre prescrição na constância do casamento. É hipótese de impedimento. Se o marido não pagar a dívida e eles se separarem a mulher teria (ao menos em tese) o direito de cobrar a dívida. No entanto se a dívida venceu antes do casamento, o prazo prescricional já se iniciou, começou a correr... Após isso, sem que haja o pagamento da dívida, credora e devedor se casam. Neste momento o prazo fica suspenso. Se eles se separarem o prazo prescricional voltará a fluir pelo tempo que ainda resta. Enunciado 296 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: “Não corre prescrição entre os companheiros, na constância da união estável”. Entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (art. 197, II, CC). Exemplo: vamos supor que um casal se divorciou, sendo que eles tinham um filho com oito anos; a guarda do menor ficou com a mãe e o pai foi obrigado, por sentença judicial, a prestar pensão alimentícia mensal a seu filho. Ocorre que o pai nunca cumpriu a obrigação. A prescrição somente terá início quando o filho completar 18 anos (fim do poder familiar), pouco importando se o pai ou a mãe contraíram novas núpcias. ����Observação: há uma polêmica se a prescrição corre entre avós e netos, pois a lei foi genérica (“ascendentes e descendentes”). Não há dúvidas de que avós e netos estão numa relação de parentesco em linha reta. O avô é ascendente do neto, e, consequentemente, o neto é descendente do avô. Ocorre que o dispositivo legal também exige que haja uma relação de “poder familiar”. Como somente há poder familiar entre pais e filhos (art. 1.630, CC) entende-se que entre avô e neto pode correr a prescrição. E mesmo que se tratasse de tratasse de pais e filhos, não haveria causa de impedimento ou suspensão da fluência do prazo prescricional caso houvesse sido afastado o poder familiar (ex.: procedimento judicial de DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 23 destituição, maioridade, etc.). Neste sentido já caiu uma questão elaborada pelo CESPE (Advogado SERPRO – 2013). Entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante a tutela ou curatela (art. 197, III, CC). É a mesma justificativa em relação ao menor e seus pais. Protege-se, assim, o interesse do incapaz quanto à falta de zelo de seus representantes legais (tutores e curadores). Contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC (art. 198, I, CC). Ex.: vamos imaginar que uma pessoa que é credora de outra, faleça. O de cujus (falecido) deixou um filho que tem oito anos de idade. Essa criança nem ao menos sabe de seus direitos e que têm créditos a receber. Por isso, para protegê-la, o CC determina que não corre prescrição contra ela, pois é absolutamente incapaz. Aguarda-se, assim, que complete 16 anos (e seja relativamente incapaz); somente a partir daí o fluxo do prazo prescricional terá início. No entanto a prescrição pode correr “a favor” dos absolutamente incapazes. Ex.: quando o incapaz é o devedor e o credor não o aciona no tempo certo; neste caso opera- se a prescrição, pois ela foi favorável ao incapaz. Resumindo: a) Prescrição contra absolutamente incapazes →→→→ não corre. b) Prescrição contra relativamente incapazes →→→→ corre normalmente. c) Prescrição a favor de incapazes (absoluta ou relativamente) →→→→ corre normalmente. Contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados, ou dos Municípios (art. 198, II, CC). Contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra (art. 198, III, CC). Pendendo condição suspensiva (art. 199, I, CC): acompanhem o desenvolvimento lógico neste exemplo: eu lhe darei um carro se você passar no concurso (condição suspensiva). Enquanto você não passar no concurso, isto é, enquanto a condição não for realizada, você não adquire o direito. Se não houve a aquisição do direito, ainda não há uma ação para proteger o direito. E se não há uma ação que se possa exercitar o prazo prescricional não se inicia. Não estando vencido o prazo (art. 199, II, CC). Trata-se do mesmo princípio do item anterior. Se o prazo de uma dívida ainda não venceu, ainda não se pode exigir o seu pagamento. E se ainda não se pode exigi-lo o prazo prescricional também não pode ter início. Pendendo ação de evicção (art. 199, III, CC), suspende-se também a prescrição em andamento. Evicção é a perda da propriedade para terceiro em DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 24 virtude de ato jurídico anterior e de sentença judicial. Exemplo: há um litígio para se saber quem é o proprietário de um imóvel. Enquanto não resolvido este litígio definitivamente, o prazo prescricional não pode ter início. Mais uma vez trata-se do princípio da actio nata (a prescrição não corre enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada). Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva (art. 200, CC). Ex.: foi instaurado um processo criminal em que A é acusado de matar B. A alega que não matou (negativa de autoria). Neste caso a decisão criminal irá influir no Direito Civil. Em regra, há independência entre as esferas criminal, civil e administrativa (art. 935, CC). Mas em algumas situações (ex.: a existência ou não do fato delituoso e a negativa de autoria), a decisão criminal faz coisa julgada no cível. Portanto, deve-se aguardar o desfecho do processo criminal. Somente depois que a questão for resolvida no Juízo Criminal (decisãofinal com trânsito em julgado), apontando a autoria e a materialidade do delito é que se inicia o prazo prescricional. No nosso exemplo: aguarda-se a sentença criminal. Se A for condenado criminalmente, a partir desta condenação inicia-se o prazo de prescrição para que os familiares de B ingressem com eventual ação de reparação de danos pela prática do ato ilícito no Juízo Cível. Vejamos agora um exemplo prático em relação aos efeitos da suspensão da prescrição: imaginem um direito qualquer, cujo prazo prescricional previsto na lei seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a ação judicial adequada. Após esse período (três anos), surge uma causa suspensiva da prescrição. A partir deste momento o prazo fica paralisado, suspenso. Durante o período em que o prazo esteve parado, ele não é computado. Posteriormente a circunstância que fez com que o prazo fosse suspenso, deixou de existir. O prazo volta a correr. O credor tem direito de ingressar com a ação de cobrança. Mas só pelo prazo que resta. No exemplo dado só restam dois anos. Ou seja: cinco anos (prazo inicial) menos três anos (prazo que já havia ocorrido), é igual a dois anos (o que ainda resta). Assim, é esse o prazo que resta para se ingressar com a ação, antes do prazo fatal da prescrição. O prazo volta a correr contado da data em que havia parado. Observação Importante Vamos reforçar e aprofundar um tema já visto, mas que é muito importante. Quando um examinador deseja tornar a prova mais difícil, utiliza o dispositivo previsto no art. 201, CC: “Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível”. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 25 Se uma obrigação tiver credores solidários (ou seja, duas ou mais pessoas são credoras de outra e qualquer desses credores pode exigir do devedor a prestação por inteiro), mas o objeto é divisível (ex.: dinheiro) e ocorreu uma causa de suspensão de prescrição para apenas um dos credores, a prescrição ficará suspensa apenas em relação este credor (ou seja, em relação aos demais credores o prazo continua a correr normalmente). Exemplo: três pessoas são credoras de uma quarta de uma importância em dinheiro. Um dos credores se tornou absolutamente incapaz. Neste caso o prazo prescricional somente não corre (fica suspenso) contra o incapaz, correndo normalmente contra os demais, pois a obrigação de entregar dinheiro é divisível. Por outro lado, se a obrigação solidária for indivisível, uma vez suspensa a prescrição em favor de um dos credores, tal suspensão aproveitará (será estendida) aos demais credores. Exemplo: dois credores, sendo que um tem 13 anos (absolutamente incapaz) têm direito de receber um cavalo puro-sangue reprodutor (obrigação indivisível). Neste caso o prazo prescricional somente começará a fluir para todos quando o incapaz completar 16 anos (pois a partir daí ele deixa de ser absolutamente incapaz). Isso porque, sendo o direito indivisível, a prescrição também fica “indivisível” (aproveita a todos). Resumindo: Suspensa a prescrição para um dos credores solidários: a) Obrigação divisível (ex.: dinheiro) →→→→ a suspensão não se estende aos demais credores e continua a correr normalmente para eles. b) Obrigação indivisível (ex.: cavalo) →→→→ a suspensão se estende aos demais credores; o prazo prescricional fica paralisado para todos. CAUSAS INTERRUPTIVAS (arts. 202 a 204, CC) São circunstâncias que impedem o fluxo normal do prazo prescricional, inutilizando o tempo já decorrido, de modo que o prazo recomeça a correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o período já decorrido é inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomeça do zero. Exemplo: o prazo prescricional é de cinco anos. Após três anos de fluência de prazo foi o mesmo interrompido. Este prazo recomeça do zero. A parte tem mais cinco anos para entrar com a ação apropriada. O efeito é instantâneo: o prazo recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 26 ���� Suspensão X Interrupção ���� A grande diferença ente suspensão e interrupção da prescrição é que na suspensão o prazo é temporariamente paralisado, de forma que superado o fato suspensivo, a prescrição continua a correr computando-se o tempo que já tinha decorrido (recomeça a correr pelo tempo faltante). Já na interrupção a causa interruptiva faz com que o prazo já iniciado seja desconsiderado, começando a ser contado de novo desde o início. Outra coisa: Na interrupção, em regra, exige-se um comportamento ativo, uma provocação do credor (ex.: protesto ou notificação judicial). Já na suspensão exige-se apenas a ocorrência de um fato previsto na lei; ocorrido este, o prazo prescricional é suspenso de forma automática. São causas que INTERROMPEM a prescrição (art. 202, CC): Despacho do Juiz, mesmo incompetente, que determinar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. Aqui é necessário fazer uma conexão com o novo Código de Processo Civil: Art. 240: A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei n° 10.406/2002 (Código Civil). §1° A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. §4° O efeito retroativo a que se refere o §1° aplica- se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei. Protesto judicial (trata-se de uma ação judicial, na verdade uma medida cautelar prevista no CPC) ou protesto cambial (ou seja, o protesto extrajudicial de um título de crédito como o protesto de um cheque, de uma nota promissória ou de uma duplicata). Ambas as situações se destinam a prevenir responsabilidade, ressalvar e conservar direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal. Tais providências refletem um comportamento ativo do credor, demonstrando a sua intenção de agir, de ver seu crédito pago, constituindo o devedor em mora e interrompendo a prescrição. A apresentação do título de crédito em juízo de inventário, ou em concurso de devedores. A habilitação do credor em inventário, na falência ou nos autos de insolvência civil, constitui comportamento que também demonstra a intenção do credor em interromper a prescrição. Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Mora é o retardamento no cumprimento de uma obrigação. Assim, “constituir o devedor em mora” é um ato do credor fixando a responsabilidade do devedor no retardamento da obrigação. Ex.: interpelação judicial, notificação judicial, DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 27 ações cautelares de uma forma geral, etc. Cuidado: a notificação extrajudicial (feita por Cartórios – Ofícios de Registro de Títulos e Documentos) não interrompe o prazo prescricional. Qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito do devedor. Ex.: pagamento de uma parcela do débito, pedido de prorrogação de prazo para pagamento da dívida, etc. (nesta hipótese não há uma atividade do credor, mas sim do devedor). ���� Atenção ���� No DireitoCivil a interrupção da prescrição só pode ocorrer uma única vez (art. 202, CC). Tal restrição é benéfica, evitando inúmeras interrupções abusivas, a má-fé e o adiamento da solução das pendências. Exemplo prático de uma hipótese de interrupção do prazo de prescrição: imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo prescricional seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a ação judicial. Após esse prazo, surge uma causa interruptiva da prescrição (ex.: credor ingressa com uma notificação ou protesta um título de crédito). Neste caso o prazo “zera”, ou seja, volta à estaca zero. O prazo reinicia o seu curso. A pessoa tinha cinco anos para exercer o direito. Passaram-se três e não exerceu. Com a interrupção devolve-se o prazo de cinco anos para ingressar com a ação principal. Observem o quadro abaixo: Interrupção do Prazo Prescricional Ano Ano 1º 2º 3º 1º 2º 3º 4º 5º Fluxo de um prazo prescricional de 05 anos, onde já decorreram 03 anos. Prazo Interrompido Interrompido, o prazo fluirá por mais 05 anos; inicia-se novamente, mas por apenas uma vez mais. Quem pode promover a interrupção da prescrição? Nos termos do art. 203, CC, a interrupção da prescrição poderá ser promovida pelo próprio titular do direito e também por aqueles que tenham algum interesse jurídico (ainda que não sejam credores diretos). Assim, têm legitimidade para o ato: • O próprio titular do direito. • Quem legalmente o represente (ex.: assistentes dos relativamente incapazes, mandatários, representantes da pessoa jurídica, etc.). • Terceiros que tenham legítimo interesse (ex.: credor, herdeiro, fiador ou avalista da pessoa que tem crédito a receber e que está em via de prescrição, etc.). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 28 Reflexos da interrupção da prescrição (art. 204, CC) Eis outro dispositivo que os examinadores gostam para complicar um pouco... Em princípio a interrupção da prescrição beneficia apenas quem a promove. Assim, em regra, no caso de pluralidade de credores, o fato de um credor promover a interrupção, tal fato beneficiará apenas quem alegou a interrupção, não se estendendo aos demais credores. Da mesma forma, como regra, se houver a pluralidade de devedores e o credor interrompeu a prescrição em relação a apenas um deles, este fato prejudicial não será estendido aos demais devedores. No entanto há exceções: • Se for obrigação solidária (passiva ou ativa) a interrupção efetuada contra um devedor atingirá (prejudicando) os demais; e a interrupção aberta por um dos credores atingirá (beneficiando) os demais. Isto porque na solidariedade os vários credores são considerados com um só credor e, da mesma forma, todos os devedores são considerados como um só devedor. • A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudicará os outros herdeiros, a menos quando se tratar de obrigação indivisível (ex.: entrega de um cavalo). Isto porque a solidariedade não se transmite aos herdeiros, salvo se a obrigação for indivisível. • Finalmente, se um credor interrompe a prescrição contra o devedor de uma obrigação principal (ex.: locação), interrompe-se, também, eventual prazo prescricional contra o devedor da obrigação acessória (ex.: fiança). Lembrem- se mais uma vez da regra: “o acessório segue o principal”. PRAZOS PRESCRICIONAIS Prazo prescricional é o espaço de tempo que decorre entre seu termo inicial e final. O art. 205, CC optou por um critério simplificado de 10 anos para o prazo prescricional geral, tanto para as ações pessoais como para as reais, salvo quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Assim, para sabermos em quanto tempo prescreve uma determinada ação, devemos proceder da seguinte forma: primeiramente verificamos se a ação que desejamos propor está prevista em algum dos parágrafos do art. 206, CC. Se encontrarmos a situação prevista em algum dispositivo, o prazo é o nele determinado expressamente. Porém, se analisamos todas as situações legais e não encontramos a ação que desejamos propor aplica-se a regra geral de 10 anos do art. 205, CC. Assim, temos duas espécies de prazo: Ordinário (ou comum): 10 (dez) anos em ações pessoais (ex.: uma ação de cobrança que envolve duas pessoas: credor e devedor) ou reais (ex.: uma ação que envolve posse, propriedade, hipoteca, etc.), alusivas ao patrimônio do titular da pretensão. Art. 205, CC: “A prescrição corre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor”. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 29 Especial: são prazos mais exíguos (de um a cinco anos), pois há uma presunção de que é conveniente reduzir o prazo geral para possibilitar o exercício de certos direitos de forma a evitar que acontecimentos do passado remoto possam ainda ser questionados. Estão previstos no art. 206 e todos os seus parágrafos do CC. A diferença dos prazos repousa em uma valoração feita pelo legislador, bem como em condições pessoais dos titulares das pretensões. Não se discute se eles são longos ou curtos; são fixados pela lei, que é a única fonte deles em nosso sistema. Destacamos como mais importantes (somente pelo fato de que há maior incidência em concursos públicos): 02 (dois) anos: pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. É a única hipótese que prescreve em dois anos. Observação Importante: É interessante deixar claro que o direito aos alimentos é imprescritível (a fome reclama urgência!). O direito não cessa pelo seu não exercício. A qualquer tempo, surgindo a necessidade, eles poderão ser pleiteados. O que se opera é a prescrição em relação aos valores dos alimentos vencidos, ou seja, as prestações alimentares fixadas judicialmente e não pagas e nem exigidas no prazo legal. Lembrando, também, que o não pagamento da pensão alimentícia fixada em sentença judicial pode gerar a prisão do devedor inadimplente. Esta prisão, autorizada pela atual Constituição Federal, está plenamente justificada em face do bem jurídico protegido, que no caso é a sobrevivência digna de seres humanos incapazes de prover seu próprio sustento. 03 (três) anos: pretensão de reparação por ato ilícito (ou seja, este é o prazo prescricional para as ações de responsabilidade civil em geral, em relação a danos materiais e/ou morais); conta-se o prazo a partir da data da prática do ato (e não após a constatação de eventual incapacidade para o trabalho). Outras: pretensão para haver o pagamento de títulos de crédito, a contar do vencimento (ressalvadas as disposições de lei especial); pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos. 04 (quatro) anos: pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas (é a única hipótese que prescreve em quatro anos). 05 (cinco) anos: pretensão dos profissionais liberais em geral (médicos, advogados, contadores, etc.), pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão do serviço. VAMOS AGORA CITAR TODOS OS PRAZOS PRESCRICIONAIS Art. 206, §1°, CC: Prescrevem em 01 (um) ano: a) A pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 30 b) A pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contadoo prazo: – Para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; – Quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão. c) A pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; d) A pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo; e) A pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. Art. 206, §2°, CC: Prescreve em 02 (dois) anos: A pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. Art. 206, §3°, CC: Prescrevem em 03 (três) anos: a) A pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos. b) A pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias. c) A pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela. d) A pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; e) A pretensão de reparação civil. f) A pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição. g) A pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: – Para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; – Para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento; – Para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação. h) A pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial. i) A pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. Não confundir essa hipótese com a prevista no art. 206, §1°, CC, pois essa última trata do contrato de seguro (voluntário), enquanto que o art. 206, §3° trata do seguro obrigatório. Ex.: DPVAT – Danos Pessoais causados por Veículos Automotores DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 31 de vias Terrestres. Ele é obrigatório, pois há a Lei n° 6.194/74 determina a obrigatoriedade de seu pagamento. Observe que, na definição não se enquadram trens, barcos, bicicletas e aeronaves e nem cobre danos materiais (roubo, colisão ou incêndio do veículo), somente danos pessoais. Art. 206, §4°, CC: Prescreve em 04 (quatro) anos: – A pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. Art. 206, §5°, CC: Prescrevem em 5 (cinco) anos a) A pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular. b) A pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato. c) A pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. ����Observação Importante���� Contas de água, luz, gás, etc. e descumprimento contratual. Não há uma posição definitiva sobre a prescrição das contas de água, luz, gás, telefone, etc. A doutrina majoritária afirma que a prescrição seria de cinco anos (encaixaria na situação “dívidas líquidas constantes de instrumento particular”). No entanto tenho visto decisões judiciais (inclusive do STJ) que apontam o prazo de dez anos, isso porque, como a situação não se amolda perfeitamente em uma das situações específicas previstas em lei, deve ser aplicada a regra geral do art. 205, CC. Pelo mesmo motivo (ausência de prazo expressamente previsto no art. 206, CC), o STJ vem decidindo que os danos decorrentes de descumprimento contratual podem ser pleiteados em até dez anos, de acordo com a regra geral do art. 205, CC, que estabelece esse prazo quando a lei lhe não fixar prazo menor. AÇÕES IMPRESCRITÍVEIS A prescritibilidade é a regra. No entanto, há exceções. São imprescritíveis as ações que versam sobre: • Os direitos que protegem a personalidade, como a vida, a honra, o nome, a liberdade, a intimidade, a própria imagem, as obras literárias, artísticas ou científicas, etc. • O estado da pessoa, como filiação (ex.: investigação de paternidade), condição conjugal (separação judicial, divórcio), interdição dos incapazes, cidadania, etc. Uma pergunta que sempre me fazem é a seguinte: um filho nascido fora de um casamento pode mover ação de investigação de paternidade a qualquer momento? Não há prescrição para isso? Quanto a este tema há uma Súmula do Supremo Tribunal Federal a respeito (n° 149): “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança”. Portanto não há prazo par mover ação de investigação de paternidade. No entanto, a ação de petição de herança prescreve. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 32 Como vimos os prazos prescricionais especiais estão previstos no art. 206, CC. A petição de herança não está prevista naquele rol. Logo cai na regra geral do art. 205, CC, cujo prazo é de 10 anos (contados a partir da abertura da sucessão, ou seja, da morte do de cujus). • O direito de família no que concerne à questão inerente à pensão alimentícia, vida conjugal, regime de bens, etc. • Ações referentes aos bens públicos de qualquer natureza. Lembrem-se que não pode haver usucapião de bens públicos, conforme o art. 102, CC. Súmula 340 STF: “Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”. Usucapião não deixa de ser uma espécie de prescrição. Alguns autores inclusive a chamam de prescrição aquisitiva. • Ação para anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou do contrato (art. 1.167, CC). Observações Finais sobre Prescrição 1) Quando se inicia e quando termina a contagem do prazo prescricional? Em relação à contagem dos prazos, prevalece o princípio que prevê a exclusão do primeiro dia e inclusão do dia do vencimento. Se o dia final cair em um sábado, domingo ou feriado, prorroga-se para o primeiro dia útil subsequente. Isso foi harmonizado em razão de dispositivo do Código Civil (art. 132: Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento). O STJ também já firmou esse entendimento. 2) O que é prescrição intercorrente? É a prescrição que ocorre dentro do próprio processo, ou seja, o prazo prescricional corre mesmo após a ação ter sido proposta. Isso pode ocorrer no processo civil? Em geral, o STJ entende que a prescrição intercorrente não pode ocorrer no processo civil brasileiro (Súmula 106: “Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência”), uma vez que o reconhecimento da prescrição intercorrente sacrificaria o credor por conta da demora do Poder Judiciário. No entanto, o próprio STJ entende ser possível o reconhecimento da prescrição intercorrente em uma situação específica.Vejamos. Agravo Regimental no Recurso Especial 1.245.412-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão (DJ 17.06.2015): “(...) De acordo com precedentes do Superior Tribunal de Justiça, a prescrição intercorrente só poderá ser reconhecida no processo executivo se, após a intimação pessoal da parte exequente para dar andamento ao feito, a mesma permanece inerte”. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 33 II. DECADÊNCIA (arts. 207 a 211, CC) Como vimos, direito subjetivo é a faculdade que o ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Entretanto existem alguns direitos subjetivos que não fazem nascer pretensões, pois são destituídos dos respectivos deveres. O objetivo desses direitos é constituir, modificar ou desconstituir relações jurídicas. Eles são chamados de potestativos. DIREITO POTESTATIVO é o poder que o agente tem de influir na esfera jurídica de outrem, constituindo, modificando ou extinguindo direitos, sem que este possa fazer qualquer coisa, senão sujeitar-se a sua vontade. Ex.: aceitar ou renunciar à herança. Ninguém pode me obrigar a aceitar uma herança; eu aceito se eu quiser. E a minha conduta em não aceitar a herança pode refletir em outras pessoas (nos meus filhos que não terão direito a estes bens, nos outros herdeiros que poderão acrescer o seu quinhão, etc.). Mas estas outras pessoas (lado passivo da relação jurídica) limitam-se apenas em se sujeitar ao exercício da minha vontade. Por isso a doutrina costuma usar a seguinte expressão: direito potestativo é um direito de sujeição. Observem que não há um dever da minha parte. E, não havendo dever, não se pode falar em descumprimento. Consequentemente, não há pretensão. Outro exemplo: uma jovem se casou e descobre posteriormente que seu marido é um bandido perigoso e procurado pela justiça por já ter sido condenado. Neste caso ocorreu o chamado “erro essencial sobre pessoa”, prevista no art. 1.557, II, CC. Esta jovem pode anular seu casamento. E possui um prazo decadencial de 03 (três) anos para isso, de acordo com o art. 1.560, III, CC. Mas ninguém pode obrigá-la a isso. Ela ingressará com a ação anulatória “se quiser”. Mas não o fazendo no prazo, não poderá mais fazê-lo. Pode até se separar por outro motivo, mas não anular o casamento. Notem que nos exemplos fornecidos não há uma relação de crédito e débito (como na prescrição); não tem por conteúdo uma contraprestação. Não há sequer pretensão, por isso não há o direito de exigir ou cobrar um crédito. Outros exemplos: aceitar ou não a proposta de um contrato de locação ou de oferta de emprego; possibilidade do patrão em demitir ou não um funcionário, etc. Observem: o tempo limita o exercício dos direitos potestativos pela inércia do respectivo titular. Caducidade (em sentido amplo) significa extinção de direitos de uma forma geral. Já a expressão decadência é usada em sentido estrito, consubstanciando na perda dos direitos potestativos, uma vez que foi ultrapassado o prazo que a lei estabeleceu para o seu exercício. Reforce-se: o prazo para o exercício de um direito potestativo é sempre decadencial. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 34 DIRETO AO PONTO Decadência é a perda do direito potestativo (e não da pretensão do titular de um direito subjetivo, como na prescrição) em razão de seu não exercício em um prazo pré-determinado. Como falei acima, o Código Civil atual apresenta mais uma inovação quanto ao tema, disciplinando, expressamente, a decadência nos arts. 207 a 211. Com a decadência, extingue-se próprio direito existente pelo seu não exercício no prazo estabelecido, de modo que nada mais resta. Em concursos é muito comum o uso da “decadência é a perda de um direito potestativo”. O Código Civil estabelece prazos para que a pessoa exerça o seu direito potestativo. Não se exercendo este direito dentro de determinado prazo, por não haver neste direito uma prestação, ela jamais poderá fazê-lo; tem-se a extinção do próprio direito. Se alguém paga um débito cujo prazo eventualmente já havia sido atingido pela decadência, essa pessoa tem direito à restituição da importância paga, porque não mais existia o direito àquele crédito. Lembrem-se que se alguém pagar algo que estava prescrito não pode pedir de volta o que pagou. O pagamento valeu. Por quê? Porque o direito material ainda existia. Mas se alguém paga algo em que ocorreu a decadência, pode pedir o dinheiro de volta, pois pagou algo que não existe mais, sob o ponto de vista jurídico. Não há mais o direito material. Costumamos dizer que ainda existe a dívida sob o ponto de vista moral; moralmente a pessoa ainda estaria devendo. Mas juridicamente a dívida não mais existe, pois a decadência atingiu o próprio direito; a dívida em si. ���� Decadência X Prescrição ���� Entre muitas outras diferenças (elaboramos um quadro comparativo mais adiante), a doutrina costuma enfatizar o seguinte: Embora inércia do titular do direito e decurso de tempo para o exercício desse direito sejam seus pontos comuns, na decadência o prazo começa a fluir no momento em que nasce o direito; surge, simultaneamente com o direito potestativo. Já o prazo prescricional só se inicia quando o direito é violado; quando ocorre a lesão ao direito subjetivo. Além disso, os prazos prescricionais resultam exclusivamente da lei; já na decadência, como veremos, os prazos podem ser legais ou convencionais. Enquanto a prescrição atinge a pretensão (direito subjetivo), a decadência atinge o próprio direito, o direito material (direito potestativo). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 35 ���� Atenção ���� Direito de Ação X Direito Material Para ficar bem claro que na prescrição perde-se o direito à pretensão e na decadência perde-se o direito material, costumo sempre diferenciar o que é um direito material e o que é um direito de ação. Já falamos sobre isso. Vamos reforçar... Vou inicialmente usar um exemplo do Direito Penal. A nossa Constituição Federal estabelece uma série de Direitos e Garantias. Um deles é o direito de locomoção; o direito de ir, vir e permanecer (art. 5°, inciso LXVIII). Logo o direito de locomoção é um direito propriamente dito, é um direito material. Se uma autoridade viola esse direito, ou seja, determina a prisão da pessoa de forma ilegal, o que esta pessoa deve fazer?? Ingressar com uma ação!!! Qual o nome desta ação? – Habeas Corpus. O Habeas Corpus é, então, uma ação. Portanto: Direito Material →→→→ o direito de locomoção; a liberdade. Direito de Ação →→→→ Habeas Corpus. Outro exemplo, agora no Direito Civil: eu empresto determinada quantia de dinheiro a um conhecido. Qual é o meu direito? De receber de volta o dinheiro que eu emprestei (direito ao crédito). Este é o meu direito material; o meu direito propriamente dito. Se a pessoa não me paga o que está devendo, está violando meu direito material. O não pagamento da dívida faz “nascer” o meu direito à pretensão. Ou seja, o meu direito de cobrar judicialmente o que ele me deve. Portanto: Direito Material → o de receber o que eu emprestei; Direito de Ação → a ação de cobrança que devo propor. Direitos Subjetivos X Direitos Potestativos Os direitos subjetivos envolvem uma prestação do devedor. As ações decorrentes da violação do direito subjetivo têm natureza condenatória, sujeitas a prazos prescricionais. Ou seja, seueu ingresso com uma ação contra o réu eu desejo que ele seja condenado a cumprir a obrigação a que se comprometeu. Ex.: todas as ações de cobrança em geral pela qual se pretende que o réu pague determinada quantia em dinheiro ou cumpra determinada prestação. Já os direitos potestativos revelam uma sujeição de uma pessoa à outra, sendo que seu exercício independe da vontade da outra pessoa. As ações decorrentes do exercício de direitos potestativos (que não são suscetíveis de violação) são constitutivas (positivas e/ou negativas), sujeitas a prazos decadenciais. Ex.: as ações anulatórias em geral (anulação do contrato por erro, dolo, em razão de incapacidade relativa do agente). ESPÉCIES DE DECADÊNCIA O objeto da decadência é o direito que por determinação legal ou convencional (vontade humana unilateral ou bilateral), está subordinado à DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 36 condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de extinção. A decadência pode ser classificada em: A) DECADÊNCIA LEGAL Ocorre quando o prazo estiver previsto em lei. As hipóteses de decadência por determinação legal são as previstas expressamente no Código Civil e em leis especiais. Exemplos: prazo para alegar defeito oculto em algum produto que adquiriu; prazo para anular um negócio jurídico por ter algum defeito relativo ao consentimento (erro, dolo, coação, etc. – art. 178, CC). Segundo o art. 209, CC a decadência resultante de prazo legal não pode ser renunciada pelas partes (nem antes e nem depois de consumada), sob pena de nulidade absoluta. Isto porque as hipóteses legalmente previstas versam sobre questões de ordem pública, não cabendo às partes afastar sua incidência legal. B) DECADÊNCIA CONVENCIONAL Ocorre quando sua previsão decorrer de uma cláusula pactuada pelas partes em um contrato (autonomia privada). A contrario sensu (entendimento doutrinário) do art. 209, CC que proíbe a renúncia da decadência fixada em lei, pode-se concluir que é possível a renúncia à decadência convencional, tendo-se em vista a autonomia privada. Exemplo clássico: oferta, em uma loja de eletrodomésticos, de venda válida somente por alguns dias (a chamada “liquidação total”; ou “queima de estoques”, etc.). Exercido o direito afasta-se a decadência, uma vez que esta se dá quando o direito não é exercido. Assim, se você não aproveitar a oferta dentro do prazo marcado, não poderá mais ir à loja para “aproveitar a oferta”. Como a oferta não existe mais, também o direito a ela se extinguiu. Outros exemplos: as partes podem convencionar no contrato um determinado prazo para que um direito seja exercido; não o sendo neste prazo, ocorre a decadência convencional. As partes podem estabelecer no contrato prazo para o exercício do direito de arrependimento. Testador deixa determinados bens a uma pessoa (legado) estabelecendo um prazo para que o beneficiário venha solicitar a sua entrega. Loja de sapatos que estabelece um prazo de 30 dias para a troca de mercadoria vendidas em liquidação. Uma revendedora de automóveis pode conceder a chamada “garantia estendida”. Arguição Pelo art. 210, CC o Juiz deve (trata-se de um dever e não mera faculdade) conhecer e decretar a decadência legal, mesmo que não haja provocação das partes, no momento em que a detectar. Falamos que neste caso o Juiz pode agir ex officio. Este direito é irrenunciável (diferentemente da prescrição, em que se pode renunciar, embora somente após a sua consumação). Na decadência legal DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 37 há um interesse social em se ver extinto o direito pelo seu não exercício no prazo previsto em lei. Por analogia entende-se que a decadência pode ser arguida em qualquer estado da causa e em qualquer instância. Em que pese a revogação do art. 194, CC (referente à prescrição), se o prazo decadencial foi estipulado pelas partes (convencional), o Juiz não pode reconhecer a decadência de ofício. Isto porque foram os próprios contratantes (e não a lei) que estabeleceram o prazo decadencial para o exercício do direito. Portanto somente eles é que teriam o direito de alegá-la, em qualquer fase do processo ou grau de jurisdição. Tal regra de extrai do art. 211, CC. Resumindo: Prescrição: possibilidade do Juiz reconhecer de ofício. Decadência legal: possibilidade do Juiz reconhecer de ofício. Decadência convencional: Juiz não pode reconhecer de ofício; somente a reconhece se provocado pelo interessado; Lembrando que a parte interessada pode alegar a prescrição e a decadência em qualquer grau de jurisdição (arts. 193 e 211, CC). Efeitos O efeito da decadência é a extinção do próprio direito em decorrência de inércia do titular para o seu exercício. O efeito tempo é devastador: extingue o direito, extinguindo, indiretamente, a ação. Em regra, não se aplicam à decadência todas aquelas normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição (art. 207, CC). Portanto o prazo decadencial corre contra todos (efeito erga omnes). Nem mesmo aquelas pessoas contra as quais não corre a prescrição ficam livres de seu efeito. A única exceção é a hipótese do art. 208, combinado com o art. 198, I, ambos do CC, pois o prazo decadencial não corre contra os absolutamente incapazes (embora possa correr “a favor”). Concluindo: salvo a hipótese mencionada pela lei, a decadência somente pode ser obstada pelo efetivo exercício do direito, dentro do lapso de tempo prefixado. A exemplo da prescrição, os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas também têm direito de ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que deram causa à decadência ou não a alegaram oportunamente (art. 208, combinado com o art. 195, ambos do CC). PRAZOS DECADENCIAIS (Principais) Como vimos, atualmente os prazos prescricionais estão expressamente discriminados nos artigos 205 e 206, CC. Logo, todos os demais prazos DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 38 estabelecidos pelo Código Civil são decadenciais. Citamos alguns, de forma exemplificativa (em vermelho, os que têm maior incidência em concursos): • 03 dias: sendo a coisa móvel, inexistindo prazo estipulado para exercer o direito de preempção (preferência), após a data em que o comprador tiver notificado o vendedor (art. 516, CC). • 30 dias: contados da tradição da coisa para o exercício do direito de propor a ação em que o comprador pretende o abatimento do preço da coisa móvel recebida com vício redibitório ou rescindir o contrato e reaver o preço pago, mais perdas e danos (art. 445, CC) – ação estimatória. • 60 dias: para exercer o direito de preempção, inexistindo prazo estipulado, se a coisa for imóvel, após a data em que o comprador tiver notificado o vendedor (art. 516, 2ª parte, CC). • 90 dias: para o consumidor obter o abatimento do preço de bem imóvel recebido com vício. • 120 dias: prazo para impetrar Mandado de Segurança, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da Lei n° 12.016/09). • 180 dias: é anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou; é de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo (art. 119, parágrafoúnico, CC); para o condômino, a quem não se deu conhecimento da venda, haver para si a parte vendida a estranhos, depositando o valor correspondente ao preço; direito de preferência, se a coisa for móvel, reavendo o vendedor o bem para si (art. 513, parágrafo único, CC); para anular casamento do menor quando não autorizado por seu representante legal, contados do dia em que cessou a incapacidade (se a iniciativa for do incapaz), a partir do casamento (se a proposta for do representante legal) ou morte do incapaz (se a atitude for tomada pelos seus herdeiros necessários) – art. 1.555 e §1°, CC; para a anulação de casamento, contados da data da celebração, de incapaz de consentir (art. 1.560, I, CC); para invalidar casamento de menor de 16 anos, contados para o menor do dia em que perfez essa idade e da data do matrimônio para seus representantes legais (art. 1.560, §2°, CC). • 01 ano: para obter a redibição ou abatimento no preço, se for imóvel, contado da entrega efetiva (art. 445, CC); para pleitear revogação de doação, contado da data do conhecimento do doador do fato que a autorizar (art. 559, CC). • ano e dia: para desfazer janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio (art. 1.302, CC). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 39 • 02 anos: o item principal diz respeito à hipótese do art. 179, CC: “Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será esta de dois anos, a contar da data da conclusão do ato”. O exemplo que mais cai é o do art. 496, CC. Ou seja, esse dispositivo estabelece que “é anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido”. Ocorre que esse dispositivo não menciona o prazo para se requerer a anulação. Portanto, aplica-se a regra geral de dois anos prevista no art. 179, CC. Outros prazos: para mover ação rescisória; para exercer o direito de preferência se a coisa for imóvel (art. 513, parágrafo único, CC); anulação de casamento se incompetente a autoridade celebrante (art. 1.560, II, CC); para pleitear anulação de ato praticado pelo consorte sem a outorga do outro, contado do término da sociedade conjugal (art. 1.649, CC). • 03 anos: para o direito de anular a constituição de uma pessoa jurídica de direito privado por defeito do ato respectivo (art. 45, parágrafo único, CC); direito de anular as decisões da pessoa jurídica com administração coletiva, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude (art. 48, parágrafo único, CC); para o vendedor de coisa imóvel recobrá-la, se reservou a si tal direito, mediante devolução do preço e reembolso das despesas do comprador (art. 505, CC); exercer direito de intentar ação de anulação de casamento, contado da data da celebração, em razão de erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge (art. 1.560, III, CC). • 04 anos: para pleitear anulação de negócio jurídico contado: no caso de coação, do dia em que ela cessar; no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; no de ato de incapazes, no dia em que cessar a incapacidade (art. 178, I, II e III, CC); para intentar ação de anulação de casamento, contado da data da celebração por ter havido coação (art. 1.560, IV, CC). • 05 anos: impugnar a validade de testamento, contado da data de seu registro. • Um exemplo que não está no Código Civil é o do art. 26 do Código de Defesa do Consumidor, ou seja, o direito do consumidor de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação, que caduca em: a) 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos não-duráveis; b) 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos duráveis. Caros alunos Como vimos, é importantíssima a distinção e o conhecimento dos institutos da prescrição e decadência. No entanto, alguns vocábulos de outras matérias também podem ser usados pelo examinador para tentar confundir o candidato. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 40 Portanto, mesmo estes não estando no programa de Direito Civil, acho interessante a sua menção e uma breve explicação. Assim: Preclusão: é a perda de uma faculdade ou de um direito processual, por não ter sido exercido no momento correto. Garante-se o avanço da relação processual e obsta-se o seu recuo para fases anteriores. Todo processo tem um rito a ser seguido. Em cada fase do processo a lei faculta às partes praticarem determinados atos. Caso assim não procedam, perdem a oportunidade, ocorrendo a preclusão. Ex.: as partes têm um prazo para arrolar testemunhas no processo; o Juiz as notifica para tanto e elas nada requerem – houve a preclusão temporal. Outro exemplo: o Juiz condenou uma das partes e a intimou para recorrer da decisão. No entanto o condenado perdeu o prazo para recorrer da decisão. Ocorreu a preclusão e ele não pode mais recorrer. Portanto a preclusão impede que a questão seja renovada, dentro do mesmo processo. Ultrapassado o momento adequado para praticar o ato, o Juiz não irá reabrir mais este prazo... o processo segue adiante... Perempção: é o ato ou efeito de perimir; de extinguir algo. Juridicamente é usado em três situações. No Processo Civil é a perda do direito de ação pelo autor que foi contumaz (ou seja, que reiterou o erro), dando causa a três arquivamentos sucessivos, impedindo que a mesma ação seja proposta uma quarta vez. No Processo Penal ela também é uma sanção processual, mas somente existe nas ações penais privadas (ou seja, que se iniciam por meio de uma queixa-crime do ofendido – e não por meio de denúncia oferecida pelo Ministério Público). O art. 60 do CPP estabelece as hipóteses de perempção (ex.: quando o querelante – que é o autor da ação, o ofendido – deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos). Já a terceira situação diz respeito ao Direito Civil, mais especificamente à hipoteca. Neste caso perempção é o nome que se dá a extinção da hipoteca após o transcurso do prazo de trinta anos (art. 1.485, CC). Preempção: este é outro termo que serve para confundir o aluno em concursos. Observem que é só trocar uma letra “e” pelo “r” e perempção se transforma em preempção. Preempção significa... prelação... Bem... e o que é prelação? É o direito de preferência. Assim, preempção, prelação e preferência são expressões sinônimas. Exemplo prático: Se eu sou locador (proprietário) de um imóvel e desejo vender este imóvel, preciso dar o direito de preferência ao locatário (inquilino) para que ele diga se quer ou não comprá-lo. O mesmo pode ocorrer em um condomínio. Três pessoas são “donas” de um barco. Um dos coproprietários deseja vendar sua parte. Ele precisa dar o direito de preferência aos demais condôminos. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 41 O quadrinho que veremos adiante é de suma importância. É a síntese das diferenças entre prescrição e decadência. Recorram a ele sempre que estiverem com alguma dúvida. Quadro Comparativo entre Prescrição e Decadência PRESCRIÇÃO Perda da pretensão jurídica (poder de exigir de outrem uma ação ou omissão) em virtude da inércia do titular de um direito subjetivo violado (direito de crédito), durante determinado espaço de tempo previsto em lei. Ações condenatórias(ações de cobrança em geral, pretendendo que o réu pague determinada quantia ou cumpra determinada prestação). DECADÊNCIA Perda do direito potestativo (direito material sem pretensão; insuscetíveis de violação) pela inércia de seu titular que deixou escoar o prazo legal ou convencional. Ações constitutivas (positiva e/ou negativa), geralmente anulatórias. 1. Extingue a pretensão, pela inércia do agente. Não atinge o direito subjetivo material, que permanece intacto. A contagem do prazo se inicia com a violação do direito. 1. Extingue o direito potestativo (direito em si, material) pela falta de exercício dentro do prazo. Indiretamente atinge a ação e demais pretensões. A contagem do prazo se inicia com a aquisição (nascimento) do direito. 2. Prazos estabelecidos somente pela lei. Não podem ser suprimidos, nem alterados pela vontade das partes. Não existe prazo prescricional convencional (matéria de ordem pública). 2. Os prazos decadenciais podem ser legais (estabelecidos pela lei) ou convencionais (estabelecidos pelas partes no contrato). Os legais não podem ser alterados pela vontade das partes. 3. Atualmente “deve” ser declarada de ofício pelo Juiz, mesmo nas ações patrimoniais. O art. 194, CC foi revogado e há disposição legal expressa no art. 332, §1°, CPC/2015 (ver também a ressalva do art. 487, parágrafo único, CPC/2015). 3. Na decadência decorrente de prazo legal o Juiz deve declará-la de oficio (art. 210, CC) independentemente de alegação do interessado. A convencional não pode ser reconhecida de ofício (art. 211, CC). 4. A parte pode não alegá-la. Por isso é renunciável. A renúncia pode ser expressa ou tácita e só valerá depois da consumação da prescrição, não podendo ser feita em prejuízo de terceiros. 4. A decadência decorrente de prazo legal não pode ser renunciada pelas partes: nem antes e nem depois de consumada (art. 209, CC). A convencional pode ser renunciada. 5. Não corre contra determinadas pessoas. O prazo pode ser impedido, suspenso ou interrompido. Ex.: cônjuges, poder familiar, tutela, curatela, absolutamente incapazes, etc. 5. Em rega corre contra todos (efeito erga omnes). Não se suspende e nem se interrompe. Exceção → não corre contra os absolutamente incapazes (art. 208, c.c. art. 198, I, ambos do CC). 6. Causas de impedimento ou suspensão → arts. 197, 198, 199 e 200, CC. Causas de interrupção → art. 202 CC. As causas estão expressamente previstas em lei, não se admitindo analogia. 6. Não se aplicam as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição (art. 207, CC). Só pode ser obstada pelo exercício efetivo do direito ou da ação. Exceção: absolutamente incapazes (art. 208, CC). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 42 7. Regra Geral → Prazo de 10 anos (art. 205, CC). Prazos Especiais → 01, 02, 03, 04 e 05 anos (conforme previsão do art. 206 e seus parágrafos, CC). 7. Não há regra geral para os prazos. Podem ser de dias, meses e anos. Previstos em dispositivos esparsos pelo Código e em Leis Especiais. Dica de Concurso Num caso concreto, para saber se o prazo é prescricional ou decadencial (o examinador pode pedir isso – e isso até é muito comum), siga essas dicas. Primeiro. Procure verificar que espécie de prazo é esse. Se ele for em dias, meses ou ano e dia, o prazo certamente será decadencial. Mas se o prazo for em anos (01, 02, 03, 04 05 ou 10) poderá ser prescricional ou decadencial. Ex.: se a questão disser que a pessoa tem seis meses para fazer tal coisa esse prazo será decadencial. Mas se disser que tem anos, o prazo pode ser prescricional ou decadencial. Segundo. Sendo o prazo em anos procure identificar se ele está previsto no art. 205 (prazo geral de 10 anos) ou no art. 206 (prazos especiais de 1, 2, 3, 4 ou 5 anos). Caso identifique o prazo em algum desses artigos, ele será prescricional. Se a questão fizer menção a algum dispositivo fora desses artigos (espalhados pelo Código Civil ou em leis especiais), será decadencial. Na próxima aula daremos continuidade ao capítulo referente aos Fatos Jurídicos, abordando o Negócio Jurídico, sua classificação, elementos constitutivos, bem como seus defeitos e consequências. Resumo Esquemático da AulaResumo Esquemático da AulaResumo Esquemático da AulaResumo Esquemático da Aula FATO →→→→ Qualquer acontecimento ou ocorrência. I. FATO COMUM →→→→ Ação humana ou fato da natureza sem repercussão na órbita do Direito. II. FATO JURÍDICO →→→→ Acontecimento natural ou humano ao qual o Direito atribui efeitos, possuindo relevância jurídica (Fato + Direito). A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção de Direitos). Alguns autores acrescentam também a Transmissão de Direitos. A) Aquisição: conjunção (união) dos direitos com o seu titular; incorpora ao patrimônio e/ou à personalidade do titular. B) Resguardo: medidas ou providências destinadas à conservação e proteção dos direitos (preventivo ou repressivo; judicial ou extrajudicialmente). C) Modificação: alteração de seu conteúdo (objeto) ou de seu titular (sujeito ativo ou passivo), sem alteração de sua essência. D) Extinção: perecimento da coisa, falecimento do titular, renúncia, abandono (derrelição), alienação, prescrição e decadência. III. CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS A) Fato Jurídico Natural (fato jurídico em sentido estrito ou stricto sensu) → proveniente de fenômenos naturais, mas que produz efeitos jurídicos (veremos melhor abaixo, no item IV): DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 43 1) Ordinários. 2) Extraordinários. B) Fato Jurídico Humano (Ato) →→→→ veremos melhor na próxima aula: 1) Ato Lícito →→→→ Ato Jurídico em Sentido Amplo (lato sensu) ou Voluntário, previsto no art. 185, CC, englobando: a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu): efeitos impostos pela lei. b) Negócio Jurídico: efeitos decorrentes da vontade das partes. 2) Ato Ilícito (ou Involuntário) →→→→ Transgressão de um dever jurídico; conduta praticada em desacordo com o ordenamento jurídico. Espécies: 2.1) Penal →→→→ sanção pessoal. 2.2) Administrativo →→→→ sanção pessoal. 2.3) Civil (arts. 186 e 187, CC) →→→→ sanção patrimonial: dever de reparar o dano causado (essa é a que nos interessa mais de perto). C) Ato-fato Jurídico (doutrina) → a lei encara a ação humana como um fato, sem levar em consideração a vontade, intenção ou a consciência do agente. Ex.: criança que compra um doce na padaria. IV. FATO JURÍDICO NATURAL ou FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO (STRICTO SENSU) A) Ordinários →→→→ os que normalmente ocorrem (previsíveis), produzindo efeitos jurídicos relevantes: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC), decurso de tempo (prescrição e decadência, usucapião), etc. B) Extraordinários →→→→ ocorrem de forma inesperada ou imprevisível; são chamados de caso fortuito ou da força maior (ex.: terremoto). Possuem importância ao Direito, pois excluem, como regra, a responsabilidade. Elementos: imprevisibilidade, inevitabilidade e ausência de culpa. V. PRESCRIÇÃO (arts. 189 a 206, CC) A) Pretensão. Todo direito subjetivo deve ser protegido por uma ação. No momento em que o direito é violado surge a pretensão (actio nata). Pretensão é o poder de exigir coercitivamente de outrem o cumprimento de um dever jurídico. B) Conceito: prescrição é a perda da pretensão do titular de um direito violado, em virtude da inércia de seu titular durante determinado espaço de tempo previsto em lei. Atinge as pessoas naturaise as jurídicas. A exceção (forma de defesa) prescreve no mesmo prazo que a pretensão. C) Requisitos: a) violação de um direito; b) ação judicial exercitável; c) inércia do titular do direito violado; c) decurso de tempo (continuidade da inércia durante prazo fixado em lei; d) inexistência de impedimentos ou causas suspensivas ou interruptivas do prazo. D) Pretensões imprescritíveis →→→→ ações que protegem os direitos da personalidade, o estado das pessoas, o direito de família, os bens públicos, etc. E) Renúncia (art. 191, CC): o devedor pode renunciar à prescrição (ex.: devedor paga uma dívida prescrita). Mas isto somente pode se dar depois que a prescrição se consumar (é proibida a renúncia antecipada) e desde que não cause prejuízo a DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 44 terceiros. A renúncia pode ser expressa (por escrito) ou tácita (prática de aos incompatíveis). F) Alegação (art. 193, CC): em qualquer fase do processo; primeira ou segunda instância, pela parte a quem aproveita. G) Declaração ex officio (ou seja, sem que a outra parte tenha alegado): Como o art. 194, CC foi revogado, atualmente o Juiz deve declarar a prescrição de ofício, ou seja, sem ser provocado. Se o processo estiver tramitando deve antes abrir vista às partes para manifestação. H) Efeitos Essenciais 1) Os prazos prescricionais não podem ser alterados pelas partes, ainda que haja acordo de vontades entre elas; somente a lei pode delimitá-los (matéria de ordem pública). Com o principal prescrevem os acessórios (art. 192, CC). 2) Os relativamente incapazes (art. 4°, CC) e as pessoas jurídicas têm direito a ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente (art. 195, CC); responsabilidade subjetiva. 3) A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor, a título universal ou singular (art. 196, CC)). Exceção → se o seu sucessor for absolutamente incapaz o prazo não se inicia enquanto não superada a incapacidade. I) Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas → vejam as hipóteses previstas nos arts. 197, 198, 199, 200 e 202 do CC. 1) Causas Impeditivas: são circunstâncias que impedem que o curso prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa, atendendo a razões de confiança, amizade ou ordem moral. 2) Causas Suspensivas: são circunstâncias que paralisam temporariamente o curso prescricional. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, extinta a circunstância que provocou a suspensão, o prazo prescricional continua a correr de onde parou, computando-se o prazo já decorrido antes do fato. Quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva decisão definitiva. Obs.: suspensa a prescrição em favor de um credor solidário, não se suspenderá a prescrição em favor dos demais. Exceção →→→→ na hipótese de obrigação indivisível a suspensão promovida por um credor se estende aos demais. 3) Causas Interruptivas: são circunstâncias que inutilizam o prazo prescricional iniciado, de modo que o prazo recomeça a correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o período já decorrido é inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomeça do zero. No Direito Civil só se admite uma única interrupção, que pode ser levada a cabo por qualquer interessado. A interrupção da prescrição operada por um credor não aproveita aos outros; a interrupção da prescrição operada contra um codevedor não prejudica os demais. Exceção → solidariedade ativa e passiva. J) Prazos Prescricionais: espaço de tempo compreendido entre o termo inicial e o final. 1) Prazo Geral (ou ordinário) →→→→ 10 (dez) anos = art. 205, CC. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 45 2) Prazos Especiais →→→→ Prazos mais exíguos (01, 02, 03, 04 e 05 anos). Relação completa: art. 206 e seus parágrafos do CC. Prazos de maior incidência em concursos: a) 02 (dois) anos – pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem; b) 03 (três) anos – pretensão de reparação civil por ato ilícito; pretensão para haver o pagamento de títulos de crédito, a contar do vencimento (ressalvadas as disposições de lei especial); pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; c) 05 (cinco) anos – pretensão dos profissionais liberais em geral (médicos, advogados, contadores, etc.), pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão do serviço. VI. DECADÊNCIA (arts. 207 a 211, CC) 1) Conceito: perda do direito material (direito potestativo, direito propriamente dito ou direito em si) pela inércia do titular que deixou escoar o prazo previsto em lei ou o prazo voluntariamente fixado para seu exercício. O objeto da decadência é o direito que, por determinação legal ou convencional, está subordinada à condição de exercício em certo espaço de tempo. Enquanto a prescrição atinge a pretensão, a decadência atinge o próprio direito. 2) Espécies a) Legal: o prazo é o previsto na lei (Código Civil e Leis Especiais). O seu prazo não pode ser renunciado pelas partes (nem antes e nem depois de consumada a decadência), sob pena de nulidade absoluta (norma de ordem pública: art. 209, CC). Deve ser declarada de ofício pelo Juiz (art. 210, CC). Ex.: 04 (quatro) anos para se pleitear a anulação de um negócio jurídico contado, no caso de coação do dia em que ela cessar; em caso de erro, dolo, estado de perigo, lesão e fraude contra credores do dia em que se realizou o negócio jurídico; no de ato de incapazes, no dia em que cessar a incapacidade (art. 178, I, II e III, CC). b) Convencional: cláusula pactuada pelas partes em um contrato. Ex.: prazo estipulado pelas partes para o exercício de um direito estabelecido no contrato (cláusula de arrependimento); testador deixa determinados bens a uma pessoa (legado) estabelecendo prazo para que o beneficiário venha solicitar a entrega, etc. Pode ser alegada em qualquer fase processual; o Juiz não pode suprir a alegação (não pode ser declarada de ofício pelo Juiz): art. 211, CC. 3) Efeitos: a) extinção imediata do direito e, de forma indireta, também a ação; b) a legal é irrenunciável; a convencional pode ser renunciada, a teor do art. 209, CC, a contrário senso; c) prazos decadenciais legais não podem ser alterados pela vontade das partes (os convencionais podem); d) não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem e interrompem a prescrição (art. 207, CC). Exceção (art. 208, CC) →→→→ não corre o prazo decadencial contra absolutamente incapazes. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas também têm ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que deram causa à decadência ou não a alegaram oportunamente. 4) Arguição: em qualquer momento processual. Decadência legal: o Juiz deve reconhecer de ofício (art. 210, CC). Decadência convencional: estipulada pelas partes; somente o beneficiado pode alegá-la; o Juiz não pode suprir a alegação e reconhecê-la de oficio (art. 211, CC), pois foram os próprios contratantes que estabeleceram o prazo para o exercício do direito. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 46 BIBLIOGRAFIABÁSICA Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras: DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva. FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito Civil. Editora JusPODIVM. GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de Direito Civil. Editora Saraiva. GOMES, Orlando – Direito Civil. Editora Forense. GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva. MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva. NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Editora Revista dos Tribunais. PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora Forense. RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva. SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas Bastos. SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Editora Forense. VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 47 01) (FGV – DPE/RO – Analista Jurídico – 2015) Virgílio emprestou a quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a Eduardo. Sete meses após o vencimento da dívida, Eduardo ainda não havia efetuado o pagamento, ocasião na qual Virgílio veio a falecer por força de um infarto, deixando dois filhos maiores de idade. É CORRETO afirmar que o prazo prescricional: (A) sequer começou a correr; (B) foi suspenso em decorrência do falecimento de Virgílio; (C) foi interrompido em decorrência do falecimento de Virgílio; (D) continuou correndo contra os dois filhos de Virgílio; (E) converteu-se em prazo decadencial em virtude da morte de Virgílio. COMENTÁRIOS. Segundo o art. 196, CC: A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Gabarito: “D”. 02) (FGV – Defensoria Pública/MT – Advogado – 2015) A respeito dos institutos da prescrição e da decadência, assinale a afirmativa CORRETA. (A) Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, aproveitam os outros se a obrigação for divisível ou indivisível. (B) A renúncia da prescrição valerá ainda que haja prejuízo de terceiro, desde que depois de o prazo se consumar. (C) A decadência fulmina os atributos do direito subjetivo do credor, impedindo- o de cobrar o adimplemento. (D) A contagem do prazo decadencial está impedida ou suspensa contra os absolutamente incapazes. (E) A interrupção produzida contra o principal devedor não prejudica o fiador. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Estabelece o art. 201, CC: Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível (a expressão divisível está errada na afirmação). A letra “b” está errada, nos termos do art. 191, CC: A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar (...). A letra “c” está errada. Direito subjetivo é a faculdade que o ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem Exercícios Comentados Específicos da Banca Fundação Getúlio Vargas DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 48 determinado comportamento. No momento em que este direito é violado surge o poder de se exigir do devedor uma ação ou omissão, que permite a composição do dano ocorrido. Prescrição é a perda da pretensão do titular de um direito subjetivo, em virtude de sua inércia durante um prazo determinado previsto em lei. Existem alguns direitos subjetivos que não fazem nascer pretensões, pois são destituídos dos respectivos deveres. O objetivo desses direitos é constituir, modificar ou desconstituir relações jurídicas. Eles são chamados de potestativos. Direito potestativo é o poder que o agente tem de influir na esfera jurídica de outrem, constituindo, modificando ou extinguindo direitos, sem que este possa fazer qualquer coisa, senão sujeitar-se a sua vontade. Decadência é a perda do direito potestativo em razão de seu não exercício em um prazo pré-determinado. Resumindo: a decadência fulmina o direito potestativo (e não o direito subjetivo). A letra “d” está correta. Segundo o art. 207, CC, salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. O art. 208, CC traz a ressalva do dispositivo anterior: Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. Estabelece este último dispositivo que não corre a prescrição contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC, ou seja, os absolutamente incapazes. Resumindo: está correto afirmar que a contagem do prazo decadencial está impedida ou suspensa contra os absolutamente incapazes. A letra “e” está errada. Segundo o art. 204, §3° A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. Gabarito: “D”. 03) (FGV – Advogado da Secretaria de Saúde do Amazonas – SUZAM – 2014) A prescrição é geralmente definida como a perda de um direito de ação, ou seja, a prescrição põe fim à possibilidade de se exigir, judicialmente, um direito, por força da passagem de um determinado período de tempo. Entretanto, o nosso sistema jurídico prevê situações que, em caráter excepcional, impedem ou suspendem a prescrição. Assinale a opção que indica uma situação em que o prazo prescricional fluirá normalmente. (A) corre a prescrição contra pessoas relativamente incapazes. (B) corre a prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar. (C) corre a prescrição entre curatelados e seus curadores, durante a curatela. (D) corre a prescrição contra pessoas absolutamente incapazes. (E) corre a prescrição contra os que se achem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois o art. 198, I, CC determina que a prescrição não corre contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC, que são os absolutamente incapazes. A contrário senso a prescrição corre normalmente contra os relativamente incapazes (que estão previstos no art. 4°, CC). As demais hipóteses estão erradas, pois nessas hipóteses a prescrição não corre: letra “b” (art. 197, II, CC); letra “c” (art. 197, III, CC); letra “d” (art. 197, I, CC) e letra “e” (art. 198, III, CC). Gabarito: “A”. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 49 04) (FGV – TJ/GO – Analista Judiciário – 2014) Em virtude de contrato de Seguro Saúde, Silvio, após submeter-se a uma cirurgia de emergência, solicitou a restituição das despesas médicas e hospitalares à seguradora. A resposta negativa à restituição por parte da seguradora foi enviada a Silvio sete meses depois da cirurgia, o que o levou a contratar um advogado para que fossem tomadas as devidas providências. A ação objetivando a condenação da Seguradora a reembolsar os valores gastos com a cirurgia foi ajuizada oito meses após a data da ciência da recusa da seguradora. Considerando que o prazo prescricional para o exercício do direito do segurado é de um ano, é CORRETO afirmar que: (A) transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início na data da cirurgia; (B) transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início no dia posterior à data da cirurgia; (C) não transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início no dia que Silvio tomou ciência da recusa da seguradora em reembolsar os valores;(D) não transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início na data do ajuizamento da ação; (E) não transcorreu o prazo prescricional, pois em caso de enfermidade o cômputo é em dobro. COMENTÁRIOS. No caso da questão, de fato, o prazo prescricional seria de 01 (um) ano, nos termos do art. 206, §1°, inciso II, CC. Ocorre que esse prazo somente teve início no momento em que a seguradora negou a Sílvio o direito à restituição de suas despesas médicas e hospitalares. Somente no momento em que Sílvio teve ciência da negativa do reembolso é que seu direito foi efetivamente violado; foi nesse momento que “nasceu” para Sílvio acionar judicialmente a seguradora. Por isso a doutrina chama isso de actio nata. Isto é, a prescrição não pode correr enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada pela violação do direito. Gabarito: “C”. 05) (FGV – PC/MA – Delegado de Polícia – 2012) Pedro, relativamente incapaz, assistido por João, celebrou um negócio jurídico com Maria. O contrato possui uma cláusula prevendo a majoração do prazo prescricional. Considerando o fato narrado, assinale a afirmativa CORRETA. (A) em razão de Pedro ser absolutamente incapaz, o prazo prescricional pode ser majorado por acordo das partes. (B) a prescrição só pode ser alegada em 1° grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. (C) Pedro pode acionar João, caso este dê causa à prescrição, ou não a alegue oportunamente. (D) a renúncia da prescrição só valerá se for expressa e for feita depois que a prescrição se consumar. (E) corre a prescrição contra absolutamente incapaz. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 50 COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois os prazos de prescrição não podem ser alterados pelas partes em hipótese alguma, mesmo que seja para beneficiar o absolutamente incapaz (art. 192, CC). A letra “b” está errada, pois a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição pela parte a quem aproveita (art. 193, CC). A letra “c” está correta, pois nos termos do art. 195, CC os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. A letra “d” está errada, pois a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição (art. 191, CC). Finalmente a letra “e” está errada, pois nos termos do art. 198, I, CC, não corre a prescrição contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC (ou seja, os absolutamente incapazes). Gabarito: “C”. 06) (FGV – TJ/AM – Assistente Técnico Judiciário – 2013) A respeito da prescrição e da decadência, assinale a afirmativa CORRETA. (A) a prescrição poderá ser alegada, em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. (B) a prescrição corre entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal. (C) as partes podem promover a alteração dos prazos de prescrição. (D) o Juiz somente pode conhecer de ofício a decadência convencional. (E) a decadência corre contra os absolutamente incapazes. COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 193, CC. A letra “b” está errada, pois segundo o art. 197, I, CC não corre a prescrição entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal. A letra “c” está errada, pois de acordo com o art. 192, CC os prazos prescricionais não podem ser alterados pelas partes. A letra “d” está errada, pois o art. 210, CC determina que o juiz deve conhecer de ofício a decadência quando estabelecida em lei. A letra “e” está errada. Em regra, não se aplicam à decadências as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição (art. 207, CC). No entanto o próprio art. 208, CC estabelece uma exceção: a hipótese do art. 198, I, CC, ou seja, não corre a decadência contra os absolutamente incapazes. Gabarito: “A”. 07) (FGV – Advogado do Banco de Fomento de Santa Catarina – BADESC – 2010) Terêncio, brasileiro, advogado, foi contratado pela empresa Caçarola e Cuia Ltda., para prestar serviços profissionais de consultoria jurídica. O contrato foi iniciado em 2003 e teve término em 2004. Restou pendente pagamento correspondente a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), sendo baldadas todas as tentativas de recebimento amigável. Tendo em vista suas inúmeras responsabilidades profissionais, com viagens constantes, Terêncio somente pode promover a ação de cobrança no ano de 2010. Citada a empresa, alegou a existência de prescrição da pretensão autoral. Diante de tais fatos e à luz da legislação civil em vigor, é CORRETO afirmar que: (A) a pretensão de Terêncio segue a regra geral de dez anos como prazo prescricional. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 51 (B) no caso em tela, há regra especial que estabelece prazo quinquenal como sendo de prescrição. (C) sendo a relação de trato sucessivo, a prescrição é renovada mês a mês, não se podendo, no caso, falar de prescrição. (D) caso a ré pagasse a dívida, deveria haver reembolso diante do prazo prescricional incidente. (E) o prazo prescricional em tela seria de três anos. COMENTÁRIOS. O prazo prescricional está previsto expressamente no art. 206, §5°, II, CC: Prescreve em 05 (cinco) anos a pretensão dos profissionais liberais em geral (...) pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato. Gabarito: “B”. 08) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2011) A respeito da prescrição e decadência, é CORRETO afirmar que: (A) os prazos prescricionais podem ser alterados de comum acordo entre as partes. (B) a prescrição que tenha sido iniciada contra alguém continuará a correr contra seu sucessor. (C) a decadência estabelecida em lei não poderá ser conhecida ex officio pelo Juiz, somente por provocação das partes. (D) a prescrição poderá ser suspensa uma única vez e se dará, entre outras hipóteses, por despacho do Juiz. (E) prescreve em dez anos a pretensão para a cobrança de dívidas líquidas constantes em instrumento público ou particular. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 192, CC que os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. A letra “b” está correta nos termos do art. 196, CC. A letra “c” está errada, pois a decadência legal deve ser conhecida pelo Juiz de ofício, nos termos do art. 210, CC. A letra “d” está errada, pois é a interrupção que somente se dará uma única vez, nos termos do art. 202, CC. A suspensão da prescrição poderá ocorrer tantas vezes quanto ocorrem as hipóteses de incidência. Finalmente a letra “e” está errada, pois a cobrança de dívidas líquidas constantes em instrumento público ou particular prescreve em 05 anos (art. 206, §5°, I, CC). Gabarito: “B”. 09) (FGV – TCE/BA – Analista de controle Externo – 2013) Da inteligência do art. 189, do CC/02, retira-se que, uma vez violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela ocorrência da prescrição, nos prazos previstos em lei. Por outro lado, é cediço que existem causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição. Assinale a alternativa que estabelece uma causa interruptiva da prescrição. (A) entre os cônjuges durante a constância do casamento. (B) em virtude de qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. (C) contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios.DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 52 (D) durante o poder familiar, no que tange às relações jurdídicas entre ascendentes e descendentes. (E) na pendência de condição suspensiva. COMENTÁRIOS. Somente a alternativa “b” estampa uma hipótese de causa interruptiva da prescrição, sendo que a mesma está prevista no art. 202, VI, CC. As demais alternativas fornecem hipóteses em que a prescrição não corre, isto é, causas que impedem ou suspendem a prescrição, previstas nos arts. 197/199, CC. Gabarito: “B”. 10) (FGV – Auditor Fiscal da Receita Municipal de Angra dos Reis/RJ – 2010) Assinale a alternativa CORRETA. (A) a prescrição pode ser alegada de ofício pelo juiz, ou também pela parte a quem aproveita, em qualquer grau de jurisdição, independentemente de seu pré- questionamento. (B) a decadência pode ser legal ou convencional, sendo que ambas podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. O mesmo ocorre com a prescrição, que também pode ser conhecida ex officio pelo magistrado. (C) em face do princípio da supremacia do interesse público, caso a prescrição ou a decadência convencional beneficiem a Fazenda Pública, o juiz pode conhecê- las de ofício. (D) a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor, exceto se este for absolutamente incapaz, ou estiver ausente do País a serviço dos entes federativos, ou se achar a serviço das Forças Armadas em tempo de guerra. (E) a prescrição diz respeito aos direitos potestativos que, por essência, não possuem pretensão, já que não podem ser objeto de violação. A decadência, por sua vez, refere-se aos direitos subjetivos patrimoniais, aqueles que trazem consigo a possibilidade de que o seu titular exija determinado comportamento de alguém. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois embora o art. 193, CC afirme que a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, segundo a doutrina, não pode ser alegada inicialmente perante o STF e o STJ, pois estes Tribunais são considerados como instâncias especiais e extraordinárias, exigindo o pré- questionamento da matéria nas instâncias inferiores. O erro da alternativa “b” reside no fato de que a decadência convencional não pode ser reconhecida de ofício (art. 211, CC) e isso se aplica também quanto à Fazenda Pública (letra “c” errada). A letra “d” está correta. De fato, estabelece o art. 196, CC que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. No entanto, as hipóteses previstas na alternativa são algumas das causas expressas de impedimento do fluxo prescricional (art. 198, CC). A letra “e” está errada, pois ocorre o inverso: prescrição diz respeito a direitos subjetivos e decadência a direitos potestativos. Gabarito: “D”. 11) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) Assinale a alternativa que apresenta um prazo de natureza prescricional. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 53 (A) prazo para propor ação de reparação civil por dano moral decorrente de ato ilícito. (B) prazo para propor ação renovatória de locação de imóvel urbano destinado ao comércio. (C) prazo para propor ação de deserdação de herdeiro necessário. (D) prazo para propor ação anulatória de negócio jurídico realizado por representante em conflito de interesses com o representado. (E) prazo para propor ação de preferência, por parte do condômino preterido na venda a terceiro de quinhão da coisa comum indivisível. COMENTÁRIOS. Uma das diferenças entre prescrição e decadência é que a prescrição possui suas hipóteses previstas nos arts. 205 (prazo geral) ou no art. 206 (prazos especiais), CC. Caso o prazo esteja previstos nestes dispositivos, será hipótese de prescrição. A letra “a” é a única hipótese que tem previsão no art. 206, §3°, V, CC. Observe, no entanto, que a expressão do Código é genérica “pretensão de reparação civil” e a questão é um pouco mais detalhada, somente para confundir o candidato (reparação civil por dano moral decorrente de ato ilícito). Mas a situação é a mesma e o prazo prescricional é de 03 (três) anos. As demais alternativas são hipóteses de decadência. Vejamos. A letra “b” está errada, pois o art. 51, §5°, da Lei das Locações (Lei n° 8.245/91) prevê que do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor. A letra “c” está errada, pois prevê o parágrafo único do art. 1.961, CC: “O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue- se (decadência) em quatro anos, contados da abertura da sucessão”. A letra “d” está errada, pois o art. 119 e seu parágrafo único do CC prevê que é anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo. Finalmente a letra “e” está errada, pois estabelece o art. 504, CC: Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. Gabarito: “A”. 12) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2008) A ação de indenização, relativamente aos prejuízos causados em razão de entrega de sementes, para plantação, de qualidade inferior à contratada, deve observar prazo: (A) prescricional de 3 (três) anos. (B) decadencial de 3 (três) anos. (C) decadencial de 90 (noventa) dias. (D) decadencial de 30 (trinta) dias. (E) prescricional de 5 (cinco) anos. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 54 COMENTÁRIOS. Trata-se, inicialmente de um negócio realizado tendo em vista uma relação de consumo (compra e venda de mercadorias). Portanto, deve ser aplicada o Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90). Como as sementes podem ser consideradas com bens não duráveis, o prazo para reclamação de eventuais vícios (qualidade inferior à contratada) “caduca” (daí ser considerado como decadencial) é de 30 (trinta) dias, a partir da entrega efetiva do produto (art. 26, I e seu §1°, CDC). Gabarito: “D”. 13) (FGV – TCM/SP – Agente de Fiscalização – 2015) O espólio de Caio ajuíza ação buscando a anulação de uma doação realizada pelo falecido, alegando que o doador atuou em erro quando celebrou o negócio jurídico. Citado, o réu contesta o pedido alegando que a doação foi lícita, que o doador era maior e capaz e que eram amigos desde a infância. Alega, ainda, a ocorrência de decadência, posto que o contrato de doação foi realizado em 29/07/2004 e a ação distribuída em 30/07/2009. Considerando as disposições constantes no Código Civil sobre a matéria, é correto afirmar que a prejudicial de decadência: (A) não deve ser acolhida, pois não há decadência do direito de impugnar os atos nulos, como é o caso; (B) não pode ser acolhida, porque não atinge os atos praticados com vício de consentimento; (C) deve ser acolhida, porquanto já decorridos quatro anos da data de sua prática; (D) não deve ser acolhida, porque ainda não decorridos quatro anos contados daciência dos prejudicados acerca da prática do ato; (E) deve ser acolhida se provado o prejuízo efetivo dos interessados. COMENTÁRIOS. Caio ajuíza ação buscando a anulação de uma doação alegando que o doador atuou em erro. O erro é vício que pode tornar o negócio jurídico (no caso uma doação) anulável. Nessa hipótese, é de se aplicar os seguintes dispositivos. Art. 171, CC: Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I. por incapacidade relativa do agente; II. por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Art. 178, CC: É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado (...): II. no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico. Como a doação foi realizada no dia 29/07/2004 e a ação somente foi proposta no dia 30/07/2009, operou-se a decadência. Gabarito: “C”. 14) (FGV – PGE/RO – Técnico da Procuradoria – 2015) Sobre os institutos da prescrição e decadência, é correto afirmar que: (A) os prazos decadenciais se interrompem e suspendem; (B) é vedado o estabelecimento de prazos decadenciais em contrato; (C) o prazo prescricional interrompido faz com que a contagem retome de onde parou; (D) a prescrição extingue o direito subjetivo; DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 55 (E) é inválida a renúncia ao prazo decadencial previsto em lei. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Trata-se de uma afirmação capciosa. Estabelece o art. 207, CC: “Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição”. Assim, em tese, os prazos decadenciais poderiam se interromper e suspender de forma excepcional. No entanto o art. 208, CC estabelece que “aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I”, que são hipóteses de suspensão da prescrição. Como não há qualquer previsão em relação à interrupção da decadência, pode-se dizer que a afirmação esta errada. Mas é o tipo de afirmação que deveria ser evitada para evitar questionamentos. Melhor seria se o examinador afirmasse “em regra os prazos decadenciais se interrompem e suspendem”. Aí sim ela estaria errada. A letra “b” está errada. Quando se estabelece um prazo decadencial em contrato, chamamos de decadência convencional, plenamente admitida em nosso direito, como se constata no art. 211, CC. A letra “c” está errada. Quando o prazo prescricional é interrompido por uma determinada causa ele volta a correr desde seu início (volta do zero) Já na suspensão o prazo para de correr até que se resolva o motivo que provocou a suspensão. Após isso, o prazo volta a correr de onde parou. A letra “d” está errada. Prescrição é a perda do direito à pretensão em razão do decurso do tempo. Ela atinge direitos subjetivos patrimoniais e relativos. Direito subjetivo é a faculdade que o ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Decadência é a perda de um direito que não foi exercido pelo seu titular no prazo previsto em lei; é a perda do direito em si, em razão do decurso do tempo. Ela atinge direitos potestativos, que são aqueles que conferem ao titular o poder de fazer produzir efeitos pela simples manifestação de vontade. Eles não fazem nascer pretensões, pois são destituídos dos respectivos deveres; o objetivo desses direitos é constituir, modificar ou desconstituir relações jurídicas. A letra “e” está correta. Art. 209, CC: É nula a renúncia à decadência fixada em lei. Gabarito: “E”. 15) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2011) O decurso do tempo exerce efeitos sobre as relações jurídicas. Com o propósito de suprir uma deficiência apontada pela doutrina em relação ao Código velho, o novo Código Civil, a exemplo do Código Civil italiano e português, define o que é prescrição e institui disciplina específica para a decadência. Tendo em vista os preceitos do Código Civil a respeito da matéria, assinale a alternativa CORRETA. (A) se a decadência resultar de convenção entre as partes, o interessado poderá alegá-la, em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não poderá suprir a alegação de quem a aproveite. (B) quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição até o despacho do juiz que tenha recebido ou rejeitado a denúncia ou a queixa-crime. (C) o novo Código Civil optou por conceituar o instituto da prescrição como a extinção da pretensão e estabelece que a prescrição, em razão da sua relevância, pode ser arguida, mesmo entre os cônjuges enquanto casados pelo regime de separação obrigatória de bens. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 56 (D) se um dos credores solidários constituir judicialmente o devedor em mora, tal iniciativa não aproveitará aos demais quanto à interrupção da prescrição, nem a interrupção produzida em face do principal devedor prejudica o fiador dele. COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, nos termos do art. 211, CC: Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. A letra “b” está incorreta, pois nesse caso a prescrição não correrá até a sentença definitiva, e não apenas até o despacho de recebimento ou rejeição da denúncia ou queixa (art. 200, CC: Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva). A alternativa “c” está errada, pois embora a prescrição seja, de fato, a extinção da pretensão, ela não corre entre os cônjuges durante a constância da sociedade conjugal, qualquer que seja o regime de bens adotado pelo casal (art. 197, I, CC). Finalmente a letra “d” está errada, pois contraria as disposições contidas nos §§ 1° e 3° do art. 204, CC: A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. §1° A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros (...) §3° A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. Gabarito: “A”. 01) (TRT/14ª Região/RO e AC – Magistratura do Trabalho – 2013) Leia as proposições a seguir e marque a alternativa CORRETA: I. Fato jurídico é todo acontecimento, previsto em norma jurídica, em razão do qual nascem, se modificam, subsistem e se extinguem relações jurídicas, sendo classificados em fatos naturais, aqueles que independem da vontade humana (nascimento, morte, maioridade, tempestade, naufrágio, etc.), e fatos humanos, aqueles que dependem de vontade humana (perdão, ocupação, confissão, adoção, contratos, ato ilícito). II. O decurso do tempo, que dá azo à prescrição e à decadência, é reputado um fato jurídico natural. III. A exceção prescreve um ano após a pretensão. (A) apenas as proposições I e II são verdadeiras. (B) apenas as proposições I e III são verdadeiras. (C) apenas as proposições II e III são verdadeiras. Exercícios Complementares Fundação Carlos Chagas DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 57 (D) todas as proposições são verdadeiras. (E) todas as proposições são falsas. COMENTÁRIOS.A proposição I está correta. Fornece o conceito exato de fato jurídico e sua divisão. A proposição II está correta, pois segundo a doutrina dominante o decurso de tempo (do qual pode decorrer a prescrição, a decadência, a usucapião) é exemplo de fato jurídico natural (ordinário). A proposição III está errada, pois nos termos do art. 190, CC, a exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. Gabarito: “A” (apenas as proposições I e II são verdadeiras). 02) (FCC – TCE/AM – Analista de Controle Externo – 2013) A prescrição (A) deve ser alegada no primeiro grau de jurisdição, sob pena de preclusão. (B) extingue o direito material. (C) pode ser regulada por acordo entre as partes. (D) corre entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal. (E) pode ser renunciada de maneira expressa ou tácita, depois de consumada e desde que não haja prejuízo a terceiros. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição (art. 193, CC). A letra “b” está errada, pois segundo o art. 189, CC a prescrição extingue a pretensão (e não o direito material). A letra “c” está errada, pois a prescrição (em especial os seus prazos) não pode ser regulada por acordo entre as partes (art. 192, CC). A letra “d” está errada, pois a prescrição não corre na constância da sociedade conjugal (art. 197, II, CC). A letra “e” está correta nos exatos termos do art. 191, CC. Gabarito: “E”. 03) (FCC – TCE/SP – Auditor do Tribunal de Contas – 2013) A prescrição (A) somente pode ser conhecida no primeiro grau de jurisdição. (B) não corre pendendo condição resolutiva. (C) poderá ser interrompida, em relação a uma mesma pretensão, tantas quantas forem as causas de interrupção. (D) pode ser interrompida por ato do devedor. (E) é suspensa pelo protesto cambial. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 193, CC a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. A letra “b” está errada, pois a prescrição não corre pendendo condição suspensiva (e não resolutiva), de acordo com o art. 199, I, CC. A letra “c” está errada, pois a prescrição somente pode ser interrompida uma única vez, de acordo com o art. 202, caput, CC. A letra “d” está correta, nos termos do art. 202, VI, CC (por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor). Finalmente a letra “e” está errada, pois o protesto cambial é causa de interrupção da prescrição (e não de suspensão), nos termos do art. 202, III, CC. Gabarito: “D”. 04) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) Acidente de veículo vitimou criança de 10 anos de idade, causando-lhe danos DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 58 materiais e morais. Ao completar 18 anos, a vítima decidiu ajuizar ação de reparação civil. Considerando-se que o acidente ocorreu sob a vigência do Código Civil atual, tal pretensão (A) não está prescrita, pois o caso retrata hipótese de decadência. (B) está prescrita, pois já se passaram mais de 3 anos da data do fato. (C) está prescrita, pois já se passaram mais de 5 anos da data do fato. (D) não está prescrita, pois a vítima era absolutamente incapaz no momento do fato. (E) não está prescrita, pois o fato é imprescritível. COMENTÁRIOS. Combinando o art. 198, I, CC com o art. 3°, CC, podemos afirmar que a fluência do prazo prescricional somente terá início quando a pessoa completar 16 anos, sendo que no caso concreto a ofendida tinha apenas 10 anos quando do acidente. Segundo o art. 206, §3°, V, CC a pretensão para reparação civil (danos materiais e morais) prescreve em três anos. No momento em que ela ingressou com a ação tinha 18 anos, ou seja, já haviam escoados apenas dois anos. Conclusão: a prescrição ainda não se operou, pois o prazo de três anos teve início quando a pessoa completou 16 anos. Como agora tem 18 anos, decorreram apenas dois anos, portanto ainda faltaria um ano para se operar a prescrição. Gabarito: “D”. 05) (FCC – TRT/12ª Região/SC – Analista Judiciário – 2013) No tocante à prescrição: (A) seu prazo não correrá se pender condição suspensiva. (B) pode ela ser interrompida apenas pelo titular do direito violado. (C) pode ela ser alegada em primeiro grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita, e somente pelo órgão jurisdicional, de ofício, nos demais graus jurisdicionais. (D) o prazo prescricional iniciado contra uma pessoa não corre contra seu sucessor. (E) os prazos prescricionais podem ser alterados por acordo entre as partes, mas não os prazos decadenciais. COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 199, I CC. A letra “b” está errada, pois o art. 203, CC prevê que a prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. A letra “c” está errada, pois segundo o art. 193, CC a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. A letra “d” está errada, pois estabelece o art. 196, CC que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Finalmente também está errada a alternativa “e”, pois dispõe o art. 192, CC que os prazos prescricionais não podem ser alterados por acordo das partes. Gabarito: “A”. 06) (FCC – Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia – HEMOBRÁS – Analista Jurídico – 2013) Num determinado contrato, as partes inseriram duas cláusulas: uma renunciando a decadência, cujo DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 59 prazo foi fixado em lei, e outra renunciando a futura e eventual prescrição. Nesse caso, (A) ambas as cláusulas são válidas. (B) só é nula a renúncia à decadência. (C) só é nula a renúncia à futura e eventual prescrição. (D) as duas cláusulas são nulas. (E) a renúncia à futura e eventual prescrição só é válida se for feita sem prejuízo de terceiros. COMENTÁRIOS. O art. 191, CC estabelece que é possível a renúncia da prescrição. No entanto estabelece que essa renúncia só valerá se for feita sem prejuízo de terceiros e depois que a prescrição se consumar. Portanto é nula a cláusula que estabelece a renúncia antecipada da prescrição. Da mesma forma, estabelece o art. 209, CC que é nula a renúncia da decadência fixada em lei. Gabarito: “D”. 07) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Tício é Tabelião de um determinado Cartório de Notas e Protestos de uma cidade do Estado do Rio de Janeiro. Mauro compareceu em um determinado dia para elaboração de uma procuração pública para sua irmã vender um imóvel de sua propriedade situado na cidade de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul. Realizada a escritura Mauro não pagou as custas e emolumentos inerentes ao ato. Neste caso, para cobrança das custas e emolumentos, o Tabelião Tício terá o prazo prescricional de (A) 02 anos. (B) 01 ano. (C) 03 anos. (D) 04 anos. (E) 05 anos. COMENTÁRIOS. Nos termos do art. 206, §1°, III, CC a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários é de 01 (um) ano. Gabarito: “B”. 08) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Miguel ajuizou ação de indenização contra Mauro, julgada procedente. Antes de transitar em julgado a sentença, quando ainda tramitava recurso de apelação, Mauro e Miguel resolveram assinar um termo, aumentando em um ano o prazo prescricional para cobrança das despesas desembolsadas pelas partes no curso do litígio. Mantida a sentença pelo E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, para cobrança das despesasdespendidas em juízo do vencido Mauro, Miguel terá, a partir do trânsito em julgado, o prazo prescricional, de acordo com o CC, de (A) 6 anos. (B) 5 anos. (C) 3 anos. (D) 1 ano. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 60 (E) 2 anos. COMENTÁRIOS. O prazo prescricional para se cobrar as despesas desembolsadas pelas partes no curso do litígio é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 206, §5°, CC. Acrescente-se que o acordo feito por Mauro e Miguel aumentando o prazo prescricional é nulo, pois no termos do art. 192, CC, os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Ficamos com os cinco anos mesmo. Gabarito: “B”. 09) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Joaquim é proprietário de um imóvel residencial urbano situado na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Barra da Tijuca. Após mudar-se para a cidade de São Paulo a trabalho, Joaquim mantém o imóvel no Rio de Janeiro e o alugou para Manoel, pelo prazo de trinta e seis meses a partir de 1° de Janeiro de 2011. No dia 1° de Dezembro de 2011, Manoel, após deixar de pagar quatro meses de aluguel (Agosto, Setembro, Outubro e Novembro), resolveu abandonar o imóvel e entregou as chaves do mesmo na imobiliária. Manoel, no dia 1° de Dezembro de 2012, encaminhou uma carta ao Joaquim desculpando-se pelos transtornos e reconhecendo o débito locatício perante o ex-locador, carta esta recebida no mesmo dia por Joaquim. Neste caso, a fim de evitar a consumação do prazo prescricional para cobrança dos alugueis e encargos locatários, nos termos preconizados pelo Código Civil Brasileiro, Joaquim deverá ajuizar a respectiva ação até o dia (A) 1° de dezembro de 2014. (B) 1° de dezembro de 2015. (C) 1° de dezembro de 2013. (D) 1° de dezembro de 2016. (E) 1° de dezembro de 2017. COMENTÁRIOS. O prazo prescricional começou a correr no dia em que Manoel encaminhou a carta a Joaquim, reconhecendo o débito locatício (inclusive pedindo desculpas pelos “transtornos”). O prazo estabelecido no art. 206, §3°, I, CC é de três anos, portanto o correto é (B) 1° de dezembro de 2015. Gabarito: “B”. 10) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Se a decadência for convencional, nos termos preconizados pelo Código Civil Brasileiro, a parte a quem aproveita pode alegá-la (A) em qualquer grau de jurisdição, e o juiz poderá suprir a alegação. (B) em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. (C) até o término do prazo para contestação, mas o juiz não pode suprir a alegação. (D) até o término do prazo para contestação, e o juiz poderá suprir a alegação. (E) até a data da prolação da sentença de primeiro grau, mas o juiz não pode suprir a alegação. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 61 COMENTÁRIOS. Nos termos do art. 211, CC, se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. Gabarito: “B”. 11) (FCC – DPE/AM – Defensor Público – 2013) A prescrição (A) deve ser arguida em preliminar de contestação, sob pena de preclusão. (B) não corre contra o relativamente incapaz. (C) pode ser convencionada entre as partes. (D) não corre contra ascendentes e descendentes, mesmo depois de extinto o poder familiar. (E) é interrompida pelo protesto cambial. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a prescrição pode ser arguida em qualquer fase do processo e em qualquer grau de jurisdição (art. 193, CC), podendo, inclusive, ser reconhecida de ofício pelo Juiz. A letra “b” está errada, pois segundo o art. 198, I, CC a prescrição não corre contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC (ou seja, os absolutamente incapazes: menores de 16 anos). A letra “c” está errada, pois nos termos do art. 192, CC, os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. A letra “d” está errada, pois a prescrição não corre entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar (art. 197, II, CC). A letra “e” está certa, pois de fato a prescrição pode ser interrompida pelo protesto cambial (art. 202, III, CC). Gabarito: “E”. 12) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2013) Interrompe-se a prescrição (A) se o credor vier a sofrer interdição, em virtude de incapacidade absoluta. (B) somente por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor, ou pela citação válida, desde que ordenada por juiz competente. (C) por protesto judicial, mas não por protesto cambial. (D) por despacho de juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual, ou por protesto judicial. (E) se o credor se ausentar do Brasil, em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios. COMENTÁRIOS. As letras “a” e “e” estão erradas, pois são hipóteses de suspensão da prescrição (art. 198, I e II, CC). Lembrando que a interdição não torna mais a pessoa absolutamente incapaz. De acordo com a Lei n° 13.146/2015, que alterou dispositivos do Código Civil, somente o menor de 16 anos é absolutamente incapaz. A letra “b” está errada por causa da expressão “somente”. A letra “c” está errada, pois tanto o protesto judicial quanto o cambial interrompem a prescrição. A letra “d” está correta nos termos do art. 202, I, CC. Gabarito: “D”. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 62 13) (FCC – MPE/SE – Analista Ministerial – Direito – 2013) É CORRETO afirmar: (A) como regra, as causas interruptivas da prescrição aplicam-se igualmente aos prazos decadenciais. (B) a interrupção da prescrição poderá ocorrer quantas vezes ocorram e se provem as causas interruptivas. (C) a prescrição iniciada contra uma pessoa interrompe- se com sua morte e deixa de correr contra o seu sucessor. (D) quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. (E) não correm os prazos prescricionais contra os relativamente incapazes e contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas. COMENTÁRIOS. A letra "a" está errada, pois segundo o art. 207, CC: Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. A letra "b" está errada, pois a interrupção somente pode ocorrer uma vez, nos termos do art. 202, CC: A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á (...). A letra "c" está errada, pois estabelece o art. 196, CC: A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. A letra "d" está correta nos exatos termos do art. 200, CC: Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. A letra "e" está errada, pois prevê o art. 198, CC: Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3° (absolutamente incapazes: menores de 16 anos); II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. Gabarito: “D”. 14) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) Gabriela, advogada, pretende ajuizar ação ordinária objetivando o recebimento de honorários advocatícios pactuados entre ela e o Condomínio “XS”. Considerandoque os serviços de Gabriela foram concluídos em agosto de 2011 com o término do contrato existente entre as partes, a pretensão de Gabriela para cobrança de seus honorários (A) só prescreverá se transcorrido o prazo geral de quinze anos. (B) já prescreveu em agosto do ano de 2012. (C) já prescreveu em agosto do ano de 2013. (D) ainda não prescreveu, uma vez que o prazo prescricional neste caso é de três anos. (E) ainda não prescreveu, uma vez que o prazo prescricional neste caso é de cinco anos. COMENTÁRIOS. Segundo o art. 206, §5°, II, CC, é de cinco anos a prescrição da pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 63 professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato. Gabarito: “E”. 15) (FCC – MPE/MA – Analista Ministerial – Direito – 2013) Josué e Serafina foram casados durante 15 anos e tiveram apenas um filho, Téo, que completou 18 anos neste ano de 2013. Josué e Serafina resolvem se divorciar amigavelmente também neste ano de 2013 e estabelecem o pagamento de pensão alimentícia mensal por Josué em favor de Téo, que iniciou o curso de Direito em uma Universidade particular, no valor de R$ 3.500,00. Havendo inadimplemento por parte de Josué, para cobrança das prestações vencidas, Téo deverá observar o prazo prescricional de (A) 1 ano. (B) 2 anos. (C) 3 anos. (D) 4 anos. (E) 5 anos. COMENTÁRIOS. Embora completando 18 anos a pessoa se torne maior e capaz, os pais ainda continuam obrigados ao pagamento da pensão alimentícia. Ou seja, ao atingir 18 anos a exoneração de pensão alimentícia não é automática, sendo preciso comprovar que o contemplado não necessita mais do benefício. Se o favorecido ainda estiver cursando ensino médio ingresse em algum curso superior, o alimentado pode continuar recebendo a pensão até completar os 24 anos ou até o fim do curso superior (o que vier primeiro). Assim, no caso concreto Téo tem o direito de receber a pensão. No entanto o valor das prestações pode prescrever. Segundo estabelece o art. 206, §2°, CC, prescreve em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. Gabarito: “B”. 16) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso – Analista de Contas – Direito – 2013) A decadência (A) nunca pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, dependendo sempre de arguição pela parte interessada. (B) decorre sempre de lei, não podendo ser prevista em contrato. (C) é a perda de um direito pelo não exercício no prazo estabelecido. (D) pode, a qualquer tempo, ser renunciada pela parte a quem aproveita. (E) ocorre, em regra, em dez anos, contados da efetivação do negócio. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a decadência legal deve ser reconhecida de ofício (art. 210, CC). A letra “b” está errada, pois o art. 211, CC, prevê expressamente a decadência convencional. A letra “c” está correta, pois trata-se do conceito (simples e genérico) de decadência. A letra “d” está errada, pois dispõe o art. 209, CC que é nula a renúncia à decadência fixada em lei. A letra “e” está errada, pois no tocante à decadência não há uma regra geral. O prazo de 10 anos se refere à prescrição, nos termos do art. 205, CC. Gabarito: “C”. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 64 17) (TRT/3ª Região/MG – Magistratura do Trabalho – 2013) Relativamente à prescrição e à decadência, com base no Código Civil, é INCORRETO afirmar: (A) dado que não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição, o prazo decadencial corre contra os absolutamente incapazes. (B) é nula a renúncia à decadência fixada em lei. (C) se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. (D) os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. (E) a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar. COMENTÁRIOS. A alternativa “a” está errada. Em regra, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição, mas pode haver exceção legal, como é o caso do art. 208, CC: Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. Este último é um dispositivo impeditivo ou suspensivo da prescrição (também não corre a prescrição: I. contra os incapazes de que trata o art. 3°). A letra “b” está correta nos termos do art. 209, CC. A letra “c” está correta nos termos do art. 211, CC. A letra “d” está correta nos termos do art. 192, CC e a letra “e” está correta nos termos do art. 191, CC. Gabarito: “A”. 18) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas – Analista Judiciário – 2013) Cauã, então com 9 anos, foi obrigado por Romualdo, durante três anos, a trabalhar em regime análogo à escravidão. Neste período, foi submetido a trabalhos forçados, que lhe causaram danos morais. Seis anos depois, ajuizou ação compensatória contra Romualdo. Este, por sua vez, alegou prescrição. A alegação de Romualdo (A) não procede, pois o caso espelha hipótese de decadência, não de prescrição. (B) procede, pois se passaram mais de três anos do fato que originou a pretensão. (C) procede, pois se passaram mais de cinco anos do fato que originou a pretensão. (D) não procede, pois o prazo de prescrição para pretensão de reparação civil não se consumou. (E) não procede, pois fatos graves são imprescritíveis. COMENTÁRIOS. De fato, a prescrição da pretensão de reparação civil (no caso “ação compensatória”) ocorre em 3 anos (art. 206, §3°, V, CC). No entanto, como Cauã tinha 9 anos de idade quando começou a trabalhar em regime análogo à escravidão e ficou 3 anos nesta situação, quando a situação terminou ele tinha apenas 12 anos. Portanto era absolutamente incapaz (art. 3°, CC) e a prescrição não corre contra ele (art. 198, I, CC). A prescrição somente começa a correr quando Cauã completar 16 anos (passa a ser relativamente incapaz). No momento DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 65 da propositura da ação já havia se passado mais 6 anos, portanto Cauã já estava com 18 anos. Assim, iniciando-se a contagem do prazo prescricional de 3 anos no momento em que Cauã completou 16 anos, ele poderia propor a ação até os seus 19 anos. Como propôs aos 18 anos, a ação ainda não estava prescrita. Concluindo: não procede a alegação de Romualdo, pois o prazo de prescrição para pretensão de reparação civil não se consumou. Gabarito: “D”. 19) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Consultor Legislativo – 2013) A interrupção da prescrição (A) por um credor aproveita aos outros; por outro lado, a interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, prejudica aos demais coobrigados. (B) contra o devedor solidário não envolve os demais e seus herdeiros. (C) contra um dos herdeiros do devedor solidário, tratando-se de obrigações e direitos indivisíveis, não prejudica os outros herdeiros ou devedores. (D) produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. (E) por um dos credores solidários não aproveita os outros. COMENTÁRIOS. Esta questão trata do art. 204, e seus parágrafos, do CC. É uma questão “chatinha”, pois este artigo é um tanto complexo. Porém elaexige apenas a literalidade do dispositivo. Vejamos. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 204, caput: A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. A letra “b” está errada, pois dispõe o §1°, segunda parte: a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. A letra “c” está errada, pois prevê o §2°: A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. A letra “d” está correta nos termos do §3°: A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. Finalmente a letra “e” está errada, pois prescreve o §1°, primeira parte: A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros. Gabarito: “D”. 20) (TJ/DFT – Juiz de Direito – 2013) Em atenção ao que o Código Civil estabelece sobre os institutos da prescrição e da decadência, analise as proposições abaixo e assinale a alternativa CORRETA. I. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e pode ocorrer antes ou depois de se consumar o prazo. II. Eventual reconhecimento do direito pelo devedor não constitui causa interruptiva do prazo prescricional. III. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. IV. A renúncia à decadência fixada em lei é válida, se feita depois que se consumar o prazo decadencial. (A) apenas as proposições I e IV estão corretas. (B) apenas as proposições II e III estão corretas. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 66 (C) apenas a proposição III está correta. (D) as proposições I, II, III e IV estão corretas. COMENTÁRIOS. O item I está errado, nos termos do art. 191, CC: A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar. O item II está errado, pois estabelece o art. 202, VI, CC: A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: (...) VI. por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. O item III está correto nos termos do art. 201, CC: Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. O item IV está errado, pois de forma categórica dispõe o art. 209. CC: É nula a renúncia à decadência fixada em lei. Gabarito: “C” (apenas a proposição III está correta). 21) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas – Analista Judiciário – 2013) Alberto, locatário de prédio urbano, deixou de pagar a Gilberto, locador, o aluguel referente a março de 2009. Em março de 2010, porém, encaminhou carta a Gilberto informando que somente não efetuou o pagamento porque estava em dificuldades financeiras à época. Disse ainda não negar a dívida e prometeu pagá- la em breve. Entretanto, como Alberto não cumpriu o prometido, em fevereiro de 2013 Gilberto ajuizou ação de cobrança do aluguel de março de 2009. Em contestação, Alberto alegou prescrição. Alberto está (A) errado, porque não se ultimou o prazo prescricional, de 5 anos. (B) correto, porque o prazo prescricional somente teria sido interrompido se a manifestação de Alberto tivesse ocorrido em via judicial. (C) correto, porque apenas atos do credor interrompem o prazo prescricional. (D) errado, porque a carta encaminhada a Gilberto interrompeu o prazo prescricional. (E) correto, porque, ainda que seu ato tenha interrompido a prescrição, ultimou- se o prazo prescricional, de 1 ano. COMENTARIOS. Ao enviar a carta a Gilberto reconhecendo sua dívida, Alberto fez com que o prazo prescricional se interrompesse, nos termos do art. 202, VI, CC (por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor). Gabarito: “D”. 22) (FJG-RIO – Assessor Jurídico da Secretaria Municipal de Administração do Rio de Janeiro – 2014) Consideram-se fatos humanos voluntários os que: (A) resultam de atuação humana e influem sobre as relações de direito. (B) independem da vontade do homem, embora atinjam situação jurídica subjetiva. (C) compreendem o acontecimento natural capaz de produzir efeitos jurídicos. (D) originam declaração de vontade destinada à autonomia privada. COMENTÁRIOS. Os fatos jurídicos humanos podem ser voluntários ou involuntários. Os voluntários são os atos lícitos (art. 185, CC), resultantes da DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 67 atuação humana e influindo sobre as relações de direito (letra “a” correta). Os involuntários são os atos ilícitos. As demais alternativas estão erradas. As letras "b" e "c" dizem respeito ao fato jurídico natural e a letra "d" ao negócio jurídico. Gabarito: “A”. 23) (FJG-RIO – Prefeitura do Rio de Janeiro – Advogado – 2014) A possibilidade de interferir na esfera jurídica de outro indivíduo, sem experimentar resistência, denomina-se: (A) faculdade. (B) poder jurídico. (C) direito subjetivo. (D) direito potestativo. COMENTÁRIOS. Direito Potestativo é o poder que o agente tem de influir na esfera jurídica de outrem, constituindo, modificando ou extinguindo direitos, sem que este possa fazer qualquer coisa (resistir), senão sujeitar-se a sua vontade. Exemplo clássico: aceitar ou renunciar à herança. Ninguém pode me obrigar a aceitar uma herança; eu aceito se eu quiser. E a minha conduta em não aceitar a herança pode refletir em outras pessoas (nos meus filhos que não terão direito a estes bens, nos outros herdeiros que poderão acrescer o seu quinhão, etc.). Mas estas outras pessoas (lado passivo da relação jurídica) limitam-se apenas em se sujeitar ao exercício da minha vontade. Outros exemplos: a) direito do empregador em demitir seu empregado; a este cabe apenas se conformar e aceitar esta condição, tendo seus direitos trabalhistas respeitados; b) divórcio. Se um dos cônjuges quiser se divorciar o outro apenas deve se conformar com tal situação. O direito potestativo não se confunde com o direito subjetivo, porque ao direito subjetivo se contrapõe um dever, o que não ocorre com o direito potestativo. Além disso, o direito potestativo extingue-se pela decadência enquanto o direito subjetivo é extinto pela prescrição. Gabarito: “D”. 24) (FCC – TRF/3ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere: I. A prescrição entre cônjuges, após o casamento, na constância da sociedade conjugal. II. Ação de evicção pendente. III. Ato judicial que constitua em mora o devedor. IV. Ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. De acordo com o Código Civil brasileiro, considera-se hipótese de interrupção da prescrição o que consta APENAS em (A) I e IV. (B) I e II. (C) I, II e III. (D) II, III e IV. (E) III e IV. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 68 COMENTÁRIOS. O item I é hipótese de suspensão da prescrição (art. 197, I, CC). O item II é hipótese de suspensão da prescrição (art. 199, III, CC). Observem que as hipóteses de interrupção estão previstas no art. 202, CC. O item III está previsto no inciso V e o item IV está previsto no inciso VI. Gabarito: “E” (são hipóteses de interrupção da prescrição os itensIII e IV). 25) (FCC – TRF/3ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere as seguintes situações hipotéticas: I. Minerva emprestou R$ 10.000,00 para sua amiga Glaucia, uma vez que a mesma necessitava saldar despesas hospitalares de seu filho. As amigas celebraram confissão de dívida assinada por duas testemunhas idôneas, dívida esta não saldada por Glaucia. II. Lurdes Maria é contadora. No ano de 2012, Lurdes prestou seus serviços profissionais para a Família Silva, elaborando as declarações de imposto de renda do Sr. e Sra. Silva, bem como de seus dois filhos, cobrando pelos serviços o valor de quatro salários mínimos. A família Silva não efetuou o pagamento dos serviços de Lurdes Maria. III. Hortência alugou seu conjunto comercial para Amanda que está lhe devendo R$ 20.000,00 pelo não pagamento do aluguel referente aos últimos quatro meses. Nestes casos, de acordo com o Código Civil brasileiro, em regra, prescreverá em cinco anos, APENAS (A) a pretensão de Minerva. (B) a pretensão de Hortência. (C) as pretensões de Minerva e Hortência. (D) as pretensões de Lurdes Maria e Hortência. (E) as pretensões de Minerva e Lurdes Maria. COMENTÁRIOS. No item I, a confissão de dívida assinada por Gláucia se encaixa na situação prevista no art. 206, §5°, I (pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular); assim sendo Minerva tem 05 (cinco) anos para propor a ação contra Gláucia. No item II, a hipótese se encaixa na situação prevista no art. 206, §5°, II (pretensão dos profissionais liberais em geral); assim sendo Lurdes Maria também tem 05 (cinco) anos para propor a ação contra a Família Silva. No item III, a hipótese se encaixa na situação prevista no art. 206, §3°, I (pretensão relativa a alugueis de prédios urbanos ou rústicos); assim sendo Hortência tem 03 (três) anos para propor a ação contra Amanda. Gabarito: “E”. 26) (FCC – TRF/4ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere: I. A pretensão dos peritos pela percepção de honorários. II. A pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa. III. A pretensão de reparação civil. IV. A pretensão dos profissionais liberais em geral pelos seus honorários. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 69 De acordo com o Código Civil brasileiro, as pretensões mencionadas prescrevem, respectivamente, em (A) 3, 5, 3 e 5 anos. (B) 1, 2, 3 e 3 anos. (C) 1, 3, 5 e 5 anos. (D) 1, 3, 3 e 5 anos. (E) 3, 3, 5 e 5 anos. COMENTÁRIOS. I. A pretensão dos peritos pela percepção de honorários = 1 ano – 206, §1°, III, CC. II. A pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa = 3 anos – 206, §3°, IV, CC. III. A pretensão de reparação civil = 3 anos – 206, §3°, V, CC. IV. A pretensão dos profissionais liberais em geral pelos seus honorários = 5 anos – 206, §5°, II, CC e art. 25, da Lei 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e da OAB). Gabarito: “D” (1, 3, 3, 5). 27) (FCC – Companhia do Metropolitano de São Paulo – METRÔ – Advogado – 2014) Com relação à prescrição, considere: I. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, bem como a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa. II. A interrupção da prescrição operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. III. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, não aproveitará os outros se a obrigação for indivisível. IV. Prescreve em cinco anos a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela. Está CORRETO o que consta APENAS em (A) I, III e IV. (B) I, II e III. (C) III e IV. (D) II e IV. (E) I e II. COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 206, §3°, V e IV, respectivamente. O item II está correto nos termos do art. 204, §2°, CC. O item III está errado, pois estabelece o art. 201, CC: Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. O item IV está errado, pois nessa hipótese a prescrição se opera em 03 (três) anos (art. 206, §3°, III, CC). Gabarito: “E” (estão corretos os itens I e II). 28) (FCC – Procurador Judicial – Recife/PE – 2014) Bruno emprestou dinheiro a Arnaldo no ano de 1980, estipulando que a devolução do montante deveria ocorrer ainda naquele ano. No entanto, a obrigação não foi cumprida no prazo. Em 2013, Arnaldo realiza o pagamento, com juros e correção monetária. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 70 Logo depois, porém, é alertado por seu advogado de que, passados 33 anos, Bruno não poderia realizar cobrança judicial do valor. Por tal razão, Arnaldo ajuíza ação em que requer a devolução da quantia paga, a qual deverá ser julgada (A) improcedente, pois o pagamento de débito prescrito não autoriza pedido de devolução da quantia paga. (B) procedente, pela vedação ao enriquecimento ilícito. (C) improcedente, pois o pagamento de débito sobre o qual se operou decadência não autoriza pedido de devolução da quantia paga. (D) procedente, pois havia se operado a prescrição. (E) procedente, pois havia se operado a decadência. COMENTÁRIOS. De fato, passados tantos anos, a dívida está irremediavelmente prescrita. Portanto a essa dívida passou a ser considerada como obrigação natural, ou seja, obrigação sem proteção judicial, pois não pode mais ser exigida pelo credor. No entanto, se o devedor pagou espontaneamente a dívida, esse pagamento valeu. O devedor não pode pedir a restituição do valor desembolsado. Prevê o art. 882, CC: “Não se pode repetir (pedir de volta) o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível”. Assim sendo a ação proposta por Arnaldo será julgada improcedente. Gabarito: “A”. 29) (FCC – SEFAZ/PE – Auditor Fiscal do Tesouro Estadual – 2014) Em relação à prescrição e à decadência, é CORRETO afirmar: (A) A prescrição só poderá ser alegada, pela parte a quem aproveita, em primeiro grau de jurisdição, podendo a decadência, porém, ser alegada em qualquer grau de jurisdição. (B) O juiz deve conhecer de ofício da decadência, mas não da prescrição, que exige a iniciativa da parte. (C) A prescrição iniciada contra uma pessoa deixa de correr contra o seu sucessor, interrompendo-se. (D) Os prazos de prescrição podem ser alterados por acordo das partes, se disserem respeito a direitos patrimoniais. (E) Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Tanto a prescrição como a decadência podem ser alegadas em qualquer grau de jurisdição. Art. 193, CC: A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. Art. 211, CC: Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. A letra “b” está errada, pois a prescrição e a decadência legal podem ser reconhecidas de ofício pelo juízo. No entanto, convém salientar que de acordo com o art. 332, §1°, CPC/2015, é possível que o juiz julgue “liminarmente se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição”. No entanto, instaurada a relação processual, o juiz somente poderá reconhecer a prescrição e a decadência depois de dar à outra parte, oportunidade de se manifestar (parágrafo DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. LauroEscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 71 único, do art. 487, CPC/2015). Segundo o art. 210, CC, deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. A letra “c” está errada, pois estabelece o art. 196, CC: A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. A letra “d” está errada, pois dispõe o art. 192, CC: Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. A letra “e” está correta, pois prevê o art. 211, CC: Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. Gabarito: “E”. 30) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) “J” sofreu danos, causados por “Y”, quando tinha 5 anos de idade. De acordo com o Código Civil, conhecido o autor do dano desde a sua perpetração, o prazo prescricional, para a pretensão de responsabilização civil, de (A) 5 anos, começa a ser contado da prática do dano. (B) 3 anos, começa a ser contado da prática do dano. (C) 3 anos, começa a ser contado com a cessação da incapacidade absoluta de J. (D) 3 anos, começa a ser contado do dia em que J atingir a maioridade civil. (E) 5 anos, começa a ser contado do dia em que J atingir a maioridade civil. COMENTÁRIOS. Como “J” sofreu danos quando tinha cinco anos de idade (absolutamente incapaz), o prazo de prescrição não corre, iniciando seu fluxo somente quando cessar essa incapacidade. Art. 198, CC: Também não corre a prescrição: I. contra os incapazes de que trata o art. 3° (absolutamente incapazes: menores de 16 anos). Portanto, assim que fizer 16 anos (cessar sua incapacidade absoluta, pois a prescrição corre contra os relativamente incapazes), inicia-se a contagem de 03 (três) anos para a propositura da ação. Art. 206, CC: Prescreve: (...) §3° Em três anos: (...) V. a pretensão de reparação civil. Gabarito: “C”. 31) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) P e R firmaram contrato pelo qual P se obrigou a pagar quantia líquida a R. No instrumento contratual, estabeleceram que, se não pago o débito, o prazo de prescrição para cobrança da dívida seria aumentado de 5 para 10 anos. Sete anos depois do vencimento do prazo, R ajuizou ação de cobrança, a qual foi julgada procedente. Em apelação, P alegou prescrição, o que não havia feito em primeira instância. O Tribunal (A) não poderá reconhecer a ocorrência da prescrição, porque o contrato obriga as partes contratantes, inclusive no que toca à alteração dos prazos prescricionais, além de ter ocorrido preclusão. (B) não poderá reconhecer a ocorrência da prescrição, porque, embora a questão não preclua, o contrato obriga as partes contratantes, inclusive no que toca à alteração dos prazos prescricionais. (C) deverá reconhecer a ocorrência da prescrição, pois os prazos prescricionais não podem ser alterados por acordo de vontades e porque a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 72 (D) poderá reconhecer a ocorrência da prescrição apenas se R for absolutamente incapaz, pois esta condição impede que as partes alterem, por acordo de vontades, os prazos prescricionais, além de evitar a preclusão. (E) poderá reconhecer a ocorrência da prescrição apenas se P for absolutamente incapaz, pois esta condição impede que as partes alterem os prazos prescricionais, por acordo de vontades, além de evitar a preclusão. COMENTÁRIOS. A questão exige a conjugação de dois dispositivos. Art. 192, CC: Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Art. 193, CC: A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. Assim, a prescrição deve ser reconhecida, uma vez que os prazos não podem ser alterados, sendo que o pedido pode ser feito na apelação, não ocorrendo a preclusão quanto a isso. Gabarito: “C”. 32) (FCC – TCM/RJ – Auditor-Substituto de Conselheiro – 2015) Carlos e Roberto celebraram contrato de natureza civil no âmbito do qual estipularam que, no caso de as partes pretenderem reparação civil, o prazo legal de prescrição, de três anos, seria majorado para cinco. Tendo tido direito violado, Carlos ajuizou ação contra Roberto quatro anos depois do nascimento da pretensão. Carlos é relativamente incapaz e foi devidamente assistido quando da celebração do negócio. A pretensão (A) está prescrita e assim deverá ser declarada desde que a requerimento de Roberto, vedado ao juiz conhecê-la de ofício. (B) não está prescrita, porque, embora inválida a cláusula que altera o prazo de prescrição, esta não corre contra o relativamente incapaz. (C) está prescrita e assim deverá ser declarada, inclusive de ofício, pelo juiz. (D) não está prescrita, porque, embora corra a prescrição contra o relativamente incapaz, a ação foi ajuizada dentro do prazo estipulado em cláusula contratual, que é válida. (E) não está prescrita, porque não corre a prescrição contra o relativamente incapaz e porque a ação foi ajuizada dentro do prazo estipulado em cláusula contratual, que é válida. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois atualmente, com a revogação do art. 194, CC, não há proibição de o juiz conhecer a prescrição de ofício. No entanto, convém salientar uma ressalva, de acordo com o novo Código de Processo Civil (Lei n° 13.105/2015). O art. 332, §1°, CPC/2015, permite que o juiz julgue “liminarmente se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição”. Portanto, no caso concreto o juiz poderia reconhecer a prescrição de ofício. No entanto, instaurada a relação processual o juiz somente poderá reconhecer a prescrição e a decadência depois de dar à outra parte, oportunidade de se manifestar (parágrafo único, do art. 487, CPC/2015). A letra “b” está errada. O fato de Carlos ser relativamente incapaz em nada altera o prazo prescricional, uma vez que, segundo o art. 198, I, CC, este não corre contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC (ou seja, os absolutamente incapazes). No entanto, é interessante complementar que, nos termos do art. 195, CC, os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 73 assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. A letra “c” está correta. Segundo o art. 192, CC, os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes (matéria de ordem pública). Portanto a cláusula no contrato que altera o prazo prescricional é nula, não gerando qualquer efeito legal. Por outro lado, o prazo prescricional relativo à pretensão de reparação civil é de 03 (três) anos, nos termos do art. 206, §3°, III, CC. Como já se passaram 04 (quatro) anos após o nascimento da pretensão, está irremediavelmente prescrita, sendo que isso pode ser declarado de ofício pelo magistrado. No entanto o relativamente incapaz tem direito de ação contra seu assistente que ficou inerte, permitindo que ocorresse a prescrição. As letras “d” e “e” estão erradas, pois a cláusula contratual não pode contradizer texto legal, especialmente em se tratando de uma norma de ordem pública que proíbe estipulação em contrário. Além disso, como já mencionado, a prescrição corre normalmente contra os relativamente incapazes. Gabarito: “C”. 33) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2015) Em relação às causas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição,(A) interrompe-se a prescrição por ato inequívoco, desde que exclusivamente judicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. (B) não corre a prescrição pendendo condição suspensiva, não estando vencido o prazo ou pendendo ação de evicção. (C) a interrupção da prescrição só se dará em benefício do credor e só por ele poderá ser requerida. (D) não corre a prescrição entre ascendentes e descendentes, vitaliciamente em razão da proximidade do vínculo parental. (E) não corre a prescrição pendendo condição resolutiva, entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal, ou pendendo ação redibitória. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois dispõe o art. 202, VI, CC que a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á (...) por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. A letra “b” está correta nos exatos termos do art. 199, I, CC. A letra “c” está errada, pois prevê o art. 203, CC que a prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado (ainda que ele não seja credor propriamente dito, como por exemplo, o fiador do credor). A letra “d” está errada, pois determina o art. 197, CC que não corre a prescrição entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (e não vitaliciamente, como na alternativa). A letra “e” está errada, pois o Código Civil (art. 199) estabelece que não corre a prescrição pendendo condição suspensiva (e não resolutiva) e nada fala sobre ação redibitória (mas sim ação de evicção). Gabarito: “B”. 34) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas – 2015) No tocante à interrupção da prescrição, (A) pode ser interrompida por despacho do juiz, desde que competente para o feito, que ordenar a citação, se o interessado a promover nos termos da lei processual. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 74 (B) havendo solidariedade entre devedores, atinge a todos, devedor principal e fiador. (C) operada contra um dos herdeiros do devedor solidário, não prejudica os outros herdeiros ou devedores, em nenhuma hipótese. (D) só pode ser interrompida pelo credor. (E) quando operada por um dos credores solidários, não aproveita aos demais. COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 202, CC: A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I. por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. A letra “b” está correta nos termos do art. 204, §3°, CC: A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. A letra “c” está errada. Art. 204, §2° A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. A letra “d” está errada. Art. 203, CC: A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. A letra “e” está errada. Art. 204, §1°, CC: A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. Gabarito: “B”. 35) (FCC – TCE/CE – Procurador de Contas – 2015) Em relação à prescrição, considere: I. As pretensões que protegem os direitos da personalidade e as que se vinculam ao estado das pessoas são imprescritíveis, como regra geral. II. Não corre a prescrição entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal. III. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. IV. A prescrição só pode ser interrompida pelo titular do direito violado. V. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. Está CORRETO o que se afirma APENAS em (A) I, II, III e V. (B) II, III, IV e V. (C) I, II e III. (D) II, III e IV. (E) I, IV e V. COMENTÁRIOS. O item I está correto. A prescritibilidade é a regra. No entanto, há exceções. São imprescritíveis, entre outras, as ações que versam sobre: os direitos que protegem a personalidade, como a vida, a honra, o nome, a liberdade, a intimidade, a própria imagem, as obras literárias, artísticas ou científicas, etc.; o estado da pessoa, como filiação (ex.: investigação de paternidade), condição conjugal (separação judicial, divórcio), interdição dos incapazes, cidadania, etc.; o direito de família no que concerne à questão inerente à pensão alimentícia, vida DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 75 conjugal, regime de bens, etc. O item II está correto. Estabelece o art. 197, I, CC: Não corre a prescrição entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal. O item III está correto. Dispõe o art. 196, CC: A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. O item IV está errado. O art. 203, CC, prevê que a prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. Portanto, a interrupção pode ser promovida pelo próprio titular do direito e também por aqueles que tenham algum interesse jurídico, como os representantes legais, os credores, herdeiros, fiadores ou avalistas da pessoa que tem crédito a receber e que está em via de prescrição, etc. O item V está correto, pois estabelece o art. 190, CC que a exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. Gabarito: “A” (estão corretos os itens I, II, III e V). 36) (FCC – TCE/CE – Analista de Controle Externo/Jurídica – 2015) Tício, pessoa absoluta incapaz, foi agredido por Caio, sofrendo danos morais. A pretensão de Tício de se ver compensado pelos danos causados por Caio (questão adaptada pelo professor em virtude de alteração legislativa) (A) decai em 4 anos. (B) prescreve em 3 anos. (C) decai em 2 anos. (D) não prescreve enquanto não se tornar maior de idade. (E) prescreve em 10 anos. COMENTÁRIOS. Segundo o art. 198, I, CC, a prescrição não corre contra os absolutamente incapazes (art. 3°, CC). Como Tício é absolutamente incapaz, a sua pretensão de se ver compensado pelos danos causados por Caio não prescreve enquanto durar sua incapacidade. Como atualmente (em virtude da edição da Lei n° 13.146/2015) a única hipótese de incapacidade total é a menoridade (menores de 16 anos), pode-se afirmar que sua pretensão não prescreve enquanto não se tornar maior de idade. Gabarito: “D”. 37) (FCC – Prefeitura de Manaus/AM – MANAUSPREV – Procurador Autárquico – 2015) Aos 20 anos de idade, Cássio ajuizou ação de reparação de dano, fundada na responsabilidade civil, contra Roberto, seu pai, em razão de fato ocorrido quando tinha 9 anos. A pretensão (A) não está prescrita, pois não corre prescrição entre pai e filho, ainda que cessado o poder familiar. (B) não está prescrita, pois não corre a prescrição contra os relativa e absolutamente incapazes. (C) está prescrita, pois o prazo de 10 anos, iniciado quando Cássio tinha 9 anos de idade, já se consumou. (D) está prescrita, pois o prazo de 3 anos, iniciado quando Cássio tinha 16 anos de idade, já se consumou. (E) não está prescrita, pois não corre a prescrição durante o poder familiar. COMENTÁRIOS. A ação de reparação de danos prescreve em 03 (três) anos, nos termos do art. 206, §3°, CC. E de fato a prescrição não corre durante o poder DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 76 familiar nos termos do art. 197, II, CC: Não corre a prescrição: II. entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar.Como o dies a quo (início da contagem) se iniciou quando cessou o poder familiar (18 anos), e tendo Cássio 20 anos, a prescrição ainda não se consumou. Gabarito: “E”. 38) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) Depois de divorciar-se, Jorge foi obrigado, por decisão transitada em julgado, a pagar alimentos mensais a Ricardo, seu filho, então com 8 anos. Os alimentos jamais foram pagos. Ao completar 18 anos, Ricardo ajuizou ação contra Jorge, pugnando pelo pagamento dos alimentos vencidos nos 10 anos anteriores ao ajuizamento da ação. Jorge, por sua vez, contestou alegando apenas prescrição da totalidade da pretensão. Durante a menoridade, Ricardo permaneceu sob a guarda da mãe. Logo após o divórcio, Jorge contraiu novas núpcias. A pretensão de Ricardo deve ser (A) acolhida em parte, pois o prazo prescricional passou a fluir no dia seguinte em que Ricardo completou 16 anos, tornando-se relativamente incapaz, o qual possui ação regressiva contra o assistente que deu causa à prescrição. (B) desacolhida, pois, com o divórcio, extingue-se o poder familiar em relação ao cônjuge que não detém a guarda. (C) integralmente acolhida, pois não corre a prescrição durante o poder familiar. (D) desacolhida, pois, com a constituição de nova família, extingue-se o poder familiar quanto ao filho do relacionamento anterior. (E) integralmente acolhida, pois não corre a prescrição contra o absolutamente incapaz. COMENTÁRIOS. A pretensão de Ricardo (filho) deve ser acolhida, sendo que Jorge deverá pagar toda a dívida referente aos alimentos vencidos. Isso porque, segundo o art. 197, II, CC, não corre a prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar. Portanto, somente após a extinção do poder familiar (18 anos) é que o prazo prescricional começa a fluir. Gabarito: “C”. 39) (FCC – Auditor Fiscal da Receita Estadual – ICMS/RJ – 2014) No trabalho intitulado critério científico para distinguir a prescrição da decadência e identificar as ações imprescritíveis (RT 300/7), Agnelo Amorim Filho exarou a seguinte conclusão: I. Estão sujeitas à prescrição: todas as ações condenatórias e somente elas (arts. 177 e 178 do Código Civil). II. Estão sujeitas à decadência (indiretamente), isto é, em virtude da decadência do direito a que correspondem: as ações constitutivas que têm prazo especial de exercício fixado em lei. III. São perpétuas (imprescritíveis): a) as ações constitutivas que não têm prazo especial de exercício fixado em lei; e b) todas as ações declaratórias. Admitindo-se a exatidão desse critério, é imprescritível (A) a pretensão de indenização por danos materiais e morais, assim como a de anulação de negócio jurídico em virtude de erro substancial, mas sujeita-se à DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 77 decadência a ação que tenha por objeto o reconhecimento de simulação de um negócio jurídico. (B) a ação de anulação de negócio jurídico em virtude de erro substancial; sujeita-se à decadência a ação de indenização por danos materiais e morais e é prescritível a ação que tenha por objeto o reconhecimento de simulação de um negócio jurídico. (C) a pretensão de indenização por danos materiais e morais; sujeita-se à decadência a ação que tenha por objeto o reconhecimento de simulação de um negócio jurídico e é prescritível a ação de anulação de negócio jurídico em virtude de erro substancial. (D) a ação que tenha por objeto o reconhecimento de simulação de um negócio jurídico; sujeita-se à decadência o direito de pleitear a anulação de negócio jurídico em virtude de erro substancial e é prescritível a pretensão de indenização por danos materiais e morais. (E) tanto a ação que tenha por objeto o reconhecimento de simulação de um negócio jurídico como a em que se pretende a anulação de negócio jurídico por erro substancial, mas prescreve a pretensão de indenização por danos materiais e morais. COMENTÁRIOS. A pretensão de indenização por danos materiais e morais prescreve em 03 (três) anos nos termos do art. 206, §3°, V, CC (reparação civil). A anulação de negócio jurídico substancial está sujeito à decadência de 04 (quatro) anos nos termos do art. 178, II, CC. O negócio simulado, por ser considerado ato nulo nos termos do art. 167, CC, é imprescritível conforme o art. 169 (o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem se convalesce pelo decurso de tempo). A única alternativa que contém essa sequência é a letra “d”. Gabarito: “D”. 40) (FCC – TJ/AL – Juiz de Direito – 2015) Em comentário ao Código Civil de 1916, escreveu Carpenter (Manual do Código Civil Brasileiro. Paulo de Lacerda, v. IV. p. 208. Jacintho Ribeiro dos Santos Editor, 1919): Desde as considerações introductorias desta obra (ns. 1-19, acima) viemos sempre salientando que a prescripção extinctiva era um instituto peculiar às acções, a saber, que ella extinguia acções, e somente acções. E ainda há pouco (n. 59), voltámos ao assumpto e lhe dedicámos as últimas ponderações. Dada essa orientação, claro se torna que, mesmo antes de o externarmos, já está patente o nosso modo de pensar acerca do assumpto, a saber − as excepções não estão sujeitas a prescrever: são imprescritíveis. No Código Civil de 2002, a matéria foi resolvida de modo (A) diferente, porque pela prescrição extingue-se a pretensão e a exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. (B) parcialmente diferente, porque pela prescrição extingue-se a ação, extinguindo-se o direito pela decadência e no mesmo prazo da ação extingue-se a exceção. (C) idêntico, porque a prescrição extingue a ação, enquanto a decadência extingue o direito e as exceções são imprescritíveis. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 78 (D) idêntico, porque a prescrição extingue a ação, enquanto a decadência extingue o direito, e nada dispôs sobre a prescrição das exceções. (E) parcialmente diferente, porque pela prescrição extingue-se a pretensão e a exceção é imprescritível. COMENTÁRIOS. Extrai-se do texto que as exceções seriam imprescritíveis. No entanto o art. 190, CC estabelece que “A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão”. Por isso as letras “b”, “c” e “e” estão erradas. A letra “b” também está errada, pois menciona que a prescrição extingue a ação. No entanto o art. 189, CC prevê que a prescrição extingue a pretensão. Gabarito: “A”. 41) (FCC – TJ/SE – Juiz de Direito – 2015) José X doou um imóvel a Joana Y, sendo a liberalidade pura e simples. Passados alguns anos, a donatária caluniou o doador, que pretende revogar a doação e obter indenização por dano moral. Esses pedidos sujeitam-se: (A) a prazo decadencial e prescricional, respectivamente. (B) a prazo prescricional e decadencial, respectivamente. (C) a prazo nenhum, seja prescricional, seja decadencial. (D) ambos a prazo decadencial. (E) ambos a prazo prescricional. COMENTÁRIOS. O pedido de revogação da doação sujeita-se a prazo decadencial, pois está previsto na parte especial do Código. Vejamos. Art. 557, CC: Podem ser revogadas por ingratidão as doações: I. se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II. se cometeu contra ele ofensa física; III. se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV. se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. Art. 559, CC: A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor. Já o pedido de indenização por dano moralé prescricional, pois está previsto no art. 206, §3°, V, CC: Prescreve: (...) Em três anos: (...) a pretensão de reparação civil. Gabarito: “A”. 42) (FCC – TRT/14ª Região/RO/AC – Analista Judiciário – 2016) Sobre a prescrição e decadência, nos termos estabelecidos pelo Código Civil é INCORRETO afirmar: (A) O protesto cambial interrompe a prescrição, interrupção esta que somente poderá ocorrer uma vez. (B) Não corre prescrição contra os ausentes do País em serviço público da União. (C) As pessoas jurídicas têm ação contra os seus representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. (D) A suspensão da prescrição em favor de um dos credores solidários sempre aproveita os outros. (E) A interrupção da prescrição produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 79 COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 202, III, CC. A letra “b” está correta nos termos do art. 198, II, CC. A letra “c” está correta nos termos do art. 195, CC. A letra “d” está errada, pois não é sempre que aproveita. Nesse sentido, estabelece o art. 201, CC: Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. A letra “e” está correta nos termos do art. 204, §3°, CC. Gabarito: “D”. 43) (FCC – TRT/23ª Região/MT – Analista Judiciário – 2016) Marcos, pai de Fernando, foi condenado, por decisão transitada em julgado, a pagar alimentos ao filho. Quando da condenação, Fernando tinha 2 anos de idade. Passados 3 anos do trânsito em julgado, Fernando, representado por sua mãe, requereu o cumprimento da sentença. Marcos alegou prescrição. A pretensão para cumprimento da sentença (A) prescreveu em parte, porque a prescrição atinge apenas os alimentos vencidos antes de 2 anos do pedido de cumprimento. (B) não prescreveu, porque a prescrição não atinge direito da personalidade. (C) não prescreveu, porque não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes. (D) prescreveu, porque a pretensão para haver prestações alimentares se extingue depois de 2 anos. (E) não prescreveu, porque não corre a prescrição contra os relativamente incapazes. COMENTÁRIOS. Prevê o art. 206, §2°, CC que prescreve em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. No entanto, como Fernando é absolutamente incapaz (dois anos de idade), o prazo prescricional nem ao menos inicia seu fluxo (trata-se de uma causa impeditiva de prescrição), nos termos do art. 198, I, CC: Também não corre a prescrição: I. contra os incapazes de que trata o art. 3° (que atualmente possui apenas uma hipótese: os menores de 16 anos). Gabarito: “C”. 44) (FCC – TRT/23ª Região/MT – Analista Judiciário – 2016) Carlos abalroou veículo em ambulância que conduzia Paulo, pessoa relativamente incapaz, causando-lhe lesões corporais. Passados 4 anos, Paulo ajuizou ação de indenização contra Carlos. A pretensão (A) prescreveu depois de 3 anos, pois corre a prescrição contra o relativamente incapaz, o qual tem ação contra o assistente, se este houver dado causa à prescrição. (B) não prescreveu, pois prescreve em 5 anos a pretensão à reparação civil. (C) prescreveu depois de 3 anos, pois corre a prescrição contra o relativamente incapaz, o qual não tem ação contra o assistente, ainda que este tenha dado causa à prescrição. (D) não prescreveu, pois prescreve em 10 anos a pretensão à reparação civil. (E) não prescreveu, pois não corre a prescrição contra o relativamente incapaz. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 80 COMENTÁRIOS. A pretensão prescreveu. Segundo o art. 206, §3°, V, CC, prescreve em três anos a pretensão de reparação civil. Não é caso de impedimento do prazo prescricional, pois o art. 198, I, CC estabelece que não corre a prescrição contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC, ou seja, os absolutamente incapazes (no caso a vítima era relativamente incapaz). Finalizando, prevê o art. 195, CC que os relativamente incapazes têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Gabarito: “A”. 45) (FCC – Eletrobras-Eletrosul – Direito – 2016) A empresa Eletrosul ajuizou ação de indenização contra a empresa “X”, contratada para execução de uma obra de grande complexidade no Estado de Santa Catarina, obra esta que não foi executada dentro do prazo estabelecido em contrato. Ao final da demanda a ação é julgada procedente e a empresa demandada condenada ao pagamento da indenização, bem como das custas e despesas processuais, além de honorários advocatícios. Pretendendo cobrar da empresa “X” os valores que despendeu em juízo no curso do processo, a Eletrosul deverá exercer esta pretensão a partir da data do trânsito em julgado, e deverá observar o prazo prescricional de (A) 5 anos. (B) 4 anos. (C) 3 anos. (D) 10 anos. (E) 1 ano. COMENTÁRIOS. Art. 206, §5°, III, CC: Prescreve: (...) Em cinco anos: (...) a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. Gabarito: “A”. 46) (FCC – Técnico de Nível Superior – Advogado – Prefeitura de Teresina/PI – 2016) Transitada em julgado a sentença, a pretensão do vencedor para executar as verbas que lhe foram deferidas em razão da sucumbência processual prescreve em (A) 3 anos. (B) 10 anos. (C) 5 anos. (D) 2 anos. (E) 1 ano. COMENTÁRIOS. Art. 206, CC: Prescreve: §5° Em cinco anos: III. a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. Gabarito: “C”. 47) (FCC – Procurador da Prefeitura de Campinas/SP – 2016) Mário firmou com João negócio jurídico pelo qual se obrigou a, no prazo de 4 anos, contados da celebração do negócio, entregar obra de arte de sua confecção, que viria a ser apresentada em prestigiada exposição. Na data avençada, porém, Mário não entregou a obra, causando danos materiais DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 81 a João, que, dentro de dois anos, ajuizou ação de indenização. Em contestação, Mário alegou prescrição, que, no caso, (A) não ocorreu, porque a prescrição só passa a fluir após vencido o prazo previsto para cumprimento da obrigação. (B) não ocorreu, porque não corre a prescrição enquanto pendente condição resolutiva. (C) ocorreu, porque, da celebração do negócio, passaram-se mais de 3 anos. (D) ocorreu, porque, da celebração do negócio, passaram-se mais de 5 anos. (E) não ocorreu, porque não corre a prescrição enquanto pendente condição suspensiva. COMENTÁRIOS. No caso concreto a prescrição se opera em três anos. Mas o prazo prescricional somente começa a fluir a partir do momento em que a obra deveria ser entregue e não o foi. Somente a partir daí a obrigação se torna exigível e começa a contagem para exigir o seu cumprimento judicial. Como João ingressou com a ação em dois anos, não ocorreu a prescrição. Vejamos os dispositivos aplicáveis. Segundo o art. 206, CC: Prescreve: §3° Em três anos: V. a pretensão de reparação civil. Enunciado 14 das Jornadas de Direito Civil, CJF – Art. 189: “1) o início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer”. Art.189 CC: Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. Art. 199, CC: Não corre igualmente a prescrição: II. não estando vencido o prazo. Completando, dispõe o art. 394, CC: Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. Gabarito: A. 48) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Analista Judiciário – 2016) X e Y, maiores e capazes, mantêm relação contratual e estipularam que, no caso de uma das partes se acidentar, o prazo prescricional, para a pretensão de reparação civil, seria ampliado de três para cinco anos. Passados dois anos, as partes aditaram o contrato para o fim de renunciarem antecipadamente ao prazo de prescrição. Ocorrido o acidente, a vítima aguardou quatro anos para então ajuizar ação de reparação civil. A pretensão (A) não está prescrita, porque o Código Civil admite a renúncia antecipada à prescrição, desde que feita de maneira expressa. (B) está prescrita, porque os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordos das partes, nem pode ocorrer renúncia antecipada à prescrição, devendo a parte a quem aproveita alegá-la em preliminar de contestação, sob pena de preclusão. (C) não está prescrita, porque os prazos de prescrição podem ser alterados por acordo das partes. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 82 (D) está prescrita, porque os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes, nem pode ocorrer renúncia antecipada à prescrição, podendo a parte a quem aproveita alegá-la em qualquer grau de jurisdição. (E) está prescrita, porque os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes, nem pode ocorrer renúncia antecipada à prescrição, devendo a parte a quem aproveita alegá-la até a sentença, sob pena de preclusão. COMENTÁRIOS. De fato, o prazo prescricional para reparação civil é de três anos (art. 206, §3°, V, CC). Trata-se de norma de ordem pública, não podendo ser alterado pelas partes, nem admite a sua renúncia antecipada. Se a parte ingressou com a ação quatro anos após o fato, a pretensão estará prescrita. Art. 191, CC: A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar (...). Art. 192, CC: Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Gabarito: “D”. 49) (FCC – SEGEP/MA – Técnico da Receita Estadual – Arrecadação e Fiscalização de Mercadorias em Trânsito – 2016) Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade, são considerados, pelo Código Civil, (A) relativamente incapazes, contra eles correndo a prescrição, mas possuindo ação contra seus assistentes que a ela tiverem dado causa. (B) absolutamente incapazes, contra eles não correndo a prescrição. (C) relativamente incapazes, contra eles não correndo a prescrição. (D) absolutamente incapazes, contra eles correndo a prescrição, mas possuindo ação contra seus assistentes que a ela tiverem dado causa. (E) relativamente incapazes, contra eles correndo a prescrição, e não possuindo ação contra seus assistentes que a ela tiverem dado causa. COMENTÁRIOS. Art. 3°, CC: São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. Art. 4°, CC: São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I. os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II. os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III. aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV. os pródigos (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). Art. 198, CC. Também não corre a prescrição: I. contra os incapazes de que trata o art. 3° (somente os menores de 16 anos, o que não é o caso da questão). Portanto a prescrição corre contra as pessoas referidas do cabeçalho da questão. Art. 195, CC. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Gabarito: “A”. 50) (FCC – SEGEP/MA – Procurador do Estado – 2016) Jonas firmou contrato com Sidney, por instrumento particular, emprestando-lhe R$10.000,00, os quais deveriam ser devolvidos em janeiro de 2010. Em fevereiro de 2014 Jonas faleceu, deixando somente herdeiros maiores e capazes. Em fevereiro de 2015, o espólio DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 83 de Jonas ajuizou ação de execução contra Sidney, que, nos embargos, não abordou a questão da prescrição. Fê-lo, porém, em sede de recurso. O Tribunal (A) deverá conhecer da matéria e decretar a prescrição, cujo prazo, de três anos, findara enquanto Jonas era vivo. (B) deverá conhecer da matéria e decretar a prescrição, cujo prazo, de cinco anos, iniciado quando Jonas era vivo, continuou a correr contra seus sucessores. (C) não deverá conhecer da matéria, em razão da preclusão. (D) deverá conhecer da matéria, mas não decretar a prescrição, cujo prazo, de cinco anos, reiniciou-se, contra os sucessores de Jonas, na data de seu falecimento. (E) deverá conhecer da matéria, mas não decretar a prescrição, cujo prazo, de dez anos, não se ultimou. COMENTÁRIOS. O Tribunal deverá conhecer da matéria (art. 193, CC: A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita), sendo que depois da morte de Jonas o prazo continua a correr (art. 196, CC: A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor) e deve decretar a prescrição, pois decorreram mais de cinco anos (janeiro de 2010 a fevereiro de 2015), de acordo com o art. 205, §5°, I, CC (Prescreve: em cinco anos: a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular). Gabarito: “B”. 51) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2017) A empresa X, sediada na cidade de São Paulo capital, é integralmente extinta após regular liquidação em dezembro de 2016. Rodolfo, ex-sócio da empresa, desligado desde o ano de 2014, pretende receber uma dívida de R$ 500.000,00 dos sócios da empresa extinta. Neste caso, o prazo prescricional para Rodolfo exercer a sua pretensão, nos termos preconizados pelo Código Civil, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade, será de (A) 2 anos. (B) 1 ano. (C) 10 anos. (D) 5 anos. (E) 3 anos. COMENTÁRIOS. Art. 206, CC: Prescreve: §1° Em um ano: (...) V. a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. Gabarito: “B”. 52) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador – 2017) Manoel, com 16 anos de idade, celebra um contrato de compra e venda com Pedro, omitindo deste a sua verdadeira idade. Raul, terceiro prejudicado neste negócio jurídico, pretende anular o contrato de compra e venda celebrado entre Manoel e Pedro. Neste caso, à luz do DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 84 Código Civil, para pleitear a anulação do negócio jurídico, Raul terá o prazo decadencial de (A) 4 anos, contado do dia em que cessar a incapacidade de Manoel. (B) 5 anos, contado do dia em que cessara incapacidade de Manoel. (C) 4 anos, contado do dia da celebração do negócio. (D) 3 anos, contado do dia da celebração do negócio. (E) 5 anos, contado do dia da celebração do negócio. COMENTÁRIOS. Art. 178, CC: É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: III. no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Lembrando que estabelece o art. 180, CC: O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Gabarito: “A”. LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS (Somente exercícios referentes à FGV) 01) (FGV – DPE/RO – Analista Jurídico – 2015) Virgílio emprestou a quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a Eduardo. Sete meses após o vencimento da dívida, Eduardo ainda não havia efetuado o pagamento, ocasião na qual Virgílio veio a falecer por força de um infarto, deixando dois filhos maiores de idade. É CORRETO afirmar que o prazo prescricional: (A) sequer começou a correr. (B) foi suspenso em decorrência do falecimento de Virgílio. (C) foi interrompido em decorrência do falecimento de Virgílio. (D) continuou correndo contra os dois filhos de Virgílio. (E) converteu-se em prazo decadencial em virtude da morte de Virgílio. 02) (FGV – Defensoria Pública/MT – Advogado – 2015) A respeito dos institutos da prescrição e da decadência, assinale a afirmativa CORRETA. (A) Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, aproveitam os outros se a obrigação for divisível ou indivisível. (B) A renúncia da prescrição valerá ainda que haja prejuízo de terceiro, desde que depois de o prazo se consumar. (C) A decadência fulmina os atributos do direito subjetivo do credor, impedindo- o de cobrar o adimplemento. (D) A contagem do prazo decadencial está impedida ou suspensa contra os absolutamente incapazes. (E) A interrupção produzida contra o principal devedor não prejudica o fiador. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 85 03) (FGV – Advogado da Secretaria de Saúde do Amazonas – SUZAM – 2014) A prescrição é geralmente definida como a perda de um direito de ação, ou seja, a prescrição põe fim à possibilidade de se exigir, judicialmente, um direito, por força da passagem de um determinado período de tempo. Entretanto, o nosso sistema jurídico prevê situações que, em caráter excepcional, impedem ou suspendem a prescrição. Assinale a opção que indica uma situação em que o prazo prescricional fluirá normalmente. (A) corre a prescrição contra pessoas relativamente incapazes. (B) corre a prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar. (C) corre a prescrição entre curatelados e seus curadores, durante a curatela. (D) corre a prescrição contra pessoas absolutamente incapazes. (E) corre a prescrição contra os que se achem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. 04) (FGV – TJ/GO – Analista Judiciário – 2014) Em virtude de contrato de Seguro Saúde, Silvio, após submeter-se a uma cirurgia de emergência, solicitou a restituição das despesas médicas e hospitalares à seguradora. A resposta negativa à restituição por parte da seguradora foi enviada a Silvio sete meses depois da cirurgia, o que o levou a contratar um advogado para que fossem tomadas as devidas providências. A ação objetivando a condenação da Seguradora a reembolsar os valores gastos com a cirurgia foi ajuizada oito meses após a data da ciência da recusa da seguradora. Considerando que o prazo prescricional para o exercício do direito do segurado é de um ano, é CORRETO afirmar que: (A) transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início na data da cirurgia; (B) transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início no dia posterior à data da cirurgia; (C) não transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início no dia que Silvio tomou ciência da recusa da seguradora em reembolsar os valores; (D) não transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início na data do ajuizamento da ação; (E) não transcorreu o prazo prescricional, pois em caso de enfermidade o cômputo é em dobro. 05) (FGV – Delegado de Polícia do Estado do Maranhão – 2012) Pedro, relativamente incapaz, assistido por João, celebrou um negócio jurídico com Maria. O contrato possui uma cláusula prevendo a majoração do prazo prescricional. Considerando o fato narrado, assinale a afirmativa CORRETA. (A) em razão de Pedro ser absolutamente incapaz, o prazo prescricional pode ser majorado por acordo das partes. (B) a prescrição só pode ser alegada em 1° grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 86 (C) Pedro pode acionar João, caso este dê causa à prescrição, ou não a alegue oportunamente. (D) a renúncia da prescrição só valerá se for expressa e for feita depois que a prescrição se consumar. (E) corre a prescrição contra absolutamente incapaz. 06) (FGV – TJ/AM – Assistente Técnico Judiciário – 2013) A respeito da prescrição e da decadência, assinale a afirmativa CORRETA. (A) a prescrição poderá ser alegada, em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. (B) a prescrição corre entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal. (C) as partes podem promover a alteração dos prazos de prescrição. (D) o Juiz somente pode conhecer de ofício a decadência convencional. (E) a decadência corre contra os absolutamente incapazes. 07) (FGV – Advogado do Banco de Fomento de Santa Catarina – BADESC – 2010) Terêncio, brasileiro, advogado, foi contratado pela empresa Caçarola e Cuia Ltda., para prestar serviços profissionais de consultoria jurídica. O contrato foi iniciado em 2003 e teve término em 2004. Restou pendente pagamento correspondente a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), sendo baldadas todas as tentativas de recebimento amigável. Tendo em vista suas inúmeras responsabilidades profissionais, com viagens constantes, Terêncio somente pode promover a ação de cobrança no ano de 2010. Citada a empresa, alegou a existência de prescrição da pretensão autoral. Diante de tais fatos e à luz da legislação civil em vigor, é correto afirmar que: (A) a pretensão de Terêncio segue a regra geral de dez anos como prazo prescricional. (B) no caso em tela, há regra especial que estabelece prazo quinquenal como sendo de prescrição. (C) sendo a relação de trato sucessivo, a prescrição é renovada mês a mês, não se podendo, no caso, falar de prescrição. (D) caso a ré pagasse a dívida, deveria haver reembolso diante do prazo prescricional incidente. (E) o prazo prescricional em tela seria de três anos. 08) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2011) A respeito da prescrição e decadência, é CORRETO afirmar que: (A) os prazos prescricionais podem ser alterados de comum acordo entre as partes. (B) a prescrição que tenha sido iniciada contra alguém continuará a correr contra seu sucessor. (C) a decadência estabelecida em lei não poderá ser conhecida ex officio pelo Juiz, somente por provocação das partes. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 87 (D) a prescrição poderá ser suspensa uma única vez e se dará, entre outras hipóteses, por despacho do Juiz. (E) prescreve em dez anos a pretensão para a cobrança de dívidaslíquidas constantes em instrumento público ou particular. 09) (FGV – TCE/BA – Analista de controle Externo – 2013) Da inteligência do art. 189, do CC/02, retira-se que, uma vez violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela ocorrência da prescrição, nos prazos previstos em lei. Por outro lado, é cediço que existem causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição. Assinale a alternativa que estabelece uma causa interruptiva da prescrição. (A) entre os cônjuges durante a constância do casamento. (B) em virtude de qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. (C) contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios. (D) durante o poder familiar, no que tange às relações jurdídicas entre ascendentes e descendentes. (E) na pendência de condição suspensiva. 10) (FGV – Auditor Fiscal da Receita Municipal de Angra dos Reis/RJ – 2010) Assinale a alternativa CORRETA. (A) a prescrição pode ser alegada de ofício pelo juiz, ou também pela parte a quem aproveita, em qualquer grau de jurisdição, independentemente de seu pré- questionamento. (B) a decadência pode ser legal ou convencional, sendo que ambas podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. O mesmo ocorre com a prescrição, que também pode ser conhecida ex officio pelo magistrado. (C) em face do princípio da supremacia do interesse público, caso a prescrição ou a decadência convencional beneficiem a Fazenda Pública, o juiz pode conhecê- las de ofício. (D) a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor, exceto se este for absolutamente incapaz, ou estiver ausente do País a serviço dos entes federativos, ou se achar a serviço das Forças Armadas em tempo de guerra. (E) a prescrição diz respeito aos direitos potestativos que, por essência, não possuem pretensão, já que não podem ser objeto de violação. A decadência, por sua vez, refere-se aos direitos subjetivos patrimoniais, aqueles que trazem consigo a possibilidade de que o seu titular exija determinado comportamento de alguém. 11) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) Assinale a alternativa que apresenta um prazo de natureza prescricional. (A) prazo para propor ação de reparação civil por dano moral decorrente de ato ilícito. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 88 (B) prazo para propor ação renovatória de locação de imóvel urbano destinado ao comércio. (C) prazo para propor ação de deserdação de herdeiro necessário. (D) prazo para propor ação anulatória de negócio jurídico realizado por representante em conflito de interesses com o representado. (E) prazo para propor ação de preferência, por parte do condômino preterido na venda a terceiro de quinhão da coisa comum indivisível. 12) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2008) A ação de indenização, relativamente aos prejuízos causados em razão de entrega de sementes, para plantação, de qualidade inferior à contratada, deve observar prazo: (A) prescricional de 3 (três) anos. (B) decadencial de 3 (três) anos. (C) decadencial de 90 (noventa) dias. (D) decadencial de 30 (trinta) dias. (E) prescricional de 5 (cinco) anos. 13) (FGV – TCM/SP – Agente de Fiscalização – 2015) O espólio de Caio ajuíza ação buscando a anulação de uma doação realizada pelo falecido, alegando que o doador atuou em erro quando celebrou o negócio jurídico. Citado, o réu contesta o pedido alegando que a doação foi lícita, que o doador era maior e capaz e que eram amigos desde a infância. Alega, ainda, a ocorrência de decadência, posto que o contrato de doação foi realizado em 29/07/2004 e a ação distribuída em 30/07/2009. Considerando as disposições constantes no Código Civil sobre a matéria, é correto afirmar que a prejudicial de decadência: (A) não deve ser acolhida, pois não há decadência do direito de impugnar os atos nulos, como é o caso; (B) não pode ser acolhida, porque não atinge os atos praticados com vício de consentimento; (C) deve ser acolhida, porquanto já decorridos quatro anos da data de sua prática; (D) não deve ser acolhida, porque ainda não decorridos quatro anos contados da ciência dos prejudicados acerca da prática do ato; (E) deve ser acolhida se provado o prejuízo efetivo dos interessados. 14) (FGV – PGE/RO – Técnico da Procuradoria – 2015) Sobre os institutos da prescrição e decadência, é correto afirmar que: (A) os prazos decadenciais se interrompem e suspendem; (B) é vedado o estabelecimento de prazos decadenciais em contrato; (C) o prazo prescricional interrompido faz com que a contagem retome de onde parou; (D) a prescrição extingue o direito subjetivo; DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 89 (E) é inválida a renúncia ao prazo decadencial previsto em lei. 15) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2011) O decurso do tempo exerce efeitos sobre as relações jurídicas. Com o propósito de suprir uma deficiência apontada pela doutrina em relação ao Código velho, o novo Código Civil, a exemplo do Código Civil italiano e português, define o que é prescrição e institui disciplina específica para a decadência. Tendo em vista os preceitos do Código Civil a respeito da matéria, assinale a alternativa CORRETA. (A) se a decadência resultar de convenção entre as partes, o interessado poderá alegá-la, em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não poderá suprir a alegação de quem a aproveite. (B) quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição até o despacho do juiz que tenha recebido ou rejeitado a denúncia ou a queixa-crime. (C) o novo Código Civil optou por conceituar o instituto da prescrição como a extinção da pretensão e estabelece que a prescrição, em razão da sua relevância, pode ser arguida, mesmo entre os cônjuges enquanto casados pelo regime de separação obrigatória de bens. (D) se um dos credores solidários constituir judicialmente o devedor em mora, tal iniciativa não aproveitará aos demais quanto à interrupção da prescrição, nem a interrupção produzida em face do principal devedor prejudica o fiador dele. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 90 GABARITO SECO = FGV 01) D 02) D 03) A 04) C 05) C 06) A 07) B 08) B 09) B 10) D 11) A 12) D 13) C 14) E 15) A GABARITO SECO = FCC 01) A 02) E 03) D 04) D 05) A 06) D 07) B 08) B 09) B 10) B 11) E 12) D 13) D 14) E 15) B 16) C 17) A 18) D 19) D 20) C 21) D 22) A 23) D 24) E 25) E 26) D 27) E 28) A 29) E 30) C 31) C 32) C 33) B 34) B 35) A 36) D 37) E 38) C 39) D 40) A 41) A 42) D 43) C 44) A 45) A 46) C 47) A 48) D 49) A 50) B 51) B 52) A