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Atuação do Assistente Social como Educador Ambiental

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” 
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
 
 
 
MARA REGINA DIAS 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL COMO EDUCADOR AMBIENTAL NOS 
PROJETOS DE TRABALHO TÉCNICO SOCIAL (PTTS) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FRANCA 
 2012 
MARA REGINA DIAS 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL COMO EDUCADOR AMBIENTAL NOS 
PROJETOS DE TRABALHO TÉCNICO SOCIAL (PTTS) 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Serviço Social da Faculdade de 
Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual 
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção 
do título de Mestre em Serviço Social. Área de 
concentração: Serviço Social: Trabalho e Sociedade. 
Orientadora: Profa. Dra. Analúcia Bueno dos Reis 
Giometti 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FRANCA 
 2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dias, Mara Regina 
 A atuação do assistente social como educador ambiental nos 
 Projetos de Trabalho Técnico Social (PTTS) / Mara Regina Dias. 
 – Franca : [s.n.], 2012. 
 126 f. 
 Dissertação (Mestrado em Serviço Social). Universidade Esta- 
 dual Paulista. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. 
 Orientador: Analúcia Bueno dos Reis Giometti 
 
 1. Assistente social – Prática profissional – Piracicaba (SP). 
 2. Serviço social – Profissão – Meio ambiente. 3. Educação 
 ambiental. I. Título. 
 CDD – 361.0023 
MARA REGINA DIAS 
 
 
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL COMO EDUCADOR AMBIENTAL NOS 
PROJETOS DE TRABALHO TÉCNICO SOCIAL (PTTS) 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da 
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de 
Mesquita Filho”, para obtenção do título de Mestre em Serviço Social: Área de 
concentração: Serviço Social: Trabalho e Sociedade. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Presidente: _________________________________________________________________ 
Profa. Dra. Analúcia Bueno dos Reis Giometti 
 
 
1º Examinador: _____________________________________________________________ 
 
 
 
2º Examinador: _____________________________________________________________ 
 
 
 Franca (SP), _______de__________________de 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para minha querida “Tata”: 
você sempre vai brilhar 
porque você é uma estrela. 
AGRADECIMENTOS 
 
“E eu te chamo Jesus, venha viver junto a mim, venha me dar esta vontade, esta alegria de 
viver” Dunga 
 Obrigado Senhor, glórias e louvores a ti... 
A minha família, minha mãe Isabel, que mesmo sem saber direito onde eu queria chegar, me 
apoiou em tudo, e a minha sobrinha Gabriela que pelo seu exemplo de estudo e mocidade, 
dando-me forças e energia suficiente para esta caminhada. 
Ao meu noivo Marcio, somente por estar ao meu lado, pelo seu companheirismo e 
compreensão na realização deste sonho. 
A Profa. e orientadora Dra. Analúcia Bueno dos Reis Giometti, pelos seus ensinamentos, que 
além de fazer parte da banca examinadora, me acolheu na hora que mais precisei, a você 
minha eterna gratidão. 
Aos meus amigos da Pós que puderam compartilhar comigo de minha trajetória, os quais 
sabem que não foi fácil, em especial as meninas Fernanda Varandas, Inês Moreira e Juliana 
Polloni, pra sempre no coração. 
Aos meus colegas de trabalho da Secretaria Municipal de Promoção Social de Santa 
Gertrudes e da empresa Bio-Vida Engenharia Consultoria Social Ambiental, que toleraram as 
minhas constantes ausências, em especial minha sócia Livia Bristichy pela sua garra e nossos 
momentos de vitória. 
Aos alunos das Faculdades Anhanguera Educacional, curso de Serviço Social, a vocês aqui 
esta o fruto do esforço que sempre lhes falo, obrigado pelas vivencias e trocas do dia a dia. 
Não poderia esquecer de meus eternos amigos da Igreja Santa Cruz, aos compadres e 
comadres: Aliane, Alex, Ariane, Carlinhos, Dedé, Fabricio, Ir. Cesar, Ritinha, Tiago, Wiliam 
e Xú, pela palavra amiga e pelas alegrias de cada dia. 
Ao meu maior incentivador Pe. José Aguiar Nobre, que não se esqueceu um só minuto desta 
luta... 
A Caixa Econômica Federal, REDUR Piracicaba, especialmente as técnicas sociais Adriana 
Dias, Ana Paula, Celeste, Célia e Wlazia, pelo continuo aprendizado e paciência com esta 
profissional. 
E a todos os profissionais, lutadores e vencedores, sujeitos desta pesquisa, Obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
Memória póstuma 
Agradecimento especial para aquele que foi em busca da sua águia no céu... 
 
Ao Amigo, Diretor Espiritual, Orientador Prof. Dr. Pe. Mario José Filho, por acreditar que eu 
poderia ir mais longe, mais alto, que poderia também aprender a voar... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quero, um dia, poder dizer às pessoas 
que nada foi em vão... que o amor existe, 
que vale a pena se doar às amizades a às 
pessoas, que a vida é bela sim, e que eu 
sempre dei o melhor de mim... e que 
valeu a pena! (Luís Fernando Veríssimo) 
DIAS, Mara Regina. A atuação do Assistente Social como educador ambiental nos 
Projetos de Trabalho Técnico Social (PTTS). 2012. 126 f. Dissertação (Mestrado em 
Serviço Social) – Faculdades de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista 
“Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2012. 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
As questões ambientais vem conquistando cada vez mais espaço na agenda pública e é mais 
visível nos diversos setores da sociedade civil. Os desafios propostos pela globalização 
provocam a necessidade de se ampliar as reflexões multidisciplinares, exigindo maior atenção 
à problemática socioambiental. Percebemos que a preocupação pela preservação do meio 
ambiente vem aumentando e já atinge diversos setores da sociedade, embora sejam limitadas, 
tendo muito a ser feito. Dentro destas reflexões e atuações multidisciplinares, encontramos a 
oportunidade de atuação do Serviço Social, pois preservação do meio ambiente é um tema 
relacionado ao trabalho do Assistente Social, uma vez que a garantia da qualidade de vida e 
dos direitos básicos das populações depende diretamente da qualidade do meio ambiente em 
que elas estão inseridas. A partir desse pressuposto apresentamos a educação ambiental como 
uma nova demanda ocupacional para o Assistente Social, procurando refletir acerca da 
intervenção deste profissional. Desta forma abordamos na dissertação a pertinência e 
necessária atuação dos profissionais de Serviço Social no espaço criado pelo Governo 
Federal, e operacionalizado pela Caixa Econômica Federal, através dos Projetos de Trabalho 
Técnico Social (PTTS), onde paralelo as obras físicas dos programas de desenvolvimento 
urbano, contam com a prestação de serviços dos assistentes sociais, que em suas atividades 
trabalham diversos ações como: mobilização e organização comunitária, por meio de processo 
educativo trabalham temas de educação ambiental e sanitária, e de geração de trabalho e 
renda. Enfocaremos as experiências dos trabalhos dos assistentes sociais realizados em 
cidades na região de Piracicaba/SP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: projetos de trabalho técnico social. PTTS. educação ambiental. projeto 
socioambiental. 
DIAS, Mara Regina. A atuação do Assistente Social como educador ambiental nos 
Projetos de Trabalho Técnico Social (PTTS). 2012. 126 f. Dissertação (Mestrado em 
Serviço Social) – Faculdades de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista 
“Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2012. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
 
 
Environmentalissues have been gaining more space on the public agenda and have become 
more visible in the various sectors of civil society. The challenges posed by globalization 
cause the need to broaden the multidisciplinary reflections thus, requiring greater attention to 
the socio-environmental problems. We noticed that the concern for preserving the 
environment is increasing and already affects many sectors of society. Within these 
reflections and disciplinary actions we found the opportunity for the work of Social Services. 
Preserving the environment is an issue related to the work of the social worker, this is because 
the guarantee of quality of life and basic rights of the population depends on the quality the 
population’s environment. From this assumption we introduce environmental education as a 
new demand from the occupational social worker, trying to reflect on this professional 
intervention. Therefore we discuss the relevance of the dissertation and the necessary work of 
professional social work in the space created by the Federal Government and operated by the 
Caixa Economica Federal, through the Technical Working Projects Social – PTTs. This 
program, which parallels the physical work of urban development programs, relies on the 
services of social workers who work on various activities such as: mobilization and 
community organization, educational process promoting themes of environmental education 
and health, and employment and income generation. We focus on the experiences of work 
done by social workers in cities located in the region of Piracicaba / SP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Keywords: PTTS. environmental education. socioambiental’s project. 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1: Categorias de análise trabalhadas nas entrevistas .................................................. 22 
Quadro 2: Lista de todos os Municípios que compõem a superintendência 
 Regional de Piracicaba – 45 Municípios ............................................................... 61 
Quadro 3: Fluxograma ............................................................................................................ 73 
Quadro 4: Identidade das profissionais entrevistadas ............................................................. 74 
Quadro 5: Exercício profissional e tempo de atuação............................................................. 75 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE MAPAS 
 
Mapa 1: Distribuição espacial da Superintendência Regional de Piracicaba/SP .................... 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ANA Agencia Nacional das Águas 
BANCEN Banco Central 
BID Programa Habitar Brasil 
BIRD Banco Interamericano de Reconstrução e Desenvolvimento 
BNH Banco Nacional de Habitação 
CDS Comissão de Desenvolvimento Sustentável 
CEF Caixa Econômica Federal 
CFC’s Clorofluorocarbonetos 
CMN Conselho Monetário Nacional 
CNUMAD Comissão das Nações Unidadas sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento 
COP Conferencia das Partes 
EA Educação Ambiental 
EPA Environmental Protection Agency 
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
MC Ministério das Cidades 
MEC Ministério da Educação 
OGU Orçamento Geral da União 
ONU Organização das Nações Unidas 
PCJ Comitês das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e 
Jundiaí 
PNAFM Programa Nacional de Apoio a Modernização Administrativa e Fiscal 
PNUMA Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente 
PRONEA Programa Nacional de Educação Ambiental 
PROSANEAR Programa de Saneamento Integrado 
PSH Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social 
PTTS Projeto de Trabalho Técnico Social 
RSN Regional de Sustentação ao Negócio 
SBPE Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos 
SEDUR/PR Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da 
República 
SFH Sistema Financeiro de Habitação 
SN Superintendências Nacionais 
SRN Superintendências Regionais 
UNCED Conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento 
UNEP United Nations Environmental Programme 
UNESCO United Nation Educational, Scientific and Cultural Organization 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14 
Construção do objeto de estudo ................................................................................................ 16 
O diferencial, perfil crítico ....................................................................................................... 17 
A pesquisa ................................................................................................................................ 18 
 
CAPITULO 1 QUESTÃO AMBIENTAL ........................................................................... 24 
1.1 Histórico ambiental mundial e brasileiro ....................................................................... 24 
1.2 A questão social e os impactos da questão ambiental no meio urbano ........................ 31 
1.3 Cidadania ambiental, categoria fundante para o Serviço Social ................................. 34 
1.4 Educação ambiental possibilidades de atuação para o Assistente Social ................... 36 
1.4.1 As tendências da Educação ambiental ............................................................................. 41 
1.5 Educação ambiental crítica, forma de atuação transformadora ................................. 44 
 
CAPITULO 2 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ............................................................ 50 
2.1 O histórico compromisso social das Caixas Econômicas .............................................. 50 
2.2 A Caixa Econômica Federal no Brasil ............................................................................ 52 
2.3 Programas de Desenvolvimento Urbano ........................................................................ 64 
2.3.1 O Orçamento Geral da União .......................................................................................... 64 
2.3.2 Caixa e o Desenvolvimento Sustentável ......................................................................... 66 
2.4 O Projeto de Trabalho Técnico Social (PTTS) .............................................................. 68 
2.4.1 O processo formal para o Trabalho Social ...................................................................... 70 
2.4.2 O acontecer (a prática) do trabalho Social....................................................................... 71 
 
CAPITULO 3 IMPORTÂNCIA E COMPREENSÃO DA ATUAÇÃO DO 
ASSISTENTE SOCIAL NOS PROJETOS DE TRABALHO TÉCNICO 
SOCIAL ......................................................................................................... 74 
3.1 Análise da pesquisa ........................................................................................................... 77 
3.1.1 Primeira categoria: Relação do serviço social e a questão ambiental ............................. 78 
3.1.2 Segunda categoria: Instrumentais de utilização............................................................... 84 
3.1.3 Terceira categoria: Compromisso pessoal/institucional/comunitário.............................. 89 
3.1.4 Quarta categoria: Educação ambiental como desafio para o Serviço Social ................... 93 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 98 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 103 
 
APÊNDICES 
APÊNDICES A – ROTEIRO DA ENTREVISTA ............................................................ 111 
APÊNDICES B– TERMO DE CONSENTIMENTO ....................................................... 114 
 
ANEXOS 
ANEXO A – TABELA DAS ATIVIDADES DO PTTS .................................................... 116 
 
 
14 
 
INTRODUÇÃO 
 
A temática ambiental não poderia ser abordada ou relacionada apenas com o aspecto 
do meio natural, visto que esta associada à situação do ser humano, tanto em suas 
necessidades individuais e essenciais de vida, como no meio que estava inserido. 
O homem inserido neste contexto é um agente catalizador das mudanças que ocorrem 
no meio natural. Nesta relação é fundamental a atuação do Assistente Social que é um 
profissional que tem a capacidade de intervenção neste sistema. A questão ambiental e a 
questão social passam a ser vistas como simbiose – em constante ligação. Assim o papel do 
Assistente é relevante nesta leitura conjunta unificada, além de apresentar ferramentas de 
atuação que o possibilitam entender o contexto e intervir, e desenvolver ações que possam 
desencadear uma harmonia entre o homem e o meio que está inserido. 
Esta dissertação procura mostrar a importância do trabalho do assistente social nesta 
nova postura do homem frente ao meio que ele vive. A discussão sobre as questões 
ambientais perpassa, sobretudo pelo Serviço Social, profissão que vem confirmando suas 
ações na defesa intransigente da democracia, da justiça, da liberdade e dos direitos humanos. 
Este projeto de pesquisa, parte do princípio de que o Serviço Social tem, junto às 
questões ambientais, um espaço tão privilegiado como aqueles permitidos por outras questões 
mais familiares à sua prática profissional. Pretende–se tecer algumas considerações a partir 
das reflexões sobre a prática que os profissionais em Serviço Social vêm desenvolvendo nos 
Projetos de Trabalho Técnico Social (PTTS), junto aos programas de desenvolvimento 
urbano. 
O assunto é complexo, mas está próximo ao universo do Serviço Social, pois envolve 
o relacionamento entre homem e espaço, transformando as relações sociais de acordo com a 
inserção de cada indivíduo no local onde vive e no ambiente socialmente construído. É uma 
questão transversal que envolve inúmeros aspectos da realidade e sua abordagem tem sido 
problemática, inclusive, para as administrações públicas. Diante de problemas ambientais, 
diversos órgãos acabam sendo acionados: Habitação, Saúde, Meio Ambiente, Planejamento 
entre outros. Muitas vezes as soluções são de caráter pontual, perdendo de vista a natureza 
sistêmica da questão. É neste contexto que a atuação do assistente social pode vir a auxiliar 
neste processo de forma mais ampla. 
15 
 
Com vistas a extrair contribuições a este assunto, este trabalho busca também a 
clarificação preliminar das seguintes hipóteses do pesquisador: 
“Na intervenção do PTTS, no eixo educação ambiental, se justifica a pratica do 
assistente social nesse espaço?” 
“O papel específico do Assistente Social em projetos voltados para o meio ambiente é 
ser um educador ambiental?” 
Desta forma podemos dizer que as discussões abrangendo o exercício profissional do 
Assistente Social se intensificaram, tendo maior ênfase e centralidade após a década de 1990. 
Estas reflexões instauradas cresceram no contexto de formulação e valorização do Projeto 
Ético-Político da profissão, de modo a sua implementação e concretude. 
 Quando abordamos a questão da identidade e competências da profissão devemos 
considerar toda historia existente, lutas e conquistas. Assim é importante pontuar que 
aproximar da dimensão técnico-operativa do Serviço Social implica reconhecer sua 
complexidade considerando-se a diversidade de espaços sociocupacionais em que estão 
inseridos os profissionais de Serviço Social, os Assistentes Sociais. 
 A atuação enquanto Assistente Social traz a exigência em conhecer os aspectos 
técnicos e étnico - políticos acerca do trabalho profissional neste espaço sócio-ocupacional. 
Conhecer o processo de inserção do Serviço Social, neste espaço, as contradições vivenciadas, 
a relação construída e estabelecida com o meio ambiente são questões fundamentais para a 
proposição de ações que referende o Projeto Ético-Político da profissão. Contudo, 
acreditamos que esta aproximação perpassa, dentre outros aspectos, pela compreensão do 
significado da profissão hoje, da identidade e competências construídas, da composição com 
outras áreas do conhecimento, da formação continuada e da obstinação qualificada como 
expressão de luta por novas conquistas. 
 Considerando este recorte, buscamos a sistematização do presente estudo com vistas a 
conhecer o processo de construção da identidade profissional do Serviço Social nos projetos 
socioambientais, suas competências e desafios postos na atualidade, contribuindo para a 
sistematização do conhecimento científico na área. Aspectos estes que decorrem a 
aproximação das bases a partir das quais se definem e dão condições de sustentação à 
profissão do Serviço Social, o processo de trabalho do Assistente Social, as correlações de 
forças existentes e como os profissionais da área entendem a dimensão técnico-operativa na 
16 
 
perspectiva da interação interdisciplinar e na busca de maior efetivação da legitimação do 
Serviço Social. 
 
Construção do objeto de estudo 
 
A discussão proposta e formatada no estudo ora apresentado, em que o eixo norteador 
é o trabalho profissional do Assistente Social junto aos PTTS, é fruto de aproximações e de 
investigação do trabalho profissional cotidiano desta pesquisadora, ou seja, da vivência 
enquanto Assistente Social inserida nos projetos de trabalho técnicos sociais, pois ao compor 
o quadro de profissionais técnicos do PTTS, foi possível a aproximação da realidade 
vivenciada pelos Assistentes Sociais neste espaço ocupacional. Tal fato levou-nos a realizar 
questionamentos quanto ao exercício profissional no tocante às suas atribuições e 
competências. 
O fato de atuar profissionalmente junto a estes projetos, a realização da pesquisa de 
campo representou, também, como rico espaço de trocas e aprendizagem e neste sentido 
concordamos com Sarreta (2009, p. 41) que afirma: “Enquanto se realiza a pesquisa e as 
entrevistas, a pesquisadora estudava o processo, buscando reconstruir a realidade enquanto se 
identificava como sujeito aprendiz.” 
 Assim sob o novo olhar do pesquisador, com base na realidade vivenciada, com sua 
experiência profissional acumulada, nas observações, leituras e conversas com profissionais 
do Serviço Social, nos questionamentos, enfrentamentos, limites e possibilidades percebidos 
foi possível delinear e construir o objeto de pesquisa: o trabalho profissional do Assistente 
Social junto aos PTTS, seu papel como educador ambiental. 
 A preocupação em torno da forma de atuação e do numero limitado de profissionais 
nesta área, justifica-se, inicialmente, a inquietude da pesquisadora, que desde o inicio de sua 
atuação profissional, como técnica social destes projetos durante estes 11 anos, teve seu 
interesse aguçado pelo estudo nessa temática ambiental, vindo este concretizar-se com a 
temática de sua dissertação de mestrado. 
 Dessa forma, a escolha da região de Piracicaba/SP, como lócus privilegiado da 
pesquisa, justifica-se porque a pesquisadora reside e trabalha em um dos municípios, onde já 
17 
 
desenvolveu vários trabalhos, além da possibilidade de participação em reuniões de equipe 
técnica com profissionais destes municípios. 
 
O diferencial, perfil crítico 
 
O estudo sobre esta atuação profissional, ligada as questões ambientais vêm responder 
à curiosidade cientifica da pesquisadora em desvendar/desvelar o trabalho desenvolvido pelo 
Assistente Social nesse campo de atuação na atualidade. 
Pensamos que, ao problematizar o exercício profissional na perspectiva de conhecer as 
diferentes e possíveis dimensões de intervenção na realidade, esse ganha importância à 
medida que dela aproximamoscom o intuito de: 
[...] desencadear um processo desmistificador da realidade, pois é uma forma 
de superar o imediatismo das práticas profissionais cotidianas do Serviço 
Social.... e de chegar a uma compreensão mais profunda de seus nexos, de 
suas relações constitutivas, possibilitando, assim, a produção do 
conhecimento científico que oriente formas de atuação, as quais, por sua vez, 
levem à orientação desses conhecimentos e culminem com a elaboração de 
propostas competentes [...]. (RODRIGUES, 2007, p. 17). 
 
No desenvolvimento de suas práticas, o profissional de Serviço Social, sistematiza 
conhecimento. Esta construção, em seu conjunto, encerra elementos que precisam ser 
conhecidos, refletidos e mesmo retomados para que façamos uma intervenção comprometida 
e de qualidade exercitando uma competência que nos cabe. 
 Precisamos estar atentos em que sentido e direção estamos dando no desenvolvimento 
destas práticas, no conhecimento das realidades: qual nossa postura? Defendemos ou 
violamos direitos sociais e ambientais? Reproduzimos e reafirmamos as relações sociais 
postas? Conseguimos apontar e expressar as desigualdades sociais existentes? Contribuímos 
através da Educação Ambiental (EA) com a reversão da degradação do meio ambiente? 
O assistente social é um profissional que trabalha a realidade social e diante dessas 
reflexões faz-se necessário que construa um perfil diferenciado, crítico, reflexivo, criativo, 
propositivo, inovador e estratégico para as negociações e conquistas também no campo 
ambiental. 
18 
 
Nesta perspectiva de atuação do assistente social, este tem oportunidade de atuação 
como educador ambiental, e tendo como principal instrumento de intervenção social a 
mediação, Herranz Aguayo e Rondón Garcia (2007, p. 17, grifo do autor) afirmam que: “[...] 
a mediação consistiria em criar pontes, em guiar as novas formas de relação entre o 
‘ecológico’ e o ‘social’, entre o ser humano e seu meio, entre o cidadão e a sociedade. Em 
suma, em facilitadores de uma nova cultura: a participação social.” 
 
A pesquisa 
 
A trajetória investigativa contou, além da pesquisa de campo, de um levantamento 
bibliográfico com relação às temáticas envolvidas, realizado desde o início da formulação do 
projeto e que esteve presente nas etapas seguintes com leituras e fichamentos, de maneira que 
pudessem respaldar teoricamente a reflexão desencadeada. 
 A utilização da abordagem qualitativa, para a realização da pesquisa, permitiu 
conhecermos o que os sujeitos pesquisados compreendem sobre a temática em estudo de 
forma mais abrangente, uma vez que esta abordagem oferece melhores condições de 
aproximar do objeto de estudo focando os significados, valores e concepções atribuídos. 
 De acordo com Minayo (2008, p. 21): 
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se 
preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser 
quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, 
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que responde a um espaço mais 
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser 
reduzidos à operacionalização de variáveis. 
 
Martinelli (1999, p. 21) pontua que: 
A pesquisa qualitativa tem por objetivo trazer à tona o que os participantes 
pensam a respeito do que está sendo pesquisado, não é só a minha visão de 
pesquisador em relação ao problema, mas também o que o sujeito tem a me 
dizer a respeito. Parte de uma perspectiva muito valiosa, porque à medida 
que se localizar a percepção dos sujeitos torna-se indispensável o contato 
direto com o sujeito da pesquisa [...]. A riqueza que essa pesquisa traz para o 
pesquisador é muito importante, permitindo-lhe aprofundar efetivamente o 
objeto de análise. 
 
19 
 
É importante destacar que a pesquisa com foco qualitativo abarca a possibilidade de 
apreender mais do que simples relatos de significados, pois parte da observação de uma 
realidade, de vivências e experiências. 
Já com a abordagem exploratória a ênfase foi dada nos conteúdos subjetivos, pois 
muito mais do que descrever um objeto, busca – se conhecer trajetórias de vida, experiências 
sociais dos sujeitos que e consubstanciaram uma dimensão política e critica reflexiva da 
dialética das partes que se envolveram no processo. 
Foram utilizados alguns instrumentais técnicos para obtenção de dados que foram 
selecionados de acordo com o objeto de estudo. Entre os recursos adotados e que contribuíram 
para a construção da pesquisa destaca- se a observação sistemática que é frequentemente 
utilizada nas pesquisas cujo objetivo é a descrição precisa de fenômenos ou no teste de 
hipóteses. Pode ser planejadas e controladas. 
Para Chizotti (2003, p. 54): 
A observação sistemática objetiva superar as ilusões das percepções 
imediatas e construir um objeto que, tratado por definições provisórias, seja 
descrito por conhecimentos e estes permitam ao observador formular 
hipóteses explicativas a serem anteriormente constatadas e analisadas. 
 
Para a realização da pesquisa, trabalhou-se com amostragem não probabilística de 
forma intencional, sendo que os sujeitos foram escolhidos intencionalmente, de acordo com a 
importância para a pesquisa, sabendo que “[...] a amostragem é um processo de determinação 
de um todo e das unidades que compõem um agregado, em que uma parte será tomada como 
representativa de todo o agregado.” (DESLANDES, 2008, p. 45-46). 
Neste universo os sujeitos foram selecionados a partir de critérios pré-elaborados 
como: profissionais que exercem funções de técnicos sociais junto aos PTTS, e estão ligados 
a Secretarias, departamentos ou autarquias que tenham participado em projetos de engenharia 
dos programas de desenvolvimento urbano sobre a supervisão da Caixa Econômica Federal, 
entre os anos de 2010 e 2011. 
Após a delimitação dos sujeitos da pesquisa realizamos convite para participarem da 
mesma, quando através de contatos telefônicos expusemos a proposta do trabalho, 
esclarecemos as dúvidas iniciais. Em seguida, encaminhamos uma correspondência eletrônica 
(e-mail) e o roteiro da entrevista para que pudessem ter conhecimento prévio das questões a 
serem abordadas. 
20 
 
Depois do aceite e concordância de cada profissional participar da pesquisa, as 
entrevistas, efetivamente, ocorreram após leitura do formulário/roteiro norteador, bem como 
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). 
O contexto e instrumentais da pesquisa (Apêndice B – Roteiro de perguntas) foram 
explicados aos assistentes sociais ligados a diferentes Secretarias, órgãos ou autarquias, nos 
quatro municípios existentes na região de Piracicaba/SP: Iracemápolis, Limeira, Piracicaba e 
Rio Claro, sendo que a amostra foi relativa a participação de um profissional de cada destes 
municípios, totalizando 4 (quatro) entrevistados. 
 As considerações dos sujeitos da pesquisa estão apresentadas e dispostas ao longo do 
trabalho, com vistas a um movimento de aproximação teórica, prática e metodológica diante 
do processo de sistematização do conhecimento. 
 Para identificação dos sujeitos utilizamos nome de flores, para que sejam mantidos o 
sigilo dos nomes. 
 Para obtenção dos dados elegemos como instrumental a entrevista semiestruturada, a 
qual, através de um roteiro com principais aspectos a serem abordados, nos permitiu uma 
maior aproximação do tema em discussão, além de proporcionar um diálogo reflexivo. 
 Através deste instrumental tivemos a oportunidade de conhecer, de maneira peculiar, 
as formas sociais e individuais que se concretizam no exercício profissional. 
 Para Brandão (2000, p. 8) aponta que a entrevista: “[...] reclama uma atenção 
permanente do pesquisador aos seus objetivos, obrigando-o a colocar-se intensamente à 
escuta do que é dito, a refletir sobre a forma e conteúdo da fala do entrevistado.” 
A entrevista por pautasé realizada através de perguntas diretas, deixando o 
entrevistado falar livremente sobre as pautas assinaladas. À respeito desta técnica, Lakatos e 
Marconi (2008, p. 94) ressaltam que: A entrevista por pautas exige habilidade e perspicácia 
por parte do entrevistador que tem a liberdade de fazer as perguntas que quiser, sonda razões e 
motivos e dá esclarecimentos de acordo com a situação em foco. 
Acredita-se que a subjetividade do pesquisador está presente em cada momento do 
processo de investigação e é preciso estar ciente desse fato para saber conhecer e lidar com 
essas interferências. Portanto, por mais que procuremos captar dados reais e objetivos, o 
resultado será uma interpretação, uma versão dos fatos que poderá ser confrontada com 
21 
 
outras. Neste sentido, o resultado de uma pesquisa em ciências sociais constituem-se numa 
aproximação com a realidade social, o qual tem sempre um valor positivo. 
 Para a análise dos dados, estes foram agrupados através de categorias de análises com 
vistas ao desvelamento do objetivo geral, buscando com sensibilidade, mas sem perder o rigor 
científico que o trabalho exige, de forma a apreender aspectos que venham contribuir 
efetivamente para o aprofundamento das reflexões e conhecimento do exercício profissional 
do Assistente Social (Quadro 1, p. 22 e 23). 
 Mioto (2009, p. 25), ao debater sobre o exercício profissional, enfatiza seu caráter vital 
como espaço revelador do projeto profissional: “[...], à medida que colocam em movimento 
ações pautadas nas competências e atribuições privativas do Assistente Social nos diferentes 
espaços sociocupacionais.” 
Na tentativa de facilitar a organização dessa dissertação esta foi estruturada em três 
capítulos. No primeiro capítulo objetivou- se contextualizar as políticas ambientais, através da 
sua origem, características e organização ao longo do processo histórico mundial e brasileiro. 
Também a questão social e questão ambiental foram analisadas como grande desafio para a 
implementação das ações do profissional de serviço social. Destacamos neste capitulo a 
atuação do Assistente Social em educação ambiental, onde a priori temos que entender que o 
assistente social é também um educador, por ter sua prática permeada pela ação 
sócioeducativa. 
 No segundo, abordou-se o papel da Caixa Econômica Federal junto a estes projetos de 
trabalho técnicos sociais (PTTS), abordando dados históricos de sua estruturação e 
organização ate os dias atuais, destacando as propostas de participação e atuação do 
profissional em serviço social. 
 O terceiro capítulo, enfatiza a construção e o desenvolvimento da pesquisa de campo. 
O cenário de investigação e reflexão foi a região de Piracicaba, que inclui 45 municípios, dos 
quais em uma amostragem de 10% apresentaremos considerações dos municípios de Iracema 
polis, Limeira, Piracicaba e Rio Claro. Na metodologia temos a perspectiva crítico - dialética, 
como primeiro momento um estudo exploratório e investigativo da realidade, e a 
caracterização pela abordagem qualitativa. 
 Finalizando esse estudo, foram apresentadas discussões e conclusões, destacando 
resposta as hipóteses da pesquisa mencionadas anteriormente. 
 
22 
 
Quadro 1: Categorias de análise trabalhadas nas entrevistas 
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Perguntas 
1. Que relações existem entre as questões ambientais e o Serviço Social? Justifique a sua prática neste espaço? 
2. Embasando-se em sua observação e experiência de campo, procure enquadrar a qualidade de 
vida da população trabalhada entre: ( ) Excelente, ( ) boa, ( ) média, ( ) regular, ( ) péssima 
3. Quais os principais indicadores que lhe permitiram classificar acima, a realidade socioambiental do sujeito inserido neste meio. 
4. Cite as degradações ambientais mais recorrentes na área de sua atuação. 
Quais ações como técnico social você desenvolveu para reverter a degradação ambiental 
5. O Serviço Social contribuiu na preservação do meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas? 
Se sim este processo foi educativo? Você considerou-se um educador ambiental? 
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1. Quando você assumiu o desenvolvimento do projeto sentiu-se preparada (o) para atuar neste novo campo. Por quê? 
2. Quais foram os instrumentais utilizados para a operacionalização do trabalho técnico social? 
3. Você se sentiu parte da equipe interdisciplinar, tendo condições de dialogar com os outros saberes? 
Por que. Se não, como reverteu esta situação? 
4. Durante a atuação profissional quais as dificuldades encontradas. Como fez para superá-las? 
 
23 
 
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1. Você foi designado somente para o desenvolvimento deste trabalho (quantas horas dia), 
ou tinha também responsabilidade de projetos em outras áreas? Quais. 
2. Quais foram os resultados provenientes da sua atuação junto à comunidade de referencia? 
3. Você tinha parceiros para o desenvolvimento do trabalho social? Se positivo, quais? 
4. Estes parceiros eram co-responsáveis pelo trabalho, ou desenvolviam ações pontuais, 
sendo a responsabilidade total dos técnicos sociais? 
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1. Você sentiu necessidade de aprimoramento para melhor atender a demanda do trabalho, 
especificamente na área ambiental? Se positivo, o que fez para melhorar sua atuação? 
2. Existe articulação entre o conteúdo programático do curso de Serviço Social 
com as atividades que desenvolveu no projeto? O que poderia ser feito nos cursos de Serviço Social. 
3. Como educador ambiental, qual seria seu principal objetivo neste processo educativo? 
4. Mesmo depois de ter atuado nestes projetos, você acredita que a questão ambiental configura-se como 
um novo campo de trabalho para os assistentes sociais? Por quê? Você reconhece que 
outros profissionais se interessam por esta área de atuação. Por quê? 
Fonte: Elaborado por Mara Regina Dias.
24 
 
CAPITULO 1 QUESTÃO AMBIENTAL 
 
1.1 Histórico ambiental mundial e brasileiro 
 
Com o crescimento desenfreado da produção de bens e consumo a partir da Segunda 
Grande Guerra Mundial e com o aumento populacional, tem-se como consequência: a 
escassez de água, crise energética, proliferação de doenças, intensificação de secas e 
enchentes, incluindo a previsão do esgotamento total dos recursos naturais existente, devido 
ao desequilíbrio ambiental causado pelo envenenamento progressivo do planeta. Com o 
aparecimento destes problemas, a questão da preservação do equilíbrio ambiental foi 
desencadeando preocupação, o que motivou o homem a agendar vários encontros, debates e 
acordos que discutissem a preservação ambiental. As tomadas de decisões procuraram abarcar 
o maior numero de países do mundo tornando-se fator primordial para o desenvolvimento 
socioambiental deste século.. 
Paralelamente, fortalecia-se a cada dia o processo de implementação de modelos de 
desenvolvimento fortemente neoliberais, regidos pela norma do maior lucro possível no 
menor espaço de tempo. Com o pretexto de industrialização acelerada, apropriava-se cada vez 
mais violentamente dos recursos naturais e humanos, implicando no avanço da força 
produtiva do capital X depredação do meio ambiente. 
A globalização se consolida como projeto de ambição do capitalismo. Com efeito, o 
final do século XX assiste seu triunfo político econômico por meio da expansão e 
maximização de seus princípios, tanto quanto seus impactos. Uma nova configuração na 
geopolítica econômica é forjada pela política de mercado, na qual os países do norte e do sul 
acentuam suas disparidades dentro do abismo capital entre ricos e pobres. O processo se 
amplia, e por meio da concorrência de mercado,fortalece-se a iniciativa privada sobre os 
estados nacionais, e a tendência no aumento dos lucros em detrimento do aporte industrial nos 
países pobres. A globalização torna-se a efetiva operacionalização do conjunto de valores que 
a modernidade travestiu em uma nova utopia social: o neoliberalismo. Este é a forma do 
capitalismo triunfante, a qual Boff (1999, p. 70, grifo do autor), entende como a “[...] grande 
realidade, como uma lei natural.” E continua: 
 
25 
 
O que não passa pelo mercado não tem valor [...] e está condenado a 
desaparecer. Assim, o mercado é considerado o único sistema de produção 
mundial. Por isso, todos os países, com suas economias, devem ser 
“integrados” [...] pela competitividade [...]. O sistema de mercado 
desenvolve valores culturais e ideológicos adequados à sua lógica. Cria uma 
subjetividade coletiva; uma mesma forma de pensar, de sentir, de consumir, 
de viver familiarmente, de tratar os amigos, de ouvir música e entender a 
própria morte (BOFF, 1999, p. 76). 
 
Hoje está se realizando a profecia de Marx no Capital: o modo de produção 
capitalista acabaria destruindo as próprias fontes de sua riqueza, o ser 
humano e natureza. Hoje a destruição do homem/mulher e da natureza 
coincide com altas taxas de lucro. Que lucro é esse que se baseia num 
processo de morte e de sacrificação dos outros? Analistas chamam a atenção 
para o fato de que, na lógica do capital, destruir a natureza e liquidar o 
desenvolvimento do Terceiro Mundo, para poder penetrar nele, vender aí 
seus produtos ou eventualmente reconstrui-los, em outros moldes, dá mais 
lucros do que cuidar da natureza e do desenvolvimento social. [...] a 
mundialização (por isso é violenta) e se faz pela via da competitividade, não 
pela solidariedade e da interdependência de todos com todos e com a 
natureza. (BOFF, 1999, p. 82). 
 
E termina dizendo que, ao se levar em consideração o fato de que, se a 
interdependência é o que define a natureza e o capitalismo, indo no sentido oposto - 
colocando em risco a tudo e a todos, isso deveria significar o fato pelo qual poderia 
“sensibilizar” o sistema do capital mundialmente integrado a uma mudança de atitude. 
Não podemos esquecer também o surgimento da Multinacional, empresas que 
inovaram em seus respectivos setores econômicos e hoje controlam fatias expressivas do 
comércio mundial. Empresas com sedes em países ricos, que espalham suas filiais pelo 
mundo. Essas filiais não estão somente distribuídas pelos países pobres, e sim por todos os 
países onde os seus produtos são comercializados. Estas empresas surgiram a partir do 
momento em que se houve a necessidade de expansão, ou mesmo dos interesses de avançar os 
negócios para outros planos mercadológicos (outros países). Na globalização se fez necessária 
a distribuição das multinacionais pelo mundo, com vista a facilidade de intercâmbio. O que 
estimulou a ida destas empresas multinacionais para os países menos desenvolvidos, ou 
subdesenvolvidos é pelo fato de alguns fatores serem mais atrativos, como: mão-de-obra, 
impostos, baixos salários, grande oferta comercial. O pilar principal do capitalismo atual, de 
um mundo marcado pela facilidade de comunicação e transporte de ideias e materiais, sem 
dúvidas são as empresas multinacionais. 
26 
 
O fenômeno da globalização não produziu os mesmos efeitos em todos os países e em 
todas as camadas sociais. A formação de grandes conglomerados econômicos, o aumento 
extraordinário do volume de capitais movimentados nas transações financeiras, a livre 
circulação de mercadorias entre os países e a revolução tecnológica não possibilitaram uma 
elevação na qualidade de vida da maior parte da população mundial, que iniciou o século XXI 
convivendo com o desemprego, a pobreza e a fome. 
O processo de consolidação do capitalismo internacional, paralelo ao paradigma 
positivista da ciência, já não conseguia dar resposta aos novos problemas, caracterizados pela 
complexidade e interdisciplinaridade, no contexto de uma racionalidade meramente 
instrumental e de uma ética antropocêntrica. 
Assim partir da década de 1960, começou a surgir a preocupação com os problemas 
ambientais, em virtude de uma escassez de matérias- primas num futuro próximo. Através do 
Clube de Roma
1
, que reuniu em uma série de encontros, chefes de Estado, humanistas, 
cientistas e uma serie de outros interessados, com o objetivo de analisar a situação mundial e 
oferecer previsões e soluções para o futuro da humanidade. Em 1968, na sua primeira reunião 
significativa, o Clube de Roma chegou à conclusão que o mundo teria que diminuir a 
produção, de forma que os recursos naturais fossem menos solicitados, e que houvesse uma 
redução gradual dos resíduos, fundamentalmente do lixo industrial. Acontece que justamente 
neste período ocorria um grande crescimento, com um modelo consumista, como 
consequência das duas grandes guerras passadas, inviabilizando esta primeira proposta. 
Foi nessa época que começaram a surgir preocupações quanto aos resíduos produzidos 
pelo homem e os primeiros estudos voltados para o uso de energia, os quais exigiam todo um 
“histórico” das matérias-primas, dos combustíveis utilizados durante o processo de 
fabricação, dos resíduos gerados, etc. Neste mesmo período, os Estados Unidos criaram a 
Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency- EPA), um poderoso 
órgão que combate a poluição, diminuindo a emissão de gases poluentes na atmosfera. 
Ao mesmo tempo, na área do conhecimento cientifico, deram-se algumas descobertas 
que ajudaram a perceber a emergente globalidade dos problemas ambientais. A construção de 
uma ciência internacional também começava a consolidar-se nas décadas de 1960 e 1970, 
 
1
 Em 1968, constituiu-se o Clube de Roma, composto por cientistas, industriais e políticos, que tinha como 
objetivo discutir e analisar os limites do crescimento econômico levando em conta o uso crescente dos 
recursos naturais. 
27 
 
sendo que grande parte dos conhecimentos atuais dos sistemas ambientas do mundo foi 
gerada nesse período. 
Como o notável avanço da ecologia e de outras ciências correlatas, grande parte do 
conhecimento existente sobre o meio ambiente, que era suficiente para satisfazer as 
necessidades do passado, passou a ser insuficiente para embasar a tomada de decisões na 
organização ambiental da época. 
Contudo, disse Ribeiro (2003, p. 401-402), “[...] foi na segunda metade do século XIX 
que surgiram as primeiras leis ambientalistas.” Com a ampliação do “movimento 
ambientalista”, passaram a ser abordados quase todos os aspectos do meio natural associado 
ao interesse pela situação do ser humano, tanto no plano de comunidade como no das 
necessidades individuais de vida e subsistência, destacando-se a relação entre os ambientes 
artificiais e os naturais. 
O movimento conservacionista anterior, de proteção à natureza, interessava-se em 
proteger determinados recursos naturais contra a exploração abusiva e destruidora, alegando 
razoes gerais de prudência ética ou estética. O novo movimento ambiental, sem descartar 
essas motivações, superou-as, estendendo seu interesse a uma variedade maior de fenômenos 
ambientais. Alegava que a violação dos princípios ecológicos teria alcançado um ponto tal 
que no melhor dos casos, ameaçava a qualidade da vida e, no pior, colocava em jogo a 
possibilidade de sobrevivência, em longo prazo, da própria humanidade. 
A fim de buscar respostas a muitas dessas questões, em 1972 houve um marco em 
relação às preocupações com o meio ambiente, a I Conferência Mundial sobre o Meio 
Ambiente em Estocolmo, Suécia, onde foi assinado o Tratado de Estocolmo (noção de eco -
desenvolvimento), que prevê o banimento de doze poluentes tóxicos considerados os mais 
nocivos ao meio ambiente e à saúde pública. Neste período, a Organizaçãodas Nações Unidas 
(ONU) criou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), ou também 
conhecida como (United Nations Environmental Programme - UNEP), uma agência 
responsável por catalisar a ação internacional e racional para a proteção do meio ambiente no 
contexto do desenvolvimento sustentável. Seu objetivo é prover liderança e encorajar 
parcerias no cuidado ao meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos 
a aumentar sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações. 
Em 1987, surgiu o Protocolo de Montreal que visa resolver o problema de 
deteriorização da camada de Ozônio através da redução da produção de gases 
28 
 
clorofluorocarbonetos (CFC’s), halons e brometo de metilo, que são os maiores causadores de 
estreitamento da camada, onde tinha como meta, acabar com uso dos clorofluorcabonetos até 
2010. 
Em 1987, a Comissão das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento 
(CNUMAD), criada pela ONU e liderada pela primeira-ministra da Noruega Gro Brundtland, 
produziu um relatório chamado: Nosso futuro comum. Nesse documento, consolidava-se um 
novo conceito de desenvolvimento: Desenvolvimento Sustentável, capaz de atender as 
necessidades das gerações atuais, sem comprometer as futuras (NOVAES, 2003). O Relatório 
de Bruntland, como também ficou conhecido, a despeito de seus pontos polêmicos, revela 
uma nova perspectiva de abordar a questão ambiental colocando-a como problema planetário, 
indissociável do processo de desenvolvimento econômico e social. Apresenta o conceito de 
desenvolvimento sustentável, que articula princípios de justiça social, viabilidade econômica 
e prudência ecológica, como palavra de ordem e meta prioritária a ser, a partir de então 
perseguida. No interior da nova estratégia de sustentabilidade é destacada a importância da 
educação ambiental, como alavanca indispensável de sua construção, ponto que destacaremos 
ainda neste capítulo. 
O desenvolvimento sustentável responderia ao anseio da sociedade por ética que 
compatibilize lucratividade nos negócios com responsabilidade socioambiental, baseando-se 
na trajetória da evolução da humanidade e na busca por mudanças continuadas rumo à 
concretização de um sonho, a justiça social. Segundo Sachs (1997 apud VEIGA, 2005, p. 14): 
 
[...] a noção (de desenvolvimento sustentável) deve ser entendida como um 
dos mais generosos ideais surgidos no século passado, só comparável talvez 
à bem mais antiga idéia de ‘justiça social’. Ambos são valores fundamentais 
de nossa época por exprimirem desejos coletivos enunciados pela 
humanidade, ao lado da paz, da democracia, da liberdade e da igualdade. 
 
Nesse processo, as organizações empresariais ganham papel definido: atender ao apelo 
da sociedade por responsabilidade e compromisso com a espécie humana e outras espécies, 
tendo em vista que esta mesma sociedade é que confere legitimidade às instituições e 
compreende que o poder advindo da autoridade financeira e política pode se traduzir em 
transformações sociais. 
Já no Brasil no bojo do ambientalismo, as questões ambientais ganharam maior 
visibilidade durante esta década de 1980, onde houve uma grande mobilização para a inclusão 
29 
 
de temas ambientais na Constituição Federal, instituída em 1988, artigo 225 que se 
registrou: “Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” 
(BRASIL, 1998, p. 40). 
O período de quatro anos entre a criação da Constituição e a reunião da Eco-92, no 
Rio, foi marcado também pelo aparecimento de vários órgãos de proteção ao Meio Ambiente, 
inaugurando, assim, a fase contemporânea do ambientalismo brasileiro, caracterizado pelo 
profissionalismo dê seus militantes. Fase esta que alguns autores chamam de cidadania 
ambiental, cuja luta é por um mundo mais equilibrado na apropriação dos recursos naturais e 
com mais qualidade de vida para toda a população (RIBEIRO, 2003, p. 415). 
 O Brasil, sempre participou de acordos e convenções com relação ao meio ambiente, 
mas o maior acontecimento foi em 1992, quando a cidade do Rio de Janeiro foi sede da II 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED). A 
reunião ficou conhecida como Rio 92 e os objetivos da conferência, foram: Convenções sobre 
o Clima, sobre a Biodiversidade e a Declaração sobre Florestas. A Rio 92 também aprovou 
projetos como a Declaração do Rio (Declaração de Meio Ambiente e Desenvolvimento) e a 
Agenda 21 (Plano de Ação para a realização do desenvolvimento sustentável do século XXI). 
Destacamos a discussão nesse evento de diversos temas entre sujeitos do mundo 
inteiro, um deles a questão ambiental como uma das expressões da questão social. Foi quando 
se teve a percepção de que a pobreza era uma das fontes de degradação e precisava ser 
combatida, visto que a população de baixa renda, especialmente aquela das grandes cidades 
dos países pobres, é obrigada a viver em áreas de risco e/ ou em áreas naturais protegidas, 
onde não podem ser ignoradas questões como: saneamento básico, tratamento de esgoto 
dentre outros. Também houve a discussão sobre o consumo exagerado nos países mais ricos e 
a degradação que causam ao resto do planeta (NOVAES, 2003). 
Em dezembro de 1992, foi criada a Comissão de Desenvolvimento Sustentável das 
Nações Unidas (CDS) para que fosse assegurado o efetivo prosseguimento dos trabalhos da 
UNCED, para monitorar e relatar a implementação dos acordos firmados durante a Cúpula da 
Terra em nível local, nacional, regional e internacional. A maioria dos acordos estabelecidos 
entre as nações até então eram para diminuir a emissão de gases na atmosfera. Não diferente 
disso surgiu, em 1995, a Primeira Conferência das Partes, a COP I, onde alguns tratados 
30 
 
também foram firmados. Até 2006 aconteceram seis COP’s, mas a mais relevante foi a 
Conferência da Partes III, onde os representantes da Convenção do Clima assinaram o 
Tratado de Quioto. 
Em 1997, o Tratado de Quioto foi assinado e tem como principal objetivo, fazer com 
que, entre 2008 a 2012, alguns países reduzam seus níveis de emissões de dióxido de carbono, 
e ainda reduzam os níveis de metano e mais alguns gases aos níveis dos anos de 1990 e 1995. 
Mas, houve um ponto do tratado que gerou controvérsias – o protocolo definiu que países em 
desenvolvimento não precisam reduzir sua taxa de emissões gasosas – e assim sendo, em 
2001, os Estados Unidos declarou sua oposição ao acordo e decidiram que não ratificariam o 
tratado de Quioto, alegando danos à economia do país. O tratado de Quioto entrou a vigor em 
16 de fevereiro de 2005 depois que 55 nações o ratificaram. A partir de então, admitiram-se 
conceitos como: “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”; “parceria global com 
equidade”; “principio da precaução”, “recursos financeiros novos e adicionais”, “partilha dos 
benefícios auferidos pela exploração tecnológica” e “direito ao desenvolvimento”. Desta 
forma, estabeleceram-se as premissas para um novo regime internacional para a cooperação 
em desenvolvimento sustentável. 
Uma revisão dos progressos e implementação dos compromissos de cinco anos da 
Cúpula da Terra (“Rio+5”), foi realizada em 1997, por uma sessão especial da Assembléia 
Geral das Nações Unidas, seguida de uma revisão dos dez anos, em 2002, pela Cúpula 
Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (“Rio+10”). Foi então acordado que o balanço 
de todo o processo se daria em 2002, em Johanesburgo, na II Conferencia Mundial do 
Desenvolvimento Sustentável. Assim, em 2002, aconteceu a Cúpula Mundial sobre 
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10, em Johannesburg, na África do Sul que discutiu os 
resultados e a implantação da Rio 92. Os pontos definidos como prioridade na Cúpulade 
Johannesburg foram: água, energia, saúde, agricultura e biodiversidade, onde foi decidido que 
países deveriam cortar à metade, até 2015, o número de pessoas sem acesso a água potável e 
esgotos; reduzir a perda de espécies até 2004; ampliar acesso a formas modernas de energia; 
apoiar a eliminação de subsídios agrícolas que afetam exportações de países pobres. 
O histórico ambiental mostra a trajetória de um movimento que cresce mundialmente a 
cada dia, e traduz uma nova atitude de produção e consumo que leva a um novo modelo 
econômico, já adotado em muitos países, e que precisa ser adotado pelo mundo em sua 
totalidade, na tentativa de recuperar a qualidade de vida e preservar a sobrevivência humana. 
31 
 
Uma história que, apesar de ainda estar sendo escrita, explica a razão que está levando o 
homem a buscar o desenvolvimento sustentável de suas operações. 
Apesar dos avanços científicos referentes à temática da questão ambiental é necessário 
que ocorra mais discussões sobre o assunto e que a população se sensibilize que a preservação 
do meio ambiente é importante para o futuro do planeta. Pensando nisto que no próximo 
capítulo demonstraremos a operacionalização de projetos e ações dos municípios da Região 
de Piracicaba/SP, que podem contribuem para uma melhor sociedade. 
 
1.2 A questão social e os impactos da questão ambiental no meio urbano 
 
Segundo Milton Santos (2006, p. 15), uma indispensável premissa de base é que não 
existe meio ambiente diferente de meio. Tanto a geografia como a sociologia, desde o final do 
século passado, basearam boa parte de suas proposições nessa ideia de meio, que ainda hoje é 
valida. Pensadores como Humboldt, Ritter, Vidal de La Blache, Durkheim, entre outros, 
buscaram refletir sobre a relação sociedade-natureza considerando o entorno das sociedades 
como um dado essencial da vida humana. 
E o autor continua, o que hoje se chamam agravos ao meio ambiente, na realidade, não 
são outra coisa senão agravos ao meio de vida do homem, isto é, ao meio visto em sua 
integralidade. Esses agravos ao meio devem ser consideramos dentro do processo evolutivo 
pelo qual se dá o confronto entre a dinâmica da história e a vida do planeta. 
A história do homem sobre a Terra é a história de uma ruptura progressiva entre o 
homem e o entorno. Esse processo se acelera quando, praticamente ao mesmo tempo, o 
homem se descobre como indivíduo e inicia a mecanização do planeta, armando-se de novos 
instrumentos para tentar dominá-lo. A natureza artificializada marca uma grande mudança na 
história humana da natureza. Agora, com uma tecnociência, alcançamos o estágio supremo 
dessa evolução (SANTOS, M., 2006, p. 16). 
Diante das consequências advindas dos maus tratos ao meio e que ameaçam a vida no 
planeta, colocamos, desde logo, uma questão: o locus desses problemas é o lugar, é o mundo. 
Na fase atual, momento em que a economia se tornou mundializada, adotando um único 
modelo técnico, a natureza se viu unificada. Suas diversas frações são postas ao alcance dos 
mais diversos capitais, que as individualizam, hierarquizando-as segundo lógicas com escalas 
32 
 
diversas. A uma escala mundial corresponde uma lógica mundial que, nesse nível, guia os 
investimentos, a circulação de riquezas, a distribuição de mercadorias. Porém, cada lugar é o 
ponto de encontro de lógicas que trabalham em diferentes escalas, reveladoras de níveis 
diversos, às vezes contrastantes na busca de eficácia e de lucro no uso das tecnologias, do 
capital e do trabalho (SANTOS, M., 2006). Trata-se de uma natureza unificada pela história a 
serviço dos atores hegemônicos, onde a técnica passou a ser mediação fundamental do 
homem com seu entorno. 
A técnica é a grande banalidade e o grande enigma, é como enigma que ela comanda 
nossa via, nos impõe relações, modela nosso entorno, administra nossas relações com o 
entorno. Se, ontem, o homem se comunicava com o seu pedaço de natureza praticamente sem 
mediação, hoje a própria definição do que é esse entorno, próximo ou distante o local ou o 
mundo, é cheio de mistérios. Nesse sentido que, já em 1949, Georges Friedmann nos 
aconselhava a considerar esse meio técnico como uma “realidade com a qual nos 
defrontamos”, propondo, por isso, “[...] estudá-la com todos os recursos de conhecimento e 
tentar dominá-la e humanizá-la.” (apud SANTOS, M., 1985, p. 69). 
Segundo Pellegrini Filho (2000, p. 175) por Meio Ambiente entende-se: 
Meio ambiente é o somatório de elementos naturais e culturais de uma 
região, em determinado tempo, que se encontram em interação: ou seja, a 
água, o ar, o solo, a flora, a fauna, o patrimônio histórico, arqueológico, 
paisagístico etc. Embora o uso mais comum da expressão seja para designar 
o meio ambiente natural, dispensando o emprego desse adjetivo, na verdade 
ela pode designar também o meio ambiente cultural ou artificial (criação do 
ser humano, materiais ou espirituais): a cidade é um meio ambiente artificial. 
Na vida real, frequentemente os dois níveis coexistem Espaço natural e 
espaço cultural – vivencia humana. 
 
A contradição existente entre o ambiental e o urbano tem aumentado nas cidades, 
consequência da acentuação do industrialismo, de novas formas de produção e do consumo 
exagerado. É frequente associar-se o ambiental apenas ao natural, embora se saiba que ele 
contempla o social, não se restringindo apenas ao [...] conjunto de dinâmicas e processos 
naturais, mas das relações entre estes e as dinâmicas e processos sociais (SPÓSITO, 2001, 
p. 295). 
Falar sobre a questão social na contemporaneidade é buscar a compreensão em sua 
origem histórica, que se expressam de formas distintas e cujo significado está em constante 
33 
 
modificação de acordo com a conjuntura política, socioeconômica e cultural de determinado 
lugar e época. 
A questão social é uma categoria que não pode ser analisada separadamente do 
capitalismo e, consequentemente, da luta de classe trabalhadora pela conquista de direitos e 
igualdade. Isso foi explicitamente colocado pela primeira vez por volta dos anos de 1830, nos 
primórdios da industrialização, quando se tomou consciência da existência de populações que 
foram, ao mesmo tempo, vitimas e agentes da Revolução Industrial (CASTEL, 1998). 
Anteriormente a pobreza era considerada natural e necessária, para tornar os pobres laboriosos 
e úteis à acumulação de riquezas das ações. Com a revolução industrial, ela passou a ser 
enfrentada e resolvida para benefício do progresso material em ascensão (PEREIRA, 1999). 
Iamamoto (2001, p. 48) diz: 
[...] atualmente, responder as demandas da questão social é decifrar as 
desigualdades sociais em seus recortes de gênero, etnia, religião, meio 
ambiente, dentre outros. Um dos seus aspectos centrais é a ampliação do 
desemprego e da precariedade das relações de trabalho. 
 
Podemos observar que nos tempos atuais a questão social continua sendo o resultado 
da contradição existente na sociedade capitalista entre o capital e trabalho, mas se manifesta 
de formas variadas, como: na habitação, questão agrária, desemprego, meio Ambiente, 
gênero, etnia, saúde, educação, ou seja, sempre em torno da relação capital e trabalho por 
meio das modificações na conjuntura, de Reforma do Estado, segundo os princípios, 
neoliberais, reduzindo, assim, os gastos no âmbito social, para priorizar o capital financeiro e, 
desse modo, responder as questões sociais por intermédio de políticas públicas focalizadas, 
pontuais. 
O Serviço Social tem uma longa história de intervenção que busca atender às camadas 
excluídas e marginalizadas. Seu profundo compromisso com a justiça social, encontra eco e 
aliados entre aqueles e aquelas que procuram estabelecer cumplicidades visando à construção 
de conhecimentos para um sociedade sustentável. Pensar a sustentabilidade sem pensar a 
justiça social, parece, no mínimo, inadequado. São duas orientaçõespolíticas e teóricas que 
tendem a se complementar, e para isso é necessário um profundo esforço que passa pela 
difusão das tentativas que estão sendo feitas. 
A questão social configura-se como objeto de intervenção do Serviço Social. É 
indiscutível a inserção do profissional de Serviço Social no âmbito das desigualdades sociais, 
34 
 
ou, mais amplamente, da questão social (IAMAMOTO, 2001, p. 12). Assim, verifica-se que a 
questão ambiental configura-se como um novo campo de trabalho para os assistentes sociais, 
pois esses profissionais atuam no enfrentamento das diversas manifestações da questão social. 
E ainda, quando se fala em meio Ambiente, trata-se de aspectos relacionados à preservação da 
vida, questão que o Serviço Social contempla, sendo uma pratica diretamente ligada ao campo 
de atuação do assistente social. 
Nesse contexto, segundo Herranz Aguayo e Rondón Garcia (2007, p. 67) o Serviço 
Social tem a função de desenvolver ações com intuito de informar a população sobre esse 
desafio para a humanidade e intervir para minimizar, na medida do possível, os efeitos da 
questão ambiental sobre a comunidade. O Serviço Social, junto as questões ambientais, tem 
um espaço que deve ser ocupado, dada a importância de que se revestem tais questões. Estas 
oportunizam inúmeras condições de intervenção do Serviço Social em ações de mobilização, 
organização das populações, quando ameaçadas pela degradação do seu Meio ambiente, ou de 
educação dessa mesma população para sua preservação, bem como pelas inúmeras 
possibilidades de estudo interdisciplinares nessa área em que o assistente social pode 
contribuir com sua fundamentação teórica- metodológica. 
A partir desse prisma, Rodrigues (2007, p. 84) diz: 
 
O assistente social constituiu-se num profissional importante nesse processo, 
pois é apto a desenvolver o papel de educador popular, bem como 
desenvolver um trabalho de sensibilização juntos a seus usuários, com 
objetivo de “empoderá-los” quanto às praticas sustentáveis de Meio 
Ambiente em sua comunidade, para que exerçam uma análise critica que 
resulte numa pratica que vise ao desenvolvimento humano, pautada no 
projeto ético- político da profissão. 
 
1.3 Cidadania ambiental, categoria fundante para o Serviço Social 
 
Podemos pensar que a cidadania ambiental visa promover o exercício de boas práticas 
e a participação pública, individual e coletiva para as questões do ambiente e do 
desenvolvimento sustentável, através da concepção e do desenvolvimento de estratégias de 
informação e comunicação, assim como de educação e formação ao longo da vida. 
Quando se fala em cidadania ambiental, se foca a questão do papel do cidadão na 
preservação do meio ambiente, principalmente no seu ambiente local. Homem – como um 
35 
 
elo/ elemento que também deve respeitar os demais elos que compõem o sistema 
socioambiental, e nesta cadeia humana pode desencadear a ruptura do equilíbrio dinâmico do 
sistema local que dará inicio a toda uma desestruturação do arranjo maior ou seja, o espaço 
regional (informação verbal)
2
. 
Quando pensamos em meio ambiente temos que nos remeter a atitudes, compromisso, 
responsabilidade e tantos temas que fazem parte do nosso cotidiano. Na verdade é fazer uma 
reflexão sobre nosso papel de cidadão e todas as implicações contidas nessa palavrinha tão 
falada mas quase nunca praticada: cidadania. É interessante constatarmos a íntima ligação 
entre cidadania e meio ambiente, o que permite abrir um horizonte novo para este debate. 
A cidadania, assim como o meio ambiente, diariamente está sendo ameaçada e 
impactada. Direitos e deveres são coletivos e servem para assegurar o pleno equilíbrio 
socioambiental das espécies que vivem em nosso planeta mas, infelizmente, existem muito 
mais nas palavras do que nas ações. É muito comum cobrarmos nossos direitos e acharmos 
que os outros sempre têm deveres que não cumprem, mas qual seria nossa atitude diante dos 
nossos próprios deveres. 
Nossos deveres estariam em nossas atitudes, ser responsável pelo que fazemos e 
principalmente, pelo que não fazemos. O ser humano é um ser livre mas, por não praticar a 
plena cidadania, não pode exercer sua própria liberdade. Falta-nos a sintonia com o meio, a 
consciência de nossas fragilidades e a convicção de nossas capacidades; assim sobra 
arrogância, prepotência, comodismo, ganância e principalmente, egoísmo. 
Para Leonardo Boff (2001, p. 69): 
[...] solidariedade, respeito e preservação são as palavras chaves usadas por 
ele na definição do que seja cidadania ambiental, por este conjunto de 
valores pela qual temos que lutar, reivindicar o seu fortalecimento e dar uma 
colaboração para que todos se sintam cidadãos ambientalmente corretos e 
ambientalmente integrados com o todo maior que é o sistema vida e o 
sistema Terra. 
 
Há um círculo vicioso que parece nos condenar ao ritmo artificial da vida, inspirado 
em valores materiais. Esquecemos que somos os únicos responsáveis por nossa própria 
evolução, temos este privilégio mas estamos negando nossa cidadania. Quanto mais pudermos 
praticar nossos deveres, mais seremos cidadãos de um meio ambiente saudável e justo. Não se 
 
2
 Fala da Profa. Dra. Analúcia Giometti durante qualificação do mestrado dia: 14 de setembro de 2010. 
36 
 
trata de negar nossos direitos, mas de ter um comportamento de equilíbrio entre o que 
queremos para nós e o que praticamos com os outros. 
Somos todos cidadãos do mundo, do país, do estado, da cidade, do bairro, da rua, da 
empresa em que trabalhamos, da escola em que nossos filhos estudam, do posto de saúde que 
frequentamos, da água que usamos, o esgoto que liberamos, dos ônibus que utilizamos, dos 
serviços e produtos que compramos, do que fazemos e do que nos omitimos. Ou seja, somos 
cidadãos do nosso próprio meio ambiente, e tudo isso tem que ser cuidado. 
Para isso deve desenvolver e acompanhar a execução das políticas de educação e 
formação dos cidadãos no domínio do ambiente, promover e acompanhar formas de apoio, 
bem como promover e garantir a participação do público e o acesso à informação nos 
processos de decisão em matéria de ambiente. 
A dinamização e a implementação de estratégias e ações que possibilitem a 
disseminação e troca de informação que facilitem ao cidadão o acesso à informação e a 
participação pública nos processos de decisão em matéria de ambiente e de desenvolvimento 
sustentável, facilitando as interações que devem ser estabelecidas entre o cidadão e as 
entidades públicas, assim como de programas e currículos escolares em que a temática da 
educação para o desenvolvimento sustentável seja tratado de modo transversal nas várias 
matérias e níveis de aprendizagem, são elementos determinantes para a generalização das 
atitudes e práticas de cidadania que se pretendem difundir na sociedade, num quadro de 
prática de princípios de boa governança. 
Assim se revela uma das diversas faces da questão social, que vêm à tona em um 
contexto de disputas, de desigualdades econômicas e sociais, de carência cultural, política e 
educacional. Cenário este que exige, indiscutivelmente, do Assistente Social uma capacidade 
investigativa, crítica e propositiva, ainda que em face dos limites institucionais e pessoais. Ao 
mesmo tempo em que não podemos perder de vista nosso foco de atuação qual seja: o acesso, 
preservação e conquistas de direitos, enfim a prática da cidadania. 
 
1.4 Educação Ambiental possibilidades de atuação para o Assistente social 
 
Como é de conhecimento publico, as últimas décadas testemunharam a emergência da 
educação ambiental como um novo campo de atividade e de saber que buscava reconstruir a 
37 
 
relação entre a educação, a sociedade e o meio ambiente visando formular respostas teóricas e 
praticas aos desafios colocados por uma crise socioambiental global.Como citado anteriormente, o artigo 225 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 
1998, p. 40) ao estabelecer o “[...] meio ambiente ecologicamente equilibrado” como direito 
dos brasileiros, “[...] bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida”, também, 
atribui “[...] ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações”. O uso do espaço permitido pelo avanço da democracia, para a 
construção de uma cidadania, depende dos sujeitos sociais envolvidos. Considerando a 
participação da população um fator importante, pois os argumentos relacionados ao 
conhecimento ecológico local devem ser cada vez mais incorporados ao cotidiano das 
populações, das organizações e das empresas nas articulações com as políticas sociais, nas 
negociações das necessidades humanas, sejam elas materiais ou simbólicas, mas que se fazem 
presentes nas exigências de qualidade de vida. 
Assim para a aproximação entre cidadania e ecologia parte-se da compreensão de que 
o meio ambiente é um bem público e, ressalta a importância da interdisciplinaridade com 
vistas a uma prática social voltada para o entendimento da realidade social em sua 
complexidade
3
. Com todas as conquistas podemos afirmar hoje que as relações da sociedade 
civil organizada entre instituições governamentais responsáveis pela educação ambiental onde 
caminham juntas para a construção de uma cidadania ambiental sustentável, baseada na 
participação, justiça social. 
O tema educação ambiental ainda está em debate, onde de um lado os seus primeiros 
enunciados completam mais de duas décadas, entretanto, do outro, ainda encontra-se em 
busca de definição de seus pressupostos e de suas proposituras a fim de silcar o seu leito na 
historia das práticas sociais e das idéias pedagógicas. 
O Brasil tem desempenhado um papel protagônico nesse debate, construindo uma 
rica discussão sobre as especificidades da Educação na construção da sustentabilidade. Tem 
sido um país inclusive com fertilidade de idéias, por ter atribuído ou incorporado novos 
nomes para designar especificidades identitárias desse fazer educativo (LAYRARGUES, 
2004, p. 9). 
 
3
 Complexidade indica que tudo se liga a tudo e, reciprocamente, numa rede relacional e interdependente. Nada 
está isolado no Cosmos, mas sempre em relação a algo. Ao mesmo tempo em que o individuo é autônomo, é 
dependente, numa circularidade que o singulariza e distingue simultaneamente. Como o termo latino indica: 
“Complexus – o que é tecido junto” (MORIN, 2001, p. 89). 
38 
 
Paulo Freire (1998), uma das referencias fundadoras do pensamento critico na 
educação brasileira insiste, em toda sua obra, na defesa da educação como formação de 
sujeitos sociais emancipados, isto é, autores de sua própria história. 
Há uma possibilidade de exploração das fronteiras internas do campo da educação 
ambiental, contudo, de tempos em tempos vemos retornar os argumentos contrários à 
denominação de educação ambiental enquanto um tipo de educação. Trata-se do velho 
argumento de que ”[...] toda educação é ambiental, assim, toda educação ambiental é 
simplesmente, educação.” (CARVALHO, 2004, p. 19). Torna-se necessário situar o ambiente 
conceitual e político onde a educação ambiental pode buscar sua fundamentação enquanto 
projeto educativo que pretende transformar a sociedade. 
Queremos ressaltar aqui que a educação ambiental abrange muito mais do que um 
repasse de informações sobre o meio ambiente. Ela é uma forma inovadora de aprender a 
respeitar, conhecer a natureza e analisar a influência do ser humano neste processo de 
degradação. Percebe-se que o assistente social, por meio da intervenção e mediação, pode 
trabalhar nessa área relativamente nova para a profissão. 
Uma forma de exemplificar esta situação é falando sobre o meio ambiente, que, está 
ao redor do homem e, que cada vez mais está sendo destruído. O homem poderia minimizar 
esta destruição ou interagir mais com o meio natural, valorizando a natureza e os outros seres 
humanos. 
Esta valorização pode ser trabalhada junto com o assistente social, que inicia um 
processo de resgatar a história, o estudo, a valorização e participação do homem no meio 
ambiente. O assistente social é um profissional que pode contribuir para o processo de 
educação ambiental, para que cada um compreenda a importância de preservar o meio natural. 
Pensando nisso , são diversas as maneiras de conceber e praticar ação educativa. Entre 
as varias correntes que o autor Lucie Sauvé (2005a) nos apresenta, iremos identificar aquelas 
que mais convém ao nosso contexto de intervenção, que possa inspirar a nossa prática. 
A educação ambiental (EA) incorpora-se como uma prática inovadora em diferentes 
âmbitos. Neste sentido, destaca-se tanto sua internalização como objeto de políticas públicas 
de educação e de meio ambiente em âmbito nacional, quanto sua incorporação num âmbito 
mais capilarizado, como mediação educativa, por um amplo conjunto de práticas de 
desenvolvimento social. 
39 
 
Descrevemos algumas concepções tipológicas sobre o ambiente na educação 
ambiental. O estudo fenomenológico do discurso e da prática em EA (SAUVÉ, 1992) 
identifica seis concepções paradigmáticas sobre o ambiente. 
 
Ambiente como a natureza: para ser apreciado, respeitado e preservado 
 
Esse é o ambiente original e puro, do qual os seres humanos estão dissociados e no 
qual devem aprender a se relacionar para enriquecer a qualidade de ser. 
Sauvé diz que é preciso reconstruir nosso sentimento de pertencer a natureza, a esse fluxo de 
vida de que participamos. Estreitar vínculos de identidade, cultura, valorizar a diversidade 
“biocultural”. 
 
Ambiente como um recurso: para ser gerenciado, para ser repartido 
 
Essa é a herança biofísica coletiva, que sustenta a qualidade de vida. Esse limitado 
recurso é deteriorado e degradado. Ele pode ser gerenciado de acordo com os nossos 
princípios de desenvolvimento sustentável. Segundo Sauvé (1992, p.23), não se trata de 
“gestão do meio ambiente”, antes, porem, da “gestão de nossas próprias condutas” individuais 
e coletivas com respeito aos recursos vitais extraídos deste meio. Entre as estratégias de 
ensino aprendizado adotadas nessa visão, estão aquelas interpretações relacionadas com os 
patrimônios históricos, parques e museus (para se certificar de que o público admira e 
agradece os recursos) e as campanhas para a utilização dos recursos (como a reciclagem, por 
exemplo). 
 
Ambiente como um problema: para prevenir, para ser resolvido 
 
Esse é o ambiente biofísico, o sistema de suporte da vida que está sendo ameaçado 
pela poluição e pela degradação. Deve ser preservado. Aqui podemos pensar no 
desenvolvimento de habilidades de investigação. Sauvé (1992, p. 27) diz, temos que tomar 
consciência de que os problemas ambientais estão essencialmente associados as questões 
40 
 
socioambientais, ligadas a jogos de interesse e de poder, e a escolha de valores. O 
aprendizado essencial inclui como identificar, analisar e diagnosticar um problema, realizar 
pesquisa e avaliar diferentes soluções, conceituar e executar um plano de ação e avaliar os 
processos e assegurar a constante retroalimentação, etc. Aqui, é adotado um enfoque 
pragmático. 
 
Ambiente como um lugar para se viver: para conhecer e aprender sobre, planeja e 
cuidar 
 
Esse é o ambiente do cotidiano, na escola, nas casas, na vizinhança, no trabalho e no 
lazer. Esse ambiente é caracterizado pelos seres humanos, nos seus aspectos sócio-culturais, 
tecnológicos e componentes históricos. Esse é o ambiente que deve ser apreciado e a que se 
deve pertencer, é espaço de vivência. Nessa perspectiva, (VERNOT, 1989) associa a EA 
com o desenvolvimento de uma teoria cotidiana. O processo pedagógico auxilia a 
transformar cada um e assim, cada um poderá transformar

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