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Tecnologias Assistivas- aula 06

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AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Simone Schemberg 
 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Caro aluno, como você tem percebido até aqui, o contexto das Tecnologias 
Assistivas (TA) é repleto de possibilidades. A capacidade do ser humano de 
buscar alternativas e maneiras de adaptar-se a novas situações pode ser 
percebida quando caminhos indiretos são utilizados para a superação das 
limitações. 
É assim que se configuram os recursos de Comunicação Alternativa e 
Aumentativa (CAA), uma área das TA que traz meios possibilitadores de 
interação, acessibilidade, inclusão e equiparação de oportunidades. Assim, o 
conhecimento acerca dessa área e dos recursos disponíveis e possíveis é 
fundamental no processo de inclusão e desenvolvimento de sujeitos com 
dificuldades na comunicação, considerando ainda que esta é um aspecto 
fundamental no desenvolvimento cognitivo. 
Além disso, é primordial reconhecer a necessidade de planejar estratégias 
que ofereçam oportunidades de comunicação, promovendo a autonomia e a 
inclusão, a começar pelo meio escolar, visando à inserção social nos diversos 
contextos sociais (família, sociedade, trabalho). 
CONTEXTUALIZANDO 
Comunicar-se das mais diversas maneiras é o que possibilita nossa 
constituição como sujeitos. Tudo que aprendemos, conceituamos e construímos 
parte de uma comunicação inicial, sobretudo por meio da nossa língua, o que está 
relacionado ao desenvolvimento cognitivo. 
Assim, quando pensamos nos obstáculos e nas limitações nesse contexto, 
podemos refletir o quanto a aprendizagem, o desenvolvimento cognitivo e a 
interação social estarão comprometidos pela falta de interação a partir da 
linguagem. 
Pensando nos sujeitos que, por algum motivo, não desenvolvem a fala é 
que os recursos de comunicação alternativa surgem como possibilidades de 
acesso à comunicação, à interação e à inclusão. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – PENSANDO SOBRE OS CONTEXTOS DA COMUNICAÇÃO 
Que tal parar para pensar sobre aquelas pessoas que, por algum motivo, 
não tiveram o desenvolvimento da fala? Quais suas possibilidades de 
comunicação? Aliás, nos comunicamos somente pela fala? 
Quando nos referimos à comunicação, podemos relacionar os diversos 
signos que nos passam ideias, conceitos e sentidos. Para França (2005, p. 39), 
comunicar é um “processo social básico de produção e partilhamento do sentido 
através da materialização de formas simbólicas.”. 
Isso significa que tudo que simboliza algo é uma forma de comunicação: 
um olhar pode comunicar, assim como um gesto, um desenho etc., mas é por 
meio da nossa língua que estabelecemos grande parte dos contextos 
comunicativos, principalmente pela modalidade falada, que é predominante na 
nossa sociedade. 
A interação verbal ocupa lugar privilegiado nas interações sociais, como já 
defendido pelo filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin, pois é por meio da 
enunciação que expomos ideias, argumentamos, ordenamos, questionamos, 
dialogamos, enfim, estabelecemos sentidos na nossa comunicação com o outro. 
Para nos apropriarmos das ideias de Bakhtin em torno da interação verbal, 
vamos refletir sobre esse conceito, já pensando nos contextos que envolvem a 
comunicação humana: 
Qualquer enunciação, por mais significativa e completa que seja, 
constitui apenas uma fração de uma corrente de comunicação verbal 
ininterrupta (concernente à vida cotidiana, à literatura, ao conhecimento, 
à política, etc.). Mas essa comunicação verbal ininterrupta constitui, por 
sua vez, apenas um momento na evolução contínua, em todas as 
direções, de um grupo social determinado. Um importante problema 
decorre daí: o estudo das relações entre a interação concreta e a 
situação extralinguística – não só a situação imediata, mas também, 
através dela, o contexto social mais amplo. Essas relações tomam 
formas diversas, e os diversos elementos da situação recebem, em 
ligação com uma ou outra forma, uma significação diferente (assim, os 
elos que se estabelecem com os diferentes elementos de uma situação 
de comunicação artística diferem dos de uma comunicação científica). A 
comunicação verbal não poderá jamais ser compreendida e explicada 
fora desse vínculo com a situação concreta. A comunicação verbal 
entrelaça-se inextricavelmente aos outros tipos de comunicação e 
cresce com eles sobre o terreno comum da situação de produção. Não 
se pode, evidentemente, isolar a comunicação verbal dessa 
comunicação global em perpétua evolução. Graças a esse vínculo 
concreto com a situação, a comunicação verbal é sempre acompanhada 
por atos sociais de caráter não verbal (gestos do trabalho, atos 
simbólicos de um ritual, cerimônias, etc.), dos quais ela é muitas vezes 
apenas o complemento, desempenhando um papel meramente auxiliar 
(Bakhtin, 1986, p. 91). 
 
 
4 
Podemos, então, atribuir às interações verbais, que se dão por meio da 
comunicação, papel fundamental na construção de significados e conceitos, 
manifestando-se em nossa língua. 
Se você já conheceu um pouco sobre a área da surdez, observou que os 
surdos fazem uso da Língua de Sinais (no Brasil, Língua Brasileira de Sinais – 
Libras) para se comunicar, ou seja, há uma língua a ser compartilhada que 
promove a interação. 
Mas e no caso de outras deficiências que afetam a capacidade linguística, 
como, por exemplo, a paralisia cerebral, os Transtornos Globais do 
Desenvolvimento (TGD), além de outros transtornos da linguagem, ou até mesmo 
de uma sequela como as ocasionadas por Acidente Vascular Cerebral (AVC)? É 
possível alguma forma de comunicação? Mais que isso, como é possível que se 
estabeleça a interação para a constituição do desenvolvimento como sujeito 
social? 
É assim que se pode referir os meios culturais artificiais produzidos pelo 
homem, como é o caso dos recursos de CAA, que surgem como forma de 
possibilitar a interação, a comunicação e um lugar social aos sujeitos que, por 
algum motivo, não podem desenvolver a fala. 
TEMA 2 – COMUNICAÇÃO, LINGUAGEM E DESENVOLVIMENTO 
Antes de tratarmos da CAA, é importante pensarmos sobre os termos 
comunicação e interação linguística, conforme ilustrado na Figura 1: 
Figura 1 – Comunicação x interação linguística 
 
Créditos: Vladgrin/Shutterstock. 
 
 
5 
Ao discutir as funções da linguagem, é possível atribuir função 
comunicativa e função cognitiva. Como afirma Vigotsky (2001, p. 12), “para 
comunicar alguma vivência ou algum conteúdo da consciência a outra pessoa não 
há outro caminho a não ser a inserção desse conteúdo numa determinada classe, 
em um grupo de fenômenos, e isto, como sabemos, requer necessariamente 
generalização.”. 
Ou seja, comunicar implica atribuir significado a algo. Quando falamos em 
generalização, referimo-nos aos conceitos que estabelecemos na comunicação. 
No entanto, posso me comunicar de diversas formas, mas só posso interagir 
linguisticamente por meio da linguagem estruturada, isto é, da língua. Assim, a 
aquisição de conceitos é fundamental e os sentidos na comunicação, que 
permitem a interação, só são possíveis conforme ocorrem as relações com o outro 
e a evolução dessas relações. 
Vigotsky tratou de discutir a diferença entre significado e sentido, o que nos 
faz repensar o trabalho com a linguagem. Vamos considerar um exemplo prático: 
no ensino, quando se trabalha com o significado de uma palavra, fora de uma 
prática social de seu uso, não se estará trazendo os sentidos para ela/dela. O 
significado por si só é estável, enquanto o sentido é instável e dinâmico. Um 
mesmo significado pode ter vários sentidos: 
Em contextos diferentes [sic] a palavra muda facilmente de sentido. O 
significado, ao contrário, é um ponto imóvel e imutável que permanece 
estável em todas as mudanças de sentido da palavra em diferentes 
contextos. Foi essa mudança de sentido que conseguimos estabelecer 
como fato fundamental na análise semânticada linguagem. (Vigotsky, 
citado por Barros et al., 2009, p. 179) 
Então, assim como defendem Barros et al. (2009, p. 179), “O ‘sentido’ se 
produziria nas práticas sociais, através da articulação dialética da história de 
constituição do mundo psicológico com a experiência atual do sujeito.”. Isso 
justifica os aspectos de contexto, cultura e sociedade defendidos atualmente em 
relação ao ensino, pensando para além do significado por si só. 
É por isso que, ao tratar dos recursos de CAA, é importante que estes 
estejam inseridos em um contexto, para que se possa dar sentidos, além do 
significado do que se pretende comunicar, levando em conta os contextos em que 
estarão sendo utilizados. 
Essa perspectiva implica dizer que o profissional deve se atentar às formas 
de uso dessa tecnologia, considerando contextos significativos, e não propostas 
isoladas e sem função. Ou seja, inserir o uso desses recursos em práticas de uso 
 
 
6 
social, partindo de situações de uso real, para que a comunicação possa se 
estabelecer, também, em contextos significativos e de interação. 
Outro ponto a ser considerado no desenvolvimento é a mediação. Quando 
abordamos as diversas tecnologias, estas também serão mediadoras da 
linguagem e, consequentemente, da aprendizagem. Entretanto, os outros 
mediadores, os pais, o professor ou outros profissionais, atuarão como sujeitos 
determinantes na construção dos sentidos por meio da mediação. 
TEMA 3 – DÉFICITS NA COMUNICAÇÃO 
Os déficits na comunicação podem ser ocasionados por diversos fatores: 
deficiência, como deficiência motora da fala; transtornos, como é o caso do 
espectro autista; lesões cerebrais, quando ocorre um AVC, que afeta a área da 
linguagem; e distúrbios de linguagem, como a dislexia. 
Esses déficits podem ou não acarretar comprometimento linguístico, sendo 
de maior ou menor grau. Uma pessoa pode apresentar um déficit na fala, mas ter 
uma língua constituída, enquanto outras podem ter comprometimento num nível 
linguístico mais amplo, na aquisição da língua. 
Vejamos como um déficit pode se manifestar em um desses casos: 
Em relação à área de Linguagem e Comunicação, o autismo apresenta 
diversos déficits, seja na comunicação não verbal, com ausência, por 
exemplo, de intercâmbios corporais expressivos, seja na comunicação 
verbal, com a falta de intercâmbios coloquiais, falas não ajustadas ao 
contexto, repetitivas ou ecolálicas como exemplos mais recorrentes. 
Para Jordan e Powell (1995), os elementos da fala de um sujeito com 
autismo que a tornam estranha, não produtiva, monótona e com 
entonação não usual são: a) a dificuldade de utilizar os pronomes 
adequadamente, especialmente na inversão pronominal; b) a repetição 
de perguntas que já foram respondidas ou de frases prontas, num 
processo ecolálico mediato; c) o entendimento literal de metáforas ou 
gírias idiomáticas e d) a dificuldade no uso das abreviações predicativas. 
[...] pessoas com autismo se comunicam e utilizam a linguagem de forma 
peculiar, não somente com relação à sintaxe e à gramática, que em geral 
quando adquiridas são utilizadas corretamente, mas com relação à 
semântica e à pragmática da comunicação. Nesses casos, sistemas de 
comunicação alternativa podem auxiliar os sujeitos com autismo a 
desenvolver uma comunicação significativa. 
[...] 
Dado o impacto que o desenvolvimento da linguagem tem na formação 
humana, sujeitos que apresentam déficits na comunicação podem se 
beneficiar muito com o uso de sistemas de CA, extrapolando o caráter 
meramente instrumental, com enfoque no desenvolvimento de 
habilidades para uso intencional de símbolos linguísticos que auxiliem 
na comunicação verbal. (Passerino; Bez, 2015, p. 24-30-31) 
É diante desses déficits que os recursos de CAA irão atuar para possibilitar 
a comunicação. 
 
 
7 
TEMA 4 – COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA: CONCEITO 
A comunicação alternativa faz parte da área de TA, de modo a 
complementar, suplementar ou proporcionar meios para que ocorra a 
comunicação por meio de ajudas técnicas. Assim, tem como foco possibilitar 
alternativas para que os sujeitos com déficits na comunicação possam 
desenvolver autonomia frente às situações de interação social. 
Nesse sentido, a comunicação alternativa é o “conjunto de procedimentos 
técnicos e metodológicos direcionado a pessoas acometidas por alguma doença, 
deficiência, ou alguma outra situação momentânea que impede a comunicação 
com as demais pessoas por meio dos recursos usualmente utilizados, mais 
especificamente a fala.” (Manzini; Deliberato, 2006, p. 4). Visa, então: 
compensar as perdas e facilitar, permanentemente ou não, danos ou 
incapacidades de indivíduos com perturbações expressivas de 
compreensão e comunicação (gestual, falada e / ou escrita). É uma área 
de pesquisa clínica, educacional e prática, e, acima de tudo, um conjunto 
de procedimentos e processos que visam maximizar a comunicação, 
complementando ou substituindo a fala e/ou a escrita (Cesa; Mota, 2015, 
p. 264, tradução nossa). 
Portanto, tem o intuito de ampliar ou, em muitos casos, possibilitar a 
comunicação, de modo a utilizar recursos que proporcionem autonomia ao sujeito, 
levando em conta o desenvolvimento das habilidades comunicativas relacionados 
tanto à fala quanto à escrita. 
A área da tecnologia assistiva que se destina especificamente à 
ampliação de habilidades de comunicação é denominada de 
Comunicação Alternativa (CA). A comunicação alternativa destina-se 
a pessoas sem fala ou sem escrita funcional ou em defasagem entre sua 
necessidade comunicativa e sua habilidade de falar e/ou escrever. 
A CA pode acontecer sem auxílios externos e, neste caso, ela valoriza a 
expressão do sujeito, a partir de outros canais de comunicação 
diferentes da fala: gestos, sons, expressões faciais e corporais podem 
ser utilizados e identificados socialmente para manifestar desejos, 
necessidades, opiniões, posicionamentos, tais como: sim, não, olá, 
tchau, banheiro, estou bem, sinto dor, quero (determinada coisa para a 
qual estou apontando), estou com fome e outros conteúdos de 
comunicação necessários no cotidiano. (O que..., [S.d.], grifo do original) 
Convém esclarecer os termos que podemos encontrar nessa área aqui no 
Brasil: alternativa, suplementar ou ampliada/aumentativa. Eles estão relacionados 
à função que os recursos assumem – alternativa, quando não há outra forma de 
comunicação; suplementar ou ampliada, quando a forma de comunicação 
utilizada é insuficiente. Podem dividir-se em apoiada e não apoiada, conforme 
explicado no Quadro 1: 
 
 
8 
Quadro 1 – Comunicação alternativa/suplementar/ampliada/aumentativa apoiada 
e não apoiada 
APOIADA NÃO APOIADA 
Modos de comunicação com expressão 
linguística na forma física e fora do corpo do 
usuário 
 
Expressões próprias do sujeito 
Objetos reais, miniaturas de objetos, 
pranchas de comunicação, sistemas 
computadorizados 
 
Expressão facial, sinais, manuais, 
movimentos, gestos, piscar de olhos 
Recursos adaptados 
Quanto aos elementos necessários na comunicação alternativa, Browing 
(citado por Santarosa, 2010, p. 322) aponta os seguintes: “Símbolos: gestos, 
vocalização, sinais, fotos, imagens; Recursos: prancha, álbum, software, 
vocalizador, preditores de texto, etc; Técnicas: apontar, acompanhar, segurar, 
escanear, etc.; Estratégias: uso em histórias de faz de conta, brincadeira, 
imitações etc.”. 
TEMA 5 – COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA: TIPOS 
Quando falamos em tecnologias, logo pensamos em recursos altamente 
desenvolvidos ou industrializados. Porém, como você já pôde perceber, as 
tecnologias estão relacionadas com os artefatos culturais produzidos para 
solucionar problemas e proporcionar melhor qualidade de vida, que vão desde 
aqueles mais simples, como uma roda, até os mais sofisticados, como um 
aparelho celular. 
Isso também acontece com os recursos de CAA, que podem ser mais 
simples, como uma ficha produzida manualmentepara estabelecer a 
comunicação, ou mesmo um programa de computador. O uso da comunicação 
alternativa dependerá da necessidade específica do sujeito. 
 
 
9 
Assim, os tipos de comunicação alternativa dividem-se em recursos de 
baixa tecnologia e de alta tecnologia. 
5.1 Recursos de baixa tecnologia 
Os recursos de baixa tecnologia dizem respeito àqueles com caráter de 
confecção caseira. Podem ser produzidos a partir do uso de fotografias, desenhos 
e imagens, ou mesmo confeccionados em papel ou cartolina. Como exemplo 
temos as Pictures Exchange Communication Sistem (Pecs), um sistema de 
comunicação por meio de trocas de figuras. 
Vejamos como esse sistema funciona: 
PECS* - Sistema de comunicação através da troca de figuras 
O PECS foi desenvolvido para ajudar crianças e adultos com autismo e 
com outros distúrbios de desenvolvimento a adquirir habilidades de 
comunicação. 
O sistema é utilizado primeiramente com indivíduos que não se 
comunicam ou que possuem comunicação [sic] mas a utilizam com baixa 
eficiência. 
O nome PECS significa “sistema de comunicação através da troca de 
figuras”, e sua implementação consiste, basicamente, na aplicação de 
uma sequência de seis passos. 
O PECS visa ajudar a criança a perceber que através da comunicação 
ela pode conseguir muito mais rapidamente as coisas que deseja, 
estimulando-a assim a comunicar-se, e muito provavelmente a diminuir 
drasticamente problemas de conduta. 
Tem sido bem aceito em vários lugares do mundo, pois não demanda 
materiais complexos ou caros, é relativamente fácil de aprender, pode 
ser aplicado em qualquer lugar e quando bem aplicado apresenta 
resultados inquestionáveis na comunicação através de cartões em 
crianças que não falam, e na organização da linguagem verbal em 
crianças que falam, mas que precisam organizar esta linguagem. (Mello, 
2007, p. 39) 
A seguir, temos exemplos de pranchas que foram produzidas no contexto 
da Sala de Recursos Multifuncional, no Atendimento Educacional Especializado 
(AEE) para alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) – Figuras 2, 3 e 4. 
Observe que, na Figura 2, focou-se a comunicação em torno da rotina da criança, 
de forma que, ao apontar, pode manifestar seu desejo. 
 
 
10 
Figura 2 – Prancha de comunicação produzida por profissional da Sala de 
Recursos Multifuncionais no AEE para aluno com TEA 
 
Crédito: Simone Schemberg. 
Figura 3 – Criança utilizando a PEC para estabelecer a comunicação 
 
Crédito: Simone Schemberg. 
 
 
11 
Figura 4 – Aluno confeccionando sua própria PEC 
 
Crédito: Simone Schemberg. 
Já neste outro modelo ilustrado na Figura 5, foram coletadas imagens da 
internet para a produção da PEC: 
Figura 5 – PEC produzida com imagens coletadas na internet 
 
Crédito: Shutterstock. 
 
 
12 
Cabe destacar que devem ser estabelecidos objetivos prévios para a 
produção de uma PEC, tendo em vista o que se pretende focar e desenvolver na 
comunicação, sempre dentro de contextos significativos de uso da linguagem. 
Como você pôde verificar, é possível, a partir da percepção acerca da 
necessidade específica da criança, produzir recursos com baixo custo para 
efetivar a comunicação. Vale lembrar que o intuito é promover a autonomia, ou 
seja, deve-se mediar a aprendizagem do sujeito acerca do uso desses recursos 
com funcionalidade, estendendo-se para contextos além do ambiente escolar, 
como o familiar, atendimentos psicopedagógicos, entre outros. 
5.2 Recursos de alta tecnologia 
Quanto aos recursos de CAA de alta tecnologia, temos os softwares e 
teclados especiais, que podem ser utilizados de diferentes formas. Em sua 
maioria, têm custos e são importados, porém, alguns podem ser encontrados de 
forma gratuita e com produção nacional. 
De acordo com Garcia e Fernandez (citados por Santarosa, 2010), há pelo 
menos três propostas de programas, que visam o desenvolvimento de estratégias 
linguísticas, o desenvolvimento da fala e o desenvolvimento para aprendizagem 
de outros sistemas de comunicação. 
Os programas para o desenvolvimento de estratégias linguísticas são 
de caráter educativo, adaptados às necessidades da criança, e permitem a 
aprendizagem individualizada. Um exemplo são os softwares educacionais com 
atividades de alfabetização, tarefas de associação, leitura e escrita. 
Dica de estudo 
Explore os softwares educativos da Turma da Mônica (disponível em 
<http://www.sitededicas.com.br/software_jogo_memoria.htm>) e HagaQuê 
(disponível na página 
<http://www.nied.unicamp.br/?q=content/hag%C3%A1qu%C3%AA>). 
Quanto aos programas para o desenvolvimento da fala, existem os 
sintetizadores de voz, como leitores de tela e equipamentos portáteis especiais, 
chamados vocalizadores. Um exemplo são as pranchas disponíveis como 
aplicativos de celular, as quais, quando acionadas, reproduzem os nomes do que 
se selecionou (Figura 6). 
 
 
 
13 
Figura 6 – Screenshot de uma tela do aplicativo Let Me Talk em execução 
 
O Let Me Talk é um aplicativo gratuito para celular que apoia a 
comunicação e vocaliza as informações requeridas pelo sujeito. Para conhecê-lo 
melhor, que tal instalá-lo no seu aparelho celular (está disponível em 
<www.letmetalk.info>) e explorá-lo? Além desse, há outros aplicativos 
disponíveis, então vale fazer uma busca e refletir sobre as diferentes 
possibilidades de uso. 
Os programas de desenvolvimento para aprendizagem de outros 
sistemas de comunicação estão relacionados à CAA propriamente dita e 
envolvem a combinação de símbolos para estabelecer a comunicação. Um 
exemplo são os softwares para a produção de pranchas de comunicação, como o 
Boardmaker (Figura 7). 
 
 
 
14 
Figura 7 – Boardmaker 
 
De acordo com o Manual do Usuário (Mayer-Johnson, 2011), trata-se de 
um “programa de desenho combinado com uma base de dados gráficos que 
apresenta mais de 4.500 Símbolos de Comunicação Pictórica (Picture 
Communication Symbols – PCS).”. 
É importante ter em mente que o uso desses recursos deve ser ampliado 
para além do contexto escolar, estendendo-se ao âmbito familiar, laboral, enfim, 
aos diversos contextos sociais. Para isso, o trabalho em rede é fundamental: 
família e escola devem estar em harmonia. 
Além disso, conforme pontuado por Santarosa (2010, p. 336), é preciso 
“planejar estratégias adequadas para implantar um sistema de CAA que 
realmente ofereça oportunidade de comunicação”, daí importância de os 
profissionais envolvidos conhecerem profundamente essa área e saberem aplicar 
os recursos de forma competente e funcional. 
 
 
 
15 
FINALIZANDO 
Recapitulando o que vimos nesta aula, os recursos de CAA oferecem a 
oportunidade aos sujeitos com limitações na comunicação quanto à autonomia, à 
interação, à aprendizagem e à inclusão. Entretanto, devem estender-se a outros 
meios sociais, além da escola. 
Os sistemas de CAA devem: 
• fazer parte do cotidiano; 
• partir das necessidades específicas de cada sujeito; 
• partir de um planejamento e ter objetivos claros; 
• propiciar o desenvolvimento das potencialidades; 
• ampliar as possibilidades, não encerrando-se em si só, mas visando à 
capacidade de desenvolvimento. 
Saiba mais 
Texto de abordagem teórica 
PASSERINO, L. M.; BEZ, M. R. Sobre comunicação e linguagem. In: _____. 
Comunicação Alternativa: mediação para uma inclusão social a partir do Scala. 
Passo Fundo: Editora de Passo Fundo, 2015. p. 20-33. Disponível em: 
<https://www.ufrgs.br/teias/wp-
content/uploads/2018/04/Comunicao_alternativa_SCALA_PDF.pdf>. Acesso em: 
10 ago. 2021. 
Texto de abordagem prática 
MANZINI, E. J.; DELIBERATO, D. Portal de ajudas técnicas para educação – 
equipamento e material pedagógico especial para educação, capacitação e 
recreação da pessoa com deficiência física: recursos para comunicação 
alternativa. 2. ed. Brasília: MEC; SEESP, 2006. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ajudas_tec.pdf>. Acessoem: 6 jul. 
2018. 
Saiba mais 
Para refletir sobre os déficits na comunicação e as possibilidades de 
desenvolvimento da linguagem a partir de outros recursos, assista ao filme 
 
 
16 
indicado abaixo, observando atentamente os aspectos da mediação e o 
desenvolvimento das potencialidades por meio do desenvolvimento cultural. 
O ESCAFANDRO e a Borboleta. Direção: Julian Schnabel. EUA; França: 2007. 
111 min. 
Seguem também algumas sugestões de site sobre o assunto: 
ASSISTIVA TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO. Disponível em: 
<http://www.assistiva.com.br/ca.html>. Acesso em: 6 jul. 2018. 
SCALA. Disponível em: <http://scala.ufrgs.br/siteScala/projeto/?q=node/9>. 
Acesso em: 10 ago. 2021. 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
BAKHTIN, M. (V. N. Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas 
fundamentais do Modelo Sociológico na Ciência da Linguagem. Tradução de Michel 
Lahud e Yara Frateschi Vieira com a colaboração de Lúcia Teixeira Wisnik e Carlos 
Henrique D. Chagas Cruz. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1986. 
BARROS, J. P. P. et al. O conceito de “sentido” em Vygotsky: considerações 
epistemológicas e suas implicações para a investigação psicológica. Psicologia & 
Sociedade, Florianópolis, v. 21, n. 2, p. 174-181, ago. 2009. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
71822009000200004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 6 jul. 2018. 
CESA, C. C.; MOTA, H. B. Augmentative ane alternative communication: scene of 
brazilian journal. Revista CEFAC, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 264-269, jan./fev. 2015. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v17n1/en_1982-0216-rcefac-17-
01-00264.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2018. 
FRANÇA, V. V. O objeto da comunicação/a comunicação como objeto. In: 
HOHLFELT, A.; MARTINO, L. C.; FRANÇA, V. V. (Org.). Teorias da comunicação: 
conceitos, escolas e tendências. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2005. p. 39-60. 
MANZINI, E. J.; DELIBERATO, D. Portal de ajudas técnicas para educação – 
equipamento e material pedagógico especial para educação, capacitação e 
recreação da pessoa com deficiência física: recursos para comunicação 
alternativa. 2. ed. Brasília: MEC; SEESP, 2006. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ajudas_tec.pdf>. Acesso em: 6 jul. 
2018. 
MAYER-JOHNSON. Família de Programas Boardmaker – Manual do Usuário. 
2011. Disponível em: 
<http://www.clik.com.br/Manual_do_Usu%C3%A1rio_BMSDP.pdf>. Acesso em: 6 
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MELLO, A. M. S. R. de. Autismo: Guia Prático. Colaboração de Marialice de Castro 
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