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livro-maria-amalia---28-08-2017

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Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga
(Organizadora)
OS NOVOS PARADIGMAS DO DIREITO DE
FAMILIA E AS POLITICAS PUBLICAS
OS NOVOS PARADIGMAS DO DIREITO DE
FAMILIA E AS POLITICAS PUBLICAS
Franca - SP
2017
UNESP – Universidade Estadual Paulista
UNESP – São Paulo State University
Reitor 
Prof. Dr. Sandro Roberto Valentini
Vice-Reitora
Prof. Dr. Sergio Roberto Nobre
Pró-Reitor de Pós-Graduação
Prof. Dr. João Lima Sant'Anna Neto
Pró-Reitora de Pesquisa
Prof. Dr. Carlos Frederico de Oliveira Graeff
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
Diretora
Profa. Dra. Célia Maria David 
Vice-Diretora
Profa. Dra. Marcia Pereira da Silva
Coordenador do Programa de Pós-graduação em Direito
Prof. Dr. José Duarte Neto
Vice-Coordenador do Programa de Pós-graduação em Direito
Prof. Dr. Victor Hugo de Almeida
Conselho Editorial:
Prof. Dr. Paulo César Corrêa Borges (Unesp)
Prof. Dr. Carlos Eduardo de Abreu Boucault (Unesp)
Profa. Dra. Luciana Lopes Canavez (Unesp)
Prof. Dr.Victor Hugo de Almeida (Unesp)
Profa. Dra. Kelly Cristina Canela (Unesp)
Organizadora
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga
OS NOVOS PARADIGMAS DO DIREITO DE
FAMILIA E AS POLITICAS PUBLICAS
Autores
ANNA CAROLINA CARVALHO DANTAS KUUSBERG
AMANDA FORMISANO PACCAGNELLA 
AMARANTA VASCONCELOS SILVA 
BRENNER TOLEDO ROCHA 
BRUNA NOGUEIRA MACHADO MORATO DE ANDRADE 
ERTON EVANDRO DE SOUSA DAVID 
GABRIELA GIAQUETO GOMES 
GABRIELA PIRAJÁ CECILIO BUNHOLA 
GUILHERME FERNANDES PORTO 
ISADORA BEATRIZ MAGALHAES SANTOS 
JÉSSICA SANTIAGO CURY 
JOÃO VICTOR CARLONI DE CARVALHO 
JOSÉ GERALDO BERTINI JUNIOR 
JULIANA BALBINO DOS REIS 
LUCIANO CROTTI PEIXOTO
LUÍS FILIPE RODRIGUES RIBEIRO
MAIARA MOTTA
MARIA AMÁLIA DE FIGUEIREDO PEREIRA ALVARENGA 
MARIANA LIMA MENEGAZ 
MARINA SILVEIRA 
PAULA BARALDI ARTONI 
PAULA SANTIAGO SOARES
THAÍS REGINA SANTOS SAAD BORGES 
WILLIAM ALBANO ROCHA 
Câmpus de Franca
2017
Contato
Av. Eufrásia Monteiro Petráglia, 900.
Jd. Petráglia.
CEP 14409-160.
Franca/SP
posgrad@franca.unesp.br
Diagramação e Revisão
Paula Baraldi Artoni
Luciano Crotti Peixoto
Capa
Ícaro Henrique Ramos
Ficha Catalográfica
OS NOVOS PARADIGMAS DO DIREITO DE FAMILIA E AS POLITICAS
PUBLICAS/ Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga
(organizadora).
–Franca (SP): Cultura Acadêmica , 2017
362p. 
1. ISBN: 978-85-7983-810-1
2.
1. Formas de Família. 2. Direito de família. 3.Direitos
Fundamentais. 4. Políticas Públicas (Direito) . I. Alvarenga,
Maria Amália de Figueiredo Pereira . II. Título. 
CDD – 342.16
Índices para catálogo sistemático:
1. Direito Privado ................... 342
2. Direito de Família ............... 342.16
3. Direito Civil ....................... 342.1
4. Direitos Fundamentais ........ 341.27 
APRESENTAÇÃO
Os novos paradigmas do direito de família e as
politicas publicas tem sido um tema de alta relevância no âmbito dos
Direitos Privado, Público e Administrativo. O campo encontra-se
repleto de dificuldades, tanto na teoria como na prática, em especial
pela doutrina e jurisprudência. A cada passo, deparam-se divergências
entre os mestres na doutrina e posições díspares nos tribunais que,
fascinando os juristas, têm produzido extensa bibliografia para o
contínuo aperfeiçoamento da disciplina, tanto no Exterior como no Brasil,
com ênfase nos impactos que as distintas famílias representam na
sociedade contemporânea e consequentemente nas políticas públicas.
Observa-se o reconhecimento de certos direitos às
chamadas entidades familiares paralelas, além de críticas
efervescentes a impossibilidade jurídica dos arranjos familiares
simultâneos, a exemplo de uniões estáveis paralelas, ou
nomeadamente a concomitância de união estável e casamento,
produzirem quaisquer efeitos jurígenos.
 Apegados ao dogma da família patriarcal,
monogâmica e matrimonial, esquecem as situações extraídas da
realidade social e que vem sendo reconhecidas pela
jurisprudência, tanto do Superior Tribunal de Justiça, como de
diversos tribunais estaduais, cada vez mais pujantes no amparo
das multifárias manifestações familiares.
Esta obra abrange várias opiniões e artigos de discentes da
Pós Graduação Stricto Sensu (Mestrado em Direito) e, também, a
posição de alguns alunos da Graduação, que participam do grupo de
pesquisa (CNPq): O Direito de Família contemporâneo e as relações
sociais , liderado pela Profª Drª Maria Amália, todos da UNESP, Franca, SP
http://dgp.cnpq.br/dgp/faces/consulta/consulta_parametrizada.jsf
http://dgp.cnpq.br/dgp/faces/consulta/consulta_parametrizada.jsf
 Profa. Dra. Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga
(Organizadora)
Chefe do Departamento de Direito Privado, Processo
Civil e do Trabalho do Curso de Graduação em Direito
da Unesp. Mestre e Doutora em Direito -FCHS.
Coordenadora dos Programas de Mestrado em
Direito Público e Direito Empresarial na Unifran
(2002-2003). Avaliadora de Cursos e Institucional do
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Professora
Assistente Doutor da FCHS no conjunto de disciplinas
de Direito Civil . Docente do Programa de Mestrado em
Direito da FCHS, Unesp, Franca. É Líder de
Pesquisa da CNPQ e membro do IBDFAM.
SUMÁRIO
1 FAMÍLIA MULTIESPÉCIE: DISPUTA DE GUARDA DE ANIMAIS
DE ESTIMAÇÃO EM SEDE DE DIVÓRCIO E DISSOLUÇÃO DE
UNIÃO ESTÁVEL 
Amanda Formisano Paccagnelo 
Elisabete Maniglia.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
2 DESAFIOS PARA O PROTAGONISMO DO IDOSO NA
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 
Amaranta Vasconcelos Silva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
3 GESTAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO: A BARRIGA SOLIDÁRIA E A
BARRIGA DE ALUGUEL
Anna Carolina Carvalho Dantas Kuusberg 
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
4 A SITUAÇÃO DO ENSINO DOMÉSTICO NO SISTEMA JURÍDICO
BRASILEIRO
Brenner Toledo Roch
Carlos Eduardo de Abreu Boucault
Rejane Teodoro Guimarães.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59
5 FAMÍLIA EM TRÊS ATOS: FAMÍLIA PADRÃO, RUPTURA,
REORGANIZAÇÃO
Bruna Moreira Machado Norato de Andrade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77
6 MÃE: DE OBJETO A SER LIVRE
Bruna Moreira Machado Norato de Andrade
Plínio Antônio Britto Gentil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .89
7 ALIMENTOS COMO MEDIDA PROTETIVA NA LEI MARIA DA
PENHA
Erton Evandro de Souza David
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .101
8 A ADOÇÃO POR CASAIS HOMOAFETIVOS NO ORDENAMENTO
JURÍDICO BRASILEIRO
Gabriela Giaqueto Gomes
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .116
9 O RECONHECIMENTO DO VALOR DA BUSCA DA FELICIDADE
NAS RELAÇÕES FAMILIARES
Gabriela Pirajá Cecílio Bunhola
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134
10 A NELIGÊNCIA PARENTAL COMO CAUSADORA DA OBESIDA -
DE EM CRIANÇAS
Guilherme Fernandes Porto
André Torres Pinheiro de Souza ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .145
11 A LEI DA PALMADA E O USO DE CASTIGOS FÍSICOS COMO
FORMA DE EDUCAÇÃO NO BRASIL 
Isadora Beatriz Magalhães Santos
Luciana Lopes Canavez.................................................................................................159
12 AS ALTERAÇÕES DA PATERNIDADE NA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA
Jéssica Santiago Cury.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .172
13 DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE
JURÍDICA: APLICABILIDADE NO DIREITO DE FAMÍLIA E
ASPECTOS PROCESSUAIS SEGUNDO O NOVO CPC
João Vitor Carloni de Carvalho
Yvete Flávio da Costa .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .185
 
14. INVENTÁRIO E A ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS POR
ESCRITURA PÚBLICA
José Geraldo Bertini Junior
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .201
15 A POSSIBILIDADE DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL POR
INFIDELIDADE VIRTUAL E A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS
RELAÇÕES FAMILIARES.
Juliana Balbino dos Reis.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .216
16 O TESTAMENTO VITAL E O DIREITO DE ESCOLHA E SEUS
REFLEXOS NOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
Luciano Crotti Peixoto
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231
17 O DIREITO FUNDAMENTAL À IDENTIDADE GENÉTICA E AO
ANONIMATO NO CONTEXTO DA FECUNDAÇÃO IN VITRO NAS
FAMÍLIAS MONOPARENTAIS.
Luis Filipe Rodrigues Ribeiro.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .245
18 CONTRATO DE GERAÇÃO DE FILHOS
Maira Motta
Kelly Cristina Canela.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .260
19 O ABANDONO AFETIVO E A UTILIZAÇÃO DA MEDIAÇÃO
FAMILIAR COMO ALTERNATIVA PARA SOLUCIONAR ESTES
CONFLITOS
Mariana Lima Menegaz .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .277
20 A TRANSEXUALIDADE ANALISADA SOB A PERSPECTIVA DA
NECESSIDADE DE UMA LEI DE IDENTIDADE DE GÊNERO
Marina Silveira
Patrícia Borba Marchetto .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .294
21 A FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA E O RECONHECIMENTO DO
AFETO NA EFETIVAÇÃO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA
COMO DIREITO FUNDAMENTAL
Paula Baraldi Artoni
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .307
22 OS REFLEXOS DO SISTEMA JURÍDICO DE PROTEÇÃO DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO INSTITUTO DA CAPACIDADE
Paula Santiago Soares 
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .323
23 O EXERCÍCIO DA AUTORIDADE PARENTAL DURANTE A
EXECUÇÃO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA POR ADOLESCENTE
EM CONFLITO COM A LEI
Thais Regina Santos Saad Borges
Fernando Andrade Fernandes .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .334
24 TRANSEXUALIDADE - RETIFICAÇÃO DE NOME E GÊNERO
SEM CIRURGIA DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL.
William Albano Rocha
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .350
1. FAMÍLIA MULTIESPÉCIE: DISPUTA DE GUARDA DE ANIMAIS DE ESTI-
MAÇÃO EM SEDE DE DIVÓRCIO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL
Amanda Formisano Paccagnel la 0 
Elisabete Manigl ia 0
SUMÁRIO: Introdução. 1 Status jurídico dos animais: mera propriedade
ou sujeito de direitos? 2 A jurisprudência em sede de disputa pela guarda
de animais de estimação. 3 Possibilidade de aplicação dos institutos de
direito de família por analogia. Conclusão. Referências.
RESUMO: O presente artigo busca elucidar o conceito de família
multiespécie e analisar as possibilidades de resolução de disputas pela
guarda de animais de estimação em sede de divórcio e dissolução de
união estável. Para tal, são realizadas ponderações sobre as mudanças
científ icas e filosóficas que vêm alterando a visão da sociedade em
relação aos animais, e seus efeitos na determinação de seu status
jurídico. Na legislação brasileira vigente, o Código Civil considera os
animais como bens semoventes, ou seja, objetos submetidos aos regimes
de propriedade; no entanto, os laços afetivos cada vez mais intensos
formados entre animais e seus tutores trazem novas situações em que o
li tígio não se forma em torno da propriedade do animal, e sim acerca dos
vínculos emocionais formados. Nos casos de divórcio e dissolução de
união estável, é comum haver a necessidade de decidir com quem ficará o
animal de estimação; no entanto, na falta de acordo entre o casal, caberá
ao Judiciário oferecer a solução adequada. A legislação referente ao
direito de propriedade, geralmente aplicada nos casos em tela, mostra-se
ineficaz na resolução dos conflitos; sendo assim, na falta de legislação
específica, defende-se a possibilidade de uti lização da legislação
concernente à família, util izando-se vastamente o instituto da analogia.
Palavras-chave: família multiespécie. divórcio. dissolução de união
estável. guarda de animal de estimação.
ABSTRACT: This article seeks to explain the concept of multi-species
family and analyze the possibilit ies of resolution when it comes to
battles for the custody of pets in terms of divorce or union dissolution.
For that purpose, the changes in scientific and philosophical views which
have been altering society’s vision regarding animals are pondered, with
special attention to its effects on the legal status of animals. According
to the brazilian civil code, animals constitute property, which means they
are objects that can be bought or sold; however, the ever growing
affection between animals and their tutors bring new situations to l ight,
in which the conflict doesn’t revolve around the issue of property, but
0 Mestranda em Direi to pela Univers idade Paul is ta “Júl io de Mesquita Fi lho” -
UNESP; especial is ta em Direi to Ambiental e Gestão Estratégica da Sustentabi l idade
pela Pont i f ícia Univers idade Catól ica de São Paulo. 
0 Professora Adjunta de Direito Agrário na Universidade Estadual Paulista – UNESP.
around the need to maintain emotional bonds. During divorce or union
dissolution, i t is common for both parties to make a decision regarding
guardianship of the common pet; however, when an agreement is not
reached, it will be up to the court to offer the appropriate solution.
Property law, which is generally applied on such cases, has proven to be
ineffective; therefore, since specific legislation is lacking, it is possible
to apply legislation concerning family, utilizing the concept of analogy.
Key words: multi-species family. divorce. union dissolution. custody of
pet.
INTRODUÇÃO
Os animais domésticos são definidos pelo IBAMA 0 como
aqueles que, através de processos tradicionais e sistematizados de manejo
e/ou melhoramento zootécnico, tornaram-se domésticos, apresentando
características biológicas e comportamentais em estreita dependência do
homem. 
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, elaborada pelo
IBGE, os brasileiros são tutores de 52 milhões de cães, 22 milhões de
gatos e um total de 132 milhões de animais domésticos, resultando no
segundo país com maior população total de animais de estimação e o
terceiro maior mercado pet do planeta em termos de faturamento.
Sendo assim, os animais domésticos têm participado de forma
cada vez mais intensa do convívio familiar, estabelecendo fortes vínculos
emocionais e laços afetivoscom seus tutores, vínculos estes dotados de
reciprocidade; sendo assim, não surpreende a constatação de que muitas
famílias consideram seus animais de estimação como membros familiares
e muitos casais os visualizam em condição análoga à de filhos.
Em face desta nova forma de família denominada “família
multiespécie”, surgem diversos questionamentos acerca da resolução de
conflitos referentes aos animais, especialmente em casos de divórcio e
dissolução de união estável: seria o animal mero objeto passível de
propriedade, devendo assim o li tígio ser resolvido com base em direitos
reais, ou haveria a necessidade de uti lização de institutos do Direito de
Família? Como decidir com quem o animal fica? Poderia sua guarda ser
comparti lhada? Seria possível a determinação de direitos de visitação e
pensão alimentícia? Ainda mais: estas determinações devem ser feitas
0 Portaria IBAMA nº 93, de 7de julho de 1998.
com base no melhor interesse do animal ou de seus tutores? Dentre tantas
outras questões.
Nesta esteira, pretende-se explicitar e analisar problemas
morais e filosóficos que surgem no confli to entre o antropocentrismo e a
possibilidade de reconhecimento de direitos pertencentes aos animais,
discutindo o status jurídico destes, e a possibilidade de aplicar insti tutos
do Direito de Família em sede de discussões litigiosas acerca do tema,
principalmente no que se refere à guarda do animal.
1. STATUS JURÍDICO DOS ANIMAIS: MERA PROPRIEDADE OU SUJEITOS
DE DIREITOS?
No atual ordenamento jurídico brasileiro, o status dos animais
é, por força do art. 82 do Código Civil, de bens semoventes, ou seja,
aqueles dotados de movimento próprio; sendo assim, os animais
consti tuem uma categoria de propriedade.
Ademais, a lei nº 6.938/81, que institui a Política Nacional do
Meio Ambiente, trouxe em seu art. 3º, inciso V, a definição da fauna
como “recurso ambiental”, por possuir função ecológica.
No entanto, ao analisar o texto da Constituição Federal do
Brasil, é possível encontrar, em seu art. 225, § 1º, uma limitação ao
direito de propriedade de animais: a vedação da crueldade. In verbis :
Art . 225. Todos têm direi to ao meio ambiente ecologicamente
equi l ibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qual idade de vida, impondo-se ao Poder Públ ico e à
colet ividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efet ividade desse direi to , incumbe ao
Poder Públ ico:
VII - proteger a fauna e a f lora, vedadas, na forma da lei , as
prát icas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a ext inção de espécies ou submetam os animais a
crueldade. 
 Desta forma, é possível concluir que o direito de propriedade
relacionado aos animais não é absoluto, ou seja, conforme Adede y
Castro 0 bem pontua, “o dono de animais nada mais é do que detentor,
0 ADEDE Y CASTRO, João Marcos. Direito dos Animais na Legislação Brasileira. Porto Alegre: Sergio
Antônio Fabris Ed., 2006. p. 46.
guardião e responsável por sua manutenção”, não podendo usar e dispor
do animal como bem entender.
O mandamento constitucional previsto no art. 225, § 1º, VII,
também veio como uma forma de explicitar e confirmar a nova visão
antropocêntrica mitigada aplicada aos animais, baseada na ideia de bem-
estar animal.
Acerca de referida determinação constitucional e seus efeitos
na visão filosófica referente aos animais, Silva e Vieira 0 atentam para a
possibilidade de entendimento de que foram reconhecidos os direitos do
animal ao não sofrimento:
Em vis ta do mandamento const i tucional , apesar de os animais
cont inuarem com seu status de objeto, são vedadas prát icas de
crueldade, reconhecendo a esses seres vulneráveis o di rei to
fundamental à vida e à integridade f ís ica, ecoando novas
diret r izes às leis infraconst i tucionais e à sociedade.
Por constituir discussão dotada de grande polêmica, a questão
de reconhecimento dos animais como sujeitos de direitos representa
grande desafio ao Direito e depende da efetiva quebra do paradigma
antropocêntrico. O antropocentrismo, visão que coloca o homem em
posição central e de absoluta superioridade, tem falhado em questões
fundamentais, como o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado; em face desta quebra paradigmática, surge o
antropocentrismo mitigado, que postula a adoção de uma atitude
moderada e consciente do ser humano para com o meio ambiente, e, para
com os animais, uma postura de bondade e certo grau de misericórdia.
Existe, ainda, a posição senciocêntrica, que defende a inclusão
dos animais dotados de senciência na esfera moral social; busca-se uma
nova visão que considere não apenas se os animais são capazes de
raciocinar ou se comunicar, mas se são capazes de sentir e sofrer,
reconhecendo, assim, os animais dotados de senciência como sujeitos de
direitos básicos, como o direito à vida, à integridade física e ao não
sofrimento.
Efetivamente, a senciência dos animais, ou seja, a capacidade
que possuem de sofrer conscientemente, já é fato consolidado para a
0 SILVA, Camilo Henrique; VIEIRA, Tereza Rodrigues. A disputa pelo animal de estimação após o divór-
cio. In: VIEIRA, Tereza Rodrigues; SILVA, Camilo Henrique. Animais: Bioética e Direito. Brasília: Por-
tal Jurídico, 2016. p. 73.
ciência; de forma a solidificar esta constatação, um grupo formado por
vários neurocientistas cognitivos de renome internacional assinou, em
2012, a chamada Declaração de Cambridge, um manifesto sobre a
consciência dos animais, declarando que mamíferos, aves e até polvos
são possuidores de consciência.
Em face do reconhecimento da senciência em animais pela
neurociência e das novas visões filosóficas que se apresentam, foi
colocado em xeque o status jurídico dos animais de mera propriedade; no
Brasil, por exemplo, diversos diplomas legais foram insti tuídos de forma
a protege-los, a exemplo da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98),
que criminalizou os maus tratos contra animais (art. 32).
Acerca do embate entre insti tutos jurídicos consolidados, como
a propriedade, e a nova ideia de direitos dos animais, Araújo 0 elucida:
O respei to ét ico e jurídico pelos interesses dos animais tem
ganho foros de i rrevers ibi l idade em muitos meios sociais e
cul turais , tornando-se hoje prat icamente impensável que um
fi lósofo moral formule um apoio genérico à subal ternização
ou à inst rumental ização pura e simples de todos os interesses
dos animais , ou defenda uma ét ica antropocêntr ica
escamoteando completamente a consideração dos direi tos dos
animais .
Assim, apesar da clareza da lei vigente ao definir os animais
como bens semoventes, os juristas e estudiosos do assunto vêm
enfrentando a necessidade de mudança deste status jurídico, de forma a
definir se os animais devem permanecer como mera propriedade, sujeitos
de direitos ou categoria diversa. Nesta esteira, é o entendimento de
Gordilho 0 que “o status jurídico dos animais já se encontra a meio
caminho entre a propriedade e a personalidade jurídica”.
Esta insegurança jurídica, por certo, afetou outras áreas do
Direito, resultando em discussões e celeumas derivados da questão, como
a possibilidade de um animal de estimaçãofazer parte de uma família
como um sujeito e não um simples objeto, levando-se em consideração a
afetividade.
A família multiespécie é um novo tipo de formação familiar
que merece consideração por parte do Direito, de forma a possibilitar a
adequada solução de conflitos relacionados. Acerca da necessidade de
0 ARAÚJO, Fernando. A Hora dos Direitos dos Animais. Almedina: Coimbra, 2003. p. 37-38.
0 GORDILHO, Heron J S. Abolicionismo animal. Salvador: Evolução, 2008. p. 122.
adequação da legislação aos novos casos em face da constante evolução
do conceito de família, Vieira e Pires 0 atentam para o fato de que “não se
pode perder de vista que a nova família é envolta por uma gama de ideias
de seu processo evolutivo, o que antes eram grupo de pessoas envolvidas
por laços afetivos, hoje, são pessoas humanas e não humanas”.
Desta forma, em caso de divórcio ou dissolução de união
estável, se o casal não entrar em acordo acerca da guarda do animal de
estimação, caberá ao Judiciário solucionar a questão adequadamente.
A princípio, a questão parece de fácil resolução: arrola-se o
animal de estimação na parti lha de bens ou recorre-se ao título ou provas
de propriedade do animal. O que sucede, no entanto, é a inadequação de
tal solução; isto se deve ao fato de que o relacionamento com o animal de
estimação envolve um vínculo afetivo e abarca um efetivo membro
familiar com quem se preza a convivência. Para Silva e Vieira 0 , decidir
sobre a guarda do animal com base nos institutos do direito de
propriedade se traduz em uma "manutenção da visão arcaica do Direito",
resultando em um litígio mal resolvido e ressentimentos familiares.
Estes confli tos demandam uma solução adequada; no entanto,
não existe no ordenamento jurídico brasileiro legislação específica a
respeito. Desta forma, resta a indagação acerca de quais institutos
jurídicos devem ser aplicados para a resolução da questão.
 
2 A JURISPRUDÊNCIA EM SEDE DE DISPUTA PELA GUARDA DE ANI-
MAIS DE ESTIMAÇÃO
Sendo acionado o Judiciário, em face da inexistência de
legislação específica, a fundamentação da decisão caberá a cada
magistrado individualmente, diante do caso concreto e de seu
posicionamento paradigmático; assim, a ação deverá ser julgada com
amparo nos costumes e princípios de Direito, valendo-se, principalmente,
do instrumento da analogia.
0 VIEIRA, Tereza Rodrigues; PIRES, Loraini Candida Bueno. O animal de estimação é um integrante da
família? In: VIEIRA, Tereza Rodrigues; SILVA, Camilo Henrique. Animais: Bioética e Direito. Brasília:
Portal Jurídico, 2016. p. 57.
0 SILVA, Camilo Henrique; VIEIRA, Tereza Rodrigues. A disputa pelo animal de estimação após o divór-
cio. In: VIEIRA, Tereza Rodrigues; SILVA, Camilo Henrique. Animais: Bioética e Direito. Brasília: Por-
tal Jurídico, 2016. p. 74.
 Na maioria das ocasiões em que tais l itígios foram levados ao
Poder Judiciário, as decisões basearam-se estri tamente no direito de
propriedade. Rodrigues, Flain e Geissler 0 bem constatam esta ocorrência
ao analisar a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul;
porém, fazem a importante observação de que “em alguns casos se
manteve o animal de estimação com quem, de certa forma, comprovou
que desempenhava a guarda/posse responsável, ou seja, conseguiu uma
comprovação de que havia o zelo pelo bem-estar animal”.
Entretanto, nos casos em que as decisões judiciais foram
embasadas no direito de propriedade, verifica-se uma solução inadequada
para o lit ígio, pois muitas vezes a pessoa que possui o mais forte vínculo
afetivo com o animal ou a principal responsável por seus cuidados não é
a pessoa proprietária. A questão é que, quando se trata da discussão sobre
a guarda de um animal, a preocupação não se refere a uma coisa, um
objeto, uma propriedade de valor monetário, e sim a um vínculo familiar
e emocional. Percebe-se a ineficácia da decisão, que não coincide com a
realidade fática.
Um pouco mais condizente com a realidade da família
multiespécie foi a decisão da 22ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do
Rio de Janeiro a respeito do cão “Dully”:
Direi to civi l - reconhecimento/dissolução de união estável -
part i lha de bens de semovente - sentença de procedência
parcial que determina a posse do cão de est imação para a ex-
convivente mulher – Direi to do apelante/varão em ter o animal
em sua companhia – animais de est imação cujo dest ino, caso
dissolvida sociedade conjugal é tema que desafia o operador
do direi to – semovente que, por sua natureza e f inal idade, não
pode ser t ratado como simples bem, a ser hermét ica e
i rref let idamente part i lhado, rompendo-se abruptamente o
convívio até então mant ido com um dos integrantes da famíl ia
– cachorrinho “Dully” que fora presenteado pelo recorrente à
recorrida, em momento de especial dissabor enfrentado pelos
conviventes , a saber, aborto natural sofr ido por es ta –
vínculos emocionais e afet ivos construídos em torno do
animal , que devem ser, na medida do possível , mant idos –
solução que não tem o condão de conferi r di rei tos subjet ivos
ao animal , expressando-se, por outro lado, como mais uma das
variadas e mul t i fár ias manifestações do princípio da dignidade
da pessoa humana, em favor do recorrente –parcial
acolhimento da i rres ignação para, a despei to da ausência de
previsão normat iva regente sobre o tema, mas sopesando todos
0 RODRIGUES, Nina Tricia Disconzi Rodrigues; FLAIN, Valdirene Silveira; GEISSLER, Ana Cristina
Jardim. O animal de estimação sob a perspectiva da tutela jurisdicional: análise das decisões do Tribunal
de Justiça do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Direito Animal. Salvador, v. 11, n. 22. 2016. p.
111.
os vetores acima evidenciados, aos quais se soma o princípio
que veda o non l iquet , permiti r ao recorrente, caso queira, ter
consigo a companhia do cão Dul ly, exercendo a sua posse
provisória , facul tando-lhe buscar o cão em fins de semana
al ternados, das 10:00 hs de sábado às 17:00hs do domingo.
(Apelação cível nº 0019757-79.2013.8.19.0208. 22ª Câmara
Cível do Tribunal de Just iça do Estado do Rio de Janeiro.
Relator: Des. Marcelo Lima Buhatem).
Percebe-se que o relator de referida decisão levou em
consideração os aspectos familiares e os laços afetivos resultantes da
relação entre tutor e animal de estimação, decidindo pelo não
rompimento do convívio e determinando a possibilidade do recorrente
exercer a “posse provisória” do animal em fins de semana alternados;
apesar da linguagem utilizada remeter aos direitos reais e do fato do
animal ter sido tratado como bem semovente, a determinação de direito
de convívio aos finais de semana lembra vividamente as decisões
referentes a filhos em sede de direito familiar.
Outra decisão importante foi a do caso “Braddock”, proferida
pela juíza Gisele Silva Jardim, da 2ª Vara de Família do Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro. Em certo momento da decisão judicial, a juíza
asseverou:
Muito embora bichos de est imação possuam a natureza de bem
semovente, é inegável a t roca de afeto entre os mesmos e seus
proprietár ios , c r iando vínculos emocionais . [ . . . ] Assim,
presentes os requis i tos legais , defi ro a posse al ternada
provisória do cachorro, da raça Bul ldog Francês, nominado
Braddock, entre os requerentes , cabendo ao requerente a
primeira metadede cada mês e à requerida a segunda metade,
autorizando, desde logo, a busca e apreensão, caso não haja
entrega voluntária , devendo o requerente acompanhar a
medida.(Processo: 0009164-35.2015.8.19.0203. 2ª Vara de
Família do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro – Regional
de Jacarepaguá.) .
Ambas as decisões possuem semelhanças, principalmente por
utilizarem-se do instituto da propriedade como base para fundamentação
jurídica; no entanto, interessante observar que, enquanto a decisão
referente ao cão “Dully” se deu em sede de vara cível, a sentença
atinente ao cão “Braddock” originou-se em uma vara de família.
Para que sejam efetivamente tratados pelo Direito de Família
os casos de guarda de animais, cabe à doutrina e aos juristas a tarefa de
disseminar o conceito de família multiespécie e exigir tratamento
jurídico mais adequado, qual seja, a uti lização dos dispositivos legais
referentes à família por analogia, enquanto ainda na falta de legislação
específica.
3 POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE INSTITUTOS DE DIREITO DE FAMÍ-
LIA POR ANALOGIA
Devido ao fato de que a legislação de propriedade não vai
resolver um conflito afetivo, devem ser uti lizados os institutos de direito
de família em analogia.
A opinião dos juristas animalistas é convergente no sentido de
que, ao fazer suas considerações sobre a guarda, o juiz deve priorizar o
critério do melhor interesse dos animais, uti lizando como base as regras
do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Código Civil e, nas
palavras de Silva e Vieira 0 , “levando em consideração seus interesses,
quebrando, portanto, os paradigmas antropocêntricos e especistas
formadores da sociedade”.
Em sede de divórcio e dissolução de união estável, o animal
ocupa posição análoga àquela normalmente ocupada pelos filhos; sendo
assim, pode ser considerado o membro vulnerável da relação. Em face
deste quadro, Silva e Vieira 0 atestam que seus tutores terão as mesmas
imposições do art. 33 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja,
deverão prestar ao animal toda a assistência necessária.
Devido ao fato de a espécie humana não possuir a mesma
linguagem que o restante dos animais, torna-se mais difícil reconhecer
quais são os interesses de cada animal; no entanto, com base na
razoabilidade, é possível identificar alguns interesses básicos, a depender
da espécie em tela. Acerca das minúcias a serem consideradas, Eithne e
Akers0 discorrem:
Este cr i tér io é muito amplo, mas dentro de sua rubrica ex is tem
cri tér ios mais especí f icos , tais como prevenção de qualquer
efei to adverso sobre o cuidado com o animal de est imação ou
qual parte pode melhor cuidar do animal . Is to inclui
0 SILVA, Camilo Henrique; VIEIRA, Tereza Rodrigues. A disputa pelo animal de estimação após o divór-
cio. In: VIEIRA, Tereza Rodrigues; SILVA, Camilo Henrique. Animais: Bioética e Direito. Brasília: Por-
tal Jurídico, 2016. p. 76.
0 Ibidem. p. 77.
0 EITHNE, Mills; AKERS, Kreith. Quem fica com os gatos... você ou eu? Análise sobre a guarda e o di -
reito de visita. Questões relativas aos animais de estimação após o divórcio ou a separação. Revista Bra-
sileira de Direito Animal. Salvador, v. 9. 2011. p. 221.
considerações sobre as condições de vida do animal de
est imação, tais como com que frequência o animal sai r ia para
a caminhada, quaisquer confl i tos que possam surgir com
outros animais domést icos e cr ianças devido ao novo
domicí l io do cão após o divórcio do parceiro, e t ratamento
humani tár io dos animais de est imação com todo o cuidado e
atenção às suas necessidades, a mostra de afeição para com os
animais de est imação e tantos outros assuntos .
O art. 1.584 do Código Civil dispõe sobre guarda unilateral e
comparti lhada; de acordo com Tartuce 0 , unilateral é “aquela em que um
genitor detém a guarda e o outro tem a regulamentação de vistas em seu
favor”, e compartilhada consiste naquela em que “o filho convive com
ambos os genitores”.
 A regra supramencionada pode ser aplicada por analogia, desde
que haja a compatibil ização com o melhor interesse do animal; há a
possibilidade, inclusive, de aplicação do parágrafo 5º do artigo 1.584 do
Código Civil. Silva e Vieira 0 ensinam que “em caso de disputa judicial, a
guarda deve ser atribuída a uma das partes, independente do título de
propriedade. Contudo, se durante a instrução processual ficar evidente tal
impossibilidade, a guarda pode ser atribuída a uma pessoa idônea da
família”.
Quanto à pensão alimentícia, podem ser aplicados por analogia
as regras dos artigos 1.694 e 1.695 do Código Civil, de forma a existir
contribuição para a verba necessária para o custeio das despesas do
animal.
Neste sentido, é o ensinamento de Silva e Vieira 0 :
Anal isando as normas sobre al imentos , essas podem ser
ut i l izadas por analogia na relação exis tente entre os tutores e
seus animais de est imação. Apesar de se es tar diante de uma
responsabi l idade famil iar, embasada no parentesco sanguíneo,
a relação entre os tutores e seus animais é de af inidade,
cabendo, desse modo, uma responsabi l idade civil
obrigacional . Não restam dúvidas das responsabi l idades de um
tutor para com seus animais de est imação. Como nas civis
entre familiares , ta is responsabi l idades vão além da
al imentação, englobando as necessidades do animal com
saúde, lazer, moradia, entre outras . A obrigação de prestar
al imentos configura-se um dever indecl inável dos tutores para
com seus animais , independentemente se es tão ou não em sua
guarda.
0 TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. São Paulo: Editora Forense. 2017. p. 785.
0 SILVA, Camilo Henrique; VIEIRA, Tereza Rodrigues. A disputa pelo animal de estimação após o divór-
cio. In: VIEIRA, Tereza Rodrigues; SILVA, Camilo Henrique. Animais: Bioética e Direito. Brasília: Por-
tal Jurídico, 2016. p. 77.
0 Ibidem. p. 82.
Decisão neste sentido foi proferida pela 1ª Câmara de Direito
Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, em caso em que a ex-
mulher, que após o divórcio havia ficado com a guarda de dois cachorros,
requisitou pensão alimentícia a seu ex-marido, de forma a suprir as
necessidades alimentares dos animais. O pedido foi acatado, ficando
determinado o valor de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) para
mensais para cada cão, a título de pensão alimentícia vitalícia.
São apenas alguns apontamentos e exemplos da possibilidade
de utilização da analogia nos casos em tela. De forma geral, havendo a
devida ponderação e o respeito pelo critério de razoabilidade, é
perfeitamente possível aplicar diversos artigos da legislação concernente
à família quando da disputa pela guarda de animais de estimação, em
sede de divórcio ou dissolução de união estável.
CONCLUSÃO
O conceito de família está em constante evolução, e a família
multiespécie é somente mais uma possibilidade; em face dos fortes
vínculos afetivos entre animais de estimação e seus tutores, em casos de
divórcio ou dissolução de união estável, é possível que ocorra a disputa
li tigiosa pela guarda do animal.
Nestes casos, por conta da inexistência de legislação
específica, caberá aos magistrados decidir e buscar a resolução do
conflito; no entanto, por todo o exposto, é possível concluir que a
utilização da legislação concernenteao direito de propriedade é
inadequada e não fornece a melhor solução, pois trata o animal como
mero objeto, e não como um ser senciente e membro familiar.
Apesar de a lei brasileira ainda determinar o status jurídico dos
animais como sendo de bens semoventes, os avanços científicos,
filosóficos e sociais demonstram a necessidade de atualização por parte
do Direito, de forma a considerar também os laços afetivos formados
entre humanos e não humanos e os interesses dos animais.
Desta forma, verifica-se a possibil idade de aplicação e maior
adequação da legislação de direito de família aos casos de disputa pela
guarda de animais de estimação, devendo ser utilizada a ferramenta da
analogia, desde que com ponderação e respeito ao critério da
razoabilidade.
REFERÊNCIAS
ADEDE Y CASTRO, João Marcos. Direito dos Animais na Legislação
Brasileira . Porto Alegre: Sergio Antônio Fabris Ed., 2006.
ARAÚJO, Fernando. A Hora dos Direitos dos Animais . Coimbra:
Almedina, 2003.
EITHNE, Mills; AKERS, Kreith. Quem fica com os gatos:você ou eu?
Análise sobre a guarda e o direito de visita. Questões relativas aos
animais de estimação após o divórcio ou a separação. Revista Brasileira
de Direito Animal . Salvador, v. 9. 2011.
GORDILHO, Heron José de Santana. Abolicionismo animal . Salvador:
Evolução, 2008.
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis. Portaria nº 93, de 7de julho de 1998.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatíst ica. Pesquisa Nacional
de Saúde. 2013.
RODRIGUES, Nina Tricia Disconzi Rodrigues; FLAIN, Valdirene
Silveira; GEISSLER, Ana Cristina Jardim. O animal de estimação sob a
perspectiva da tutela jurisdicional: análise das decisões do Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Direito Animal .
Salvador, v. 11, n. 22. 2016.
SILVA, Camilo Henrique; VIEIRA, Tereza Rodrigues. A disputa pelo
animal de estimação após o divórcio. In: VIEIRA, Tereza Rodrigues;
SILVA, Camilo Henrique. Animais: Bioética e Direito . Brasíl ia: Portal
Jurídico, 2016.
VIEIRA, Tereza Rodrigues; PIRES, Loraini Candida Bueno. O animal de
estimação é um integrante da família? In: VIEIRA, Tereza Rodrigues;
SILVA, Camilo Henrique. Animais: Bioética e Direito . Brasíl ia: Portal
Jurídico, 2016.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. São Paulo: Editora
Forense. 2017.
2 DESAFIOS PARA O PROTAGONISMO DO IDOSO NA
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 
Amaranta Vasconcelos Silva 0
SUMÁRIO: Introdução. 1 Perfil do Idoso. 2 Polit ica Públicas em favor
do Idoso. 3 A institucionalização da velhice. 4 Mecanismos de atuação e
protagonismo do idoso. Conclusões. Referências.
RESUMO: O envelhecimento é algo natural, inerente à natureza humana.
No entanto, assim como todas as fases da vida é preciso pensar suas
limitações sejam elas dentro do meio social, familiar, espaço urbano ou
0 Mestranda no Programa de Pós Graduação em Direito pela FHCS – Unesp Franca. 
local de trabalho. Sabe-se que o ritmo de vida acelerado, a rotina corrida
e as prioridades da vida moderna como trabalho e estudos muitas vezes
fazem com que os idosos sejam invisibil izados e, a partir daí, não tenham
suas necessidades atendidas. Aos idosos em situação de saúde mais
vulnerável, que necessita de cuidados especiais, não há muita opção de
obter dentro da rotina da família esses cuidados, seja por falta de tempo
ou de recursos financeiros do núcleo familiar, o que acaba levando a
insti tucionalização da velhice, ou, em termos mais corriqueiros, a
decisão de manter o idoso em casas de repouso. A institucionalização da
velhice é a 'ult ima ratio' em se tratando do bem estar do idoso. Este
fenômeno geralmente ocorre quando as famílias percebem que não há
mais possibilidade de manter idoso em tratamento em casa. Isso ocorre
por inúmeros fatores, agravamento do quadro clínico, falta de tempo dos
familiares de cuidar do idoso ou falta de recursos financeiros para
custear os dispêndios. Dessa forma, é nít ida a necessidade de análise e
reflexão de como as políticas públicas para idosos estão inseridas na
agenda oficial, a forma de representação e participação dos idosos na
construção de tais políticas e seu impacto na vida dos idosos. O presente
artigo visa trazer uma rápida reflexão sobre o assunto, buscando debater
os pontos mais importantes. 
Palavras-chave: envelhecimento, representação, polit icas públicas,
insti tucionalização da velhice. 
ABSTRACT: Aging is something natural, inherent in human nature. However, just like
all phases of life one has to think of their limitations whether they are within the social,
family, urban or workplace environment. It is known that the fast pace of life, the run-
ning routine and the priorities of modern life such as work and studies often make the
elderly invisible and, from there, do not have their needs met. To the elderly in a situa-
tion of more vulnerable health, who needs special care, there is not much option to ob-
tain within the routine of the family this care, either for lack of time or financial re-
sources of the family nucleus, which ends up leading to the institutionalization of old
age , Or, more commonly, the decision to keep the elderly in nursing homes.The institu-
tionalization of old age is the ultima ratio in the welfare of the elderly. This phenome-
non usually occurs when families realize that there is no more possibility of keeping el-
derly in treatment at home. This is due to a number of factors, worsening of the clinical
picture, lack of time for relatives to care for the elderly, or lack of financial resources to
defray expenditures.
Thus, there is a clear need for analysis and reflection of how public
policies for the elderly are included in the official agenda, the form of
representation and participation of the elderly in the construction of such
policies and their impact on the lives of the elderly.
This article aims to bring a quick reflection on the subject, seeking to
discuss the most important points.
Key words: Aging, representation, public policies, insti tutionalization of
old age.
INTRODUÇÃO
A atuação do idoso nos espaços públicos tem sido o principal
fator de conquistas no que diz respeito à efetivação de direitos, ao menos
no campo normativo.
Já é um grande avanço em termos de aparato legal existir, na
Constituição, previsão legal em seu art. 230 que determine a tutela dos
direitos dos idosos. 
Segundo a Constituição Federal em seu art. 230:
A família , a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as
pessoas idosas , assegurando sua part icipação na comunidade,
defendendo sua dignidade e bem-estar e garant indo- lhes o
direi to à vida.
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados
preferencialmente em seus lares .
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garant ida a
gratuidade dos t ransportes colet ivos urbanos.
Sabe-se que a Constituição Brasileira é a primeira a estabelecer
esse arcabouço de proteção aos direitos dos idosos, compreendendo que
este é um grupo de minorias vulneráveis em todos os aspectos da vida
cotidiana e para que haja efetividade no seu bem estar é necessário um
trabalho conjunto de todas as instituições que os cercam, uma vez que a
família é o principal “ locus” de cuidado. A sociedade é responsável por
sua inclusão social e o Estado por assegurar seus direitos básicos para
uma vida dignacomo para qualquer outro cidadão, não deixando de
atender às suas peculiaridades.
Outra questão importante a ser ressaltada dentro do enunciado
da legislação Constitucional é de que, impelindo o Estado a tutela do
bem estar dos idosos, necessariamente será preciso um substancioso
número de políticas públicas que permeiem os mais variados aspectos da
vida, sendo esses saúde, transporte, lazer, cultura, habitação e as demais
peculiaridades que esta parte da população possuiu. 
Em termos de legislação, o Brasil possui um sistema
privilegiado no que tange os direitos do idoso. Tanto a Política Nacional
do Idoso, criada em 1993 quanto o Estatuto do Idoso criado em 2003 são
respostas à atuação dos próprios idosos no que diz respeito a suas
necessidades e trazem um rol completo de como deveriam ser traçadas as
diretrizes de polít icas públicas em favor deste setor da sociedade.
Entretanto, ao nos depararmos com a prática, a realidade é bem
diferente. São poucos os números de polít icas voltadas para idosos, fator
que motiva ainda mais a militância deste setor da população e sua
articulação com demais órgãos e instituições para que o poder público
tenha em sua agenda previsão de políticas efetivas que assegurem a vida
digna do idoso. 
Um exemplo importante a se ressaltar é a falta quase total de
políticas públicas de saúde que atendam o idoso em seu domicílio.
Não é necessário dizer da necessidade de recursos médicos para
tratamentos em um estágio de vida no qual algumas doenças específicas
começam a surgir e, consequentemente, l imitar sua atuação cotidiana. 
No entanto, a falta de política públicas que atendam esta
demandada acaba por obrigar a família, muitas vezes despreparada para
vivenciar a realidade das limitações da pessoa com idade mais avançada,
a optar pela realocação do idoso em casas de permanência, asilos ou
abrigos. De maneira que o idoso, principalmente das classes mais baixas,
por falta de amparo do poder público acaba sendo excluído do meio
familiar, resignado a viver em condições muitas vezes diferentes da que
estava acostumando.
Assim, há que se ponderar até que ponto o descaso do poder
público em alguns aspectos não acaba levando ao desrespeito da
dignidade da pessoa idosa. Elemento que este mesmo é imputado de
tutelar. 
1 PERFIL DO IDOSO
As mudanças na sociedade também fizeram com que se
modificasse o esti lo de vida e as característ icas do idoso de um modo
geral.
Se antigamente tínhamos a imagem dos idosos vinculada a
figuras arcaicas, frágeis, situadas dentro de uma realidade restrita e sem
tecnologia, hoje não é mais bem assim. 
Os idosos são, em sua maioria, atuantes, dinâmicos, cheios de
vida. E, isto deve-se aos avanços da medicina, não apenas no setor de
expectativa e longevidade de vida, mas também no avanço da medicina
em permitir que se viva de maneira melhor, com mais qualidade,
principalmente na terceira idade. 
Sendo assim, os idosos hoje em dia gozam de melhor saúde e
disposição, fato que permite que se mantenham ativos, realizando as
atividades que lhe agradam e, por vezes, descobrindo outras novas. 
Pesquisas recentes demonstram também que há uma dicotomia
de interesses entre as populações femininas e masculinas dentro do
contingente de idosos: enquanto as mulheres encontram na velhice a
libertação de paradigmas predominantes na sociedade machista como a
obrigação de cuidar do esposo, da família e do lar e, buscam tempo par
elas, para realizar atividades de seu interesse e, principalmente,
buscarem por tratamentos estéticos e de rejuvenescimento, para o homem
ainda há uma necessisdade de se manter como o líder da família portanto,
tentam se manter sempre úteis e inseridos no mercado de trabalho. 0
Conforme dados do IBGE, cerca de 10% do PEA consiste em
homens idosos trabalhando. Estes são, em sua maioria, donos de seu
próprio negócio ou funcionários de confiança. Aliás, um traço marcante
da população masculina de idosos é a sua necessidade de se manter útil,
produzindo e sendo independente. As mulheres não ficam atrás,
integrando cerca de 8% do PEA 0 .
No que diz respeito à família, aumentou-se o número de idosos
morando sozinhos ou nos chamados “ninhos vazios’’ em que se
encontram sem a presença de filhos ou netos que saem de casa, seja por
escolha pessoal, necessidade de trabalho ou estudos. 
Talvez seja este um dos principais motivos de uma reclamação
recorrente do idoso: a ideia de invisibil idade social. Ainda que haja
muitos idosos familiarizados com as novidades tecnológicas da vida
moderna, a correria e a vida agitada muitas vezes não permitem que se
possa dar atenção aos familiares de idade mais avançada. 
0 GOLDENBERG, Mirian. A bela velhice. São Paulo: Ed. Record, 2013. 
0 ______. Idosos voltam à ativa. Estadão – Portal do Estado de São Paulo, São Paulo. Maio 2017. 
Economia. Disponível em ˂http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,idosos-de-volta-a-ativa--
imp-,1748145> Acesso em: 01 jun 2017.
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,idosos-de-volta-a-ativa--imp-,1748145%3E%20Acesso
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,idosos-de-volta-a-ativa--imp-,1748145%3E%20Acesso
Esta, juntamente com a questão do preconceito que, muitas
vezes, se mostra dentro do próprio âmbito familiar, quando parentes mais
jovens ignoram a opinião do idoso e passam a tratá-lo como criança, não
levando em consideração sua vontade ou suas escolhas, têm sido,
segundo pesquisas, as principais reclamações dos idosos 0 .
Já se tratando de questões relacionadas a políticas públicas, as
principais queixas são com saúde, transporte e segurança. 0
2 POLÍTICAS PÚBLICAS EM FAVOR DO IDOSO
A Política Nacional do Idoso estabelece em seu artigo 3º, § IV
que as políticas públicas em favor do idoso o tenham tanto como foco
quanto como agente. Ou seja, estabelecem a necessidade e atuação do
idoso na construção da política social em seu favor.
No entanto, apesar de grande atuação de Insti tuições que
defendem o idoso, lutem por uma política pública descentralizada e
busquem auferir proteção para estes, ainda assim, não se vê políticas
públicas para o idoso fora do âmbito da assistência social e, muitas
vezes, ainda neste setor, o atendimento aos idosos é apenas razoável, até
simbólico.
Se as políticas públicas de transporte coletivo auferem
gratuidade a passagem, em contrapartida, a falta de acessibil idade e a
deficiência do transporte público como um todo, em muitas cidades,
dificulta ainda mais o acesso ao idoso vedando seu direito de ir e vir.
Há que se falar na precariedade de políticas públicas que não
disponibilizam cuidadores, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e
médicos que façam atendimento domiciliares aos idosos, visto que sua
faixa etária por si só dificulta a locomoção e, muitas vezes, o estado de
0 CONGRESSO BRASILEIRO DE GERIATRIA E GERONTONLOGIA, n. XIX, 2014, Belém do Pará.
A nova geração de idosos e os desafios contemporênos - estamos preparados?. Belém do Pará, 24 abr
2014. Disponível em ˂HTTP// http://sbgg.org.br/a-nova-geracao-de-idosos-e-os-desafios-contempora-
neos-estamos-preparados/>.Acesso em: 01 de jun 2017. 
0 Global AgeWatch. Global AgeWatch INDEX 2014. London, 2015. Disponível em ˂ http://www.helpa-
ge.org/global-agewatch/reports/global-agewatch-index-2014-insight-report-summary-and-methodology/>. Acesso em: 01 jun 2017. 
http://www.helpage.org/global-agewatch/reports/global-agewatch-index-2014-insight-report-summary-and-methodology/
http://www.helpage.org/global-agewatch/reports/global-agewatch-index-2014-insight-report-summary-and-methodology/
http://sbgg.org.br/a-nova-geracao-de-idosos-e-os-desafios-contemporaneos-estamos-preparados/
http://sbgg.org.br/a-nova-geracao-de-idosos-e-os-desafios-contemporaneos-estamos-preparados/
hipossuficiência da família faz com que o idoso não possa ser
transportado para uma consulta ou ambiente de tratamento.
Tendo em vista esse quadro, percebe-se o quão gritante é a
falta de acesso dos idosos a meios dignos de vida que, pela estrutura do
sistema, deveriam ser geridos pelo Estado.
Muito bem analisam as pesquisadoras Ângela Maria de Oliveira
e Maria de Fátima de Souza Santos sobre a questão das políticas públicas
para idosos: 
A dif iculdade de funcionamento daqui lo que está disposto na
legis lação está mui to l igada à t radição central izadora e
segmentadora das pol í t icas públ icas no Brasi l , que provoca a
superposição desart iculada de programas e projetos vol tados
para um mesmo públ ico. A área de amparo à terceira idade é
um dos exemplos que mais chama a atenção para a
necessidade de uma intersetorial idade na ação públ ica, pois os
idosos mui tas vezes são vít imas de projetos implantados sem
qualquer ar t iculação pelos órgãos de educação, ass is tência
social e de saúde .0
No entanto, o que se vê é uma imprevisibilidade de políticas
públicas sendo implementadas em favor dos idosos. Algumas políticas
públicas têm dado certo e possui um caráter mais efetivo, como o caso da
distribuição de renda.
Sabe-se que o Estatuto dos Idosos, em seu artigo 4º §III
determina que o idoso sem recursos financeiros seja auxiliado pela sua
família e caso esta não possa prover suas necessidades, o idoso deverá
ser atendido pelo programa de distribuição de renda da Lei Orgânica de
Assistência social, mais conhecido como benefício LOAS que permite ao
idoso direito a um salário mínimo.
Muitas vezes a concessão do benefício não é conseguida apenas
pela via administrativa, fazendo com que o idoso tenha que ingressar no
judiciário, o que se sabe é um procedimento lento e, muitas vezes,
demorado. 
Ainda assim, a política de distribuição de renda para idosos fez
com que esse ficasse em 12º lugar no ranking mundial de distribuição de
renda para idosos. Em outras categorias, porém, o país deixa a desejar,
ocupando no ranking a posição de 58º lugar, abaixo de países como o
0 OLIVEIRA, A; SANTOS, M. O envelhecer: teorias científicas x teorias populares. Rev. Psico, Porto
Alegre, v. 33, n. 2, p. 311-326, 2002. 
.
http://pesquisa.bvs.br/brasil/?lang=pt&q=au:%22Oliveira,%20%C3%82ngela%20Maria%20de%22
Chile, Argentina, México, ganhando apenas da Guatemala e República
Dominicana.
Assim, deve-se elucidar qual a relação da sociedade com os
idosos e como esta condição tem impacto nas relações familiares e onde
o Estado entra, se, de fato, é uma atuação efetiva em todos os aspectos. 
A julgar pelos dados e, através da análise do panorama atual o
Estado tem se omitido em seu dever de tutelar o bem estar dos idosos
principalmente no que diz respeito ao setor de saúde. A ausência de
medicamentos, médicos e sistemas de tratamento domiciliares são as
principais reclamações dos idosos e suas famílias que, em face do
agravamento do quadro clínico e impossibil idade de tratamento em casa
muitas vezes pela falta de recursos financeiros acaba por optar pelo
recolhimento do idoso a casas de permanência ou asilos. 
3 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA VELHICE
Analisando os dados das insti tuições e abrigos de idosos, ainda
é mais notório o descaso do poder público. Sabe-se, com base em
Estudos do IBGE, que há cerca de 6 mil abrigos no Brasil; deste
contingente, apenas 218 são Estaduais e Municipais, sendo que o governo
Federal possui apenas um abrigo que se situa no Rio de Janeiro 0 .
A maioria das instituições é filantrópica e apenas 22% de sua
receita provêm de verbas públicas. Assim, o contingente de idosos que se
encontra em casas de abrigo, sobrevive por meio de doações ou com a
sua própria renda que, conforme o artigo 35, parágrafo 2º do Estatuto dos
Idosos não deve ultrapassar 70% do valor do benefício previdenciário ou
assistencial recebido pelo idoso. 0
Assim, a insti tucionalização da velhice é também a
insti tucionalização da pobre, e percebe-se que o quadro de
vulnerabilidade do idoso é diretamente ligado a sua hipossuficiência
econômica. Pois o Estado não dispõe de meios para que idoso tenha
tratamentos de saúde digno e permaneça inserido na sociedade ou em seu
meio familiar, questão de suma importância. 
0IPEA. 71% dos municípios não têm instituição para idosos. [s.l.] Disponível em ˂http://www.ipea.gov.-
br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=8574&catid=10&Itemid=9˃. Acesso em 01 
jun 2017.
0 Idem.
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=8574&catid=10&Itemid=9
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=8574&catid=10&Itemid=9
4 MECANISMOS DE ATUAÇÃO E PROTAGONISMO DO IDOSO
Se mesmo com uma legislação bem estruturada que atenda,
ainda que apenas na teoria, todos os aspectos que constituem a concepção
de vida digna do idoso, atualmente ainda falta uma atuação efetiva do
Estado. Deve-se elucidar que, sem a militância de insti tuições compostas
por idosos, nem mesmo os avanços legalistas seriam possíveis.
Desde a retomada democrática em 1988, a Confederação
Nacional de Pensionistas e Aposentados tem estado presente, para que
haja visibilidade sobre o direito do idoso nos espaços sociais.
Posteriormente, a atuação do Conselho Nacional do Idoso
que foi positivado na Lei Nº 8.842, DE 4 DE JANEIRO DE 1994, que
consiste no plano nacional do idoso juntamente com o Conselho Nacional
de Direitos Humanos criou, na I Conferência Nacional dos Direitos da
Pessoa Idosa, a Rede Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa
(RENADI) que teve sua implementação avaliada, em 2009, na II
Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. 
Foi também a pressão do Conselho Nacional que, diante da
inércia do poder público em construir políticas públicas, de fato,
efetivas, para os idosos e os inúmeros relatos de maus tratos e falta de
cuidado que ocorriam em casas de repouso, culminando com a morte de
centenas de idosos na Clínica Santa Genoveva, que foi pensado o
Estatuto do Idoso, criado em 2003. 
Mesmo munidos de todo o arcabouço normativo, ainda assim, a
realidade do idoso é penosa, tendo que conviver inserido em uma
sociedade que preza pela lógica mercadológica, que valoriza tudo que é
rápido, novo e rentável.
A falta de respeito é constante. Um exemplo irrefutável são os
jovens ocupando assentos reservados aos idosos em ônibus e metrôs. A
dificuldade de acesso aos espaços urbanos que não estão adaptados a suas
limitações e o desrespeito tornam a realidade do idoso muito mais difícil.
CONCLUSÃO
Em razão do quadro exposto, não resta dúvida do caráter
participativo e consciente do idoso na sociedade, na mili tância por seus
direitos e buscar por bem estar. Em contrapartida, o que se percebe é um
descaso do poder público e uma dificuldade muito grande da criação de
politicas públicas descentralizadasadministrativamente que permitam
que o idoso possa manter suas relações familiares e ainda possuir
tratamento ambulatorial em domicílio para os cuidados de sua saúde. 
Essa dificuldade em construir uma rede de amparo aos idosos
em todos os âmbitos que dizem respeito a sua vida social, seja na
família, sociedade civil e com a tutela do Estado, pela sua dignidade
contraria expressamente o que foi determinado pela Constituição em seu
artigo 230 e cria uma condição de impossibil idade tão grande que não há
outra saída senão optar pela instalação do idoso em casas de repousos.
Além de não ser a melhor opção, tanto em termo médico,
quanto no que diz respeito a questões legais (a PNI em um de seus
artigos diz que havendo opção o idoso deve majoritariamente ficar com a
família), muitas vezes coloca o idoso em condições de vida muita mais
austera do que estava acostumado, ou pior, o submete a um ritmo
totalmente diferente do que estava acostumado. 
As insti tuições no Brasil em sua maioria são filantrópicas, o
que significa que sua manutenção depende de um contrato de prestação
de serviço assinado pela família do idoso e que deverá arcar com o ônus
destes serviços, por meio de um contrato pecuniário. 
Assim, o que se percebe é a ‘’longa manus do estado’’ não
chegando a um ambiente, no qual se tem o idoso totalmente vulnerável e,
a maioria das vezes, debilitado e precisando do melhor cuidado possível.
A solução para este quadro triste é complexa, envolve
mudanças culturais, conscientização e principalmente um espaço maior
de atuação desta minoria dentro da construção das políticas sociais. É
necessário que haja, não apenas, maior participação dos idosos na
concepção das agendas públicas, mas um elo entre família e sociedade,
para que os idosos que estão em situação de saúde grave possam ser
representados e tenham voz, tenham, enfim, as suas reais necessidades
atendidas. 
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http://sbgg.org.br/a-nova-geracao-de-idosos-e-os-desafios-contemporaneos-estamos-preparados/
3 GESTAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO: A BARRIGA SOLIDÁ-
RIA E A BARRIGA DE ALUGUEL
Anna Carolina Carvalho Dantas Kuusberg 0
Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga 0
SUMÁRIO: Introdução. 1 Aspectos Contratuais. 2. Ocorrência e motiva -
ções para a gravidez por substi tuição. 3. Modalidades da gestação por
substituição. 4. A gravidez por substituição no mundo. 4.1 Países em que
ambas as formas altruística e comercial da gravidez por substituição são
legais. 4.2 Países em que a prática da gravidez por substi tuição é banida.
4.3 A gravidez por substi tuição no Brasil. 4.4 Gravidez por substituição e
a globalização. 5. Quebra de contrato. 5.1 A não cessação da guarda ou
dos direitos parentais. 5.2 O remanescer da criança legalmente em filia -
ção ou sob custódia da gestante. 5.3 Desacordo entre os comissários e a
gestante sobre a (in)execução do aborto. 5. Comissários que voltam atrás
do arranjo depois da concepção. 6. Conclusão. Referências.
RESUMO: O presente capítulo visa conferir ao leitor uma perspectiva
das insti tuições envolvidas quando da prática da gravidez por substi tui -
ção, tarefa essa realmente necessária diante da quase inexistência de tra -
balhos elucidativos disponíveis ao estudo não só na língua portuguesa,
mas que também envolvem a jurisdição brasileira. Para tanto, em seguida
da apresentação das estruturas retromencionadas, será realizada uma im -
portante a contextualização do referido procedimento numa perspectiva
mundial, já que, como esclarecido no decorrer do capítulo, a heterogenei -
dade das legislações respectivas no mundo, confere ao cidadão global a
discricionariedade de procurar oferta em jurisdições que tratam da gravi -
dez por substi tuição de maneira mais flexível, diante do instituto apre -
sentado da ferti lity tourism. Essa arqueabilidade, no entanto, tende a ele -
var a complexidade da já conturbada surrogacy, já que a migração entre
jurisdições traz ainda maior incerteza ao cumprimento do arranjado, a sa -
ber, e conforme será mencionado: aos pais comissários a não cessão da
guarda e dos direitos parentais, e à gestante, o não pagamento de suas
contas médicas, a compensação pela gravidez, ou ainda o remanescer da
criança legalmente em sua fil iação e sob sua custódia . E justamente nes-
se aspecto que se arrematará o capítulo, com o levantamento de hipóteses
em que ocorre quebra de contrato no arranjo da gravidez por substi tui -
ção, transcendendo o viés teórico para o tangível através da apresentação
de casos reais em que incidirão nas ditas hipóteses.
Palavras-chave: gravidez por substi tuição; barriga de aluguel; barriga so -
lidária.
0 Graduanda em Direi to , FCHS/UNESP; membro do grupo de pesquisa “Os novos
parâmetros da responsabi l idade civi l e as relações sociais”, coordenado pela
professora Maria Amália de Figueiredo Pereira Alvarenga.
0 Mestre e doutora em Direi to , FCHS/UNESP; Chefe do Departamento de Direi to
Privado da FCHS/UNESP; ex- coordenadora do Curso de Direi to da FCHS/UNESP;
docente da cadei ra de Direi to Civi l FCHS/UNESP; docente do Programa de Pós
Graduação em Direi to da FCHS/UNESP; orientadora de grupos de pesquisa, CNPq e
aval iadora de Cursos pelo MEC.
ABSTRACT: The purpose of this chapter is to grant the reader a per -
spective on the institutions involved in the practice of surrogacy, a as -
signment that shows itself really necessary considering the almost inex -
istence of availabili ty of works as such not only in portuguese language,
but that also involves the brazilian jurisdiction. In order to do so, after
the presentation of the above mentioned structures, an important contex -
tualization of the procedure in a global perspective will be given, since,
as explained in the chapter, the heterogeneity of the respective legisla -
tion in the world provides the global citizen the discretion to seek offers
in jurisdictions that deals with surrogacy in a more flexible way, as the
latter shown insti tute of the fertili ty tourism. This pliance, however,
tends to raise the complexity of the already troubled matter of surrogacy,
since the migration within jurisdictions brings even greater uncertainty
to the fulfi llment of the arrangement, namely, and as will be mentioned:
to the commissioners parents, the non grant of the custody or/and the
parental rights, and to the surrogate, the non payment of the medical
bil ls, the non monetary compensation for the pregnancy, if applies, or
even the remaining of the child in their affiliation or/and their custody.
And this is precisely the outcome of this chapter, the sett ing of the possi -
ble hypothesis for surrogacy breaches of contract, transcending from the
theoretical to the tangible bias though the presentation of real cases in
which the aforementioned hypothesis succeed.
Key-words: surrogacy; commercial surrogacy; altruistic surrogacy.
INTRODUÇÃO
Considerando a potencial universalidade que o tema de gesta -
ção por substi tuição pode assumir, em respeito à primazia acadêmico-
científ ica que neste artigo é proposta, iniciaremos o presente trabalho
com uma apresentação dotada de definições e concepções genéricas - ou
seja, que não necessariamente tenham aplicabilidade na legislação pátria.
O termo surrogacy tem origem latina em surrogatus 0 , tem acep-
ção como “o nomeado para agir no lugar de”; guarda tradução li teral do
inglês para o português como “sub-rogação”, termo jurídico definido
pelo professor Henri Capitant como “ substituição de uma pessoa por ou -
tra, numa relação de direito (sub-rogação pessoal), ou atribuição de
uma coisa das qualidade s jurídicas daquela a que substi tui num patrimô -
nio ou numa universalidade jurídica (sub-rogação real) ”0 . 
0 ______. Surrogatus - Wiktionary, the free dictionary. Disponível em
˂https: / /en.wiktionary.org/wiki/surrogate . Aceso em maio 2017.
0 ______. Lex Magister. [ Internet] . Disponível em
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http://www.lex.com.br/Dicionarios.aspx?pagina=230
http://www.enciclopedia-juridica.biz14.com/pt/d/qualidade/qualidade.htm

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