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A UNIVERSIDADE NO SÉCULO XXI A característica do final do século XX envolve grandes transformações sociais, principalmente pela Revolução Digital, pelo surgimento da rede eletrônica que modificou completamente as relações humanas. O modelo educacional que vem sendo aplicado, o papel da universidade e suas formas de operação começam a ser questionadas frente à exigência de uma sociedade mais aberta e competitiva, envolvida em redes globais de comunicação, alta expansão do conhecimento e novas formas de trabalho e relacionamentos. As interferências no ensino superior vindas dessas mudanças do final do século XX e início do XXI provocarão transformações que vão conduzir a educação para a formação de indivíduos conectados em um contexto mundial de distâncias diminuídas onde a informação e o acesso à mesma se processam de forma instantânea e sem fronteiras. As mudanças na educação superior relacionadas a vários processos, entre eles estão a aplicação da tecnologia digital à vida acadêmica; a mobilidade real e virtual de estudantes e professores frente à nova tendência da educação de internacionalização do ensino superior preparando profissionais “sem fronteiras”; formação permanente e integral como um processo contínuo , sem limites de idade; dinâmica incorporação científico- tecnológica ao ensino proveniente das transformações do próprio mercado de trabalho e exigências do contexto da sociedade digital. Chauí (2003) apresenta uma visão mais cuidadosa e crítica. A mesma autora está preocupada com como se dará essa formação do indivíduo frente às mudanças referidas. A relação do ensino com a rapidez da informação e com o tipo de profissional que o mercado hoje exige pode fazer com que as mudanças aconteçam de maneira pouco reflexiva, o que ocasionará transformações mascaradas e desvinculadas resultando em um ensino que oferece muita informação, prejudicando o pensamento crítico e de reflexão intelectual. A autora considera a universidade atual como “operacional” devido ao desvirtuamento da concepção original, pelo qual passou de instituição social à organização prestadora de serviços demanda do mercado. Regida por contratos de gestão, avaliada por índices de produtividade, calculada para ser flexível, a universidade operacional está estruturada por estratégias e programas de eficácia organizacional Segundo Santos, essa crise inicia-se ainda na fase do capitalismo liberal quando se passa a exigir formas de conhecimento técnico, criando a ideia de universidade reactiva, ou seja, voltada para o atendimento das necessidades imediatas do mercado. O autor nos mostra que há três tipos de crises em que as universidades estão passando e há uma analise do quadro critico das universidades: Crise de hegemonia (perde o poder): onde o papel universitário é hoje em dia de apenas formar mão de obra qualificada para o mercado de trabalho . A primeira apresenta as contradições vindas das funções tradicionais da universidade com as exigências que lhe foram atribuídas ao longo do século XX. De um lado o pensamento crítico, produção de alta cultura, conhecimentos científicos e humanísticos originados nos primórdios da universidade na Idade Média, mais voltados para a elite da sociedade com acesso limitado de outras classes. De outro, a produção de conhecimentos técnicos para a qualificação de mão-de-obra para o princípio a sociedade enquanto a organização se refere a ela mesma num processo de competição para atingir objetivos particulares. (CHAUÍ, 2003). Segundo Santos e Almeida Filho (2008) foi a incapacidade que a universidade apresentou de lidar com essas funções contraditórias que fez com que o Estado e os agentes econômicos buscassem outros meios para seus objetivos fazendo com que a universidade passasse a não ser mais a única instituição comprometida com o ensino e a pesquisa, gerando em si mesma uma crise de hegemonia da educação. · Crise de legitimidade: universidade pública não acolhe a todos. A crise da legitimidade é caracterizada por outra contradição entre a hierarquia de saberes especializado com restrições de acesso das classes populares e as exigências sociais e políticas da democratização da universidade com acesso a todos. A crise de hegemonia gera a crise da legitimidade que põe em xeque os destinatários e a própria aceitabilidade do conhecimento pela sociedade, inicia-se quando se torna socialmente visível que a educação superior e a alta cultura são prerrogativas das classes superiores e passa-se a questionar para quem e para quê serve o conhecimento produzido pela universidade? · Crise institucional: há perda da autonomia universitária pública pelos cortes de verba e descapitalização das universidades. E a crise institucional acontece pela falta de identidade, autonomia e estrutura organizacional, nela repercutindo tanto a crise de hegemonia, como a crise de legitimidade. A crise institucional resulta da contradição entre as próprias reivindicações de autonomia da universidade para rever seus valores e objetivos frente à pressão das transformações sociais e exigência de critérios de eficácia e produtividade de “natureza empresarial ou de responsabilidade social” (SANTOS; ALMEIDA FILHO, 2008). Ou seja, a definição de “universidade operacional” de Marilena Chauí (2003). Segundo o autor considera o neoliberalismo como o pivô da perda de prioridade ensino superior, pois a procura de mão-de-obra rápida fez com que o governo investisse em cursos técnicos profissionalizantes e deixasse de investir na universidade pública. O autor diz que o neoliberalismo trouxe a ideia de que a universidade pública é irreformável e que a universidade privada tomou o seu lugar (pag. 54). No passo em que a privada se adaptou ao mercado e que por isso ascendeu e pública entrou em declínio. Pois as empresas ‘injetam’ verbas na universidade privada tornando-as empresas e por isso havendo um favorecimento e desfavorecendo a universidade pública. O autor nos aponta quais são os ‘protagonistas’ que poderão buscar uma solução eficaz para a crise que a educação pública vive: · Primeira protagonista: A própria universidade pública, providas de alternativas realistas de mudanças; · Segundo protagonista: Estado Nacional, quando este optar politicamente pela globalização solidária da universidade; · Terceiro protagonista: Cidadãos individualmente ou coletivamente organizados, que tenham interesse em estabelecer relações de cooperação entre as universidades públicas e os interesses sociais que a representam. Propostas de reformas para melhorar a universidade: · Atendimento das demandas sociais pela democratização radical da universidade · Deve-se refletir o projeto de pais · Envolvimento com as questões sociais · Enfrentar o novo com o novo · Luta pela definição da universidade Legitimidade: · Ensino, pesquisa e extensão devem definir o que é uma universidade; · Acesso: atualmente muito focada somente através de vestibulares; · Promover parceria com escolas públicas; · Criação de mais medidas afirmativas; · Extensão: participação ativa na construção da coesão social, ou seja, de fora para dentro da universidade; · Luta contra a exclusão social · Degradação ambiental · Defesa da diversidade cultural · Bolsas para que se estude realmente de graça. Pluriuniversidade: integrar os saberes vindos da experiência que estão fora da universidade com os outros conhecimentos e inseri-los dentro da universidade
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