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Território Nacional e a Lei Penal

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Art. 5°. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
1. O Código adotou o princípio da territorialidade como regra sobre a eficácia espacial da lei penal. 
2. Território aqui se refere a território jurídico, que abrange todo o espaço que o Estado exerce a sua soberania. Inclui:
· solo ocupado pela corporação política, sem solução de continuidade e com limites reconhecidos; 
· regiões separadas do solo principal; 
· rios, lagos e mares interiores; 
· golfos, baías e portos; 
· parte que o Direito Internacional atribui a cada Estado, sobre os mares, lagos e rios contíguos; 
· a faixa de mar exterior, que corre ao longo da costa e constitui o “mar territorial”; 
· espaço aéreo;
· navios e aeronaves, conforme circunstâncias a seguir indicadas.
3. Os rios podem ser nacionais ou internacionais. Os internacionais, quando constitui limite entre países, se pertence a um dos estados, a fronteira passará pela margem oposta. E se pertence aos dois Estados? Nesse caso, há duas soluções: 
a) a divisa pode passar por uma linha determinada pela equidistância das margens, linha mediana do leito do rio; 
b) a divisa pode passar por uma linha que acompanhe a de maior profundidade da corrente (talvegue).
4. E se o rio é comum aos dois países? É indiviso, exercendo cada Estado soberania sobre ele.
5. Não havendo disposição em contrário, o limite num lago ou lagoa, que separa dois ou mais Estados, é determinado pela linha da meia distância entre as margens.
6. O que se entende por mar territorial? Atualmente, por força do disposto no art. 1º da Lei n. 8.617, de 4 de janeiro de 1993, o mar territorial do Brasil abrange uma faixa de 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir do baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro. 
7. Quanto aos navios, podem ser públicos ou privados. Navios públicos são os vasos de guerra, os em serviços militares, em serviços públicos (polícia marítima, alfândega etc.), e os postos a serviço de soberanos, chefes de Estado ou representantes diplomáticos. Navios privados são os mercantes, de recreio etc.
8. É competente a nossa justiça apreciar os crimes cometidos nos navios públicos.
9. Com relação aos navios privados, quando em alto-mar, seguem a lei da bandeira que ostentam. Quando em portos estrangeiros, ou em mares territoriais estrangeiros, seguem a lei do país em que se encontram (art. 5º, § 1º, 2ª parte).
Art. 5°, § 1º. Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.  
Art. 5°, § 2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
10. Onde deve ser processado o marinheiro que, pertencendo a navio público, desce em porto de outro Estado e pratica um crime? Se desceu a serviço do navio, fica sujeito à lei penal da bandeira por este ostentada. Se desceu por motivo particular, fica sujeito à lei local (diz Basileu Garcia).
11. Quanto ao domínio aéreo, há três teorias:
· da absoluta liberdade do ar; 
· da absoluta soberania do país subjacente; 
· da soberania até a altura dos prédios mais elevados do país subjacente. 
12. A segunda foi a adotada entre nós (CBA, Lei n. 7.565, de 19-12-1986, art. 11; Lei n. 8.617, de 4-1-1993, art. 2º).
13. As aeronaves podem ser públicas ou privadas, aplicando-se-lhes os mesmos princípios expostos quanto aos navios (CP, art. 5º, §§ 1º e 2º).
Referências: 
JESUS, Damásio de. Parte geral – arts. 1 ao 120 do CP. Vol 1. Atualizador: André Estefam. 37 ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020

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