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Incremento da Ventilação Urbana

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Lisana Katia Schmitz
Universidade Federal do Paraná
lkschmitz@ufpr.br
INCREMENTO DA VENTILAÇÃO URBANA ATRAVÉS DO ESTUDO DA 
RUGOSIDADE E DA POROSIDADE DO CONJUNTO 
Francine Aidie Rossi
Universidade Federal do Paraná
rossi@ufpr.br
1260
9o CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEJAMENTO URBANO, 
REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2021 DIGITAL) 
Pequenas cidades, grandes desafios, múltiplas oportunidades 
07, 08 e 09 de abril de 2021 
INCREMENTO DA VENTILAÇÃO URBANA ATRAVÉS DO ESTUDO DA
RUGOSIDADE E DA POROSIDADE DO CONJUNTO 
L. K. SCHMITZ, F. A. ROSSI
RESUMO 
A estrutura fundiária de Curitiba é caracterizada por uma grande quantidade de lotes bastante 
estreitos, sujeitos a afastamentos de um sexto da sua altura, resultando em afastamentos de 
apenas dois metros, permitidos em legislações anteriores. No sentido de investigar as 
possibilidades de incremento da ventilação, sobretudo no miolo das quadras, o presente 
trabalho desenvolveu simulações microclimáticas de quadras existentes e de quadras 
experimentais, avaliando a aplicação dos parâmetros de uso e ocupação do lote. Deu-se 
ênfase a simulação da influência da rugosidade e da porosidade sobre diferentes padrões de 
ocupação a fim de incrementar a ventilação. Utilizando-se o software Envi-met, versão 4.4.5, 
foram feitos cenários e criados diferentes modelos cujas simulações retornaram incrementos 
na velocidade do ar no interior das quadras em percentuais significativos, reiterando a 
importância do estudo da rugosidade e especialmente da porosidade para maximizar a 
ventilação que chega aos edifícios, miolos de quadra e espaços livres urbanos. 
1 INTRODUÇÃO 
A urbanização e a diminuição das áreas verdes nas cidades impactam nas alterações 
climáticas, impactando na temperatura do ar, regime regional dos ventos e no conforto 
térmico, dentre outros. Da mesma forma, as características urbanas de rugosidade e 
porosidade exercem influência na ventilação local, no conforto térmico e na qualidade do 
ambiente urbano. 
A mudança na rugosidade do solo causa a redução na velocidade do ar na cidade frente à 
envolvente, gerando um aumento de 5 a 20% no número de dias calmos e uma redução na 
velocidade média entre 20 e 30%, sendo essa mais evidente nas áreas centrais (BARRY; 
CHORLEY, 1985). A modificação na rugosidade também interfere no gradiente vertical de 
velocidades, assim como a formação de ilhas de calor e a topografia influenciam o regime 
de ventos urbanos, produzindo microbrisas ou circulações secundárias ligadas à orografia 
(FARIÑA, 2009). A velocidade do ar está diretamente ligada ao conforto térmico e a 
 
 
combinação dos efeitos mecânicos e térmicos do vento na cidade tem importante influência 
no microclima urbano e, por conseguinte, no bem-estar das pessoas nos espaços livres. 
 
A orientação das vias e razão entre altura e largura (H/W) dos cânions urbanos são os 
principais aspectos que influenciam no microclima urbano, afetando o balanço energético 
no cânion, as temperaturas superficiais, o acesso solar e a ventilação urbana (ALI- 
TOUDERT, MAYER, 2006). O ambiente construído afeta a permeabilidade ao vento, 
podendo resultar em áreas com grande circulação do ar ou bloqueando a ventilação. O 
gradiente vertical de ventilação urbana é menor em áreas mais verticalizadas e adensadas, 
em função do efeito da fricção do ar com as superfícies construídas (GIVONI, 1998). Em 
função dessa redução de velocidade do ar, há significante limitação para se conseguir 
apropriada ventilação natural em ambientes urbanos adensados (SANTAMOURIS, 2001). 
 
Em áreas consolidadas, com a orientação das vias estabelecida, é possível analisar diferentes 
padrões de porosidade e rugosidade e sugerir parâmetros de ocupação que possam auxiliar 
na melhoria da qualidade do ambiente urbano. Além da melhoria do ambiente térmico 
urbano, o entendimento do padrão de fluxo e velocidade do vento em cânions urbanos 
associado com um desenho apropriado, podem ajudar aumentar o potencial e ventilação 
natural das edificações e diminuir o consumo energético para climatização artificial. A 
definição de parâmetros urbanos, que permitam maior porosidade e rugosidade de ocupação, 
podem potencializar a ventilação urbana e os níveis de conforto (BARBIRATO et al., 2015, 
CHATZIDIMITRIOU et al. 2016, SHARMIN et al., 2017) 
 
A rugosidade e a porosidade podem ser avaliadas a partir da razão H/W. A razão H/W 
considera que a proporção de altura das edificações e largura da via ao longo do 
comprimento da via é homogênea. Porém, o ambiente urbano é heterogêneo e os efeitos da 
heterogeneidade são pouco estudados (BARLOW, 2014). Sharmin et al., 2017 afirmam que 
analisar o microclima da cidade sem levar em consideração a diversidade física pode levar 
a resultados imprecisos e que a consideração dessas diferenças podem ser a chave para 
entender as diferenças de comportamento térmico entre o dia e a noite. 
 
Várias pesquisas, por meio de simulação computacional, avaliaram a influência de diferentes 
parâmetros urbanos no conforto térmico urbano. Parâmetros relacionados à rugosidade e 
porosidade têm diferentes efeitos ao longo do dia, variando temporal e espacialmente 
(CHATZIDIMITRIOU et al. 2016). Para localidades de clima quente e úmido, a variação da 
altura dos edifícios ao longo de cânions urbanos profundos gera melhores condições térmicas 
se comparados com cânions que apresentam altura uniforme. Isso ocorre em função do 
sombreamento decorrente das edificações e do aumento de velocidade do ar no nível do 
pedestre. Entretanto, apesar da melhora térmica durante o dia, há a formação de ilha de calor 
noturna (CHATZIDIMITRIOU et al. 2016; SHARMIN et al., 2017, JAMEI, 
RAJAGOPALAN, 2019). 
 
Cânions com relação H/W menor que 0,5 apresentam valores de temperatura do ar mais altos 
se comparados com cânions com H/W maiores que 1 (EMMANUEL, JOHANSSON, 2006, 
ALI-TOUDERT, MAYER, 2006, MUNIZ-GÄAL et al. 2018, JAMEI, RAJAGOPALAN, 
2019). O sombreamento causado pelas edificações diminui os valores de temperatura do ar 
e melhora o nível de conforto no nível do pedestre no verão (CHATZIDIMITRIOU et al. 
2016, MUNIZ-GÄAL et al. 2018). Em situações de baixa relação H/W o uso da vegetação 
no cânion é recurso favorável para o melhoramento do clima e a diminuição do estresse 
térmico (MUNIZ-GÄAL et al. 2018). 
 
 
Os níveis de conforto térmico também melhoram em situações com vias orientadas entre 30° 
e 60° em relação ao norte (DE, MUKHERJEE, 2018). Essa mesma orientação em relação à 
direção dominante do vento é mais efetiva para garantir os níveis de conforto térmico 
(GIVONI, 1994, DE, MUKHERJEE, 2018). De modo geral, ocupações que propiciam 
rugosidade e porosidade melhoram a ventilação urbana em localidades de clima quente e 
úmido (NG et al., 2006; MACIEL, 2018). Desta forma, a ocupação urbana com vazios entre 
edificações e com edificações com alto gabarito permitem a penetração máxima do vento. 
Maior velocidade do vento melhora o conforto térmico ao ar livre, melhora a ventilação 
passiva de edifícios e ajuda na dispersão de poluentes por mistura de ar (DE, MUKHERJEE, 
2018). Barbirato et al. (2015) afirmam que para potencializar o aproveitamento das 
estratégias bioclimáticas, em climas quente e úmido, deve-se estimular a baixa ocupação do 
solo e aumentar o coeficiente de aproveitamento. 
 
Para localidades de clima quente e úmido, o sombreamento das calçadas, a potencialização 
da ventilação urbana e o espaçamento entre edificações, são estratégias que melhoram o 
conforto térmico no nível do pedestre e nas edificações. Entretanto, em cidades de clima 
temperado, como o caso de Curitiba, com diferentes condições térmicas ao longo do ano, há 
a necessidade de se pensar soluções que potencializem as estratégias passivas para as 
diferentes condições climáticas. Como por exemplo, a necessidade de ventilação no verão e 
aquecimento no inverno (ASSIS,FROTA, 1999). 
 
Assim, é essencial o entendimento e a avaliação do impacto que diferentes situações de 
ocupação do solo podem gerar no microclima e no conforto térmico. A definição de 
parâmetros urbanísticos de uso e ocupação do solo deve levar em consideração as 
peculiaridades climáticas de cada localidade e a dinâmica de interação clima/ocupação 
urbana. Para tal, o uso de ferramentas de simulação computacional se torna essencial, pois 
possibilita a geração de diferentes alternativas de ocupação, possibilitando a definição de 
parâmetros que melhorem a qualidade do ambiente urbano. 
 
 
2 OBJETIVO 
 
Tendo em vista o conforto urbano nos espaços livres o presente estudo investiga o efeito da 
rugosidade e da porosidade do conjunto edificado sobre a ventilação urbana, buscando 
demonstrar diferentes cenários nos quais a morfologia de ocupação das quadras pode 
favorecer a ventilação entre edifícios, miolos de quadra e demais espaços livres. 
 
 
3 MATERIAIS E MÉTODO 
 
O recorte espacial engloba a cidade de Curitiba, a partir da seleção de algumas áreas, as 
quais, em virtude de zoneamento específico tem o padrão de ocupação de lotes e quadras 
fortemente influenciados por parâmetros de uso e ocupação do solo da Lei nº 15.511/2019 
(que Dispõe sobre o zoneamento, uso e ocupação do solo no Município de Curitiba e dá 
outras providências), tais como: potencial construtivo, taxa de ocupação do lote dada pelas 
edificações, recuo do alinhamento predial em relação às ruas, afastamentos das divisas, 
altura máxima permitida e taxa de permeabilidade do lote. 
 
O recorte temporal abarca o momento presente, referindo-se a variáveis climáticas de 18 de 
fevereiro de 2020, dia em que a temperatura do ar variou entre 20,6º C (07h00) e 32,5º C 
 
 
(15h00), a velocidade do vento situou-se entre 0,2 m/s (07h00) 3,9 m/s (12h00) e a umidade 
relativa do ar oscilou entre 42% (15h00) e 85% (00h00) de acordo com dados do Instituto 
Nacional de Meteorologia (INMET, 2020). 
 
Foram selecionadas quadras oriundas de zoneamentos que contemplam usos mistos, mas que 
atualmente são majoritariamente habitacionais: a) Zona Residencial 1, tipicamente 
habitacional unifamiliar, com potencial de uma vez a área do lote e altura de dois pavimentos 
e b) Zona Residencial 4, de habitação coletiva vertical com aproveitamento de duas a duas 
vezes e meia a área do lote e altura máxima entre seis e oito pavimentos e c) uma área de 
Ocupação Subnormal, situada na Área de Proteção Ambiental do Rio Iguaçu, de ocupação 
controlada. Na tabela 1 são apresentados os principais parâmetros de uso e ocupação. 
 
Tabela 1 Parâmetros de uso e ocupação dos lotes nas quadras selecionadas 
 
 Zoneamento 
 
Potencial 
construtivo 
 
Taxa de 
ocupação 
Recuo do 
alinhamento 
predial 
Afastamento 
das divisas 
Altura 
máxima 
Taxa de 
permeabilida- 
de do lote 
Zona 
Residencial 1 
(ZR1) 
 1 
 
50% da 
área 
5 m 
1,5 m abertura de 
janelas 
2 pavtos. 25% da área 
 
Zona 
Residencial 4 
(ZR4) 
 
 2 ou 2,5 
 50% da 
área 
5 m 
2,5 m térreo e 2º 
pavto, h/6 para os 
demais e mín. de 
2,5 m. 
6 ou 8 
pavtos. 
25% da área 
Ocupação 
Subnormal 
 
Área de Proteção Ambiental do Rio Iguaçu – ocupação controlada 
 Os dados cartográficos e cadastrais foram obtidos junto ao Instituto de Pesquisa e 
Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) disponibilizados pelo setor de 
Geoprocessamento em formatos compatíveis com os softwares de geoprocessamento e 
datados de 2019, também foram utilizados os dados cadastrais (sistema viário, lotes, 
fotografias aéreas ortoretificadas etc.) portal do Mapa Cadastral também mantido pelo 
IPPUC. Os dados climáticos, foram obtidos do Banco de Dados Meteorológicos (BDMEP) 
mantido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). 
 
3.1 Caracterização da área de Estudo 
 
A cidade de Curitiba tem sua forma urbana diretamente influenciada pelos padrões de uso e 
ocupação do solo previstos em sua legislação, criando um núcleo de forma tentacular ao 
longo dos eixos de transporte público (correspondentes aos Setores Especiais Estruturais) 
que abrigam os edifícios mais altos e o gradiente de altura se reduz rumo às periferias e aos 
interstícios gerados pela forma tentacular. Formam-se cânions que hora canalizam os ventos 
e hora funcionam como barreiras, reduzindo-os significativamente. 
 
O clima pertence ao grupo C – Mesotérmicos Controlados por Massas de Ar Tropicais e 
Polares, denominado CW – Tropical de Altitude com Inverno Seco e Chuvas de Verão, 
sendo do tipo Cfb com verão fresco. Apresenta médias térmicas de 12,9º C no mês mais frio 
e 22,5º C no mês mais quente e precipitações médias anuais que atingem 160 mm, com 
ocorrência frequente de geadas severas no inverno (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 
2007). Os ventos dominantes orientam-se pelo quadrante Sudeste-Leste-Nordeste no verão 
e pelo quadrante Nordeste-Norte-Noroeste no inverno e medianas oscilando entre 1,7 m/s e 
2,4 m/s (CASTELHANO; ROSEGHINI, 2018), o período de maior velocidade ocorre entre 
 
 
12h e 16h, quando os autores observaram um limite superior próximo a 6 m/s e mediana em 
torno de 2,5 m. 
 
3.2 Metodologia 
 
A metodologia baseia-se no Sistema Ambiental Urbano (S.A.U.), um sistema complexo e 
aberto, subdividido em três subsistemas: natural, construído e social (MENDONÇA, 2004). 
Os subsistemas Natural e Construído formam o input (entrada), o subsistema Social 
corresponde aos atributos, podendo esses ser subdivididos numa considerável quantidade de 
subsistemas ou instâncias. Da interação de subsistemas e subsistemas surgem os problemas 
ou output (saída) e sua solução consiste na aplicação do sistema, possibilitando a 
investigação dos cenários climáticos, do microclima e do conforto térmico urbano. 
 
O roteiro metodológico da pesquisa contemplou as etapas: a) caracterização da ocupação 
urbana na área de estudo; b) caracterização do clima urbano; c) simulação climática e 
determinação do grau de incerteza implícito; d) simulação de cenários de ocupação urbana 
(existentes e experimentais) e; e) determinação do incremento na ventilação urbana. 
 
3.3 Parâmetros de simulação 
 
Os estudos consideraram quadras existentes, fazendo a leitura da ocupação presente, 
caracterizando-a e analisando o comportamento do vento no conjunto edificado, mas, para 
conduzir a investigação acerca dos efeitos dos parâmetros de uso e ocupação, foram 
digitalizadas quadras experimentais (com testada variando entre 12 e 15 m e área entre 360 
e 600 m2, testada e área compatíveis com os zoneamentos da legislação – ZR1 a ZR4 e Setor 
Especial Estrutural), consideradas as dimensões de lotes mais frequentes na cidade. 
Verificou-se, na base cadastral do IPPUC, que 243.400 lotes possuem áreas iguais ou 
inferiores a 600 m2 num total de 308.638 lotes cadastrados, ou seja, 78,86% do total de lotes. 
 
Os modelos de edifícios foram desenhados de modo a utilizar o potencial construtivo 
máximo, respeitando taxa de ocupação do lote, área permeável, recuo do alinhamento 
predial, afastamento das divisas (para térreo, sobreloja e demais pavimentos), além da altura 
máxima. Nas unificações de lotes, deu-se prioridade a melhores condições de insolação e 
prevaleceu o respeito a todos os condicionantes legais. 
 
Nas simulações foi utilizado o Envi-met 4.4.5, no qual foram configurados os valores de 
temperatura e umidade do ar horários para o dia 18 de fevereiro de 2020, os quais variaram 
entre 20,6º C (07h00 min) e 32,5º C (15h00 min) no caso da temperatura do ar e entre 42% 
(15h00 min) e 85% (00h00 min) para a umidade relativa do ar. A velocidade do ar situou-se 
entre 0,2 m/s (07h00 min) 3,9 m/s (12h00 min), como a simulação teve início às 04h00 min 
a velocidade do ar foi de 1,0 m/s (considerada a redução para a área urbana pela equação de 
Santamouris [2001]). A resolução aplicada aos modelos, para incluir a ventilação entreos 
blocos, foi de 1,25 m (x) x 1,25 m (y) x 3,0 (z) no caso do zoneamento ZR4 e de 1,0 m (x) 
x 1,0 m (y) x 3,0 m (z) para as áreas de habitação unifamiliar (ZR1). Foram necessárias oito 
simulações do modelo-base para obtenção de correlação de 0,95 pelo teste estatístico de 
Pearson. A partir de então, foram utilizadas as proporções e valores das variáveis climáticas 
para todas as simulações. 
 
 
 
 
4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
A ocupação voltada para a habitação unifamiliar, ocorre principalmente nas zonas 
habitacionais ZR1 e ZR2, as quais possuem parâmetros de uso e ocupação bastante similares, 
diferenciando-se pelo fato da ZR1 ser voltada para um padrão de área superior ao da ZR2. 
Entretanto, ambas convergem para um fenômeno que vem ocorrendo frequentemente que é 
a construção geminada, permitida sempre que não houver aberturas para as divisas. Esse 
modelo, apresentado na Fig. 1C acaba, quando muito repetido numa quadra, gerando 
enclaves que barram totalmente a ventilação, reduzindo sobremaneira a velocidade do ar 
(Va). No modelo existente, Fig. 1A, observa-se tanto a existência de casas geminadas como 
de edículas nos fundos dos lotes, em ambos os casos prejudicando a ventilação intralotes. 
 
A 
ZR1 existente 
Va min. 0,0 m/s 
Va máx. 1,24 m/s 
 
 
 
Corte Y-Z 
 
B 
ZR1 afastamento 
bilateral 
Va min. 0,1 m/s 
Va máx. 0,97 m/s 
 
 
 
Corte Y-Z 
 
 
C 
ZR1 Casas geminadas 
Va min. 0,0 m/s 
Va máx. 1,12 m/s 
 
 
 
Corte Y-Z 
 
D 
ZR1 Subnormal 
Va min. 0,0 m/s 
Va máx. 1,45 m/s 
 
 
 
 
 
 
Corte X-Z 
 
Fig. 1 Modelos ZR1 e Subnormal de simulação e espacialização dos resultados 
 
 
O melhor fluxo de ventilação é observado no modelo da Fig. 1B, no qual todas as casas 
respeitam o afastamento mínimo de 1,5 m das divisas e, verifica-se a existência de ventilação 
entre as edificações e nos fundos do lote. Por fim, em algumas áreas da cidade, especialmente 
próximas dos mananciais de abastecimento de água, tem se observado a ocupação 
subnormal, materializada por edificações muito próximas, geralmente justapostas, ocupação 
e impermeabilização do solo na faixa de 80-90%, como na Fig. 1D, caracterizada pela 
inexistência de ventilação entre as edificações e no fundo dos lotes. 
 
Analisando a faixa de velocidade do ar em cada modelo, constata-se que o modelo mais 
poroso (Fig. 1B) com afastamento bilateral é aquele que apresenta menor velocidade em 
geral, até 0,97 m/s, mas a melhor ventilação intralotes. Por outro lado, todos os demais, 
modelos de baixa permeabilidade, apresentam velocidades máximas superiores a 1,12 m/s 
reforçando a canalização nas vias. As seções transversais, evidenciam alguma ventilação 
intralotes nos modelos A e B e as demais reiteram o aumento da velocidade acima do 
conjunto edificado, embora todas tenham rugosidade muito similar: de 0,15 – 0,2. 
 
No caso das simulações para as quadras de Zona Residencial 4 (ZR4), observou-se que uma 
padronização na legislação conduzindo a uma replicação de edifícios, pautados pelos 
parâmetros da legislação como tem acontecido frequentemente, conduz a uma uniformidade 
que é prejudicial a ventilação. Verifica-se que no caso da quadra existente (Fig. 2A), em 
virtude da existência de residências e lotes de formas irregulares, houve um padrão mais 
dinâmico na ventilação; o que já não se observa nos modelos experimentais (Fig. 2B a 2D), 
nos quais apesar do aumento da porosidade, isso não se reflete no interior da quadra 
(possivelmente em face da locação dos edifícios e de sua maior fachada frente aos ventos 
dominantes). Por outro lado, a rugosidade, variando de 0,6 a 0,8 não mostrou impacto que 
pudesse ser identificado nos resultados. 
 
A partir da abertura dos valores de ventilação, verificou-se que, apesar das estratégias de 
unificação dos lotes ZR4 ampliarem o distanciamento das torres substancialmente, em 
muitos casos duplicando o afastamento mínimo de 2,5 para 5,0 m, ainda assim a velocidade 
do ar entre os edifícios e no centro da quadra (receptor posicionado no centro da quadra) foi 
inferior a velocidade que os receptores norte e sul retornaram, observando-se claramente a 
canalização pelas vias (Tabela 2). A exceção foi o modelo de 8 pavimentos, o qual, apesar 
do valor do receptor ser mais baixo, a espacialização mostra uma área de ventilação de 0,39 
a 0,73 m/s conforme a Fig. 1B. Reforçando a constatação de que os modelos que facilitam a 
ventilação, com menores impedimentos, como no caso dos edifícios de oito pavimentos, a 
ventilação intralotes, no miolo da quadra, chega a ser o dobro dos outros modelos que estão 
situados na faixa de 0,15 a 0,30 m/s enquanto que neste a variação é de 0,3 a 0, 6 m/s. 
 
Tabela 2 Velocidade média do ar nos receptores de saída ZR4 
 
Simulação Rec. Norte Rec. Sul Rec. Central Rec. Leste Rec. Oeste 
Quadra existente 0,62 0,82 0,20 0,15 0,12 
ZR4 6 pavtos. 0,67 0,87 0,20 0,17 0,12 
ZR4 6 pavtos unificados 0,83 0,83 0,32 0,55 0,21 
ZR4 8 pavtos 0,78 0,85 0,10 0,37 0,05 
ZR4 8 pavtos unificados 0,84 0,86 0,19 0,55 0,50 
 
 
 
 
 
 
A 
 
Va min. 0,01 m/s 
Va máx. 1,48 m/s 
 
ZR4 existente 
 
Corte X-Z 
 
 
 
B 
 
 
Va min. 0,01 m/s 
Va máx. 1,43 m/s 
 
ZR4 com 6 
pavimentos 
 
Corte X-Z 
 
 
C 
 
Va min. 0,0 m/s 
Va máx. 1,37 m/s 
 
ZR4 com 6 
pavimentos e 
unificação 
 
Corte X-Z 
 
 
D 
 
Va min. 0,01 m/s 
Va máx. 1,46 m/s 
 
 
ZR4 com 8 
pavimentos 
 
Corte X-Z 
 
E 
 
Va min. 0,01 m/s 
a máx. 1,51 m/s 
 
ZR4 com 8 
pavimentos e 
unificação 
 
Corte X-Z 
 
Fig. 2 Modelos ZR4 de simulação e espacialização dos resultados. 
 
Comparando-se todos os modelos estudados, verifica-se que uma maior porosidade, dada 
pelo afastamento das divisas, contribui para uma melhor ventilação intralotes, ainda que com 
velocidades máximas mais baixas, como no caso do modelo ZR1 com afastamento bilateral 
ou no caso do modelo ZR4 de oito pavimentos, no qual o afastamento entre edifícios é maior. 
 
 
5 CONCLUSÕES 
 
A investigação baseada na realidade curitibana acabou por limitar as opções de ocupação 
dos lotes, visto que se optou pelo atendimento à legislação de 2019 e o uso de uma estrutura 
fundiária semelhante àquela encontrada pelos arquitetos no momento de projetar os 
edifícios. Ainda assim, foi possível verificar, mesmo com valores baixos de velocidade do 
ar, que a porosidade está diretamente relacionada a melhores níveis de ventilação intralotes 
e especialmente no miolo das quadras. No caso da habitação de dois pavimentos a diferença 
é de 37,5% a mais do que nos casos de baixa porosidade, e, nos edifícios de seis a oito 
pavimentos, chegou ao dobro do verificado nas quadras com baixa porosidade. 
 
Os diversos modelos, ainda que apresentassem fatores de rugosidade muito diferenciados, 
não demonstraram clara relação da rugosidade com a ventilação, mas demonstraram de 
modo gritante e já sabido, que blocos uniformes de edifícios induzem o fluxo do ar a passar 
por sobre as coberturas, aumentando a velocidade do ar. 
 
Finalmente, apesar de acreditar que os modelos de unificação dos lotes retornariam bons 
resultados, isso não se verificou, possivelmente pelo maior comprimento orientado 
perpendicularmente ao fluxo, como barreira para os ventos dominantes, ou pelo 
desalinhamento dos edifícios, que acabou por gerar barreiras no centro das quadras e não 
favoreceu o acesso da ventilação ao centro da quadra. Os resultados da simulação, tanto 
numéricos como na matriz de espacialização do vento, demonstram valores muito baixos, 
entretanto, considerando a distância entre os edifícios, talvez seja uma limitação da resolução 
escolhida para o modelo. Novas simulações deverão ser realizadas no intuito de dirimir essa 
dúvida. 
 
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