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Entre memória e História: uma análise dos topônimos centrais na cidade de Tianguá-CE (1970-2000). 1Luiz Eduardo Ferreira Santana ²Telma Bessa Sales 1Graduando do curso de Licenciatura em História/UVA e Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/História. (e-mail: eduardo_fsantana@hotmail.com) ²Prof.ª adjunta do Curso de Licenciatura em História na Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA (e-mail: telmabessa@hotmail.com) A perspectiva desta pesquisa se volta para refletir acerca do ato de nomeação dos lugares, aspectos das experiências que se apresentam em determinado tempo e espaço, analisando a toponímia para além de um conjunto ilustrativo de nomes, mas como um conceito que vem atrelado a um quadro sociocultural e que expressa vivências de uma realidade passada, tendo por base analisar os discursos presentes nos nomes de logradouros do município de Tianguá-CE, sobretudo as localidades centrais. Como forma de entender a relação dos topônimos com o imaginário da cidade, buscando analisar as narrativas consideradas oficiais e entender como essa perspectiva se relaciona com as referências geradas dentro do conjunto social. A pesquisa tem como princípios teórico-metodológicos, trabalhar com a discussão de autores como Carmen Maria, Bruno Misturini e Maria Vicentina de Paula, relacionados ao campo dos topônimos bem como suas propriedades e o seu caráter ideológico; Michael Pollak e Pierre Nora, voltado a importância dos elementos da memória para a história, e Raquel Rolnik e Ana Fani Alessandri, com suas contribuições sobre questões ligadas a História Urbana e um conceito sobre lugar, entre outras concepções. Entretanto, é necessário refletir também a historiografia local e como ela se relaciona com o que expressa o imaginário da população, bem como compreender como se deu a estruturação do município, juntamente com a realização de entrevistas com moradores, memorialistas e historiadores da cidade, como um meio de observar questões ligadas ao nome de ruas e espaços públicos como um fator identitário da cultura local; além disso, foi de suma importância analisar os registros produzidos pela câmara municipal, visando as atas de reuniões e as promulgações de leis tratando sobre as escolhas ou alterações dos nomes de logradouros públicos, com objetivo de entender a frequência que ocorreu esta prática e qual o teor que respaldou tais (re)nomeações. Essas relações são importantes na compreensão de como se constrói uma identidade e um ideal de pertencimento com o lugar, pois, entender os topônimos é também exercer cidadania, refletindo as histórias e as temporalidades com o que se constituem. Palavras-chave: Tianguá, Toponímia, Cidade, Memória. mailto:telmabessa@hotmail.com Entre memória e História: uma análise dos topônimos centrais na cidade de Tianguá-CE (1970-2000). INTRODUÇÃO Em uma concepção sociopolítica, podemos pensar a construção do ambiente urbano na diversidade de suas relações, a dinâmica exercida na centralidade desses espaços nos direciona a refletir a imersão dessas culturas, assim como as diferentes apropriações sobre os espaços urbanos. A cidade, em sua subjetividade, compõe-se no plural desses diálogos com a comunidade, que situamos no conceito de lugares de memórias, desta forma, também podemos pensar um espaço de conflito, embates ideológicos, onde grupos sociais buscam constantemente formas de reafirmar o seus discursos, tornando em seus interesses uma via reforçada sob essas memórias que constituem a imagem sobre o eixo urbano. Analisamos nesta esfera, as nomeações propostas junto aos logradouros do município de Tianguá-CE, nos anos de 1970-2000, período de consolidação da região central da cidade. Tomando o topônimo como fruto de uma visão de mundo, observando através dele, contextos históricos, características geográficas, experiências individuais e coletivas, todas inseridas na complexidade das escolhas que o motivam. METODOLOGIA A abordagem apoiou-se em parte, sobre a historiografia local, compreendendo que analisar as bases históricas do município, aprofundam de certa forma, a relação com resquício das motivações sociais. Pensou-se a memória oral produzida neste meio, ao confrontar a construção destes espaços na perspectiva de memorialistas e intelectuais, com relatos das vivências de moradores. Entrevistas que visaram entender a identidade urbana tomada pelos mecanismos públicos e idealizada culturalmente pela comunidade. Nesta linha, tomamos como fonte, promulgações registradas junto ao legislativo municipal, Projetos de Leis e atas de reuniões, observando as alterações junto a denominação dos logradouros centrais, objetivando a frequência e as relações que revestem esta prática, pensando-as como um espaço de produção de uma memória oficial da cidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS A escolha é um ato político, esta perspectiva expõe o diálogo e a força construída e exercida pelas famílias e ideologias locais, tomando a nomeação uma forma de perpetuar um legado, o que dinamiza as relações de poder dentro do município. Outro viés, volta-se a percepção da estrutura das memórias que moldam o imaginário pensado sobre a cidade. Inibindo-se ou convivendo, é um campo conflituoso, onde conclui-se pensar estas experiências que ilustram a memória da comunidade e as atribuições oficiais pelo estado, como um emaranhado de sentimentos que constituem um ideal de pertencimento com o lugar, entendendo suas especificidades e alertas ao se renomear os espaços, conhecer os topônimos é também exercer cidadania, refletir sua história e as temporalidades presentes no processo cultural. BIBLIOGRAFIA DE CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano: artes de fazer. 3ª.Ed. Petrópolis. Editora Contexto. 1998. FAGGION, C. M.; MISTURINI, B. Toponímia e memória: nomes e lembranças na cidade. Linha D'Água (Online), São Paulo, v. 27, n. 2, p. 141-157, dez. 2014. GASPAR, João Bosco. Monsenhor Aguiar, Um Homem e seu Tempo. Sobral-ce: Dezembro de 2014. ________. Tianguá, Raízes de Sua História e de Sua Cultura. Tianguá. Ceará. Pág. Julho de 2007. ________. Tianguá... Reminiscências da História. Memórias dos Soldados da Borracha. Sobral-Ce: Junho de 2009 NORA, Pierre et al. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós- Graduados de História, v. 10, 1993. PESAVENTO, Sandra Jatahy. História, memória e centralidade urbana. Revista Mosaico-Revista de História, v.1, n.1, p.3-12, Jan./jun., 2008. POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200-212.
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