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Introdução ao Pensamento de Futuros na Gestão Pública

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Prévia do material em texto

Políticas Sociais; Estratégia e Planejamento; 
Políticas Públicas.
Introdução ao Pensamento 
de Futuros na Gestão Pública 
Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
Conteudista/s 
André Oliveira Arruda (conteudista, 2022).
Sumário
Módulo 1: Introdução ao pensamento de Futuros na Gestão Pública ..............7
Unidade 1: O que é e para que serve o Pensamento de Futuros .....................7
1.1 O que são Estudos de Futuros .................................................................................. 7
1.2 Alfabetização em Futuros ....................................................................................... 11
1.3 Possibilidades de Aplicação dos Estudos de Futuros ......................................... 13
Referências ..................................................................................................................... 16
Unidade 2: Aplicação de Estudos de Futuros na Gestão Pública ......................17
2.1 A importância do Pensamento de Futuros na Gestão Pública ........................... 17
2.2 Projetos de Longo Prazo na Gestão Pública ........................................................ 19
Referências ..................................................................................................................... 22
Módulo 2: Visão de Futuro ................................................................................... 23
Unidade 1: O que são Visões de Futuros ............................................................ 23
1.1 A O que são Visões de Futuros ............................................................................... 23
Referências ..................................................................................................................... 29
Unidade 2: Cronologia do Design Fiction .............................................................. 30
2.1 Da Ficção Científica para Visão de Futuro ............................................................. 30
2.2 Cyberpunk e Steampunk ........................................................................................... 32
Referências ..................................................................................................................... 37
Unidade 3: Narrativas emergentes na Visão de Futuro ....................................38
3.1 Perspectiva Global Atual Para a Visão de Futuro   ............................................... 38
3.2 Estética Cultural e Visão de Futuro......................................................................... 39
3.2.1 Afrofuturismo ................................................................................................. 39
3.2.2 Solarpunk ....................................................................................................... 41
3.2.3 Amazofuturismo ............................................................................................ 43
3.2.4 Cyberagreste ................................................................................................. 46
Referências ..................................................................................................................... 47
Unidade 4 - Materialização da Visão de Futuro .................................................. 48
4.1 - Construção da Visão de Futuro através do Design Fiction ................................ 48
4.2 - Processo de Materialização de Artefatos de Futuro  ........................................ 50
Referências ..................................................................................................................... 52
4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Unidade 5 - Ferramenta de Visão de Futuro ...................................................... 53
5.1 - Vision Canvas para Construir um Projeto de Visão de Futuro  ........................ 53
5.2 - Projetos Estratégicos Utilizando o Vision Canvas .............................................. 55
Referências ..................................................................................................................... 60
Módulo 3: Mapeamento de Tendências de Futuro ............................................61
Unidade 1: Introdução aos Sinais Fracos ........................................................... 61
1.1 O que é Mapeamento de Tendências de Futuros? ............................................. 61
1.2 O que são Sinais Fracos?  ........................................................................................ 63
1.3 Identificando Black Swan ......................................................................................... 64
1.4 Abordagem de Amy Webb ..................................................................................... 67
Referências ..................................................................................................................... 70
Unidade 2: Identificação de Macrotendências Através de Drivers de Mudanças .......71
2.1 Antropologia Antecipatória ..................................................................................... 71
2.2 O que são Drivers Mudança? ................................................................................... 72
2.2.1 Ambiental ........................................................................................................ 74
2.2.2 Sociedade ........................................................................................................ 78
2.2.3 Econômico ....................................................................................................... 82
2.2.4 Tecnológico ..................................................................................................... 86
2.2.5 Governo .......................................................................................................... 88
Referências ..................................................................................................................... 90
Unidade 3: Ferramentas para mapear Tendências de Futuros ........................91
3.1 Roda dos Futuros ..................................................................................................... 91
3.2 Sete Fundações ......................................................................................................... 93
3.3 Aplicação na Gestão Pública ................................................................................... 95
Referências ..................................................................................................................... 98
Módulo 4: Cenários Prospectivos ........................................................................ 99
Unidade 1: Introdução aos Cenários Prospectivos ............................................99
1.1 Contexto Histórico dos Cenários Prospectivos ..................................................... 99
1.2 Visão de Herman Kahn ......................................................................................... 100
1.3 Método Delphi ....................................................................................................... 102
1.4 Visão de Gaston Berger ......................................................................................... 103
Referências ................................................................................................................... 106
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5
Unidade 2: Cenários Utópicos x Distópicos ...................................................... 107
2.1 Caracterização de Cenários ................................................................................... 107
2.2 Utopia e Distopia .................................................................................................... 109
2.3 Protopia por Bielskyte ...........................................................................................112
Referências ................................................................................................................... 115
Unidade 3: Mapa de polaridade e cenários de 4 arcos ....................................116
3.1 Como Utilizar a Ferramenta de Mapa de Polaridade ........................................ 116
3.2 Como Utilizar a Ferramenta Cenários de 4 Arcos ............................................ 118
3.3 Projetos de Cenários Prospectivos na Gestão Pública ..................................... 119
Referências ................................................................................................................... 127
Módulo 5: Implementação de Estratégias de Longo Prazo .............................128
Unidade 1: Introdução a Estratégia de Longo Prazo .......................................128
1.1 Como são Aplicadas Estratégias de Longo Prazo em Grandes Empresas ..... 128
Referências ................................................................................................................... 132
Unidade 2: Desenvolvimento de Roadmap ....................................................... 133
2.1 Ferramenta de Roadmap para seu Campo Profissional ................................... 133
2.2Desenvolvimento de Roadmap em Projetos Estratégicos ................................. 134
Referências ................................................................................................................... 138
Unidade 3: Ferramentas para Implementação de Estratégia de Longo Prazo: 
OKR e KPI............................................................................................................... 139
3.1 Ferramentas OKR e KPI: Características e Diferenças ...................................... 139
3.2 Aplicação de OKR e KPI em Projetos Estratégicos .............................................. 141
Referências ................................................................................................................... 148
Unidade 4: Processo de Backcasting ................................................................. 149
4.1 Como Funciona a Ferramenta de Processo de Backcasting ............................. 149
4.2 Backcasting aplicado em projetos estratégicos .................................................. 150
Referências ................................................................................................................... 155
6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Apresentação e Boas-vindas
Olá, cursista, seja bem-vindo(a) ao curso Introdução ao Pensamento de Futuros 
na Gestão Pública. Antes de iniciar seu estudo neste tema, assista ao vídeo de 
apresentação! 
Videoaula: Apresentação do Curso
Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso Introdução ao pensamento de Futuros na 
Gestão pública. 
O curso está estruturado em cinco módulos: 
• No primeiro módulo, serão abordados os aspectos introdutórios relativos 
à importância de praticar pensamentos futuros em diferentes contextos, 
através da apresentação de conceitos e referências. 
• No segundo módulo iremos nos aprofundar na construção de Visões de 
futuros focados na gestão pública. 
• No terceiro módulo nós iremos abordar o tema de mapeamento de sinais 
fracos e tendências e a relevância na esfera pública. 
• No quarto módulo iremos focar na construção de Cenários de futuros 
através de metodologias e estudos de caso. 
• No quinto módulo iremos abordar o desenvolvimento de estratégias de 
curto, médio e longo prazo para alcançarmos futuros desejáveis dentro e 
fora da gestão pública. 
Aprender sobre Pensamentos de Futuros irá abrir seus horizontes sobre sua concepção 
de mundo e será fascinante! 
Então é hora de começar essa jornada! 
https://cdn.evg.gov.br/cursos/665_EVG/video/modulo01_video01/index.html
77
 Módulo
Introdução ao pensamento 
de Futuros na Gestão Pública1
Antes de começar sua jornada de estudos, você saberia dizer o que são Estudos 
de Futuros? 
Talvez algumas temáticas podem vir a sua mente como: 
• previsão do futuro; 
• premonição; 
• profecia, entre outros semelhantes. 
Nesse módulo serão abordados conceitos relevantes para o entendimento sobre 
Pensamentos de Futuros, através de contextos mais amplos da prática e processos, 
e como este tema se torna relevante para o setor público. 
Para isso, haverá duas unidades abordando de maneira introdutória os assuntos 
relevantes. 
Você também terá acesso a uma entrevista, em formato de podcast, com a diretora 
Mariana Pontes, responsável pela gestão do plano de longo prazo da cidade de Recife, 
que apresentará os principais desafios e objetivos alcançados na implementação do 
plano. 
Sinta-se convidado(a) a embarcar nesta incrível jornada de Pensamentos de Futuros 
na Gestão Pública. Vamos lá?
1.1 O que são Estudos de Futuros
Unidade 1: O que é e para que serve o Pensamento de Futuros 
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer o que é o Pensamento de Futuros 
e como praticá-lo. 
8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Essas temáticas podem tanger de alguma forma essa área de estudo, mas não se 
resumem a elas. Contudo, não existe uma definição precisa e única sobre Estudos 
de Futuros, entende-se que de maneira geral: 
Este desejo de prever acontecimentos remete às civilizações antigas, como a Grécia 
do século VIII a.C., cujo papel do oráculo seria a entidade responsável por fazer 
previsões do futuro, ou até mesmo ser o transmissor da palavra de Deus. Estas 
narrativas são encontradas ao longo do tempo em diferentes civilizações como a 
nórdica, egípcia, chinesa, entre diversas outras. 
Neste sentido, o Pensamento de Futuros 
pode ter diferentes direcionamentos, mas em 
geral é uma atividade focada para entender 
possibilidades de acontecimentos de futuros e, 
desta forma, poder se estruturar para abrandar 
impactos, ou até mesmo direcionar esforços 
para alcançar um determinado cenário.
A abordagem na construção de futuros tem como objetivo prever 
possibilidades de acontecimentos no curto, médio e longo prazo, e 
poder se estruturar de maneira a amenizar impactos indesejáveis ou 
até mesmo estruturar processos para alcançar cenários desejáveis. 
Pensamentos de Futuros. 
Fonte: Freepick (2022).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9
Oráculo de Delfos.
Fonte: Girassol Viagens (2017).
A partir desse contexto você pode perceber que o desejo de entender o que 
acontecerá no futuro é algo que vem acompanhando a história do ser humano ao 
longo do desenvolvimento das civilizações e, por consequência, do ser humano. 
Porém, observando a atualidade, ao longo dos últimos séculos diferentes processos 
científicos e metodológicos foram sendo desenvolvidos com o objetivo de identificar 
as possibilidades de futuros, muito mais do que necessariamente tentar adivinhar 
o que iria acontecer. 
Uma das primeiras publicações sobre identificação de cenários futuros ocorreu no 
ano de 1901, quando o pioneiro escritor britânico Herbert George Wells, conhecido 
como H. G. Wells, publicou o livro Antecipações da reação do progresso mecânico e 
científico: sobre a vida e o pensamento humanos. 
Wells (1901) propõe cenários para o ano 2000 “prevendo” que a 
classe produtiva do futuro, ou seja, a mão de obra que estruturará o 
modelo de atividade econômica da época, será capaz de desenvolver 
um modo de vida caracterizado por uma visão de mundo científica, 
um ethos, ou seja comportamentos e valores culturais, de dever 
social e uma visão não sentimental das relações pessoais, onde 
10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Contexto bélico dos Estados Unidos.
Fonte: Unplash (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2022)
famílias dessa classe irão viver em lares eficientes, sem necessidade 
de empregados domésticos, por exemplo. 
Estas perspectivas incluídas no livro de Wells (1901) trazem cenários de futuros 
pensados um século atrás. Em seus estudos o autor também aborda quelínguas 
como o espanhol e o russo, até o ano 2000 tenderão cada vez mais a ser as segundas 
línguas das comunidades bilíngues. 
Nas décadas seguintes, a partir dos acontecimentos das guerras mundiais, novos 
estudos iriam iniciar enfocando em diferentes contextos, como por exemplo, 
o contexto bélico dos Estados Unidos durante a guerra fria, momento em que o 
governo investia em estratégias para tomada de decisão a partir de possíveis 
cenários de conflito.
Outro contexto semelhante foi a análise prospectiva apresentada por filósofos e 
pesquisadores franceses que iriam precisar desenvolver estratégias para reestruturar 
cidades e países destruídos após a segunda guerra mundial.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11
1.2 Alfabetização em Futuros 
Ao longo das últimas décadas, diferentes fatores impactaram a maneira de viver, como:
• mudanças climáticas; 
• evolução exponencial das tecnologias; 
• fatores macroeconômicos globais; 
• polarização política, entre outros. 
A partir desses fatores foi demonstrada a relevância de existir uma estratégia que 
facilite a tomada de decisão baseada em evidências a partir de eventos que poderiam 
mudar radicalmente o futuro. 
Neste sentido, organizações globais começaram a investir esforços e recursos para 
estimular a prática de planejamento a longo prazo. A Organização das Nações Unidas 
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), junto à agência especializada das 
Nações Unidas com sede em Paris, iniciou programas de “alfabetização em futuros” 
na década de 2012, a partir da expertise em promoção de programas de longo prazo 
e seu papel como laboratório de inovação global. 
Neste sentido, ocorreu o começo de iniciativas descentralizadas para estimular a 
apropriação de processos e ferramentas por agentes de diferentes localidades, de 
maneira a democratizar o acesso ao conhecimento e estimular a construção de 
futuros desejáveis. 
Como a própria Unesco (2022) define a Alfabetização em Futuros:
É uma capacidade. É a habilidade que permite que as 
pessoas compreendam melhor o papel do futuro no 
que veem e fazem. Ser alfabetizado sobre o futuro 
fortalece a imaginação, aumenta nossa capacidade 
de preparar, recuperar e inventar à medida que as 
mudanças ocorrem. (UNESCO, 2022).tradução nossa) 
Segundo a organização, o objetivo da alfabetização em Futuros parte 
da necessidade de construir imagens inspiradoras e esperançosas 
do futuro através da colaboração, para evitar que imagens de 
colapso e guerra invadam o imaginário das pessoas. 
12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Esses Laboratórios de Alfabetização do Futuro 
empregam a aprendizagem pela ação e a inteligência 
coletiva para cocriar o significado de sustentabilidade, 
paz e inclusão onde as pessoas vivem, trabalham 
[e se divertem]. Quando as pessoas são capazes de 
decidir por que e como usar o futuro, elas se tornam 
mais capazes de detectar e criar o que de outra forma 
seria invisível – inovação e transformação. Eles estão 
mais à vontade com novidade e experimentação. 
Menos ansioso com a incerteza. Mais humilde sobre 
controlar o futuro. Mais confiante em ser capaz de 
compreender e apreciar o potencial aberto pela 
mudança. (UNESCO, 2022).
Para isto a Unesco estimula a realização de atividades estruturadas de aprendizagem 
prática, em que qualquer pessoa de qualquer área poderá aprender a construir 
imagens dos futuros, entendendo o contexto em que estão inseridas. 
Veja na imagem a seguir quais são essas atividades de aprendizagem prática 
estruturadas pela UNESCO (2021): 
Atividades de Aprendizagem Prática Estruturadas pela Unesco (2021).
Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13
Para concretizar os conhecimentos que viu na imagem anterior, a Unesco financia 
projetos, tendo implementado mais de 80 laboratórios globais nos últimos 8 anos. Em 
dezembro de 2019, a Unesco realizou o primeiro Global Futures Literacy Design Forum 
com 28 laboratórios diferentes e envolvendo pessoas de todo o mundo. No Brasil, 
o movimento #freethefuture, lançado recentemente, também está impulsionando a 
alfabetização do futuro. 
Em 2020 o Fórum Mundial Econômico compartilhou as 4 habilidades necessárias para 
tornar o planeta melhor após a Covid-19, sendo a primeira a alfabetização em futuros.
Talvez seja hora de nossa sociedade dar mais um 
passo à frente para lidar com esse novo desafio, 
tornando-se uma sociedade mais “alfabetizada do 
futuro”. Essa é a habilidade que permite às pessoas 
imaginar melhor e dar sentido ao futuro. É importante 
porque são as imagens do futuro que impulsionam 
nossas expectativas, decepções e vontade de investir 
ou mudar (Fórum Econômico Mundial, 2020). 
1.3 Possibilidades de Aplicação dos Estudos de Futuros 
Ao analisar na aplicação prática dos estudos de futuros, você pode ter diferentes 
perspectivas a partir das necessidades específicas, tanto dentro como fora dos governos. 
Por ser um tema relativamente recente, sendo explorado com maior profundidade no 
último século, as próprias terminologias de aplicação podem não ser unânimes, por 
isso é importante que se atente às terminologias descritas no quadro a seguir.
Terminologias Abordagens
Estudos do futuro Termos genéricos que englobam todos os estudos e métodos elaborados na 
tentativa de antecipar ou construir o futuro.Future studies
Antecipação e previsão Embora os primeiros tratem o assunto de forma mais genérica, ambos veem o 
futuro como um porvir tendencial, que pode ser analisado por meio de séries 
históricas, aplicando-se ferramentas matemáticas. Quanto mais confiáveis forem 
as bases de dados, e mais amplo o período de tempo de que elas contêm registros, 
mais confiável será a extrapolação. De qualquer forma, cabe ressaltar que 
exercícios dessa natureza não garantem, necessariamente, uma boa aproximação 
do futuro que irá se concretizar, apenas uma visão provável do mesmo.
Forecast
14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Conseguiu entender como funcionam as abordagens das terminologias? 
Antes de seguir com seus estudos veja a explicação dos termos porvir tendencial e 
séries históricas que foram citados na tabela dos autores: 
Porvir tendencial seria a consideração que o futuro é algo previsível, a partir 
da análise de tendências do presente e do passado. 
Séries históricas seriam análises passadas, logo a antecipação e 
previsão, seriam "previsões" do futuro a partir de análise de tendências e 
acontecimentos do passado.
Voltando a temática de aplicação, quando são relacionadas aplicações em contexto 
de inovação, Burmeinster et al. (2004) compartilha cinco parâmetros que estudos de 
futuros podem contribuir, sendo eles:
1. Antecipação da procura futura; 
2. Maior qualidade do processo através de informações importantes; 
3. Orientação ao contexto inserido; 
4. Construção de planejamento de inovação factível de ser implementado; 
5. Identificação de inovações estratégias para o seu negócio.
Prospecção Os métodos dessa categoria são aqueles que priorizam abordagem qualitativa 
na análise do futuro, tendo como principal objetivo a coesão de esforços dos 
envolvidos na definição do futuro desejado e na conjugação de esforços para 
torná-lo exequível. Visam identificar elementos para a melhor tomada de 
decisão, levando em consideração aspectos econômicos, sociais, ambientais, 
científicos e tecnológicos, sendo frequentemente associados à grande 
temporalidade. Dessa forma, apresentam viés exploratório ou normativo, no 
qual a reflexão coletiva sobre os desafios futuros conduzem à definição de 
opções estratégicas. Especificamente, a prospectiva territorial e o foresight 
regional apresentam particularidades relacionadas à existência de um grau 
mínimo de identidade local e poder político, bem como aos interesses dos 
atores (expectativas múltiplas e por vezes contraditórias).
Prospectiva Prospectiva
territorial
Foresight Foresight
regional
La prospectiveTechnology assessment Esses conceitos são mais focados na análise de impacto das tecnologias 
vigentes e futuras, adotando uma postura mais de “radar” do que de “ação”. 
Para isso, acompanham a trajetória tecnológica, antecipando alternativas e 
consequências da mesma.
Veille technologique
Futuribles Dizem respeito aos futuros possíveis ou prováveis, constituindo-se em 
ferramentas no processo de investigação do futuro. Assim, não devem ser 
confundidos ou tomados na mesma medida dos demais conceitos.
Cenários
Terminologias de aplicação dos estudos de futuros. 
Fonte: Polacinski et al (2009 apud POLACINSKI, 2011). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15
Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o 
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!
16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
BURMEINSTER, K.; NEEF, A.; BEYERS, B. Corporate Foresight. Murmann, 2004. 
FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL. Quatro habilidades para tornar o mundo 
melhor depois da covid-19. 2020. Disponível em: https://www.weforum.org/
agenda/2020/08/the-four-skills-to-make-the-world-better-after-covid-19/. Acesso 
em: 04 nov. 2022. 
FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2022. Disponível em: 
https://www.freepik.com/. Acesso em: 14 nov. 2022. 
GIRASSOL BRASIL. O Oráculo de Delfos e os Mitos Gregos. Girassol Brasil, 2017. 
Disponível em: https://www.girassolviagens.com/pt/o-oraculo-de-delfos/. Acesso 
em: 16 nov. 2022. 
POLACINSKI, E. Prospectiva estratégica de Godet: Processo de aplicação para 
arranjos produtivos locais. 439 f. Tese. (Doutorado em Engenharia de Produção) - 
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, Santa Catarina. 2011. Disponível 
em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/94904/295960.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 04 nov. 2022. 
UNESCO. Sobre Alfabetização em Futuros. 2022. Disponível em: https://en.unesco.
org/futuresliteracy/about. Acesso em: 04 nov. 2022. 
UNSPLASH. [Banco de Imagens]. Unsplash, Montreal, 2022. Disponível em: https://
unsplash.com/. Acesso em: 14 nov. 2022. 
WELLS, H. G. Anticipations of the Reaction of Mechanical and Scientific Progress 
Upon Human Life and Thought. Editora Harper & Brothers. 1901. 
Referências 
https://www.weforum.org/agenda/2020/08/the-four-skills-to-make-the-world-better-after-covid-19/
https://www.weforum.org/agenda/2020/08/the-four-skills-to-make-the-world-better-after-covid-19/
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/94904/295960.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/94904/295960.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17
Unidade 2: Aplicação de Estudos de Futuros na 
Gestão Pública
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer a atuação da Gestão Pública no 
contexto de Estudos Futuros. 
2.1 A importância do Pensamento de Futuros na Gestão Pública
Relacionando ao contexto da gestão pública, o Observatório para Inovação no Setor 
Público (OPSI) publicou em 2020 o estudo Governança Antecipatória para Inovação. 
Esse estudo trata de um relatório para recomendar aos formuladores de políticas 
públicas a capacidade de explorar ativamente possibilidades, experimentar e 
aprender continuamente como parte de um sistema de governança mais amplo 
visando estratégias de longo prazo. 
O modelo das facetas da inovação da OPSI considera quatro razões para os governos 
inovarem: 
1. Alcançar seus objetivos e resolver problemas (inovação orientada para a missão). 
2. Adaptar-se às necessidades de seus cidadãos e ambientes em mudança 
(inovação adaptativa). 
3. Gerir seus sistemas atuais de forma mais eficaz e eficiente (melhorar a 
inovação orientada para o aprimoramento). 
4. Enfrentar futuros desafios, riscos e oportunidades (inovação antecipatória).
Veja na imagem a seguir essas quatro razões em um esquema estruturado pela OPSI.
18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
 Visão do Observatório para Inovação no Setor Público.
Fonte: OPSI (2021). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
 Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico.
Fonte: OECD (2020). Elaboração: CEPED/UFSC (2022)
Para a Organização para a Cooperação 
e Desenvolvimento Econômico - 
OCDE (2020) os governos precisam 
aprender a antecipar – isto é, criar 
conhecimento sobre o futuro – mas 
também tornar isso viável através 
da implementação de inovações. 
Por isso é necessário que o governo 
tenha uma nova abordagem que vise 
apoiar o processo de aprendizagem e 
tenha ações orientadas para o futuro 
baseada na experimentação empírica. 
Segundo a OCDE (2020), a inovação antecipatória envolve: 
1. Estabelecer parâmetros em torno dos quais os formuladores de políticas 
desejam fazer mudanças: futuros preferíveis ou futuros a evitar. 
2. Promover a experimentação em um ambiente real para determinar a 
eficácia política – idealmente com um subconjunto da indivíduos ou grupos que 
seriam afetados pela intervenção do governo, tecnologias ou mudanças em larga 
escala. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19
3. Reavaliar continuamente as políticas públicas com base no conhecimento 
da experimentação, e validar se estão indo em direção aos futuros desejados.
A Governança Antecipatória da Inovação refere-se às estruturas e mecanismos que 
permitam e promovam a inovação antecipatória ao lado de outros tipos de inovação 
no setor público. Inovação antecipatória significa agir com base no conhecimento 
sobre o futuro, criando algo novo que tenha o potencial de impactar o valor público. 
A Governança Antecipatória da Inovação ajuda a explorar desafios complexos 
e incertos de políticas e a assumir uma postura proativa em relação ao futuro, 
permitindo que os governos explorem e funcionem diante de mudanças incertas. 
2.2 Projetos de Longo Prazo na Gestão Pública 
A utilização de processos de Futuros tem como foco a utilização de um conjunto 
de processos e ferramentas estabelecidos e validados, em constante evolução e 
refinamento. 
Apesar da aplicação de processos de Futuros na gestão pública não ser algo recente, 
nas últimas décadas ela adquiriu maior relevância, em razão das amplas mudanças 
globais que estão ocorrendo, o que estimula a construção de novas políticas de 
inovação focadas na governança antecipatória. 
O laboratório VIA Estação Conhecimento, reúne um “grupo de professores e alunos que 
busca transformar o conhecimento de forma tangível e utilitária para a sociedade” (VIA, 
2021), estabelecido na Universidade Federal de Santa Catarina - USFC, reuniu alguns 
estudos de caso de países que estão implementando mecanismos de governança 
para inovação antecipatória.
Berlim (Alemanha): Senatskanzlei, CityLAB Berlin, 
Politics for Tomorrow: 
Organizações que trabalham no desenvolvimento de uma nova 
estratégia de cidade inteligente envolvendo a imaginação pública com 
pesquisas e entrevistas multilíngues e workshops de reflexão setorial 
sobre o futuro. 
20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Atenas (Grécia): Planejamento estratégico usando cenários sob 
ambiente volátil 
São elaboradas lições da elaboração de estratégias para a política de 
coesão da UE no Ministério do Desenvolvimento (aprendizagem de 
ação com questões focais sobre o futuro da Grécia). 
Sydney (NSW, Austrália): NSW’s Shaping Futures 
É uma instituição prospectiva com o objetivo de olhar para as grandes 
oportunidades e ameaças que o estado enfrenta. Seu foco principal 
é em tendências e cenários, incluindo o desenvolvimento de uma 
infraestrutura de tendências interna para oferecer suporte a uma 
aplicação consistente em todo o governo estadual. 
Uruguai: SARAS - South American Institute for Resilience and 
Sustainability Studies 
É um instituto que está experimentando melhorar as capacidades 
de antecipação usando o Quadro deAlfabetização do Futuro da 
UNESCO. O processo usa uma estrutura heurística conceitual para a 
Governança Antecipatória da Inovação para trabalhar em territórios 
(ação-aprendizagem-pesquisa) com tomadores de decisão e uma 
variedade de diferentes partes interessadas. 
Finlândia: OPSI (Observatório para Inovação no Setor Público)
A instituição trabalhou em conjunto com o Governo da Finlândia e 
a Comissão Europeia para construir um modelo de governança de 
inovação antecipatória. 
Como parte do trabalho, a OCDE avaliou o atual sistema de direção 
de políticas públicas da Finlândia e sua capacidade de antecipação. O 
sistema de administração pública da Finlândia possui vários pontos 
fortes, sendo um dos que apresentam melhor desempenho em muitas 
questões importantes (Estado de Direito, confiança no governo, ética 
administrativa, etc.) entre os países da OCDE. 
Além disso, a Finlândia tem desenvolvido sistematicamente seu 
sistema de governança pública ao longo da última década, construindo 
seu sistema de previsão estratégica, funções de experimentação 
e desenvolvimento de mecanismos de coordenação que apoiam a 
aceitação de desafios complexos. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21
O modelo de Governança Antecipatória da Inovação estabelece a 
capacidade combinada do governo para: 
• antecipar a emergência de mudanças, 
• estabelecer visões para o futuro desejado e, 
• desenvolver inovações para alcançar esse futuro desejado. 
Agora para apresentar esta temática em um projeto prático no contexto nacional, 
ouça a seguir a entrevista realizada em 2022 com Mariana Pontes, Diretora da 
Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES), que é uma organização social sem 
fins lucrativos e responsável pelo desenvolvimento e implementação do plano de 
longo prazo para a capital pernambucana conhecido como “Recife 500 anos”. 
Nesta entrevista Mariana compartilha quais foram os principais desafios ao longo 
dos últimos seis anos de desenvolvimento e atualização do Plano e principais 
entregáveis para a sociedade e gestão pública. 
Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus conhecimentos. 
Para isso, acesse o exercício avaliativo disponível no ambiente virtual. Bons estudos! 
Podcast: Desafios na Elaboração de Plano de Longo Prazo para Cidades
https://cdn.evg.gov.br/cursos/665_EVG/podcast/modulo01_podcast01/pc01.mp4
22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
OBSERVATORY OF PUBLIC SECTOR INNOVATION. Antecipatory Innovation 
Governance Note. 2020. Disponível em: https://oecd-opsi.org/wp-content/
uploads/2020/11/AnticipatoryInnovationGovernance-Note-Nov2020.pdf. Acesso 
em: 05 nov. 2022. 
OCDE - ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 
(Paris). Disponível em: https://www.oecd.org/. Acesso em: 14 nov. 2022. 
VIA. Governança antecipatória da inovação: o que é, como funciona e por que é 
tão necessária. 2021. Disponível em: https://via.ufsc.br/governanca-antecipatoria-
da-inovacao/. Acesso em: 05 nov. 2022. 
Referências 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23
 Módulo
Visão de Futuro 2
Nesse módulo serão abordados conceitos e processos referentes à construção de 
Visão de Futuro em diferentes contextos. 
Para isso, o módulo está estruturado da seguinte maneira: 
• Na primeira unidade será apresentada a construção geral de uma visão 
de futuro. 
• Na segunda unidade será apresentada a cronologia das narrativas de 
futuro, entendendo sua origem. 
• Na terceira unidade será apresentado um conjunto de novas narrativas 
de futuros emergentes e como elas repercutem no nosso cotidiano. 
• Na quarta unidade será abordado o tema de Design Fiction e como esse 
processo pode ser integrado à Visão de Futuro. 
• Na quinta unidade será apresentada como utilizar algumas ferramentas 
que facilitam a construção da Visão de Futuro. 
Sinta-se convidado(a) a embarcar na construção da Visão de Futuro! 
1.1 A O que são Visões de Futuros
Unidade 1: Introdução a construção da Visão de Futuro
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer a perspectiva geral da construção 
de Visões de Futuros. 
Apesar de não existir uma definição única sobre Visões de Futuros, este termo é 
utilizado para apresentar uma determinada visão de algo que se deseja alcançar, 
através de uma narrativa textual, imagética ou oral, de maneira a conseguir 
influenciar as pessoas para construírem e alcançarem este futuro desejável. 
24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Em geral, quando se precisa transformar 
uma organização, empresa ou até 
mesmo governo, é necessário construir 
uma visão unificadora.
Kotter (1996) descreve oito passos para transformar uma visão de mudança. 
Já desenvolvimento de uma visão estratégica estabelece a base para a mudança, 
investindo tempo e esforço para concordar, por meio de um processo de debate e 
adesão, a direção e os resultados esperados da mudança. Assim, é a imagem do 
futuro que descreve a razão pela qual é importante criar esse futuro. 
De acordo com Kotter (1996), a visão serve a 3 propósitos: 
• Esclarece a direção geral da mudança. Isso simplifica a tomada de 
decisões quando surgem discussões detalhadas, posteriormente, e ajuda 
a minimizar divergências e confusões quando os indivíduos trabalham 
para entender a direção da mudança. 
• Motiva os indivíduos a agir na direção certa, incluindo entender por que 
eles devem trabalhar com sua própria dor pessoal de curto prazo. Ver e 
entender a visão de longo prazo lhes dá algo pelo que lutar. 
• Coordena as ações de todos os envolvidos, o que, por sua vez, reduz 
o desperdício e, portanto, os custos. Fazendo a pergunta "Isso está de 
acordo com a visão?" permite que as pessoas voltem rapidamente seu 
foco para o esforço de mudança.
Visão Unificadora.
Fonte: Freepick (2022).
A visão de mudança se trata do processo de criar a visão, uma 
vez que um senso de urgência para a mudança tenha sido criado 
e uma poderosa aliança de direção tenha sido formada, aí sim, 
cria-se a visão. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25
Kotter (1996) afirma que desenvolver uma visão é um exercício tanto da cabeça quanto 
do coração, leva algum tempo, sempre envolve um grupo de pessoas e é difícil fazer bem. 
Geralmente, a visão estratégica lida com questões-chave como: 
• O que nossa organização faz? 
• Como nos destacamos entre organizações semelhantes? 
Essas perguntas podem ser feitas às lideranças, como gestores públicos, conselhos 
ou até mesmo tomadores de decisão, em geral quanto mais colaborativo, melhor. 
Os principais componentes das visões estratégicas incluem a visão, a missão, os 
valores e as estratégias de um grupo.
O processo de construir uma visão estratégica tem como objetivo 
definir o propósito de uma organização e como ela irá alcançá-lo 
em um período de vários anos. Para descobrir para onde uma 
organização está indo, a visão estratégica exige que os membros 
do grupo compreendam o passado da organização, sua posição 
atual e as possíveis direções que ela pode tomar no futuro. 
Visão 
É uma descrição do que uma organização espera ser no futuro, já a 
declaração de missão é aplicável no presente e no futuro, por isso 
serve como meio de alcançar a declaração de visão. 
Um exemplo de uma declaração de visão para uma organização sem 
fins lucrativos poderia ser “Um mundo sem moradia”, enquanto sua 
declaração de missão poderia ser “fornecer assistência e colocação 
de emprego para os sem-teto e desempregados”. 
Valores 
Os valores são pilares centrais e pontos fortes de uma organização 
compartilhados entre todos que pertencem a organização. Eles 
conduzem a cultura da equipe e fornecem a estrutura usada para 
tomar decisões importantes. 
26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Contudo, para que todos esses componentes que você viu anteriormente sejam realmente 
eficazes, eles devem ser integrados à cultura de umaorganização, pois eles não podem 
permanecer como pedaços de texto isolados em uma página da web ou folheto, e este é 
o grande desafio, não só das empresas como também das gestões públicas. 
Esses componentes-chave devem ser avaliados ciclicamente, tanto da perspectiva dos 
membros internos quanto da perspectiva do público externo. As discrepâncias entre o 
que é sentido internamente e o que é aprendido ouvindo pessoas externas podem ajudar 
a determinar quais devem ser as novas estratégias de uma organização.
A área de Futurologia considera uma gama mais ampla de questões e mudanças em 
todos os setores. Isso pode incluir questões emergentes e tendências sociais gerais. 
Estratégia 
A estratégia de uma organização é uma combinação de seus objetivos 
finais desejados (a visão) e as políticas que ela adotará para atingir os 
objetivos. Uma declaração de missão, visão e valores bem elaborada 
pode orientar uma organização em direção a políticas e mudanças 
sistêmicas que ajudarão sua visão a se tornar realidade. 
Uma organização que nomeia integridade e lealdade como valores-
chave tomará decisões de maneira diferente de uma organização que 
nomeia cidadania global e sustentabilidade ambiental, por exemplo. 
Avaliação Interna e Externa de uma Organização.
Fonte: Freepick (2022).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27
Esses setores adotam uma perspectiva geral – uma abordagem sistêmica – para identificar 
e entender a mudança e procurar os impulsionadores sistêmicos dessa mudança. 
Vale se atentar que pensar sistemicamente sobre o futuro não é 
tentar acertar o futuro, mas sim não ser pego desprevenido! 
Os impactos potenciais das decisões de longo prazo podem não ser visíveis se o prazo 
proposto na estratégia for muito curto.
Um futuro preferencial fornece aos usuários um foco estratégico de longo prazo que 
informa a tomada de decisões hoje. O futuro é usado como um ponto final estratégico: 
Ajudar as organizações a avançar com clareza de propósito que fornece a capacidade e 
flexibilidade para mitigar desafios e aproveitar oportunidades úteis à medida que surgem. 
O Foresight, termo utilizado para desenvolver visões de futuro 
engajadoras e estratégicas, permite que seus usuários olhem para 
frente, identificando futuros possíveis, plausíveis e prováveis e, 
em seguida, desenvolvam um futuro preferido.
O Futuro como Objetivo Estratégico.
Fonte: Freepick (2022).
28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Na mudança organizacional, a visão de futuro é um passo essencial no início do processo 
para obter uma visão compartilhada do tipo de organização que o grupo deseja 
desenvolver. Durante a implementação, a visão é uma maneira de verificar se o processo 
de mudança está no caminho certo. 
Como as abordagens prospectivas consideram uma ampla gama de questões e mudanças 
em todos os setores, elas adotam uma perspectiva geral – uma abordagem sistêmica – 
para identificar e entender a mudança. O conhecimento do que o quadro geral contém 
reduz a incerteza, fazendo com que uma organização se sinta mais confortável com as 
decisões que está tomando. 
Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o 
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! 
A visão de futuro em um contexto organizacional é 
melhor concebida e posicionada como um aspecto do 
pensamento estratégico, que se destina a abrir uma 
ampla gama de percepções das opções estratégicas 
disponíveis, de modo que a elaboração de estratégias 
seja potencialmente mais sábia. O pensamento 
estratégico está preocupado com a exploração, 
muitas vezes baseada em informações e opções 
limitadas e irregulares, e não nas etapas necessárias 
para a implementação de ações, que é o domínio do 
planejamento estratégico. (CONWAY, 2002). 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29
CONWAY, M. Implementing Organisational Foresight: A Case Study in Learning 
from the Future. In: International conference at the University of Strathclyde 
Graduate School of Business in Glasgow, 2002. 
FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2022. Disponível em: 
https://www.freepik.com/. Acesso em: 14 nov. 2022. 
KOTTER. J. P. Leading Change: an action plan from the world's foremost expert on 
business leadership. Harvard Business Review Press, 1996. 
Referências 
30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Quando é abordada a construção da Visão de Futuros, em geral, o propósito se 
trata de influenciar a partir da construção de narrativas. 
Desta maneira, é necessário que entenda o contexto do surgimento das narrativas 
futuristas para que possa elaborar as suas visões.
Veja a seguir uma linha cronológica do Desenvolvimento deste gênero narrativo.
2.1 Da Ficção Científica para Visão de Futuro
Unidade 2: Cronologia do Design Fiction
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer a cronologia e o desenvolvimento 
de narrativas de futuros. 
Ficção Científica. 
Fonte: Freepik (2022).
Então, caso você tenha uma curiosidade 
e decida fazer uma análise cronológica 
das visões de futuros, você irá se deparar 
com os primeiros temas abarcando 
narrativas futuristas que foram as de 
ficção científica.
Surgimento do Gênero Ficção Científica 
De acordo com essa perspectiva, o gênero surgiu para dar 
sentido às enormes extensões de conhecimento empírico e 
capacidade tecnológica ao longo dos séculos XVII e XVIII (tal 
como o modelo copernicano do sistema solar, descobertas 
no Novo Mundo, avanços médicos, microscópios). 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31
Primeiro Romance de Ficção Científica 
Diversos escritores, pesquisadores e críticos como Brian 
Aldiss apontam que Frankenstein, a obra-prima de Mary 
Shelley de 1818, é o primeiro romance de ficção científica 
justificado pelos eventos fantásticos que ocorrem não por 
causa de magia ou milagre, mas puramente por meio da ciência, 
trazendo uma camada de ciência junto à narrativa do livro. 
Popularização da Ficção Científica 
O termo “ficção científica" foi popularizado na década de 
1920 por um dos principais defensores do gênero, o editor 
americano Hugo Gernsback. O gênero surgiu formalmente 
no Ocidente, cujas transformações sociais provocadas pela 
Revolução Industrial levaram pela primeira vez escritores e 
intelectuais a extrapolar o impacto futuro da tecnologia. 
Frankestein. 
Fonte: Wikipédia (2022).
32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
livro A Fundação de Isaac Asimov. 
Fonte: Editora Aleph (2019).
Ficção Científica como Gênero Literário 
Uma abundância de realizações científicas e tecnológicas 
nos últimos 100 anos foi profetizada na literatura de ficção 
científica muito antes de virem à existência física. 
Você pode não saber, mas existe uma relutância da sociedade em reconhecer 
não apenas como a literatura de ficção científica prevê o futuro, mas também o 
impacto que ela tem em moldá-lo. 
Ao longo da história moderna, tem existido uma relação simbiótica entre a ficção 
e os campos da ciência e da tecnologia. A ficção científica pioneira sintetiza e 
populariza novas ideias da imaginação, o que pode levar outros a estabelecer as 
implicações de tais ideias no mundo real ou deixá-las dentro do mundo da ficção. 
Na ampla variedade de subgêneros de ficção científica, o cyberpunk foi reconhecido 
como uma marca particularmente orientada para o futuro na ficção científica 
2.2 Cyberpunk e Steampunk 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33
extrapolativa ao longo do último século. 
Como movimento literário, o cyberpunk também significa uma atitude original 
em relação ao futuro, derivada de um paradigma pós-moderno, algo inédito até 
então. Esse paradigma é representado pela afirmação de que o futuro implodiu 
no presente. 
Tal afirmação pode ser descrita pelas palavras de J.G. Ballard, que na introdução 
de seu romance Crash escreveu: 
Aodescrever o futuro próximo, os escritores cyberpunks parecem compartilhar o 
ponto de vista de Ballard, tal como Kamrowska (2014) ao afirmar o seguinte: 
Nos romances cyberpunk, a noção 
de tecnologia é o elemento crucial 
que constitui sua visão de futuro. 
Gênero Cyberpunk. 
Fonte: Freepik (2022).
 “O futuro está deixando de existir, devorado pelo presente 
voraz. Anexamos o futuro ao presente, como apenas uma dessas 
múltiplas alternativas abertas a nós”. 
cyberpunk, com todas as suas críticas, mostra um 
futuro que podemos razoavelmente esperar e 
mostra pessoas lidando com sucesso, sobrevivendo 
e manipulando-o (KAMROWSKA, 2014). 
34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Um dos autores relevantes do gênero cyberpunk, Bruce Sterling afirma em um 
prefácio de seu livro Mirrorshades (1986) que os cyberpunks são talvez a primeira 
geração de ficção científica a crescer não apenas dentro da tradição literária da 
ficção científica, mas em um mundo verdadeiramente de ficção científica.
O termo cyberpunk indica dois elementos-chave na ficção cyberpunk:
• O primeiro elemento ‘cibernético’ indica um sistema de controle de alta 
tecnologia que combina computadores e outras tecnologias avançadas 
com estratégias de vigilância e controle;
• O segundo elemento – ‘punk’ – significa uma subcultura urbana e 
anárquica.
A fusão desses dois mundos resultou em uma vertente inovadora da literatura de 
ficção científica, que se tornou não apenas o pano de fundo ideológico de toda a 
sociedade da computação, mas também é considerada uma importante inserção 
na literatura pós-moderna.
Capa do Livro Mirrorshades. 
Fonte: Wikipédia (2022).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35
O lema do cyberpunk: “high tech, low life” indica que 
aparelhos tecnológicos avançados são usados não 
apenas por corporações multinacionais e agendas 
governamentais, mas também por gângsteres 
suburbanos, artistas underground e forasteiros. Esse 
lema também é um dos elementos cruciais da aplicação 
do cyberpunk na previsão. (KAMROWSKA, 2014) 
Quando são tratadas de narrativas futuristas, a partir do cyberpunk novos 
desdobramentos começam a surgir, como o caso do Steampunk. 
Surgido a partir de uma interseção de ficção científica, fantasia e história, Steampunk 
imagina como a tecnologia poderia ter evoluído sem o benefício da eletricidade ou 
dos computadores. 
A filosofia Steampunk oferece uma maneira de resolver problemas de design, 
levando-nos a pensar menos em termos de ou/ou e mais em termos de pluralidades. 
Steampunk é um meio de reinvenção, solução criativa de problemas e de se tornar 
mais resiliente, desenvolvendo o poder de se adaptar e afetar mudanças de 
maneira significativa. 
Em sua essência, steampunk é uma 
releitura e reinvenção do passado 
através da criação de novos objetos. 
Steampunk. 
Fonte: Freepik (2022).
36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
“E se tivesse sido diferente?”. Quem nunca fez essa 
pergunta, que atire a primeira pedra. Os jovens 
que participam do steampunk não atiram pedras, 
mas performatizam uma visão de mundo e lançam 
reflexões a partir dessa inquietante pergunta. Fruto 
da ficção científica contemporânea, em seu subgênero 
cyberpunk, pode-se dizer que o steampunk salta das 
páginas da literatura que lhe deu origem e ganha forma 
em uma cultura urbana juvenil que conquista cada vez 
mais adeptos mundo afora (PEGORARO, 2017). 
O objetivo principal é imaginar o seguinte questionamento: 
E se tivesse sido diferente? 
Essa pergunta não tem como objetivo apenas especular sobre o passado, mas 
também para que reflita sobre as suas escolhas e o impacto que trouxeram para 
a sociedade global. 
Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o 
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!
O steampunk é um movimento que parte de um contexto 
retrofuturista. A mistura entre elementos do passado (numa 
caracterização retro) com tecnologia futurista é o seu ponto 
de partida, trazendo narrativas visuais da revolução industrial 
e era vitoriana. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37
ASIMOV, I. Trilogia da Fundação. São Paulo: Aleph, 2019. 
FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2022. Disponível em: 
https://www.freepik.com/. Acesso em: 14 nov. 2022. 
KAMROWSKA. A Cyberpunk, Anime and Creative Foresight. The Polish Journal 
of the Arts and Culture. 2014. Disponível em: http://www.pjac.uj.edu.pl/
documents/30601109/0fb29b92-e904-4133-ae35-2c5322c13550. Acesso em: 05 
nov. 2022. 
PEGORARO, E. A experiência urbana steampunk: entre a literatura de ficção científica 
e as ruas do Brasil. In: Revista Iberoamericana. 2017. Disponível em: https://revista-
iberoamericana.pitt.edu/ojs/index.php/Iberoamericana/article/viewFile/7518/7635. 
Acesso em: 05 nov. 2022. 
STERLING, B (Ed.). Mirrorshades: The Cyberpunk Anthology. Westminster: Arbor 
House, 1986. 
WIKIPÉDIA. Frankenstein. Wikipédia, 2022. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/
wiki/Frankenstein. Acesso em: 14 nov. 2022.
Referências 
38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Considerando os fatos globais que vêm ocorrendo nas últimas décadas, como 
eventos climáticos extremos, visões políticas polarizadas, conflitos bélicos, crise dos 
modelos econômicos vigentes, evolução da tecnologia, entre vários outros fatores, 
ficou evidente que novas narrativas de futuro seriam necessárias para estimular a 
construção de futuros desejáveis para engajar a humanidade. 
E aí, como você acha que essas temáticas irão conversar com as narrativas 
de futuros? 
Nesse sentido, você verá nesta unidade algumas das narrativas de futuros mais 
recentes, incorporando visões territoriais e culturais de maneira a incluir grupos 
menorizados nestas perspectivas futuras. 
3.1 Perspectiva Global Atual Para a Visão de Futuro   
Unidade 3: Narrativas emergentes na Visão 
de Futuro
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de resumir as narrativas mais recentes que 
endereçam as discussões para Visões de Futuro. 
Precisamos de imagens do amanhã; e nosso povo 
precisa deles mais do que a maioria. Sem uma imagem 
do amanhã, fica-se preso pela história cega, economia 
e política além do nosso controle. Um está amarrado 
em uma teia, em uma rede, sem nenhuma maneira 
de lutar livremente. Somente tendo imagens claras e 
vitais das muitas alternativas, boas e ruins, de onde se 
pode ir, teremos algum controle sobre a maneira como 
podemos realmente chegar lá em uma realidade que o 
amanhã trará muito rapidamente. (DELANY, 1984) 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39
Quando se dialoga sobre novas narrativas, um dos pontos cruciais é entender a perspectiva 
de grupos não incluídos na maior parte das vezes nestas narrativas de futuro. 
Para isto, são apresentadas narrativas emergentes, desenvolvidas nas últimas décadas, 
de maneira a contemplar diferentes perspectivas com o objetivo de ampliar a inclusão e 
construir cenários de maneira colaborativa. 
Uma destas narrativas que teve grande destaque nos anos mais recentes, apesar de 
ser uma área discutida desde os anos 90’ é o Afrofuturismo. 
O conceito levanta possibilidades de vivência negra em mundos que não são 
marcados pelo racismo e pela opressão, funcionando como crítica à realidade atual. 
3.2 Estética Cultural e Visão de Futuro
3.2.1 Afrofuturismo 
O termo Afrofuturismo é utilizado para definir a convergência da 
visão afrocêntrica com a ficção científica, inserindo a negritude 
em um contexto de tecnologia e projeções sobre o futuro. 
Colagem Afrofuturista. 
Fonte: Kaylan Michael (2020).
40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Apesar do afrofuturismo ter tomado relevância nos últimos anos a partir de filmes 
como Pantera Negra, assim como estéticas musicais e audiovisuais, o termo surgiu 
na década de 90, quando a socióloga americana Alondra Nelson criouo Afrofuturism, 
que era uma lista de discussão online pioneira sobre o tema, reunindo acadêmicos, 
artistas e pesquisadores para discutir as possibilidades e aplicações do conceito. 
São redes atualmente populares entre usuários de internet, entre outras: 
A partir deste movimento, diversas autoras e autores começaram a desenvolver 
narrativas onde a visão de futuro pudesse ser afrocentrada. 
Octavia Butler, uma das mais aclamadas autoras negras de ficção científica, traz em 
seus contos protagonistas negros e abordando questões de raça e gênero, em Speech 
Sounds ela chega a discutir questões de controle reprodutivo. 
Em Kindred, uma de das obras literárias, a autora levanta a questão da viagem no tempo: 
Questões de raça e gênero são cruciais para o desenvolvimento da história, assim como 
afirma Womack (2013): 
“se para homens brancos é sempre divertido, como no caso de 
De Volta Para O Futuro, para uma mulher negra a história é 
completamente diferente”. 
[...] o termo Afrofuturismo, assume a cultura digital que 
não cai na armadilha dos neocríticos ou dos futuristas 
de cem anos atrás. Esses trabalhos representam novas 
direções no estudo da cultura da diáspora africana que 
se baseiam nas histórias das comunidades negras, em 
vez de buscar cortar todas as conexões com elas. [...] 
O termo foi escolhido como o melhor guarda-chuva 
para os interesses da lista incluindo imagens de ficção 
científica, temas futuristas e inovação tecnológica na 
diáspora africana (ALONDRA, 2002). 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41
Com a diversidade da nação e do mundo gerando um 
contraste cada vez mais radical em relação à diversidade 
presente em obras futuristas, não surpreende que o 
afrofuturismo tenha emergido. Quando, mesmo em 
um futuro imaginário, as pessoas não conseguem 
compreender a existência de uma pessoa que não seja 
de descendência europeia, uma atitude cósmica tem 
de ser tomada (WOMACK, 2013). 
Acho que a melhor maneira de explicar o solarpunk 
é contrastando-o com o gênero de ficção científica e 
fantasia chamado steampunk, do qual deriva a ideia de 
solarpunk. [...] Solarpunk também combina tecnologia 
moderna com tecnologia mais antiga, mas com uma 
diferença vital. No caso do steampunk, o foco na 
tecnologia vitoriana serve como diretriz para imaginar 
um mundo alternativo. No caso do solarpunk, o 
interesse em tecnologias mais antigas é impulsionado 
pela economia mundial moderna: se o petróleo não é 
mais uma fonte barata de energia, às vezes fazemos 
melhor para reviver tecnologias mais antigas baseadas 
em outras fontes de energia, como energia solar e 
energia eólica. É por isso que o Beluga Skysail é o navio 
de carga oficial e honorário do solarpunk. (REPUBLIC 
OF THE BEES, 2008). 
Em relação a perspectiva climática para a construção de narrativas futuras, se tornou 
nítida a necessidade de trazer perspectivas positivas, de maneira a estimular visões 
de futuros desejáveis para contornar o contexto crítico das mudanças climáticas. 
Neste sentido, em 2008 um blog chamado Republic of the Bees publicou: From 
Steampunk to Solarpunk. A postagem começa com a conceitualização do solarpunk, 
apresentando-o como um gênero literário inspirado por steampunk: 
3.2.2 Solarpunk 
42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Este movimento recente tem como objetivo encorajar visões otimistas do futuro sob 
a luz das presentes questões climáticas, tais como mudança climática e poluição, 
bem como desigualdade social. 
Em 2012, a primeira antologia solarpunk é lançada por Gerson Lodi-Ribeiro, intitulada 
Solarpunk: Histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável foi lançada 
no Brasil; tendo sido traduzido para inglês em 2018. 
Belula Skysails. 
Fonte: REPUBLIC OF THE BEES (2008).
Capa do livro Solarpunk: Histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável. 
Fonte: Amazon (20--)
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Em outubro de 2019, a comunidade autodenominada “Solarpunk Community” 
publicou um Manifesto compartilhando sua visão e objetivos, dentre eles:
Solarpunk é um movimento de ficção especulativa, 
arte, moda e ativismo que busca responder e incorporar 
a pergunta “como é uma civilização sustentável e como 
podemos chegar lá?” 
A estética do solarpunk funde o prático com o belo, o 
bem desenhado com o verde e o exuberante, o brilhante 
e colorido com o terroso e sólido. Solarpunk pode ser 
utópico, apenas otimista ou preocupado com as lutas 
a caminho de um mundo melhor, mas nunca distópico. 
Enquanto nosso mundo se agita com a calamidade, 
precisamos de soluções, não apenas de avisos. 
Soluções para prosperar sem combustíveis fósseis, 
para gerenciar de forma equitativa a escassez real e 
compartilhar em abundância, em vez de apoiar a falsa 
escassez e a falsa abundância, para sermos mais gentis 
uns com os outros e com o planeta que compartilhamos. 
Solarpunk é ao mesmo tempo uma visão do futuro, 
uma provocação ponderada, uma forma de viver e um 
conjunto de propostas alcançáveis para chegar lá. (THE 
SOLARPUNK COMMUNITY, 2019). 
A partir do desenvolvimento de narrativas globais, diversos artistas notaram a 
ausência de uma territorialidade representada nestas visões de futuro. 
3.2.3 Amazofuturismo 
Neste contexto surgiu o conceito de amazofuturismo, um 
subgênero da ficção científica que tem como objetivo explorar 
narrativas futuristas amazônicas. O amazofuturismo cria uma 
nova perspectiva sobre as histórias de civilizações avançadas 
localizadas no coração da selva Amazônica. 
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O subgênero nasceu com as ilustrações do artista João Queiroz em 2019, que 
influenciaram o imaginário de escritoras e roteiristas, que têm incorporado as ideias 
amazofuturistas em suas criações. 
O amazofuturismo surgiu de uma convergência de 
inspirações e necessidades. Alguns meses antes de 
criar a ilustração Cyberamazon, eu estava interessado 
no cyberpunk e toda sua teoria e estética. Fiz alguns 
trabalhos com esse tema e logo percebi que a estética 
atual do gênero estagnou em um retrofuturismo dos 
anos 80, porque, claro, Blade Runner, Akira, Alita e 
Ghost in the Shell continuam sendo grandes fontes 
de inspiração [...] A Cyberamazon foi minha primeira 
tentativa de inserir uma personagem próxima da 
minha etnia num trabalho de ficção científica, algo 
que sinceramente nunca tinha visto representado. 
Por eu ter nascido no norte do país e por ser caboclo, 
senti maior afinidade em trabalhar com os temas lá de 
minha terrinha e minha ascendência (ZUIN, 2019). 
Amazofuturismo. 
Fonte: LIDIA ZUIN blogosfera.uol (2019).
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De acordo com o escritor Rogério Pietro, autor do primeiro romance amazofuturista 
publicado, o novo subgênero: 
O autor propõe 4 pilares para identificar uma narrativa amazofuturista, sendo estas: 
1. Os indígenas, a etnia ou o povo representado, seja real ou fictício, deve 
ser da selva amazônica. Do contrário não seria amazofuturismo. Obras 
de arte futuristas sobre povos indígenas de outras localidades podem 
receber novas denominações. 
é um avanço visual, estético e conceitual das lendas 
indígenas brasileiras. A noção de uma civilização 
avançada e perdida no meio da selva amazônica não é 
nova. O amazofuturismo lança um novo olhar sobre o 
conceito. (PIETRO, 2021). 
2. A tecnologia indígena deve ser inovadora e única. O simples fato de dar 
aos personagens telefones celulares ou computadores não caracteriza o 
amazofuturismo. Pelo contrário, o uso de tecnologias tipicamente usadas 
por outros povos seria apenas uma descaracterização da cultura indígena. 
3. Os avanços tecnológicos devem estar em harmonia com o meio ambiente. 
A sociedade indígena amazofuturista deve ser utópica, voltada para 
o bem-estar dos habitantes e sempre respeitar a selva e os animais. 
 
Se uma sociedade indígena amazônica for retratada com um olhar 
distópico,em que o meio ambiente e a sociedade foram degradados, 
então o termo amazofuturismo não pode ser usado. Esse tipo de visão 
talvez pudesse ser chamado de “amazopunk”, o que não é o objetivo do 
novo subgênero da ficção científica. 
4. As histórias devem ser contadas do ponto de vista dos personagens indígenas, 
e não mais do ponto de vista do personagem explorador/colonizador que se 
deslumbra ao encontrar uma cidade maravilhosa no seio da selva amazônica. 
 
Por outro lado, as histórias amazofuturistas não precisam ter autoria 
exclusiva de escritores ou roteiristas indígenas. O amazofuturismo vem 
para unir os povos num ideal estético e conceitual, e não promover a 
segregação racial.
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Eu sempre gostei da cultura brasileira e achava 
estranho não ver nada dessa cultura em obras de 
ficção e fantasia. Com o tempo, comecei a pensar e 
imaginar algumas fusões e, logo de cara, pensei como 
seria o Brasil em um futuro cyberpunk. Fiz algumas 
pesquisas e uns esboços de vestimentas do sul e do 
nordeste, mas acabei optando por iniciar os desenhos 
voltados para o sertão cyberpunk, daí o surgimento da 
série Cyberagreste (ZUNIN, 2019). 
Junto com ao desenvolvimento da visão amazofuturista, diferentes artistas de 
outras regiões também foram estimulados a construir narrativas que estivessem 
integradas ao território brasileiro. 
Neste sentido em 2019, artistas como Vitor Wiedergrün iniciaram o desenvolvimento 
de arquétipos da cultura nordestina e do cangaço com inspiração cyberpunk.
3.2.4 Cyberagreste 
Cyberagreste. 
Fonte: LIDIA ZUIN blogosfera.uol (2019).
Como você pode notar, sempre haverá 
um novo contexto para que diferentes 
perspectivas possam ser contempladas em 
narrativas de futuros inclusivas.
Você chegou ao final desta unidade de estudo. 
Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo 
e se aprofunde nos temas propostos. Até a 
próxima!
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ALONDRA. N. Future Texts. In: Social Text, 71, v. 20, n. 2, 2002. p. 2-19. Disponível 
em: https://monoskop.org/images/0/0e/Nelson_Alondra_ed_Afrofuturism_Social_
Text.pdf. Acesso em: 06 nov. 2022. 
DELANY, S. R. Starboard wine. More notes on the language of science fiction. [s.l.]: 
Dragon Press, 1984. 
PIETRO. R. Amazofuturismo. 2021. Disponível em: https://amazofuturismo.com.
br/. Acesso em: 06 nov. 2022. 
REPUBLIC OF THE BEES. From steampunk to solarpunk. 2008. Disponível em: 
https://republicofthebees.wordpress.com/2008/05/27/from-steampunk-to-
solarpunk/. Acesso em: 06 nov. 2022. 
THE SOLARPUNK COMMUNITY. A solarpunk Manifesto. Disponível em: https://
www.academia.edu/43062167/A_Solarpunk_Manifesto. Acesso em: 06 nov. 2019. 
WOMACK. Afrofuturism: the world of Black Sci-Fi and fantasy culture. [s.l.] Lawrence 
Hill Books, 2013. 
ZUIN. L. Amazofuturismo e Cyberagreste: por uma nova ficção científica 
brasileira. 2019. Disponível em: https://lidiazuin.blogosfera.uol.com.br/2019/09/02/
amazofuturismo-e-cyberagreste-por-uma-nova-ficcao-cientifica-brasileira/. Acesso 
em: 06 nov. 2019. 
Referências 
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Unidade 4 - Materialização da Visão de Futuro
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de esclarecer o processo de materialização de visões 
de futuros através de artefatos e serviços prospectivos. 
4.1 - Construção da Visão de Futuro através do Design Fiction 
Design Fiction. 
Fonte: Journey to Zero (2020).
O Design Fiction pode ser entendido como uma disciplina, um método ou o uso 
intencional de protótipos que materializam narrativas de futuros de maneira detalhada 
e aprofundada nos temas e personagens. Assim, o protótipo, dentro do Design Fiction, 
é um produto, serviço ou alguma peça que existe apenas nesse mundo ficcional que o 
público está vendo. 
O Design Fiction é uma prática que tem o objetivo de explorar 
possíveis futuros e criar cenários teóricos e provocativos que 
são narrados através de objetos e serviços projetados no futuro. 
Se o design comum resolve problemas atuais, o Design Fiction 
amplia o propósito e tenta lidar com os maiores problemas da 
sociedade na perspectiva futura. 
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Esse método também procura responder a perguntas como: 
• Como o design deve impactar o mundo? 
• Como projetar um ecossistema mais saudável? 
• O que fazer para influenciar as culturas futuras? 
• Como as tecnologias futuras podem impactar os produtos e serviços e 
vice-versa? 
• O que não iria querer ver no futuro? 
Os questionamentos anteriores são uma maneira de facilitar debates, desenvolver novas 
ideias sem limitações e visualizar novas tecnologias em um futuro distante, enquanto 
utiliza uma narrativa para mostrar como essas tecnologias estão posicionadas em um 
novo contexto. 
Ao inspirar novos imaginários e interações sobre o futuro, o Design Fiction avança as 
perspectivas de inovação e ajuda a tornar essas ideias reais o suficiente. 
Os itens clássicos da ficção científica são imaginários, e justamente por essa 
característica incentivam a inventividade. Tanto que muitas das invenções que fazem 
parte da atual realidade da sociedade, como o smartphone, apareceram primeiro em 
livros ou no cinema. 
O aplicativo Uber já pensa em cidades povoadas por carros voadores, por isso está 
criando uma narrativa para prospectar o potencial lançamento de sua frota, de acordo 
informações da Amy Gibbs (sócia da firma PwC), num relatório sobre o uso da técnica 
para explorar a inovação nos negócios.
Narrativa de cidades povoadas por carros voadores. 
Fonte: Veja.abril (2019).
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O objetivo é auxiliar os colaboradores a entenderem uma situação hipotética no 
futuro, e assim promover maior espaço para criatividade, inovação. Isso ajuda no 
desenvolvimento de novos produtos através da visualização e uma inspiração para a 
construção de futuros que são antes vividos na ficção e, depois, aplicados na prática. 
Grandes empresas, como Goodyear, Toyota, Ford, Uber, Embraer, Visa, Pepsi já utilizam 
essa metodologia para identificar problemas e oportunidades atuais e futuros, muitas 
vezes em horizontes de tempo de 10, 20 ou 30 anos. 
Essa metodologia já considerada como “nova” solução em produtos, serviços e até 
modelos de negócios, apresentados para problemas que surgirão no futuro, por isso o 
termo “fiction” ou especulativo. 
O termo foi inicialmente utilizado por Anthony Dunne, professor 
e chefe do programa de interações de design do Royal College 
de Londres, e Fiona Raby, professora de design industrial da 
Universidade de Viena. O americano Bruce Sterling, um dos 
mais respeitados autores de ficção científica, cunhou o termo 
“design fiction” em 2005. 
4.2 - Processo de Materialização de Artefatos de Futuro  
Mesmo que as experiências de Design Fiction se baseiem em narrativas ficcionais, a 
pessoa que está criando sua experiência precisa focar na qualidade de seus argumentos 
e construção de cenários para que a ficção pareça verossímil o suficiente para se tornar 
imersiva. 
A princípio, isso pode parecer difícil, mas o processo de Design Fiction pode ser acessível 
através de algumas práticas como o exercício de quatro etapas inspirado em uma 
atividade chamada “Projetando o Futuro” conduzida na Haas School of Business, da 
Universidade de Berkeley. 
O que acha de fazer esse exercício?
Escolha uma indústria 
Quais são as “tarefas a serem realizadas? 
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Escreva uma história sobre o futuro 
Como estes trabalhos da área escolhida irão mudar no futuro com a 
ajuda da tecnologia? 
Volte para às suposições 
O que precisaria ser verdade para o futuro ser real? 
Protótipo 
Comece a construir para testar e aprender. 
O que achou do exercício? 
Ficou mais simples o processo de criação do Design Fiction? 
Segundo a IDEO (2019), Design Fictioné a prática de criar protótipos tangíveis e evocativos 
de possíveis futuros próximos, para ajudar a representar as implicações, resultados e 
consequências da tomada de decisões. Usando esta abordagem, criam-se artefatos do 
futuro representando possíveis e prováveis implicações. 
O Design Fiction não apenas ajudou a informar o sentido, a estratégia e a tomada 
de decisões, mas também reformulou a cultura, ajudando as equipes dentro de 
organizações a serem mais flexíveis e preparadas diante da incerteza futura através 
das seguintes ações:
• promover a colaboração criativa, o diálogo, o pensamento crítico e, 
finalmente, o alinhamento entre os silos departamentais. 
• considerando riscos e oportunidades futuros de novas maneiras, por 
meio da exploração de externalidades, coevoluções e cenários “e se”. 
• sondagem de preconceitos, suposições não testadas e pontos cegos. 
• encorajar as pessoas a pensar tanto sobre as implicações de uma nova 
tecnologia, produto ou serviço quanto sobre suas aplicações.
Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o 
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima
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BERGAMASCO, D. Uber voador brasileiro será ‘para uso da massa’, diz CEO da 
EmbraerX. Revista Veja. São Paulo. 11 jun. 2019. Disponível em: https://veja.abril.
com.br/tecnologia/carro-voador-brasileiro-sera-para-uso-da-massa-diz-ceo-da-
embraerx/. Acesso em: 16 nov. 2022. 
GERBER, J. Prototype the future of your business with this 4 step design exercice. 
2019. Disponível em: https://www.ideo.com/journal/prototype-the-future-of-your-
business-with-this-4-step-design-exercise. Acesso em: 06 nov. 2022. 
GRAHAM, J. A leap into the unknown: how ‘design fiction’ is shaping our future. Neste. 
Journey to Zero, 21 fev. 2020. Disponível em: https://journeytozerostories.neste.com/
sustainability/leap-unknown-how-design-fiction-shaping-our-future#f4450214. 
Acesso em: 14 nov. 2022.
Referências 
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Unidade 5 - Ferramenta de Visão de Futuro 
5.1 - Vision Canvas para Construir um Projeto de Visão de Futuro 
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de esclarecer como usar a ferramenta Vision Canvas 
para facilitar a construção da Visão de Futuro em projetos estratégicos. 
Existem ferramentas que auxiliam na construção de um projeto de visão do futuro 
como o Vision Canvas.
Uma declaração de visão 
às vezes é percebida como 
a imagem de sua empresa 
no futuro, mas é muito 
mais do que isso, pois 
declaração de visão de 
demonstra sua inspiração, 
a estrutura para todo o seu 
planejamento estratégico. 
O Vision Canvas ajuda a estabelecer clareza e consenso sobre 
a visão de futuro de determinada área, projeto ou corporação. 
Além disso, colabora para garantir que a visão de todas as pessoas 
esteja alinhada com os objetivos da organização, entendendo 
os desafios e potencialidades para alcançar esta visão além de 
criar oportunidade para todos os participantes terem voz no 
desenvolvimento desta visão. 
Declaração de Visão de uma Empresa. 
Fonte: Freepik (2019)
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Ao criar sua declaração de visão inicial, a empresa está essencialmente articulando 
seus sonhos para o seu negócio. Isso deve ser um lembrete do que vocês estão 
tentando realizar juntos. 
Isso pode se aplicar a toda empresa ou a uma única divisão da empresa. Seja para 
toda ou parte de uma organização, a declaração de visão responde à pergunta: 
Para onde queremos ir? 
Provavelmente, o maior aspecto do Vision Canvas é que toda a sua visão, incluindo 
ações, apoios, oportunidades e desafios, estará estruturada em um único lugar. 
Independentemente da abordagem escolhida para compor sua visão, você precisará 
envolver as pessoas certas. 
Isso inclui os tomadores de decisão, bem como todos os outros atores de uma 
equipe! 
Uma visão sem ações ou embaixadores para levar a mensagem adiante não vale 
mais do que o papel em que é impressa, por melhor que seja. 
Assim, a ferramenta Vision Canva se demonstra simples de compartilhar e fácil 
de traduzir em diretrizes concretas que os tomadores de decisão (e executores) 
precisam para realizar seus trabalhos e melhor ainda, criar uma visualização da 
visão de futuro. 
Veja na imagem a seguir como a visualização de futuro pode ser construída através 
da ferramenta Vision Canvas. 
Visualização do Vision Canvas. 
Fonte: Business Models Inc. (2022).
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Para a construção da visualização do futuro, a ferramenta segue o seguinte caminho:
1. Declaração de Visão 
Qual é o estado futuro da nossa empresa/gestão? Como vamos ajudar nossos 
clientes? 
2. Temas essenciais 
Quais são os temas essenciais que sustentam nossa visão? Descreva-os em 
1 ou 2 palavras simples. 
3. Como ele aparece 
Como os temas aparecerão em nossa empresa? Como eles tornarão os 
temas da visão concretos e como eles inspirarão os outros? 
4. Suportes 
Quais são os suportes que nos permitem alcançar o nosso futuro? 
5. Desafios 
Quais são os desafios que nos impedem de alcançar nosso futuro? 
6. Cinco passos ousados 
Quais são os 5 passos ousados a serem dados para alcançar sua visão? 
7. Valores-chave 
Quais são os valores cruciais que formam a base para sua visão e seus 
passos? Como podemos alinhar esses valores?
O conteúdo anterior foi extraído e traduzido do site Business Models Inc. Clique 
aqui e acesse a plataforma para ver o conteúdo na íntegra. 
5.2 - Projetos Estratégicos Utilizando o Vision Canvas 
O objetivo de utilizar a ferramenta Vision Canvas é permitir que um grupo específico 
de pessoas possam colaborar na construção da Visão de Futuro e posteriormente 
mapear as diversas informações para alcançar esta visão. 
Utilização do Vision Canvas. 
Fonte: Freepik (2022).
https://www.businessmodelsinc.com/about-bmi/tools/five-bold-steps-vision-canvas/
https://www.businessmodelsinc.com/about-bmi/tools/five-bold-steps-vision-canvas/
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Neste sentido, ela pode ser utilizada em diferentes contextos, tanto para definição 
dentro da sua organização, empresa, assim como setor específico, times de projetos, 
podendo ser aplicado em diferentes escalas de complexidade. 
Por isto, o principal desafio desta atividade é convergir em uma única visão as 
diferentes perspectivas do grupo. Ela é indicada tanto para ser realizada virtualmente 
quanto presencialmente. 
A utilização desta ferramenta é indicada para ser realizada com grupos de 3 à 8 
pessoas e com duração entre 40 e 80 minutos.
Discutindo e definindo uma visão consensual 
Comece discutindo e definindo uma visão consensual. Para isto, peça que as pessoas 
individualmente escrevam sua visão sobre aquele determinado desafio. Em seguida, 
agrupe e estimule a discussão para chegar em uma única convergência, através de 
conteúdo textual entre uma frase e um parágrafo. 
Como exemplo, serão utilizadas visões construídas durante workshops realizados 
virtualmente e presencialmente. 
Exemplo: Visão de Futuro da indústria alimentícia 
“Viabilizar a entrada no mercado de soluções saudáveis e sustentáveis na América 
Latina através de soluções saudáveis e sustentáveis, nos comunicando e sendo 
relevantes para as gerações mais jovens e as fidelizar, com o objetivo de nos 
tornarmos referência a médio prazo.” 
Exemplo: Visão de Futuro de ecossistema de inovação brasileira 
“Ser instituição protagonista e visionária referência em criar estratégias e pontes 
para apoiar a consolidação do Sistema Nacional de CT&I, colocando a inovação 
a serviço dos principais desafios socioambientais e potencialidades do Brasil.” 
Exemplo: Visão de Futuro do Brasil no contexto energético 
“Alcançar nível de autossuficiência e diversificar matrizes energéticas com foco 
em energia sustentável.” 
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