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Processos de Criminalização e Meios de Comunicação

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1
NFPSS – DPE/PB
SUMÁRIO
CRIMINOLOGIA	1
DIREITOS HUMANOS	32
CRIMINOLOGIA1
PROCESSOS DE CRIMINALIZAÇÃO
Como se sabe, o processo de criminalização diz respeito às escolhas (seleção penal) realizadas pelas agências punitivas. Dividindo-se em: (#APOSTACICLOS)
· CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA:
Ato de editar uma norma penal incriminadora. É feita pela edição de lei em sentido estrito (#FAZOLINK: princípio da reserva legal).
· CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA:
Consiste na aplicação da lei penal incriminadora após a prática de um fato concreto penalmente proibido. É composta por atos de investigação, produção probatória, julgamento etc. Essa é uma atividade realizada, por exemplo, pelas Polícias e Judiciário.
	CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA
	CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA
	
Edição da lei penal incriminadora.
	
Aplicação da lei penal incriminadora.
 #JÁCAIU: (FCC - 2021 - DPE-GO- Defensor Público)	
1 Por Nathália Cortez.
NFPSS | RETA FINAL – DPE/PB
Ciclos Método
10
Considere a notícia veiculada na imprensa reproduzida abaixo.
LB, suspeito de matar uma família em Ceilândia, no DF, foi morto em troca de tiros com policiais nesta segunda-feira (28). Ele foi preso ferido, mas com vida, e morreu chegando a hospital de Águas Lindas de Goiás, no Entorno do DF. O criminoso estava há 20 dias fugindo de uma força-tarefa com mais de 270 agentes. Aos 32 anos, ele tinha uma extensa ficha criminal, fugiu três vezes da prisão e era acusado de diversos crimes. O procurado foi atingido por vários tiros. Após ser baleado, ele foi levado por uma viatura do Corpo de Bombeiros para o Hospital Municipal Bom Jesus, mas morreu. Por volta de 11h10 min. uma viatura do Instituto Médico Legal (IML) chegou aos fundos da unidade de saúde e levou o corpo dele para ser periciado em Goiânia. O secretário de Segurança Pública de Goiás comemorou o fim da operação: “Missão cumprida. Restabelecemos a paz e tranquilidade nessa comunidade de bem”.
(Disponível em: www.g1.globo.com, acessado em: 31/05/2021) Diante da leitura, verifica-se que os meios de comunicação de massa
A) contribuem no processo de criminalização impedindo a formação de empresários morais, além de impulsionar o movimento de lei e ordem.
B) são instâncias de controle social formal das sociedades democráticas que auxiliam a população na prevenção da criminalidade ao noticiar as áreas de sua maior incidência.
C) têm papel nos processos de criminalização primária e secundária ao reproduzir discursos de emergência e contribuir na formação do estereótipo do criminoso.
D) substituem a atividade policial na apuração de determinados crimes, pois é recorrente a falta de investigação de crimes de homicídio no Brasil.
E) exerceram um papel fundamental na denúncia de crimes dos poderosos e no fim da seletividade penal em grandes operações nos últimos anos no Brasil.
A alternativa C foi considerada correta.
#OLHAOGANCHONADOUTRINA #SANGUEVERDE #DEOLHONASEGUNDAFASE
O que a criminologia crítica, especificadamente o professor Baratta fala sobre o processo de criminalização?
“A homogeneidade do sistema escolar e do sistema penal corresponde ao fato de que realizam, essencialmente, a mesma função de reprodução das relações sociais e de manutenção da estrutura vertical
da sociedade, criando, em particular, eficazes contra-estímulos à integração dos setores mais baixos e marginalizados do proletariado, ou colocando diretamente em ação processos marginalizadores. Por isso, encontramos no sistema penal, em face dos indivíduos provenientes dos estratos sociais mais fracos, os mesmos mecanismos de discriminação presentes no sistema escolar.
No que se refere ao direito penal abstrato (isto é, à criminalização primária), isto tem a ver com os conteúdos, mas também com os “não-conteúdos” da lei Penal. O sistema de valores que neles se reflete, predominantemente, o universo moral próprio de uma cultura burguesa-individualista, dando a máxima ênfase à proteção do patrimônio privado e orientando-se, predominantemente, para atingir as formas de desvio típicas dos grupos socialmente mais débeis e marginalizados.
De seu turno, os processos de criminalização secundária acentuam o caráter seletivo do sistema penal abstrato. Têm sido estudados os preconceitos e os estereótipos que guiam a ação tanto dos órgãos investigadores como dos órgãos judicantes, e que os levam, portanto, assim como ocorre no caso do professor e dos erros nas tarefas escolares, a procurar a verdadeira criminalidade principalmente naqueles estratos sociais dos quais é normal esperá-la”. (Criminologia Crítica e Crítica ao Direito Penal. Introdução à Sociologia do Direito Penal. Alessandro Baratta; 1999. p. 176/177).
 	PRINCIPAIS ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS	 #SELIGANATABELA:
	ESCOLAS
	Principais expoentes
	Método
	Principais pontos
	
ESCOLA CLÁSSICA
	
Cesare Beccaria Francesco Carrara
	
Método lógico- abstrato ou dedutivo
	
Inspirada no Iluminismo, visava à limitação do poder punitivo estatal.
Responsabilidade penal fundada no livre-arbítrio.
A pena tem função retributiva.
	
ESCOLA POSITIVA
	
Cesare Lombroso
	
Método empírico- dedutivo.
	
Enxergava o crime como um fato natural e motivado por questões biológicas (negava, portanto, o livre-arbítrio).
A pena tinha função de prevenção especial.
	
ESCOLA DE LYON
	
Alexandre Lacassagne
	
	
Entendia a delinquência como uma soma da predisposição pessoal (anomalias físicas e psíquicas) e do meio social.
	
"TERZA SCUOLA" ITALIANA
	
Manuel Carnevale.
	
	
Enxergava o crime como um fenômeno individual e social.
A pena tinha um caráter aflitivo, com a finalidade de defesa social.
Distinguiu imputáveis de inimputáveis.
	
ESCOLA SOCIOLÓGICA ALEMÃ
	
Franz von Liszt
	
	
Sustentou que o crime era resultado dos fatores sociais.
	
	
	
	A pena tinha finalidade preventiva.
	
ESCOLA CORRECIONALISTA
	
Cárlos Davis Augusto Rõder
	
	
Entendia que o delinquente possuía uma patologia que o desviava do que era socialmente correto.
A pena era um remédio social.
	
ESCOLA DA NOVA DEFESA SOCIAL
	
Adolphe Prins
	
	
Defende a modernização e humanização do Direito.
Visava à ressocialização do criminoso, por meio de um sistema preventivo.
 	MODELOS TEÓRICOS DA CRIMINOLOGIA	 #SELIGANATABELA2:
	MODELOS TEÓRICOS DA CRIMINOLOGIA
	Modelo
	Traços Principais
	
Modelo Clássico e Neoclássico da Opção Racional
	
- Livre-arbítrio;
- Crime é fruto da decisão racional e livre;
2 Barrreiras, Mariana Barros. Manual Reverso de Criminologia/ Mariana Barros Barreias – Salvador: Editora Juspodivm, 2021.
	
	
- Delinquente e o não delinquente são seres essencialmente iguais;
- Enfoque sobre o presente do autor;
- Preocupação com a justiça, a legalidade e a utilidade da pena;
- Escola Clássica, Teorias da Opção Econômica (Ser humano viabiliza a prática criminal, ponderando custos e benefícios); das Atividades Rotineiras (Racionalidade da opção delitiva está ligada às oportunidades); Entorno Físico (espaço físico como fator criminológico).
	
Modelo Positivista
	
-Determinismo (radical ou mitigado, biológico ou social);
- Enfoque na etiologia criminal (busca das causas do crime);
- Delinquente ou não delinquente são seres essencialmente diferentes;
- Teorias de cunho biológico (alto grau de empirismo, razão do crime no corpo do criminoso); psicológico (enfermidades mentais, processos mentais, correlação entre doenças psíquicas e o crime) e sociológico (crime como fenômeno social).
	
Modelo da Reação Social
	- Abandono da etiologia;
- Conceito definitorial e não ontológico de delito;
· Enfoque nos mecanismos seletivos que fazem com que certas pessoas sejam etiquetadas como criminosas pelas instâncias estigmatizantes de controle social formal.
· Teorias do Labelling Approach (ou teoria do etiquetamento) e teoria Critica (Não importa o motivo que leva o indivíduo a praticar um crime, mas os
	
	mecanismos de seletividade que leva a que pessoas sejam etiquetadas como criminosas).Modelo do Enfoque Dinâmico
	
- Criminologia do desenvolvimento;
- Enfoque na evolução pessoal do delinquente;
- Métodos longitudinais (análises e medições em diferentes momentos temporais);
- Abandono de tipologias e da etiologia estática;
-Análise de carreiras criminais;
- Valorização da ideia de “curva da idade”.
 	MOVIMENTO DE LEI E ORDEM	
O chamado Movimento de Lei e Ordem, assim como outros estudos criminológicos, teve seu berço nos Estados Unidos, na década de 70. Filiou-se à ideia de Direito Penal Máximo, visando o crescimento de normas penais rigorosas, por enxergar que essa era a medida adequada ao combate eficaz da crescente criminalidade.
Observa-se, portanto, que referido movimento tem forte ligação com outros estudos/teorias, como o Direito Penal do Inimigo, o Funcionalismo Radical e a 3ª Velocidade do Direito Penal.
	
MOVIMENTO DE LEI E ORDEM
	
Direito penal máximo.
	Aumento do volume de normas
penais incriminadoras e do rigor de suas punições.
#FAZOGANCHO #DIREITOPENALDOINIMIGO:
“A teoria do direito penal do inimigo, proposta, em 1985, por Günter Jakobs, professor catedrático de Direito
Penal e Filosofia do Direito na Universidade de Bonn, Alemanha, defende como função primordial do Direito
Penal a tutela da norma e do ordenamento jurídico, relegando a um plano secundário a tutela dos bens jurídicos.
O Direito Penal do inimigo, considerado um verdadeiro estado de guerra, surge em contraposição ao denominado Direito Penal do cidadão, aplicável aos "cidadãos de bem", que, em respeito aos princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito, segue as garantias penais e processuais.
No modelo proposto por Jakobs, consideram-se inimigos do Estado os criminosos que se afastam permanentemente das normas de direito e representam grande perigo à sociedade (terroristas, autores de crimes sexuais e de crimes econômicos, criminosos organizados e demais delitos graves), devendo receber um tratamento diferenciado dos cidadãos de bem, com o sacrifício de seus direitos, em favor da proteção do interesse público.
A transição da qualidade de "cidadão" para "inimigo" dá-se a partir da reincidência, da habitualidade, da delinquência profissional ou da integração à organização criminosa (MASSON, 2017, p. 114), comportamentos que revelam um modo de vida contrário às normas jurídicas, caracterizando o abandono do direito.
Ressalte-se que os cidadãos de bem, por aceitarem as normas do contrato social, em caso de infringência incidental da ordem jurídica, terão seus direitos de cidadão-acusado respeitados, mantendo-se a vigência da norma (SUMARIVA, 2017, p. 181)”3.
#MAISUMGANCHO
As características principais do movimento Lei e Ordem são:
· a pena criminal é justificada como castigo e retribuição, mas não no sentido de retribuição jurídica, e sim no sentido clássico do tema, punição porque errou;
· os delitos hediondos e que ferem os principais bens jurídicos devem ser punidos com o máximo rigor, com penas de morte e de longo encarceramento;
· as penas aplicadas em decorrência de crimes violentos devem ser cumpridas em estabelecimentos prisionais de segurança máxima, com um regime de cumprimento de pena severo por parte do condenado, separando-o do convívio com os demais apenados;
· a ampliação da prisão provisória para garantir imediatidade de resposta ao crime;
· diminuição dos poderes e controle da execução penal judicial e aumento dos poderes das autoridades penitenciárias.
3 Criminologia/ Natacha Alves de Oliveira - Salvador: Editora JusPodivm, 2019.
 	TEORIAS SOCIOLÓGICAS	
“Nessa perspectiva macrossociológica, as teorias criminológicas contemporâneas não se limitam à análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos, mas sim da sociedade como um todo”4.
Muitos doutrinadores dividem as teorias sociológicas em duas grandes partes: a) Teorias do consenso; e b) Teorias do conflito.
2) uma de cunho argumentativo, chamada de teoria de conflito.
1) uma de cunho funcionalista, denominada teoria de integração, mais conhecida por teorias de consenso.
· TEORIAS DO CONSENSO:
A finalidade da sociedade é alcançada quando todas as suas instituições funcionam perfeitamente, de forma que os cidadãos passam a compartilhar objetivos comuns e aceitam as regras sociais. Há, portanto, uma necessidade de que os indivíduos ajam de forma voluntária.
Para seus defensores, o crime é visto como um fenômeno social.
Podem ser citadas como exemplos da categoria: Escola de Chicago, teoria de associação diferencial, teoria da anomia e teoria da subcultura delinquente. (#COLANARETINA)
· TEORIAS DO CONFLITO:
Já para as teorias do conflito, a sociedade só estará coesa se estiver fundada no uso da força e coerção contra seus cidadãos, havendo um sistema de dominação de algumas classes em relação a outras. Aqui, portanto, não há voluntariedade.
Para essa teoria, o crime existe como uma consequência das lutas pelo poder.
São exemplos de teorias do conflito: Teoria do Etiquetamento e Teoria Crítica. (#COLANARETINA)
 #DEOLHONADOUTRINA	
4 Penteado Filho, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. –
São Paulo: Saraiva, 2012.
“Os postulados das teorias de conflito são: as sociedades são sujeitas a mudanças contínuas, sendo ubíquas, de modo que todo elemento coopera para sua dissolução. Haveria sempre uma luta de classes ou de ideologias a informar a sociedade moderna (Marx).
Os sociólogos contemporâneos afastam a luta de classes, argumentando que a violação da ordem deriva mais da ação de indivíduos, grupos ou bandos do que de um substrato ideológico e político.
Como bem ressaltou Shecaira (2008, p. 141): “Qualquer que seja a visão adotada para a análise criminológica, a sociedade é como a cabeça de Janus5, e suas duas faces são aspectos equivalentes da mesma realidade”. (FONTE: Manual Esquematico de Criminologia. Nestor Sampaio Penteado Filho. 2020. p. 79/78).
 	ESCOLA DE CHICAGO	
Muita atenção nessa teoria, porque ela despenca em provas!! #APOSTACICLOS.
A Escola de Chicago, nascida entre as décadas de 20 e 30, no Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, concluiu que o entorno urbano influenciava diretamente nas condutas humanas, de modo que a violência e criminalidade eram causadas pela própria sociedade (e seu aumento populacional) e não pelo indivíduo, visto singularmente. Para seus defensores, a violência e a própria criminalidade estavam diretamente ligadas à miséria e às desigualdades impostas pelo crescimento urbano.
Tem como principal objetivo ações preventivas e consequentemente a diminuição de ações repressivas.
“Duas grandes contribuições da Escola de Chicago para o estudo da criminalidade são apontadas por Wagner Freitas (2002, p. 55), a saber:
a) Método de observação participante - o pesquisador participa diretamente de seu objeto de estudo, extraindo seu conhecimento a partir de suas experiências pessoais e não de experiências alheias.
b) Conceito de ecologia humana - A ecologia humana aponta a cidade como a causadora da criminalidade”6.
5 Na Antiguidade, muitas cidades eram cercadas por fortificações que as protegiam, tendo portas e arcos como entradas. Janus, deus romano, protetor das entradas ou começos, é representado por uma cabeça dotada de duas faces, posicionadas em direções opostas, conforme aparece em antigas moedas romanas.
6 Criminologia/ Natacha Alves de Oliveira - Salvador: Editora JusPodivm, 2019.
Em razão da forte influência exercida nos estudos criminológicos, a Escola de Chicago inspirou o surgimento de outras correntes de pensamento, tais como: a Teoria das Janelas Quebradas e a Teoria da Tolerância Zero.
	
ESCOLA DE CHICAGO
	Sociologia das grandes
cidades.
	Crescimento urbano e aumento da
criminalidade.
#JÁCAIU: (FCC - 2018 - DPE-AM- Defensor Público) Sobre as escolas criminológicas, é correto afirmar:
A) A Escola de Chicago fomentou a utilização de métodos de pesquisa que propiciou o conhecimento da realidade da cidade antesde se estabelecer a política criminal adequada para intervenção estatal.
B) A teoria da rotulação social busca compreender as causas da criminalidade por meio do processo de aprendizagem das condutas desviantes.
C) O positivismo criminológico desenvolveu a ideia de criminoso nato, aplicável contemporaneamente apenas aos inimputáveis.
D) O abolicionismo penal de Louk Hulsman defende o fim da pena de prisão e um direito penal baseado em penas restritivas de direito e multa.
E) A teoria da subcultura delinquente foi o primeiro conjunto teórico a empreender uma explicação generalizadora da criminalidade.
A alternativa A foi considerada correta.
 	TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS	
Em 1982 foi publicada na revista The Atlantic Monthly uma teoria elaborada por dois criminólogos americanos, James Wilson e George Kelling, denominada Teoria das Janelas Quebradas (Broken Windows Theory).
Essa teoria parte da premissa de que existe uma relação de causalidade entre a desordem e a criminalidade.
A teoria baseia-se num experimento realizado por Philip Zimbardo, psicólogo da Universidade de Stanford, com um automóvel deixado em um bairro de classe alta de Palo Alto (Califórnia) e outro deixado no Bronx (Nova York). No Bronx o veículo foi depenado em 30 minutos; em Palo Alto, o carro permaneceu
intacto por uma semana. Porém, após o pesquisador quebrar uma das janelas, o carro foi completamente destroçado e saqueado por grupos de vândalos em poucas horas.
	
TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS
	
Ligação entre criminalidade e desordem.
	
Repressão exemplar de qualquer delito.
#OLHAOGANCHO - A teoria das janelas quebradas (oubroken windows theory), desenvolvida nos EUA e aplicada em Nova York, quando Rudolph Giuliani era prefeito, por meio da Operação Tolerância Zero, reduziu consideravelmente os índices de criminalidade naquela cidade.
Uma das principais críticas a essa teoria está no fato de que, com a política de tolerância zero, houve o encarceramento em massa dos menos favorecidos, tal como pessoas em situação de rua.
 	TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL	
“A associação diferencial desperta as leis de imitação, porque, ao contrário do que suponha Lombroso, ninguém nasce criminoso, mas a criminalidade é uma consequência de uma socialização incorreta.
As classes sociais mais altas acabam por influenciar as mais baixas, inclusive em razão do monopólio dos meios de comunicação em massa, que criam estereótipos, modelos, comportamentos etc.
Portanto, não se pode dizer que o crime é uma forma de comportamento inadaptado das classes menos favorecidas. Não é exclusividade delas, porque assistimos a uma série de crimes de colarinho branco (sonegações, fraudes etc.), que são delitos praticados por pessoas de elevada estatura social e respeitadas no ambiente profissional (empresários, políticos, industriais etc.)”7.
Observa-se, desse modo, que o delito é originado de um comportamento aprendido (processo de imitação) pelo criminoso no seu meio social.
7 Penteado Filho, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. –
São Paulo: Saraiva, 2012.
O criminoso nasce após aprender o comportamento criminoso com outros indivíduos de sua convivência.
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL
#JÁCAIU: (FCC - 2012 - DPE-PR- Defensor Público)
Com o surgimento das Teorias Sociológicas da Criminalidade (ou Teorias Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição marcante das pesquisas criminológicas em dois grupos principais. Essa divisão leva em consideração, principalmente, a forma como os sociólogos encaram a composição da sociedade: Consensual (Teorias do consenso, funcionalistas ou da integração) ou Conflitual (Teorias do conflito social). Neste contexto são consideradas Teorias Consensuais:
A) Escola de Chicago, Teoria da Anomia e Teoria da Associação Diferencial.
B) Teoria da Anomia, Teoria Crítica e Teoria do Etiquetamento.
C) Teoria Crítica, Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente.
D) Teoria do Etiquetamento, Teoria da Associação Diferencial e Escola de Chicago.
E) Teoria da Subcultura Delinquente, Teoria da Rotulação e Teoria da Anomia. A alternativa A foi considerada correta.
 	TEORIA DA ANOMIA	
A Teoria da Anomia, inspirada na doutrina de Émile Durkheim, aponta que o fracasso dos mecanismos de regulação da vida social geram a ausência ou esvaziamento das normas existentes.
Para Durkheim, uma conduta é considerada criminosa por violar o consciente coletivo. Mas, ao contrário de outros doutrinadores, este estudioso compreendeu o crime como um fenômeno normal e até mesmo útil ao desenvolvimento da sociedade.
Por essa razão, a Teoria da Anomia buscou a despatologização do delito.
“Por outro lado, em caso de incremento excessivo do índice de criminalidade, instalar-se-á o caos e a desordem social, com a subversão de valores e descrença no sistema normativo de condutas, ensejando
o denominado estado de anomia. Percebe-se, assim, que o aumento da criminalidade se relaciona diretamente ao descrédito no sistema normativo de condutas”.8 (#APOSTACICLOS).
	
TEORIA DA ANOMIA
	
Émile Durkheim.
	A anomia é resultado do fracasso das instituições de poder e consequente falência das normas
sociais.
	O alto índice de criminalidade leva ao caos e à desordem social.
#JÁCAIU: (FCC - 2021 - DPE-AM- Defensor Público)
O pensamento de Émile Durkheim trouxe importantes influxos para a criminologia. Sobre sua obra, é correto afirmar que
A) a teoria da anomia conformou o pensamento crítico de resistência ao positivismo criminológico latino- americano ao reconhecer o estado de organização social em uma perspectiva decolonial.
B) a punição recebeu importância lateral, já que sua obra foi forjada no sentido de entender o crime e suas motivações, preocupações centrais do pensamento social revolucionário.
C) rejeita a importância da solidariedade social para compreender o fenômeno social e a criminalidade, como faziam os estudiosos do positivismo criminológico.
D) a reação social ao delito, mais do que suas causas, é o fundamento que possibilita a crítica do sistema penal moderno.
E) a pena é um ato de imposição de sofrimento ao ser humano que, todavia, é considerado justo ante o abalo proporcionado à consciência coletiva pela conduta criminosa.
A alternativa E foi considerada correta.
 	TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE	
Para a Teoria da subcultura delinquente, ao lado de uma cultural central imposta a uma determinada sociedade, subsistem subculturas que retratam a realidade de grupos sociais que não se sentem representados por essa cultura predominante e que, a partir disso, passam a delinquir (contrariar normas oficiais impostas).
8 Criminologia/ Natacha Alves de Oliveira - Salvador: Editora JusPodivm, 2019.
A verdade é que a existência de subculturas ou culturas paralelas àquela predominante na sociedade é uma reação de minorias desfavorecidas que não conseguem sobreviver de maneira adequada a partir dessas regras impostas.
“Identificam-se como exemplos as gangues de jovens delinquentes, em que o garoto passa a aceitar os valores daquele grupo, admitindo-os para si mesmo, mais que os valores sociais dominantes.
Segundo Cohen, a subcultura delinquente se caracteriza por três fatores: não utilitarismo da ação; malícia da conduta e negativismo.
O não utilitarismo da ação se revela no fato de que muitos delitos não possuem motivação racional (ex.: alguns jovens furtam roupas que não vão usar).
A malícia da conduta é o prazer em desconcertar, em prejudicar o outro (ex.: atemorização que gangues fazem em jovens que não as integram).
O negativismo da conduta mostra-se como um polo oposto aos padrões da sociedade”9.
#OLHAOGANCHO - Três ideias básicas sustentam a subcultura: 1) o caráter pluralista e atomizado da ordem social; 2) a cobertura normativa da conduta desviada; 3) as semelhanças estruturais, na gênese, dos comportamentos regulares e irregulares.
A criminalidade nasce do surgimento de culturas paralelas aos valores impostos pelo Estado.TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE
#JÁCAIU: (FCC - 2021 - DPE-GO- Defensor Público)
O crime organizado é tratado
A) pela Escola de Chicago como um modo de sobrevivência e de formação de identidade do jovem em vizinhanças socialmente organizadas que se conformam em gangues, como nas favelas brasileiras.
B) pela teoria da reação social como um grupo de pessoas dotado de características psíquicas peculiares rotulados pela lei, cujo estigma funciona como mecanismo de propulsão de medidas autoritárias no Brasil.
9 Penteado Filho, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. –
São Paulo: Saraiva, 2012.
C) pelo positivismo criminológico como um tema central, já que para Cesare Lombroso a etiologia do crime era determinada pelas patologias coletivas que, por sua vez, determinavam o comportamento individual desviante, o que não pode ser aceito em nossa realidade periférica.
D) pela teoria da subcultura delinquente como uma manifestação não utilitária e destrutiva, o que representa um anacronismo ao ser transportada para a compreensão das facções prisionais brasileiras.
E) pela criminologia cultural como uma forma legítima de organização popular de resistência contra as mazelas do sistema penal, de modo que deve ser utilizada como forma decolonial de análise na realidade brasileira.
A alternativa D foi considerada correta.
 	TEORIA DA REAÇÃO SOCIAL	
Muita atenção para essa teoria, porque ela também é uma das mais cobradas pela FCC!
#APOSTACICLOS!
Nascida nos EUA, em 1960, a Teoria da reação social, também chamada de Teoria da rotulação social, do etiquetamento, do interacionismo simbólico ou labelling approach (#SELIGANOSSINÔNIMOS), teve como principais expoentes Erving Goffman e Howard Becker.
Para essa corrente, a criminalidade é resultado de um processo de escolha feito pela sociedade (etiquetamento), elegendo determinada conduta como ilícita e seu executor, consequentemente, como delinquente. Por essa razão, o que distingue o delinquente do “homem comum” é o fato de ter recebido um rótulo.
Observa-se, desse modo, que seus estudiosos sustentam que a criminalidade é resultado de um processo seletivo e discriminatório, afastando a ideia determinista defendida por outras correntes.
Ressalta-se, ainda que, para seus defensores, aqueles que são estigmatizados como criminosos, acabam, com o tempo, enxergando-se como tal e desencadeando um ciclo delitivo.
“A teoria da rotulação de criminosos cria um processo de estigma para os condenados, funcionando a pena como geradora de desigualdades. O sujeito acaba sofrendo reação da família, amigos, conhecidos, colegas, o que acarreta a marginalização no trabalho, na escola.
Sustenta-se que a criminalização primária produz a etiqueta ou rótulo, que por sua vez produz a criminalização secundária (reincidência). A etiqueta ou rótulo (materializados em atestado de antecedentes, folha corrida criminal, divulgação de jornais sensacionalistas etc.) acaba por impregnar o indivíduo, causando
a expectativa social de que a conduta venha a ser praticada, perpetuando o comportamento delinquente e aproximando os indivíduos rotulados uns dos outros. Uma vez condenado, o indivíduo ingressa numa “instituição” (presídio), que gerará um processo institucionalizador, com seu afastamento da sociedade, rotinas do cárcere etc”10.
	
	A criminalidade é
	
	
	
	resultado de um
	
	
	LABELLING
	processo de escolha
	Seletividade e
	Tenta compreender os
	APPROACH
	feito pelo legislador, no
	discriminação.
	processos de
	
	qual comportamentos
	
	estigmatização.
	
	são etiquetados como
	
	
	
	nocivos à sociedade.
	
	
#JÁCAIU: (FCC - 2017 - DPE-SC- Defensor Público) A teoria do labelling approach
A) também é conhecida como teoria da anomia e exerceu forte influência sobre o funcionalismo penal.
B) possui uma perspectiva transdisciplinar na discussão da questão urbana e da ecologia criminal.
C) surge no Reino Unido na década de 1950 em reação à teoria da associação diferencial.
D) tem o interacionismo simbólico na sociologia como forte influência para seu desenvolvimento em ruptura aos modelos de consenso até então imperantes na criminologia.
E) tem sua raiz na sociologia marxista do conflito.
A alternativa D foi considerada correta.
10 Penteado Filho, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. –
São Paulo: Saraiva, 2012.
 	VITIMOLOGIA	
A Vitimologia é a ciência que estuda a vítima e os processos de vitimização, objetivando a diminuição de seus números e o tratamento mais humanizado daquelas.
· PROCESSOS DE VITIMIZAÇÃO:
a) Vitimização primária: está ligada aos danos materiais, físicos e psicológicos causados de forma direta pelo delito praticado.
b) Vitimização secundária: é a chamada revitimização, correspondendo ao sofrimento adicional sofrido pela vítima, em razão de condutas praticadas pelas instituições formais (ex.: polícia) e informais (ex.: família) de controle social.
#OLHAOGANCHO #NOVIDADELEGISLATIVA #SAINDODOFORNO:
Violência Institucional
(Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a testemunha de crimes violentos a procedimentos
desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a reviver, sem estrita necessidade:	(Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
I - a situação de violência; ou	(Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento ou estigmatização:	(Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.	(Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a vítima de crimes violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços).	(Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a
pena em dobro. (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
#FAZOGANCHO #LEIMARIADAPENHA:
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados.
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas;
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento:
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida;
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial;
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito.
#FAZOGANCHO #CPP #LEIMARIANAFERRER:
Art. 400-A. Na audiência de instrução e julgamento, e, em especial, nas que apurem crimes contra a dignidade sexual, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato deverão zelar pela integridade física e psicológica da vítima, sob pena de responsabilizaçãocivil, penal e administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do disposto neste artigo, vedadas (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos; (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas. (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
c) Vitimização terciária: resulta da falta de amparo sofrido pela vítima por todos os envolvidos: Estado, família, sociedade etc.
#JÁCAIU: (FCC - 2012 - DPE-PR- Defensor Público) Considere os acontecimentos abaixo.
I. No dia 16 de outubro, após um dia exaustivo de trabalho, quando chegava em sua casa, às 23:00 horas, em um bairro afastado da cidade, Maria foi estuprada. Naquela mesma data, fora acionada a polícia, quando então foi lavrado boletim de ocorrência e tomadas as providências médico-legais, que constatou as lesões sofridas.
II. Após o fato, Maria passou a perceber que seus vizinhos, que já sabiam do ocorrido, a olhavam de forma sarcástica, como se ela tivesse dado causa ao fato e até tomou conhecimento de comentários maldosos, tais como: “também com as roupas que usa (...)”, “também como anda, rebolando para cima e para baixo” e etc., o que a deixou profundamente magoada, humilhada e indignada.
III. Em novembro, fora à Delegacia de Polícia prestar informações, quando relatou o ocorrido, relembrando todo o drama vivido. Em dezembro fora ao fórum da Comarca, onde mais uma vez, Maria foi questionada sobre os fatos, revivendo mais uma vez o trauma do ocorrido.
Os acontecimentos I, II e III relatam, respectivamente processos de vitimização:
A) primária, secundária e terciária.
B) primária, terciária e secundária.
C) secundária, primária e terciária.
D) terciária, primária e secundária.
E) secundária, terciária e primária.
A alternativa B foi considerada correta.
· SÍNDROME DE ESTOCOLMO:
Refere-se a um estado psicológico vivenciado por algumas vítimas que são privadas de sua liberdade e, durante esse período, desenvolvem relações de simpatia ou afeto pelos delinquentes.
· SÍNDROME DE LONDRES:
As vítimas feitas de reféns adquirem uma antipatia em relação aos sequestradores, que faz com que elas passem a entrar em atrito com esses últimos.
· SÍNDROME DA MULHER DE POTIFAR:
Faz referência a uma pessoa rejeitada por outra e que, por vingança, imputa falsamente a esta última a prática de um delito contra a dignidade sexual da informante.
 	TEORIAS LEGITIMADORAS DA PENA	
	TEORIA ABSOLUTA
	TEORIA RELATIVA
	TEORIA MISTA
	
A pena é vista como meio de retribuição para o crime praticado.
	
A pena é o instrumento para se alcançar a prevenção criminal.
	
Combina as duas teorias anteriores e é a adotada pelo Código Penal (art.
59).
Dentro das chamadas Teorias Relativas, Preventivas ou Utilitárias, existem subdivisões sobre as funções preventivas da pena: (#APOSTACICLOS)
	PREVENÇÃO GERAL
POSITIVA
	PREVENÇÃO GERAL
NEGATIVA
	PREVENÇÃO ESPECIAL
POSITIVA
	PREVENÇÃO ESPECIAL
NEGATIVA
	
Enxerga a pena como
	
Entende que a pena tem a finalidade de promover uma coação psicológica nos cidadãos, fazendo com que eles não queiram delinquir.
	
Observa a pena como um meio de ressocialização do condenado.
	
	instrumento de
	
	
	A pena serve para
	estabilização normativa
	
	
	neutralizar o apenado,
	e que faz com que a
	
	
	fazendo com que este
	sociedade confie no
	
	
	não queira delinquir.
	sistema penal.
	
	
	
No Brasil, compreende-se que a pena tem tríplice finalidade: a) retributiva; b) preventiva; c) reeducativa.
 #JÁCAIU: (FCC - 2021 - DPE-SC- Defensor Público)	
O novato chega ao estabelecimento com uma concepção de si mesmo que se tornou possível por algumas disposições sociais estáveis no seu mundo doméstico. Ao entrar, é imediatamente despido do apoio dado por tais disposições. Na linguagem exata de algumas de nossas mais antigas instituições totais, começa uma série de rebaixamentos, degradações, humilhações e profanações do eu. (GOFFMAN, Erving. Manicômios, Prisões e Conventos. Tradução de Dante Moreira Leite. São Paulo: Perspectiva, 1974, p. 24) Os efeitos deteriorantes do encarceramento relacionam-se à deslegitimação da função da pena de prevenção
A) geral positiva.
B) especial positiva.
C) da violência.
D) geral negativa.
E) especial negativa.
A alternativa B foi considerada correta.
#JÁCAIU: (FCC - 2019 - DPE-SP- Defensor Público)
Com relação às críticas feitas por parte da doutrina às teorias preventivas da pena, é correto afirmar:
A) A falha que se aponta na teoria da prevenção geral positiva, no modelo de Günther Jakobs, é que ela legitima a imposição da pena nos casos de delitos mais refinados, que acarretam maior danosidade social, mas admite a abstenção das agências penais em relação aos delitos de massa, típicos da classe menos abastada.
B) Uma das críticas feitas à teoria da prevenção geral negativa é que a medida da pena não teria relação com a gravidade do fato praticado, mas sim dependeria do grau de periculosidade do agente, isto é, da probabilidade de voltar a delinquir e representar um risco à sociedade.
C) A teoria da prevenção geral positiva, na sua versão eticizada, parte do falso pressuposto de que todo delito afeta valores ético-sociais comuns à coletividade, desconsiderando o fato de que nas sociedades modernas multiculturais não há um sistema de valores único, o que enseja uma ditadura ética.
D) A principal crítica que se faz à teoria da prevenção especial negativa é que, ao contrário da ideologia ressocializadora por ela propagada, a criminalização e a prisonização do indivíduo não possibilitam o seu melhoramento moral ou psicológico, mas apenas deterioram a sua personalidade.
E) O problema central da teoria da prevenção especial positiva é que ela pretende reforçar a confiança da coletividade no sistema jurídico abalado pela prática do delito, utilizando o indivíduo, autor da infração, como instrumento para obtenção desse fim.
A alternativa C foi considerada correta.
 	POLICIZAÇÃO E MILITARIZAÇÃO	
Os estudiosos dessa temática criticam o histórico violento e com alto índice de mortalidade na atuação das autoridades policiais e dos demais órgãos ligados à segurança pública do Estado. Por essa razão, muitos defendem que a atuação policial tenha natureza civil (e não militar), o que ocasiona a luta pela desmilitarização da polícia brasileira.
No Brasil, infelizmente, esse modelo ainda é fortemente utilizado, embora visto como incompatível com o Estado Democrático de Direito.
#OLHAOGANCHO #DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS – Pessoal, façam o link do termo militarização (ZAFFARONI) com ADPF da favela:
O STF determinou que:
1) o Estado do Rio de Janeiro elabore e encaminhe ao STF, no prazo máximo de 90 dias, um plano para redução da letalidade policial e controle das violações aos direitos humanos pelas forças de segurança, que apresente medidas objetivas, cronogramas específicos e previsão dos recursos necessários para a sua implementação.
2) o emprego e a fiscalização da legalidade do uso da força sejam feitos à luz dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei.
3) seja criado um grupo de trabalho sobre Polícia Cidadã no Observatório de Direitos Humanos localizado no Conselho Nacional de Justiça;
4) nos termos dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, só se justifica o uso da força letal por agentes de Estado quando, ressalvada a ineficácia da elevação gradativa do nível da força empregada para neutralizar a situação de risco ou de violência, exauridos os demais meios, inclusive os de armas não-letais, e necessário para proteger a vida ou prevenir um dano sério, decorrente de uma ameaça concreta e iminente.
5) as investigações de incidentes que tenham como vítimas crianças ou adolescentes terão a prioridade absoluta;6) No caso de buscas domiciliares por parte das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro, devem ser observadas as seguintes diretrizes constitucionais, sob pena de responsabilidade:
(i) a diligência, no caso específico de cumprimento de mandado judicial, deve ser realizada somente durante o dia, vedando-se, assim, o ingresso forçado a domicílios à noite;
(ii) a diligência, quando feita sem mandado judicial, pode ter por base denúncia anônima;
(iii) a diligência deve ser justificada e detalhada por meio da elaboração de auto circunstanciado, que deverá instruir eventual auto de prisão em flagrante ou de apreensão de adolescente por ato infracional e ser remetido ao juízo da audiência de custódia para viabilizar o controle judicial posterior; e
(iv) a diligência deve ser realizada nos estritos limites dos fins excepcionais a que se destina.
7) seja obrigatória a disponibilização de ambulâncias em operações policiais previamente planejadas em que haja a possibilidade de confrontos armados, sem prejuízo da atuação dos agentes públicos e das operações;
8) o Estado do Rio de Janeiro, no prazo máximo de 180 dias, instale equipamentos de GPS e sistemas de gravação de áudio e vídeo nas viaturas policiais e nas fardas dos agentes de segurança, com o posterior armazenamento digital dos respectivos arquivos. STF. Plenário. ADPF 635 MC-ED/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 2 e 3/02/2022 (Info 1042).
 	FOUCAULT E A QUESTÃO PRISIONAL	
Michel Foucault, autor da célebre obra “Vigiar e Punir”, redirecionou o pensamento convencional acerca do que é um sistema carcerário e onde ele atua, ensinando que o “carcerário” não está apenas em prisões, mas sim em toda a sociedade, por meio de ações cotidianas que representam expressões do poder disciplinar, ocasionando uma constante rede de vigilância, controle e punição dos cidadãos.
“O fenômeno do panoptismo, proposto por Jeremy Bentham, determina os meios pelos quais se exerce uma nova forma de poder, mais eficaz, mais sutil e, ao mesmo tempo, mais austera. A constante visibilidade passa a erigir nos indivíduos uma sensação de permanente vigilância - mesmo que esta, de fato, não esteja em prática, seus efeitos perduram. O objetivo passa a ser, assim, a correção pela sujeição; a docilidade pelo medo”11.
Mas Foucault afirma, ademais, que o “carcerário” também é responsável por criar a própria delinquência, na medida em que o próprio sistema de vigilância constante, o “encarceramento” da sociedade, cria a criminalidade, a qual, frise-se, não se limita às bordas sociais, mas se estende ao todo.
11 PARA LER MAIS: https://www.revistas.usp.br/primeirosescritos/article/download/153056/149542/326416
	
Michel Foucault
	
Célebre obra: Vigiar e punir.
	O carcerário é um sistema de
vigilância que ocupa toda a sociedade e não só as prisões.
#JÁCAIU: (FCC - 2015 - DPE-SP- Defensor Público)
“O atestado de que a prisão fracassa em reduzir os crimes deve talvez ser substituído pela hipótese de que a prisão conseguiu muito bem produzir a delinquência, tipo especificado, forma política ou economicamente menos perigosa − talvez até utilizável − de ilegalidade; produzir delinquentes, meio aparentemente marginalizado mas centralmente controlado; produzir o delinquente como sujeito patologizado".
O trecho acima, extraído de Vigiar e punir, sintetiza uma importante conclusão de Michel Foucault decorrente de suas análises sobre a prisão como uma instituição disciplinar moderna. Para o autor, a prisão permite
A) objetivar a delinquência por trás da infração e consolidar a delinquência no movimento das ilegalidades.
B) classificar a delinquência em suas categorias e erradicar a delinquência do meio social.
C) reduzir a delinquência através do controle e controlar a delinquência por meio da repressão.
D) combater a delinquência por meio da punição e erradicar a delinquência do meio social.
E) controlar a delinquência por meio da repressão e diferenciar a delinquência da periculosidade.
A alternativa A foi considerada correta.
 	ABOLICIONISMO PENAL	
O Abolicionismo Penal, o qual se subdivide em algumas vertentes, entende que o sistema penal traz muito mais malefícios do que benefícios à sociedade. Por essa razão, a corrente mais radical dentro desse movimento, sustenta o fim do Direito Penal e consequentemente das prisões, por compreender que ambos são fruto da ação de grupos dominantes contra os mais vulneráveis e menos favorecidos economicamente. Como alternativa, o Abolicionismo propõe a criação de um sistema baseado numa maior participação das partes envolvidas e na conciliação destas.
 	GARANTISMO PENAL	
A Teoria do Garantismo Penal, criada por Luigi Ferrajoli (em 1989) e inspirada no movimento Iluminista e no Liberalismo Econômico, objetivou a limitação do poder punitivo estatal, assegurando o cumprimento dos direitos fundamentais dos cidadãos, ao mesmo tempo em que buscou impedir a ocorrência de arbitrariedades por parte do Estado. (#APOSTACICLOS!)
Para o Garantismo, a atuação do legislador deve afastar quaisquer subjetivismos e Direito Penal do autor, buscando sempre a taxatividade da lei penal incriminadora. Ademais, durante o processo, deve-se buscar uma verdade provável, sempre pautada no princípio da presunção de inocência.
“Ferrajoli (2002, p. 74) enumera 10 (dez) axiomas ou princípios axiológicos fundamentais do sistema penal garantista, concebidos pelo pensamento jusnaturalista dos séculos XVII e XVIII como limitações ao poder penal "absoluto", quais sejam: 1) Princípio da retributividade ou da consequencialidade da pena em relação ao delito (nulla poena sine crimine); 2) Princípio da legalidade, no sentido lato ou estrito (nullum crimen sine lege); 3) Princípio da necessidade ou da economia do direito penal (nulla lex poenalis sine necessitate); 4) Princípio da lesividade ou da ofensividade do evento (nulla necessitas sine injuria); 5) Princípio da materialidade ou da exterioridade da ação (nulla injuria sine actione); 6) Princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal (nulla actio sine culpa); 7) Princípio da jurisdicionariedade, no sentido lato ou estrito (nulla culpa sine judicio); 8) Princípio acusatório ou da separação entre juiz e acusação (nullum judicium sine accusatione); 9) Princípio do ônus da prova ou da verificação (nulla accusatio sine probatione); 10) Princípio do contraditório, da defesa ou da falseabilidade (nulla probatio sine defensione)”12.
	
GARANTISMO PENAL
	
Luigi Ferrajoli
	
Contenção do poder punitivo estatal.
	
Respeito aos direitos fundamentais materiais e processuais.
#JÁCAIU: (FCC - 2021 - DPE-AM- Defensor Público)
É possível ter um excesso de garantismo? R: A expressão excesso de garantismo não faz sentido. Garantismo não significa formalismo vazio na aplicação da lei. Consiste em respeitar as garantias penais e processuais, que são, muito mais e muito antes que garantias de liberdade, garantias da verdade.
12 Criminologia/ Natacha Alves de Oliveira - Salvador: Editora JusPodivm, 2019.
(Luigi Ferrajoli, entrevista dada à Folha de São Paulo. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br) A partir de fala do professor italiano, é correto afirmar sobre a chamada teoria do garantismo integral:
A) pressupõe o respeito às garantias constitucionais processuais penais durante todo o processo penal, inclusive durante o inquérito policial e execução penal.
B) mantém a crença no processo penal como instrumento de limitação do poder punitivo estatal, através de um modelo de direito penal mínimo e garantista durante todo o processo penal, exceção feita à execução penal.
C) ao preconizar haver no processo penal uma discrepância na proteção dos direitos fundamentais individuais em detrimento de direitos e deveres coletivos, não encontra respaldo em suas próprias lições e seu garantismo penal.
D) embora por ele não idealizada, é reconhecida pelo autor italiano como evolução benéfica de seu garantismo penal, uma vez que aproxima a sua teoria do abolicionismo penal.
E) emborapor ele não idealizada, é reconhecida pelo autor italiano como evolução benéfica de seu garantismo penal, pois lidaria de melhor forma e de maneira mais eficiente com o crime globalizado atual.
A alternativa C foi considerada correta.
 	ESQUERDA PUNITIVISTA	
Com o fortalecimento do capitalismo e da seletividade do Direito Penal, surgiram diversas correntes doutrinárias que sustentavam a punição severa da criminalidade, a qual, na maioria das vezes, dirigia-se a uma população pobre, preta e vulnerável.
Diante desse contexto, movimentos sócio-políticos de esquerda passaram a defender a diminuição do Direito Penal ou até mesmo sua extinção, por enxergá-lo como um sistema injusto e excludente. Essa era a atuação mais forte da “esquerda”.
Todavia, após um determinado período, passou-se a observar que os grupos esquerdistas, compreendendo que o Direito Penal concentrava suas sanções nas classes trabalhadoras e grupos vulneráveis, começaram a buscar não mais a extinção ou diminuição do Direito Penal, mas sim a punição dos crimes de colarinho branco e dos executores de crimes contra grupos vulneráveis (mulheres vítimas de violência doméstica, transgêneros, indígenas etc.). Portanto, aquelas pessoas que, anteriormente, estavam à procura da diminuição do Direito Penal e da punição estatal, passaram a lutar pela punição exemplar e severa de determinados delinquentes.
E essa visão da “Esquerda Punitivista” é justamente uma crítica à suposta postura contraditória dessa corrente político-ideológica, a qual, na busca pela punição de determinadas classes, parece ter esquecido que o Direito Penal fortalece o próprio Capitalismo.
	
ESQUERDA PUNITIVISTA
	
Intensa busca pela
	
É uma crítica à postura dos movimentos
	
	punição de criminosos
	de esquerda pelo contrassenso a suas
	
	de colarinho branco e
	bases históricas.
	
	de delitos praticados
	
	
	contra grupos
	
	
	vulneráveis.
	
 	RACISMO E SISTEMA PENAL	
É sabido que entre os séculos XVI e XIX, vigorou, no Brasil, a escravidão de homens e mulheres pretos, situação que só teve seu fim após a edição da Lei Áurea, em 1888.
Ocorre que, embora oficialmente tenha havido a extinção do sistema escravocrata, o Poder Público nunca ofereceu suporte aos cidadãos libertos, o que gerou a construção de uma comunidade periférica e miserável e fez nascer um problema (estrutural) que se perpetua até os dias de hoje.
“No pós-abolição, em 1888, pessoas negras não tiveram acesso à terra, indenização ou reparo por tanto tempo de trabalho forçado. Muitos permaneceram nas fazendas em que trabalhavam em serviço pesado e informal. Foi a partir daí que se instalou a exclusão de pessoas negras dentro das instituições, na política, e em todos os espaços de poder”.13
De acordo com Silvio Almeida, “todo racismo é estrutural porque o racismo não é um ato, o racismo é um processo em que as condições de organização da sociedade reproduzem a subalternidade de determinados grupos que são identificados racialmente”14.
E justamente pelo fato do racismo ser um problema estrutural, no Brasil, é que ele também se encontra presente no sistema prisional e nos processos de criminalização. E é por isso, também, que as estatísticas e os meios de comunicação apontam que os presídios brasileiros são ocupados quase que
13 PARA LER MAIS: https://www.cut.org.br/noticias/saiba-o-que-e-racismo-estrutural-e-como-ele-se-organiza-no- brasil-0a7d
14 https://www.cut.org.br/noticias/saiba-o-que-e-racismo-estrutural-e-como-ele-se-organiza-no-brasil-0a7d
exclusivamente por pessoas pretas e modificar essa realidade é uma das maiores urgências que esse debate nos apresenta. (#APOSTACICLOS!)
#DEOLHONOCONCEITO: Igualdade como não subordinação/submissão: Esse conceito de igualdade leva em consideração o contexto social/político/econômico de determinados grupos que estão excluídos e segregados da sociedade. E coloca a igualdade como suporte principiológico de sustentação de políticas que tendam a “privilegiar” tais grupos, como, por exemplo, as ações afirmativas.
#MAISUMGANCHO - Caso Wallace de Almeida vs. Brasil: Relatório de admissibilidade e mérito de 20.03.2009,
§ 66, 68 e 78: A quantidade desproporcionalmente alta de indivíduos com traços próprios da raça negra entre as vítimas fatais das ações da polícia é um indício claro da tendência racista existente nos aparelhos de repressão do Estado.
#JÁCAIU: (FCC - 2021 - DPE-GO- Defensor Público)
A Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) publicou uma nota de repúdio sobre a abordagem policial de que o ciclista Filipe Ferreira foi alvo em Cidade Ocidental, no Entorno do Distrito Federal. Segundo a entidade, a ação teve “nítidos contornos racistas” e considera “inadmissível” que seja tolerada. Filipe, de 28 anos, trabalha como eletricista e, na sexta-feira (28), gravava vídeos de manobras com a bicicleta para o canal que tem no YouTube quando foi surpreendido pelos policiais militares.
A câmera que ele usava para filmar os movimentos registrou a abordagem: os PMs descem do carro apontando armas contra ele, exigem que ele coloque as mãos na cabeça, mas o jovem questiona o motivo de estar sendo tratado daquela forma.
Em nota, a Polícia Militar informou que está “verificando todas as informações relativas a este fato” para se posicionar sobre o que aconteceu. Caso seja comprovado algum excesso na conduta dos militares, as providências legais serão tomadas.
(Disponível em: www.g1.globo.com, acessado em: 31/05/2021) O caso acima relatado confirma que
A) a seletividade do sistema penal brasileiro tem como um de seus motores a abordagem policial, fundada no estereótipo do criminoso, cujo elemento racial é determinante.
B) o sistema penal brasileiro instituiu um programa oficial de criminalização da população negra levado a efeito pela polícia, mas contido por meio da atuação judicial.
C) a criminologia brasileira tomou a questão racial de forma crítica desde seus primórdios com Nina Rodrigues e seu positivismo que denunciava o racismo da justiça criminal brasileira em oposição ao positivismo italiano de Cesare Lombroso.
D) a nota da Defensoria Pública é correta sobre os contornos racistas da ação policial, mas não seria correta se falasse da atuação policial como um todo.
E) a nota da Polícia Militar confirma que a justiça criminal brasileira atua de maneira enérgica diante de fatos isolados e consegue prevenir condutas discriminatórias das agências policiais.
A alternativa A foi considerada correta.
#JÁCAIU: (FCC - 2021 - DPE-BA- Defensor Público) No Brasil contemporâneo,
A) o acesso garantido a diversos setores da sociedade, como imprensa, ONGs e associações de familiares às prisões, proporcionou maior transparência e redução dos problemas humanitários.
B) a implementação de programas que geram oportunidades futuras à população prisional indica a prevalência do previdenciarismo penal.
C) a prisão evidencia o racismo do sistema penal com sua composição populacional e contribui para sua reprodução e sustentação.
D) o ideal de prevenção geral da pena foi alcançado com a ampliação da privatização e modernização ampla do sistema prisional brasileiro.
E) a noção de prisão-depósito representa a realização dos ideais de prevenção especial positiva no penalismo neoliberal.
A alternativa C foi considerada correta.
 	NECROPOLÍTICA	
Os Estados modernos adotam em suas estruturas internas o uso da força, em dadas ocasiões, como uma política de segurança para suas populações. Ocorre que, por vezes, os discursos utilizados para validar essas políticas de segurança podem acabar reforçando alguns estereótipos, segregações, inimizades e até mesmo extermínio de determinados grupos.
Dessa ideia surge o termo “necropolítica”, questionamento se o Estado possui ou não “licença pra matar” em prol de um discurso de ordem” 15.
Para o historiador Achille Mbembe (autor da obra), “necropolítica é o poder de ditar quem pode viver e quem deve morrer. Com base no biopoder e em suas tecnologias de controlar populações, o “deixar morrer” se torna aceitável.Mas não aceitável a todos os corpos. O corpo ”matável” é aquele que está em risco de morte a todo instante devido ao parâmetro definidor primordial da raça.
Mbembe explica que, com esse termo, sua proposta era demonstrar as várias formas pelos quais, no mundo contemporâneo, existem estruturas com o objetivo de provocar a destruição de alguns grupos. Essas estruturas são formas contemporâneas de vidas sujeitas ao poder da morte e seus respectivos “mundos de morte” – formas de existência social nas quais vastas populações são submetidas às condições de vida que os conferem um status de “mortos-vivos”16.
#JÁCAIU: (FCC - 2021 - DPE-SC- Defensor Público)
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021: “A taxa de letalidade policial entre negros é de 4,2 vítimas a cada 100 mil, já entre brancos ela é de 1,5 a cada 100 mil, o que equivale a dizer que a taxa de letalidade policial entre negros é 2,8 vezes superior à taxa entre brancos”.
(Disponível em: http://forumseguranca.org.br) Os dados citados acima expressam
A) o exercício da soberania diante do poder e da capacidade de ditar quem pode viver e quem deve morrer, com a eliminação dos corpos negros, tidos como descartáveis pelos agentes de repressão estatal.
B) a reação ao sensacionalismo midiático, que conduz à sensação de impunidade diante dos crimes patrimoniais, praticados primordialmente pela população negra, pobre e periférica, o que conduz à maior repressão estatal e a abusos.
C) o racismo estrutural por retirar dos jovens negros, pobres e periféricos as oportunidades de emprego, reduzindo-os às práticas delitivas como única forma de sobrevivência, o que gera confrontos com a polícia e aumento dos índices de letalidade.
15 https://www.politize.com.br/necropolitica-o-que-e/
16 https://www.politize.com.br/necropolitica-o-que-e/
D) a necessidade de imediata atuação do sistema de justiça criminal para avaliar a necessidade de aplicação de sanções criminais previstas em lei como forma de contenção das penas de morte que ocorrem diariamente à margem da lei.
E) a ausência de soberania pela incapacidade da eliminação ou ao menos da contenção da descartabilidade dos corpos negros apesar dos compromissos assumidos na eliminação de todas as formas de discriminação e preconceito.
A alternativa A foi considerada correta.
1) .

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