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CREA/PR – CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DO PARANÁ CURSO DE ENSINO À DISTÂNCIA PROGRAMA DE EXCELÊNCIA EM MANUTENÇÃO DE EDIFICAÇÕES MÓDULO 3 – AULA 13: INSPEÇÃO PREDIAL TEXTO COMPILADO POR: KEILA REGINA UEZI ENGENHEIRA CIVIL CREA 71.966/D MARINGÁ, DEZEMBRO DE 2010. SUMÁRIO 1. OBJETIVO 2. INTRODUÇÃO 3. FINALIDADE DA INSPEÇÃO PREDIAL 4. PERFIL PROFISSIONAL DO INSPETOR PREDIAL 5. ÉTICA DO INSPETOR PREDIAL 6. MARKETING DOS SERVIÇOS DE INSPEÇÃO PREDIAL 7. CONTRATAÇÃO DOS SERVIÇOS DE INSPEÇÃO PREDIAL 8. CONCEITO DE INSPEÇÃO PREDIAL 9. NORMAS E DOCUMENTOS A SEREM CONSULTADOS E ATENDIDOS 10. METODOLOGIA DA INSPEÇÃO PREDIAL 10.1 Determinação do nível de inspeção 10.2 Verificação da documentação da edificação 10.3 Obtenção de informações sobre a edificação 10.4 Inspeção dos tópicos da listagem de verificação 10.5 Classificação das anomalias e falhas 10.6 Análise das anomalias quanto ao grau de risco 10.7 Ordem de prioridades 10.8 Indicação das orientações técnicas 10.9 Classificação do estado de manutenção e uso 10.10 Recomendações gerais e de sustentabilidade 10.11 Tópicos essenciais do laudo 10.12 Responsabilidades 10.13 Fluxograma 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12. CURRÍCULO DO AUTOR 1. OBJETIVO Este texto tem como objetivo discorrer sobre a importância da realização da inspeção predial, bem como descrever seu conceito e finalidade. O texto visa também apresentar aspectos relativos ao perfil e ética do profissional inspetor, além de questões referentes ao marketing e contratação dos serviços de inspeção predial. Por fim, este trabalho aborda em especial as diretrizes, conceitos, terminologia, convenções, notações, critérios e procedimentos estabelecidos pela Norma de Inspeção Predial elaborada pelo IBAPE - Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia, aprovada em 24 de setembro de 2009. 2. INTRODUÇÃO Corriqueiramente os noticiários alertam para diversos acidentes prediais, várias com vítimas fatais, nas edificações brasileiras. Entre os acidentes estruturais mais lembrados ocorridos nas últimas décadas estão aqueles ocorridos em Guaratuba-PR (1995, Edifício Atlântico), São José do Rio Preto-SP (1997, Edifício Itália), Rio de Janeiro-RJ (1998, Edifício Palace II), Olinda- PE (1999, Edifícios Éricka e Enseada de Serrambi) e Recife-PE (2004, Edifício Areia Branca). Estes acidentes somados totalizaram dezenas de vítimas fatais e centenas de feridos. Edifício Areia Branca, antes e após o desabamento Estes e outros inúmeros acidentes prediais indicam a necessidade de conscientização da sociedade e do meio técnico sobre a importância de se inspecionar periodicamente as edificações, detectando as anomalias e falhas existentes, orientando a manutenção predial e consequentemente garantindo boas condições de segurança e utilização. A necessidade e a importância da realização de inspeções periódicas em nossas edificações se acentuam ao notarmos que nossas cidades e edificações estão em processo de envelhecimento, pois a origem do expressivo crescimento vertical ocorreu nas décadas de 1960 e 1970, ou seja, há mais de 30 anos. As experiências em cidades como Porto Alegre, Buenos Aires e Nova Iorque, onde têm sido aplicadas com sucesso leis que prevêem a inspeção e manutenção periódicas das edificações e obras-de-arte, garantiram a diminuição de acidentes com perdas humanas e a redução dos custos de intervenções corretivas. Em um manifesto público emitido após o acidente do Ed. Areia Branca, as entidades ABECE – Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural, IBAPE/SP – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo e IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto propuseram a instituição de legislação federal, estadual e municipal que tornasse obrigatória a inspeção periódica de patrimônios públicos e privados cujas estruturas estivessem sujeitas à ação agressiva do meio ambiente, e a partir do diagnóstico estas edificações recebessem as intervenções necessárias e urgentes, sendo mantidas permanentemente mediante rotinas técnicas específicas. Nesta proposição, caberia à Prefeitura local e aos Órgãos Públicos estimularem, através do uso inteligente de descontos em impostos ou multas, essa inspeção e manutenção periódicas. A implementação dessa lei também foi uma das propostas apresentadas pela AEAM – Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Maringá, em conjunto com a AMEA – Associação Maringaense dos Engenheiros Agrônomos e SENGE/PR – Sindicato dos Engenheiros no programa de contribuição e implementação de políticas públicas nos municípios, Agenda Parlamentar "O PARANÁ EM DEBATE", realizada pelo CREA/PR no ano de 2009. Entretanto o poder público caminha a passos lentos e pouco tem colaborado para a disseminação e implantação dessa relevante fiscalização técnica, sendo poucos os municípios que adotaram legislação específica para implantação da inspeção predial. 3. FINALIDADE DA INSPEÇÃO PREDIAL A inspeção predial é o check-up da edificação. A boa qualidade de uma edificação, tal qual do corpo humano, requer uma série de procedimentos para ser atingida plenamente. O caminho desta busca de qualidade, em geral, se inicia com a apuração das reais conformidades e não-conformidades, tanto para um prédio como para o ser humano, através do diagnóstico obtido pelo check-up. A finalidade do check-up predial é determinar as “doenças”, ou melhor, as anomalias e falhas de uso, operação e manutenção que prejudiquem a qualidade do prédio. Esse conhecimento é fundamental para se planejar o “tratamento predial” representado pela manutenção, visando adequar o prédio à qualidade pretendida e à garantia da durabilidade. Além dos diagnósticos técnicos, a Inspeção Predial fornece outros dados, adentrando pela análise de risco, prognósticos preliminares e recomendações, constituindo o verdadeiro retrato técnico atualizado do prédio. 4. PERFIL PROFISSIONAL DO INSPETOR PREDIAL A lista de aptidões necessárias para bem desempenhar a função é extensa, podendo-se distribuí-las em duas vertentes, a técnica e a pessoal. Como atributos técnicos indispensáveis, incluem-se a graduação em engenharia civil ou arquitetura e o registro no CREA, pois se trata de atividade exclusiva dos profissionais da área tecnológica, conforme está consignado no item 6 da norma do IBAPE/SP: 6. ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS As Inspeções Prediais deverão ser realizadas apenas por profissionais, engenheiros e arquitetos, devidamente registrados no CREA e dentro das respectivas atribuições profissionais, conforme resoluções do CONFEA, preferencialmente membros do Ibape, treinados mediante cursos específicos do Instituto, tais como o de Inspeção Predial, Engenharia Diagnóstica, Perícias em Edificações e outros. A formação técnica mínima recomenda conhecimentos e experiências nas disciplinas de Patologias de Edificações, Ensaios Tecnológicos, Técnicas de Diagnóstico, Qualidade Total, Perícias de Engenharia e Engenharia de Manutenção, sem embargo dos conhecimentos de Avaliações Imobiliárias, das normas técnicas da ABNT e legislações relativas à área imobiliária. Necessário também conhecer fotografia, pois as ilustrações fotográficas são essenciais, inclusive, como fundamentação do laudo. Conhecimentos de técnicas de administração, como planejamento estratégico, análise de risco, estatística, recursos humanos, operação em manutenção, gerência de custos e gerência de contratos terceirizados, são também necessários aos Inspetores Prediais. Importante ainda ter boasnoções de língua portuguesa, essencial para a correta elaboração dos laudos técnicos. Assim sendo, fica evidente que o rol de qualificações técnicas do profissional de Inspeção Predial requer robusta bagagem de conhecimento e larga experiência em edificações, estimando-se o mínimo de 5 anos de atividades profissionais na Engenharia Civil e Arquitetura, para se poder iniciar o trabalho com segurança e independência como Inspetor Predial. Deve-se registrar ainda que a formação do Inspetor Predial vai sendo robustecida ao longo do tempo, não só pela sua experiência, mas também pela participação do profissional em palestras, cursos, seminários, congressos, feiras e demais eventos técnicos de aperfeiçoamento profissional, bastante recomendados para o mesmo se manter atualizado. No que se refere aos atributos pessoais, destacam-se o espírito investigativo e o interesse em apurar as causas e indicar soluções para problemas técnicos em edificações, além de muita paciência para lidar com as ansiedades e incompreensões dos clientes. Além destes, outros traços de personalidade são recomendáveis, podendo-se listar os seguintes: Comunicabilidade - importante ter facilidade de comunicação e exposição de idéias, pois são necessárias palestras para exposição dos resultados da Inspeção Predial e suas recomendações. Sociabilidade – para tratar com pessoas de diversos níveis sociais e culturais. Determinação – para investigar e pesquisar, visando à confiança indispensável no próprio trabalho. Serenidade – para manter a calma em situações de conflito. Objetividade – na exposição das avaliações técnicas. Pragmatismo – para planejar e cumprir a programação. Senso de Observação – para explorar todos os fatos técnicos necessários. Liderança – para bem orientar os demais membros da equipe. Disposição física – pois as vistorias exigem vigor. Desprendimento – para enfrentar situações inusitadas e improvisações. 5. ÉTICA DO INSPETOR PREDIAL A ética para os trabalhos de Inspeção Predial segue a linha daquela adotada pelos engenheiros e peritos de Engenharia, destacando-se a honestidade, a competência profissional e a imparcialidade, sem embargo dos demais comportamentos recomendados nos códigos de ética do Confea e do Ibape. Entretanto, tratando-se de atividade predominantemente extrajudicial, é importante realçar alguns aspectos: Confiabilidade – no relacionamento com o cliente, informando e orientando tudo que possa interessar para a Qualidade Predial Total. Isenção – ausência de vinculação anterior ou outros interesses com o cliente ou construtor da edificação. Independência – para a utilização da metodologia técnica mais adequada ao caso em estudo. Confidencialidade – das informações técnicas e gerais do condomínio, com exceção daquelas que possam causar danos se não forem divulgadas. Divulgação – das informações técnicas e gerais do condomínio, desde que autorizado pelo cliente. Treinamento continuado – para se manter atualizado tecnicamente. Colaboração técnica – para o desenvolvimento da profissão. Lealdade – com os colegas, principalmente nas concorrências. 6. MARKETING DOS SERVIÇOS DE INSPEÇÃO PREDIAL Tratando-se de prestação de serviço voltada principalmente para condomínios, a Inspeção Predial deve ser oferecida em condições adequadas a esse perfil de cliente. Os problemas de inadimplência e alto custo das taxas condominiais dificultam a implantação de novos serviços e outros encargos aos condomínios. Os problemas do caixa são generalizados, sendo muito raras as contratações de serviços especializados para pagamentos imediatos. Assim sendo, pode-se considerar como condição fundamental para a contratação o parcelamento do pagamento da Inspeção Predial. A condição de pagamento da Inspeção Predial também deve visar a possível continuidade dos serviços, podendo a cobrança ocorrer através de prestações mensais, em quantidade correspondente ao período intermediário das inspeções seqüenciais. Dessa forma, fica estabelecida uma continuidade permanente da atividade, devendo o condomínio contratante prever verba mensal irrisória, sem causar pesado ônus financeiro. Na média, o que se constata é que a verba necessária para a reserva financeira da Inspeção predial gira em torno de 0,08% a 0,18% da taxa condominial anual, sendo tal intervalo decorrente do número variável de unidades do condomínio. Quanto maior o número de unidades do condomínio, menor a verba necessária. Esse custo condominial é dos mais irrelevantes, se comparado a outros serviços necessários à administração condominial, tratando-se de verdadeiro investimento, pois sua importância extrapola o aspecto técnico, funcional e de qualidade da edificação, atendendo ao cumprimento de obrigação legal e normativa, além de minimizar perdas futuras de valores. A proposta do serviço deve incluir o detalhamento técnico da atividade, a relação dos tópicos do laudo, a descrição dos profissionais da equipe, além de dados sobre os documentos necessários e o planejamento dos serviços. O cálculo do orçamento da Inspeção Predial deve levar em conta, também, a eventual padronização dos prédios do empreendimento e a circunstância da atividade ser repetitiva, ou seja, o cliente é permanente, desde que satisfeito com o primeiro serviço. Importante considerar no cálculo do orçamento o fato de que a primeira inspeção predial, em geral, é sempre mais complexa, porém, as demais inspeções costumam ser mais simplificadas e rotineiras. A boa divulgação e melhor propaganda desse serviço é o próprio laudo. Quando o laudo atende ou supera as expectativas do cliente, possuindo farta ilustração fotográfica e robusta fundamentação, o mesmo se incumbe de divulgá-lo, numa corrente de propaganda espontânea e eficiente. 7. CONTRATAÇÃO DOS SERVIÇOS DE INSPEÇÃO PREDIAL A reunião anterior à contratação, em geral quando da apresentação, ou logo após a entrega da proposta ao condomínio merece cuidado especial. Deve-se evitar a apresentação da proposta ou reuniões de negociação em assembléias, pois a diversidade de interesse e os tradicionais conflitos entre os condôminos dificultam a apresentação do serviço e conseqüente contratação. O ideal é tratar com o síndico ou conselho, evitando as desgastantes e desnecessárias reuniões condominiais para tratar de assunto eminentemente técnico. A contratação, em geral, ocorre após análise da proposta fornecida pelo Inspetor Predial ao interessado. Nesse sentido, é importante que a referida proposta seja minuciosa, descrevendo os serviços e a qualificação dos profissionais que compõem a equipe, pois normalmente tal proposta será parte integrante do contrato. Recomenda-se que a contratação do serviço de Inspeção Predial se proceda através de instrumento particular. A variedade de escopos de trabalho, e também das obrigações de ambas as partes, recomenda a elaboração de contrato que contenha todas as especificações do serviço, obrigações das partes, limites de responsabilidade, preços, condições de pagamentos, prazos de entrega dos serviços e demais particularidades da inspeção predial, visando evitar posteriores desgastes por dúvidas anteriormente não esclarecidas. Além disso, recomenda-se que a descrição da edificação, a metodologia, o nível de inspeção, responsabilidade pelo fornecimento de documentos, conteúdo do laudo e demais direitos e obrigações sejam incluídos no contrato. Aspecto fundamental da contratação é o estabelecimento do nível de inspeção a ser realizado, pois implica no dimensionamento dos trabalhos e equipe necessária ao serviço. O ideal é que o contrato seja elaborado com o auxílio de advogado especializado, para contemplara maioria dos direitos e deveres do escopo visado. 8. CONCEITO DE INSPEÇÃO PREDIAL O conceito de inspeção predial tem evoluído consistente e aceleradamente. O primeiro conceito foi lançado no X Cobreap (Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias) e destacava o caráter da vistoria voltada à manutenção corretiva e preventiva. A atual norma do IBAPE/SP define o seguinte no seu item 5: Inspeção predial: é a análise isolada ou combinada das condições técnicas, de uso e de manutenção da edificação. De forma geral, o principal objetivo da Inspeção Predial é a orientação da Manutenção, em que as condições técnicas, de uso e de manutenção devem ser abordadas e analisadas no Laudo. Tal check-up implica a boa classificação das não-conformidades, as quais possuem denominações técnicas diferenciadas, sendo anomalia construtiva o termo indicado para aquele problema proveniente da própria construção, a anomalia funcional o termo do problema de uso, e falha o termo da não-conformidade decorrente da manutenção. A avaliação deve-se pautar pelas condições de conformidade das edificações, sob enfoque técnico, funcional e de manutenção, exigindo visão sistêmica tridimensional, cujas vertentes podem ser compreendidas como: Técnica – levantamento de todas as anomalias construtivas do prédio, dos produtos e sistemas, bem como as análises dos seus desempenhos; Uso – determinação das anomalias funcionais e análise do desempenho das condições de ocupação, confiabilidade da segurança e conforto (homem + meio ambiente); Manutenção – apuração das falhas e análise da metodologia empregada, verificação dos processos de operação, suas facilidades e materiais aplicados, vantagens e desvantagens, bem como a análise de custos. Para a análise dos desempenhos, é imprescindível o confronto com os projetos e especificações, motivo da necessidade dos documentos para se conduzir bem a Inspeção Predial. Para melhor entendimento, vide o quadro a seguir: Além dos resultados e avaliações técnicas dessas verificações, contempla a Inspeção Predial a ordem de prioridades e as recomendações quanto aos serviços a serem realizados na edificação, para sua adequação, facilitando, portanto, a implantação e operação da manutenção. As informações do Laudo de Inspeção Predial também colaboram para as tomadas de preços dos serviços e fontes de informação para a gestão da manutenção. Manual de manutenção Especificações dos insumos Manual de operação Manual de segurança Normas de meio ambiente Habite-se Manual de uso Convenção condominial Projetos Memoriais descritivos Especificações Avaliação das conformidades (falhas) e desempenho Avaliação das conformidades (anomalias funcionais) e desempenho Avaliação das conformidades (anomalias construtivas) e desempenho OPERAÇÃO PROCEDI- MENTOS PLANO HABITA- BILIDADE MEIO AMBIENTE SEGURANÇA SISTEMAS PRODUTOS EXECUÇÃO MANUTENÇÃO USO TÉCNICA VISÃO SISTÊMICA TRIDIMENSIONAL 9. NORMAS E DOCUMENTOS A SEREM CONSULTADOS E ATENDIDOS A norma do IBAPE apresenta no seu item 4 as normas e documentos complementares, cujos teores são os seguintes: 4. NORMAS E DOCUMENTOS COMPLEMENTARES 4.1. APLICAÇÃO DA NORMA Na aplicação desta norma é necessário consultar e atender à legislação pertinente, dando-se destaque aos seguintes preceitos legais: 4.2. PRECEITOS LEGAIS Lei Federal Nº. 5.194 de 21/12/1966 que regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo e dá outras providências; Resoluções do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, e particularmente: Resolução Nº. 205, de 30/09/1971, que adota o Código de Ética Profissional; Resolução Nº. 218, de 27/06/1973, que fixa as atribuições do Engenheiro, Arquiteto e Agrônomo nas diversas modalidades; Resolução Nº. 345, de 27/07/1990, que dispõe quanto ao exercício por profissionais de nível superior das atividades de Engenharia de Avaliações e Perícias de Engenharia; Resolução/CEUSO/54/89 - CEUSO de 22/11/89; Resolução 1010 do Confea Código de ética do IBAPE Legislação: Código de obras e Edificações (COE); Leis Complementares ao COE; Decreto 24714 de 7/10/87, 27.011 de 30/09/88; Decreto 24767 de 14/10/87 - Regulamenta o sistema de fiscalização, disposições gerais para utilização de gás combustível n os edifícios e construções em geral; Portaria n° 2364/SAR/88 - publicada no DOM de 29/9/88 Relatório de Danos ambientais Licença da Vigilância Sanitária Leis de Ocupação, Parcelamento e Uso do Solo; Constituição Federal; Código Civil; Código de Processo Civil; Código Penal; Código Comercial; Código de Águas; Código de Defesa do Consumidor; Código Sanitário Estadual; Legislação Ambiental; Código Florestal; Normas Técnicas: Todas as normas técnicas, que venham a ser consideradas pertinentes aos casos alvo da especificidade das inspeções realizadas, com destaque para as relacionadas no Anexo I desta norma: Observação: São adotadas nesta norma as definições constantes do Glossário de terminologia aplicável a Inspeção Predial ANEXO 2. Tais diretrizes, normas e documentos complementares atendem, de forma abrangente, às necessidades da maioria das Inspeções Prediais, principalmente quanto aos edifícios residenciais e comerciais. Outras possibilidades, no entanto, podem se apresentar com as inspeções de imóveis especiais. 10. METODOLOGIA DA INSPEÇÃO PREDIAL A norma do IBAPE apresenta seus tópicos como verdadeiro roteiro prático para realizar a atividade, expondo o critério a ser utilizado para a elaboração de laudos de inspeção predial e apresentando como metodologia o atendimento aos seus próprios itens. 8 CRITÉRIO e METODOLOGIA 8.1 CRITÉRIO O critério utilizado para elaboração de laudos de inspeção predial baseia-se na análise do risco oferecido aos usuários, ao meio ambiente e ao patrimônio, diante as condições técnicas, de uso, operação e manutenção da edificação, bem como da natureza da exposição ambiental. A análise do risco consiste na classificação das anomalias e falhas identificadas nos diversos componentes de uma edificação, quanto ao seu grau de risco, relacionado com fatores de manutenção, depreciação, saúde, segurança, funcionalidade, comprometimento de vida útil e perda de desempenho. 8.2 METODOLOGIA A metodologia a ser empregada consiste em: Determinação do nível e tipo de inspeção (ver item 7); Verificação da documentação (ver item 9); Obtenção de informações dos usuários, responsáveis, proprietários e gestores das edificações (ver item 10); Inspeção dos tópicos da listagem de verificação (ver item 11); Classificação das anomalias e falhas (ver item 12); Classificação e análise das anomalias e falhas quanto ao grau de risco (ver item 13); Ordem de prioridades (ver item 14); Indicação das orientações técnicas (ver item 15); Classificação do estado de manutenção (ver item 16); Recomendações gerais e de sustentabilidade (ver item 17); Tópicos essenciais do laudo (ver item 18); Responsabilidades (ver item 19); Consoante o desenvolvimento dos itens abordados acima, a inspeção predial deverá ser planejada conforme o tipo da edificação, consideradas suas características construtivas, qualidade da documentação entregue ao inspetor e nível de inspeção a ser realizado. O planejamento da vistoria deverá ter início com uma entrevista com o responsável da edificação (síndico, administrador ou gestor), com abordagem dos aspectos cotidianos do uso e da manutenção do imóvel. A inspeção predial poderá ser realizada em toda a edificaçãoou em partes desta, indicada pelo interessado, ou, ainda, de acordo com a abrangência do trabalho. 10.1 Determinação do nível de inspeção Visando classificar as complexidades e abrangências das inspeções para facilitar a elaboração do orçamento do serviço e eventuais comparações orçamentárias, a norma estabeleceu 3 níveis de serviço, que abrangem a maioria dos contratos, sem embargo da possibilidade de se criarem outros níveis, dependendo da necessidade. O nível de inspeção predial consiste na classificação quanto à complexidade da vistoria e à elaboração de seu relatório final, de acordo com a necessidade do número de profissionais envolvidos e a profundidade na constatação dos fatos, observando a necessidade do cliente e os estados de conservação. Consoante o item 7.1 da norma do IBAPE, os 3 níveis de inspeção são os seguintes: 7.1.1 NÍVEL 1 Análises técnicas elaboradas por um único profissional habilitado, voltadas a edificações de pequeno porte, com escadarias ou apenas um elevador. 7.1.2 NÍVEL 2 Análises técnicas procedidas por equipe de no mínimo dois profissionais de diversas especialidades, eventualmente com o auxilio de equipamentos e/ou aparelhos, consoante à complexidade dos sistemas construtivos existentes. A Inspeção Predial nesse nível é elaborada por profissionais habilitados em uma ou mais especialidades. 7.1.3 NÍVEL 3 Equivalente aos parâmetros definidos para a inspeção de NÍVEL 2, acrescida de consultoria com as prescrições para a reparação das anomalias e falhas constatadas, ou de consultoria para a melhoria e ajuste dos procedimentos existentes no plano de manutenção. Normalmente a Inspeção Predial será de nível 2, sendo raros os casos de Nível 1 e 3. A inspeção de nível 1, com um único profissional, pode decorrer de exigência do contratante, visando a economia, ou para imóveis de baixa complexidade, conforme citado na norma. Já a inspeção em nível 3 tem demanda reduzida, visando a empreendimentos de expressiva complexidade, cuja precisão no diagnóstico seja elevada, além de exigir equipes com vários especialistas. Recomenda-se no mínimo mais dois profissionais para acompanhar o Engenheiro Civil ou Arquiteto, sendo um engenheiro eletricista e um engenheiro mecânico, preferencialmente com graduação em engenharia de segurança. Ressalta-se que as vistorias técnicas e de manutenção dos sistemas eletromecânicos e de segurança, tais como elevadores, equipamentos de ar condicionado, combate a incêndios, instalações elétricas e demais sistemas especializados, impõem o acompanhamento de engenheiros dessas especialidades, juntamente com o Inspetor Predial. 10.2 Verificação da documentação da edificação A documentação a ser analisada é bastante ampla e depende do nível de inspeção contratado. Os documentos a serem analisados encontram-se elencados no item 9 da norma de inspeção predial do IBAPE/SP: 9 DOCUMENTAÇÃO Recomenda-se analisar, quando disponíveis e existentes, os seguintes documentos administrativos e técnicos da edificação. 9.1 ADMINISTRATIVA Instituição, Especificação e Convenção de Condomínio; Regimento Interno do Condomínio; Alvará de Construção; Auto de Conclusão; IPTU Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA); Alvará do Corpo de Bombeiros Ata de instalação do condomínio; Alvará de funcionamento; Certificado de Manutenção do Sistema de Segurança; Certificado de treinamento de brigada de incêndio; Licença de funcionamento da prefeitura Licença de funcionamento do órgão ambiental estadual Cadastro no sistema de limpeza urbana Comprovante da destinação de resíduos sólidos, etc. Relatório de danos ambientais, quando pertinente Licença da vigilância sanitária, quando pertinente Contas de consumo de energia elétrica, água e gás. PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Alvará de funcionamento; Certificado de Acessibilidade 9.2 TÉCNICA Memorial descritivo dos sistemas construtivos; Quadros de área; Projetos dos sistemas construtivos (listar o que está hoje na Norma) o Projeto aprovado; o Projeto modificativo; o Projeto executivo; o Projeto de sondagem; o Projeto de fundações, contenções, cortinas e arrimos; o Projeto de estruturas; o Projeto de formas; o Projeto de armação; Projeto de Instalações Prediais: o Instalações Hidráulico-sanitárias, e de água pluviais; o Instalações de gás; o Instalações elétricas, de telefonia e de Pára-raios (SPDA); o Instalações de ar condicionado; Projeto de Impermeabilização; Projeto de Revestimentos; Projeto de Pintura; Projeto de acessibilidade 9.3 MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO Manual de Uso, Operação e Manutenção (Manual do Proprietário e do Síndico); Plano de Manutenção e Operação e Controle (PMOC) Selos dos Extintores Relatório de Inspeção Anual de Elevadores (RIA); Atestado do Sistema de Proteção a Descarga Atmosférica - SPDA; Certificado de limpeza e desinfecção dos reservatórios; Relatório das análises físico-químicas de potabilidade de água dos reservatórios e rede; Certificado de ensaios de pressurização em mangueiras; Laudos de Inspeção Predial anteriores; Certificado de ensaios de pressurização em cilindro de extintores. Relatório do acompanhamento de rotina da Manutenção Geral; Relatórios dos Acompanhamentos das Manutenções dos Sistemas Específicos, tais como: ar condicionado, motores, antenas, bombas, CFTV, Equipamentos eletromecânicos e demais componentes. Relatórios de ensaios da água gelada e de condensação de sistemas de ar condicionado central Certificado de teste de estanqueidade do sistema de gás. Relatórios de ensaios preditivos, tais como: termografia, vibrações mecânicas, etc. Cadastro de equipamentos e máquinas A lista de documentos mencionada refere-se ao Município de São Paulo - SP. Para outras localidades, o Inspetor predial devera adequar e complementar a referida lista, consoantes as exigência de posturas Municipais e legais. A lista acima é sugestiva e deve ser adequada pelo inspetor predial de acordo com a localidade da edificação inspecionada, havendo outros documentos específicos para cada municipalidade, o que deve ser pesquisado e providenciado pelo inspetor, quando possível. Raramente haverá disponibilidade da relação completa de documentos para análise, o que não compromete ou impede a realização do serviço, lembrando que a atividade não tem por finalidade a “legalização” do edifício. No entanto, o inspetor deve consignar eventuais ausências no laudo. Para as inspeções prediais de empreendimentos com equipes terceirizadas de manutenção é recomendável a análise dos contratos, relatórios operacionais e fichas de inspeções rotineiras para se poder verificar a qualidade dos serviços prestados. 10.3 Obtenção de informações sobre a edificação Após análise da documentação, o profissional deve realizar uma inspeção prévia do edifício para apreciação técnica geral, bem como para coletar informações com usuários, responsáveis, proprietários e gestores das edificações, visando a elaboração do questionário para obtenção das informações, conforme preconizam os itens 10 e 11 da norma de inspeção predial do IBAPE/SP, ou seja: 10 OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES Para instruir o laudo recomenda-se obter informações através de questionários e entrevistas junto aos usuários e demais responsáveis pela edificação, principalmente no caso de terem ocorrido modificações e reformas na edificação original. 11 LISTAGEM DE VERIFICAÇÃO A lista dos componentes e equipamentos dos diversos sistemas construtivos a serem verificados pelos inspetores prediais será proporcional ao escopo contratual, à importância, à complexidade e ao tipo da edificação. Da mesmamaneira que o questionário médico no check-up, o questionário da Inspeção Predial deverá ser abrangente, obtendo informações técnicas, funcionais e da manutenção e abarcando não só a edificação como também as áreas lindeiras e o próprio bairro. Essas informações são importantíssimas para que o inspetor conheça as principais não-conformidades e benfeitorias do prédio. Cabe frisar que não existe um modelo padrão de listagem de verificação (check-list), pois cada edifício tem suas particularidades e as mesmas devem ser buscadas através de perguntas específicas para o prédio em questão. Cada profissional deve desenvolver seu modelo de check-list de acordo com suas preferência e rotinas. Em versão anterior da norma de inspeção predial do IBAPE/SP, era apresentada listagem dos componentes e equipamentos passíveis de inspeção ocular, entretanto esta lista não abrangia sistemas de imóveis especiais, como postos de combustível, supermercados, shopping centers, galpões industriais, hotéis, etc, que possuem instalações e equipamentos específicos. A título de conhecimento, são apresentados os componentes e equipamentos destacados pela antiga norma: Estrutura; Alvenaria; Revestimentos; Impermeabilizações; Esquadrias; Cobertura; Paisagismo; Instalações: o Elétricas; o Hidráulicas; o Gás; o Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA); o Telefonia; o Automação; o Proteção contra incêndio; o Ar condicionado; o Segurança patrimonial; o Iluminação de emergência; Máquinas e equipamentos: o Elevadores; o Caldeiras; o Geradores; o Pressurizadores; o Bombas e filtros; o Automações de portões. O check-list deve possuir configuração que possibilite anotar os dados gerais do trabalho, de preferência no cabeçalho, linhas com os compartimentos e equipamentos a serem inspecionados e colunas com os objetivos da inspeção, ou seja, coluna técnica, coluna uso e coluna manutenção. Além destes, outros dados podem ser inseridos na listagem de verificação, como o número da foto correspondente, de documento vinculado, ou de croquis. O cabeçalho deve possuir todas as informações que facilitem o contato e o arquivamento, tais como nomes, endereços, telefones e outros dados do edifício, administradora, construtora, engenheiros e demais pessoas envolvidas e interessadas. A coluna técnica deve registrar as anomalias construtivas e desempenho de produtos e sistemas. Embora a Inspeção Predial não tenha como finalidade apurar responsabilidades dos problemas construtivos da origem da edificação, a vistoria não pode omitir tais problemas, em decorrência do objetivo de se obter a “saúde técnica” recomendada para a edificação. Essas anomalias construtivas podem, eventualmente, não ser passíveis de correções. Neste caso, as anomalias devem ser classificadas como incorrigíveis sob a ótica da manutenção. Os desempenhos dos produtos e sistemas também devem ser observados pelo inspetor predial com a respectiva anotação no check-list. Esse enfoque tem como principal finalidade reduzir os custos da manutenção e por conseqüência valorizar a edificação. Sabe-se que o funcionamento adequado do conjunto de elevadores ou sistema de ar condicionado propicia economia de energia elétrica. Máquinas de tração dos elevadores em corrente contínua consomem menos energia do que aquelas em corrente alternada, além de desgastarem menos o equipamento devido ao funcionamento mais suave, sem paradas bruscas. Sistemas de ar condicionado com bom desempenho não só economizam energia como propiciam maior produtividade dos funcionários. Assim sendo, a anotação do nível de desempenho de cada produto ou sistema inspecionado no check-list técnico propicia o planejamento das atividades de manutenção necessárias e também a previsão de melhorias e substituição de peças e materiais em tempo hábil, possibilitando o planejamento financeiro e evitando os transtornos das cobranças condominiais extraordinárias. No que se refere à coluna uso, deve-se relacionar questões de segurança, conforto, sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. Na segurança deve-se observar as condições relativas aos riscos à saúde, meio ambiente e patrimônio. As circulações de pessoas e automóveis, as rotas de fuga, os depósitos de lixo, a área de lazer e tantos outros compartimentos e sistemas utilizados pelos usuários do edifício devem ser inspecionados com vistas aos cuidados com a proteção das pessoas e meio ambiente. As fechaduras das portas dos cômodos reservados, como casa de máquinas, casa de bombas, centro de medição, gerador e pressurização, por exemplo, devem estar em perfeitas condições e trancadas permanentemente, para evitar o ingresso de curiosos ou crianças, devido aos elevados riscos de acidentes nestes compartimentos. As escadas tipo marinheiro sem proteção costal ou corrimãos interrompidos são comuns nas edificações brasileiras e constituem problema que prejudica o bom uso, quer na segurança, quer no conforto. A ausência ou precariedade de ventilação nas casas de bombas e das máquinas dos elevadores, por alteração, pode ser outro exemplo de anomalia funcional, pois o excessivo aquecimento do local provoca o desgaste prematuro dos equipamentos, além de desconforto aos profissionais de manutenção. Pisos escorregadios no entorno da piscina e outras áreas de intensa circulação de pessoas oferecem riscos de acidentes, além do desconforto ao usuário, devendo ser anotadas na coluna uso do check-list. O conforto do usuário também é requisito importante de verificação quanto ao uso da edificação. Os itens a serem inspecionados referem-se ao conforto de temperatura, conforto acústico, lumínico, tátil, antropodinâmico e ainda de acessibilidade. A acessibilidade como boa condição de mobilidade das pessoas, inclusive dos portadores de necessidades especiais, deve ser verificada, recomendando-se atenção na sinalização, existência de barreiras nos passeios, transporte vertical, medidas de aberturas de portas e conveniência dos mobiliários, condições dos desníveis e outras. As edificações destinadas a hospitais e similares exigem muita atenção nessas verificações. No tocante à terceira e última vertente do check-list, deve-se verificar a manutenção e operação efetuada no prédio, que deve contemplar os registros dos procedimentos, produtos e periodicidade necessária dos serviços de manutenção. Alterações de rotinas, inclusões de novos procedimentos, substituições de produtos e revisões das periodicidades somente são possíveis com as análises dos dados anteriores, todos registrados no check-list. 10.4 Inspeção dos tópicos da listagem de verificação O Inspetor Predial deve estar munido de todas as informações relevantes da análise da documentação e dos informes do questionário, para confirmar e acrescentar novos dados no decorrer da inspeção técnica. A confrontação de dados dos documentos com o que efetivamente existe no prédio e outras apurações dependem de preparação prévia, recomendando-se anotar os pontos mais importantes. A parte civil deve ser inspecionada no sentido decrescente, ou seja, do topo do edifício para o ultimo subsolo. Tal medida visa à comodidade do caminhamento e também a facilidade de análise dos eventuais focos de infiltração, de cima pra baixo, tal qual o caminho natural da água. A parte elétrica, ao contrario, costuma ser inspecionada da entrada da energia, no térreo para os quadros e parte alta do edifício. A indumentária também deve ser adequada, lembrando-se que a inspeção requer manuseio em local às vezes insalubre e sujo, recomendando-se jeans e sapatos com sola de borracha para proteção contra choques elétricos. Além da indispensável maquina fotográfica, deve o inspetor levar o bloco de anotaçõescom check-list e alguns equipamentos, tais como lanterna, chave de fenda e tetra invertida, para facilitar as medições juntos ao quadros de energia. Uma pequena trena, maquina fotográfica e sobressalentes de pilhas e filmes, para evitar interrupção nos serviços, com conseqüentes perdas de tempo. O Inspetor Predial deve observar todos os planos (superior, interior, lateral esquerda, lateral direita, frente e fundos), além de atentar à visão sistêmica tridimensional, ou seja, condições técnicas, de uso e de manutenção. Tal complexidade recomenda o estabelecimento de um roteiro prévio e a adoção de alguns procedimentos, podendo-se apontar as anotações do check-list como o mais importante, seguido do registro fotográfico. As anotações devem ser simples e objetivas, recomendando-se a utilização de códigos, abreviações ou legendas para maior facilidade. As fotografias devem abranger aspectos gerais e de detalhes, bem como ser em quantidade suficiente para a boa visualização predial. Quanto às condições de uso e operação das edificações, as mesmas costumam apresentar anomalias do próprio projeto e das convenções originais. Tais irregularidades também decorrem de modificações implantadas no prédio ao longo do tempo. Os problemas mais comuns de uso dos edifícios comerciais e residenciais, devido ao uso, costumam incidir nos subsolos, pois tais áreas são requisitadas não só para os estacionamentos dos veículos, como para servir de local para outras instalações, tais como centro de medição e entrada de energia, sala de moto-gerador, depósitos, lixeira, reservatórios, casa de bombas, sala das caldeiras, sala de espera de motoristas, vestiários, copa dos funcionários, além de outras utilizações. A difícil convivência dos veículos com as pessoas, por si só, já é um complicador de uso dos subsolos, sem embargo da ausência de ventilação e iluminação naturais. As áreas reduzidíssimas desses cômodos dos subsolos, devido às necessidades de grandes áreas para os veículos, dificultam o uso e a operação dos sistemas e equipamentos desses pavimentos. Hall de elevadores coincidentes com vias de circulação de veículos, casa de bombas com pé-direito reduzido, vagas de estacionamento de veículos defronte a hidrantes ou portas de acesso de cômodos técnicos, lamentavelmente, são mais comuns do que se desejaria. Problemas de uso dessa natureza ocorrem não somente nos subsolos, mas em outros pavimentos comuns, sendo a cobertura outro local problemático pelos pés-direitos reduzidos, escadas de marinheiro sem aterramento ou proteção costal e casas de máquinas de elevadores com pouca ventilação, por exemplo. A necessidade de se modificar o projeto original para criar cômodos extraordinários, principalmente nos subsolos, também pode prejudicar ainda mais o uso e operação. Áreas para lavagens de autos nos subsolos, salas para manutenção, depósitos e outros cômodos não previstos originalmente costumam ser implantados para atender às necessidades práticas do edifício e, mesmo trazendo maior conforto aos usuários, provocam irregularidades, anomalias funcionais e falhas de operação. Além das modificações para melhor adaptar o projeto original do prédio, também ocorrem outras destinadas às adaptações pelos modernismos tecnológicos e novos costumes da sociedade, ao longo do tempo. Caso típico dessas alterações são as adaptações das centrais de TV a cabo e internet que, geralmente, são instaladas indevidamente em outros cômodos técnicos, tais como os barriletes. As salas criadas para os moto-geradores, devido à crise energética, são outro exemplo dessas adaptações. Comuns, também, as modificações e reformas das áreas de lazer de prédios antigos, visando acolher os modernismos, como as churrasqueiras, salas de ginástica, home theater e outros. As alterações de uso de áreas dos prédios, devido a reformas por adaptações e modernismos, em geral, são procedidas sem os cuidados arquitetônicos e técnicos recomendados pelas boas normas técnicas, pautando-se por improvisações. Tal situação favorece a ocorrência de situações de risco, muitas delas causadoras de acidentes. As utilizações das casas de bombas hidráulicas como depósitos de material combustível têm causado explosões em edificações, algumas com perdas de vidas humanas. A volatilização dos combustíveis não combina com as fagulhas do acionamento automático das bombas, porém, esse descuido é muito comum nos prédios, devido à escassez de depósitos ou às grandes distâncias dos mesmos aos locais dos serviços. Os novos costumes da sociedade, tais como trabalhar em casa ou adaptar pequenos apartamentos como escritórios, também são fatores que causam irregularidades e falhas, nas condições e uso, destacando-se a maior demanda de energia elétrica e conseqüentes degradações dos sistemas correlatos, sendo estes alguns dos prejuízos dessas modificações. A maior demanda de energia, nem sempre suportável pela edificação, induz a improvisos técnicos, como substituição de disjuntores por outros de maior amperagem, medida paliativa perigosa, pois aumenta o risco de incêndio no prédio. Essas irregularidades, caracterizadas por anomalias funcionais e falhas de operação, provocam desvalorização, desperdício e oferecem riscos aos usuários das edificações. A maioria dos acidentes prediais em prédios antigos é provocada por alguma alteração inadequada implantada ao longo do tempo, destacando-se os improvisos nas instalações elétricas e de gás como as mais sinistras. Porém, os acidentes ocorrem, também, devido às alterações improvisadas nos demais sistemas, tais como quedas de placas de revestimentos de fachadas devido a limpezas indevidas, com utilização de produtos ácidos que corroem as argamassas, ou queda de pessoas nas caixas dos elevadores devido a operações imprudentes, ou ainda pela ausência de corrimãos, pisos escorregadios e tantas outras mazelas. No entanto, nem todas as alterações de uso e operação são prejudiciais, citando-se os remanejamentos dos horários de operação do sistema de ar condicionado de prédios comerciais para economizar energia, a implantação de reservatórios de coleta de águas pluviais para economizar água da concessionária e a instalação de sistema de segurança patrimonial com sensores, câmera, monitores e demais protetores. Sem embargo dos problemas causados por irregularidades dos projetos e alterações improvisadas nas edificações, outros também, ocorrem devido ao despreparo de usuários e funcionários. O desconhecimento da maioria quanto aos procedimentos de uso e operação recomendados na documentação condominial, representada pela convenção, manuais do proprietário e sindico, normas técnicas e legislações, também favorece a incidência de falhas, a maioria delas com riscos à segurança e proteção. O desconhecimento dos procedimentos da brigada de incêndio, das rotas de fuga, da utilização correta dos elevadores, da coleta e seleção de lixo, dos procedimentos corretos da manutenção e operação do prédio, via de regra, é fator de muito desperdício e causa de acidente edilício. As gambiarras, o tratamento da piscina sem dosagem calculada dos produtos químicos, a repintura sem o prévio lixamento do substrato, e tanto outros equívocos de equipes improvisadas de manutenção, fazem da manutenção predial um foco de problemas, motivo da necessidade de extrema atenção e comprovada experiência do Inspetor Predial ao examinar esse relevante particular técnico do trabalho. As minuciosas analises dos documentos relativos ao uso e operação, tais como a convenção de condomínio, os manuais do proprietário e sindico, os manuais técnicos e especificações dos equipamentos e sistemas, os relatórios de consumo de água e energia elétrica e outros, são indispensáveis para a boa confrontação com as observações da vistoria. Quanto à verificaçãodos procedimentos de manutenção, a inspeção, em geral, constata a ausência do manual de operação, uso e manutenção, configurando vício de informação, caso o empreendimento esteja no prazo de garantia, exigindo, portanto, a indicação dos procedimentos básicos de manutenção mais importantes e a constatação de extenso rol de falhas. Em casos em que o empreendimento esteja no prazo de garantia imobiliária, recomenda-se que a construtora elabore o Manual. Já para os empreendimentos fora do prazo de garantia, primordial será o condomínio elaborar o referido documento com todo o planejamento e programação das demais atividades da operação e manutenção, por empresa especializada. As demais falhas de manutenção também devem ser anotadas. Caso o edifício possua o manual de manutenção, essa atividade deverá ser inspecionada com base nesse documento, para apuração de seu atendimento ou não, bem como de sua adequação ou não, para o prédio em questão. 10.5 Classificação das anomalias e falhas A inspeção de um edifício requer atenção e abrangência, pois é necessário separar as anomalias construtivas originais (passiveis de reparos cobertos pela garantia), ou mesmo das endógenas dos prédios sem garantia (passiveis de reparos por empresas especializadas), daquelas funcionais decorrentes da degradação, e também das falhas de manutenção. Apesar de não adentrar no mérito das responsabilidades dos problemas do edifício, não deve o Inspetor Predial recomendar reparos para o condomínio por problemas que requerem a intervenção de construtoras, devendo destacar em seu laudo os eventuais problemas a serem examinados posteriormente através de pericia, caso necessário a apuração de responsabilidade. Nesse sentido, é importante o conhecimento da distinção e classificação das anomalias e falhas, para bem direcionar os reparos e serviços de manutenção predial. Anomalia é vicio construtivo e falha é vicio da manutenção. A classificação das anomalias é a seguinte: Endógenas – provenientes de vícios de projeto, materiais e execução; Exógenas – decorrentes de danos causados por terceiros; Naturais – oriundas de danos causados pela natureza; Funcionais – provenientes da degradação. As falhas de manutenção podem ser classificadas como: De planejamento – decorrentes de falhas do plano e programa (manuais); De execução – oriundas dos procedimentos e insumos; Operacionais – provenientes dos registros e controles técnicos; Gerenciais – devido a desvios de qualidade e custos. Deve-se acrescentar que, para efeito de Inspeção Predial, as anomalias e falhas ainda podem ser classificadas, sob a ótica da manutenção, em corrigíveis e incorrigíveis e, mais ainda, em viáveis ou inviáveis. Os problemas incorrigíveis são aqueles que requerem a re-execução completa do serviço, exigindo verbas e responsabilidades incompatíveis com a Manutenção. A necessidade de novo projeto e demolição, tais como os problemas de aderência dos revestimentos de fachada, por exemplo, e que são incorrigíveis pela equipe de manutenção. Serviços paliativos podem ser realizados para minimizar o problema, porém sem solucioná-lo de todo. No caso do revestimento com problemas de aderência, por exemplo, para adiar a solução do problema, pode a equipe de manutenção providenciar a proteção de áreas vulneráveis, para evitar acidentes, ou reparar os trechos deslocados ou prestes a deslocar, remendando a situação provisoriamente; no entanto, a solução extrapola a manutenção, pois requer a intervenção de empresa especializada que desenvolva o novo projeto de serviço a ser refeito com custos e responsabilidades alheios à competência da manutenção. Os problemas corrigíveis, a serem apurados na Inspeção Predial, são de menor monta, e podem ser solucionados pela própria equipe de manutenção, mesmo não se tratando de falhas da sua competência usual. Exemplo típico de problema dessa natureza são as manchas de pintura das fachadas, devido a reparos pela ocorrência de fissuras próximo ao final da garantia. Tal problema construtivo, de responsabilidade do Construtor,poderá ser solucionado com a repintura pela equipe de manutenção, apesar de ter origem endógena. Evidentemente, tal solução poderá ser adotada, ou não, após os entendimentos entre Construtor e Condomínio. 10.6 Análise das anomalias quanto ao grau de risco A norma do IBAPE apresenta no seu item 13 a classificação das anomalias quanto ao grau de risco, cujo teor é o seguinte: 13 CLASSIFICAÇÃO DO GRAU DE RISCO A classificação quanto ao grau de risco de uma anomalia ou falha deve sempre ser fundamentada, considerando os limites e os níveis da Inspeção Predial realizada, em função das anomalias e falhas constatadas na inspeção predial, considerando o impacto do risco oferecido aos usuários, ao meio ambiente e ao patrimônio, dentro dos limites da inspeção predial. 13.1. CRÍTICO-IMPACTO IRRECUPERÁVEL É aquele que provoca danos contra a saúde e segurança das pessoas, e meio ambiente, perda excessiva de desempenho e funcionalidade causando possíveis paralisações, aumento excessivo de custo, comprometimento sensível de vida útil e desvalorização acentuada. 13.2 REGULAR - IMPACTO PARCIALMENTE RECUPERÁVEL É aquele que provoca a perda parcial de desempenho e funcionalidade da edificação sem prejuízo à operação direta de sistemas, deterioração precoce e desvalorização em níveis aceitáveis. 13.3 MÍNIMO - IMPACTO RECUPERÁVEL É aquele causado por pequenas perdas de desempenho e funcionalidade, principalmente quanto à estética ou atividade programável e planejada, sem incidência ou sem a probabilidade de ocorrência dos riscos relativos aos impactos irrecuperáveis e parcialmente recuperáveis, além de baixo ou nenhum comprometimento do valor imobiliário. As ameaças aos usuários, evidentemente, são mais importantes e estão relacionadas, principalmente, aos aspectos da Engenharia de Segurança, Segurança Patrimonial e aos demais fatores que possam afetar a saúde e proteção das pessoas. Num outro plano temos as ameaças ambientais, tais como aspectos relativos à poluição e preservação da natureza, que também ameaçam os usuários, a exigir cuidados na manutenção. Por fim, as ameaças à própria edificação, em função da perda de desempenho, que podem prejudicar não só a funcionalidade, mas os próprios usuários e o meio ambiente. Exemplos típicos são as ligações equivocadas entre sistemas de água pluvial e esgoto, que prejudicam o meio ambiente, ou os deslocamentos de revestimentos de fachadas, a ameaçar a proteção dos usuários e terceiros com acidentes de quedas de placas. A analise de riscos na Manutenção Predial engloba os estudos da ameaças, vulnerabilidades, impactos, detecções, ações e contingências necessárias para garantir a melhor condição de segurança e desempenho da edificação. O gerenciamento de riscos deve ser procedido com a identificação dos pontos que possibilitam a eliminação, redução ou transferência dos riscos, através de ações econômicas e estratégicas viáveis. Os principais pontos a serem observados são os seguintes: a) Identificação dos sistemas a serem protegidos; b) Levantamento dos riscos naturais, acidentais e causados por pessoas; c) Identificação das vulnerabilidades e impactos; d) Determinação das probabilidades de ocorrência das ameaças; e) Estimativa dos prejuízos dos impactos; f) Tratamento dos riscos com respectivas medidas; g) Monitoramento das medidas; h) Reavaliação periódica dos riscos. A viabilidade de tais estudos depende dos dados técnicos obtidos através da Inspeção Predial, que facilita a avaliação das conformidades da edificação mediante vistoria e análise da documentação. A analise de risco visa determinar a ordem de prioridades das atividades necessárias para a correção das anomalias que podemestar relacionadas a questões de adequação existentes, ajustes de procedimentos, reparos, etc., podendo-se adotar o seguinte critério: REPENTINO PROGRESSIVO IRRECUPERÁVEL AMEAÇAS - DESCONFORMIDADES PARCIALMENTE RECUPERÁVEL RISCO AO DESEMPENHO RECUPERÁVEL IMPACTO USUARIO/MEIO AMBIENTE/EDIFICAÇÃO EDIFICAÇÃO U R G Ê N C I A SEGURANÇA CONTINGÊNCIA PREVENÇÃO IMEDIATA MÉDIO PRAZO CURTO PRAZO 10.7 Ordem de prioridades A norma do IBAPE apresenta no seu item 14 a recomendação para a elaboração da ordem de prioridades: 14 ORDEM DE PRIORIDADES Quanto à ordem de prioridades recomenda-se que seja disposta em ordem decrescente quanto ao grau de risco e intensidade das anomalias e falhas, apurada por metodologias técnicas apropriadas (GUT, FMEA, etc.). O diagnostico das não-conformidades prediais, bem como dos respectivos riscos e urgências que podem comprometer as exigências dos usuários, não é suficiente para determinar a ordem de prioridades dos serviços reparadores a fim de se atingir a boa qualidade da manutenção. Tal priorização depende, ainda, da competente avaliação da situação, calculada através das funções de criticidade. Considerando-se que os problemas prediais podem envolver anomalias construtivas, funcionais e falhas na operação e manutenção, com variados níveis de gravidade, urgência e tendência, fica evidente a complexidade da analise que determinará as prioridades. Para facilitar a completa avaliação da situação, deve-se utilizar metodologia que possibilite mensurar a importância de cada falha, como a adaptação do sistema GUT de Kepner e Tregoe para a manutenção, cujas funções de criticidade e pesos podem ser as seguintes: GRAU GRAVIDADE PESO Total - perda de vidas humanas, do meio ambiente ou do próprio edifício -(10) Alta - ferimentos em pessoas, danos ao meio ambiente ou ao edifício -(8) Médios - desconfortos, deterioração do meio ambiente ou do edifício -(6) Baixos - pequenos incômodos ou pequenos prejuízos financeiros -(3) Nenhuma -(1) GRAU URGÊNCIA PESO Total - evento em ocorrência -(10) Alta - evento preste a ocorrer -(8) Médios - evento prognosticado para breve -(6) Baixos - evento prognosticado para adiante -(3) Nenhuma - evento imprevisto -(1) GRAU TENDÊNCIA PESO Total - evolução imediata -(10) Alta - evolução em curto prazo -(8) Médios - evolução médio prazo -(6) Baixos - evolução em longo prazo -(3) Nenhuma - não vai evoluir -(1) A metodologia consiste em classificar o nível de cada não-conformidade nas três funções e calcular o produto dos respectivos pesos. As prioridades são determinadas, então pela ordem decrescente, ou seja, a primeira delas terá o maior valor apurado. A classificação requer experiência e bom senso do inspetor, pois ela é interpretativa. Para facilidade de cálculos e analises, pode-se preparar planilha que contenha o rol de problemas nas linhas e pesos das funções nas colunas, bem como os respectivos resultados. A titulo de exemplo, consideremos a hipótese de um edifício que apresente as seguintes não conformidades: (ILT) Infiltrações na laje do térreo na projeção das garagens; (VGP) Vazamento de gás na prumada; (GAC) Gotejamento de água no cavalete; (PCP) Plantas com pragas; (GQE) Gambiarra em quadro de energia; (PES) Porta do elevador sem trava automática; (DCB) Deposito de combustível na casa de bombas; (PAL) Portão automático sem lubrificação; (DRF) Desprendimento de revestimento das fachadas; e (PTA) Pilar com trincas e armaduras expostas. A aplicação da metodologia através da planilha resulta no seguinte: AVALIAÇÃO DAS PRIORIDADES DA FALHAS FATOR GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA Nº DE PONTOS PRIORIDADE ILT 8 10 6 480 4ª VGP 10 10 10 1000 1ª GAC 3 10 1 30 6ª PCP 6 6 3 108 5ª GQE 10 10 8 800 3ª PES 10 10 10 1000 1ª DCB 10 10 8 800 2ª PAL 3 6 6 108 5ª DRF 8 10 10 800 2ª PTA 10 10 8 800 2ª Assim sendo, a ordem de prioridade dos serviços de reparos das não-conformidades acima, após a analise complementar e interpretação de dados complementares pelo Inspetor Predial, pode ser a seguinte: ORDEM DE PRIORIDADES 1º (VGP) Reparos nos vazamentos de gás na prumada 1000 2º (PES) Colocação da trava automática da porta do elevador 1000 3º (DCB) Retirada dos combustíveis da casa de bombas 800 4º (DRF) Reparos nos desprendimentos dos revestimentos das fachadas 800 5º (GQE) Reparos no quadro elétrico co, gambiarra 800 6º (PTA) Reparos nas armaduras expostas de pilar 800 7º (ILT) Reparos nas infiltrações na laje do térreo na projeção das garagens 480 8º (PCP) Reparos nas plantas com pragas 108 9º (PAL) Reparos na lubrificação do portão automático 108 10º (GAC) Reparos no gotejamento de água no cavalete 30 Destaque-se que os seis primeiros itens são críticos, sendo dois com pontuação máxima e quatro com a mesma pontuação (800), porem a seleção da ordem pode ser alterada em função da facilidade de algumas soluções. Observe-se que alguns serviços podem ser realizados concomitantemente, ou mesmo antecipadamente. A facilidade de se retirar os combustíveis da casa de bombas e de eliminar a gambiarra, por exemplo, pode antecipar a ordem desses serviços. Destaque-se que algumas falhas e anomalias criticas, como essas citadas, costumam ser solucionadas no próprio decorrer ou logo após a vistoria, porém devem figurar no laudo para efeito de registro técnico. As coincidências de pontuação em duas ou mais falhas podem ser solucionadas com a analise comparativa de outros fatores, tais como a complexidade do reparo, a possibilidade de interdição parcial e conseqüente adiamento de algum reparo, as verbas necessárias, etc. A experiência do Inspetor Predial é fundamental nessa análise complementar. 10.8 Indicação das orientações técnicas Em seu item 15, a norma do IBAPE apresenta recomendação para a indicação das orientações técnicas: 15 INDICAÇÃO DAS ORIENTAÇÕES TÉCNICAS As orientações técnicas básicas podem ser apresentadas de forma clara e simplificada, possibilitando ao leigo a fácil compreensão, recomendando-se indicar manuais, ilustrações e normas pertinentes, para facilitar as futuras providências do contratante. As orientaçõestécnicas complexas, preconizadas exclusivamente nas inspeções de nível 3, devem ser lastreadas em normas técnicas e/ou documentos técnicos abalizadores. A complexidade da orientação técnica é função do tipo de anomalia ou falha, de grau de urgência, mas, principalmente, do nível de inspeção predial contratado. Isso não significa que em uma inspeção predial de nível 1 as orientações técnicas serão superficiais, mas o que em geral ocorre é o fato de determinadas anomalias exigirem melhores investigações – através de ensaios, testes, etc., sendo impossível a determinação de orientações técnicas conclusivas na inspeção ocular. Nos casos em que o inspetor julgar necessária a realização de algum tipo de ensaio, ou mesmo uma Inspeção Predial de nível mais avançado, para determinado sistema, isso deverá ser consignado no próprio Laudo. 10.9 Classificação do estado de manutenção e uso No item 16 da norma do IBAPE é apresentada a classificação da qualidade da manutenção e uso, cujo teor é o seguinte: 16 CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE DA MANUTENÇÃO E USO A classificação quanto ao estado de manutenção e condições de uso deve sempre ser fundamentada, considerando os graus de risco e as intensidades das anomalias e, especialmente das falhas encontradas. Além disso, devem ser analisadas as condições de regularidade do uso bem como os níveis de aprofundamento da Inspeção Predial realizada, devendo-se indicar uma das seguintes classificações: 16.1 – Classificação da Qualidade da Manutenção: Manutenção Ótima Manutenção Normal Manutenção Mínima Manutenção Deficiente Manutenção Inexistente 16.2 – Classificação das Condições de Uso: A partir da vigência da Norma de Desempenho, os projetos deverão especificar o uso previsto para a edificação. A classificação pode indicar a condição de uso regular ou irregular. O uso regular vai permitir que a edificação seja ocupada e utilizada dentro dos parâmetros previstos no projeto, contribuindo para a sua longevidade. Quando o uso é irregular, a edificação estará sujeita a riscos não previstos que poderão comprometer a segurança e habitabilidade. Em relação ao uso, o inspetor predial deverá classificar a edificação: USO REGULAR – Quando a edificação inspecionada encontra-se ocupada e utilizada de acordo com o uso previsto no projeto; USO IREGULAR – Quando a edificação inspecionada encontra-se ocupada e utilizada de forma irregular, com o uso divergente do previsto no projeto; A prioridade na ordem de reparos ou soluções poderá se basear nessa(s) classificação(ões), quanto ao estado de manutenção geral do empreendimento e condições de uso; não impedindo que se recomende eventual interdição em parte da edificação; visando garantir a integridade dos usuários; quando do surgimento de situações de grau de risco crítico, ou identificação de uso irregular, em setores específicos e destacados do restante do empreendimento inspecionado. 10.10 Recomendações gerais e de sustentabilidade A norma do IBAPE, em seu item 17 apresenta recomendações gerais e de sustentabilidade, cujo teor é o seguinte: 17 RECOMENDAÇÕES GERAIS E DE SUSTENTABILIDADE Recomenda-se indicar todos os dados administrativos, de gestão e outros que possam favorecer a melhor habitabilidade da edificação. Recomenda-se, ainda, se consignar as medidas básicas de correção e melhoria da edificação que possam favorecer a sustentabilidade. Recomenda-se, também, observar aspectos e documentações legais relacionadas à acessibilidade, principalmente aquelas descritas na ABNT NBR 9050 Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos. 10.11 Tópicos essenciais do laudo Em seu item 18, a norma do IBAPE apresenta os tópicos essenciais do laudo: 18 TÓPICOS ESSENCIAIS DO LAUDO Identificação do solicitante; Classificação do objeto da inspeção Localização; Data da Diligência; Descrição Técnica do objeto: Tipologia e Padrão Construtivo Utilização e Ocupação Idade da edificação Nível utilizado; Documentação analisada. Critério e Metodologia adotada; Das informações Lista de verificação dos elementos construtivos e equipamentos vistoriados com a descrição e localização das respectivas anomalias e falhas, Classificação e análise das anomalias e falhas quanto ao grau de risco. Indicação da ordem de prioridade. Classificação do estado de manutenção geral e condições de uso do imóvel; Lista de recomendações técnicas (nível 3) Lista de recomendações gerais e sustentabilidade. Relatório Fotográfico Recomendação do prazo para nova Inspeção Predial Data do laudo; Assinatura do(s) profissional (ais) responsável (eis), acompanhado do Nº. do CREA e Nº. do IBAPE; Anotação de Responsabilidade Técnica (ART); Sendo a materialização do intenso trabalho da analise de documentos, questionários e dados obtidos na vistoria, o Laudo de Inspeção Predial deve atender a seu objetivo quanto à exposição clara e concisa dos informes técnicos apurados, alem de contemplar os requisitos essenciais preconizados pelas normas técnicas. O Laudo de Inspeção Predial deverá tecer considerações finais, dentre outras, envolvendo aspectos de: 1. Situações criticas observadas, envolvendo a iminência de risco à vida e à segurança do usuário. 2. Situações de interdição parcial ou total de sistemas e da própria edificação, envolvendo anomalias criticas ou situações de risco á vida e à segurança dos usuários. 3. Situações administrativas que envolvam interdições pelos órgãos públicos ou multa. 4. Falta de acessibilidade em determinados locais ou sistemas, impossibilitando a vistoria e causando, também, dificuldade de manutenção. 5. Existência ou não de plano de manutenção, bem como registros das atividades de manutenção desenvolvidas, devendo ser uma orientação técnica a elaboração dos mesmos, em casos de ausência. 6. Mudanças significativas de uso, gerando problemas e anomalias. 7. Periodicidade para o cumprimento das orientações técnicas relacionadas principalmente no tocante às classificadas como anomalias criticas. 8. Periodicidades das Inspeções Prediais futuras, a fim de verificar o plano de manutenção a ser desenvolvido ou modificado pelo condomínio/administração. 9. Observações quanto à responsabilidade de síndicos e administradores no tocante à manutenção de edifícios, consoante a NBR 5674, da ABNT, e legislações pertinentes. Cabe registrar que o relatório fotográfico deve ser abundante, contemplando todos os compartimentos e equipamentos vistoriados, suas falhas e qualidades, pois o ditado de que uma foto vale mais do que mil palavras é mais do que apropriado para esse tipo de trabalho. Sabendo-se que a Inspeção Predial também é instrumento de auditoria de qualidade, deve mostrar não só os problemas, mas também o que está bom e o que pode ser melhorado. No tocante às ilustrações fotográficas, deve-se tomar alguns cuidados. Pode ocorrer, por exemplo, de uma fachada possuir uma placa de vidro fraturada e um pilar com armadura exposta. Esses dois problemas são distintos e não possuem interligação. As causas que motivaram a exposição da armadura do pilar são completamente diferentes daquelas que provocaram a fratura da placa do vidro da esquadria. Além das questões de diferenças de causalidade dos problemas, a classificação quanto ao grau de urgência da placa de vidro não é a mesma da armadura exposta do pilar de fachada. Neste exemplo, a placa de vidro quebrada de fachada pode ter sido causada por um dano devido a impacto ou por corrosão da esquadria de ferro. As recomendações estariam ligadas a estas possíveis causas e a classificação da anomalia quanto ao grau de risco/urgência seria critica, considerando que partes do vidro daplaca podem cair sobre um transeunte (risco à vida, à saúde) Já a anomalia de armadura exposta do pilar de fachada pode ter causas relacionadas à falta de cobrimento de armadura, destacamentos de revestimentos de fachada, trincas, etc., e a classificação quanto ao grau de urgência, caso não envolva queda de revestimentos, poderá ser regular, considerando questões de deterioração precoce. Portanto, para problemas distintos, deve-se fazer registros fotográficos distintos. Outro exemplo seria registro de anomalias relacionadas e interligadas, como é o caso de deterioração estrutural de uma laje de concreto armado de subsolo devido a infiltrações no pavimento térreo. Neste caso, contrariamente ao exemplo anterior, as anomalias estão correlacionadas. A deterioração da laje em concreto armado (formação de estalactites, corrosão de armaduras, fissuras, desplacamentos, etc.) é causada pela infiltração de água no pavimento térreo, possivelmente devido a problemas com o sistema de impermeabilização existente. Sendo assim, neste exemplo, as anomalias podem ser registradas na mesma foto, visto que a deterioração de concreto é decorrente da infiltração da laje, que é conseqüência de uma possível falha no sistema de impermeabilização. Não é possível solucionar a deterioração do concreto, ou seja, realizar a sua recuperação, sem antes resolver o problema da infiltração – impermeabilização. 10.12 Responsabilidades Outro item importante a ser destacado no laudo é o limite da responsabilidade do Inspetor Predial, que está consignado no item 19 da norma do IBAPE/SP: 19 RESPONSABILIDADES O(s) profissional é(são) responsável(eis) única e exclusivamente pelo escopo e pelo nível de inspeção contratada. Exime-se de qualquer responsabilidade técnica a empresa ou profissional, quando as observações e orientações existentes no laudo de Inspeção Predial não forem implementadas pelo proprietário ou responsável legal da edificação,bem como por qualquer anomalia e falha decorrente de deficiências de: projeto, execução, especificação de materiais, e/ou deficiência de manutenção, bem como qualquer outra alheia ao trabalho de inspeção procedido. Exime-se de qualquer responsabilidade técnica a empresa ou profissional, sobre a análise de elementos, componentes, subsistemas e locais onde não foi possível executar a Inspeção Predial. Deve-se explicitar a redação específica desses impedimentos no laudo. 10.13 Fluxograma N1 - ENGENHEIRO N2 - EQUIPE N3 - EQUIPE E ENSAIOS TÉCNICO ADMINISTRATIVO MANUTENÇÃO ÁREAS COMUNS ÁREAS PRIVATIVAS EXIGÊNCIAS DOS USUÁRIOS TÉCNICA MANUTENÇÃO USO CRÍTICO REGULAR MÍNIMO CRITICIDADE GUT FMEA CLAREZA SIMPLIFICAÇÃO ORDEM DECRESCENTE ÓTIMA NORMAL MÍNIMA DEFICIENTE INEXISTENTE ELABORAÇÃO DO LAUDO REGULAR IRREGULAR RECOMENDAÇÕES GERAIS E DE SUSTENTABILIDADE SUSTENTABILIDADE ACESSIBILIDADE ORIENTAÇÕES TÉCNICAS DETERMINAÇÃO DO NÍVEL ANÁLISE DOS DOCUMENTOS QUESTIONÁRIO VISTORIA CLASSIFICAÇÃO DO GRAU DE RISCO DETERMINAÇÃO DE PRIORIDADES DOS SERVIÇOS CLASSIFICAÇÃO DA MANUTENÇÃO CLASSIFICAÇÃO DO USO 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – NBR 14037:1998 – Manual de operação, uso e manutenção das edificações – Conteúdo e recomendações para elaboração e apresentação. ABNT – NBR 5674:1999 – Manutenção de edificações – Procedimento BURIN, E.M., DANIEL, E.,FIGUEIREDO, F.F., MOURÃO, I.C.S. e SANTOS, M.S. Vistorias na Construção Civil – Conceitos e Métodos. Editora Pini, 2009. DEL MAR, Carlos Pinto. Falhas, Responsabilidades e Garantias na Construção Civil. Editora Pini, 2007. FIKER, José. Linguagem do Laudo Pericial, Técnicas de Comunicação e Persuasão. Leud (Liv. e Ed. Universitária de Direito), 2005. GOMIDE, T.L.F., PUJADAS, F.Z.A. e FAGUNDES NETO, J.C.P. Técnicas de Inspeção e Manutenção Predial. Editora Pini, 2006. GOMIDE, T.L.F., FAGUNDES NETO, J.C.P. e GULLO, M.A. Engenharia Diagnóstica em Edificações. Editora Pini, 2009. IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia). Norma de Inspeção Predial – 2009. IBAPE-SP - Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo. Inspeção Predial – Checkup Predial: Guia da Boa Manutenção. Leud (Liv. e Ed. Universitária de Direito), 2005 PELACANI, Valmir Luiz. Responsabilidade na Construção Civil. Caderno n.° 7 do CREA-PR, 2010. SOUZA, Rafael Alves de. Ruínas Recentes de Edifícios no Brasil. Anais do II ENTECA - Encontro Tecnológico da Engenharia Civil e Arquitetura. Universidade Estadual de Maringá, 2001. 12. CURRÍCULO DO AUTOR FORMAÇÃO: Engenharia Civil – 07/2003 – Universidade Estadual de Maringá – PR Especialização em Engenharia de Avaliação de Bens e Perícias – 2005 Universidade Filadélfia – Londrina/PR EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: 10/2000 a 03/2001 – Delegacia da Receita Federal em Maringá Função: estagiária da Seção de Apoio à Logística (SAPOL) 07/2002 a 07/2003 – Controlnort Engenharia de Controle Ltda Função: estagiária dos setores de obras de recuperação e de perícias técnicas 08/2003 a 07/2004 – Controlnort Engenharia de Controle Ltda Função: engenheira civil – Setor de obras de recuperação Atividades desenvolvidas: elaboração de orçamentos; levantamentos quantitativos de insumos; cotações de preços; verificação de rendimentos e composições de serviços; gerenciamento de obras de revitalização, recuperação e reforço de obras residenciais, comerciais e industriais. 08/2004 até o presente momento – Controlnort Engenharia de Controle Ltda Função: engenheira civil – Setor de perícias técnica Atividades desenvolvidas: realização de vistorias técnicas em edificações residenciais, comerciais, industriais e públicas para identificação e registro das manifestações patológicas existentes; detecção das causas das anomalias observadas; realização, acompanhamento e interpretação de ensaios laboratoriais e de campo; elaboração de projetos de pisos industriais, impermeabilização e revestimentos de fachada; venda de serviços de engenharia. 06/2007 a 12/2008 – Universidade Estadual de Maringá Função: professora colaboradora – Departamento de Engenharia Civil Atividades desenvolvidas: professora das disciplinas de Desenho Técnico, Construções Rurais e Gestão Logística Aplicada à Construção Civil para os cursos de Engenharia de Alimentos, Engenharia de Produção (ênfases Agronegócios, Confecção Industrial, Software e Construção Civil) e Zootecnia. 01/2009 até 12/2010 – Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Maringá Função: diretora cultural Atividades desenvolvidas: organização e promoção de palestras e cursos; representação da entidade em eventos quando solicitado. PARTICIPAÇÃO EM PALESTRAS, CURSOS E TREINAMENTOS: 20 a 24/10/1997 – IV Semana da Engenharia Civil – Maringá 23/04 a 27/08/1998 – Curso Operação/Programação de Calculadoras HP48G/GX - Mgá 11/08 a 17/09/1998 – Curso: AutoCAD – Maringá 09 a 13/11/1998 – V Semana da Engenharia Civil – Maringá 15 e 16/04/1999 – I Jornada de Tecnologia Aplicada à Construção – Londrina 09/06/1999 – Workshop sobre Ensaios Geotécnicos de Campo – Londrina 08 a 12/11/1999 – VI Semana da Engenharia Civil – Maringá 20 a 25/11/2000 – VII Semana da Engenharia Civil – Maringá 02 a 05/04/2001 – Curso: Programa Brasil Empreendedor – SEBRAE – Maringá 19/04/2001 – Palestra: Uso do Aço na Construção Civil – Maringá 02/08/2001 – Palestra: Dimensionamento de Motobombas – Maringá 04 e 05/06/2002 – Curso Técnico de Impermeabilização – Maringá 11 a 13/09/2002 – Curso: Tecnologia dos Concretos Hidráulicos – Maringá 20 e 21/09/2002 – Curso: Gerenciamento de Obras – Londrina 25 a 29/11/2002 – III Encontro Tecnológico da Engenharia Civil e Arquitetura – Maringá 07/08 a 27/09/2003 – Curso de Extensão em Avaliação e Perícia – Londrina 20 e 21/10/2003
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