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Controle de Insetos: Evolução e Problemas

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doi: 10.29372/rab202016 
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A evolução no controle de insetos 
 
Cezário Ferreira dos Santos Junior 
Marcio dos Santos* 
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Unesp 
Jefferson Bruno Carvalho Soares 
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRAM 
 
*Correspondência para: mdsantoso@hotmail.com 
 
 
 Os organismos vivos têm coevoluído e mantido comunicação entre si, como nas plantas que reconhecem o 
ataque de insetos através do contato com a sua saliva que leva ao estimular o aumento na produção de 
substancias de defesa como o etileno e ácido jasmânico (AJ), ácido salicílico, metilsalicilato, Ca2+ (regula 
mecanismos de defesa anti-herbivoria) e ativa proteínas, calmodulina e genes na biossíntese de glicosinolatos 
(TAIZ & ZEIGER, 2009). 
 O processo evolutivo levou as plantas a criarem mecanismos de defesa como o caso dos físico que utilizam 
cutícula, periderme, espinhos, gloquídios, acúleos, tricomas, suberina e ceras além de mecanismos de defesa 
bioquímica que podem já se encontrar presentes nas plantas ou que são induzidos pelo seu metabolismo por 
ação de uma injuria (BRAGA & DIETRICH, 1987). 
 As substâncias bioquímicas sobre os insetos podem ter uma ação direta parcial ou total sobre o seu 
desenvolvimento, levar a mortalidade, criar repelência, ou de ação indiretas como o caso dos aleloquímicos que 
podem atrair parasitoides e/ou predadores, ou mesmo agir como sinalizadores de defesa na própria plantas 
e/ou das populações ao entorno (ZEVALLOS et al., 2013). 
 As substâncias bioquímicas nas plantas podem ser de duas origem sendo considerada metabólitos 
primários por serem já presente em seu metabolismo fazendo parte do crescimento e desenvolvimento. Já os 
metabólitos secundários que são altamente específicos como os terpenos (piretróides, óleos essenciais, 
cardenolídeos e saponinas); fenólicos (lignina, fitoalexinas e taninos) e nitrogenados (alcalóides, glicosídeos 
cianogênicos, glucosinatos, aminoácidos não-protéicos). Estas substâncias devido a sua toxidade são 
armazenadas em vacúolos, canais resiníferos, laticíferos e tricomas glandulares (AOYAMA & LABINAS, 2012; 
LARA, 1991). 
 As substâncias bioquímicas de defesa são utilizadas pela humanidade no controle de pragas. Existem 
evidencias que sociedades antigas a 4.000 A.C já utilizavam as plantas como inseticidas botânicos (MOREIRA 
et al., 2005). Existem relatos que o Brasil foi um grande produtor e exportador de inseticidas botânicos como 
piretro, rotenona e nicotina (AGUIAR-MENEZES, 2005). Estas moléculas deram origem aos primeiros 
inseticidas orgânicos, conhecidos como de 1º geração formado por compostos orgânicos de piretro, rotenona e 
nicotina) (CORRÊA & SALGADO, 2011). Inseticidas orgânicos podem de alterar a regulação podem ter ação 
fagoinibidora, repelente, inseticida, e alterar o crescimento dos insetos (VIEIRA et al.,2007). 
 Contudo, a partir do desenvolvimento dos inseticidas sintéticos, os inseticidas orgânicos caíram no 
desuso, restringindo-se a pequenos grupos de agricultores tradicionais pelo mundo, fazendo parte de suas 
práticas culturais (MAIRESSE, 2005). Os primeiros inseticidas sintéticos foram as moléculas de piretrina, 
rotenona e veratrina; seguido dos 2º geração como os organoclorados, organofosforados, carbamatos e 
piretróides, os de 3º geração com os juvenóides e Limonóides e atualmente já se tem os de 4º geração como o 
neonicotinóides (FARIA, 2009). 
 
 
http://www.fcav.unesp.br/rab 
e-ISSN 2594-6781 
Volume 4 (2020) 
 
Artigo publicado em 17/03/2020 
 
http://dx.doi.org/10.29372/rab202016
http://www.fcav.unesp.br/rab
 
 
doi: 10.29372/rab202016 
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 Os inseticidas sintéticos surgiram com maior intensidade após a 2º guerra mundial, integrado a 
“revolução verde” que proporcionando o aumento na produção mundial de alimentos, que alterou as bases 
produtivas agrícolas no mundo que incluiu o uso de sementes geneticamente modificadas, uso de insumos 
químicos e a utilização de mecanização agrícola (MOREIRA & DO CARMO, 2004). Em detrimento a crescente 
demanda por alimentos, proporcionadas pelos sistemas convencionais de monocultivo. 
 O uso intensivo e irresponsável inseticidas sintéticos têm causado problemas ambientais e leva a 
resistência nos insetos através das modificações em seu comportamento, redução da sua penetração cuticular, 
resistência metabólica e modificação nos sítios alvos dos inseticidas, além da mortalidade de insetos benéficos 
como polinizadores, parasitoides e predadores naturais (PEREZ & IANNACONE, 2006; MOREIRA et al., 
2005) . 
 Novas medidas de controle vêm surgindo em detrimento a complexidade dos agroecossistemas, sendo 
combinadas como o Manejo integrado de Pragas (MIP) que utiliza além dos inseticidas outro controles como 
cultural, biológico, comportamental e genético, como forma de diminuir os danos econômicos das pragas 
(EMBRAPA, 2000). Tal medidas consegue minimizar a infestação de pragas (MENEZES, 2005). 
 Além disso, vem aumentando consumo de produtos orgânicos e de especies exóticas que não apresentam 
resíduo de inseticidas sintéticos e que agridem menos o ambiente. As plantas também têm mostrado uma 
infinidade de moléculas que podem não somente contribuir com o controle de insetos, mas como substâncias 
medicamentosas, cosméticos e outras finalidades (PEREIRA & CARDOSO, 2012). Contudo, a utilização destas 
substâncias bem como sua ação sobre o ambiente existe a necessidade compreensão da sua ação sobre o 
ambiente não somente quanto a natureza da praga mas a comunidade biológica no entorno. 
 
Considerações finais 
 O processo evolutivo entre insetos e planta tem interferência direta do homem que vem provocando a 
resistência de pragas e o aumento no índice de contaminação dos alimentos e de agricultores. A evolução do 
processo antrópico tem mostrado que para conter o ataque de plantas tem que acompanhar a involução dos 
insetos, garantido que a as plantas evoluam em consonância com um conjunto de estratégias como o manejo 
integrado de pragas (MIP). 
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Referências 
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http://dx.doi.org/10.29372/rab202016
 
 
doi: 10.29372/rab202016 
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