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DIREITO AMBIENTAL 
INTERNACIONAL
2
Fernanda Brusa Molino
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2022
DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL
1ª edição
3
2022
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Head de Platos Soluções Educacionais S.A
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Alessandra Cristina Fahl
Ana Carolina Gulelmo Staut
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Coordenador
Gislaine Denisale Ferreira
Revisor
Alessandra Aparecida Sanches
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ 
Molino, Fernanda Brusa
Direito ambiental internacional / Fernanda Brusa Molino. 
– São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022.
36 p.
ISBN 978-65-5356-258-5
1. Meio ambiente. 2. Direito humanos. 3. Proteção do 
clima. I. Título.
CDD 344.046
_____________________________________________________________________________ 
 Evelyn Moraes – CRB: 010289/O
M723d 
© 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
https://www.platosedu.com.br/
4
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina __________________________________ 05
Introdução ao direito ambiental internacional _______________ 07
Meio Ambiente e Direitos Humanos _________________________ 18
Águas, mares e seus recursos no âmbito internacional ______ 29
Proteção do Clima ___________________________________________ 41
DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL
5
Apresentação da disciplina
Na disciplina de Direito Ambiental Internacional, você terá uma visão 
ampla sobre os principais temas ambientais presentes no Direito 
Internacional, especialmente o Direito Internacional Público.
Assim, será apresentada a evolução do Direito Ambiental Internacional, 
apresentando temas, eventos e textos internacionais de destaque na 
seara, como a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento 
e Meio Ambiente Humano, de 1972, e a Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, de 1992.
Outro tema muito presente e debatido é o reconhecimento do Direito 
Ambiental como um dos direitos presentes junto ao rol de direitos 
humanos, sendo um tema de muita controvérsia e questionamentos 
diversos, especialmente considerando seu status junto à legislação 
nacional pátria.
É importante mencionar a questão do Direito do Mar, analisando 
especificamente a proteção dos mares, oceanos e seus recursos, sendo 
esse tema muito presente no Direito Internacional como um todo, 
possuindo reflexões e desdobramentos relevantes em cada divisão, 
como o público, o privado, o comercial e o ambiental. Assim, quando 
se analisa a questão marítima, é importante apresentar a Convenção 
das Nações Unidas sobre Direito do Mar, de 1982, oferecendo destaque 
para a proteção dos recursos marinhos vivos ou oriundos do subsolo, 
proliferando outros tratados internacionais de proteção de espécies 
marinhas especificas ou em relação à sua exploração.
6
Por fim, outro tema vigorante no Direito Ambiental Internacional, é a 
proteção do clima, sendo um dos temas mais recentes e que demandam 
estudos técnicos e textos muito complexos, merecendo total atenção 
à documentos como a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre 
Mudança do Clima, o Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris.
Assim, seu estudo estará pautado em temas atuais e de grande reflexão 
junto ao Direito Internacional e o Direito Ambiental.
7
Introdução ao direito ambiental 
internacional
Autoria: Fernanda Brusa Molino
Leitura crítica: Alessandra Aparecida Sanches
Objetivos
• Compreender os conceitos introdutórios do Direito 
Ambiental Internacional.
• Identificar e aplicar os princípios do Direito 
Ambiental Internacional.
• Conhecer as fontes do Direito Ambiental 
Internacional.
8
1. Conceitos e evolução histórica do Direito 
Ambiental Internacional
Será apresentada a evolução histórica do Direito Ambiental 
Internacional, bem como seu conceito, correlacionando com as fontes 
formais presentes no Direito Internacional, aplicados também ao 
Direito Ambiental Internacional e, por fim, os principais princípios 
presentes no Direito Ambiental Internacional serão abordados, 
trazendo sua breve contextualização.
Inicialmente, vale apresentar o conceito de Direito Ambiental 
apresentado pelo professor Antunes (2021):
É um direito que tem por finalidade regular a apropriação econômica 
dos bens ambientais, de forma que ela se faça levando em consideração 
a sustentabilidade dos recursos, o desenvolvimento econômico e social, 
assegurando aos interessados a participação nas diretrizes a serem 
adotadas, bem como padrões adequados de saúde e renda. Ele se 
desdobra em três vertentes fundamentais, que são constituídas pelo: (i) 
direito ao meio ambiente, (ii) direito sobre o meio ambiente e (iii) direito do 
meio ambiente. (ANTUNES, 2021, p. 7)
Assim, ampliando o conceito para a esfera internacional, Mazzuolli 
(2021) apresenta como:
O conjunto de regras e princípios criadores de direitos e deveres de 
natureza ambiental para os Estados, para as organizações internacionais 
intergovernamentais e, também, para os particulares (indivíduos e 
organizações privadas). (MAZZUOLI, 2021, p. 924)
Portanto, sucintamente, pode-se destacar que o Direito Ambiental 
Internacional ou o Direito Internacional do Meio Ambiente corresponde 
ao compilado de normas, abarcando princípios, regras expressas e 
costumes, presentes no cenário internacional, destinados à proteção 
do meio ambiente, considerando todos os seus aspectos, ou seja, 
9
os recursos naturais, o ambiente ao seu redor, que articule com 
o desenvolvimento econômico e social além de seus habitantes, 
considerando pessoas humanas e toda a fauna.
Importante destacar que o Direito Ambiental Internacional não é 
uma ciência autônoma, mas possui destaque diante da dimensão e 
preocupação de Estados e organizações internacionais, que os danos 
advindos dessa intervenção junto ao meio ambiente ocasionam para 
além das fronteiras dos Estados propriamente dito.
É importante mencionar a evolução histórica do Direito Ambiental no 
cenário internacional e, para isso, é importante retornar ao ano de 1972, 
com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano, também denominado como Conferência de Estocolmo.
Essa conferência tem uma relevância para o Direito Ambiental no 
cenário interno e internacional, justamente porque consiste no 
primeiro grande evento de defesa do meio ambiente de repercussão 
internacional, tratando da importância do debate da proteção do meio 
ambiente no plano internacional, contando com a presença de cento e 
treze estados e mais de quatrocentas organizações não governamentais 
(MAZZUOLI, 2021, p. 926).
Esse evento ocorreu em razão de uma série de outras repercussões e 
manifestações solenes na seara ambiental, que ocorreram durante o 
período das grandes guerras mundiais, mas, um evento de destaque com 
grande repercussão no mundo, foi o caso da Fundição Trail, consistindo 
em uma arbitragem entre Estados Unidos e Canadá sobre poluição 
atmosférica transfronteiriça, uma vez que as demandas internas, junto 
aos tribunais americanos e canadenses, apesar de favoráveis à não 
contaminação, não cessaram as emissões (MAZZUOLI, 2021, p.925).
Sobre os fatos, a Fundição Trail, localizada junto ao Canadá, realizava 
a emissão de fumaça tóxica de dióxido de enxofre, em razão do uso 
10
do cobre e zinco. Essa fumaça tóxica se destinava aos Estados Unidos, 
causando prejuízos à agricultura, animais e à saúde dos habitantes 
do entorno contaminado. Em 1941, foi encerrado o julgamento com a 
decisão favorável aos Estados Unidos e a expressão de um princípio 
até hoje utilizado e presente em diversos tratados ambientais, que 
corresponde a proibição de qualquer Estado em usar ou permitir o uso 
de seu território para a emissão de gases que gerem danos ao território 
alheio, bens ou pessoas quando apresentar consequências graves e o 
dano for comprovado.
Portanto, esse caso apresenta a inovação do uso e difusão de 
um princípio base do Direito Ambiental Internacional e questões 
ambientais de repercussão internacional ganham corpo à medida que 
outros casos acabam surgindo junto aos tribunais, versando sobre 
poluição atmosférica transfronteiriça, contaminação de mares e aguas 
internacionais e o uso de recursos naturais comuns, especialmente no 
período pós-guerra, fomentando o surgimento de tratados internacionais 
de cunho preservacionista do meio ambiente, de modo a evitar as 
contaminações do ar e das águas, bem como da limitação à caça e à 
pesca, junto à espécies determinadas, reconhecendo a impossibilidade de 
uso indiscriminado e insustentável dos recursos naturais.
Da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano 
surgem documentos importantes, como a Declaração da Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, também conhecido 
como Declaração de Estocolmo, que apresenta os principais princípios 
ambientais de cunho político; o Plano de Ação para o Meio Ambiente, 
contemplando recomendações para o desenvolvimento de políticas 
ambientais alinhadas ao desenvolvimento sustentável; e a resolução 
que instituiu o programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 
que é um órgão subsidiário da Assembleia Geral, que tem o objetivo de 
fomentar ações e programas de proteção ao meio ambiente no cenário 
internacional e nacional junto aos Estados-membros.
11
Desse modo, é evidente a relevância da Conferência de Estocolmo na 
seara jurídica ambiental internacional, trazendo repercussões junto à 
legislação internacional, como também interna dos Estados.
Outro aspecto que merece menção é que a Declaração da Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano apresenta a ideia da 
necessidade de preservação dos recursos naturais e do meio ambiente, 
de modo a propiciar o desenvolvimento econômico, assim, apresenta o 
conceito de desenvolvimento sustentável de modo muito embrionário, 
porém, sem o torná-lo expresso.
Após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, 
apesar do fomento e ampliação das normas de Direito Ambiental 
Internacional, incidentes ambientais de proporção internacional 
continuaram a ocorreram nos anos subsequentes e em número 
cada vez maiores. Diante desse cenário, é possível citar alguns casos 
famosos, como o uso do agente laranja na Guerra do Vietnã, que 
é um agente tóxico desfoliante que auxiliava no combate junto às 
florestas vietnamitas e gerou a contaminação das águas superficiais 
e subterrâneas, acarretando uma série de doenças junto à população 
vietnamita. Ademais, em 1986, houve o incêndio de uma fábrica de 
inseticidas na Suíça, ocasionando a contaminação do Rio Reno pelas 
águas utilizadas para apagar o incêndio, poluindo as águas ao longo do 
rio Reno, ocasionando a mortandade de espécies fluviais e afetando 
todos os países cortados por ele.
Por fim, em 1986, houve a contaminação radioativa pela Usina de 
Chernobyl, na Ucrânia, com o superaquecimento de um de seus quatro 
reatores, que culminou com a explosão do reator, gerando a emissão 
de gases radioativos na atmosfera e a exposição do núcleo radioativo 
deste reator, com efeitos fatais para a população do entorno da usina. 
Esse acidente trouxe efeitos globais de contaminação, já que houve a 
dispersão desses gases para diversos países europeus, como a Polônia, 
Alemanha, Áustria, Itália, França, Bélgica, Países Baixos e Turquia, além 
12
de países de outros continentes, como Japão, China, índia, Estados 
Unidos, Canadá, entre outros.
Diante desse cenário nefasto, em 1987, a Assembleia Geral das Nações 
Unidas divulgou o relatório preparado pela Comissão Mundial sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento, denominado como Nosso Futuro 
Comum. Esse relatório ficou conhecido mundialmente como Relatório 
Brundtland, sendo apresentadas propostas para implementação de 
políticas e programas para o fomento do desenvolvimento sustentável.
O Relatório Brundtland inovou com a apresentação da ideia basilar para 
o conceito de desenvolvimento sustentável quando informa:
A humanidade tem a capacidade de tornar o desenvolvimento 
sustentável para garantir que ele atenda às necessidades do presente 
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as 
suas próprias precisa. O conceito de desenvolvimento sustentável implica 
limites–não limites absolutos, mas limitações impostas pelo estado atual da 
tecnologia e organização social sobre recursos ambientais e pela capacidade 
da biosfera de absorver os efeitos das Atividades. Mas a tecnologia e a 
organização social podem ser gerenciadas e melhoradas para tornar 
caminho para uma nova era de crescimento econômico. (ONU, 1987, p. 16)
Outro aspecto de destaque do relatório, é que apresentou a tese 
sobre responsabilidade coletiva em relação à proteção de recursos 
naturais universais, como clima e biodiversidade, expressando a 
necessidade de assistência dos países desenvolvidos para com os 
países em desenvolvimento.
Este trabalho foi importante porque acarretou influências para a 
realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, em 1992, que ocorreu no Rio de Janeiro e contou com 
a participação de cento e setenta e oito estados. Essa Conferência ficou 
popularmente conhecida como Cúpula da Terra ou ECO-92.
Do mesmo modo que a conferência realizada, em 1972, a Conferência 
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento resultaram 
13
em documentos importantes, como a Agenda 21, que é um documento 
com proposição de políticas públicas junto à área social, econômica e 
ambiental pelos países membros; a Declaração de Princípios sobre as 
Florestas, que correlaciona princípios para a exploração econômica de 
florestas, especialmente as tropicais; e a Declaração de Princípios sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento, que é um compilado de princípios 
não vinculantes que imperam no Direito Ambiental com a apresentação 
de temas como responsabilidade, proteção de interesses futuros e o 
combate à pobreza e desigualdades sociais.
A Cúpula da Terra ainda trouxe outro legado relevante, que foi a 
criação da Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
Sustentável, que era um órgão do Conselho Econômico e Social das 
Nações Unidas, com o objetivo de acompanhar a implementação da 
Agenda 21 e avanços das políticas de promoção do desenvolvimento 
sustentável. Em 2013, a Comissão foi substituída pelo Fórum Político 
de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável, sendo um órgão 
vinculado à Assembleia Geral.
Portanto, é claro que o Direito Ambiental Internacional merece 
destaque, especialmente na análise e implementação das normas já 
apresentadas, como de toda sua evolução histórica, que demonstra 
com exemplos graves a importância da proteção do meio ambiente 
em um cenário globalizado, alterando algumas concepções sobre 
responsabilidade e uso de recursos naturais
2. Princípios do Direito Ambiental 
Internacional
Após a apresentação da evolução histórica e consolidação do Direito 
Ambiental Internacional, mediante a análise dos documentos 
internacionais de maior destaque, merece atenção o estudo acerca dos 
princípios expressos e utilizados no Direito Ambiental Internacional.14
No âmbito do Direito Ambiental Internacional, alguns documentos já 
mencionados apresentam alguns fundamentos importantes, como 
Declaração de Princípios sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
e Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente Humano. É também necessário analisar outros documentos 
importantes, como a Convenção-Quadro sobre Mudança Climática 
e a Convenção sobre Biodiversidade, que apresentam conceitos e 
fundamentos de princípios que serão apresentados.
Assim, os princípios que serão tratados são:
Figura 1 – Princípios de Direito Ambiental Internacional
Fonte: elaborada pela autora.
Assim, o princípio do desenvolvimento sustentável se destaca após 
o surgimento da Declaração de Princípios sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento e tem como principal ideia a atribuição do elemento 
meio ambiente às políticas de desenvolvimento, seja no campo 
econômico, social e cultural, de modo a alcançar as gerações presentes 
e futuras. Esse princípio ainda vislumbra o uso de modo equitativo dos 
recursos naturais considerados comuns. Por fim, se extrai a concepção 
de melhoria junto aos aspectos procedimentais administrativos, porém, 
isso se efetiva especialmente no âmbito interno, permitindo maior 
15
participação da sociedade em questões de desenvolvimento econômico 
articulados às intervenções junto ao meio ambiente.
O princípio da precaução está presente na Declaração de Princípios 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, se fundamentando no 
conceito de que, em caso de perigo de dano grave ou irreversível, a falta 
de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para 
que seja adiada a adoção de medidas eficazes em função dos custos 
para impedir a degradação ambiental.
Já o princípio do poluído-pagador, também está expresso junto à 
Declaração de Princípios sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
e tem como premissa a determinação acerca da internalização 
no ordenamento interno de mecanismos e instrumentos de 
responsabilidade e de medidas preventivas, que tornem o poluidor 
o único a arcar com os custos ambientais advindos do seu negócio, 
fortalecendo não a ideia de indenização, mas o não incentivo ao 
estabelecimento de padrões de qualidade baixos, incentivando a 
atenção e o cuidado com o exercício de atividades/ ações de alto 
impacto.
Por fim, o princípio da responsabilidade comum, porém, diferenciada, 
apresenta três pontos de reflexão: a) necessidade de cooperação 
mundial entre os Estados na preservação do meio ambiente; b) todos 
os Estados possuem a responsabilidade comum na implementação 
de artifícios para a preservação ambiental; c) gradação diferenciada 
de responsabilidade entre os Estados, tendo como pressuposto 
o desenvolvimento econômico ao longo da história, assim, países 
desenvolvidos possuem uma responsabilidade maior no esforço de 
preservar o meio ambiente junto aos países em desenvolvimento.
Portanto, os princípios apresentados estão presentes no Direito 
Ambiental Internacional e devem ser observados e aplicados em 
temáticas e controvérsias que possam ser suscitadas especialmente nas 
Cortes Internacionais.
16
3. Fontes de Direito Ambiental Internacional
As fontes do Direito Ambiental Internacional são idênticas às fontes 
presentes no Direito Internacional, lembrando que o Direito Ambiental 
Internacional não é uma ciência autônoma, mas que apenas se destaca 
ante sua relevância no cenário internacional.
Importante esclarecer que existem as fontes formais, que são os locais 
de onde provém, emana, nasce a norma jurídica, sendo reconhecidos 
os tratados internacionais, costumes internacionais e princípios gerais. 
A doutrina e a jurisprudência internacionais são meios auxiliares para a 
determinação da regra de Direito a ser aplicada, conforme estabelece o 
Estatuto da Corte internacional de justiça, junto a seu artigo 38.
Portanto, pode-se estabelecer que as fontes do Direito Ambiental 
Internacional são:
Figura 2 – Fontes do Direito Ambiental Internacional
Fonte: elaborada pela autora.
17
Sucintamente, as fontes do Direito Ambiental Internacional são 
idênticas às fontes do direito internacional, com a diferenciação em 
relação à sua aplicação específica junto às questões ambientais e estão 
segmentadas em fontes formais e meios auxiliares de interpretação, 
conforme estabelece o Estatuto da Corte Internacional de Justiça, sendo 
mecanismos de indicação de normas a serem aplicadas.
Portanto, é possível verificar a relevância e importância do Direito 
Ambiental Internacional no cenário global, especialmente nas últimas 
décadas; compreender e identificar as fontes formais de Direito 
Internacional, replicáveis ao Direito Ambiental Internacional e seus 
meios auxiliares de interpretação; e, ainda, identificar os principais 
princípios aplicáveis ao Direito Ambiental no plano internacional, que 
acabam sendo utilizados pelas cortes internacionais.
Referências
ACCIOLY, H. et al. Manual de direito internacional público, 25 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2021.
ANTUNES, P. de B. Direito ambiental. 22 ed. São Paulo: Atlas, 2021.
MAZZUOLI, V. de O. Curso de Direito Internacional público, 14 ed. São Paulo: 
Grupo GEN, 2021.
ONU. Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano. Disponível em: https://www.suape.pe.gov.br/images/publicacoes/
legislacao/1._1972_Declaracao_Estocolmo.pdf. Acesso em: 27 jul. 2022.
ONU. Declaração de Princípios sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 
Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/proclima/wp-content/uploads/
sites/36/2013/12/declaracao_rio_ma.pdf. Acesso em 14 mai. 2022.
ONU. Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento: 
Nosso Futuro Comum. Disponível em: https://sustainabledevelopment.un.org/
content/documents/5987our-common-future.pdf. Acesso em: 27 jul. 2022.
https://www.suape.pe.gov.br/images/publicacoes/legislacao/1._1972_Declaracao_Estocolmo.pdf
https://www.suape.pe.gov.br/images/publicacoes/legislacao/1._1972_Declaracao_Estocolmo.pdf
https://cetesb.sp.gov.br/proclima/wp-content/uploads/sites/36/2013/12/declaracao_rio_ma.pdf
https://cetesb.sp.gov.br/proclima/wp-content/uploads/sites/36/2013/12/declaracao_rio_ma.pdf
https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf
https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf
18
Meio Ambiente e Direitos 
Humanos
Autoria: Fernanda Brusa Molino
Leitura crítica: Alessandra Aparecida Sanches
Objetivos
• Compreender os direitos humanos e a inserção do 
meio ambiente como um dos pilares dos direitos 
humanos.
• Conhecer os tratados internacionais de âmbito 
regional que protegem o meio ambiente.
• Entender a legislação de proteção do meio ambiente 
no Brasil.
19
1. O direito ao meio ambiente e sua vinculação 
aos direitos humanos
A proteção do Direito Ambiental será apresentada considerando a 
legislação interna pátria, como também mediante ao apresentado junto 
aos principais sistemas regionais presentes no Direito Internacional, 
como a organização dos Estados Americanos (OEA) e União Europeia.
Outro fator de relevância é a apresentação dos direitos humanos e a 
inserção do direito ao meio ambiente junto à temática abarcada pelos 
direitos humanos, considerando sua integração com base na análise 
de classificação clássica adotada em gerações, correlacionando com a 
Organização das Nações Unidas (ONU).
No mundo contemporâneo, não há como tratar do meio ambiente e 
sua proteção, considerando apenas a legislação interna de cada país, 
sendo evidente e claramente demonstrado que a defesa se mostra 
um dever de toda a sociedade internacional, justamente por acarretar 
reflexos transfronteiriços, afetando todos os sujeitos e ambientes 
existentes no globo.
Desse modo, a proteção do meio ambiente, considerando ainda a 
preservação da natureza em todos os seus aspectos, tem como principal 
objetivo tutelar o meio ambiente em virtude do direito à sadia qualidade 
de vida, em todos os seus desdobramentos, e compondoum dos pilares 
dos direitos fundamentais da pessoa humana.
Importante trazer um paralelo sobre os direitos humanos, tecendo 
breves comentários sobre seu conceito. Assim, Mazzuoli (2021) 
apresenta como:
Direitos inscritos (positivados) em tratados e declarações ou decorrentes 
de costumes de índole internacional. Trata-se daqueles direitos que já 
ascenderam ao patamar do Direito Internacional Público, para além, 
portanto, do domínio reservado do Estado. (MAZZUOLI, 2021, p. 761)
20
Portanto, contemporaneamente, não existe mais a divisão dos direitos 
humanos em gerações, mas a prevalência, hoje, é da sua conjugação e 
fortalecimento em benefício dos direitos de cada pessoa.
Apesar da afirmação já apresentada da superação da classificação dos 
direitos humanos em gerações, importante apresentá-la a título de 
conhecimento, pois corriqueiramente são utilizadas essas expressões 
junto aos direitos humanos, especialmente quando são tratados 
características ou conceitos de direitos específicos e que compõe o rol 
de direitos humanos:
Figura 1 – Classificação dos Direitos Humanos em dimensões
Fonte: elaborada pela autora.
Atualmente, pode-se considerar que tais direitos possuem conteúdo 
indivisível, afastando-se a classificação tradicional de gerações de direitos 
diante da necessidade de defesa de todos os direitos dos seres humanos, 
sem qualquer ideia de gradação, hierarquia, importância e segmentação, 
destacando a necessidade e relevância da defesa de todos os direitos 
humanos, uma vez que todos se complementam e se relacionam.
21
Outro ponto que merece considerações, versa sobre as características 
presentes nos direitos humanos, que são capazes de diferenciá-los 
de outros tipos, especialmente em relação aos presentes no âmbito 
interno, sendo:
• Historicidade: os direitos humanos são construídos com o passar 
dos anos, com maior intensificação a partir de 1945, com o 
surgimento da Organização das Nações Unidas, e evoluem com o 
passar do tempo.
• Universalidade: são titulares dos direitos humanos todas as 
pessoas independentemente de qualquer outra condição como 
raça, sexo, religião, gênero ou afinidade política.
• Essencialidade: possuem como conteúdo e valores supremos do ser 
humano, a dignidade humana quanto a sua matéria e no âmbito 
formal adquire essa status de primazia sobre as demais normas.
• Irrenunciabilidade: não permitindo que qualquer ser humano abra 
mão ou autorize a violação ao conteúdo desse direito.
• Inalienabilidade: proíbe sua não investidura por parte de seu 
titular, não permitindo a transferência ou cessão de direitos 
humanos a outras pessoas, sendo indisponíveis e inegociáveis.
• Inexauribilidade: significa que os direitos humanos podem sofrem 
expansão, ou seja, ser acrescidos de novos direitos a qualquer tempo.
• Imprescritibilidade: os direitos humanos não se esgotam 
com o decurso do tempo, podendo ser pleiteados a qualquer 
momento, não se operacionalizando a perda de seu exercício 
em razão da prescrição.
• Vedação do retrocesso: os direitos humanos devem sempre 
agregar um benefício ao ser humano, não sendo possível que 
22
o Estado forneça proteção em grau menor do que já havia 
sido estabelecido, desse modo, os Estados estão proibidos de 
retroceder em matéria de proteção dos direitos humanos.
• Indisponibilidade: o titular de direitos humanos não pode transferir, 
alienar, extinguir ou modificar o direito, devendo exercê-lo nos 
termos que a lei determinar, se vinculando à característica de 
irrenunciabilidade já apresentada, que apresenta a mesma ideia, ou 
seja, da impossibilidade de desvincular da observância destes.
O reconhecimento do direito ao meio ambiente ocorre com o advento 
da Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, adotada pela 
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em 
1948, e de responsabilidade das Organizações das Nações Unidas, sendo 
o referencial ético para a sociedade internacional no que versa sobre a 
proteção internacional do meio ambiente.
Contudo, foi com a Declaração de Estocolmo, de 1972, que houve a 
apresentação e regulação de ideais comuns da sociedade internacional 
no que tange à proteção do meio ambiente no âmbito internacional, e é 
possível verificar isso na análise do princípio I da Declaração de Estocolmo:
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute 
de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade 
tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo 
a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as 
gerações presentes e futuras. A este respeito, as políticas que promovem 
ou perpetuam o apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão 
colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira são 
condenadas e devem ser eliminadas. (ONU, 1972, p. 10)
Por meio da Declaração de Estocolmo, proliferou o surgimento de 
tratados internacionais sobre o meio ambiente, o que se mostra de 
grande relevância para o Direito Internacional e especialmente para a 
proteção do meio ambiente.
23
Por fim, verifica-se que, com o advento de textos internacionais para a 
defesa do meio ambiente e com o auxílio das Organizações das Nações 
Unidas, o Direito Ambiental Internacional se desenvolveu e é possível 
considerar que a proteção do meio ambiente está inserida no rol de 
direitos humanos, fomentando sua caracterização como jus cogens, ou 
seja, norma cogente aos países membros.
2. A proteção do meio ambiente nas 
instâncias regionai
Com a consolidação da defesa do meio ambiente no âmbito 
internacional/ universal, especialmente fomentado pela Organização das 
Nações Unidas, sua ampliação e disseminação de proteção junto aos 
demais sistemas, especialmente os de vocação regional seria um fluxo 
natural.
Contemporaneamente, essa afirmação acaba sendo uma verdade, 
contando com a proteção do meio ambiente em diversos documentos 
internacionais de atuação regional, especialmente considerando os 
princípios apresentados junto à Declaração de Estocolmo, que trata da 
proteção do meio ambiente, da vida digna ao homem e da proteção das 
gerações presentes ou futuras.
Importante retomar a ideia dos ordenamentos jurídicos existentes 
no mundo, onde comumente são encontrados como sistemas, ora 
universal, como também regional.
O sistema universal abarca as organizações e documentos de atuação 
global, envolvendo Estados independentemente de sua localização 
geográfica, como o caso da Organização das Nações Unidas. Já o sistema 
regional, envolve organizações e documentos para fins específicos 
e localizados em determinada região/ continente, como o caso da 
Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Europeia.
24
Para exemplificar os ordenamentos e os sistemas internacionais, é 
apresentada a figura abaixo:
Figura 2 – Sistemas Internacionais
Fonte: elaborada pela autora.
Analisando especificamente os sistemas regionais, inicia-se a análise 
pelo sistema Interamericano.
No sistema interamericano, existe o Protocolo Adicional à Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos em matéria de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais de 1988, conhecido também como 
Protocolo de San Salvador. Em seu artigo 11, é possível verificar a 
defesa do meio ambiente:
25
1. Toda pessoa tem direito a viver em meio ambiente sadio e a contar com 
os serviços públicos básicos.
2. Os Estados Partes promoverão a proteção, preservação e melhoramento 
do meio ambiente. (OEA, 1988)
Apesar da entrada em vigor, em 1999, do Protocolo Adicional à Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos, em matéria de Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais, a Organização dos Estados Americanos sempre 
primou pela proteção e defesa do meio ambiente junto às decisões da 
Comissão Interamericana de Direitos Humanos que constaram violação 
de direitos humanos na esfera ambiental, como o caso n. 7615 contra 
o Brasil, em 1985; o caso da comunidade indígena Awas Tingi Mayagna 
contra Nicarágua, em 2001, e o casoLa Oroya contra Peru, em 2007. Para 
todos os casos mencionados foram impostas medidas cautelares como o 
reconhecimento da violação de direitos humanos.
Em relação à atuação da Corte Interamericana, o ponto que dificulta a 
análise de questões no âmbito ambiental está relacionada ao Tratado 
que rege a Corte, pois está vinculada à Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos, que apenas apresenta direitos civis e políticos 
recebendo apenas estas demandas de modo indireto ou reflexo.
Já o sistema regional europeu, possui dificuldades no julgamento de 
demandas na temática ambiental, pois a Corte Europeia de Direitos 
Humanos se norteia pela Convenção Europeia de Direitos Humanos, 
onde não consta normas positivadas de cunho ambiental. Isso porque a 
Corte acaba trazendo decisões pelo mecanismo de julgamento indireto, 
tratando de direito civis e políticos, de modo a alcançar as questões 
ambientais, do mesmo modo que a Corte Interamericana.
Apesar da dificuldade das Cortes regionais de Direitos Humanos, na 
atuação junto às demandas de cunho ambiental, existem tratados 
internacionais diversos de proteção ao meio ambiente de modo direto e 
indireto, junto a ambos os sistemas regionais, como o caso do Programa 
26
Europeu de Mudança do Clima e no âmbito da Organização dos Estados 
Americanos. Há a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, que trata 
das questões de meio ambiente e ainda realizada Cúpulas das Américas 
sobre o Meio Ambiente, tratando de mecanismos de defesa do meio 
ambiente além de fomentar tratados internacionais na seara ambiental 
como o Acordo Regional sobre Acesso à Informação, Participação Pública 
e Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais na América Latina e no 
Caribe, conhecido como Acordo de Escazú e assinado em 2021.
Já no sistema africano regional, a defesa do meio ambiente está 
prevista junto à Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, sob 
a responsabilidade da União Africana. Assim, em seu artigo 24, há a 
previsão de que “todos os povos têm direito a um meio ambiente geral 
satisfatório, propício ao seu desenvolvimento” (UA, 1981).
Importante, ainda, destacar que, no sistema regional africano, há 
a existência da Corte Africana de Direitos do Homem e dos povos, 
que é norteada pela Carta acima mencionada e, por essa razão, é 
capaz de realizar julgamentos com ações que tratam diretamente da 
questão ambiental.
Suscintamente, é possível verificar que apesar das normas de natureza 
ambiental não estarem previstas junto aos tratados de direitos humanos 
da maioria dos sistemas regionais, acabam atuando junto às demandas 
seja por meio de Programas, Tratados e Secretarias, como ainda por 
decisões de Comissões ou de modo indireto junto às cortes regionais de 
defesa dos direitos humanos.
3. A defesa do meio ambiente no Direito 
brasileiro
Por fim, necessária a análise da defesa junto à legislação pátria o que 
deve ser iniciado a partir da Constituição Federal, que estabelece, junto ao 
seu artigo 225, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
27
essencial à sadia qualidade de vida e impondo à coletividade e ao poder 
público a necessidade de preservação e proteção, alcançando não só a 
presente geração, mas também as futuras.
Analisando o trecho acima, é possível depreender que o referido artigo 
alcança a qualidade de direito fundamental, justamente por alcançar 
a vida das pessoas e conforme estabelece o artigo 5º, também da 
Constituição Federal, a garantia de inviolabilidade à vida, compreendendo 
as mesmas características elencadas junto ao Direito Internacional.
Portanto, pode-se afirmar que o direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado é um direito fundamental e indisponível, ou seja, um direito 
não passível de transferência, alienação, modificação ou extinção. 
Dessa forma, é possível confirmar que a Constituição Federal elenca o 
meio ambiente como categoria de direito fundamental justamente por 
apresentar a característica de indisponibilidade e, consequentemente, da 
essencialidade para o usufruto de uma vida digna.
Expandindo a análise para além da Constituição, o Brasil possui uma 
grande variedade de legislações destinadas à proteção do ambiente de 
modo amplo, abarcando a fauna e flora, a biodiversidade, as águas, o ar 
e, ainda, o clima.
Assim, inicialmente, merece estudo a Lei n. 6938/ 81, também denominada 
e popularmente conhecida como Política Nacional do Meio Ambiente, que 
apresenta conceitos como poluição, degradação e meio ambiente e os 
princípios de proteção e preservação de ecossistemas e áreas degradadas.
Essa lei, apesar de seu surgimento anterior à Constituição Federal, 
atualmente vigente, foi totalmente recepcionada pela Constituição de 1988 
e, por essa razão, é uma das bases da proteção do meio ambiente no Brasil.
Além da Política Nacional do Meio Ambiente, pode-se mencionar 
outras legislações infraconstitucionais como a Lei n. 9605/1998, que 
28
apresenta os crimes ambientais; a Lei n. 12305/2010, que versa sobre a 
Política Nacional de Resíduos Sólidos; a Lei n. 9985/2000, que instituiu 
o Sistema Nacional de unidades de Conservação da Natureza e a Lei n. 
11284/2006, que regulamenta a proteção e o uso de recursos da Floresta 
que compõe a Mata Atlântica.
Suscintamente, é possível afirmar que a legislação brasileira constitucional 
e infraconstitucional se alinha com os textos internacionais na mesma 
medida que considera o meio ambiente como direito fundamental, do 
mesmo modo que no cenário internacional que o elenca como um dos 
direitos que estão inseridos no rol de direitos humanos.
Referências
ACCIOLY, H. et al. Manual de Direito Internacional Público. 25 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2021.
ANTUNES, P. de B. Direito ambiental. 22 ed. São Paulo: Atlas, 2021.
BRASIL. Porto de Suepe. Governo Estadual de Pernambuco. Declaração da 
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. Disponível 
em: https://www.suape.pe.gov.br/images/publicacoes/legislacao/1._1972_
Declaracao_Estocolmo.pdf. Acesso em: 27 jul. 2022.
CIDH. Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em 
matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Disponível em: http://www.cidh.
org/basicos/portugues/e.protocolo_de_san_salvador.htm. Acesso em: 27 jul. 2022.
DHNET. Carta africana dos Direitos Humanos e dos povos. Disponível em: http://
www.dhnet.org.br/direitos/sip/africa/banjul.htm. Acesso em: 27 jul. 2022.
MAZZUOLI, V. de O. Curso de Direito Internacional Público. 14 ed. São Paulo: 
Grupo GEN, 2021.
https://www.suape.pe.gov.br/images/publicacoes/legislacao/1._1972_Declaracao_Estocolmo.pdf
https://www.suape.pe.gov.br/images/publicacoes/legislacao/1._1972_Declaracao_Estocolmo.pdf
http://www.cidh.org/basicos/portugues/e.protocolo_de_san_salvador.htm
http://www.cidh.org/basicos/portugues/e.protocolo_de_san_salvador.htm
http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/africa/banjul.htm
http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/africa/banjul.htm
29
Águas, mares e seus recursos no 
âmbito internacional
Autoria: Fernanda Brusa Molino
Leitura crítica: Alessandra Aparecida Sanches
Objetivos
• Compreender os conceitos sobre mar e recursos 
marinhos no cenário internacional.
• Conhecer os tratados internacionais que versam 
sobre a proteção dos mares e águas internacionais.
• Entender as normas relacionadas à proteção e 
combate à poluição dos mares e preservação dos 
recursos marinhos.
30
1. Noções introdutórias sobre o mar e seus 
recursos
O planeta é composto por aproximadamente três quartos de água, 
compreendendo mais de trezentos milhões de quilômetros quadrados 
de água. Assim, tem-se o entendimento de que o mar representa 
algo indivisível, gerando conflitos jurídicos especialmente no âmbito 
internacional, contudo, atualmente, o que se verifica é a atuação positiva 
por parte do Direito em relação à regulamentação do mar e de suas 
implicações jurídicas.
O direito do mar tem sua origem consuetudinária, gerando grande 
arcabouço conceitual e principiológico para o Direito Internacional,sendo que esse tema só passou a ser regulado por tratados 
internacionais na segunda metade do século XX, com o surgimento 
da organização das Nações Unidas e a realização das Conferências 
Internacionais das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, em 1958.
O que se verifica é que, antes da Organização das Nações Unidas (ONU), 
o mar se dividia entre mar territorial e alto-mar, sendo a primeira faixa 
de soberania dos Estados costeiros e o segundo, pertencente a todos.
Outro ponto a se destacar no cenário internacional, especialmente no 
que tange à regulamentação do Direito Internacional sobre questões do 
mar e de oceanos, bem como de seus recursos, é a falta de consenso 
universal sobre questões de interesse global, como a preservação de 
meio marinho e a não poluição das águas.
O que se percebe é uma tendência de harmonização regional das 
questões jurídicas do mar, e mesmo o que acaba sendo regulamentado 
por meio de tratados, acaba recebendo a natureza de soft law, ou seja, 
de caráter recomendatório e não de norma cogente, seja no âmbito 
regional, e especialmente no âmbito universal, apresentando tratados 
31
e documentos de cooperação em sua maioria, facultando aos Estados 
apenas a adoção de políticas e ações em relação à preservação dos 
oceanos e recursos como da não poluição.
Para o conceito de mar, é necessário seguir com o conceito presente junto 
à Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, em seu artigo 2º:
A soberania de um Estado costeiro estende-se para além do seu 
território terrestre e águas interiores e, no caso de um Estado 
arquipélago, o seu arquipélago águas, para um cinturão de mar 
adjacente, descrito como o mar territorial. Esta soberania estende-se ao 
espaço aéreo sobre o mar territorial conforme bem como ao seu leito e 
subsolo. (ONU, 1982, [n. p.])
Outro aspecto necessário, é apresentar o conceito atual de alto-mar, 
também presente na Convenção das Nações Unidas sobre Direito do 
Mar, em seu artigo 86, que consiste “em todas as partes do mar que 
não são incluídos na zona econômica exclusiva, no mar territorial ou no 
águas interiores de um Estado, ou nas águas arquipélagas de um Estado 
arquipélago” (ONU, 1982, [n. p.]).
Como se verifica nos conceitos acima apresentados e presentes 
na Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, existem 
outras faixas marítimas com diferenças sobre ações e fiscalizações 
competentes entre Estados Costeiros, como o caso da zona econômica 
exclusiva, a zona contígua e o já mencionado mar territorial.
Portanto, é possível concluir, mediante a reunião de todos os conceitos 
relacionados às faixas marítimas presentes na Convenção das Nações 
Unidas sobre Direito do Mar, que o mar compreende toda a faixa líquida 
existente no planeta, englobando faixas com soberania exclusiva do 
Estado costeiro, abarcando as demais áreas, que, gradativamente, 
acabam reduzindo a ingerência da soberania do Estados até chegar 
à região que pertence a todos os Estados, incluindo aqueles que não 
possuem acesso ao mar.
32
Outros documentos importantes no cenário internacional relacionados 
ao mar são: Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, também conhecida como ECO-92, Rio-92 e Cúpula da 
Terra, que reuniu cento e setenta e oito países, que buscaram debater 
sobre a proteção do meio ambiente e a promoção do desenvolvimento 
econômico e sustentável. (ACCIOLY, 2021, p. 378)
Essa conferência resultou em uma diversidade de documentos 
relevantes, como a Carta da Terra, a Convenção sobre Diversidade 
Biológica, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e a 
Agenda 21, além de outros.
Em relação aos mares e oceanos, pode-se mencionar a Agenda 21, que 
consiste em um programa de ação que buscou viabilizar um padrão de 
desenvolvimento racional articulado com a proteção do meio ambiente, 
sendo suas bases norteadas em métodos de proteção ambiental e 
eficiência econômica, sendo dividido em quarenta capítulos temáticos.
Nesse programa, há um capítulo inteiramente destinado aos oceanos 
e mares sendo titulado Proteção dos oceanos e dos mares de todo tipo, 
incluídos os mares fechados e semifechados e as zonas costeiras, e o uso 
racional e o desenvolvimento de seus recursos vivos.
Nesse capítulo, são apresentadas as áreas do programa, ações, formas 
de gerenciamento e fontes de financiamento para a defesa e proteção 
de oceanos e dos recursos vivos marinhos. Entre as principais áreas de 
atuação do programa, pode-se mencionar:
33
Figura 1 – Áreas do programa referentes ao capítulo Proteção dos 
oceanos e dos mares de todo tipo, incluídos os mares fechados e 
semifechados e as zonas costeiras, e o uso racional e o desenvolvimento de 
seus recursos vivos, junto à Agenda 21
Fonte: elaborada pela autora.
Como se verifica, é possível constatar que, atualmente, impera a 
necessidade da articulação da defesa do meio ambiente marinho e de 
seus recursos, bem como o fomento do desenvolvimento econômico 
e das negociações comerciais internacionais. Contudo, também é 
reconhecida a falta ou pouca efetividade que as normas internacionais 
destinadas à proteção do meio ambiente marinho, das águas, dos 
oceanos e dos mares, justamente pela falta de consenso universal para 
a definição das normas que regulam esse ambiente, tão importante e 
pouco fiscalizado, considerando as questões jurídicas e normativas no 
âmbito internacional.
34
2. A Convenção das Nações Unidas sobre 
Direito do Mar
A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar é um tratado 
internacional, celebrado em Montego Bay, na Jamaica, em 1982, 
definindo e codificando conceitos presentes no Direito Internacional 
costumeiro, relativos aos temas e questões marítimos como mar 
territorial, zona econômica exclusiva, plataforma continental e 
apresentando princípios gerais referentes à exploração dos recursos 
naturais do mar, como recursos vivos, do solo e do subsolo.
Esta Convenção versa sobre os mares e oceanos de modo amplo e extenso, 
abarcando questões e elementos como a preservação do meio ambiente e, 
ainda, sobre questões relacionadas à fiscalização e exercício da soberania.
A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, após seu 
surgimento, substitui as Convenções de Genebra sobre o Direito do 
Mar, celebradas em 1958. Assim, surge um documento muito mais 
robusto e completo em termos normativos, porém, sem mecanismos 
que permitam sua implementação imediata, necessitando de auxílio do 
surgimento de regulamentações mais especificas para esse fim.
Apesar dessa falha de mecanismos de implementação, não restam 
dúvidas de que a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do 
Mar representa a evolução normativa e regulatório para as questões 
do mar e de preservação de seus recursos vivos ou não, até mesmo 
considerando que apresenta temas inovadores, apesar de apresentar 
conceitos já utilizados e previstos junto às normativas antigas e até 
mesmo do direito costumeiro internacional.
Em relação às disposições específicas de preservação ambiental, a 
Convenção das Nações Unidas apresenta diversas modalidades de 
poluição do mar, estando vinculado à sua origem como a advinda do 
ambiente terrestre, as provenientes de atividades na área, a decorrente 
de embarcações e ainda as provenientes da atmosfera entre outros.
35
Outro fator preponderante e muito evidenciado nesta Convenção se 
relaciona à preocupação em regulamentar e balancear o uso dos oceanos 
e de seus recursos pelos estados, de modo a fomentar a preservação do 
meio ambiente marinho conciliado com o uso racional e sustentável.
Este documento internacional promove a necessidade de maior 
cooperação internacional entre os Estados, contudo, não estabelece 
padrões de comportamento e condutas em relação às violações 
de valores e conteúdo de normas dispostas, o que enfraquece sua 
efetivação e implementação concreta.
A Convenção das Nações Unidas está estruturada em:
a. Divisãoe conceituação do mar e suas faixas, estabelecendo 
atribuições e ações permitidas aos Estados parte e costeiros, 
apresentando as faixas de mar territorial, zona contigua, zona 
econômica exclusiva, plataforma continental e o alto mar.
b. Regime das ilhas.
c. Mares fechados, tratando de conceitos e regras.
d. Direito de acesso ao mar de Estados sem litoral e sobre a 
liberdade de trânsito.
e. Sobre o leito do mar, os fundos marinhos, e o seu subsolo, 
apresentado conceitos e normas sobre exploração.
f. Proteção e preservação do meio marinho.
g. A investigação científica no mar e seu desenvolvimento.
h. Desenvolvimento e transferência de tecnologia marinha.
Um ponto de destaque, nesta Convenção, é a questão do fundo do mar 
e sua exploração, sendo apresentados os princípios norteadores que 
regem o leito e o fundo do mar presentes nos artigos 136 a149, sendo 
os que aparecem na figura abaixo.
36
Figura 2 – Princípios regentes do fundo do mar presentes na 
Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar
Fonte: elaborada pela autora.
Assim, entre os pontos de atenção sobre o fundo do mar, estão a 
necessidade de cooperação internacional com objetivo de salvaguardar 
o meio marinho e seus recursos, sejam vivos e não vivos, de modo 
a fazer o uso racional e seguro, permitindo a participação de todos 
os Estados e observando seu uso pacífico de modo a assegurar o 
desenvolvimento, manutenção da paz e justiça social.
A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar ainda trata 
da responsabilidade, seja em relação às questões de danos às 
embarcações como também em relação aos danos ocorridos no mar, 
sejam em relação ao mar territorial alcançando o alto mar. Esse tema é 
abordado de modo pouco efetivo, contudo apresenta expressamente a 
possibilidade de aplicação de outras medidas, incluindo a possibilidade 
de reclamação judicial para reparação e responsabilização do Estado.
37
Outro aspecto relevante versa sobre a poluição terrestre, que é 
apresentada, e corresponde a maior parcela de poluição junto ao mar, 
e acaba sendo pouco efetiva, em razão de seu encaminhamento por 
intermédio das águas interiores, que acaba sendo regida e normatizada 
por normas internas de cada Estado.
Por fim, tema de repercussão atual versa sobre a poluição advinda 
da atmosfera, que afeta o meio marinho e seus recursos vivos, 
especialmente considerando a questão do efeito estufa impactando o 
aquecimento do planeta e das chuvas ácidas que ocasionam a poluição 
e mortandade de espécimes marinhos. Esse ponto apesar de expresso, 
necessita da articulação de outros documentos internacionais e, 
necessariamente, da adoção da cooperação internacional.
Uma criação, apresentada pela Convenção das Nações Unidas sobre 
Direito do Mar, foi o Tribunal Internacional do Direito do Mar, que 
é o órgão competente para julgar as controvérsias relacionadas à 
interpretação e aplicação do referido tratado que o criou.
Portanto, a Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar 
representa uma grande evolução, apesar de suas falhas e falta de 
aplicabilidade imediata, porém, trata-se de um documento completo que 
abarca todas as temáticas relativas aos oceanos, seus recursos e seu uso.
3. O combate à poluição dos mares e a 
preservação dos recursos marinhos
Além da Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, há uma 
série de outros documentos relevantes que versam sobre a proteção e 
preservação dos mares e seus recursos.
Primeiramente, será abordada a Convenção Internacional para 
Prevenção da Poluição Proveniente de Embarcações, firmada em 1973, 
também conhecida como MARPOL, sendo um tratado com o objetivo 
38
de estabelecer regras e padrões a serem seguidos para a proteção dos 
mares e seus recursos, considerando as diversas formas de poluição.
A versão de 1973 nunca vigorou, sendo que, em 1978, houve um 
protocolo com alterações, tendo maior aceitação, o que gerou maior 
número de ratificações, permitindo a vigência do Protocolo de 
1978, no ano de 1983. Com o surgimento da MARPOL, a Convenção 
Internacional para Prevenção da Poluição do Mar por Óleo, conhecida 
como OILPOL, de 1954, foi substituída, apesar de muitos países se 
vincularem apenas a ela mesmo após a vigência e alterações realizadas 
junto à MARPOL (ACCIOLY, 2021, p 378.)
Desde seu surgimento, a MARPOL foi emendada vinte e seis vezes, 
possuindo um texto muito detalhado e, por conseguinte, extenso, 
especialmente se compará-la com o antigo texto relacionado à OILPOL.
Importante destacar que a poluição dos mares não decorre apenas do 
vazamento de óleo e de acidentes, mas também se deve à lavagem de 
embarcações e de seus tanques que acabam sendo descartados no 
mar. A MARPOL acabou abarrancando outros poluentes do mar além 
do óleo, apresentando regras de poluição por cargas líquidas nocivas, 
por substâncias perigosas transportadas em containers, pelo esgoto 
de navios, pelo descarte de resíduos por navios além da poluição 
atmosférica promovida por navios, sendo todas essas outras formas de 
poluição contidas em seus anexos.
No que se refere aos recursos marinhos, vale atenção aos recursos 
vivos, que possuem grande interesse de exploração e estão presentes 
junto aos tratados de biodiversidade de modo mais recente. Contudo, 
os documentos mais antigos e iniciais versavam especificamente sobre 
a exploração desses recursos, sendo apresentados em tratados sobre 
pesca e exploração de espécies.
Junto ao mar, foi o que prevaleceu e se consolidou, diante da prática 
costumeira era a liberdade de pesca em alto mar, sendo um princípio, 
porém muito questionado por alguns países a partir da década de 1960.
Assim, surgem e se proliferam leis internas e tratados internacionais 
de âmbito bilateral ou regional, que passam a regular a pesca e a 
39
exploração de diversas espécies marinhas, em prol da manutenção da 
espécie que corriam o risco de extinção diante da alta procura. Isso 
suscitou uma série de demandas junto às cortes internacionais, como 
o Tribunal Internacional do Direito do Mar e a Corte Internacional de 
Justiça, questionando a interpretação da Convenção das Nações Unidas 
sobre Direito do Mar.
O tema sobre pesca e a aplicação da Convenção das Nações Unidas 
sobre Direito do Mar só foi pacificada com o surgimento do Acordo para 
Implementação das Disposições da Convenção das Nações Unidas sobre 
o Direito do Mar, de 10 de dezembro de 1982, sobre a Conservação e 
Ordenamento de Populações de Peixes Transzonais e de Populações de 
Peixes Altamente Migratórios, firmado em 1995.
Esse acordo tem como objetivo garantir a conservação de longo prazo e 
o uso sustentável de populações de peixes transzonais, e de populações 
de peixes altamente migratórios mediante a implementação efetiva das 
disposições pertinentes da Convenção.
Ademais, foram adotadas regras de soft law, como diretrizes sobre pesca 
e o Código de Conduta para Pesca Responsável, de responsabilidade da 
FAO e articulada com a Agenda 21,
Suscintamente, o que se verifica é a necessidade de ampliação de textos 
internacionais, com o fim de proteção e preservação dos recursos 
marinhos, sejam vivos ou presentes no subsolo ou solo, como ainda 
mecanismos e programas de mitigação de poluição nos mares por meio 
da responsabilização e reparação de danos.
Referências
ACCIOLY, H. et al. Manual de Direito Internacional Público, 25 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2021.
ANTUNES, P. de B. Direito Ambiental. 22 ed. São Paulo: Atlas, 2021.
MAZZUOLI, V. de O. Curso de Direito Internacional Público. 14 ed. São Paulo: 
Grupo GEN, 2021.
40
ONU. Acordo para implementação das disposições da Convenção das 
Nações Unidas sobre o Direito do Mar sobre a conservação e ordenamento 
de populações de peixes transzonais e de populações de peixes altamente 
migratórios. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/
D4361.htm. Acesso em: 29 jul. 2022.
ONU. Agenda 21. Disponível em: https://antigo.mma.gov.br/responsabilidade-
socioambiental/agenda-21/agenda-21-global.html.Acesso em: 29 jul. 2022.
ONU. Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar. Disponível em: 
https://www.un.org/depts/los/convention_agreements/texts/unclos/unclos_e.pdf. 
Acesso em: 29 jul. 2022.
ONU. Convenção Internacional para Prevenção da Poluição Proveniente de 
Embarcações. Disponível em: https://www.ifpb.edu.br/cabedelocentro/cursos/epm/
acesso-a-informacao/legislacao/normas-internacionais-final/marpol-convencao-
internacional-para-a-prevencao-da-poluicao-por-navios-1973.pdf. Acesso em: 29 jul. 
2022.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4361.htm
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https://antigo.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global.html
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https://www.ifpb.edu.br/cabedelocentro/cursos/epm/acesso-a-informacao/legislacao/normas-internaciona
https://www.ifpb.edu.br/cabedelocentro/cursos/epm/acesso-a-informacao/legislacao/normas-internaciona
https://www.ifpb.edu.br/cabedelocentro/cursos/epm/acesso-a-informacao/legislacao/normas-internaciona
41
Proteção do Clima
Autoria: Fernanda Brusa Molino
Leitura crítica: Alessandra Aparecida Sanches
Objetivos
• Compreender a evolução das normas sobre o clima 
e seus conceitos no direito internacional.
• Conhecer e aplicar as normas presentes na 
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre 
Mudança do Clima.
• Entender as regras e os objetivos presentes no 
Protocolo de Quioto e no Acordo de Paris.
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1. Negociações e noções introdutórias sobre o 
clima no Direito Internacional
Desde a realização da Conferência das Nações Unidas, sobre o 
Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, em 1972, o Direito 
Internacional evolui e se consolidou como um grande pilar junto à área 
jurídica no mundo e no cenário internacional.
Com o advento da Declaração de Estocolmo e a publicação do relatório 
de Bruntdland, também conhecido como Relatório Nosso Futuro 
Comum, em 1987, o clima foi posto em debate global, saindo da esfera 
acadêmica cientifica, com o lema de promoção do desenvolvimento 
sustentável (ACCIOLY, 2021, p. 243).
Assim, com essa promoção de debates, especialmente no âmbito 
internacional, o clima passou a receber mais atenção e diversos textos 
foram surgindo diante dos eventos internacionais que foram realizados.
Inicialmente, o evento de maior destaque que merece atenção 
é a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento, que ocorreu no Rio de Janeiro, em 1992, vinte anos 
após a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio 
Ambiente Humano. Essa conferência, de 1992, também recebeu outras 
denominações, popularmente adotadas como Rio-92, ECO-92 e até 
Cúpula da Terra (ACCIOLY, 2021, p. 244).
Portanto, com a realização da Conferência das Nações Unidas, sobre 
o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, fomentou-se ainda mais o 
desenvolvimento do Direito Internacional Ambiental, reconhecendo a 
necessidade imperativa do desenvolvimento sustentável.
Esse evento resultou diversos documentos internacionais importantes, 
como a Agenda 21, que é um programa com ações detalhadas para 
promover o desenvolvimento econômico articulado com a proteção e 
preservação do meio ambiente e de seus recursos naturais.
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Ademais, outro documento relevante advindo dessa Conferência foi a 
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que 
buscou um mecanismo para mitigar e reduzir os gases causadores do 
efeito estufa.
Desse modo, o que compreende o efeito estufa?
Para responder a está questão é necessário buscar auxílio junto 
à própria Convenção-Quadro em seu preâmbulo, que apresenta 
suscintamente o evento que originou o documento. Assim, é 
conceituado como efeito natural que resulta “em aquecimento adicional 
da superfície e da atmosfera da Terra, afetando negativamente os 
ecossistemas naturais e a humanidade” (ONU, 1992, [n. p.]).
Esse aquecimento da Terra deveria ser um processo de benefício para 
aquecer a superfície, permitindo a permanência dos homens, animais 
e plantas na superfície, contudo, esse aquecimento adicional é gerado 
pela presença e alta concentração de gases causadores do efeito estufa, 
em razão da potencialização de retenção de raios, impedindo sua 
dissipação para a atmosfera.
Desse modo, em termos práticos, é possível conceituá-lo como 
um processo natural que ocorre quando uma parte da radiação 
infravermelha é emitida pela superfície terrestre e absorvida por 
determinados gases presentes na atmosfera, resultando no aumento de 
temperatura da superfície terrestre.
Outros documentos internacionais contribuíram para culminar na 
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e 
o desenvolvimento da proteção do clima no direito internacional, 
devendo considerar a contribuição da Convenção de Viena para a 
Proteção da Camada de Ozônio, de 1985, que estabeleceu obrigações 
gerais para o combate aos efeitos contrários junto à camada de ozônio, 
fomentando mecanismos de cooperação (ACCIOLY, 2021, p. 234), e 
ainda do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a 
Camada de Ozônio, de 1987, impondo obrigações especificas com o 
objetivo de redução progressiva da produção e consumo de Substâncias 
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que Destroem a Camada de Ozônio (SDOs) (ACCIOLY, 2021, p. 238). 
Ambos os documentos contribuíram com a consolidação do princípio 
da precaução, muito presente no Direito Ambiental Internacional e 
presente ainda na legislação nacional brasileira.
Suscintamente, é possível constatar que o clima é um tema de 
preocupação e promoção de sua proteção na seara internacional, sendo 
especialmente ampliada com o surgimento de tratados internacionais de 
defesa da atmosfera e da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre 
Mudança do Clima, a partir da década de 1980.
2. A Convenção-Quadro das Nações Unidas 
sobre Mudança do Clima
Com o advento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre 
Mudança do Clima, como resultado da Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, o clima passa a ter uma 
posição de destaque no Direito Ambiental Internacional, de modo 
contemporâneo, gerando profundos debates ainda nos dias de hoje.
Contudo, antes disso, a Organização das Nações Unidas, em 1988, 
cria a Comissão Internacional denominada Painel Internacional 
sobre Mudanças Climáticas (IPCC), regido pelo Programa das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) e da Organização Mundial de 
Meteorologia, objetivando realizar estudos políticos e pesquisas na área 
das ciências naturais sobre as causas e efeitos da mudança do clima de 
modo permanente.
Com isso, em 1990, foi apresentado o primeiro relatório do Painel 
Internacional sobre Mudanças Climáticas, abarcando as contribuições 
dos homens para o aquecimento global, a partir da emissão dos gases, 
especialmente os oriundos da combustão de combustíveis fosseis 
(ACCIOLY, 2021, p. 243). Após isso, surgiram prognósticos alarmantes 
em anos posteriores, em relação aos efeitos negativos do aquecimento 
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global, acarretando uma preocupação comum da humanidade sobre o 
clima e a manutenção da vida no planeta.
Diante dessa preocupação mundial, a Organização das Nações Unidas 
institui o Comitê Intergovernamental para a Convenção sobre Mudança 
Climática para dar início às negociações que resultaram na Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
A adoção do documento na espécie Convenção-Quadro não foi por 
acaso, já que documentos dessa espécie buscam apenas apresentar 
objetivos e obrigações abstratas, dependendo de sua aplicação e 
concretização junto à documentos posteriores, estabelecendo um 
processo de desenvolvimento contínuo e realizado em etapas junto às 
instituições relacionadas para esse fim.
A Convenção se segmenta em quatro tipos de normas que a compõe, 
sendos:
Figura 1 – Espécies de normas que compõe a Convenção-Quadro das 
Nações Unidas sobre Mudança do Clima
Fonte: elaborada pela autora.
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Desse modo,a Convenção-Quadro apresenta em seus dispositivos 
introdutórios as definições ter termos utilizados, princípios e objetivos. 
No campo dos dispositivos relacionados às fontes de emissões e à 
redução da concentração de gases, que favorecem o aquecimento 
global, há a apresentação obrigações e informações sobre os gases 
causadores como o estabelecimento de metas para redução de emissão 
desses gases, além de mecanismos que promovam a cooperação e 
a troca de informação para a redução do efeito estufa. Isso na área 
destinada aos dispositivos para instituição de organismos necessários 
para a implementação das normas, especialmente em razão do seu 
caráter técnico e de procedimentos que devem ser seguidos. Por fim, 
uma parte destinada aos dispositivos que terão relação com a alteração 
da Convenção, surgimentos de anexos, de protocolos e suas respectivas 
vigências, em virtude da natureza do texto que os originou.
O principal objetivo da Convenção-Quadro está previsto junto ao seu 
artigo 2º:
O objetivo final desta Convenção e de quaisquer instrumentos jurídicos 
com ela relacionados que adote a Conferência das Partes é o de alcançar, 
em conformidade com as disposições pertinentes desta Convenção, a 
estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera 
num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema 
climático. Esse nível deverá ser alcançado num prazo suficiente que 
permita aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança do 
clima que assegure que a produção de alimentos não seja ameaçada 
e que permita ao desenvolvimento econômico prosseguir de maneira 
sustentável. (ONU, 1992, [n. p.])
Portanto, a Convenção-Quadro busca a redução da emissão dos gases 
causadores de efeito estufa ao padrão de estabilização, que impeça a 
interferência humana de modo perigoso ao sistema climático global, sendo 
esse limite ou índice estabelecido junto aos documentos posteriores de 
implementação que complementarão a Convenção-Quadro.
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Ademais, são previstos os princípios que devem ser seguidos pelos Estados-
membros da Convenção e expressos junto ao seu artigo 3º, sendo:
• Responsabilidade comum, porém, diferenciada: onde todos 
são obrigados a proteger o clima, contudo, observando sua 
responsabilidade diferenciada em relação à sua atuação histórica e 
encargos a assumir.
• Atendimento às necessidades dos países mais vulneráveis: ante 
aos efeitos negativos da mudança do clima, há a necessidade de 
atendimento aos países vulneráveis, especialmente dos países 
em desenvolvimento.
• Da precaução: corresponde à necessidade de adoção de medidas 
preventivas, para evitar ou minimizar os efeitos negativos em 
relação à mudança do clima, mesmo diante da falta de certeza 
científica à postergação de medida que auxilie na mitigação de 
efeitos negativos ao clima, não são admissíveis.
• Do desenvolvimento sustentável: todos devem promover políticas 
e medidas com o fim de proteger o clima diante de mudanças 
causadas pelo homem, porém, promovendo o desenvolvimento 
econômico e social, de modo racional.
• Da cooperação internacional: os países devem articular 
mecanismos e ações integradas e colaborativas, a fim de promover 
o desenvolvimento econômico sustentável e que auxilie no 
enfrentamento dos problemas advindos da mudança do clima.
A Convenção-Quadro ainda estabelece, em seu artigo 4º, obrigações 
exclusivas aos países desenvolvidos, devendo estes colaborar 
economicamente e tecnologicamente junto aos países em 
desenvolvimento no enfrentamento aos efeitos negativos advindos 
da mudança do clima, seja realizando a transferência de recursos 
financeiros como também de transferência de conhecimento e de 
acesso às tecnologias limpas.
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A Convenção ainda apresenta mecanismos de cooperação para 
alcance de metas entre os países-membros e estabeleceu um fundo 
de financiamento para a aquisição e transferência de tecnologia para 
minimizar os efeitos negativos da mudança climática e da emissão de 
gases causadores de efeito estufa.
Por fim, é importante mencionar a Conferência das Partes (COP), sendo 
o órgão supremo da Convenção-Quadro, sendo a entidade responsável 
pela implementação da Convenção-Quadro e seus instrumentos 
jurídicos que venham a ser adotados, devendo, ainda, ser responsável 
pela tomada de decisão para a correta execução da Convenção-Quadro 
e de seus instrumentos jurídicos complementares.
A primeira Conferência das Partes (COP) ocorreu em 1995 e, 
anualmente, se operacionalizam para buscar a implementação da 
Convenção-Quadro.
Resumidamente, pode-se afirmar que a Convenção-Quadro das 
Nações Unidas sobre Mudança do Clima é o marco inicial para o 
desenvolvimento de instrumentos legais e mecanismos de cooperação 
para a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa, e de 
mitigação dos efeitos negativos da mudança climática no mundo, sendo 
um dever coletivo para a mudança de paradigma e a adoção plena dos 
princípios expressos em seu texto.
3. Do Protocolo de Quioto ao Acordo de Paris
Como se verifica a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre 
Mudança do Clima, é um documento relevante na defesa do clima, 
porém, sozinha não traz efeitos práticos, necessitando, para isso, de 
outros instrumentos, documentos internacionais e implementação de 
ações e programas de modo cooperativo.
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Portanto, para implementar efetivamente a Convenção-Quadro, é 
necessária a criação e surgimento de outros documentos internacionais 
que versem especificamente sobre mecanismos, ações e novos padrões 
a serem seguidos pelo mundo, de modo a renovar e continuar o 
processo de redução de emissão dos gases causadores de efeito estufa, 
de modo a não gerar o aquecimento além do previsto e necessário para 
a vivência humana.
Assim, o primeiro documento subsequente e de grande relevância para a 
efetivação de mudanças e mitigação dos efeitos negativos da mudança do 
clima se concentram no Protocolo de Quioto, que surge com a realização 
da terceira Conferência das Partes, que ocorreu em 1997. A vigência 
do texto do ocorreu em 2005, quando alcançou a meta estabelecida de 
ratificação de pelo menos cinquenta e cinco estados-partes da Convenção, 
cujas emissões correspondem no total de ao menos cinquenta e cinco por 
cento das emissões de dióxido de carbono registrados em 1990.
Portanto, para sua validade, já enfrentou dificuldades para agregar mais 
da metade das emissões causadoras do efeito estufa, evidenciando a 
falta de interesse de países que mais contribuíram para essa emissão, 
especialmente os desenvolvidos, como o caso dos Estados unidos 
da América e, apenas para evidenciar o dado, o número de países 
que ratificaram o Protocolo foram cento e sessenta e um países que 
concentravam aproximadamente sessenta e um por cento das emissões 
de dióxido de carbono referente ao ano de 1990.
O objetivo do protocolo de Quioto está previsto em seu artigo 3º:
As Partes incluídas no Anexo I devem, individual ou conjuntamente, assegurar 
que suas emissões antrópicas agregadas, expressas em dióxido de carbono 
equivalente, dos gases de efeito estufa listados no Anexo A não excedam suas 
quantidades atribuídas, calculadas em conformidade com seus compromissos 
quantificados de limitação e redução de emissões descritos no Anexo B e de 
acordo com as disposições deste Artigo, com vistas a reduzir suas emissões 
totais desses gases em pelo menos 5 por cento abaixo dos níveis de 1990 no 
período de compromisso de 2008 a 2012. (ONU, 1997, [n. p.])
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Desse modo, o objetivo, previsto junto ao protocolo de Quioto, 
corresponde a uma redução de cinco por cento das emissões de 
gases causadores do efeito estufa, descritos no Anexo A, devendo ser 
realizada obrigatoriamente pelos países constantes no Anexo B, entre o 
período de 2008 a 2012, tendo como referencial a base de informações 
realizadas no ano de 1990.
O Protocolo de Quioto ainda implementou algumas outras regras, como:
• A necessidade de implementação de políticas e medidas nacionaispara mitigação dos efeitos negativos da mudança climática junto 
aos Estados do Anexo B.
• Estabelecimento de metas de redução de emissões compulsórias 
individuais para cada Estado.
• Transmissão de informações sobre fontes e emissões antrópicas, 
além dos inventários anuais de cada Estado para o Secretariado da 
Convenção.
• Portanto, o Protocolo é um texto muito mais avançado e 
vinculativo se o comparar com a Convenção-Quadro.
Outro aspecto importante é que, na necessidade de implementação 
de medidas e políticas para a mitigação de efeitos negativos da 
mudança climática, buscando a redução dos níveis de emissão de gases 
causadores do efeito estufa, estas deveriam ocorrer internamente. 
Contudo, o Protocolo de Quioto flexibilizou essa mitigação por meio 
do estabelecimento dos Mecanismos de Flexibilização, permitindo 
que Estados-parte do Protocolo realizassem atividades e projetos 
desenvolvidos em cooperação com outros Estados, sendo possível 
contabilizá-la junto às metas estabelecidas individualmente, para 
fomentar o atingimento das metas propostas.
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Vale destacar que esses mecanismos de flexibilização só foram 
admitidos para cumprimento de metas de redução pelos Estados-
parte, desde que utilizados de modo subsidiário e complementar às 
medidas nacionais que foram implementadas para esse fim dentro de 
seu território.
Os mecanismos de flexibilização expressos junto ao Protocolo de Quioto 
são:
Figura 2 – Mecanismos de flexibilização do Protocolo de Quioto
Fonte: elaborada pela autora.
O Protocolo de Quioto tinha a vigência prevista para 2012, contudo, na 
COP 18, realizada em 2012, no Qatar, houve a Emenda de Doha, que 
estendeu a vigência do Protocolo de Quioto até 2020.
Para a continuação dos mecanismos de redução da emissão dos gases 
causadores do efeito estufa, era necessário um novo instrumento 
internacional. E na COP 21, realizada em 2015, em Paris, em que houve a 
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aprovação pelas Parte do Acordo de Paris, que estabeleceu como meta 
manter o aumento da temperatura média global a menos de 2 °C acima dos 
níveis industriais e realizar esforços para limitar o aumento da temperatura 
a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais (ACCIOLY, 2021, p. 247). Para esse 
documento, foi adotado como mecanismo de implementação da redução 
da emissão dos gases causadores do efeito estufa o uso da Contribuição 
Nacionalmente Determinada,” (NDC), devendo cada Estado-Parte definir 
sua meta a ser alcançada e sem qualquer menção acerca dos mecanismos 
de flexibilização já presentes no Protocolo de Quioto, o que mostra um 
retrocesso, porém, um alinhamento no fim da bipolarização entre países 
desenvolvidos e em desenvolvimento, apesar da consolidação do princípio 
da responsabilidade comum, porém diferenciada.
Em suma, houve o surgimento de um novo documento internacional, 
substituindo o Protocolo de Quioto já vigente, pois sua vigência de 
efetivou em 2016. Apesar desse novo documento, verifica-se uma 
atuação mais relaxada em relação ao anterior, apesar de existirem 
outros mecanismos de implementação previstos, mas pendentes de 
complementações e podem ser efetivadas com a próxima COP.
Referências
ACCIOLY, H. et al. Manual de direito internacional público, 25 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2021.
ANTUNES, P. de B. Direito ambiental, 22 ed. São Paulo: Atlas, 2021.
MAZZUOLI, V. de O. Curso de direito internacional público, 14 ed. São Paulo: 
Grupo GEN, 2021.
ONU. Acordo de Paris. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/node/88191. 
Acesso em: 29 jul. 2022.
ONU. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2652.htm. Acesso em: 
29 jul 2022.
ONU. Protocolo de Quioto. Disponível em: http://mudancasclimaticas.cptec.inpe.
br/~rmclima/pdfs/Protocolo_Quioto.pdf. Acesso em: 29 jul. 2022.
https://brasil.un.org/pt-br/node/88191
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2652.htm
http://mudancasclimaticas.cptec.inpe.br/~rmclima/pdfs/Protocolo_Quioto.pdf
http://mudancasclimaticas.cptec.inpe.br/~rmclima/pdfs/Protocolo_Quioto.pdf
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	Sumário
	Apresentação da disciplina 
	Introdução ao direito ambiental internacional 
	Objetivos 
	1. Conceitos e evolução histórica do Direito Ambiental Internacional 
	2. Princípios do Direito Ambiental Internacional 
	3. Fontes de Direito Ambiental Internacional 
	Referências 
	Meio Ambiente e Direitos Humanos 
	Objetivos 
	1. O direito ao meio ambiente e sua vinculação aos direitos humanos 
	2. A proteção do meio ambiente nas instancias regionais 
	3. A defesa do meio ambiente no Direito brasileiro 
	Referências 
	Águas, mares e seus recursos no âmbito internacional 
	Objetivos 
	1. Noções introdutórias sobre o mar e seus recursos 
	2. A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar 
	3. O combate à poluição dos mares e a preservação dos recursos marinhos 
	Referências 
	Proteção do Clima 
	1. Negociações e noções introdutórias sobre o clima no Direito Internacional 
	2. A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima 
	3. Do Protocolo de Quioto ao Acordo de Paris 
	Referências

Outros materiais