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Responsável Técnico: Maria Lígia Said Sena (CRB11/1098) Biblioteca CEUNI-FAMETRO FAMETRO Av. Djalma Batista, Nossa Sra. das Gracas. Manaus, AM Ficha catalogada na Biblioteca CEUNI-Fametro C198f Campos, Soraia Santos Tatikawa. Fundamentos de Enfermagem / Soraia Santos Tatikawa Campos. – Manaus: FAMETRO, 2021. 149 p. ISBN: 978-85-64293-14-4 1. Saúde. 2. Enfermagem. 3. Moderna. 4. Humanização. I. CEUNI- FAMETRO. II. Título. CDU.:616-083 Todos os direitos reservados © FAMETRO IME Instituto Metropolitano de Ensino Ltda Wellington Lins de Albuquerque | Presidente - IME Maria do Carmo Seffair Lins de Albuquerque | Reitora Cinara da Silva Cardoso | Vice-Reitora Iyad Amado Hajoj | Diretor de EaD e Expansão Leonardo Florêncio da Silva | Diretor Editorial e Gestor de EaD Adilsimar Saraiva Maciel | Coordenação Pedagógica EaD Luciana Braga | Projeto Gráfico e Direção de Arte Amenayde Cristine Corrêa | Assistente Editorial Ana Augusta de Oliveira Simas | Supervisora de Revisão e Revisora Anne Caroline do Nascimento Ribeiro | Revisora Karoline Alves Leite | Revisora Liene Costa | Revisora Imagens | depositphotos.com "Nos termos da Lei n.º 9.610/98, o autor desta obra é titular de todo o complexo de direitos autorais sobre a presente criação. Assim, é vedada a cópia, reprodução, edição ou distribuição desta obra sem autorização expressa do Autor ou da Editora e, ainda é vedado utilizar, citar, publicar esta obra integral ou parcialmente sem deixar de indicar ou anunciar o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor sob pena da aplicação das medidas previstas nos Art. 101 a 110 da Lei n.º 9.610/98." Pa la vr a da R ei to ra “É a educação que faz o futuro parecer um lugar de esperança e transformação”. “Sejam todos e todas bem-vindos ao EaD do Centro Universitário Fametro” O Centro Universitário Fametro acredita que o papel de uma instituição de ensino é formar não apenas profissionais, mas também formar profissionais no Ensino Superior, com valores éticos, humanísticos e com respeito ao meio ambiente capazes de contribuir para o desenvolvimento da nossa Amazônia. A Fametro, portanto, tem premissas claras a cumprir como instituição de ensino de qualidade. Praticar o ensino, pesquisa e extensão é a sua principal bandeira. A Fametro, ao longo das últimas duas décadas, vem se consolidando como a melhor instituição de ensino do Norte, um espaço democrático e docentes com variadas visões de mundo. Somos uma instituição de ensino plural que avança a cada ano em busca sempre de desenvolver a economia da Amazônia. Nossa estrutura é moderna, estamos em diversos municípios levando uma educação inclusiva e de qualidade. Conheça o Centro Universitário Fametro e viva a experiência em estudar numa instituição com o corpo docente com mestres e doutores e de qualidade de ensino comprovada pelo MEC. Maria do Carmo Seffair Reitora UNIDADE I Contexto histórico e desenvolvimento das práticas de saúde A contribuição dos países para as práticas de saúde na era pré-cristã Desenvolvimento das práticas de saúde durante os períodos históricos Enfermagem moderna Organização da Enfermagem no Brasil Primeiras escolas de Enfermagem no Brasil Escola Anna Nery Entidades de classe Su m ár io 13 14 17 20 23 26 27 29 UNIDADE II Bioética, humanização e relacionamento interpessoal em Enfermagem O exercício da Enfermagem Implicações legais no exercício profissional Bioética Relacionamento interpessoal Humanização na Enfermagem UNIDADE III Biossegurança e segurança do paciente Processo infeccioso Conceito de infecção Modo de transmissão das infecções Medidas profiláticas de infecção Educação de acompanhantes e visitantes Medidas coletivas de proteção e prevenção de infecção Medidas individuais de proteção e prevenção de infecção 37 37 41 44 46 51 57 57 58 61 62 63 64 65 Equipamentos de Proteção individual Processamento de artigos e áreas em saúde Resíduos de serviços de saúde Segurança do paciente Plano de Segurança do Paciente-PSP UNIDADE IV Sinais vitais e dados antropométricos Temperatura corporal Técnica de aferição de temperatura Respiração Avaliando a ventilação Pulso Pressão arterial Avaliação da antropometria Referências Caderno de Exercícios 65 72 75 80 82 93 94 99 100 101 103 107 114 119 125 U ni da de 1 Videoaula 1 Videoaula 2 13 CONTEXTO HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE A história da Enfermagem tem como base a relação da Enferma- gem com as estruturas política e social, em cada período do desen- volvimento histórico das práticas de saúde, visando o entendimento de uma relação resultante da práti- ca de saúde como atividade efetiva, criadora e racional inserida no con- texto profissional que vivenciamos atualmente. O desenvolvimento das práticas de saúde está associado às estruturas sociais dos diferentes povos e nações em épocas dis- tintas. Cada período teve uma for- mação social e contribuição espe- 14 Anotações: cífica, trazendo consigo uma caracterização própria que engloba sua filosofia, sua política, economia, ideologia e leis (GEOVANINI, 2018). A abordagem e o conhecimento do desenvolvimento dessas práticas de saúde, especificamente da Enfermagem, mostram que elas são tão antigas quanto à própria humanidade e foram desenvolvidas entre as primeiras civilizações do Oriente ao Ocidente, destacando-se também os países do continente europeu e culturas orientais, que vão desde a era pré-cristã até a modernização das práticas como ciência. Desta forma, é importante falarmos de tais práticas, pois, através de tudo o que foi vivenciado anteriormente, as práticas foram avançando e se tornando mais científicas com o passar dos séculos. A CONTRIBUIÇÃO DOS PAÍSES PARA AS PRÁTICAS DE SAÚDE NA ERA PRÉ-CRISTÃ Durante o período Pré-Cristão, as doenças eram consideradas castigo de Deus ou resultavam do poder de demônios, desta forma, os sacerdotes e feiticeiros realizavam as funções de médicos e enfermeiros, de modo que o tratamento consistia em afastar os maus espíritos por meio de sacrifícios e orações, além da utilização de massagens, banhos de água fria ou quente, purgantes e plantas medicinais (OGUISSO, 2014). Alguns países tiveram sua contribuição para o desenvolvimento dessas práticas: EGITO: existem documentos que retratam que as receitas médicas deveriam ser tomadas 15 Anotações:acompanhadas da recitação de fórmulas religiosas; praticava-se a interpretação de sonhos e o hipnotismo, além de se acreditar na influência de algumas pessoas sobre a saúde das outras, e de haver ambulatórios gratuitos. ÍNDIA: os documentos do século VI, a.C. relatam que os hindus conheciam ligamentos, nervos, musculatura, vasos linfáticos, antídotos para alguns tipos de envenenamento e para o processo digestivo. Eles praticavam alguns procedimentos de suturas, amputações, trepanações e corrigiam fraturas, contribuindo para o desenvolvimento da Enfermagem e da medicina. Os hindus ficaram conhecidos pela construção de hospitais e a utilização de contadores de história e músicas para distrair os pacientes, além de serem os únicos citados na época que exigiam dos enfermeiros qualidades morais e conhecimentos específicos, porém existia um respeito excessivo pelo corpo e, desta forma, as práticas de saúde não se desenvolveram. PALESTINA: Moisés prescreveu preceitos de higiene e exame do doente, diagnóstico, desin- fecção, afastamento de objetos contaminados e leis sobre sepultamento de cadáveres, para que não contaminassem a terra. ASSÍRIA E BABILÔNIA: entre o povo assírio e babilônico, existiam penalidades para médicos incompetentes como amputação das mãos e indenização. As práticas de saúde eram baseadas na magia, acreditava-se no poder de 7 demônios que eram os causadores das doenças. Os sacerdotes utilizavam e vendiam talismãscom orações. Nos documentos, não há menção de hospitais nem de enfermeiros. 16 Anotações: CHINA: os doentes chineses eram tratados e cuidados por sacerdotes que se dividiam pelo grau de doenças que eles cuidavam, pois havia classificação das doenças: benignas, médias e graves. Os templos eram rodeados de plantas medicinais. Os chineses conheciam doenças como varíola e sífilis. Também realizavam procedimentos de correção de lábio leporino e tratamento de verminoses, anemias, sífilis e algumas doenças de pele, além da utilização de ópio. As práticas de saúde não evoluíram devido à proibição de dissecação de cadáveres, porém existem relatos da construção de hospitais de isolamento e casas de repouso. JAPÃO: aprovaram e estimularam a eutanásia, a medicina era fetichista e a única terapêutica era o uso de águas termais. GRÉCIA: as teorias se prendiam à mitologia. Apolo, o deus Sol, era o deus da saúde e da medicina. Eles tinham casas para tratamento de doentes, usavam sedativos, fortificantes e hemostáticos. A medicina era exercida pelos sacerdotes médicos que faziam a interpretação de sonhos. O tratamento era à base de banhos, massagens, sol, ar puro, dieta e água pura. O nascimento e a morte eram considerados impuros, causando desprezo pela obstetrícia e abandono de doentes graves. Hipócrates é considerado o pai da medicina e, graças a ele, as práticas de saúde tornaram-se científicas. Ele fazia o diagnóstico, prognóstico e tratava as doenças, tais como tuberculose, malária, histeria, neuroses, luxações e fraturas. ROMA: a medicina não tinha prestígio para o povo romano. Durante muito tempo foi exercida por escravos e estrangeiros. Seu povo foi guerreiro, e 17 Anotações:o cuidado aos homens era oferecido pelo estado, a fim de torná-los bons guerreiros, vigorosos e audazes. Roma se distinguiu pelas limpezas das ruas, ventilação das casas, utilização de água pura, rede de esgoto e pelo enterro dos mortos fora da cidade. DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE DURANTE OS PERÍODOS HISTÓRICOS AS PRÁTICAS DE SAÚDE INSTINTIVAS: são as práticas de cuidado nos grupos nômades primitivos, tendo as concepções evolucionistas e teológicas. Eles buscavam constantemente alimentos e proteção contra as intempéries, porém, só conseguiram estabelece-se em áreas permanentes após aprenderem cultivar a terra. Após aprenderem isso, passaram a criar as tribos e formar residência fixa. Os homens realizavam as atividades patriarcais e as mulheres, a habilidade da prática do cuidar. Neste período, a agricultura passou a ser comercializada, iniciou a forma mais antiga de economia, juntamente com a organização social, iniciada pela contribuição individual para o progresso comum. A estrutura familiar no grupo primitivo retrata a mulher como a precursora do cuidado e atendimento às necessidades da raça humana. Isto porque, a divisão social do trabalho, na estrutura familiar dos grupos primitivos, deu a ela a responsabilidade pelo cuidado com as crianças, velhos e doentes. A proteção materna foi, sem dúvida, a primeira forma de manifestação do 18 Anotações: homem ao seu semelhante, pois durante a era nômade, em que as crianças que atrapalhavam as andanças dos grupos eram sacrificadas, muitas foram salvas pelas suas mães, devido ao cuidado protetor e materno. Nesta época, as práticas de saúde consistiam em ações que garantiam apenas a manutenção de sua sobrevivência. AS PRÁTICAS DE SAÚDE MÁGICO- SACERDOTAIS: nesta era, a religião é um fenômeno cívico e tem interferência na vida política do estado. Este, por sua vez, dá maior expressão aos deuses. Cada cidade possuía um deus protetor e cada atividade era regida por um ente mitológico. Apolo é venerado como aquele que espanta os males, Artemis é a protetora das mulheres e crianças, Hygiea é a deusa da saúde e Panácea, aquela que cura todos os males, Esculápio é o deus da arte da cura e da cirurgia. Esses deuses eram reverenciados nos templos. Desta forma, a prática de saúde se associa à prática religiosa, em uma luta de milagres e encantamentos contra demônios causadores de doenças do espírito e do corpo. Os sacerdotes exerciam o papel de curadores e mediadores entre o homem e os deuses, sendo que essas práticas eram exercidas nos templos. Os doentes eram colocados deitados sobre a pele de um animal previamente sacrificado, onde eram realizados ritual e cerimônia de indução ao sono, durante o qual a cura era realizada. Este período correspondeu à fase do empirismo. Posteriormente, houve abertura de escolas específicas para o ensino da arte de curar no Sul da Itália e na Sicília, que se propagou pelos grandes centros do comércio, nas ilhas e cidades da costa. 19 Anotações:AS PRÁTICAS DE SAÚDE NO ALVORECER DA CIÊNCIA: referem-se à evolução das práticas de saúde, ao surgimento da Filosofia e ao progresso da ciência, quando estas estão baseadas na relação de causa e efeito das doenças, baseando- se na experiência, no conhecimento da natureza e no raciocínio lógico, porém, limitando-se quase que totalmente pela falta de conhecimento anatomofiosiológico. Este período é considerado o período Hipocrático, pois ele propôs uma nova concepção de saúde, dissociando a arte de curar dos preceitos místicos e sacerdotais. Em Roma, o cuidado com a saúde era considerado indigno, desta forma, quem se dedicava a esta prática eram os estrangeiros e escravos. A influência Romana, nesta época, deu-se devido aos cuidados com os preceitos de higiene e saneamento. AS PRÁTICAS DE SAÚDE MONÁSTICO- MEDIEVAIS: as práticas de saúde inicialmente no período cristão, sofrem influências dos fatores socioeconômicos e políticos do medievo e da sociedade feudal. Houve um período de grandes progressos, mas também de retrocessos. As grandes epidemias de sífilis, lepra, flagelos que paralisaram a vida social e política, seguiam-se de alagações, terremotos que reforçaram as superstições e as crendices que voltaram a prosperar. Nesse período de fervor religioso, muitos leigos voltaram às práticas da caridade, dando assistência aos pobres e enfermos por decisão própria. Assim, as congregações e ordens religiosas passam a assumir a liderança na construção de hospitais e assistência à saúde. 20 Anotações: AS PRÁTICAS DE SAÚDE PÓS-MONÁSTICAS: evidenciam-se as práticas de saúde, em especial a prática da Enfermagem durante o movimento renascentista e da reforma protestante, porém, a retomada da ciência, o progresso social e intelectual da renascença e a evolução das Universidades, não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem. Os hospitais negligenciados passam a ser um insalubre depósito de doentes, onde homens, mulheres e crianças compartilhavam leitos coletivos. Neste ambiente de extrema degradação e miséria humana, as pseudo-enfermeiras desenvol- viam tarefas domésticas, recebendo um salário e alimentação precária por uma jornada de trabalho de 12 a 48 horas ininterruptas. Diante desta ex- ploração deliberada, a Enfermagem é confundida com o serviço doméstico, além de haver a queda dos padrões morais que a sustentavam, tornan- do-se indigna e sem atrativos para as mulheres de classe social mais elevada. Essa fase tempes- tuosa significou uma grave crise para a classe e permaneceu por muitos anos. Somente no limiar da revolução capitalista, é que alguns movimentos reformadores, que partiram principalmente de ini- ciativas religiosas e sociais, tentaram melhorar as condições do pessoal para o serviço dos hospitais. ENFERMAGEM MODERNA No início da modernização, as nações ociden- tais se viram condicionadas por fatores que defla- graram uma nova filosofia econômica e política. O avanço da medicina vem favorecer a reorganização 21 hospitalar. Durante esse processo, no qual se teve o médico como o principal responsável por esta re- organização, vamos encontrar as raízes dos pro- cessos de disciplinarização e seus reflexos na En- fermagem,ao ressurgir da fase sombria em que esteve submersa até, então. A evolução hospitalar não melhorou, diz-se que foi a época em que es- tiveram sob piores condições, principalmente devido à predominância de doenças infecto- contagiosas e a falta de pessoas preparadas para cuidar dos doentes. Isso porque os ricos, apesar de realizarem a manutenção dos hospitais, continuavam a ser atendi- dos e tratados em suas casas. Já os po- bres, além de não terem esta alternativa, tornavam-se objetos de instrução e ex- periências que resultariam em maior c o n h e c i m e n - to sobre as doenças em benefício da classe abas- tada. Neste período, Florence Nigthtingale (1820-1910) foi convida- da pelo Ministro da Guer- ra da Inglaterra para tra- balhar junto aos soldados feridos em combate na Guerra da Criméia (1854-1856) que, devido à falta de cuidados, morriam em grande número nos hospitais militares. Nascida no dia 12 de maio de 1820, em Florença, na Itália, era filha de ingleses, possuía 22 Anotações: inteligência incomum, tenacidade de propósitos, determinação e perseverança, o que lhe permitia dialogar com políticos e oficiais do exército, fazen- do prevalecer suas ideias. Era poliglota e dominava o inglês, francês, alemão, italiano, além do grego e latim. No desejo de exercer a Enfermagem, ela pas- sou o inverno em Roma, estudando com as irmãs Católicas. Em 1849, ela fez uma viagem ao Egito e de- cidiu servir a Deus, trabalhando em Kaiserweswert na Alemanha, entre as diaconisas. Aos poucos, ela se preparou para sua grande missão. Em 1854, a Inglaterra, Turquia e França declaram guerra à Rússia: Guerra da Criméia. Os soldados ingleses encontravam-se abandonados e a mortalidade nos hospitais era de 40%. Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Essas mulheres precisavam ter padrões morais e intelectuais para exercerem a atividade, além de serem submetidas a exame criterioso. Elas deveriam ter abnegação absoluta, altruísmo, espírito de sacrifício, integridade, humildade e, acima de tudo, disciplina. A Enfermagem carregava uma imagem negativa até então. Era necessário que se reconstruísse um novo perfil profissional, porém, deveria obedecer ao novo perfil social. Florence desenvolveu concepções teórico-filosóficas na Enfermagem, apoiadas em observações sistematizadas e registros estatísticos extraídos de suas experiências no cuidado aos doentes e destacava quatro conceitos fundamentais: ser humano, meio ambiente, saúde e Enfermagem. Após a Guerra da Criméia, Florence fundou a Escola 23 Anotações:de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, que passou a ser modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. A escola tinha uma disciplina rigorosa, bem como exigências de qualidades morais das candidatas. ORGANIZAÇÃO DA ENFERMAGEM NO BRASIL A Enfermagem foi organizada na Sociedade brasileira desde o período colonial até o final do século XIX. Desde então, com a chegada dos Portugueses foi realizada a abertura das Casas de Misericórdia, que tiveram origem em Portugal. A Primeira casa de Misericórdia foi Fundada na Vila de Santos em 1543, em seguida, no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Olinda, Vitória e Ilhéus. Mais tarde, em Porto Alegre e Curitiba, foi inaugurada com a presença de D. Pedro II e Dona Tereza Cristina. Padre José de Anchieta não se limitou apenas ao ensino da catequese e de ciências. Ele atendia às necessidades de saúde do povo e exercia atividades de médico e enfermeiro. Outra figura em destaque foi Frei Fabiano de Cristo que, durante 40 anos exerceu atividades de enfermeiro no Convento de Santo Antônio. Os escravos tiveram papel relevante. Eles auxiliavam os religiosos no cuidado com os doentes. Em 1738, foi fundada a primeira Casa dos Expostos na cidade do Rio de Janeiro, e apenas em 1822, houve relatos de que o Brasil tomou as primeiras medidas de proteção à maternidade, que se conhecem na legislação mundial, graças à atuação de José Bonifácio Andrada e Silva. 24 Ana Neri Ana Neri nasceu no dia 13 de dezembro de 1814, na cidade de Cachoeira, na Bahia. Casou-se com Isidoro Antônio Neri e, aos 30 anos, ficou viúva. Seus dois filhos foram convocados para a Guerra do Paraguai, um era médico e outro oficial do exército. Não resistindo à separação da família, Ana Neri escreve ao presidente, colocando- se à disposição para servir a pátria. No dia 15 de agosto, ela parte para os campos de batalha e começa a improvisar hospitais e não mede esforços para atender aos feridos. Após cinco anos, retorna ao Brasil, onde é acolhida com louvor, carinho, recebe uma coroa de flores e Victor Meireles pinta sua imagem, que é colocada no Edifício do Paço Municipal. O governo lhe concede uma pensão vitalícia, além de medalhas humanitárias. Faleceu no dia 20 de maio de 1880, na cidade do Rio de Janeiro e a primeira escola de Enfermagem fundada no Brasil recebeu seu nome. Século XIX Ao final do século XIX, o Brasil ainda era um imenso território, pou- co povoado e com um processo de urbanização lento. As doenças in- fectocontagiosas trazidas pelos escravos e europeus passam a se 25 Anotações:propagar rápida e progressivamente. A questão saúde torna-se um problema econômico e social. Para deter este problema que ameaça a expansão comercial brasileira, o governo, sob pressão ex- terna, cria os Serviços de Vigilância e Controle mais eficazes dos portos, inclusive estabelecendo quarentena. Em 1904, através da reforma Oswaldo Cruz, a diretoria Geral de saúde pública incorpo- ra novos elementos à estrutura sanitária como o serviço de profilaxia da febre amarela, a inspeto- ria de isolamento, desinfecção e o Instituto So- roterápico Federal, que posteriormente se trans- formou no Instituto Osvaldo Cruz. Mais tarde, com a reforma Carlos Chagas (1920), foi criado o De- partamento Nacional de Saúde Pública, órgão que exerceu durante anos ação normativa e executiva das atividades de Saúde Pública no Brasil. Cruz Vermelha Brasileira Foi organizada e instalada no Brasil em meados de 1908, tendo como primeiro presidente Oswaldo Cruz. A cruz vermelha teve destaque atuando durante a I Guerra Mundial (1914 – 1918). Foram fundadas filiais nos estados. Depois atuou na epidemia da gripe espanhola (1918) e colaborou na organização de postos de socorro. Atuou também socorrendo vítimas de inundações e nas secas do Nordeste. Saúde Pública No desenvolvimento das Organizações sanitárias no Brasil, destacam-se dois médicos: Oswaldo Cruz, responsável pela criação da medicina 26 Anotações: preventiva, e Carlos Chagas, que contribuiu com a Enfermagem em Saúde pública. Em 1920, foi criado o Departamento Nacional de Saúde Pública. No setor de profilaxia da tuberculose, deu-se início ao serviço de visitadores que, posteriormente, foi estendido aos serviços de doenças venéreas e outras doenças transmissíveis. Carlos Chagas, então diretor do departamento, iniciou um trabalho de educação sanitária nos setores de profilaxia de tuberculose e higiene infantil, que mais tarde foi estendido aos setores de higiene pré-natal e visitação aos portadores de doenças transmissíveis. PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM NO BRASIL Escola de Enfermagem “Alfredo Pinto” Esta escola é a mais antiga do Brasil, data de 1890, foi reformada por Decreto de 23 de maio de 1939. O curso passou a três anos de duração e era dirigido por enfermeiras diplomadas. Foi reorganizado por Maria Pamphiro, uma das pioneiras da Escola Anna Nery. Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro Começou em 1916, com um curso de socor- rista, para atender às necessidades prementes da 1ª Guerra Mundial. Logo, foi evidenciada a necessi- dade de um curso para formar profissionais (desen- volvido somente após a fundação da Escola Anna Nery), e outro para voluntários. Os diplomas expe- didos pela escola eram registrados inicialmente no 27 Anotações:Ministérioda Guerra e considerados oficiais. Esta encerrou suas atividades. ESCOLA ANNA NERY A primeira diretora foi Miss Clara Louise Kienninger, senhora de grande capacidade e virtude, que soube ganhar o coração das primeiras alunas. Com habilidade fora do comum, adaptou-se aos costumes brasileiros. Os cursos tiveram início em 19 de fevereiro de 1923, com 14 alunas. Instalou- se um pequeno internato próximo ao Hospital São Francisco de Assis, onde seriam feitos os primeiros estágios. Em 1923, durante um surto de varíola, enfermeiras e alunas dedicaram-se ao combate à doença. Enquanto nas epidemias anteriores o índice de mortalidade atingia 50%, desta vez baixou para 15%. A primeira turma de Enfermeiras diplomou-se em 19 de julho de 1925. Destacam-se desta turma as Enfermeiras Lais Netto dos Reys, Olga Salinas Lacôrte, Maria de Castro Pamphiro e Zulema Castro, que obtiveram bolsa de estudos nos Estados Unidos. A primeira diretora brasileira da Escola Anna Nery foi Raquel Haddock Lobo, nascida a 18 de junho de 1891. Foi a pioneira da Enfermagem moderna no Brasil. Esteve na Europa durante a Primeira Grande Guerra, incorporou-se à Cruz Vermelha Francesa, onde se preparou para os primeiros trabalhos. De volta ao Brasil, continuou a trabalhar como Enfermeira. Faleceu em 25 de setembro de 1933. 28 Anotações: Escola de Enfermagem Carlos Chagas Por meio do Decreto nº 10.925, de 7 de junho de 1933, e iniciativa de Dr. Ernani Agrícola, diretor da Saúde Pública de Minas Gerais, foi criado pelo Estado a Escola de Enfermagem “Carlos Chagas”, a primeira a funcionar fora da Capital da República. A organização e direção dessa Escola coube à Laís Netto dos Reys, sendo inaugurada em 19 de julho do mesmo ano. A Escola “Carlos Chagas”, além de pioneira entre as escolas estaduais, foi a primeira a diplomar religiosas no Brasil. Escola de Enfermagem “Luisa de Marillac” Fundada e dirigida por Irmã Matilde Nina, Filha de caridade, a Escola de Enfermagem Luisa de Marillac representou um avanço na Enfermagem nacional, pois abria largamente suas portas, não só para as jovens estudantes seculares, como também para as religiosas de todas as congregações. É a mais antiga escola de religiosas no Brasil e faz parte da União Social Camiliana, instituição de caráter confessional da Província Camiliana Brasileira. Escola Paulista de Enfermagem Fundada em 1939 pelas Franciscanas Missionárias de Maria, foi a pioneira da renovação da Enfermagem na Capital paulista, acolhendo também religiosas de outras congregações. Uma das importantes contribuições dessa escola foi o início dos cursos de Pós-Graduação em Enfermagem 29 Anotações:Obstétrica. Esse curso que deu origem a tantos outros, é atualmente ministrado em várias escolas do país. Escola de Enfermagem da USP Fundada com a colaboração da Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP) em 1944, faz parte da Universidade de São Paulo. Sua primeira diretora foi Edith Franckel, que também prestara serviços como superintendente do serviço de enfermeiras do departamento de saúde. A primeira turma diplomou-se em 1946. A Escola ministrou cursos de formação de professores e administração de Enfermagem com a duração de um ano. Acrescentou no seu currículo o Curso de Habilitação em Obstetrícia, e Enfermagem Médico-Cirúrgica. Essas foram as primeiras Escolas de Enfermagem do Brasil e, por meio delas, a Enfermagem foi trabalhando e adaptando seu currículo para a formação de profissionais enfermeiros. ENTIDADES DE CLASSE Associação Brasileira de Enfermagem A Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), sociedade civil, sem fins lucrativos, que congrega enfermeiros, técnicos, auxiliares de Enfermagem, estudantes de curso de graduação em Enfermagem e de educação profissional de nível técnico em Enfermagem, escolas, cursos ou faculdades de Enfermagem, Associação ou Sociedade de Especialistas que a ela se associam, 30 Anotações: foi fundada em agosto de 1926, com a denominação de Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras. É uma associação de direito privado, caráter científico e assistencial, regida por estatuto e regimentos próprios. A associação passou um tempo inativa e foi reativada em 1944 com o nome de Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas, e foram criadas coordenadorias e seções estaduais. Ficou estabelecido que em qualquer estado em que houvesse 7 enfermeiras diplomadas, poderia ser formada uma seção. Em 1955, este número foi elevado para 10 enfermeiras. Em 1952, a Associação foi denominada de utilidade pública, em agosto de 1954, sua denominação foi mudada para Associação Brasileira de Enfermagem-ABEN, sua sede está localizada em Brasília com seções nos estados. Finalidades da ABEN • Promover o desenvolvimento técnico, científico, social, político e cultural das categorias; • Tem como eixo a consolidação e a defesa da educação em Enfermagem, da pesquisa científica, do trabalho da Enfermagem como prática social, essencial à assistência social e à saúde; • Promover educação e cultura; • Defender programas e políticas que visem a melhoria da vida da população e o acesso equânime e universal aos serviços de saúde. 31 Anotações: Sistema COFEN e COREN Através da Lei 5. 905, de 12 de julho de 1973 foram criados o Conselho Federais de Enfermagem (COFEN) e os Conselhos Regionais de Enfermagem (COREN), constituindo em seu conjunto uma autarquia vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. O Conselhos Federais e Regionais são órgãos disciplinadores do exercício profissional. Competências do COFEN • Normatizar e expedir instruções para uniformidade e o bom funcionamento dos Conselhos Regionais; • Elaborar o código de deontologia e alterá- lo sempre que necessário, ouvindo os Conselhos Regionais; • Apreciar em grau de recursos as decisões dos COREN’s; • Aprovar anualmente a proposta orça- mentária dos Conselhos Regionais; • Promover estudo e campanhas para o aperfeiçoamento profissional e as demais atribuições que lhes forem conferidos. Competências do COREN • Deliberar sobre as inscrições e seu cancelamento no Conselho; • Fazer e executar as instruções do COFEN; • Conhecer assuntos referentes à éti- ca profissional e impor as penalidades cabíveis aos profissionais de Enfermagem; 32 Anotações: • Zelar pelo bom conceito da profissão e dos que a exercem; • Propor ao COFEN medidas visando à melhoria do exercício da profissão; • Apresentar prestação de contas; • Eleger sua diretoria e seus delegas e as demais atribuições que lhes forem conferidas. Art. 18. aos Infratores do Código de Deontolo- gia de Enfermagem, poderão ser aplicadas as se- guintes penalidades: I. Advertência Verbal; II. Multa; III. Censura; IV. Suspensão do Exercício Profissional; e V. Cassação do direito ao exercício profissional. As penalidades referidas nos incisos I, II, III e IV são alçadas dos Conselhos Regionais e a V do Conselho Federal. 33 U ni da de 2 Videoaula 1 Videoaula 2 36 37 BIOÉTICA, HUMANIZAÇÃO E RELACIONAMENTO INTERPESSOAL EM ENFERMAGEM O EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM A Lei 7.498 de 25 de junho de 1986 dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem. Em seu Art. 2 é disposto que a Enfermagem somente poderá ser exercida por pessoas legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem, com jurisdição na área onde ocorrerá o exercício. Além de ser exercida privativamente pelo enfermeiro, técnico de Enfermagem, auxiliar de Enfermagem e parteira. 38 Anotações: Conforme Legislação: SÃO ENFERMEIROS: titular de diploma de Enfermeiro, conferido por instituição de ensino nos termos da Lei; titular de diploma ou certificado de Enfermeira Obstetra ou Obstetriz, ou equivalente, conferido por escolas estrangeiras, por meio de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil. SÃO TÉCNICOS DE ENFERMAGEM: o titular de diploma ou certificado de técnico de Enfermagem, expedidode acordo com a legislação e registrado em órgão competente; o titular de diploma ou certificado legalmente conferido por escolas estrangeiras ou curso estrangeiro, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil. SÃO AUXILIARES DE ENFERMAGEM: o titular de diploma ou certificado de auxiliar de Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e registrado em órgão competente. SÃO PARTEIRAS: o titular de certificado previsto no art. 1º do Decreto da Lei 8.778 de 22 de janeiro de 1946; o titular de diploma ou certificado de parteiro, conferido por escolas estrangeiras segundo as leis do país, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil. Conforme a Lei do Exercício profissional, em seu artigo 11, o enfermeiro exerce as atividades de Enfermagem, cabendo-lhe: 1. Privativamente: a) Direção do órgão de Enfermagem, integrante da estrutura básica de instituições de saúde, pública e privada, e chefia de serviços de Enfermagem e de unidade de Enfermagem; b) Organização e direção de serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas 39 Anotações:e auxiliares em unidades prestadoras desses serviços; c) Planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de Enfermagem; d), e), f), g) (VETADO); h) Consulta, auditoria e emissão de parecer sobre matérias de Enfermagem; i) Consulta de Enfermagem; j) Prescrição da Assistência de Enfermagem; l) Cuidados diretos aos pacientes graves com risco de vida; m) Cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimento de bases científicas e de capacidade de tomar decisões imediatas. 2. Como Integrante da Equipe de Saúde: a) Participação no planejamento, execução e avaliação dos programas de saúde; b) Participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde; c) Prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde; d) Participação em projeto de construção ou reforma de unidade de internação; e) Prevenção e controle sistemático do controle de infecção hospitalar e de doenças transmissíveis; f) Prevenção e controle sistemáticos de danos que possam ser causados à clientela durante a assistência de saúde; g) Assistência de Enfermagem a gestante, parturiente e puérpera; h) Acompanhamento da evolução e trabalho de parto; i) Execução do parto sem 40 Anotações: distorcia; j) Educação visando à melhoria da saúde da população. Ao técnico de Enfermagem cabe a execução de atividades de nível médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da assistência de Enfermagem, cabendo-lhe: a) participar da programação da assistência à saúde; b) executar as ações de assistência à Enfermagem, exceto as privativas do enfermeiro; c) Participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar; d) participar da equipe de Enfermagem. Ao auxiliar de Enfermagem: conforme a Legislação, exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo atividades auxiliares de Enfermagem sob supervisão, bem como em nível de execução simples em processo de tratamento, cabendo-lhe: a) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas; b) executar ações de tratamento simples; c) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente; d) Participar da equipe de Enfermagem. Todas as atividades do técnico e dos auxilia- res de Enfermagem só poderão ser exercidas em instituições de saúde públicas e privadas e em pro- gramas de saúde, sob orientação e supervisão do enfermeiro. 41 Anotações:IMPLICAÇÕES LEGAIS NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL No que tange ao exercício profissional, existem algumas infrações e penalidades que poderão ser sofridas e aplicadas conforme à Resolução do COFEN 564/2017. As penalidades impostas conforme o Sistema COFEN/ COREN são: I. ADVERTÊNCIA VERBAL: admoestação ao infrator de forma reservada que será registrada no prontuário do mesmo, com a presença de duas testemunhas; II. MULTA: consiste na obrigatoriedade de pagamento de 1 a 10 vezes o valor da anuidade da categoria profissional, à qual pertence o infrator no vigor do ato; III. CENSURA: repreensão que será divulgada nas publicações do sistema COFEN/ COREN e em jornais de grande circulação; IV. SUSPENSÃO: consiste na proibição do exercício profissional por um período de até 90 (noventa) dias, que será divulgada no sistema COFEN/COREN, nos jornais de grande circulação e comunicada ao órgão empregador; V. CASSAÇÃO: é a perda do direito de exercer a profissão, por um período de até 30 anos, que será divulgado no sistema COFEN/ COREN e jornais de grande circulação. As penalidades de advertência verbal, multa, censura e suspensão do exercício profissional são de responsabilidade do Conselho Regional 42 Anotações: de Enfermagem, já a penalidade de cassação é responsabilidade do Conselho Federal de Enfermagem. Para as penalidades e respectiva imposição, serão considerados: I - a gravidade da infração; II- as circunstâncias atenuantes e agravantes; III- o dano causado e o resultado; IV- os antecedentes do infrator. Conforme a resolução COFEN 564/2017, as infrações são consideradas leves, moderadas, graves ou gravíssimas, segundo a natureza e as circunstâncias: INFRAÇÕES LEVES: as que ofendam a integridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar debilidade ou aquelas que venham a difamar organização de categorias ou instituições, além de causar danos financeiros ou patrimoniais; INFRAÇÃO MODERADA: as que provoquem debilidade temporária de membro, sentido, ou função na pessoa ou ainda que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros; INFRAÇÃO GRAVE: são as que provoquem perigo de morte, debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou ainda as que provoquem dano moral irremediável na pessoa ou, ainda, as que causem danos morais, mentais, patrimoniais e financeiros; INFRAÇÃO GRAVÍSSIMA: as que provoquem a morte, debilidade permanente de membro, sentido ou função, dano moral irremediável na pessoa. Diante das infrações cometidas pelo profissional de Enfermagem, será levado em consideração as circunstâncias que podem ser atuantes ou agravantes. 43 Anotações:CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES: • Ter o infrator procurado logo após a in- fração, por espontânea vontade e eficiên- cia, evitar e minorar as consequências de seus atos; • Ter bons antecedentes profissionais; • Realizar atos sob coação e/ou intimidação e grave ameaça; • Realizar atos sob real emprego de força física; • Ter confessado espontaneamente a autoria da infração e; • Ter colaborado espontaneamente para a elucidação do caso. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES: • Ser reincidente; • Causar danos irreparáveis; • Cometer infração dolosamente; • Cometer a infração por motivo fútil ou torpe; • Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, impunidade ou vantagem de outra infração; • Aproveitar-se da fragilidade da vítima; cometer a infração com abuso de autoridade ou violação do dever inerente ao cargo, ou função; • Ter maus antecedentes e alterar ou falsificar provas, ou concorrer para a desconstrução de fato que se relacione com o apurado na denúncia durante o processo. 44 Anotações: BIOÉTICA Hoje, vivenciamos a grande era do conhecimento, a qual tem assumido valores importantes na vida e no cotidiano das pessoas. O conhecimento virou um fator necessário para compreendermos os avanços na área da saúde, principalmente os que envolvem o ser humano. Murta (2012) conceitua Bioética como parte da Filosofia que se dedica a estudar a moral e as obrigações humanas, as relações humanas com a vida, saúde e integridade física de todos os seres humanos. A Bioética não se trata apenas da relação entre os profissionais de saúde e paciente, mas também se preocupa com as especialidadesque estão vinculadas ao campo da medicina, tais como a Biotecnologia, Engenharia Genética, experiências com seres humanos e animais, saúde mental e bem-estar do paciente, questões sobre o início e fim da vida, interrupções da gravidez frente ao diagnóstico de anencefalia ou má formação congênita, transplante de órgãos, eutanásia, clonagem humana, dentre outros temas. As questões de Bioética estão embasadas em histórias antigas, por exemplo, entre os anos de 1956 e 1971 foi realizada uma investigação sobre um grupo de, aproximadamente, 800 crianças deficientes mentais, nas quais foi inoculado o vírus da Hepatite com o objetivo de se descobrir uma vacina imunizante. Nesta mesma época, pode-se citar que, por pretextos escusos, foi realizada a inoculação de células cancerígenas em doentes idosos, sem que lhes fossem dada qualquer tipo 45 Anotações:de informação e sem o seu consentimento. Entre os anos de 1932 e 1971, no estado de Alabama, 431 negros pobres foram privados de cuidados contra sífilis em nome de um estudo sobre o desenvolvimento natural da doença, inclusive, a partir dessa experiência, foi produzido um filme que, em Português, chama-se Cobaia. Diante desse cenário, em 1978, foi publicado o relatório de Belmont, que propõe princípios éti- cos que envolvam seres humanos, buscando-se com isso os princípios da autonomia das pessoas, a beneficência e a justiça, princípios esses que de- vem permear todas as relações entre os seres hu- manos e pesquisadores. Nesse contexto, busca-se fazer uma relação entre Bioética e Enfermagem, a qual repousa na reflexão sobre as técnicas, os va- lores humanos e a maneira de agir e de se compor- tar dos profissionais de Enfermagem diante das pessoas que procuram atendimento de saúde. A Bioética se funda em quatro princípios, segundo Potter (2018), a autonomia, beneficência e justiça, posteriormente, incorporando-se o princípio da não maleficência. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA: refere-se à liberdade de autonomia do paciente. Ao incumbi- lo sobre todos os aspectos de tomada de decisão a respeito do cuidado de saúde, o indivíduo tem em suas mãos o poder de decidir sobre o seu tratamento e sua vida. PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA: refere-se a fazer o bem ao paciente, sendo este fundamental para a prática da Enfermagem e da medicina, requerendo que os melhores interesses dos pacientes permaneçam mais importantes do que o interesse do profissional. 46 Anotações: PRINCÍPIO DA NÃO MALEFICÊNCIA: refere-se ao princípio e obrigatoriedade de o profissional não causar danos à saúde do seu paciente, empregando todos os seus conhecimentos, técnicas e recursos com o objetivo de beneficiar o paciente. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA: refere-se a oferecer um atendimento de saúde imparcial, igualitário, equânime a universal a todos os pacientes, não cabendo ao profissional de saúde julgamentos em relação à crença, religião, cultura ou classe social. RELACIONAMENTO INTERPESSOAL Nas últimas décadas, o tema relacionamento interpessoal surge em vários trabalhos, retratando a importância do relacionamento na assistência ao paciente, fazendo uma abordagem humanizada e tratando o indivíduo como um todo incluindo os aspectos biológicos, culturais, sociais, espirituais, econômicos, haja vista ele ser um ser único com necessidades específicas. Desde 1984, em um es- tudo realizado por Gattas (1984), observou-se que a enfermeira profissional com alta competência técnica responsável pela administração de pes- soas e gerência do serviço de saúde não dava tan- ta importância ao relacionamento interpessoal. Mesmo parecendo um tema rotineiro e familiar no campo de atuação da saúde, o relacionamento interpessoal merece maior atenção devido à sua complexidade, já que lidamos com relação entre pessoas, cada uma com sua unicidade, características e personalidades diferentes. Desta forma, o relacionamento enfermeiro e paciente é a meta a ser atingida, é função específica do 47 Anotações:enfermeiro, é a interação planejada com objetivos definidos entre duas pessoas, na qual ambas modificam o seu comportamento, construtivamente com a evolução do processo de relacionamento. Atkinson (2008) relata que atualmente ainda se observa a predominância na formação dos profissionais de Enfermagem no aspecto instrumental, deixando de lado a valorização do cuidado humano atendendo-se a uma ideologia de cura. Segundo Potter (2018), a aplicação do conhecimento, a compreensão do comportamento humano, a comunicação e o comprometimento da ética da enfermeira ajudam a criar relacionamentos profissionais. Desta forma, manter a filosofia baseada no afeto e respeito pelos outros ajuda a ter mais sucesso no estabelecimento de relações dessa natureza. 5 Pilares do Relacionamento Interpessoal no trabalho I. AUTOCONHECIMENTO: implica reconhecer nossos traços de comportamento, o im- pacto que causamos nos outros e que com- portamentos dos outros nos incomodam; II. EMPATIA: considerar os outros, suas opiniões, sentimentos e motivações; III. ASSERTIVIDADE: para ter relacionamentos saudáveis, não basta ouvir, é preciso também falar, expressar nossas opiniões, vontades, dificuldades. É aí que entra a assertividade, a habilidade para nos expressar de forma franca, direta, clara, serena e respeitosa; 48 Anotações: IV. CORDIALIDADE: tratar as pessoas com cordialidade é ser gentil, solícito e simpático, é demonstrar consideração pelo outro de várias formas. Simples “Bom dia”; “Obrigada”; V. ÉTICA: ser ético é ter atitudes que não prejudiquem os outros, não quebrem acordos e não contrariem o que se considera certo e justo. Podemos ter muito autoconhecimento, ser altamente empáticos, assertivos e cordiais, mas, se não nos conduzirmos pela ética, não conseguiremos manter relacionamentos equilibrados. Relação de ajuda enfermeiro e cliente Na relação de ajuda, o enfermeiro assume o papel de ajudante profissional e conhece o cliente como indivíduo com necessidades específicas, respostas humanas e padrões de vida. Desta forma, é a base da prática clínica da Enfermagem, assim como a comunicação terapêutica que promove um clima psicológico que facilita a mudança positiva e adesão ao tratamento de saúde. Cuidar do paciente sem julgá-lo é uma característica importante da relação. A aceitação transmite a vontade de ouvir e reconhecer sentimentos, isso não significa que o profissional sempre concorde com o paciente ou aprove as suas ações, ou decisões. A enfermeira com a habilidade técnica conduzirá e, no momento oportuno, irá orientar o paciente da melhor forma. Criar um ambiente terapêutico, dependerá da sua capacidade de comunicação, conhecimento 49 Anotações:do processo de saúde-doença, conhecimento das necessidades humanas básicas e conhecimento dos objetivos a serem alcançados. É importante ouvir as histórias do paciente para compreender melhor as suas preocupações, medos, experiências e desafios. E essas informações não são reveladas seguindo um padrão de resposta de anamnese que induz a respostas curtas. Só serão conhecidas após o primeiro vínculo entre profissional e paciente. Relação enfermeiro e família O processo de cuidar, em Enfermagem, tem objetivo de atender às necessidades do paciente, família e comunidade, desta forma, a relação entre enfermeiro e família exige a inclusão desses membros dentro do processo saúde-doença. Relação enfermeiro e equipe de saúde Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a comunicação entre os profissionais da equipe de saúde afeta a segurança do paciente e o ambiente de trabalho. Esta falha na comunicação é uma causa frequente de lesões graves durante o cuidado de saúde, desta forma, a comunicação precisa é essencial para evitar erros. A prática da comunicação efetiva entre as equipes de saúde é a chave para garantir a segurança do paciente, precisando, a instituição, priorizar e implementar ferramentas e comportamentos padronizados paramelhorar o trabalho em equipe e reduzir riscos. Alguns elementos são importantes no esta- belecimento de credibilidade e competência, como 50 Anotações: aparência, atitude e comportamento profissional, esses fatores definem que o enfermeiro assumiu o papel de profissional responsável, qualificado e fo- cado em seus pacientes. O profissional deve zelar pela sua aparência pessoal para que o vínculo de confiança aconteça, devendo este estar limpo, as- seado, bem-arrumado, vestido de modo conser- vador. O comportamento profissional reflete con- fiança e competência, devendo os profissionais se comunicarem com voz clara, bem modulada, boa entonação e sendo bons ouvintes. Alguns elementos são fundamentais durante a comunicação. Potter (2018) cita a cortesia como parte da comunicação profissional. Quando o enfermeiro é descortês, os outros percebem que ele é rude e insensível e isso estabelece barreiras e atritos para o relacionamento interpessoal; a utilização de nomes é outro fator importante. Não se deve esquecer de apresentar e falar sobre o seu cargo, além de chamar seus pacientes pelo nome. Desta forma, transmite-se respeito pela dignidade e singularidade humana; a confiança é um elo que precisa ser estabelecido. Sem confiança, a relação enfermeiro e paciente, raramente, evolui para além da interação social e dos cuidados superficiais. Ocultar informações, mentir ou distorcer a verdade viola os padrões legais e éticos da prática assistencial. 51 Anotações:HUMANIZAÇÃO NA ENFERMAGEM A humanização diz respeito a práticas e recursos voltados para ampliação do relacionamento entre pacientes e profissionais. Pensar na relação humanização/Enfermagem é pensar no cuidado essencial ao ser humano olhando a sua individualidade, sua família e a comunidade em que está inserido. Contudo, é importante ressaltar que, em alguns momentos, devido à sobrecarga de trabalho imposta no dia a dia, a Enfermagem presta uma assistência mecanizada e tecnicista, não reflexiva, deixando de lado o olhar humano e o atendimento integral ao paciente. Rozendo (2000) pergunta: como é possível ao trabalhador cuidar de maneira humanizada, se ele próprio não habita em meio humanizado? Essa forma de conduzir as ações de Enfermagem dá origem a um dos grandes obstáculos presentes no interior da profissão que é forma estereotipada e naturalizada com que a Enfermagem, muitas vezes, aprende seu objeto de trabalho e presta assistência. Tanto a humanização da assistência de Enfermagem quanto as relações de trabalho surgem de uma necessidade social e historicamente construída, não como um modismo da profissão, mas como um aspecto de trabalho que contribui significativamente para a construção de uma assistência de qualidade. Desta forma, para compreender a forma do atendimento humanizado, precisamos considerar que nem sempre o paciente busca a solução apenas para o problema de saúde, mas busca alívio e conforto pessoal. 52 Anotações: Fatores que interferem no atendimento humanizado • Atenção e acolhimento integral; • Escuta ativa e diferenciada; • Ética profissional; • Atendimento individualizado; • Cuidado realizado com empatia; • Respeito à intimidade e às diferenças; • Comunicação efetiva; • Confiança; • Segurança e apoio; • Infraestrutura adequada. De acordo com o Ministério da Saúde (2001), a humanização deve seguir uma diretriz transversal que favoreça a troca de saberes, diálogo entre profissionais, trabalho em equipe e a consideração aos desejos e interesses das diferentes pessoas no campo da saúde. Tem como meta fazer com que todos saibam quem são os profissionais que cuidam da sua saúde, além da redução de filas com avaliação de risco e agilidade no acolhimento, oferecer canais de atendimento, treinar constantemente a equipe de saúde, permitir o acompanhamento dos familiares, garantir que os direitos dos pacientes sejam assegurados, facilitar e ampliar o acesso à informação para os pacientes e promover uma comunicação clara com os colaboradores. Muitos relatos mostram que quando uma pessoa necessita de um serviço de saúde, ela se vê num ambiente totalmente diferente do que é acostumada a vivenciar, onde tem que seguir regras e, consequentemente, adotar novas atitudes. 53 Anotações:Sendo assim, o paciente terá sua rotina totalmente modificada e, nessas situações, o atendimento humanizado e a comunicação estabelecida entre enfermeiro e paciente pode ser impessoal (automática) ou pessoal (trazendo afetividade no relacionamento), porém, somente esta última favorece o estabelecimento de uma comunicação terapêutica. 54 U ni da de 3 Videoaula 1 Videoaula 2 56 57 PROCESSO INFECCIOSO Segundo Traldi (2018), a primeira referência na história sobre a aquisição de doenças infecciosas por profissionais foi no século IV a.C, na Grécia, em um surto de tifo no qual o número de médicos mortos foi equivalente ao número de habitantes que sucumbiram à doença, na localidade. Em todo o mundo a biossegurança é regida por leis, extremamente, específicas e suas determinações exigem cada vez mais empenho para adequação dos padrões de segurança das instituições. Os riscos profissionais de aquisição de BIOSSEGURANÇA E SEGURANCA DO PACIENTE 58 Anotações: infecções no ambiente de trabalho são inúmeros devido à exposição direta e à assistência ao paciente, por exemplo, fluidos corporais, materiais contaminados, secreção, exsudato, dentre outros fatores. Biossegurança é um termo que se aplica ao conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização e eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços. Riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. CONCEITO DE INFECÇÃO O termo infecção é originário do latim infectione, que significa ato ou efeito de infeccionar. A penetração, o desenvolvimento e a multiplicação de seres inferiores no organismo de um hospedeiro podem resultar em consequências variadas habitualmente nocivas para este. As infecções podem ser causadas por vários agentes microscópicos e são classificadas, de acordo com a origem da fonte de infecção, em endógenas e exógenas. INFECÇÃO EXÓGENA: é aquela cujo agente biológico atinge o hospedeiro a partir de um reservatório de fonte externa. As fontes dos agentes desse tipo de infecção são o homem e os animais. Para se constituir como fonte de infecção, o homem não precisa necessariamente estar doente, ele pode estar infectado, porém, não precisa ter a doença para transmitir o agente biológico para um suscetível. 59 Anotações:INFECÇÃO ENDÓGENA: é causada por um agente etiológico da microbiota do próprio hospedeiro. Pode ser causada pela maioria das bactérias que residem no corpo humano. De modo geral, as infecções endógenas podem ser consideradas oportunistas, haja vista só expressarem sua atividade patogênica quando oferecem condições apropriadas. Essas condições são encontradas em pacientes hospitalizados que usam antibióticos e imunossupressores, em doenças como câncer, diabetes e autoimunes. É importante conhecermos que todos os seres humanos possuem uma microbiota normal, que é constituída por um grupo de bactérias de diferentes espécies que habitam a pele e a mucosa, cada local com uma especificidade de microrganismos próprios e em quantidade específica. MICROBIOTA CUTÂNEA: distribui-se por toda a extensão da pele, possuindo uma maior concentração nas áreas mais úmidas e quentes do corpo, por exemplo, nas axilas e períneo. Existem diversos fatores que alteram a microbiota do corpo, como o pH, idade, temperatura corporal, grau de umidade e proximidade de mucosas. MICROBIOTA TRANSITÓRIA: a maioria das bactérias reside na superfície do estrato córneo e na parte superior dos folículos pilosos. Quando entramos em contato direto com o meioambiente, formamos uma microbiota transitória, onde a pele é contaminada temporariamente, com microrganismos considerados não colonizados, pois são removidos facilmente com água e sabão. O procedimento de lavagem das mãos pode diminuir cerca de 90% o número de microrganismos existentes na pele. 60 Anotações: MICROBIOTA RESIDENTE: a microbiota residente compreende microrganismos que se multiplicam nas camadas mais profundas da pele, ou seja, nas glândulas sebáceas, folículos pilosos, feridas ou trajetos fistulosos. Sua característica é baixa virulência e tem a função de recolonizar a pele quando as mais superficiais são removidas. É importante entendermos que, em indivíduos imunodeprimidos, a microbiota residente pode causar infecção sistêmica grave, devido à penetração dos microorganismos na corrente sanguínea, linfática e tecidos. Com o objetivo de identificar e distinguir Infecções Relacionadas à Assistência de Saúde (IRAS) das demais infecções, o Ministério da Saúde publicou algumas portarias definindo o conceito de infecção comunitária e infecção hospitalar. INFECÇÃO COMUNITÁRIA: é aquela constada ou em incubação no ato da admissão do paciente (internação), desde que não relacionada à internação anterior no mesmo hospital. São as infecções adquiridas na comunidade, ou seja, no ambiente em que o indivíduo vive e trabalha, não relacionada à realização de procedimentos de serviços de saúde. Também podemos considerar infecção comunitária aquelas associadas com complicação ou extensão da infecção já presente na admissão; as infecções em recém-nascidos, cuja aquisição por via transplacentária for comprovada ou conhecida, por exemplo, herpes simples, toxoplasmose, rubéola, entre outras; e as infecções em recém-nascidos associadas com a bolsa d’agua rota superior a 24 horas. 61 Anotações:INFECÇÃO HOSPITALAR: é aquela que pode ser adquirida após a internação do paciente em um hospital ou ainda quando da sua alta se estiver relacionada com a sua internação. O Ministério da Saúde amplia o conceito de infecção hospitalar, para todas as infecções adquiridas por pessoas em qualquer tipo de serviço de saúde, seja ele ambulatório, Unidade Básica de Saúde, laboratório de exame ou consultório odontológico. MODO DE TRANSMISSÃO DAS INFECÇÕES As formas de transmissão das infecções são variadas, mas podemos destacar 5 grupos, de acordo com (BARSANO, 2014): CONTATO DIRETO: refere-se ao contato entre superfícies corporais (pele a pele ou pele/mucosa) e a transferência física de microrganismos entre o hospedeiro suscetível e uma pessoa infectada. O CONTATO INDIRETO: refere-se ao contato entre indivíduos intermediados por objetos contaminados. TRANSMISSÃO POR GOTÍCULAS/PERDIGOTOS: refere-se à mucosa conjuntival, nasal e oral por gotículas contendo microrganismos de pessoas in- fectadas que se propagam no ar a curtas distâncias através da tosse, canto, fala ou espirro. TRANSMISSÃO INALATÓRIA: refere-se ao contato por núcleo goticulares, contendo microrganismos que podem permanecer suspensos no ar por longo período de tempo ou partículas de poeira contendo o agente infeccioso. 62 Anotações: TRANSMISSÃO POR VEÍCULO: ocorre pelo contato através de objetos, alimentos, água, mãos e equipamento contaminados. MEDIDAS PROFILÁTICAS DE INFECÇÃO A portaria GM/MS 2616 do dia 12/05/1998, estabelece a necessidade de toda a instituição de saúde estabelecer o seu plano de controle de infecção relacionada a assistência à saúde, que deverá conter as várias ações elaboradas determinadas, a fim de reduzir o risco de acontecimentos e agravantes das infecções hospitalares. O programa do controle de infecções hospitalares é um conjunto de ações desenvolvidas deliberadas e sistematicamente com vistas a redução máxima possível da incidência e gravidade das infecções hospitalares, o programa estabelece os hospitais devem constituir uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Profilaxia da infecção hospitalar • Realizar a higienização das mãos com frequência antes e após qualquer procedimento. • Seguir as normas e rotinas estabelecidas pelo CCIH. • Não permitir que funcionários e acompanhantes sentem no leito do paciente. • Manter a higiene pessoal adequada (unhas aparadas, limpas e sem esmalte, uniforme limpo, cabelos presos ou curtos, barba aparada e sem adornos). 63 Anotações:• Observar no paciente o aparecimento de sinais e sintomas como febre, erupção de pele e diarreia. • Materiais não descartáveis devem ser colocados em solução desinfetante antes da lavagem. EDUCAÇÃO DE ACOMPANHANTES E VISITANTES O acompanhante do paciente geralmente é um familiar ou um amigo que muitas vezes o acompanha pela primeira vez, desta forma contribui para o aumento das infecções devido ao desconhecimento das normas e rotinas hospitalares. Com o objetivo de diminuir o risco para o paciente e visitante, o enfermeiro responsável pelo CCIH deve garantir que eles recebam todas as orientações de educação e saúde: • Respeitar o limite de pessoas no quarto do paciente, pois o acúmulo de pessoas aumenta o risco de infecções respiratórias; • Lavar as mãos ao chegar no hospital, antes e após tocar no paciente e ao sair do hospital. • Não sentar na cama do paciente nem no chão do hospital. • Não acumular alimento no quarto. • Não comer a dieta do paciente. • Não manipular materiais e equipamentos hospitalares. • Não utilizar o banheiro dos pacientes. • Respeitar o horário de visitas. • As roupas do paciente levadas para casa devem ser lavadas separadamente. 64 Anotações: • Utilizar sapatos fechados no hospital. • Em casos de dúvidas procurar o enfermeiro responsável. MEDIDAS COLETIVAS DE PROTEÇÃO E PREVENÇÃO DE INFECÇÃO • Adequação física das construções de instituições de saúde quanto ao fluxo e à atividade. • Sinalização correta de áreas e artigos. • Existência do serviço especializado de Engenharia, segurança, Medicina e Enfermagem do Trabalho. • Mapeamento dos riscos e tipos em cada área da instituição. • Educação em serviço a todos os trabalhadores do serviço de saúde quanto à prevenção de infecção e acidentes de trabalho. • Adoção de precaução em todos os setores. • Manutenção da imunização a todos os trabalhadores, conforme a atividade desenvolvida. • Manuais de normas e rotinas. • Uso de recipientes próprios para objetos cortantes e pontiagudos. 65 Anotações: MEDIDAS INDIVIDUAIS DE PROTEÇÃO E PREVENÇÃO DE INFECÇÃO São medidas básicas a serem utilizadas durante o contato/cuidado com o paciente, seja ele sintomático ou assintomático. Essas precauções constituem um conjunto de medidas de barreira que inviabilizam o contato com sangue, secreções, excreções, fluidos corporais, pele não íntegra e mucosas. Umas das precauções universais de grande importância individual é o uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI). Os EPI’s são regulamentados pelo Ministério do Trabalho e Emprego através da Norma Regulamentadora nº 6/NR6, que preconiza que o equipamento de proteção individual de fabricação nacional ou importado só poderá ser posto à venda com certificado de aprovação expedido pelo órgão nacional competente. Preconiza ainda que a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco de cada atividade que desenvolve e em perfeito estado de conservação e funcionamento, e deve exigir o seu uso pelo empregado, orientar e treinar o trabalhador para uso adequado, guarda e conservação. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Máscaras Usar nas ocasiões em que houver possibilidade de dispersão de produtos corpóreos ou para adentrar em unidades de tratamento de pacientes 66 Anotações: quando for infectocontagiosa. Visam proteger contra a inalação de aerossóis e filtram partículas de até 5µm. Uma máscara adequada é quando se adapta ao tamanho do usuário e filtra partículas de tamanho correto, de acordo com a sua indicação. Óculosde proteção Usados para proteger a mucosa dos olhos contra possíveis respingos de sangue e secreção. Devem ter lentes panorâmicas, incolores, ser de plástico resistente, com proteção lateral e válvulas para ventilação. São indicados em procedimentos invasivos em contato com sangue e fluidos. Aventais São utilizados durante a realização de procedimentos com risco de contaminação, sempre que houver possibilidade de contato com superfícies contaminadas, nos procedimentos de isolamento com risco de contato com material infectante em procedimentos cirúrgicos. Em procedimentos com grande exposição, a sangue e fluidos corporais, recomenda-se o uso de aventais impermeáveis que protejam o tronco, membros superiores e inferiores. Luvas Devem ser usadas durante o contato com fluidos orgânicos, mucosas, pele não íntegra ou no manuseio de artigos, ou superfícies sujas com sangue ou fluidos. Devem ser trocadas sempre 67 Anotações:que observar rompimento no látex ou ao passar de um paciente para outro, realizando sempre a higienização das mãos. Para cada procedimento, deve-se usar o tipo de luva específico conforme a finalidade. Se o procedimento exigir técnica asséptica, as luvas deverão ser estéreis e, quando for utilizado como barreira para proteção individual do profissional de saúde, as luvas deverão ser de procedimento. Botas Utilizada para proteção dos pés em locais úmidos ou com quantidade significativa de material infectante. Os serviços de saúde são indicados durante procedimentos de limpeza, para profissionais de áreas contaminadas da lavanderia hospitalar e para aqueles que realizam necropsia. Devem ser de PVC, impermeáveis, resistentes, de cor clara, com cano ¾ e solado antiderrapante. Higienização das mãos Segundo a ANVISA (2013), é a retirada da sujidade das mãos, com exclusão da microbiota superficial e a redução da microbiota permanente da pele das mãos, por meio de fricção com água e sabão/antisséptico degermante ou ainda com solução alcoólica glicerina por um tempo mínimo necessário e técnica específica. A higienização das mãos é a forma individual mais fácil e mais barata para evitar o aumento das infecções relacionadas à assistência à saúde. 68 Anotações: 5 momentos para higienização das mãos I. Antes do contato com o paciente. Para proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos presentes nas mãos do profissional, que podem causar infecções. II. Antes da realização de procedimento asséptico. Para proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos das mãos do profissional para o paciente, incluindo microrganismos do próprio paciente. III. Após exposição a fluidos corporais. Para proteção do profissional e do ambiente de assistência imediatamente próximo ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes. IV. Após contato com o paciente. Para a proteção do profissional e do ambiente à saúde, incluindo as superfícies e os objetos próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do próprio paciente. V. Após o contato com as áreas próximas ao paciente. Para a proteção do profissional e do ambiente de assistência à saúde, incluindo superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes. Na figura a seguir, demonstramos os cinco momentos para a realização da higienização das mãos. 69 Figura 1: 5 Momentos para Higienização das mãos Fonte: <https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/ paciente_hig_maos.pdf>. Técnica para higienização simples das mãos 1. Abra a torneira e molhe as mãos, evitando encostar na pia. 2. Aplique na palma da mão quantidade sufi ciente de sabonete líquido para cobrir todas as superfícies das mãos (seguir a quantidade recomendada pelo fabricante). 3. Ensaboe as palmas das mãos friccionando- as entre si. 4. Esfregue a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda (e vice-versa), entrelaçando os dedos. 5. Entrelace os dedos e friccione os espaços interdigitais. 6. Esfregue o dorso dos dedos de uma mão Antes de tocar o paciente Antes de realizar procedimento limpo/asséptico Após tocar o paciente Após tocar superfícies próximas ao paciente Após risco de exposição a Fluídos corporais 70 Anotações: com a palma da mão oposta (e vice-versa), segurando os dedos com movimento de vai e vem. 7. Esfregue o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda (e vice-versa), utilizando movimento circular. 8. Friccione as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita, fechada em concha (e vice-versa), fazendo movimento circular. 9. Esfregue o punho esquerdo com o auxílio da palma da mão direita (e vice-versa), utilizando movimento circular. 10. Enxágue as mãos, retirando os resíduos de sabonete, evite contato direto das mãos ensaboadas com a torneira. 11. Seque as mãos com papel toalha descartável, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos. 71 1. Abra a torneira e molhe as mãos, evitando encostar na pia. 2. Aplique na palma da mão quantidade sufi ciente de sabonete líquido para cobrir todas as superfícieis das mãos (seguir a quantidade recomendada pelo fabricante). 3. Ensaboe as palmas das mãos, friccionando-as entre si. 4. Esfregue a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda (e vice-versa) entrelaçando os dedo. 5. Entrelace os dedos e friccione os espaços interdigitais. 6. Esfregue o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta (e vice-versa), segurando os dedos, com movimento de vai-e-vem. 7. Esfregue o polegar direito, com o auxílio da mão esquerda (e vice- versa), utilizando movimento circular. 8. Friccione as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita, fechada em concha (e vice-versa), fazendo movimento circular. 9. Esfregue o punho esquerdo, com o auxílio da palma da mão direita ( e vice-versa), utilizando movimento circular. 10. Enxague as mãos, retirando os resíduos de sabonete. Evite contato direto das mãos esaboadasa com a torneira. 11. Seque as mãos com papel-toalha descartável. iniciamdo pelas mãos e seguindo pelos punhos. Figura 2: Os 11 passos para a Higienização das mãos Fonte: <https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/ paciente_hig_maos.pdf>. 72 Anotações: PROCESSAMENTO DE ARTIGOS E ÁREAS EM SAÚDE Quando falamos em processamento de artigos e áreas, temos que entender a ligação direta com a Biossegurança, segurança ambiental, segurança do paciente e, consequentemente, a redução de Infecção Relacionada a Assistência de Saúde (IRAS). Traldi (2018) traz uma reflexão sobre a falta de adoção de medidas e conhecimentos de biossegurança, processamento de áreas e artigos após o aumento das doenças infectocontagiosas. O que seria da população devido ao aumento das infecções hospitalares? Artigos são instrumentos de natureza diversa (utensílios, acessórios, equipamentos e outros), utilizados nos diferentes procedimentos destinados à prevenção, ao diagnóstico, ao tratamento de doenças, à reabilitação da saúde (BRASIL, 2017). Murta (2012) usa a classificação de artigos utilizados em serviços de saúde como críticos, semicríticos e não críticos. ARTIGOS CRÍTICOS: são todos os artigos que apresentam um alto risco de aquisição de infecção, se contaminados com qualquer tipo de microrganismo, incluindo esporos bacterianos. São equipamentos, instrumentos, objetos que penetram nos tecidos subepiteliais, sistema vascular e outros órgãos isentos de flora microbiana própria. Podemos citar como exemplos: agulhas, cateteres venosos, drenos, instrumentos de ponta e de corte, afastadores cirúrgicos, assim como as roupas utilizadas em centro cirúrgico; ARTIGOS SEMICRÍTICOS: são artigos que entram em contato com mucosas íntegras e 73 Anotações:pele não íntegra. Devem estar sempre isentosde microrganismos, podemos exemplificar os materiais de anestesia inalatória e assistência ventilatória, laringoscópios, cateteres vesicais, traqueais e nasogástricos; ARTIGOS NÃO CRÍTICOS: são aqueles que entram em contato com pele íntegra, porém não entram em contato com mucosas, bem como os que não entram em contato com os pacientes durante o procedimento, podemos citar o estetoscópio, esfigmomanômetro, termômetro e mobiliário das unidades de saúde. Da mesma forma que conhecer hospitalares e sua classificação é importante para oferecermos assistência segura e com baixo risco para a segurança do paciente, também é importante conhecermos a classificação de áreas. As áreas são diferentes ambientes que compõem a planta física das unidades de saúde, independentemente do nível de atenção à saúde ou da finalidade. Elas são como os artigos, classificadas em função do grau de risco que oferecem ao paciente, podem apresentar desde um pequeno risco, até um risco elevadíssimo de transmissão de infecção, desta forma, quanto menor a probabilidade de transmissão de infeção uma área apresentar, menor será a sua criticidade (ANVISA, 2012). Quando classificamos as áreas, elas são relacionadas ao risco de transmissão de infecção e levamos em conta três fatores: A UTILIZAÇÃO DA ÁREA: qual a destinação desta área? Algumas áreas são utilizadas especificamente para receber pacientes graves e com baixa imunidade, por exemplo, as Unidades de 74 Anotações: Terapia Intensiva, Berçário de alto risco, enfermaria para queimados, isolamentos. As demais áreas como as administrativas, recepção, consultórios médicos e de Enfermagem não requerem cuidados maiores relacionados à transmissão de infecção. O GRAU DE EXPOSIÇÃO DO PACIENTE: existem alguns pacientes, geralmente pacientes imunodeprimido e portadores de algumas patologias que estão, teoricamente, mais vulneráveis às infecções, principalmente se estiverem internados em unidade hospitalar. Todavia, em algumas áreas, essa exposição e risco são maiores em função do tipo de procedimento realizado, como o risco no centro cirúrgico, em locais onde são realizados procedimentos invasivos e tratamento de pacientes imunodeprimidos. O POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO: devido à extensão de suas atividades a alto grau de manuseio de produtos e insumos, o risco de contaminação é altíssimo, por exemplo, nos laboratórios e na cozinha hospitalar. As áreas podem ser classificadas de acordo com os riscos: ÁREAS CRÍTICAS: são as áreas que oferecem um risco elevado de transmissão de infecção, seja devido ao estado de imunossupressão do paciente, seja devido às características invasivas dos procedimentos ali realizados. São exemplos de áreas críticas: Unidade de Hemodiálise, Unidade de Terapia Intensiva, Unidade de tratamento de queimados, berçários de alto risco, salas cirúrgicas, laboratórios de anatomopatológico e análises clínicas, sala de necropsia e cozinha hospitalar. ÁREAS SEMICRÍTICAS: são todas as áreas ocupadas por pacientes com doenças não 75 Anotações:infecciosas ou não transmissíveis e que não precisam de cuidados intensivos, por exemplo: enfermarias, ambulatórios, central de material e esterilização, depósitos de resíduos, lavanderias. ÁREAS NÃO CRÍTICAS: são aquelas que teoricamente, não apresentam risco de contaminação ou transmissão de infecção, podemos citar as áreas administrativas como almoxarifado, recepção, manutenção, corredores e áreas externas. RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE Mesmo com a evolução histórica e os avanços nas práticas de assistência à saúde, a tecnologia não conseguiu eliminar a geração de resíduos sóli- dos oriundos dos serviços de saúde. Apesar de to- dos os avanços, esses resíduos apresentam-se ain- da como uma realidade incontestável e seu correto gerenciamento se torna imprescindível para a ga- rantia da qualidade de vida da população e preser- vação do meio ambiente. De acordo com a resolução da Direforia Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) nº 222/2018, dentre os resíduos sólidos gerados, destacamos os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS), definidos como substân- cias que possuem grande grau de perigo, deman- dando assim, um manejo diferenciado desde a segregação até a disposição final. Diante das características infectantes e específicas, os RSS representam um grande risco para a saúde dos profissionais que os manipulam, necessitando estes de um amplo conhecimento em relação ao manejo adequado e sua composição. O 76 Anotações: correto gerenciamento dos resíduos do serviço de saúde é fundamental para garantir a qualidade da saúde pública. A Resolução da Diretoria Colegiada, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) RDC nº 222 de 28 de março de 2018 normatiza o Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde (RSS). O gerenciamento de resíduos de serviços de saúde é dividido em grupos. A RDC 222/2018 de 22 de março de 2018 classifica esses resíduos em cinco grandes grupos, de acordo com suas características infectantes: GRUPO A: são resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção. Está dividido em 5 subgrupos (A1, A2, A3, A4 e A5). GRUPO A: são resíduos com a possível pre- sença de agentes biológicos que, por suas carac- terísticas, podem apresentar risco de infecção. Está dividido em 5 subgrupos (ANVISA, 2018). SUBGRUPO A1: culturas e estoques de mi- cro-organismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os medicamentos hemoderivados; descarte de vacinas de micror- ganismos vivos, atenuados ou inativados; meios de cultura e instrumentais utilizados para trans- ferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética. SUBGRUPO A2: carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como suas forrações e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, 77 Anotações:que foram submetidos ou não a estudo anatomopatológico, ou confirmação diagnóstica (ANVISA, 2018). SUBGRUPO A3: peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou seus familiares (WEDLER, 2017). SUBGRUPO A4: kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados. Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico- hospitalar e de pesquisa, entre outros similares; sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham nem sejam suspeitos de conter agentes classe de risco 4 nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante, ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido, ou com suspeita de contaminação com príons; resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo; recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, sem presença de sangue ou líquidos corpóreos na forma livre; peças anatômicas (órgãos e tecidos), incluindo a placenta, e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação diagnóstica; cadáveres, carcaças, 78 Anotações: peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos; bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós transfusão.
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