Buscar

o-estado-do-meio-ambiente-e-retrospectivas-politicas---artigo-do-site-ibama-capitulo-2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

29ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
Capítulo
2
Estado do meio
ambiente e
retrospectivas
políticas: 1972-2002
UNEP, Dario Riva, Italy, Still Pictures
30 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002
Relatório de Situação Ambiental – SOE (State
of the Environment) foi introduzido nos Esta-
dos Unidos por meio da promulgação do Ato
Nacional de Política Ambiental de 1969 – NEPA
(National Environmental Policy Act) e tornou-se
uma atividade de caráter mundial a partir da declara-
ção adotada na Conferência sobre o Meio Ambiente
Humano, realizada em Estocolmo em 1972. Inicialmen-
te, o centro das atenções voltava-se para a situação
do ambiente biofísico – terra, água doce, florestas e
vida silvestre, por exemplo. As pessoas eram geral-
mente consideradas como uma ameaça ao meio ambi-
ente. Ao longo dos anos, contudo, o SOE vem se tor-
nando mais integrado e, ao avaliar e relatar as mudan-
ças que ocorrem no meio ambiente, passou a levar em
conta as complexas interações entre este e o homem.
Subseqüentemente, estabeleceu-se o relató-
rio SOE em todos os níveis – locais, nacionais, sub-
regionais, regionais e globais. Várias abordagens fo-
ram utilizadas: algumas voltadas a meios, como a ter-
ra e a água; algumas a temas setoriais, como agricul-
tura e atividades florestais; outras a questões como
degradação de terras e poluição, além de outras que
mesclavam todos esses temas. Outros modelos
adotados incluíam a pressão-estado-resposta – PSR
(pressure-state-response) e, posteriormente, a força
motriz-pressão-estado-impacto-resposta – DPSIR
(driving force-pressure-state-impact-response). Es-
sas abordagens, distintas entre si, serviram aos seus
propósitos. Contudo, percebem-se deficiências no
que tange à instituição de uma abordagem linear ante
processos ecológicos complexos e interações entre o
homem e o meio ambiente. Freqüentemente, os rela-
tórios minimizam o fato de que, além de o homem exer-
cer um impacto sobre o meio ambiente, este último
também exerce um impacto sobre o homem.
Dessa forma, desenvolveu-se, com o passar
do tempo, um modelo mais integrado de avaliação e
informação ambiental, que visa mostrar as relações
de causa e efeito da interação entre o homem e o meio
ambiente. Ele busca conectar as causas (forças motri-
zes e pressões) aos efeitos ambientais (estado) e às
atividades (políticas e decisões) que deram forma ao
meio ambiente ao longo das últimas três décadas, bem
como aos impactos que tais mudanças exercem atual-
mente nas pessoas.
Inicialmente, a análise se dá por temas (aspec-
tos socioeconômicos, terra, florestas, biodiversidade,
água doce, zonas costeiras e marinhas, atmosfera, áre-
as urbanas e desastres), sendo a natureza holística
do meio ambiente enfatizada quando necessário. Es-
sas questões temáticas são, primeiramente, analisa-
das a partir do ponto de vista global e, posteriormen-
te, a partir do nível regional GEO: África, Ásia e Pací-
fico, América Latina e Caribe, América do Norte, Ásia
Ocidental e Regiões Polares. As seções globais
enfatizam a maioria das principais questões de cada
setor, indicando as tendências ao longo das últimas
três décadas. A análise utiliza como referência a Con-
ferência de Estocolmo de 1972, ao discutir a evolução
das questões e a maneira pela qual a comunidade in-
ternacional vem tentando tratar esses problemas.
No nível regional, cada região é identificada
para fins de análise – por meio de diversos processos
de consulta – com duas ou três questões-chave regi-
onais para cada setor ou tema. Essas questões são
discutidas nas páginas seguintes e encontram-se
listadas na tabela contígua, a qual enfatiza as ques-
tões comuns às diferentes regiões, mostrando a na-
tureza global das questões ambientais com as quais o
mundo se depara atualmente. A tabela ainda identifi-
ca algumas diferenças regionais singulares que de-
mandam respostas regionais também singulares. Ao
longo de todo o relatório, as seções específicas de
cada região, assim como os gráficos, possuem códi-
gos de cor, para uma fácil identificação (ver a tabela
com as cores de cada região).
Quando apropriado, são fornecidas também
análises com diferenciação sub-regional, e são apre-
sentados exemplos nacionais para enfatizar determi-
nados tipos de desenvolvimento. A finalidade pre-
cípua da avaliação política, sob o enfoque da avalia-
ção integrada, é a identificação dos sucessos e das
falhas no desenvolvimento de políticas ambientais,
bem como a sua implantação como diretrizes para fu-
turas iniciativas políticas.
As análises são sustentadas por gráficos e ou-
tras ilustrações desenvolvidos por meio da utilização
de dados especialmente compilados para o período de
avaliação do GEO-3 nos últimos trinta anos. Os dados
foram compilados a partir de diversas fontes, sendo,
sempre que possível, posteriormente agregados em
níveis nacionais, sub-regionais, regionais e globais,
a fim de facilitar as comparações entre os diversos ní-
veis. O Portal de Dados do GEO-3 trata de alguns dos
dados inicialmente identificados no GEO-1, de 1997,
a saber: harmonização de conjunto de dados nacio-
nais e aquisição de conjuntos de dados mundiais.
Este capítulo enfatiza a integração entre as re-
giões, entre a situação do meio ambiente e a política
adotada, entre o passado e o futuro, entre áreas
temáticas e entre os setores (por exemplo: ambiental,
econômico, social e cultural). Tenta, ainda, analisar
as políticas (respostas sociais) relativas a questões
ambientais específicas, mostrando os impactos posi-
tivos e negativos de tais políticas sobre o meio ambi-
O
31ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002
Nota: Esta tabela re-
presenta as duas ou três
principais questões te-
máticas por região abor-
dadas neste capítulo.
Devido ao modelo DPSIR
utilizado na análise, uma
determinada questão
pode estar coberta por
dois ou mais temas. Por
exemplo, a degradação
florestal pode ser tratada
como um importante
agente causador de perda
da biodiversidade em
uma região, enquanto em
outra pode constituir o
principal motivo de
preocupação.
ente e como este pode induzir a políticas, tanto re-
trospectiva quanto pró-ativamente. Este capítulo tra-
ta, também, do impacto exercido pelas políticas dos
setores público e privado, assim como pelas políticas
regionais e globais, incluindo acordos ambientais mul-
tilaterais. A análise leva em consideração não somen-
te a política ambiental, mas também os impactos de
políticas gerais em relação a questões ambientais, tais
como as tendências de uma política social e econômi-
ca mais ampla com repercussões ambientais.
Outro componente importante deste capítulo
é a utilização de imagens de satélite para ilustrar as
mudanças ocorridas no meio ambiente nos últimos
trinta anos. As imagens foram geradas pelo Landsat,
que, coincidentemente, foi lançado em 1972 – o mes-
mo ano da Conferência de Estocolmo. As imagens do
Landsat, localizadas em uma ou duas páginas ao final
de cada seção, com a inscrição “O nosso meio ambi-
ente em transformação”, salientam as mudanças
ambientais em locais distintos de diversas regiões.
32 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002
 Panorama mundial
Nos últimos trinta anos, o mundo vem passando por
uma mudança social, econômica, política e tecnológica
sem precedentes. Esses componentes, quando inter-
ligados, proporcionam o cenário para a análise das
mudanças verificadas no meio ambiente, ao longo
desse período, tendo em vista podermos considerá-
los como os agentes mais influentes em termos de
mudanças ambientais.
Desenvolvimento humano
Ganhos consideráveis ocorreram no campo do de-
senvolvimento humano, particularmente nos países
em desenvolvimento: a renda e a linha de pobreza no
que se refere a renda melhoraram, e as pessoas vivem
mais, estão mais saudáveis, mais alfabetizadas e apre-
sentam um nível de educação jamais registrado. A
renda anual cresceu, em termos reais, vertiginosamen-
te nos países em desenvolvimento: 13% na África
(1972-1999), 72% na Ásia e Pacífico e 35%na América
Latina e Caribe, tendo decrescido 6% na Ásia Oci-
dental (compilado de World Bank, 2001). Todavia, as
taxas continuam desanimadoras no século XXI, com
níveis altos de privação persistindo por todo o mun-
do. Aproximadamente 1,2 bilhão de pessoas, ou um
quinto da população mundial, ainda vivem em estado
de extrema pobreza, com menos de um dólar por dia, e
2,8 bilhões de pessoas, ou quase metade da popula-
ção mundial, vivem com menos de dois dólares por
dia (UNDP, 2001). Três quartos dos que vivem em
extrema pobreza situam-se em áreas rurais (IFAD,
2001), sendo a maioria mulheres. A pobreza não se
limita aos países em desenvolvimento: mais de 130
milhões de pessoas que vivem nos países membros
da OCDE – Organização para a Cooperação e o De-
senvolvimento Econômico (Organization for
Economic Cooperation and Development) – são con-
sideradas como de baixa renda (UNDP, 2001).
Aspectos socioeconômicos
U
N
E
P, S
. Yo
h
, To
p
h
an
 Pictu
rep
o
in
t
33ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
osas, como HIV/AIDS, tuberculose e malária, consti-
tuem uma ameaça para os avanços obtidos na área da
saúde ao longo das últimas décadas.
Um enorme progresso também foi alcançado
em termos de educação nos últimos trinta anos, e os
índices de alfabetização em adultos saltaram de 63%,
conforme estimativas de 1970, para 79% em 1998
(Unesco, 2000).
No entanto, ainda havia 854 milhões de adul-
tos analfabetos em 2000, dos quais 543 milhões eram
mulheres (63,6%), e 325 milhões de crianças não ti-
nham acesso à escola, sendo 56% desse total com-
posto por meninas (UNDP, 2001). O avanço na edu-
cação (especialmente entre as mulheres), juntamente
com a capacitação, é considerado um marco funda-
mental na redução da taxa de crescimento da popula-
ção mundial, caindo de um pico anual de 2,1% no
início da década de 1970 para 1,3% no ano 2000 (UN,
1997; UNFPA, 2001).
A população mundial cresceu de aproximados 3,85
bilhões, em 1972, para 6,1 bilhões em meados do ano
2000 (ver gráfico na página seguinte), e cresce, atual-
mente, à taxa de 77 milhões ao ano (UNFPA, 2001). A
maior parte desse crescimento concentra-se nas regi-
ões em desenvolvimento, sendo aproximadamente
dois terços na Ásia e no Pacífico. Seis países respon-
dem por 50% do total do crescimento anual: Índia
(21,1%), China (13,6%), Paquistão (4,8%), Nigéria
(3,9%), Bangladesh (3,7%) e Indonésia (3,6%) (United
Nations Population Division, 2001).
Atualmente com 1,2 bilhão de pessoas, as re-
giões industrializadas têm expectativa de pouca mu-
Uma população em mudança
expectativa
de vida ao
nascer
1970-75 a
1995-2000
(anos)
taxa de
mortalidade
infantil
1970-99
(por 1.000
nascidos vivos
taxa de
mortalidade
de menores
de 5 anos
1970-99
(milhões)
pessoas
desnutridas
1975-99
(milhões)
taxa de
adultos
alfabetizado
1970-2000
(estimativa,
percentual)
Educação
primária
Educação
secundária
crianças fora
da escola
1970-2000
(estimativa,
milhões)
renda
(PIB/cap
1975-1998
em 1985 PPP
US$
pobreza de
renda
1990-98
(percentual)taxa bruta de matrícula
1970-97 (percentual)
países em
desenvolvimento
p
ro
g
re
s
s
o
p
ro
g
re
s
s
o
p
ro
g
re
s
s
o
As pessoas vivem mais e com mais saúde…
…têm um nível mais alto de alfabetização e
são mais instruídas… …e têm rendas mais altas
 Progresso do desenvolvimento humano nos últimos trinta anos
Os baixos níveis da saúde estão relacionados
a fatores ambientais e à pobreza (WHO, 1997; Murray
e Lopez, 1996). Os avanços médicos, os progressos
nos serviços básicos de saúde e a implementação de
políticas sociais resultaram em uma significativa ele-
vação da expectativa de vida e em um marcante
declínio nos índices de mortalidade infantil (UN, 2000).
Em termos gerais, uma criança que nasce hoje em dia
possui oito anos mais de expectativa de vida do que
uma nascida há trinta anos (UNDP, 2001). Entretanto,
os índices de pobreza tanto em áreas urbanas quanto
nas rurais, assim como as principais doenças infecci-
Os gráficos de barra à
esquerda mostram
que o progresso no
desenvolvimento
humano se deu em
diversas frentes. Os
dados sobre pobreza
se referem à parcela
da população que
vive com menos de
um dólar por dia.
Fontes: FAO, 2000;
UNDP, 2001; Unesco,
2000
Índice de Desenvolvimento Humano IDH
O IDH combina indicadores das dimensões básicas do
desenvolvimento humano (longevidade, conheci-
mento e padrão decente de vida), no intuito de medir
os avanços globais de cada país, os quais são classi-
ficados como de desenvolvimento alto, médio ou
baixo. Entre 1975 e 1999, verificou-se um progresso
global no desenvolvimento humano (ver tabela), de-
monstrando, dessa forma, o potencial para a erradi-
cação da pobreza e o progressivo desenvolvimento
humano para as próximas décadas. No entanto, 8 paí-
ses em transição econômica e 12 outros, situados na
África Subsaariana, sofreram retrocessos no mesmo
período (ver “África” e “Europa”, neste capítulo).
Estrutura em mudança do desenvolvimento humano
(em milhões de pessoas)
1975
650
1.600
1.100
1999
650
1.600
1.100
Alto desenvolvimento humano
Médio desenvolvimento humano
Baixo desenvolvimento humano
Nota: o número de pessoas se refere somente aos países cujos
dados sobre o período de 1975 a 1999 encontravam-se
disponíveis; não representam, portanto, o número total da
população.
Fonte: UNDP, 2001
34 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002
Europa
América Latina e Caribe
ÁfricaAmérica do Norte
Ásia e PacíficoÁsia Ocidental
População mundial (em milhões) por região,
1972-2000
A população mundial atualmente está crescendo a um ritmo de 77 milhões por ano, sendo que dois
terços do crescimento ocorrem na região da Ásia e Pacífico.
Fonte: compilado de United Nations Population Division, 2001
Europa
América Latina e Caribe
África América do Norte
Ásia e Pacífico Ásia Ocidental
América do Norte
Apesar do crescimento econômico mundial, a diferença entre ricos e pobres tem se ampliado entre
os países desenvolvidos e os em desenvolvimento; as rendas per capita aumentaram somente de
forma marginal, exceto na Europa e na América do Norte.
Fonte: compilado de World Bank, 2001
Produto interno bruto per capita (US$ 1995/ano),
1972-99
dança para os próximos cinqüenta anos, ao passo
que se projeta, para as regiões em desenvolvimento,
um crescimento de 4,9 bilhões, em 2000, para 8,1 bi-
lhões, em 2050 (United Nations Population Division,
2001). Essa diferença deve-se, principalmente, aos
níveis de fertilidade. Os países menos desenvolvidos
registraram a taxa de fertilidade de 3,1 crianças por
mulher, no período compreendido entre 1995 e 2000,
enquanto nos países desenvolvidos a taxa foi de 1,57
criança por mulher no mesmo período – bem abaixo
do nível de reposição de 2,1 crianças por mulher
(UNFPA, 2001).
A lacuna na expectativa de vida entre as re-
giões em desenvolvimento e as desenvolvidas foi
reduzida de 22 anos, em 1960, para menos de 12
anos em 2000. Entre 1995 e 2000, a expectativa de
vida nas regiões industrializadas era estimada em
75 anos, e em torno de 63 anos nas regiões em
desenvolvimento (United Nations Population
Division, 2001). Como a taxa mundial de fertilidade
continua a regredir e a expectativa de vida a au-
mentar, a população mundial envelhecerá mais ra-
pidamente nos próximos cinqüenta anos do que na
última metade do século passado (United Nations
Population Division, 2001). No entanto, o
surgimento do HIV/AIDS na década de 1970 dimi-
nuiu a expectativa de vida na maioria dos países
afetados, fazendo com que a doença seja, atual-
mente, a quarta maior causa de mortalidade no mun-
do. Mais de 60 milhões de pessoas foram infectadas
pelo HIV desde a década de 1970, e 20 milhões de
pessoas morreram. Dos 40 milhões de portadores
do HIV em todo o mundo, 70% encontram-se na
África Subsaariana, onde a AIDS é a maior causa
de mortalidade (UNAIDS, 2001). Em comparação
com a África, o impacto relativo da epidemia de
HIV/AIDS é ainda incipiente na maioria das regi-
ões do mundo.
Houve notáveis movimentos populacionais
nos últimostrinta anos devido à rápida urbaniza-
ção, à migração internacional e aos movimentos de
refugiados e desabrigados. O número de pessoas
que vivem fora de seus países de origem aumentou
de 84 milhões, em 1975, para um total estimado de
150 milhões de pessoas no final do século XX
(UNDP, 1999; UNHCR, 2000). O número de refugia-
dos aumentou de 2,7 milhões em 1972 para um pico
de 18,3 milhões em 1992, estacionando em 11,7 mi-
lhões no final de 1999 (UNHCR, 2000). Em 2001,
estimava-se que aproximadamente 22 milhões de
pessoas consideradas como “preocupantes” tives-
sem classificadas como refugiadas, repatriadas e
deslocadas em seus próprios países (UNHCR,
2001). A expectativa é de que as regiões mais de-
senvolvidas continuem a ser o maior destino dos
processos migratórios internacionais, com um cres-
cimento médio da ordem de 2 milhões ao ano nos
próximos cinqüenta anos. Devido à baixa taxa de
fertilidade nos países receptores, essas migrações
exercerão um impacto significativo no crescimento
demográfico das regiões desenvolvidas (United
Nations Population Division, 2001).
35ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
Não obstante as significativas flutuações ocorri-
das, a economia mundial cresceu consideravelmen-
te, em termos globais, nas últimas três décadas. O
produto nacional bruto mundial cresceu mais que
o dobro, passando de aproximadamente US$ 14,3
trilhões para aproximados US$ 29 trilhões e 995 bi-
lhões em 1999 (Constanza e outros, 1999; World
Bank, 2001). Essas cifras, contudo, não incluem os
valores atribuídos aos bens e serviços ambientais,
que, apesar de serem cruciais para os sistemas que
dão suporte à vida na Terra e de contribuírem para
o bem-estar do ser humano, estão à parte do mer-
cado. O valor estimado desses serviços proveni-
entes do ecossistema situa-se entre US$ 16 trilhões
e US$ 54 trilhões ao ano, com uma média anual de
US$ 33 trilhões. Tal estimativa deve ser considera-
da como mínima, devido à sua natureza variável
(Constanza e outros, 1997).
Tomando-se por base o PIB, a economia mun-
dial cresceu 3,1% ao ano entre 1980 e 1990, e 2,5%
anualmente entre 1990 e 1998, com taxas de renda
per capita de 1,4% e 1,1%, respectivamente
(UNCTAD, 2000). Houve, no entanto, variações re-
gionais significativas nesse período, tendo a Ásia
e o Pacífico, região que abriga mais da metade da
população mundial, apresentado taxas de cresci-
mento muito mais altas do que as demais regiões.
O PIB per capita (em dólares constantes de 1995)
quase dobrou na região noroeste do Pacífico e na
Ásia Oriental, entre 1972 e 1999, com um cresci-
mento médio anual de 2,4% (dados compilados a
partir de World Bank, 2001); em contraste, dimi-
nuiu na África Subsaariana.
Apesar desse crescimento global, a lacuna
entre a população rica e a pobre aumentou, tanto
entre países desenvolvidos e em desenvolvimento
quanto dentro dos países, particularmente na Amé-
rica Latina e na África Subsaariana (UNDP, 2001).
A renda per capita apresentou um crescimento ape-
nas marginal na maioria das regiões, com exceção
da Europa e da América do Norte (dados na página
anterior). Atualmente, 3,5 bilhões de pessoas de
países considerados como de baixa renda ganham
menos que 20% da renda mundial, ao passo que 1
bilhão de pessoas que vivem em países desenvol-
vidos ganham 60% (UN, 2000). A relação entre a
renda dos países onde vivem os 20% mais ricos da
população do planeta e a dos países onde vivem
os 20% mais pobres também aumentou – 30:1, em
1960; 60:1, em 1990; e 74:1, em 1997 (UNDP, 1999).
Desenvolvimento econômico
A energia é de extrema importância para o desenvolvimento socio-
econômico. É também fundamental para o alcance das metas econô-
micas, sociais e ambientais do desenvolvimento econômico sustentá-
vel. O aproveitamento da energia expandiu significativamente as op-
ções da população, fazendo com que aqueles que dispõem de acesso à
energia possam desfrutar de produtividade, mobilidade e conforto
sem precedentes. Contudo, a utilização da eletricidade evi-
dencia uma enorme disparidade. A média anual da OCDE, de 8.053
kilowatts-hora (kWh) , é aproximadamente cem vezes su-
perior que a dos países menos desenvolvidos, onde é registrada uma
média de somente 83 kWh (UNDP/UNDESA/WEC, 2000).
A taxa anual de crescimento mundial do uso de energia
entre 1972 e 1999 foi de 2% em média, tendo sido registrado um de-
créscimo de 2,8% na década de 1970, de 1,5% nos anos 1980 e de
2,1%, na década de 1990 (IEA, 1999). Esse decréscimo se deu em
virtude do fraco desenvolvimento econômico das economias euro-
péias em transição na década de 1990, agravadas, ainda, pela crise
financeira mundial de 1997 e 1998 (UNDP /UNDESA/WEC, 2000).
Os benefícios humanos advindos da produção e do consumo
de energia produzem, com freqüência, um efeito negativo sobre o
meio ambiente, o que, por sua vez, pode ameaçar a saúde humana e a
qualidade de vida. Os impactos sobre a composição da atmosfera, o
desflorestamento (com conseqüente erosão do solo e assoreamento
de massas d'água), a eliminação de resíduos de combustíveis nucle-
ares e acidentes ocasionais, como o de Chernobyl, são alguns dos pro-
blemas amplamente conhecidos.
Em níveis mundiais, o consumo mudou rela-
tivamente pouco nos últimos trinta anos, apesar de o consumo total
ter crescido em torno de 70% no período de 1972 a 1999. Em termos
regionais, o consumo caiu na América do Norte, o maior
consumidor, e cresceu consideravelmente na Ásia. A redução do con-
sumo de energia de combustíveis fósseis nas áreas de alto consumo e
a obtenção de um consumo mais equilibrado, dentro dos países e en-
tre eles, são imperativos ambientais para o século XXI.
per capita
per capita
per capita
per capita
per capita
Tendências da produção e do consumo mundiais
de energia
Europa
América Latina
e Caribe
África
América do Norte
Ásia e Pacífico
Ásia Ocidental
Média Mundial
Consumo de energia
(toneladas equivalentes de petróleo/ano)
per capita
Europa
América Latina e Caribe
África
América do Norte
Ásia e PacíficoÁsia Ocidental
Consumo total de energia
(milhões de toneladas equivalentes de petróleo/ano)
Fonte: compilado de IEA ,1999 e United Nations Population Division, 2001
36 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002
econômica, social e ambiental, incluindo efeitos ne-
gativos sobre a estabilidade social e a sustenta-
bilidade ambiental (Reed, 1996). A pobreza, o de-
semprego e a queda dos padrões de vida também
se apresentaram como problemas significativos para
os países em transição econômica durante a déca-
da de 1990.
A dívida externa, que alcançou US$ 2 trilhões
572 milhões e 614 mil em 1999, é também uma ques-
tão crítica (World Bank, 2001). A Iniciativa para os
Países Pobres Muito Endividados – HIPCs (Heavily
Indebted Poor Countries) teve início em 1996, e,
em novembro de 2001, pacotes para a redução da
dívida, totalizando US$ 36 bilhões, já haviam sido
cometidos a 24 países, sendo a maioria na África
(IMF, 2001). Todavia, tal iniciativa causou desa-
pontamentos, e muitos países beneficiados com a
amortização da dívida ainda despendem mais com
o seu serviço do que com educação básica ou saú-
de (Oxfam, 2001).
O crescimento do uso de energia (ver box na
página anterior) e de transporte é indicador de de-
senvolvimento econômico e exerce impactos severos
no meio ambiente. O uso de veículos particulares
tornou-se um hábito fortemente arraigado entre
aqueles que dispõem de meios para tal. Desde a
década de 1970, aproximadamente 16 milhões de
novos veículos passaram a rodar, anualmente, pe-
las estradas mundo afora (UNDP, UNEP, World
Bank e WRI, 1998), sendo que os automóveis de
passageiros representaram 15% do total do consu-
mo global de energia (Jepma e outros, 1995).
As desigualdades de renda também se refle-
tem em disparidades semelhantes no consumo de
bens materiais (ver “Pegadas Ecológicas”, na pá-
gina ao lado). Estima-se que os 20% mais ricos da
população mundial respondam por 86% de todo o
consumo privado, ou seja, consomem 58% da ener-
gia mundial, 45% de toda acarne e peixes e 84% de
todo o papel e possuem 87% da frota de automó-
veis e 74% de todos os telefones. Em contraste, os
20% mais pobres consomem 5%, ou menos, de cada
um desses bens e serviços (UNDP, 1998).
Para a maioria dos países em desenvolvi-
mento, a pobreza, o desemprego e a baixa produti-
vidade são os principais problemas. Em todos es-
ses países, o setor informal emprega 37% da força
de trabalho; na África, esse número salta para 45%
(UNCHS, 2001). Na década de 1980, os Programas
de Ajuste Estrutural – SAPs (Structural Adjustment
Programmes) foram introduzidos pelo Banco Mun-
dial no intuito de delinear os desajustes econômi-
cos e aumentar a eficiência econômica por meio de
reformas. Os SAPs causaram impactos de ordem
Número de países conectados à
Internet (em milhões)
Esta é a imagem mais
detalhada em cores
reais da totalidade da
Terra disponível em
março de 2002.
Observações da
superfície terrestre,
oceanos, mares
congelados e nuvens,
realizadas durante
muitos meses, foram
reunidas em um mosaico
contínuo de cada
quilômetro quadrado da
superfície da Terra, à
exceção da Antártida.
Fonte: NASA – Imagem do
Goddard Space Flight
Center
37ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
América Latina
e Caribe
África
Ásia e Pacífico
América do Norte
Oriente Médio e
Ásia Central
Europa Central e
Leste Europeu
Europa Ocidental
Pegadas ecológicas regionais
(1996, unidades de área )per capita
As pegadas ecológicas são uma estimativa da pressão
humana sobre os ecossistemas mundiais, expressas em
“unidades de área”. Cada unidade corresponde ao número
de hectares de terras biologicamente produtivas necessárias
para produzir alimento e madeira necessários ao consumo
humano e a infra-estrutura utilizada nessa produção e para
absorver o CO produzido pela queima de combustíveis
fósseis; em seguida, leva em consideração o impacto total
causado ao meio ambiente.
A pegada ecológica mundial é uma função do tamanho da
população, do consumo de recursos e da
intensidade de recursos utilizada pela tecnologia
empregada. Durante o período de 1970 a 1996, a pegada
ecológica mundial cresceu de aproximados 11 bilhões de
unidades de área para mais de 16 bilhões de unidades de
área. A pegada média mundial permaneceu relativamente
constante de 1985 a 1996, no patamar de 2,85 unidades de
área .
2
per capita
per capita
Pegadas ecológicas
Nota:
WWF e outros, 2000
nem todas as regiões correspondem exatamente
às regiões GEO
Fonte:
 Número de usuários da Internet
 (em milhões)
Países em desenvolvimento
Países desenvolvidos
As maravilhas da ciência e da tecnologia
proporcionaram ao homem padrões mais
altos de saúde, uma vida mais longa, me-
lhores empregos, melhor educação e uma
existência mais confortável do que tudo
que foi vivido por seus antepassados há
cem anos.
Comissão para o Estudo da
Organização da Paz, 1972
Essa percepção da década de 1970 permanece válida
ainda hoje. A ciência e a tecnologia propiciaram im-
portantes avanços nos últimos trinta anos, por exem-
plo, nos campos da informação, da comunicação, da
medicina, da nutrição, da agricultura, do desenvolvi-
mento econômico e da biotecnologia. Quarenta e seis
centros de inovação tecnológica foram identificados
no mundo, principalmente na Europa e na América do
Norte (Hillner, 2000).
A tecnologia da informação e da comunicação
– ICT (Information and Communications
Technology), particularmente, tem revolucionado o
modo como as pessoas vivem, são educadas, traba-
lham e interagem (Okinawa Center, 2000). A Internet, a
telefonia celular e as redes de satélites diminuíram a
noção de tempo e de espaço. A partir da metade da
década de 1980, a tecnologia da comunicação via sa-
télite deu início a um poderoso e novo meio de alcan-
ce global. A união de computadores e comunicação
no início da década de 1990 desencadeou uma explo-
são de formas de comunicação, processamento,
armazenamento e veiculação de uma imensa quanti-
dade de informações. Em 2001, era possível transmitir
uma maior quantidade de informação por um único
cabo em um segundo do que a que em 1997 se podia
enviar por toda a Internet em um mês (UNDP, 2001).
 Usuários de telefonia fixa e móvel
 (em milhões)
Fixa
Móvel
Os gráficos à
esquerda mostram
o crescimento
explosivo do uso
da Internet e de
telefones móveis,
mas, ainda no ano
2000, somente um
quarto dos usuários
da Internet perten-
ciam a países em
desenvolvimento.
Fonte: ITU, 2001
Ciência e tecnologia
A ICT tem avançado rapidamente e vem apre-
sentando enormes oportunidades para o desenvolvi-
mento humano, ao tornar mais fácil para um número
maior de pessoas o acesso às informações disponí-
veis em locais remotos, de maneira rápida e econômi-
38 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002
ca. Contudo, a difusão desigual da ICT significa que
o acesso ao desenvolvimento tecnológico proporci-
onado pode ser vantajoso apenas para uma minoria.
Atualmente, os usuários da Internet são predominan-
temente urbanos, e 79% deles vivem em países mem-
bros da OCDE, os quais contam com somente 14% da
população mundial. Todavia, mesmo nos países em
desenvolvimento, a utilização da Internet tem aumen-
tado: por exemplo, na China, houve um salto de 3,9
milhões para 33 milhões de usuários, entre 1998 e 2002
(UNDP, 2001; CNNIC, 2002).
A telefonia celular superou as restrições estru-
turais das linhas fixas, e o número de assinantes cres-
ceu de pouco mais de 10 milhões em todo o mundo, no
início da década de 1990, para mais de 725 milhões no
início de 2001, o que representa um aparelho celular
para cada oito habitantes do planeta (ITU, 2001).
Além disso, novas tecnologias estão ajudan-
do as pessoas a compreender melhor o meio ambien-
te. Em julho de 1972, o governo dos Estados Unidos
lançou o primeiro satélite LANDSAT. Em 2002, o pro-
grama LANDSAT alcançou trinta anos de registros,
o que significa o maior registro contínuo de dados
nas superfícies continentais da Terra (USGS, 2001).
Esse fato trouxe uma nova dimensão para o
monitoramento e a avaliação ambiental, permitindo o
rastreamento de mudanças, o controle de tendências
e o aperfeiçoamento na emissão de alertas antecipa-
dos (ver imagem abaixo). Imagens geradas pelo
LANDSAT podem ser encontradas nas páginas ao
final de cada seção do Capítulo 2.
Contudo, para alguns países em desenvolvi-
mento, a tecnologia pode representar uma fonte de
exclusão, em vez de uma ferramenta para o progresso.
“A tecnologia é criada como uma resposta às pres-
sões de mercado, não às necessidades das popula-
ções carentes, que possuem pequeno poder aquisiti-
vo. Como resultado, as pesquisas negligenciam as
oportunidades de desenvolver tecnologias para es-
sas populações” (UNEP, 2001). Por exemplo, dos 1.223
novos medicamentos comercializados entre 1975 e
1996, somente 13 foram desenvolvidos com vistas ao
tratamento de doenças tropicais (UNDP, 2001).
Novas tecnologias também causam riscos im-
previstos para a saúde humana e o meio ambiente:
por exemplo, a redução da camada de ozônio devido
ao uso de CFCs, o efeito colateral de medicamentos,
o uso involuntário de novas tecnologias como ar-
mas, a poluição, as preocupações com os impactos
causados por organismos geneticamente modifica-
dos e desastres tecnológicos como os ocorridos em
Chernobyl e Bhopal.
“Somente por meio de um profundo envolvimento, da informação, do
conhecimento, do compromisso e da ação das pessoas de todo o mundo os
problemas ambientais poderão ser sanados. As leis e as instituições não
são suficientes. A vontade das pessoas deve ser poderosa o suficiente, e
insistente o suficiente, para que uma qualidade de vida efetivamente boa
seja proporcionada a toda a humanidade.” — Comissão para o Estudo da
Organização da Paz, 1972
Uma mão através do
Muro de Berlim
simboliza a queda da
Cortina de Ferro na
Europa, em 1989, um
dos mais importantes
eventos políticos das
últimas três décadas.
Fonte:
UNEP, Joachim Kuhnke e
Topham Picturepoint
39ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
A gestão pública é uma questão preponderante que
se aplicaa todos os níveis e setores da sociedade –
do local ao global e dos setores público ao privado –,
causando impactos sobre leis e direitos humanos,
sobre os sistemas político, parlamentar, democrático
e eleitoral, sobre a sociedade civil, sobre a paz e a
segurança, sobre a administração e a informação pú-
blicas e sobre a mídia e o mundo organizado. Conse-
qüentemente, a consciência e a atenção em relação às
questões públicas têm crescido em todos os aspec-
tos da vida moderna, incluindo as questões
ambientais. A gestão pública “eficiente” é reconheci-
da como um pré-requisito para o desenvolvimento de
políticas saudáveis e, mais importante ainda, para
assegurar que tais políticas sejam efetivamente
implementadas.
Os trintas anos que separam a Conferência
de Estocolmo da Conferência Mundial sobre Desen-
volvimento Sustentável testemunharam uma impor-
tante revisão dos sistemas políticos, incluindo a des-
colonização da África, o fim do apartheid na África
do Sul, a queda da Cortina de Ferro, a reunificação da
Alemanha e a desintegração da antiga União Soviéti-
ca. Houve um abrupto aumento nas alianças econô-
micas e sociais, assim como no número de membros
das Nações Unidas, que chegou a 190 em março de
2002. Talvez a maior mudança tenha ocorrido no nível
nacional, onde a democracia e a transparência torna-
ram-se questões relevantes, particularmente na déca-
da de 1990, quando muitos governos foram substitu-
ídos em resposta à demanda popular. Nos últimos dez
anos, mais de cem países em desenvolvimento e em
transição puseram fim a regimes militares ou de um
único partido (UNDP, 2001). Desde 1972, e principal-
mente na década de 1980, a internacionalização do
meio ambiente vem merecendo uma posição de des-
taque em muitos dos países desenvolvidos, com os
partidos verdes marcando as suas posições (Long,
2000). As três últimas décadas também presencia-
ram o crescimento massivo dos movimentos da so-
ciedade civil em todas as regiões do globo, com mui-
tas organizações desempenhando um papel mais pró-
ativo. As organizações não-governamentais estão
crescentemente influenciando as decisões dos se-
tores governamentais e privados e às vezes até par-
ticipando delas.
O poder do povo em influenciar políticas vem
sendo reconhecido desde pelo menos a década de
1970. “Somente por meio de um profundo envol-
vimento, da informação, do conhecimento e do com-
promisso e da ação das pessoas de todo o mundo
os problemas ambientais poderão ser sanados. As
leis e as instituições não são suficientes. A vontade
das pessoas deve ser poderosa o suficiente, e insis-
tente o suficiente, para que uma qualidade de vida
efetivamente boa seja proporcionada a toda a hu-
manidade” (Commission to Study the Organization
of Peace, 1972).
A crescente integração das finanças, das eco-
nomias, das culturas, das tecnologias e das adminis-
trações por meio da globalização causa impactos pro-
fundos, tanto positivos quanto negativos, sobre to-
dos os aspectos das vidas das pessoas, bem como
sobre o meio ambiente. O domínio que as forças do
mercado começam a exercer sobre as esferas social,
política e econômica resulta no perigo de que o poder
e a riqueza concentrem-se em uma minoria, fazendo
com que a maioria se torne crescentemente marginali-
zada e dependente. No século XXI, o desafio será
instituir uma forma de governo forte o bastante para
assegurar que a globalização opere em benefício da
maioria das pessoas e não somente dos lucros.
Gestão pública
CCNIC (2002). Semiannual Survey report on the
Development of China’s Internet (January 2002). China
Internet Network Information Center http://www.cnnic.
net.cn/develst/rep200201-e.shtml
Commission to Study the Organization of Peace (1972).
The United Nations and the Human Environment – The
Twenty-Second Report. New York, United Nations
Costanza, R., d’Arge, R., de Groot, R., Farber, S., Grasso,
M., Hannon, B., Naeem, S., Limburg, K., Paruelo, J.,
O’Neill, R.V., Raskin, R., Sutton, P. and van den Belt, M.
(1997). The value of the world’s ecosystem services and
natural capital. Nature 387, 253-260
FAO (2000). The State of Food Insecurity in the World
2000. Rome, Food and Agriculture Organization of the
United Nations
Hillner, J. (2000). Venture capitals. Wired, 7 August 2000
Referências: Capítulo 2, aspectos socioeconômicos, panorama mundial
IEA (1999). Energy Balances of OECD countries 1960–
97, Energy Balances of Non-OECD countries 1971–97.
Paris, Organization of Economic Cooperation and
Development, International Energy Agency
IFAD (2001). Rural Poverty Report 2001 – The Challenge
of Ending Rural Poverty. Rome, International Fund for
Agricultural Development http://www.ifad.org/poverty/
index.htm [Geo-2-270]
IMF (2001). Debt Relief for Poor Countries (HIPC): What
has Been Achieved? A Factsheet. International Monetary
Fund - http://www.imf.org/external/np/exr/facts/
povdebt.htm [Geo-2-271]
ITU (2001). ITU Telecommunication Indicator Update.
International Telecommunication Union http://
www.itu.int/journal/200105/E/html/update.htm#top
[Geo-2-272]
Jepma, C. J., Asaduzzaman, M., Mintzer, I., Maya, R.S.
and Al-Moneef, M. (1995). A generic assessment of
response options. In Bruce, J.P., Lee, H. and Haites,
E.F. (eds.), Climate Change 1995. Economic and Social
Dimensions of Climate Change. Cambridge, Cambridge
University Press
Long, B.L. (2000). International Environmental Issues
and the OECD 1950-2000: An Historical Perspective.
Paris, Organization for Economic Cooperation and
Development
Murray, C. and Lopez, A. (1996). A Global Burden of
Disease. Cambridge, Harvard University Press
Okinawa Charter (2000). Okinawa Charter on Global
Information Society. Ministry of Foreign Affairs of Japan
http://www.mofa.go.jp/policy/economy/summit/2000/
pdfs/charter.pdf [Geo-2-273]
40 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002
Oxfam (2001). Debt Relief: Still Failing the Poor.
Oxfamhttp://www.oxfam.org/what_does/advocacy/
papers/OxfamDebtPaperApril2001.doc [Geo-2-274]
Reed, D. (1996). Structural Adjustment, the Environment
and Sustainable Development. London, Earthscan http:/
/www.panda.org/resources/programmes/mpo/library/
download/books/CH2SD.doc [Geo-2-275]
UN (1997). Address by Executive Director of the United
Nations Population Fund at the Special Session of the
General Assembly: Earth Summit + 5, New York, 25
June 1997
UN (2000). We the Peoples — The Role of the United
Nations in the 21st Century. New York, United Nations
http://www.un.org/millennium/sg/report/key.htm
[GEO-1-001]
UNAIDS (2001). AIDS Epidemic Update. Joint United
Nations Programme on HIV/AIDS (UNAIDS) http://
www.unaids.org/epidemic_update/report_dec 01/
index.html [Geo-2-276]
UNCHS (2001). State of the World’s Cities 2001. Nairobi,
United Nations Centre for Human Settlements (HABITAT)
UNCTAD (2000). The Least Developed Countries 2000
Report. Geneva, United Nations Conference on Trade and
Development
UNDP (1998). Human Development Report 1998. New
York, United Nations Development Programme
UNDP (1999). Human Development Report 1999. New
York, United Nations Development Programme http://
www.undp.org/hdro/E1.html [Geo-2-277]
UNDP (2001). Human Development Report 2001. Oxford
and New York, Oxford University Press http://www.undp.
org/hdr2001/completenew.pdf [Geo-2-278]
UNDP, UNDESA and WEC (2000). World Energy
Assessment. United Nations Development Programme
http://www.undp.org/seed/eap/activities/wea [Geo-2-
320]
UNDP, UNEP, World Bank and WRI (1998). World
Resources 1998-99. New York, Oxford University Press
UNESCO (2000). World Education Report 2000: The Right
to Education — Towards Education for All Throughout
Life. Paris, UNESCO
UNFPA (2001). Population Issues Briefing Kit 2001. United
Nations Population Fund http://www.unfpa.org/
modules/briefkit/ [Geo-2-279]
UNHCR (2000). The State of the World’s Refugees: Fifty
Years of Humanitarian Action. Oxford, Oxford University
Press http://www.unhcr.ch/sowr2000/toc2.htm [Geo-
1-031]
UNHCR (2001). Basic Facts. UNHCR, The UM RefugeeAgency http://www.unhcr.ch/cgi-bin/texis/vtx/home?
age=basics [Geo-2-280]
United Nations Population Division (2001). World
Population Prospects 1950-2050 (The 2000 Revision). New
York, United Nations www.un.org/esa/population/
publications/wpp2000/wpp2000h.pdf [Geo-2-204]
WHO (1997). Health and Environment in Sustainable
Development. Geneva, World Health Organization
World Bank (2001). World Development Indicators 2001.
Washington DC, World Bank http://www.worldbank.org/
data/wdi2001/pdfs/tab3_8.pdf [Geo-2-024]
41ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
África Central
Oceano Índico Ocidental
África Ocidental
África Meridional
Norte da África
África Oriental
 Aspectos socioeconômicos: África
A África é rica em recursos naturais e oferece uma
miríade de oportunidades para o desenvolvimento
humano, social e econômico. Sua diversidade de cul-
turas e os valiosos conhecimentos nativos proporcio-
nam o capital humano necessário para transformar tais
oportunidades em realidade. No entanto, a África en-
trou no século XXI enfrentando diversos desafios.
Dos 49 países africanos para os quais se dispõe de
dados, 20 estão classificados como de médio índice
de desenvolvimento humano e 29 como de baixo índi-
ce de desenvolvimento humano (UNDP, 2001). Em
termos gerais, essas informações são traduzidas em:
baixa expectativa de vida: 52,5 anos, em contras-
te com a média mundial de 66,3 anos (United
Nations Population Division, 2001);
baixos níveis de educação e alfabetização: apro-
ximadamente 60% de adultos alfabetizados em
1999, em contraste com a estimativa média mun-
dial de 75% (compilado de UNDP, UNEP, World
Bank e WRI, 2000); e
pobreza generalizada: PIB per capita (em dólares
constantes de 1995) de US$ 749, em contraste com
a média mundial de US$ 5.403 (World Bank, 2001a).
As diferenças sub-regionais são mais
marcantes entre o Norte da África, onde ocorreu um
rápido progresso nos últimos trinta anos, e a África
Subsaariana. Na primeira, a expectativa de vida au-
mentou em quatorze anos no período de 1970-1975 a
1995-2000. A África Subsaariana, contudo, experimen-
tou um progresso lento, e doze países sofreram retro-
cessos em seus índices de desenvolvimento humano
entre 1975 e 1999 (UNDP, 2001).
Quase 350 milhões de pessoas, 44% da popula-
ção total, vivem com um dólar ou menos ao dia (na
Nigéria chega a 70% da população), e até 150 milhões de
crianças vivem abaixo da linha de pobreza (ADB, 2000 e
UNDP, 2001). A distribuição de renda é também altamen-
te distorcida: os 10% mais carentes ganham menos que
5% do total, e os 10% mais ricos ganham de 25% a 45%
desse mesmo total, dependendo do país (ADB, 2001).
Há, ainda, uma grande desigualdade entre a
condição social dos homens e a das mulheres; em
muitas sociedades, as mulheres são proibidas de te-
rem propriedades e terras. Em geral, ganham menos e
não possuem representatividade em altos postos.
Desenvolvimento humano
As taxas de crescimento da população na África ainda são altas, 2,4% ao ano, se comparadas com
a média mundial de 1,3%.
Fonte: United Nations Population Division, 2001
O acesso aos serviços de saúde varia, mas
geralmente situa-se abaixo da média mundial. O pe-
queno crescimento econômico e as pressões da po-
pulação crescente sobre e estrutura existente têm
contribuído com o baixo investimento no setor de
saúde. Em 1998, os gastos per capita do governo
com saúde (em relação ao poder aquisitivo) variaram
de US$ 623 na África do Sul, o mais alto da região, a
somente US$ 15 em Madagascar (UNDP, 2001).
A África vem apresentando uma das mais altas taxas de
crescimento demográfico dos últimos trinta anos; a taxa
atual de 2,4% é bem mais alta que a média mundial de
1,3%. A população cresceu mais que o dobro, passando
de 375 milhões, em 1972, para 794 milhões em 2000, cerca
de 13% da população mundial. As taxas de fertilidade da
África também estão entre as mais altas do mundo, em-
bora em declínio: de 6,8 crianças por mulher no período
de 1965 a 1970 para 5,4 crianças por mulher de 1995 a
2000 (United Nations Population Division, 2001).
A pandemia de HIV/AIDS, que matou 2,3 mi-
lhões de pessoas na África, vem causando um impacto
em todos os aspectos do desenvolvimento humano,
social e econômico. O continente possui o mais alto
índice de infecção e a maior proporção de portadores do
vírus HIV (8,4% dos adultos) do mundo. Em 2001, eram
28,1 milhões de portadores do HIV na África Subsaariana
– 70% do total mundial. Nos últimos vinte anos, a doen-
ça causou um impacto significativo na expectativa de
vida da região. Em países como Botswana e Malawi, a
Uma população em mudança
População (em milhões) por sub-região:
África
•
•
•
42 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002
Oceano Índico Ocidental
África Central Norte da África África Ocidental Região
África Oriental África Meridional
expectativa média de vida já se encontra abaixo dos 40
anos (UNAIDS, 2001). Os países do Norte da África são
menos gravemente afetados. Não obstante ações lou-
váveis por parte de vários países, estima-se que o im-
pacto da AIDS sobre o desenvolvimento social, o cres-
cimento econômico e os sistemas de saúde chegue a
bilhões de dólares. Por exemplo, na África do Sul o im-
pacto previsto deverá chegar a 0,4% do PIB no decorrer
da próxima década (UNAIDS, 2000). O impacto sobre
famílias, comunidades e sociedades é incalculável.
As economias dos países africanos são amplamente
baseadas em produtos primários ou na extração de re-
cursos naturais, sendo ambos exportados sem nenhum
processamento. Como resultado, o crescimento econô-
mico situa-se abaixo do potencial da região, uma vez
que o valor agregado ao processamento se acumula
fora do continente, tornando as economias africanas
extremamente vulneráveis às flutuações dos preços ex-
ternos e às normas de comércio. A primeira crise do pe-
tróleo, em 1973-74, desencadeou diversos contratem-
Desenvolvimento econômico
Enquanto o PIB
per capita cresceu
de forma estável
desde 1972 no
Norte da África, na
África Subsaariana
manteve-se
estável ou
diminuiu.
Nota: os dados para a
África Oriental
anteriores a 1992 não
são confiáveis.
Fonte: estimativa do
World Bank, 2001a
pos e recessões econômicas que duraram mais de um
quarto de século. A queda dos preços do café, do cacau
e de outras culturas comercializáveis na década de 1980
produziu impactos catastróficos sobre as economias da
região. Entre 1970 e 1995, a África perdeu metade de
seus mercados, o que representou uma queda de receita
da ordem de US$ 70 bilhões ao ano (Madavo, 2000).
A dependência da África em relação à agricultu-
ra sem irrigação artificial significa que a produção é vul-
nerável às variações climáticas, o que pode afetar gra-
vemente a segurança alimentar humana e as exporta-
ções. A ênfase na exploração mineral, nos cultivos de
exportação e na extração madeireira também produziu
impactos prejudiciais ao meio ambiente.
Com a pressão adicional de uma população em
crescimento, a África vem apresentando um fraco desem-
penho econômico nos últimos vinte e cinco anos. O PIB
anual per capita na região subsaariana diminuiu 1% en-
tre 1975 e 1999, e a renda também se reduziu (UNDP, 2001).
No entanto, 34 países africanos registraram aumentos em
suas rendas per capita entre 1994 e 1997, e 18 apresenta-
ram uma taxa de crescimento agregado superior a 5% ao
ano, o que representa o nível necessário para a redução
dos níveis de pobreza (Madavo e Sarbib, 1998). Há espe-
culações no sentido de que tais fatos possam estar sina-
lizando uma recuperação econômica sustentada, que, em
parte, reflete os resultados positivos da implantação de
reformas estruturais e do crescimento macroeconômico
orientado (Madavo, 2000; Madavo e Sarbib, 1998). Des-
de a metade da década de 1990, verifica-se um processo
de suspensão ampla do controle sobre os preços, de eli-
minação das associações de mercado, de racionalização
das taxas de comércio, de liberalização dos mercados fi-
nanceiros e de aceleração do processo de privatização
(ADB, 2000).
A dívidaexterna ainda é uma barreira significati-
va para o crescimento econômico e para a redução da
pobreza na África. Na região como um todo, a dívida
aumentou quase 22 vezes, saltando de US$ 16 bilhões e
960 milhões, em 1971, para US$ 370 bilhões e 727 mi-
lhões, em 1999 (World Bank, 2001a). Em 1970, os encar-
gos da dívida da África Subsaariana totalizavam so-
mente US$ 6 bilhões, ou 11% do PIB; esse valor aumen-
tou para US$ 330 bilhões, ou 61% do PIB, em 1999 (ADB,
2000). Desde então, vem ocorrendo um pequeno declínio
(World Bank, 2001b). No Norte da África, o crescimento
da dívida externa seguiu padrão semelhante. Recente-
mente, tem-se dado mais ênfase à amortização da dívida
e ao aumento do investimento externo direto (FDI –
Foreing Direct Investiment). Embora vinte países afri-
canos tenham sido contemplados com a aprovação de
seus pacotes para a amortização da dívida, sob a égide
da Iniciativa para os Países Pobres Muito Endividados
(IMF, 2001), o endividamento permanece como uma
questão muito preocupante.
Quanto aos avanços tecnológicos, tanto a dissemina-
ção quanto o acesso e a adoção da ciência e tecnologia
são incipientes no continente africano, em termos ge-
rais. A região possui um grande número de países margi-
nalizados (como Gana, Quênia, Moçambique, Senegal,
Sudão e Tanzânia), onde uma vasta parcela da popula-
ção não se beneficia sequer de antigas tecnologias, como,
Ciência e tecnologia
PIB per capita (US$ 1995) por sub-região: África
43ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
por exemplo, linhas fixas de telefone. Todavia, a Áfri-
ca possui vários países que costumam adotar de for-
ma dinâmica novas tecnologias, tais como a Argélia,
o Egito, a África do Sul, a Tunísia e o Zimbábue, mui-
to embora a disseminação de antigas tecnologias ain-
da seja lenta e incompleta mesmo nesses países. A
região possui dois centros de inovação tecnológica:
El Ghazala, na Tunísia, e Gauteng, na África do Sul.
No entanto, a maioria dos países africanos não está
incluída no Índice de Avanços Tecnológicos – TAI
(Technological Achievement Index), e, mesmo a Áfri-
ca do Sul, que possui o mais alto índice entre os paí-
ses do continente, apresenta um TAI de 0,340, ou
seja, menos da metade do valor mais alto, de 0,744,
apresentado pela Finlândia (UNDP, 2001).
O acesso limitado a tecnologias adequadas a
preços acessíveis reprime seriamente as opções de de-
senvolvimento sustentável. No setor agrícola, por
exemplo, muitos países africanos dependem da irriga-
ção e, no entanto, os sistemas mais eficientes de irriga-
ção por gotejamento têm um custo muito alto para a
maioria dos agricultores, o que resulta em desperdício
de água. A África também permanece marginalizada no
que diz respeito ao acesso à biotecnologia para produ-
ção agrícola, produtos farmacêuticos e prevenção de
doenças. As empresas estrangeiras estão aptas a ex-
plorar comercialmente espécies biológicas, ao passo
que as empresas locais não dispõem de tecnologia, de
capital ou de know-how para tal investimento.
Todos os países da região possuem conexões
para acesso à Internet, com um total aproximado de 4
milhões de usuários (2,5 milhões na África do Sul) –
ou um usuário para cada 200 habitantes, enquanto a
média mundial é de um usuário para cada 30 habitan-
tes (Jensen, 2001). A tecnologia de telefonia celular
possibilitou à África superar as limitações estrutu-
rais inerentes às comunicações por linhas terrestres.
Em 1990, o acesso à telefonia celular era pequeno, ou
inexistente, para os países africanos; já em 1999, a
tecnologia obteve uma enorme disseminação em to-
dos os países – por exemplo, na África do Sul, a dis-
ponibilidade saltou de 0,1 por 1.000 habitantes para
132 por 1.000 habitantes (UNDP, 2001).
Não obstante a ocorrência de significativas mudanças
institucionais e políticas ao longo dos últimos trinta
anos, a administração pública “eficiente” ainda é um
aspecto parcial e frágil na África. A mudanças mais
marcantes foram o fim do colonialismo, a instalação de
regimes militares e de partido único na maioria dos
países e o aumento da participação de ONGs, das co-
munidades de base e de organizações da sociedade
civil. A corrupção, contudo, é endêmica em muitos pa-
íses. Por exemplo, em uma escala de um a dez, 14 países
da região obtiveram classificação abaixo de cinco no
quesito índice de corrupção, sendo que 4 desses paí-
ses obtiveram um escore inferior a dois (TI, 2001).
A crescente escalada de conflitos civis também
tem sido uma barreira para a estabilidade, o crescimen-
to econômico e o desenvolvimento social nesses últi-
mos trinta anos. Tais conflitos, tipicamente surgidos a
partir de diferenças étnicas ou sociais, ou a partir da
competição pelos recursos naturais, têm resultado em
massivos deslocamentos de populações, bem como
no desvio de recursos financeiros que deveriam con-
templar setores vitais como a saúde e a educação.
Aproximadamente um em cada cinco africanos ainda
vive em estado de conflito civil (Madavo, 2000).
Gestão pública
Referências: Capítulo 2, aspectos socioeconômicos, África
ADB (2000). ADB Statistics Pocketbook 2001. African
Development Bank http://www.afdb.org/knowledge/
publications/pdf statistics_pocket _book.pdf [Geo-2-281]
ADB (2001). Human Development Indicators. African
Development Bank http://www.afdb.org/knowledge/
statistics/statistics_indicators_selected /human/pdf/
human_tab3.pdf [Geo-2-282]
IMF (2001). Debt Relief for Poor Countries (HIPC): What
has Been Achieved? A Factsheet. International
Monetary Fund http://www.imf.org/external/np/exr/
facts/povdebt.htm [Geo-2-283]
Jensen, M. (2001). Information & Communication
Technologies (ICTs): Telecommunications, Internet and
Computer Infrastructure in Africa. African Internet
Connectivity http://www3.wn.apc.org/africa/ [Geo-2-284]
Speech given at the Official Banquet of the US National
Summit on Africa, 18 February 2000. World Bank http:/
/www.worldbank.org/afr/speeches/cm000218.htm
[Geo-2-285]
Madavo, C. and Sarbib, J-L. (1998). Is There an
Economic Recovery in Sub-Saharan Africa? World Bank
- http://www.worldbank.org/afr/speeches/ifpri.htm
[Geo-2-286]
TI (2001). Press Release: New Index Highlights
Worldwide Corruption Crisis. Transparency
International http://www.transparency.org/cpi/2001/
cpi2001.html [Geo-2-321]
UNAIDS (2000). AIDS Epidemic Update; December
2000. Joint United Nations Programme on HIV/AIDS
(UNAIDS) - http://www.unaids.org/wac/2000/wad00/
files/WAD_epidemic_report.PDF [Geo-2-287]
UNAIDS (2001). AIDS Epidemic Update; December
2001. Joint United Nations Programme on HIV/AIDS
(UNAIDS) - http://www.unaids.org/worldaidsday/2001/
Epiupdate2001/Epiupdate2001_en.pdf [Geo-2-288]
UNDP, UNEP, World Bank and World Resources Institute
(2000). World Resources 2000-2001. Washington DC,
World Resources Institute
UNDP (2001). Human Development Report 2001.
Oxford and New York, Oxford University Press http:/
/www.undp.org/hdr2001/completenew.pdf [Geo-2-
289]
United Nations Population Division (2001). World
Population Prospects 1950-2050 (The 2000 Revision).
New York, United Nations - www.un.org/esa/
population/publications/wpp2000/wpp2000h.pdf [Geo-
2-204]
World Bank (2001a). World Development Indicators
2001. Washington DC, World Bank http://www.
worldbank.org/data/wdi2001/pdfs/tab3_8.pdf [Geo-2-
024]
World Bank (2001b). Global Development Finance 2001.
Washington DC, World Bank
44 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002
A Ásia e o Pacífico ocupam 23% da superfície da
Terra e abrigam mais de 58% da população mundial.
Na região estão localizadas várias das maiores eco-
nomias emergentes, como a China e os países do Su-
deste Asiático. Nos últimos trinta anos, a região pas-
sou gradualmente de um estilo de vida de subsistên-
cia para a sociedade de consumo, com altas taxas de
urbanização, ocidentalização e crescimento demográ-
fico. Essa transição não ocorreu sem impactos soci-
ais, econômicos e ambientais adversos.
Dos 53 países da região, considera-se que 7 possuem
alto nível de desenvolvimento humano,21 nível mé-
dio e 5 nível baixo (os demais países, incluindo pe-
quenas ilhas do Pacífico Sul, não possuem classifica-
ção). As sub-regiões do Noroeste do Pacífico e do
Leste Asiático lograram um rápido e sustentado pro-
gresso na maioria das áreas do desenvolvimento hu-
mano, ao passo que o Sul da Ásia encontra-se em
atraso, com níveis ainda altos de pobreza. O PIB per
capita (em dólares de 1995) varia de US$ 506 no Sul
da Ásia até US$ 4.794 no Noroeste do Pacífico e no
Leste Asiático. A expectativa de vida ao nascer au-
mentou em toda a região, passando, no Sul da Ásia,
de 50 anos, em 1970-1975, para mais de 60 anos, em
1995-2000. No Noroeste do Pacífico e no Leste Asiá-
tico, o aumento no mesmo período foi de aproximada-
mente 61 anos para cerca de 70 anos. As taxas de
alfabetização em adultos também apresentaram cres-
cimentos semelhantes, passando de 33% para 55%
no Sul da Ásia, no período de 1972 a 1999, e de 55%
para 84% no Noroeste do Pacífico e no Leste Asiático
(World Bank, 2001).
 Aspectos socioeconômicos: Ásia e Pacífico
Desenvolvimento humano
A numerosa
população da Ásia
e do Pacífico
concentra-se em
apenas três sub-
regiões. Em
termos gerais, a
velocidade de
crescimento
diminuiu, alcan-
çando a média
mundial de 1,3%
por ano.
Fonte:
compilado de United
Nations Population
Division, 2001
Aproximadamente três quartos da população
carente mundial vivem no continente asiático, sendo
essa carência particularmente significativa na Índia,
em Bangladesh, no Camboja, no Afeganistão, na Re-
pública Democrática Popular do Laos, no Nepal e no
Paquistão. No Sul da Ásia, 40% da população vive
com menos de um dólar ao dia (UNDP, 2001). A carên-
cia, no entanto, não é determinada somente por fato-
res econômicos. Indicadores convencionais sugerem
que muitas populações das ilhas do Pacífico encon-
tram-se na linha de pobreza (UNESCAP, 1999) – no
entanto, muitas comunidades ainda desfrutam de al-
tos graus de subsistência, com base em sistemas não-
monetários tradicionais (UNEP, 1999).
Para muitos países da região, a pobreza é o
resultado de gritantes desigualdades e falhas ins-
titucionais que fazem com que os benefícios do cres-
cimento econômico sejam usufruídos por uma elite
minoritária. Além disso, a urbanização, a mudança para
a economia de mercado e o alto crescimento demo-
gráfico, sem o devido crescimento do número de opor-
tunidades de emprego, compõem o problema. O mes-
mo acontece com a exploração excessiva dos recur-
sos naturais, que ameaça a viabilidade agrícola e a
agricultura de subsistência (UNESCAP, 1999).
A população da região cresceu de 2 bilhões e 173
milhões, em 1972, para 3 bilhões e 514 milhões, no ano
2000 (United Nations Population Division, 2001). As
taxas de crescimento demográfico decresceram de
2,3%, em 1972, para 1,3% (igual à média mundial), em
2000, embora haja significativas variações sub-regio-
nais. Isso pode ser, em parte, atribuído ao declínio
dos níveis de fertilidade, que caíram de 5,1 para 2,1
crianças por mulher ao longo das três últimas déca-
das (United Nations Population Division, 2001).
No entanto, alguns dos países mais populo-
sos do mundo encontram-se na região, onde a China
e a Índia respondem por 38% da população mundial.
A região também abriga cinco dos seis países que,
conjuntamente, respondem por metade do crescimen-
to demográfico do mundo – Bangladesh, China, Ín-
dia, Indonésia e Paquistão (United Nations Population
Division, 2001).
O alto crescimento demográfico reflete-se nas
estruturas populacionais da região. A maioria dos
países tem população jovem; 30% da população asi-
ática situa-se abaixo dos 15 anos de idade (United
Nations Population Division, 2001). Embora isso pos-
sa ser visto como uma característica positiva, do ponto
Uma população em mudança
População (em milhões) por sub-região: Ásia e Pacífico
Ásia Central
Pacífico Sul Noroeste do Pacífico e Leste Asiático
Sudeste da Ásia Austrália e Nova Zelândia
Sul da Ásia
45ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
parcela da população que trabalha na indústria cres-
ceu de 15% para 21% (ADB, 1997).
Na sub-região do Pacífico, o estilo de vida
mudou da subsistência para sociedades capitalistas
baseadas em fundos financeiros de fomento. O pa-
drão de vida para os moradores da região é relativa-
mente alto, quando comparado ao de outros países
em desenvolvimento. Contudo, existem algumas ten-
dências preocupantes, com indicações de aumento
de desemprego, particularmente entre jovens, altas
taxas de abandono no ensino básico, baixa renda fa-
miliar e uma crescente incidência do uso de drogas e
da criminalidade (SPC, 1998). Muitas das pequenas e
remotas ilhas do Pacífico não possuem nenhum tipo
de indústria, enquanto outros países da sub-região
possuem pequenas indústrias de processamento de
alimentos e bebidas, vestuário e montagem ou repa-
ros de pequenos maquinários (UNEP, 1999).
A economia agrícola
tradicional da região
da Ásia e Pacífico está
perdendo terreno para
o setor de serviços: no
período de 1972 a
1999, a contribuição
da agricultura com o
PIB caiu de 23% para
16%, ao passo que a
contribuição do setor
de serviços cresceu de
43% para 50%.
Fonte: UNEP, Topham
Picturepoint
de vista da maior disponibilidade de trabalhadores
jovens, em algumas sub-regiões, especialmente nas
ilhas do Pacífico, isso também tem significativas im-
plicações socioeconômicas negativas, particularmen-
te no que se refere ao alto índice de desemprego.
Ademais, o grande número de jovens que entram na
idade produtiva compõe o quadro de pressões
exercidas pelo crescimento demográfico.
Apesar dos ganhos em termos de expectativa
de vida, estima-se que 7,1 milhões de pessoas sejam
portadores do vírus HIV na Ásia e no Pacífico (quase
18% do total mundial). Aproximadamente 435 mil mor-
tes e mais de um milhão de novos casos foram
registrados (UNAIDS, 2001).
Nos últimos trinta anos, os países da região vêm se
empenhando na busca do desenvolvimento econô-
mico e de melhores padrões de vida. No entanto, as
taxas de crescimento anual do PIB decresceram de
um patamar máximo de 9,76%, em 1970, para 2,54%,
em 1999, verificando-se uma queda de 1,04% em
1998, devido à crise econômica asiática (World Bank,
2001). Em termos globais, contudo, a renda per
capita (em dólar de 1995) quase dobrou no Noroes-
te do Pacífico e no Leste Asiático, alcançando um
crescimento médio de 2,4% ao ano entre 1972 e 1999
(ver gráfico na página seguinte). No Sul da Ásia, a
taxa de crescimento também excedeu os 2% (compi-
lado de World Bank, 2001). Entretanto, o crescimen-
to foi muito lento nas ilhas do Pacífico, o que é coe-
rente com estudos recentes que indicam um declínio
geral dos padrões de vida nos países das ilhas do
Pacífico (UNESCAP, 1999).
A região da Ásia e Pacífico responde por
41,7% da dívida externa global, o que totaliza US$ 1
trilhão 73 bilhões e 977 milhões em 1999 – um encargo
maior que o quíntuplo, se comparado aos US$ 189
bilhões e 968 milhões registrados em 1981 (World
Bank, 2001).
A estrutura econômica da região mudou subs-
tancialmente ao longo dos últimos trinta anos, com a
diminuição da importância do setor agrícola e o cres-
cimento do setor de serviços. Mesmo no Sul da Ásia,
a contribuição da agricultura no PIB caiu de 39% em
1980 para 30% em 1995, enquanto a contribuição do
setor de serviços aumentou de 35% para 41% (World
Bank, 1997). Essas mudanças estruturais também se
refletem no nível de empregos. Em 1960, 75% dos asi-
áticos eram empregados na agricultura. Em 1990, esse
número caiu para aproximadamente 60%, enquanto a
Desenvolvimento econômico
46 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002
centros rurais de informação montados em Pondicherry,
Índia, que permitem o acesso à Internet por meio de
energia solar e elétrica e por meio de sistemas de co-
municação sem fio ou fixos. Como resultado, agriculto-
res e pescadores podem acessar tudo, desde informa-
ções do mercado a imagens de satélite. No entanto,
somente 0,4% dos indianos utilizavam a Internet em
2001 (UNDP, 2001). NaChina, a utilização da Internet
cresceu quase dez vezes, de 3,9 milhões de usuários,
em 1998, para mais de 33 milhões em janeiro de 2002
(UNDP, 2001; CCNIC 2002) – cifra que representa so-
mente 2,75% da população total, enquanto mais da
metade da população de Hong Kong tem acesso à
Internet (UNDP, 2001). Na Índia, a indústria de infor-
mação e comunicação gerou aproximadamente US$ 7,7
bilhões em 1999, quinze vezes mais que em 1990, com
quase US$ 4 bilhões em exportação (UNDP, 2001). As
oportunidades de emprego e desenvolvimento econô-
mico associadas oferecem potenciais significativos para
a solução do problema da pobreza da região.
O cenário otimista em relação ao futuro da Ásia, do
início ao meio da década de 1990, foi eclipsado por
recentes acontecimentos no Sudeste Asiático e na
Coréia. A perda de confiança na região fez com que os
seus líderes, a fim de evitar futuros retrocessos na
atividade econômica, devotassem mais atenção à ne-
cessidade de uma administração eficiente e de um
gerenciamento fiscal mais adaptável. Para que os pa-
íses voltem a prosperar, os governos e as instituições
devem fomentar os mercados novos e os que se en-
contram em crescimento, bem como implementar polí-
ticas que beneficiem simultaneamente a economia, o
meio ambiente e a população.
A região conta com, no mínimo, dez centros de inova-
ção tecnológica situados na Austrália, na China, na
Índia, no Japão, na Malásia, na República da Coréia,
em Cingapura e em Taiwan (Hillner, 2000). A Ásia res-
ponde por aproximadamente 30% dos gastos globais
com pesquisa e desenvolvimento, metade dos quais
corresponde somente ao Japão (Unesco, 2000).
Em sintonia com o desenvolvimento em outras
partes do mundo, a disseminação de novas
tecnologias, tais como a Internet e a telefonia celular,
vem ocorrendo em níveis sem precedentes, com im-
pactos significativos nas vidas das pessoas e em al-
gumas economias nacionais, como por exemplo, os
Embora a renda na Austrália e na Nova Zelândia seja gigantesca em comparação às outras sub-
regiões, nestas houve um crescimento estável, exceto na Ásia Central e nas ilhas do Pacífico Sul.
Nota: não se dispõe de dados anteriores a 1984 para a Ásia Central e anteriores a 1981 para o Sul da Ásia.
Fonte: estimativa de World Bank, 2001a
Referências: Capítulo 2, aspectos socioeconômicos, Asia e Pacífico
ADB (1992). Environment and Development: a Pacific
Island Perspective. Manila, Asian Development Bank
ADB (1997). Emerging Asia – Changes and Challenges.
Manila, Asian Development Bank
CCNIC (2002). Semiannual Survey Report on the
Development of China’s Internet (January 2002). China
Internet Network Information Center http://www.
cnnic.net.cn/develst/rep200201-e.shtml [Geo-2-290]
Hillner, J. (2000). Venture Capitals. Wired, 7 August
2000
SPC (1998). Pacific Island Populations. Noumea,
Secretariat of the Pacific Community
UNAIDS (2001). AIDS Epidemic Update; December
2001. Joint United Nations Programme on HIV/AIDS
(UNAIDS) - http://www.unaids.org/worldaidsday/2001/
Epiupdate2001/Epiupdate2001_en.pdf [Geo-2-291]
UNDP (2001). Human Development Report 2001. Oxford
and New York, Oxford University Press http://www.
undp.org/hdr2001/completenew.pdf [Geo-2-289]
UNEP (1999). Pacific Islands Environment Outlook.
Nairobi, United Nations Environment Programme
UNESCAP (1999). Survey of Pacific Island Economies.
Port Vila, UNESCAP, Pacific Operations Centre
UNESCO (2000). Facts and Figures 2000 – Science &
Technology. UNESCO Institute for Statistics http://
www.uis.unesco.org/en/pub/pub0.htm [Geo-2-292]
United Nations Population Division (2001). World
Population Prospects 1950-2050 (The 2000 Revision).
New York, United Nations - www.un.org/esa/
population/publications/wpp2000/wpp2000h.pdf [Geo-
2-204]
World Bank (2001). World Development Indicators 2001.
Washington DC, World Bank http://www.worldbank.
org/data/wdi2001/pdfs/tab3_8.pdf [Geo-2-024]
PIB per capita (US$ 1995) por sub-região: Ásia e
Pacífico
Gestão públicaCiência e tecnologia
Região
Austrália e Nova Zelândia Ásia Central Sudeste da Ásia
Noroeste do Pacífico e Leste Asiático Sul da Ásia Pacífico Sul
47ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
Os processos políticos, econômicos, sociais e industri-
ais resultantes do fortalecimento e da expansão da União
Européia (UE), bem como a transição de regimes de pla-
nejamento centralizado para sociedades mais abertas e
baseadas na economia de mercado, constituem os avan-
ços mais importantes ocorridos na Europa nos últimos
trinta anos (ver box à direita). Essas mudanças produzi-
ram efeitos profundos no desenvolvimento dos vários
países envolvidos, tanto nas sub-regiões quanto na re-
gião como um todo. Embora as três sub-regiões da Eu-
ropa (Ocidental, Central e Leste) apresentem similarida-
des, existem diferenças em função de eventos recentes
e históricos, que resultaram na heterogeneidade políti-
ca, econômica e social da região.
Após a queda do comunismo, no final da déca-
da de 1980, uma nova era de cooperação pan-européia,
voltada às questões ambientais, teve início no âmbito
da infra-estrutura do processo denominado como “Meio
Ambiente para a Europa” – EfE (Environment for
Europe). Essa ampla agenda política incluía a meta de
apoiar e fortalecer a democratização, que gradualmente
transformou países sob o regime do socialismo de esta-
do em países pós-comunistas (ver box à direita). Toda-
via, durante os preparativos para a Convenção de
Aarhus, na década de 1990, percebeu-se claramente que
os direitos e a participação do povo permaneciam como
um objetivo vago, tanto em muitas das democracias
ocidentais já estabelecidas quanto na Europa Central e
no Leste Europeu (REC, 1998).
A Europa é uma região onde predominam níveis de de-
senvolvimento humano de alto a médio (UNDP, 2001).
Entretanto, embora o nível global continue a aumentar
gradualmente em toda a Europa Ocidental e em partes
da Europa Central, muitos países do Leste Europeu têm,
desde o início do processo de transição, sofrido diver-
sos retrocessos, incluindo aumento nos níveis de ca-
rência relacionados exclusivamente à baixa renda.
Tradicionalmente, a região apresenta altos ín-
dices de alfabetização em adultos, estimados em 95%
em toda a região, embora essas taxas tendam a ser
ligeiramente mais baixas em algumas partes do sul da
Europa Ocidental (Unesco, 1998).
Em vários países da Europa Central e do Leste
Europeu (Moldávia, Romênia, Federação Russa e
Ucrânia), metade, ou mais, da população possuía ren-
da abaixo da linha de pobreza oficial, no período de
1989 a 1995 (UNDP, 1999a). O empobrecimento resul-
ta em uma brutal queda nos salários reais e no PIB per
capita, em altas taxas de inflação, assim como no au-
mento da desigualdade de rendas – inclusive entre
homens e mulheres, sendo estas, geralmente, as pri-
meiras a perderem os seus empregos. Os preços rela-
tivos também mudaram, sendo que os preços de bens
e serviços necessários à população pobre geralmen-
te aumentaram de forma mais rápida que outros (UN,
2000a). Embora o problema da baixa renda seja mais
claramente disseminado e grave no Leste Europeu, o
fenômeno não é desconhecido na Europa Ocidental,
onde um número estimado em 17% da população da
União Européia (exceto Finlândia e Suécia) ainda vive
em situação de carência. A vulnerabilidade à carência
é mais generalizada: 32% dos europeus passam por
pelo menos um período anual de baixa renda a cada
três anos, enquanto 7% vivem em estado de carência
constante durante esse mesmo período (EC, 2001).
Os custos humanos do processo de transição
foram além da carência de renda. Em toda a Europa, a
expectativa de vida aumentou no período de 1995 a 2000,
se comparado ao período de 1975 a 1980, ou seja, de 70,3
Desenvolvimento humano
 Aspectos socioeconômicos: Europa
Para os dez países da Europa Central e do Leste Europeu que se
candidataram a aderir à União Européia (Países Candidatos à adesão), a
filiação significa um meio de alcançar a estabilidade após as mudanças
resultantes do processo de transição por que passaram,assim como para
acelerar o desenvolvimento econômico. Para todos os treze Países Can-
didatos, aderir a União Européia (UE) implica enormes desafios de ordem
política e econômica, incluindo harmonização de legislações e institui-
ções às exigências da UE. Tanto a UE quanto os Países Candidatos encon-
tram-se em transição para formas mais sustentáveis de desenvol-
vimento, porém em estágios diferentes.
Nota: no início de 2002, os Países Candidatos eram: Bulgária, Chipre, República
Checa, Estônia, Hungria, Letônia, Malta, Polônia, Romênia, Eslováquia, Eslovênia e
Turquia.
O crescimento da União Européia
A informação, a participação e o acesso à justiça são elementos es-
senciais a uma democracia verdadeiramente participativa. Esses te-
mas, portanto, tornaram-se elementos centrais no processo do Meio
Ambiente para a Europa EfE, resultando no endosso das Diretrizes de
Sófia, em 1975; na adoção da Convenção sobre o Acesso à Informação
e à Participação Pública nos Processos de Tomada de Decisões; e no
Acesso à Justiça nas Questões Ambientais (Convenção de Aarhus), du-
rante a Convenção Ministerial Européia sobre o Meio Ambiente, rea-
lizada em Aarhus, Dinamarca, em 1998.
A Convenção de Aarhus baseava-se na noção de que o en-
volvimento público no processo de tomada de decisões, notadamente
por intermédio das autoridades públicas, tende a melhorar a qualidade
e a implementação das decisões finais. Ele garante o direito à infor-
mação, à participação e à justiça no contexto da proteção dos direitos
das gerações presentes e futuras de viver em um ambiente adequado
à sua saúde e ao seu bem-estar.
Disponibilidade e acesso à informação ambiental
48 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002
relação padrão. As causas dessa “questão dos homens
desaparecidos” são múltiplas e complexas, mas se origi-
nam principalmente na falta de segurança humana: con-
flitos militares, saúde deficiente, desemprego, perda de
pensões e corrupção, tudo isso resultando em desinte-
gração social e baixa qualidade de vida (UNDP, 1999b).
O desmantelamento do sistema social da era co-
munista também levou à desintegração social e a desi-
gualdades na prestação de serviços sociais nos países
da Europa Central e do Leste Europeu. Esse declínio foi
associado à proliferação de fraudes, de negócios ilegais
e do crime organizado (UNDP, 1999b). Em marcante con-
traste com as condições anteriores à transição, a popu-
lação agora se encontra privada de proteção e seguran-
ça, estando freqüentemente à mercê de forças do crime
organizado que surgiu em conluio com funcionários
corruptos do governo. O aumento nos índices de
criminalidade revela a fraqueza na autoridade do poder
público e na aplicação das leis.
A população da Europa aumentou em 100 milhões des-
de 1972, perfazendo um total de 818 milhões em 2000, o
que corresponde a 13,5% da população mundial (ver
gráfico). A mudança mais significativa que atualmente
ocorre na maioria da região é o envelhecimento da po-
pulação em virtude das baixas taxas de fertilidade e do
aumento da expectativa de vida. As taxas de fertilidade
caíram de 2,3 para 1,4 criança por mulher nos últimos
trinta anos e situam-se abaixo de 1,1 criança por mulher
na Armênia, na Bulgária e na Letônia, muito abaixo do
índice de 2,1 crianças por mulher, necessário para man-
ter estáveis os níveis populacionais (United Nations
Population Division, 2001).
Outra tendência que deve permanecer, e que re-
presenta um enorme desafio para a região, é a dos movi-
mentos populacionais em toda a Europa. Esses movi-
mentos estão relacionados tanto a conflitos (pessoas
em busca de asilo, pessoas desalojadas e refugiados,
incluindo migrações transitórias originárias dos países
em desenvolvimento) quanto à busca por melhores re-
munerações (UNECE e outros, 1999; UNDP, 1999b).
As economias da Europa Ocidental haviam se recupera-
do da recessão do início da década de 1990 e cresciam a
taxas aproximadas de 2,5% ao ano, no final do ano 2000
(UN, 2000a). Um importante fator foi a criação do merca-
do único. Tendo iniciado com a criação do Sistema
Monetário Europeu, em 1979, a conclusão do Mercado
para 73,1 anos, respectivamente (ambos os sexos, da-
dos compilados de United Nations Population Division,
2001). No entanto, em alguns países do Leste Europeu,
a expectativa de vida decresceu durante o mesmo perío-
do, particularmente a dos homens – por exemplo, de 62
para 58 anos na Federação Russa e de 65 para 64 na
Ucrânia (UNDP, 1999b). Além disso, em muitos países
da Europa Central e do Leste Europeu (Bielo-Rússia,
Estônia, Letônia, Federação Russa e Ucrânia), a relação
de homens para mulheres encontra-se muito abaixo da
Uma população em mudança
A população da Europa aumentou em 100 milhões desde 1972, mas atualmente as taxas de
fertilidade caíram a níveis inferiores aos necessários à estabilidade da população em muitos países.
Fonte: compilado de United Nations Population Division, 2001
Desenvolvimento econômico
Embora o PIB per capita tenha crescido de forma estável na Europa Ocidental, e, portanto, na região
como um todo, há nítidos contrastes com os níveis de PIB per capita na Europa Central e no Leste
Europeu.
Nota: os dados para a Europa Central e para o Leste Europeu anteriores a 1989 não são confiáveis.
Fonte: estimativas de World Bank, 2001
População (em milhões) por sub-região: Europa
PIB per capita (US$ 1995) por sub-região: Europa
Leste Europeu
Europa Ocidental Europa Central
Europa OcidentalRegião Europa Central Leste Europeu
49ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
por cerca de 30% dos gastos globais com pesquisa e
desenvolvimento, situando-se logo após a América do
Norte e equiparando-se à região da Ásia e Pacífico
(Unesco, 2001). O crescimento das tecnologias de in-
formação e comunicação, particularmente da Internet,
ligando milhões de lares e postos de trabalhos euro-
peus é provavelmente o mais formidável avanço
tecnológico ocorrido nos últimos trinta anos. O número
de usuários da Internet cresceu 250% entre 1998 e 2000,
passando de 539 em cada 10 mil habitantes para 1.366
em cada 10 mil habitantes (ITU, 2002), embora esses
dados mascarem diferenças regionais distintas.
A Agência Espacial Européia e o Canadá lança-
ram, no início de 2002, o satélite ambiental Envisat, com
a finalidade de monitorar a saúde do planeta por meio da
coleta de dados sobre mudanças ocorridas no solo, nos
oceanos, nas calotas de gelo e na atmosfera da Terra.
Comum Europeu se efetivou em 1993, e a União Mone-
tária Européia tornou-se uma realidade para 300 milhões
de pessoas nos 12 países da União Européia, com o
lançamento do euro em 1º de janeiro de 2002. A moeda
deverá ser um instrumento de estabilidade econômica e
crescimento em toda a Europa, fortalecendo o cresci-
mento econômico e a política de cooperação na região.
O PIB per capita (calculado em dólares constan-
tes de 1995) cresceu em níveis estáveis em toda a região,
de aproximadamente US$ 9 mil em 1972 para uma média de
US$ 13.500 em 1999 (ver gráfico na página ao lado). No
entanto, existem diferenças sub-regionais importantes,
com variações que vão desde US$ 25.441 na Europa Oci-
dental, em 1999, até US$ 3.139 na Europa Central e US$
1.771 no Leste Europeu (compilado de World Bank, 2001).
Entre 1980 e 1999, o PIB real decresceu em 14 países da
Europa Central e do Leste Europeu, sendo que o decrés-
cimo foi de mais de 50% em quatro países – Geórgia,
Moldávia, Ucrânia e Iugoslávia (UN, 2000a).
O consumo médio per capita aumentou em ní-
veis estáveis na Europa Ocidental, ao ritmo médio de
2,3% ao ano nos últimos vinte e cinco anos (UN, 2000b).
O consumo em alguns países da Europa Central e do
Leste Europeu recentemente começou a crescer, à medi-
da que parte da população obteve um aumento em seu
poder de compra, particularmente na Polônia (com um
aumento de 65% desde 1991), na Hungria e na Eslovênia
(UN, 2000b).
A Europa é líder em desenvolvimento e uso de
tecnologias. A região possui, no mínimo, 19 centros de
inovação tecnológica, liderados pela Suécia

Continue navegando