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1 2 3 Anaisa Alves de Moura Adriana Pinto Martins Evaneide Dourado Martins Neudiane Moreira Felix Anacléa de Araújo Bernardo EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1ª Edição 2017 4 5 Sumário Palavra do Professor autor Sobre as autoras Ambientação da disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando UNIDADE 01: HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL O que é Educação Ambiental? Um pouco da História da Educação Ambiental Agenda 21 UNIDADE 02: RELAÇÃO SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE Introdução Sociedade x meio ambiente Espaço, Lugar e Paisagem Fundamentos da percepção Percepção como Instrumento: Planejamento, Gerenciamento e Educação Ambiental. UNIDADE 03: PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL A Educação Ambiental nas Práticas Escolares Trabalhando a Educação Ambiental nos níveis e modalidades da Educação Básica A prática da Educação Ambiental na visão da Educação Indígena A Educação Ambiental na prática das escolas do campo A prática da Educação Ambiental nos espaços de Educação Infantil A Educação Ambiental e sua prática nos espaços de Educação de Jovens e Adultos 6 Explicando melhor com a pesquisa Leitura obrigatória Pesquisando na internet Saiba mais Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia Web Vídeos 7 Palavra do Professor autor Olá estudantes! Estudar a disciplina Educação Ambiental é de suma importância, pois se fizermos uma reflexão sobre as práticas sociais e nos atentarmos que o nosso planeta está cada vez mais se degradando, veremos que há uma mobilização significativa de articulação por parte da sociedade atual para protegermos nosso meio ambiente. Pensando nisso, devemos desde cedo sensibilizar, conscientizar, transmitir valores de preservação para os futuros moradores do nosso planeta o quão é fundamental a relação do meio ambiente e a sociedade. A dimensão ambiental se configura em um grupo de pessoas se engajando no conhecimento desse assunto e na capacitação de profissionais. É para você, estudante do curso em EAD, que oferecemos este livro, com o intuito de dialogar sobre Educação Ambiental. Os conteúdos de aprendizagem propõem que você seja o construtor do seu conhecimento. As Autoras! 8 Sobre as Autoras Anaisa Alves de Moura, doutoranda e Mestre em Ciências da Educação - Lusófona - Lisboa/Portugal. Especialista em Psicopedagogia Institucional, Clínica e Hospitalar - INTA (2016). Especialista em Educação a Distância pela Universidade Norte do Paraná - UNOPAR (2015). Especialista em Gestão Escolar pelas Faculdades INTA (2009). Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (2006). Professora do Instituto de Estudos e Pesquisas Vale do Acaraú – IVA. Professora Pesquisadora I desde 2013 pelo PARFOR/CAPES/UVA. Atualmente, exerce a função de Revisora Crítica/Analista de Qualidade na produção de material didático, para os cursos de Educação a Distância do Centro Universitário UNINTA. Adriana Pinto Martins, Especialista em Gestão Escolar e Biologia pelo Instituto EDUCAR (2014). Pedagoga pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA (2003). Atualmente Gestora de Projetos no acompanhamento da produção de material didático para os cursos em Educação a Distância do Centro Universitário UNINTA. Evaneide Dourado Martins é especialista em Gestão, Coordenação, Planejamento e Avaliação Escolar (2015) e especialista em Educação a Distância (2012) pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada-INTA. Possui graduação em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Regional do Cariri (2005). Em 2016 atuou como professora convidada nos cursos de Educação a Distância do INTA. Atualmente é Autora roteirista multimídia de material didático da Pró-Diretoria Pedagógica de Novas Tecnologias em Educação e Educação a Distância. 9 Neudiane Moreira Felix, especialista em Gestão e Docência da Educação Superior pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA (2014). Ministra disciplinas pelo Instituto de Estudos e Pesquisas do Vale do Acaraú – IVA /Sobral – CE desde 2010. Professora Pesquisadora II do Plano Nacional de Articulação e Formação de Professor da Educação Básica - PARFOR/UVA/CAPES. Atualmente atua no Departamento de Educação a Distância do Centro Universitário UNINTA. Anacléa de Araújo Bernardo. Graduada em Tecnologia da Construção Civil pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (2008). Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Construção Civil. Desenvolveu atividades como Coordenadora de Obra e Urbanismo desempenhando o projeto Minha Casa Minha Vida e Selo Verde através da Prefeitura Municipal de Croatá/CE. Atualmente acadêmica no curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário UNINTA. 10 Ambientação à disciplina A disciplina de Educação Ambiental tem como um dos principais objetivos discutir historicamente as questões de degradação e preservação ambiental, na relação com o homem e a sociedade. Percebe-se que as florestas estão cada vez mais sendo prejudicadas pelas queimadas, há uma constante liberação de gases poluentes ocasionando o aquecimento global, doenças, falta de água em decorrência da ação inconsequente do homem sobre o meio ambiente. O planeta está pedindo socorro e se não tomarem medidas urgentes em relação ao modo de vida da sociedade, o futuro será insustentável. A Educação Ambiental é um processo que é construído coletivamente, por isso é importante sensibilizar os indivíduos da responsabilidade e da consciência em relação à conservação do meio ambiente para o presente e para o futuro. Portanto, nesta disciplina você terá uma visão do processo histórico da Educação Ambiental, terá a oportunidade de compreender o que é a Agenda 21, assim como entender a relação sociedade e meio ambiente, a diferença entre espaço, lugar e paisagem. Conseguirá identificar os fundamentos da percepção, riscos, o planejamento e gerenciamento dos aspectos ambientais. Para complementar todos esses conhecimentos você entenderá como se dá a prática ambiental dentro de cada nível e modalidades da educação. O conhecimento de tudo que engloba a Educação Ambiental lhe dará ferramentas para desenvolvimento das melhores práticas e comportamento consciente das questões ambientais, pois a educação é chave que abre a porta para um futuro sustentável. Excelentes estudos! 11 Trocando ideias com os autores Agora é o momento de você trocar ideia com os autores. Recomendamos a leitura da obra Educação Ambiental e Sustentabilidade com temas de grande relevância na atualidade, o livro está estruturado em 5 partes que compõem: Introdução, Fundamentação Ambiental, Fundamentação em Educação Ambiental, Métodos e Estratégias de Educação Ambiental e Estudos Aplicados à Educação Ambiental. O material conta com a participação de especialistas de diversas áreas, que abordam o tema sob perspectiva interdisciplinar, demonstrando a importância das relações da educação ambiental. SARIEGO, JOSÉ CARLOS. Educação ambiental: as ameaças ao planeta azul. São Paulo: Scipione, 1994. 240 p. ISBN 85-262-2193-0. Propomos a leitura da obra Educação Ambiental: as ameaças ao planeta azul, um indispensável material que aborda os seguintes temas: Fragilidade e limites do planeta azul. A ciência Ecologia. Conceitos básicos de autoecologia entre outros assuntos da área. Uma oportunidade para enriquecer ainda mais os assunto discutidos na disciplina. PHILIPPI JUNIOR, ARLINDO; PELICIONI, MariaCecília Focesi. Educação ambiental e sustentabilidade. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2014. 1004 p. ISBN 978-85-204-3200-6. Guia de Estudo: Após a leitura, escolha uma das obras e faça uma resenha crítica e disponibilize na sala virtual. 12 Problematizando A Educação Ambiental é uma estratégia, que busca solucionar e superar os problemas existentes entre proteção ambiental, progresso e desenvolvimento de um país. A Educação Ambiental é um grande mecanismo capaz de acabar com a insensibilidade ambiental e apresentar através de ideias, mecanismos para solucionar e superar os problemas existentes entre proteção ambiental, progresso e desenvolvimento de um país. Considerando as informações acima, observe a seguinte situação: um professor de Ciências para trabalhar a conscientização dos impactos que o homem está causando ao meio ambiente resolve adequar suas aulas de forma a incentivar através de palestras e ações, a promoção do equilíbrio na natureza formando alunos aptos para serem multiplicadores dessas informações na escola e no mundo que habitamos. . Apresente estratégias que a escola poderia desenvolver para conscientização dos estudantes trazendo a relação sociedade e meio ambiente? GUIA DE ESTUDO: Elabores três estratégias de trabalho que o professor pode desenvolver na sala de aula com o objetivo de promover a consciência critica responsabilidade de cidadão para com o meio ambiente. Disponibilize a sua contribuição para o problema apresentado no ambiente virtual (AVA) 13 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1 CONHECIMENTOS Conhecer o conceito, história, a evolução da Educação Ambiental. HABILIDADES Reconhecer os conteúdos específicos da Educação Ambiental, possibilitando novas experiências e aprendizado. ATITUDES Aplicar a Educação Ambiental na escola e a sua relevância para o desenvolvimento integral do educando. 14 15 Educação Ambiental O desenvolvimento e progresso devem caminhar juntos com a proteção ambiental; caso contrário está colocando em risco a nossa própria existência. A Educação Ambiental deve ser capaz de comprovar que o crescimento econômico deve ter seu alicerce na sustentabilidade, com o envolvimento entre o desenvolvimento social, desenvolvimento econômico e proteção ambiental. A Educação Ambiental é uma alternativa capaz de viabilizar a vida humana no futuro, trabalhando a conscientização da responsabilidade com a sustentabilidade e toda riqueza natural da terra. O futuro do planeta vai depender das decisões que o homem praticar agora. São precisamente essas decisões que estão sendo tomadas hoje que devemos cuidar e não permitir que o homem fique na ignorância em não dar importância a Educação Ambiental. Temos que começar a ter e expandir essa consciência ambiental e que ela deve tomar com base para a nova realidade socioambiental e tem que atingir toda a comunidade. Um dos principais pontos a ser transmitido por meio da Educação Ambiental é o respeito ao meio ambiente e a informação que ele é finito; o respeito ao ser humano, a sua condição de existência, a preocupação com nossos descendentes e qual o futuro será destinado a ele. O dever de cuidar do meio ambiente é de todos. Alguns exemplos simples podem ser extremamente significativos e importantes como: economizar água, não lançar lixo nas vias publicas, adotar as praticas dos (5Rs (Reduzir, Repensar Reaproveitar, Reciclar e Recusar) consumir produtos que gerem impactos socioambientais significativos, utilizar fontes alternativas de energias entre outras. Observe que existem inúmeras alternativas para conservação do meio ambiente, mas precisamos de iniciativas. O Poder Publico, por meio das autoridades ligada à Educação, podem promover inúmeras atividades 16 pedagógicas de sensibilização e conscientização aos alunos sobre os diferentes problemas ambientais, forma de preservação; as comunidades podem desenvolver projetos de Educação Ambiental, envolvendo seus integrantes; empresas podem implantar cursos de Educação Ambiental para seus funcionários e outras formas de conscientização e preservação. A comunidade internacional e a conscientização ambiental Para entendermos o presente e nos prepararmos para o futuro temos que conhecer e compreender o passado, mas como tudo começou? Quando foram as primeiras atividades dirigidas à proteção ambiental? O despertar para os valores ecológicos e o processo de conscientização iniciaram de maneira tardia, somente depois de inúmeros eventos de degradação é que sobrevieram, principalmente após a implantação de um novo modelo de desenvolvimento determinado pela Revolução Industrial no século XVIII que gerou um aumento qualitativo e quantitativo no processo de destruição da natureza, esse modelo de produção era baseado no uso intenso de energia fóssil, na grande exploração dos recursos naturais e no uso do ar, da água e do solo como depósito de excrementos, é indicado como a principal causa da destruição do meio ambiente. Este processo de destruição ambiental gerou vários sintomas como: mudanças climáticas; efeito estufa; erosão do solo; buraco na camada de ozônio; desflorestamento; queimadas; desertificação; destruição de habitats natural; perda da biodiversidade; poluição; escassez de água potável entre outros problemas, que começaram a ser sentido na década de 50. No ano de 52, um nevoeiro contaminado por fumaça, conhecido como “smog”, de origem industrial, provocou muitas mortes em Londres. Nova York enfrentou o mesmo problema no período de 1952 a 1960. Várias cidades começaram a enfrentar os problemas da poluição do ar, o que gerou inúmeras 17 mortes e intoxicação. Esses eventos desencadearam várias reações e provocou a organização de parcela importante da sociedade em torno da conservação da natureza, moldando o movimento ambientalista de hoje. Com base nesses fatos, podemos perceber a importância do estudo da história da Educação Ambiental e dos acontecimentos históricos vividos em cada época, assim como a necessidade da constante evolução até o presente momento e de sua importância para a sociedade como um todo. A década de 50 foi marcada pela preocupação ecológica na comunidade cientifica enquanto que a década de 60 marca a preocupação ecológica no sistema social. Neste período começou a surgir vários movimentos que transformaram a sociedade com um todo, movimentos esses dos hippies, feminista, negro ou Black Power, o pacifismo, a libertação sexual e a “pílula”, as drogas, o rock-and-roll, as manifestações anti-Guerra Fria entre outros, foi neste período no ano de 1962 que a bióloga, Rachel Carson trabalhava no governo americano e lançou o livro intitulado Primavera Silenciosa, no qual se torna um clássico do movimento ambientalista mundial, neste livro Raquel alertava sobre os efeitos danosos de ações humanas sobre o ambiente, como a perda da qualidade de vida, produzida pelo uso indiscriminado e excessivo de produtos químicos e seus posteriores efeitos sobre o meio ambiente, como a utilização dos pesticidas. Esse livro contribuiu para proibição destes produtos e ainda causou grande comoção na opinião da sociedade americana, sendo de fundamental importância para abertura dos debates em grande escala sobre as questões ambientais. Antes, tudo leva a crer que as pessoas acreditavam que os recursos am ientais estariam disposição do homem para sempre, que nunca acabariam e que a vida sempre continuaria a mesma, ou seja, o homem não era capaz de perceber as grandes modificações que ocorriam no meio ambiente. A consciência da ação do homem sobre o meio ambiente e a existênciade problemas ambientais alcançaram o Brasil também e nesse 18 período, vivíamos submetidos ao regime militar, censuras, AI-5, movimentos estudantis, guerrilhas, greves, juntamente com manifestações populares sobre questões ambientais que começaram a surgir e a ganhar força. Em 1968, ocorreu a conferencia intergovernamental para o Uso Racional e a Conservação da Biosfera, estruturada pela Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Na década de 70, foi um período em que houve o maior fortalecimento dos movimentos em defesa do meio ambiente em todo mundo, foi justamente nesta época que se registrou o começo da preocupação ambiental pelo sistema político em geral. Começaram as realizações de encontros internacionais, estaduais e municipais em trabalho de conscientização e maneira estratégia de modificar e conscientizar as pessoas sobre o processo de destruição da natureza, esses encontros concluíram que a Educação seria o principal instrumento para consciência ambiental. Em abril de 1970, mais de 300 mil norte-americanos participaram do “Dia da Terra”, considerada a maior manifestação am ientalista da história, tornado o ambientalismo, uma questão pública fundamental. Em 1972 na cidade de Estocolmo, realizou-se a primeira conferência internacional destinada a tratar especificamente da questão ambiental, nela destacaram-se os problemas da pobreza e do crescimento da população e elaborou metas ambientais e sociais, nesse encontro foi elaborada a “Declaração sobre o Ambiente Humano”. Nesse encontro foi concluído que as ações educativas são fundamentais e indispensáveis para a resolução e conscientização das questões ambientais, e nele resultando na criação do Programa Internacional de Educação Ambiental, consolidado posteriormente em Belgrado no ano de 1975. A primeira conferência dedicada especialmente para à Educação Ambiental ocorreu em Tibilisi, em 1977; nela foram definidos os objetivos e as estratégicas para o desenvolvimento da politica de Educação Ambiental sendo apresentada como uma educação que tenha a função de orientar, esclarecer e 19 apresentar resolução dos problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada pessoa. A década de 1980 foi marcada como aquela em que surgiram, em quase todos os países, leis regulamentadoras a atividades industriais no que se refere à poluição. Também foi nesta década o período que o termo, “Educação Am iental” tornou-se popular pelo mundo. Em 1985 o MEC aprova o parecer 819/85, que apoia a necessidade da inclusão de conteúdos ecológicos ao longo de todos os processos de formação do Ensino, integrando a todas as áreas do conhecimento de forma sistematizada e progressiva, proporcionando assim a “formação da consciência ecológica do futuro cidadão”. A comunidade internacional desenvolve ações, para inclusão de matéria na rede de ensino para formação ambiental para o decênio de 90, elaborando um documento no final do Congresso Internacional sobre Educação e Formação Relativas ao Meio Ambiente, em Moscou na Rússia no ano de 1987, promovido pela UNESCO. Além de temas como a educação foram discutidos no Encontro Desarmamento, acordos de paz entre URSS e EUA, democracia e liberdade de opinião. Este documento foi desenvolvido em meio a grandes acontecimentos e fortaleceu a importância da formação pessoal em diversas áreas formais e não formais da Educação Ambiental e a inclusão da dimensão ambiental em todos os níveis de educação. No Brasil, este período teve início no processo histórico de redemocrati ação do país com o fim do regime militar, em . Em , promulgada uma nova Constituição e, em 1989, houve eleições presidenciais diretas. Na Constituição Federal de 1988 dedica o capítulo IV para o Meio Am iente e reforçando no Art. 225, Inciso VI, que o “... Poder Pú lico tem que promover a Educação Am iental em todos os níveis de ensino...”, apresentando assim, os passos no caminho do desenvolvimento da Educação Ambiental. 20 Também em 88, a Assembleia Geral das Nações Unidas decide realizar uma conferência sobre o meio ambiente e desenvolvimento, que deveria ocorrer até 1992. No ano de 1989, a Assembleia Geral da ONU confirma que a conferência seria realizada no Brasil, a coincidir com o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, que foi a ECO-92. Nesse período, o am ientalismo então fortalecido e em 2 realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Eco-92, na cidade do Rio de Janeiro/Brasil, com a participação de representantes de 108 países do mundo, reunidos para decidir que medidas tomar para conseguir diminuir a degradação ambiental e garantir a existência de outras gerações. Esta década foi marcada como sendo o período em que houve um grande maior impulso em relação à consciência ambiental na maioria dos países, o termo qualidade ambiental, passou fazer parte de todo universo social. A Conferência ECO-92 resultou em cinco importantes documentos que foram: na Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, Convenção sobre as Mudanças Climáticas, Convenção sobre a Diversidade Biológica, Declaração de Princípios e a criação da Agenda 21. Ela teve como objetivos: Analisar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas no meio ambiente depois da Conferência de Estocolmo; apresentar novas medidas a serem tomadas para à proteção ambiental através de política de desenvolvimento sustentável; Identificar as ações desenvolvidas para questões ambientais; Incentivar a regulamentação e melhorias da legislação ambiental internacional; Analisar as estratégias desenvolvidas para o desenvolvimento sustentável e as ações para eliminação da pobreza nos países subdesenvolvidos, entre outros. Ainda em 1992, foi realizada, no Rio de aneiro, a ornada de Educação Am iental. Este evento ocorreu em paralelo 2 onferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento, a Rio-92. Esta Jornada teve 21 como objetivo discutir a missão da educação Ambiental como um papel central de formação de valores nos diferentes modelos de sociedade. A sustentabilidade do planeta, politica vigente, o aumento da pobreza foram debatido e neste evento foi elaborado um documento que foi chamado de Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Neste documento foram apresentados os seguintes princípios: que a Educação Ambiental tem que facilitar a cooperação mútua e equitativa nos processos de decisão, em todos os níveis e etapas, promover o reconhecimento, respeito e recuperar a historia e cultura indígena, desenvolver uma consciência ética sobre a preservação do planeta, assim como, respeitar seus ciclos vitais e impor limites e ploração dessas formas de vida pelos seres humanos. Podemos perceber que neste Tratado, a Educação Ambiental tem como função promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e instituições, com a finalidade de criar novos modos de vida, sem distinções étnicas, físicas, de gênero, idade, religião ou classe. Acredita-se que a Educação Ambiental é formadora de valores e ações que contribuam para a transformação humana e social, formando cidadão com consciência local e planetária, que respeita as diferenças de cada povo e a soberania das nações, buscando assim um respeito ao meio ambiente e a preservação ambiental, gerando assim uma Educação Transformadora. Atualmente, a ECO-92 é reconhecida como sendo o encontro internacional de maior importância desde que o homem começou a se organizar em sociedade. Neste encontro, o planeta Terra passa a ser visto de maneira diferente, começa a ter a noção de maneira geral do tamanhodo impacto ambiental de forma global, inicia a cobrança do que tem que existir, o desenvolvimento sustentável na sociedade como um todo. Em 1992 no Brasil, podemos evidenciar ações do MEC, com a realização do um workshop em Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro, que 22 teve como objetivo, socializar os resultados das experiências nacionais e internacionais que foram desenvolvidas para Educação Ambiental, como a implantação de metodologias e currículos. Deste encontro resultou a Carta Brasileira para a Educação Ambiental. No ano de 1993 a Portaria 773/93 do MEC, institui em caráter permanente, um Grupo de Trabalho para Educação Ambiental com objetivo de coordenar, apoiar, acompanhar, avaliar e orientar as ações e desenvolver metas e estratégias para Educação Ambiental, nos sistemas de ensino em todos os níveis e modalidades. Sendo assim, concretizar as recomendações que havia sido aprovada na Segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Na Declaração de Thessaloniki, que foi desenvolvida na Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade, realizada em Thessaloniki, na Grécia nos dias 8 e 12 de Dezembro de 1997, nela apresentaram os pontos positivos e negativos sobre desenvolvimento da Educação Ambiental após a ECO-92. Nesta Conferência a comunidade internacional chamou a atenção para a Educação Ambiental, especificou que a sua base tem que ser fundada nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade dos povos, mobilização para a constituição de fundos de financiamento para ações de educação e defesa do meio ambiente. Segundo a Declaração de Thessaloniki (1997), é necessária uma educação apropriada a partir da conscientização pública, sendo para tanto, reconhecidos valores de sustentabilidade, aliados a legislação, economia e tecnologia. Sendo ao fim de dez anos de sua existência, ou seja, em 2007, ser realizada uma conferência para abordar o progresso dos processos educacionais recomendados. No Brasil foi à elaboração dos novos Parâmetros Curriculares Nacionais (P Ns) com o tema “ onvívio Social, Ética e Meio Am iente”, onde a dimensão ambiental passa a ser implantada como um tema transversal nos 23 currículos do Ensino Fundamental. Apresentando assim noções básicas de Meio ambiente, Sustentabilidade e Diversidade em sua composição. O Brasil foi o primeiro país da América Latina a desenvolver uma politica nacional especifica para a Educação Ambiental. Pois no ano de 1999 foi implantada a Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, que foi regulamentada após as discussões na Câmara Técnica Temporária de Educação Ambiental no CONAMA. Ficou estabelecido que, a lei da Educação Ambiental deve ser o meio pelo qual nós devemos trabalhar valores e conhecimentos voltados para conservação do meio ambiente, para o bem de uso comum, para uma qualidade de vida e da sustentabilidade do planeta. No ano de 1999 o MEC lança a Portaria 1648/99 que cria o Grupo de Trabalho com representantes de todas as suas Secretarias para discutir a regulamentação da Lei nº 9795/99, e nesta portaria o MEC propõe os PCNs em ações atendendo às solicitações dos Estados e a disciplina de Meio Ambiente passa a ser um dos temas transversais a ser trabalhado no ano 2000. Em abril de 2000, na cidade de Dacar, Senegal, foi realizado o Fórum sobre Educação Mundial, em que foi reafirmada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, que havia sido adotada no Fórum de Goten na Tailândia no ano de 1990, o compromisso de alcançar para todo cidadão, em todas as sociedades, os objetivos e as metas apresentadas no Programa Educação para Todos. O Fórum admitiu que a educação um direito humano fundamental e fator decisivo para o desenvolvimento sustentável, para termos paz e estabilidade do planeta e assim termos um crescimento socioeconômico para a construção de uma nação sustentável. Na década seguinte, em 25 de Junho de 2002, o MEC regulamenta a Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999, na qual institui a Política Nacional de Educação Ambiental. 24 Entre os vários documentos elaborados nesse processo, destaca-se a Agenda 21, que apresenta um plano de ação para o desenvolvimento sustentável para os vários países. Esta agenda deve-se promover, com a colaboração apropriada das organizações não governamentais, informando que todos os tipos de programas educacionais devem ser centrados nos problemas locais, de forma que incentive uma educação continua sobre a preservação meio ambiente e desenvolvimento econômico sustentável. No capítulo 36 da Agenda 2 , intitulado “Promoção do ensino, da conscienti ação e do treinamento”, afirma: O ensino, o aumento da consciência pública e o treinamento estão vinculados virtualmente a todas as áreas de programa da Agenda 21 e ainda mais próximas das que se referem à satisfação das necessidades básicas, fortalecimento institucional e técnica, dados e informação, ciência e papel dos principais grupos. Este capítulo formula propostas gerais, enquanto que as sugestões específicas relacionadas com as questões setoriais aparecem em outros capítulos. A Declaração e as Recomendações da Conferência Intergovernamental de Tbilisi sobre Educação Ambiental, organizada pela UNESCO e o PNUMA e celebrada em 1977, ofereceram os princípios fundamentais para as propostas deste documento. A Educação Ambiental desenvolvida junto com os princípios da Agenda 21 torna um forte caráter social, que ensina a ter forte respeito e valorização da cultura, sociedade e o meio ambiente. 25 Agenda 21 O que é a agenda 21? A agenda 21 é um documento designado à construção do desenvolvimento sustentável. Foi assinada em 14 de junho de 1992, no Rio de Janeiro, por 7 países, resultado da “ onferência das Nações Unidas so re Meio Am iente e Desenvolvimento” – Rio 92, podendo ser motivada como uma ferramenta de idealização participativa visando à ampliação do planeta sustentável. A sua construção visa o envolvimento participativo de todo país, estado, municípios e cidades para um planejamento futuro dos problemas ambientais formando compromissos para solucionar os problemas encontrados na sustentabilidade do planeta. A agenda 21 serve para melhorar a qualidade de vida de toda a população sem destruir o meio ambiente, pelo contrário ajudar a organizar e estruturar o que nos resta, ajuda a garantir um futuro melhor para os nossos filhos e nossos descendentes. Entendendo que a responsabilidade de nosso meio ambiente é de todos. A agenda 21 não foi criada para um só dono, ela é da autonomia de todos, criada para um bem comum e utilidade a todos. Cabe cada um fazer sua parte e colaborar com a proteção do nosso meio ambiente. PARA SABER MAIS: Acesse ao site abaixo e entenda mais sobre o assunto estudado. http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda- 21-brasileira 26 Como construir a agenda? Para construir a agenda deve-se ter uma visão e o entendimento que é necessário passar por etapas: O primeiro passo é programar a Agenda 21 brasileira, o desafio dessa etapa é tornar conhecidas as ações e diretrizes por meio de atuações da Comissão de Políticas de Desenvolvimento e agenda 21 Brasileira (CPDS); implementação do Sistema da Agenda 21; mecanismos de implementação e monitoramento; integração das políticas públicas; promoção da inclusão das propostas da Agenda 21 Brasileira nos Planos das Agendas 21 Locais. Outro passo é a elaboração da agenda 21 Locais. Ela mobiliza e troca informações em torno dos problemas e soluções locais desde o estado até um bairro de um determinado município ou escola.A ação deve ser articulada com outros projetos, programas e atividades do governo e sociedade, sendo consolidado, dentre outros, a partir do envolvimento dos agentes regionais e locais; análise, identificação e promoção de instrumentos financeiros; difusão e intercâmbio de experiências; definição de indicadores de desempenho. Chegando ao ponto crucial que é a criação da Agenda 21. Ela visa promover a educação para a sustentabilidade através da propagação e intercâmbio de informações e experiências por meio de cursos, seminários, workshops e de material didático. Esta ação é essencial para que os procedimentos das Agendas 21 Locais ganhem avanços na qualidade, através da formulação de bases técnicas e políticas para a sua formação; trabalho conjunto com interlocutores locais; identificação das atividades, necessidades, custos, estratégias de implementação; aplicação de metodologias apropriadas, respeitando o estágio em que a Agenda 21 Local em questão está. Ações que podem ajudar nos Municípios Para garantir um futuro com perspectivas de uma boa qualidade de vida e construirmos um meio ambiente sustentável, devemos iniciar um projeto 27 que envolve cada um com essa mesma preocupação de Ajudar a salvar o meio ambiente, ou pelo menos deveria existir essa preocupação de um planeta sem problemas ambientais. Para planejar o futuro exige a participação de todos, cabe a cada um de nós sem interesse próprio sugerir ações que ajude ao nosso planeta se tornar melhor. Um dos melhores locais a se iniciar esse aprendizado é na escola através da construção da agenda ambiental, onde acontecerão os primeiros passos para a transformação e mudanças de hábitos. Ao se iniciar nas escolas depois estenderá as ruas, aos bairros e assim se multiplicará dando forma ao um novo modelo de vida para as pessoas e melhorando assim nosso planeta. A agenda ambiental é um plano de desenvolvimento e manejo ambiental que identifica os problemas e propõe ações para reduzir os impactos negativos que os seres humanos causam ao meio ambiente. Entende-se que a salvação do nosso planeta para uma qualidade de vida aos seres humanos está totalmente em nossas mãos e ações, tudo depende da consciência e reponsabilidade com a visão e consciência que um planeta bem cuidado as perspectivas futuras serão melhores para gerar uma qualidade de vida futura. Para que possamos usufruir dessa boa ação será necessário iniciarmos hoje essa mudança a começar por cada um. Para saber mais: Para ampliar seus conhecimentos acesse o site: fala das falhas cometidas. http://oglobo.globo.com/economia/rio20/depois-de-vinte-anos-de-agenda-21- nada-festejar-4718720 28 29 RELAÇÃO SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE 2 CONHECIMENTOS Compreender a relação sociedade e meio ambiente, espaço, lugar e paisagem, bem como os fundamentos da percepção, planejamento e gerenciamento de educação ambiental. HABILIDADES Identificar a diferença de espaço, lugar e paisagem e a percepção de riscos, bem como identificar Política, Planejamento, Gerenciamento e Gestão ambiental. . ATITUDES Posicionar-se criticamente em exercer uma atitude crítica e consciente de preservação do meio ambiente. 30 31 Introdução O meio ambiente é constituído por elementos naturais e artificiais que se relacionam entre si e são modificados através da ação do homem como o solo, o ar, a flora, a fauna, urbanização, conflitos sociais e a água, ou seja, o ambiente é composto por fatores físicos biológicos e socioeconômicos. O conceito de meio ambiente tem sido utilizado como um espaço em que os seres vivos se desenvolvem e trocam energia interagindo entre si e se transformando. (BRASIL, 1997). A formação de fatores bióticos (organismos presentes no ecossistema) e fatores abióticos (substâncias inorgânicas, temperatura, luz, água, solo e umidade) são denominados ecossistema. Para tanto faz-se necessário um estudo mais detalhado da relação sociedade e meio ambiente. Sociedade X meio ambiente Sabe-se que grande parte dos indivíduos que vivem nas cidades não tem a percepção que para seus lares tenham comodidade, há um caminho percorrido, como por exemplo, a água da qual é ingerida passa por um tratamento para que se possa ser consumida sem danos à saúde, o lixo é recolhido para que não sejam transmitidas doenças. Enquanto alguns indivíduos vivem nessa condição confortável, outros vivem em condições desfavoráveis. Devido o desenvolvimento econômico insustentável houve um aumento das dificuldades no meio rural, com isso as famílias começam a migrar para as grandes cidades provocando a superlotação e como consequência ocasionando a poluição, o desemprego, a violência, estresse e doenças. A sociedade vem enfrentando com frequência os impactos socioambientais, são eles: miséria, fome, desigualdade, violência, desemprego e reações adversas da natureza. Com o crescimento da população e 32 consequentemente o consumo excessivo que tem sido uma das preocupações dos ambientalistas, sociólogos, ecologistas e etc. A humanidade não consegue visualizar a relação homem versus meio ambiente. Existem cidades que estão com a capacidade acima do limite, com isso o meio ambiente sofre, pois cada dia devido aos avanços de fronteiras econômicas, expansão da agricultura, desmatamento desenfreado realizado pelos homens, tudo isso acaba gerando danos ao meio ambiente e fica cada vez mais difícil reconstruir o ecossistema agredido. O crescimento populacional pode repercutir na poluição do ar, da água, do solo e de resíduos tóxicos. O uso desenfreado da água pode acarretar no futuro a falta desse elemento essencial para a vida. Componentes perigosos no lixo, como pilhas, tintas, baterias, solventes e lâmpadas podem ser perigosos devido conterem metais pesados que podem se juntar a cadeia alimentar do homem. As embalagens dos produtos consumidos pela população são também extremamente prejudiciais ao meio ambiente, pois não se desintegram e assim contribuem para a destruição da camada de ozônio. A sociedade para ser sustentável carece de que os indivíduos tenham a consciência de exercer a cidadania de modo participativo, pois grande parte da população não participou de uma ação social que promova uma melhor qualidade de vida. Atualmente, temos uma sociedade dominadora, ameaçadora em relação a vida na terra. Não há projetos que discutam sobre uma justiça ambiental que procure buscar a sustentabilidade. Apesar de que, há uma discussão em relação ao pouco tempo que existe para sensibilizar a sociedade a nível global, pois as catástrofes acontecem em grandes escalas. Por outro lado, tem-se buscado soluções, mas antes de tudo é preciso estar atento à banalização feita em muitos discursos no que diz respeito ao meio ambiente. A maioria das vezes ou quase sempre as pessoas não param de pensar que até mesmo os padrões de consumo acelerado repercutem na sociedade, pois o fato de querer comprar de forma compulsiva, como trocar de 33 carro todo ano, lotar seu guarda-roupa com muitas roupas, mesmo sabendo que não vai usá-las é como colocar o meio ambiente dentro de uma panela de pressão. O consumo realizado pela sociedade e a forma de consumir pode afetar o meio ambiente. Você já parou para pensar e se perguntou de onde vem tudo que consumimos e para onde vai tudo que consumimos? Nossa sociedade vive em um sistema que tem fim, ou seja, finito, as pessoas vivem e trabalham em todas as etapas do sistema. Se formos parar para pensar um pouco sobre a extração dos recursos naturais, veremos que o homem derruba milhares de árvores, extraem os metais, o ser humano consome metros e metros cúbicos de água, produzem milhares de lixo e isso mexe consequentemente com osanimais. O planeta está sendo deteriorado para sustentar o modo de vida da sociedade. As matérias-primas seguem para a produção nas indústrias, mas para que o produto seja fabricado é utilizado a energia e produtos químicos tóxicos, e são esses produtos que levamos para nossas casas e consumimos cada vez mais de forma acelerada. Com a industrialização e o elevado índice de consumo, leva o fim dos recursos naturais, com isso parte desse esgotamento acarreta desastres naturais causados pelo homem. Os produtos tóxicos levam as pessoas que trabalham diretamente nas indústrias a adquirir doenças, o ar, a água, o solo é poluído, com isso destruindo as florestas. Muitos empresários tentam utilizar os recursos naturais e aproveitar os já utilizados, mas infelizmente a sociedade em geral ainda não conseguiu enxergar o que realmente precisam consumir. Quando um produto é lançado no mercado, as pessoas saem correndo para comprar, com isso é necessário o aumento da produção gerando mais resíduos e utilizando mais recursos naturais. O ser humano está cada vez mais afastado da natureza, a individualização está cada vez mais presente nos dias atuais. Com isso o 34 homem não consegue visualizar as relações de equilíbrio da natureza. Segundo o autor Gonçalves: O mundo é superpovoado e as cidades substituem com seus atrativos artificiais a beleza natural, e o homem corre risco de sufocar-se em seu próprio lixo. Os lagos e o mar, inevitavelmente poluídos. O ar está irrespirável em muitas cidades e o lixo urbano e industrial acumula-se por toda a parte. As pragas ceifam os campos agrícolas e os agrotóxicos utilizados para impedir sua proliferação concorrem para o aumento da poluição das águas e o envenenamento da população. (GONÇALVES, 1984 apud GUIMARÃES, 1995, p. 12). Pode-se observar que a dicotomia do ser humano assim como a natureza implicou em uma postura antropocêntrica, em que o ser humano está colocado como centro e todas as outras partes que constituem o meio ambiente estão a sua disposição. (GUIMARÃES, 1995). O consumismo acelerado faz com que haja acúmulo de materiais e essa ação seja valorizada e assim as pessoas acabam sendo cada vez mais individuais com isso vendem a ideia de que esse modelo de vida da sociedade é viável. Na sociedade algumas pessoas tem procurado contribuir para que o meio ambiente seja sustentável, com isso tem havido seleção de lixo e uma luta para a reciclagem, mas não basta apenas se inserir nesse projeto e continuar na busca desenfreada por comprar sem necessidade, se não forem alterados os valores consumistas de nada adianta. No Brasil e no mundo a gravidade da situação ambiental é tão alarmante que é necessário a implementação da Educação Ambiental para a população, cuja finalidade é conscientizar a nova geração à situação na qual nos encontramos. Segundo Lima (20 , p, 5) “a crise socioambiental é um reflexo do modelo pautado pelo consumo humano e a concentração de riqueza e recursos naturais”. Diante dessa inquietação, Lima (1984) chama atenção sobre o consumo humano e lança o seguinte apelo: “A crise socioambiental demanda urgência, nunca ficou tão claro que a ação do homem sobre a natureza é responsável pelos grandes desastres ambientais, que estão colocando em 35 risco a vida do planeta Terra” (LIMA, 1984, p. 24). Por isso é necessário com urgência a mobilização entre as pessoas em relação à conservação dos recursos naturais. Atualmente, o mundo está cada vez mais sujo, nas praias encontramos milhares de lixos que prejudicam e contaminam os animais aquáticos. Nossas paisagens, lugares e espaços estão sendo deterioradas pelo homem. Agora vamos definir com mais detalhes cada um desses termos. Espaço, Lugar e Paisagem Quando pensamos em espaço logo vem em nossa mente “espaço geográfico”, uma porção da Terra. A palavra espaço pode estar associada a continente, cidade, bairro, rua e até mesmo uma parte de sua casa. (CASTRO et. all., 2000). Esse tema tem sido motivo de muitas discursões, segundo Moraes (1990), Ratzel determina o espaço como algo indispensável para a vida do homem encerrando as condições de trabalho, quer sejam naturais, quer sejam socialmente produzidos. Na sua antropogeografia Ratzel desenvolve dois conceitos: o primeiro a uma parte do espaço utilizado em grupo e o segundo as necessidades de uma sociedade em relação ao desenvolvimento tecnológico. “Seria assim uma relação de equilí rio entre a população e os recursos, mediada pela capacidade técnica”. (MORAES, 1990 p. 23). “O espaço na visão hartshorniana é o espaço absoluto, isto é, é um conjunto de pontos que tem existência em si, sendo independente de qualquer coisa” (CASTRO et. all., 2000 p.18). Já para Gomes (2002, p.172) há três características que definem o “espaço geográfico”: “É sempre uma e tensão fisicamente constituída, concreta, material, substantiva; compõem-se pela dialética entre a disposição das coisas e as ações ou práticas sociais; a disposição das coisas materiais tem uma lógica ou coerência”. 36 Quando você faz a leitura de um jornal você fica sabendo das notícias de vários países, as notícias circulam por todo o mundo constantemente e está repleto de pessoas. Segundo Santos (1996, p. 26) o espaço deve ser “considerado como um conjunto indissociável de que participam, de um lado, certo arranjo de objetos geográficos, objetos naturais e objetos sociais, e de outro, a vida que os preenche e os anima”. Todas as atividades realizadas pelos seres humanos acontecem em algum espaço e essas atividades transformam os espaços e também são transformadas pelo próprio espaço. A primeira é a materialização de um instante da sociedade. (...) O espaço contém o movimento. Por isso, paisagem e espaço são um par dialético. Complementam-se e se opõem. Um esforço analítico impõe que os separemos como categorias diferentes, se não queremos correr o risco de não reconhecer o movimento da sociedade. (SANTOS, 1996, p.72) Se você considerar a cidade em que vive, perceberá que ela sofreu diversas alterações no espaço, seja na vegetação, no relevo, na construção, nas ruas, diversas alterações ocorreram. O ser humano sempre está nas suas ações provocando alterações nas várias atividades de trabalho, no comércio, na agricultura, na construção e no lazer, e todas as outras atividades humanas vão transformar o espaço, ou seja, o espaço sofre alterações pelo homem. Para Cabral (2007, p. 146) “o espaço pode também ser visto como uma comple a composição de formas, sentidos, atividades e conte tos”. Portanto, o espaço passa a existir quando há interação entre o homem e o meio em que vive, promovendo alterações de suas características originais. A forma como as sociedades se relacionam com o espaço vai se modificando, enquanto sua capacidade de intervenção se acentua e o espaço geográfico torna-se cada vez mais abrangente, chegando a quase se sobrepor a todo o globo. Além disso, a presença humana efetiva não é imprescindível para que uma área seja definida como espaço geográfico, basta que a área esteja inserida nos projetos humanos ou que se verifique intervenção indireta, como por exemplo, através de delimitação de áreas de preservação. 37 Agora vamos falar sobre paisagem. Muitas pessoas entendem paisagem como uma pintura ou fotografia e até mesmo confundem com paisagismo. Você sabe a diferença de paisagem e paisagismo? Paisagismo é a arte de distribuir plantas e objetos no jardim ou parque, a paisagem para geografia é indicadora de conteúdo vivo e de processos dinâmicos, isto é que estão sempre em atividade. Paisagem é um conjunto de elementos naturais e culturais visto pelo homem em um local. A paisagem natural é aquela em que o homem não transformou, formada por elementos naturais constituídaspor lagos, montanhas, rios, serras, vegetação e etc. A paisagem cultural é aquela que foi modificada pelo homem, formada por elementos constituídos pelos seres humanos como casas, prédios, rodovias e pontes etc. As paisagens naturais são transformadas pelo homem para dar lugar às paisagens culturais como, por exemplo, hotéis, plantação, construção de fábricas e etc. Existe a representação de vários elementos geográficos físicos como, por exemplo, as montanhas, rios e lagos, como também elementos biológicos como as árvores e os animais e ainda elementos humanos e produtos da atividade humana como os prédios, carros, trem etc. A paisagem é uma marca, pois expressa uma civilização, mas é também uma matriz porque participa dos esquemas de percepção, de concepção e de ação – ou seja, da cultura – que canalizam, em um certo sentido, a relação de uma sociedade com o espaço e com a natureza. (BERQUE, 1998, p. 84-85). A paisagem também se constitui como uma realidade atual construída através do acúmulo de acontecimentos ou eventos passados, sendo que o que é observado em uma paisagem da atualidade passou por um processo de constantes mudanças. Este aspecto pode ser observado através de fotografias de uma mesma paisagem referentes a tempos ou gerações diferentes, na qual se pode perceber o que permanece e o que é alterado no decorrer dos tempos para formar a paisagem atual. De modo geral, as mudanças causadas pela natureza (como, por exemplo, a erosão, o aquecimento global) são percebidas lentamente, enquanto que as alterações humanas são mais rápidas (como por exemplo, a construção de uma cidade ou de uma ponte), embora um evento 38 natural como terremotos e furacões também possa promover grandes alterações. Em relação ao lugar em uma visão humanista em relação ao homem e ambiente, o conceito de lugar faz referência a uma realidade de escala local ou regional e pode estar associado a cada indivíduo ou grupo. O lugar pode ser entendido como a parte do espaço geográfico, área onde se desenvolvem as atividades cotidianas ligadas à sobrevivência e às diversas relações estabelecidas pelos homens. Para compreensão deste conceito Leite (1998) menciona a “valorização das relações de afetividade desenvolvidas pelos indivíduos em relação ao seu ambiente”. O lugar significa muito mais do que simplesmente uma localização geográfica, ele está relacionado aos diversos tipos de experiência e envolvimento com o mundo. Além disso, o lugar está associado ao sentimento de pertencer a determinado espaço, de se identificar com uma determinada área. “Cada localidade possui características próprias que, em conjunto, conferem ao lugar uma identidade própria e cada indivíduo que convive com o lugar, com ele se identifica” (LISBOA, 2007 p.30). Dessa forma, cada indivíduo que ocupa o espaço geográfico seja para se relacionar ou interagir compõe o seu lugar, mesmo ocupando lugares diferentes e cotidiano diferentes. O lugar possui também íntima relação com os aspectos culturais que marcam cada sociedade. (LISBOA, 2007). Fundamentos da percepção A Educação Ambiental tem sido uma temática muito recorrente nos últimos anos e vem sendo motivo de preocupação crescente, colocando, portanto, em evidência as questões ambientais nas escolas, a fim de que desde cedo os estudantes, como atores sociais alcancem a percepção dos problemas ambientais da sociedade atual. Esses problemas têm sido a preocupação geral da humanidade, sobretudo, os que se referem a preservação do meio ambiente que hodiernamente, é uma questão de 39 sobrevivência, garantir sobrevida às gerações presentes e de possibilitar vida às gerações futuras. Ela se coloca em uma posição contrária ao modelo capitalista, no qual os valores éticos de justiça e solidariedade não são valorizados, a cooperação não é estimulada, mas que o lucro a qualquer preço é considerado ao lado da competição e egoísmo onde os privilégios de poucos são acatados em detrimento da maioria da população. É através do emprego de temáticas ambientais como meios de aprendizagem que a escola conscientiza e prepara o estudante para o exercício da cidadania por meio da participação ativa individual e coletiva, considerando os processos socioeconômicos, políticos e culturais que a influenciam. (BARROS, 2009; SILVA, 2001). Segundo Segura (2003) a escola é o espaço de trabalho fundamental para iluminar as bases de formação para a cidadania e representa o fortalecimento da luta ambiental, de modo a contribuir e influenciar a formulação de políticas públicas e a construção de uma cultura democrática. Nesse sentido, a educação ambiental exige um conhecimento aprofundado para reflexão crítica que deve gerar a práxis, isto é, ação, reflexão ação e justifica-se que seja de fundamental importância, um seguimento tão necessário na formação como é a escola, formar para cidadania, buscando realizar um trabalho bastante efetivo junto ao estudante através de procedimentos que orientem a se tornarem capazes de, com autonomia, assumir atitudes e desenvolver ações de cidadania. Como já foi dito, a reflexão crítica deve conduzir as mudanças necessárias da realidade e com isso promover a melhoria da qualidade de vida para todos os seres vivos e assim garantir a sustentabilidade. Conforme Freire (1986, p. 77-78) ao afirmar que: 40 O conhecimento mais crítico da realidade, que adquirimos através de seu desvelamento, não opera por si só, a mudança da realidade. [...] Ao desvelá-la, contudo, dá-se um passo para superá-la desde que se engajem na luta política pela transformação das condições concretas em que se dá a opressão. A educação exerce um papel muito importante na integração da vida econômica e social da humanidade, somente por meio dela é que se poderão agregar novas e positivas formas de abordagem e planejamento sendo indispensável para a mudança de comportamento em relação ao meio ambiente. A partir do conhecimento da percepção ambiental, desenvolvida com bases políticas, conceituais, filosóficas e ideológicas, como foram aqui elencadas é que o comportamento e as atitudes poderão ser modificados. Percepção de Riscos, Adaptação e Ajustamento. Em diversos campos disciplinares, as noções de risco, de ameaça e de vulnerabilidade vêm sendo utilizadas, mas ao mesmo tempo dificultam o consenso quanto às ideias que possam representar. O que é risco? Risco é uma possibilidade de ocorrência de eventuais no espaço e no tempo, que causa dano à saúde, às unidades funcionais ou dano econômico/financeiro. Não são poucas as discussões e as interpretações dos pesquisadores a respeito do tema. Sabe por quê? Existem alguns casos em que a ausência de rigor conceitual tem se mostrado comprometedora no caso da verificação dos riscos ambientais, já que atrapalham o diálogo entre os diferentes saberes envolvidos, principalmente entre as ciências naturais e humanas. Existem algumas diferenças entre risco, perigo e dano. Vamos aprender a diferenciar cada um, compreendendo suas definições: 41 Risco: É uma ou mais condições de uma ocorrência com potencial para causar danos. Perigo: Expressa a exposição a um risco que tende a ocasionar danos. Dano: Diz respeito ao agravamento da lesão ou à perda física, funcional ou econômica, que podem resultar da perda de controle sobre determinado risco. Os conceitos nos certificam de que esses danos podem ser entendidos como lesões a pessoas, em equipamentos ou estruturas, perda de material em procedimento de produção ou redução da capacidade de trabalho de uma função predeterminada. Havendo risco, haverá probabilidade de ocorrerem efeitos adversos. Tendo como base os fenômenos que constituem a ameaça, a classificação dos diferentes tipos de riscos ambientais podeser construída. De acordo com essa perspectiva, Cerri e Amaral (1998) propõem uma classificação para os riscos ambientais. Esta classificação parte do princípio de que os riscos ambientais constituem a maior classe dos riscos que, por sua vez, são subdivididos em classes e subclasses. O autor abrange, em sua proposta, desde os perigos naturais (catástrofes) e impactos até as condições de vida da sociedade, o que implica em avaliações em diferentes escalas e períodos de tempo. Ele utiliza as categorias risco natural, risco tecnológico e risco social. A respeito do risco am iental, Egler (op. cit. p. ) esclarece que “a análise de risco ambiental deve ser vista como um indicador dinâmico das relações entre os sistemas naturais, a estrutura produtiva e as condições sociais de reprodução humana em um determinado lugar e momento”. É importante neste sentido, que seja considerado o conceito de Risco Ambiental como a resultante de três categorias básicas: 42 Risco natural: associado ao comportamento dinâmico dos sistemas naturais, isto é, considerando o seu grau de estabilidade/instabilidade expresso na sua vulnerabilidade a eventos críticos de curta ou longa duração, tais como: inundações, desabamentos e aceleração de processos erosivos; Risco tecnológico: potencial de ocorrência de eventos danosos à vida, a curto, médio e longo prazo, em consequência das decisões de investimento na estrutura produtiva. Envolve uma avaliação tanto da probabilidade de eventos críticos de curta duração com amplas consequências, como explosões, vazamentos ou derramamentos de produtos tóxicos, como também a contaminação em longo prazo dos sistemas naturais por lançamento e deposição de resíduos do processo produtivo. Risco social: resultante das carências sociais ao pleno desenvolvimento humano que contribuem para a degradação das condições de vida. Sua manifestação mais aparente está nas condições de habitabilidade, expressa no acesso aos serviços básicos, tais como: água tratada, esgotamento de resíduos e coleta de lixo. Para melhor compreender essa categorização caro estudante, observe com muita atenção a imagem abaixo: FIGURA 1 - PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS. Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAg2vAAF/relatorio-area-risco-2011 43 Kates ( 7 , p. ) alerta para o fato de que: “A criação de taxonomias ou classificações de eventos de risco e consequências devem ser abordadas com cautela”. Dessa forma, todo o cuidado é necessário a fim de que equívocos possíveis e mais graves não impliquem imprecisões, especialmente sob o ponto de vista do plano ideológico e até mesmo do método. Para Prieto (2009), o estudo da Educação Ambiental na percepção é um poderoso instrumento que permite ao pesquisador aprofundar e analisar a concepção das inter-relações entre a sociedade e o ambiente no qual vive, principalmente quanto às noções, condutas e costumes que confirmam como cada sujeito compreende e responde às ações sobre o local em que vive. Entretanto, para se conseguir o objetivo de modificar a forma de olhar, ou perceber o ambiente, deve-se inserir um programa de educação ambiental voltado para a realidade da sociedade. É uma atitude prática e não apenas teórica, que incentiva em mudanças de comportamentos e atitudes ambientalmente adequadas a fim de que os indivíduos atinjam um pensamento mais crítico e reflexivo sobre tais ações. Percepção como Instrumento: Planejamento, Gerenciamento e Educação Ambiental. A importância do planejamento, que se mostra cada vez mais importante na sociedade de hoje tem sido um instrumento muito importante na complementação dos projetos de planejamento ambiental, sobretudo na responsabilidade social de gestão e uso dos recursos naturais. No dia a dia, as pessoas estão sempre planejando e tomando direções a serem seguidas, mesmo sem perceberem a tomada de decisões é algo que faz parte da nossa atitude racional, de cidadão ou mesmo grupos que procuram atingir seus objetivos. Entretanto, nem toda decisão que tomamos é considerada planejada. 44 Pensar em planejamento é falar tanto da realidade atual como do futuro desejado, assim como dos caminhos possíveis entre ambos, cuja escolha e aplicação vão depender dos interesses e das circunstâncias, em constante mutação. Segundo Baptista (1991) o planejamento é uma lógica que se utiliza para analisar os problemas, estudar as diferentes opções para solução e organizar as ações necessárias. Contudo o planejamento não vem pronto como também não se tem a disposição fórmulas para serem aplicadas com exatidão em momentos ou circunstâncias adversas. Tendo como ênfase o setor ambiental, existem vários tipos de planejamento são eles: o planejamento de obras, organizações, projetos educativos, campanhas etc. Toda essa imensidão corresponde a crescente complexidade e fragmentação da sociedade e de suas instituições, na busca de respostas para os problemas na variedade de contextos, escalas e de horizontes que especificam o atual processo de planejamento. Como bem dizia Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, “não e iste vento favorável para quem não sa e onde deseja ir”. Assim o planejamento ele se torna indispensável para efetivação do que se propõe a realizar. De acordo com Silva, (2001, p.161) deve-se lembrar: “planeja quem e ecuta e e ecuta quem planeja”, mas tendo consciência que nenhum planejamento de caráter ambiental se efetiva por si só. As experiências com essa área faz-se perceber que sem a participação popular ou grupos sociais a proposta de educação ambiental dificilmente acontece, pois quando pensamos em educação ambiental não focamos numa única e específica figura individual, mas no pluralismo das coletividades, como as classes e categorias de pessoas, em diversos lugares e meios que compõem a nossa sociedade. O objetivo é alcançar o bem comum a todos os indivíduos sem exceção. Para se atingir tais premissas é necessário responder alguns questionamentos básicos: a) quais são os grupos sociais prioritários no 45 processo de planejamento? b) qual conteúdo específico para cada grupo social? c) qual caminho metodológico? Quais são as estratégias adequadas para atingir tais propostas? Na tentativa do encontro de respostas para essas interrogativas surge uma questão muito importante: a participação social, ou seja, um planejamento participativo. Inúmeros estudos de avaliação de projetos demonstram que, se as comunidades e grupos, não se sentem envolvidos nas ações dos programas e projetos, a sua sustentabilidade, manutenção e desenvolvimento fica comprometida. Todo processo de planejamento deve ter necessariamente quatro etapas: 1) O conhecimento da realidade; 2) A concepção de um plano; 3) A execução do plano; 4) O acompanhamento e a avaliação das ações; Essa sequência na prática é um ciclo continuado, dessa forma cada etapa se integra envolvendo-se simultaneamente. É um processo permanente o conhecimento da realidade. Outro conceito que emerge desses aspectos são os termos: política, gestão, gerenciamento e planejamento que vem sendo utilizados quase sempre como sinônimos, mas na verdade correspondem a definições bem distintas. Caro estudante, para sua melhor compreensão, tendo como referência o setor ambiental destacamos os seguintes conceitos segundo FRANK (1995): 46 Política ambiental: é o conjunto consistente de princípios doutrinários que confirmam as aspirações sociais ou governamentais, no controle e na proteção do ambiente. Planejamento ambiental: é um estudo prospectivo que visa o controle e proteção do ambiente as aspirações sociais ou governamentais, expressas formal ou informalmente em uma política ambiental, por meio da articulaçãoe implementação de projetos de intervenção. Gerenciamento ambiental: é o conjunto de ações destinado a regular uso, controle e proteção do ambiente e a avaliar a conformidade da situação atual com os princípios doutrinários estabelecidos pela política ambiental. Gestão ambiental: é o processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço com vistas a garantir adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais, naturais, econômicos e socioculturais. Em suma pode-se dizer que a Educação Ambiental é designada a desenvolver nas pessoas conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas para a preservação do meio ambiente. Para tanto, são necessários diferentes olhares sobre a questão ambiental, ou seja, o envolvimento de diferentes disciplinas e mais a interdisciplinaridade entre elas. 47 PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3 CONHECIMENTOS Entender como trabalhar a Educação Ambiental nos níveis e modalidades da Educação Básica, bem como na Educação Indígena, a prática das Escolas do Campo, Educação Infantil e EJA. . HABILIDADES Identificar como desenvolver o conteúdo sobre educação ambiental em cada nível e modalidade da educação. . ATITUDES Aplicar no âmbito escolar aulas em espaços abertos, possibilitando aos estudantes o contato com a terra, água e ar a fim de motivá-los a respeitarem como fontes fundamentais de vida e energia. 48 49 A Educação Ambiental nas Práticas Escolares Em todos os níveis e modalidades de ensino, na educação escolar, o Órgão Gestor – nomeadamente o MEC – tem a obrigação de apoiar a comunidade escolar – professores, estudantes, direção, funcionários, pais e amigos – a se tornarem educadores e educadoras ambientais com uma leitura crítica da realidade, uma leitura da palavra-mundo conforme Paulo Freire. A educação ambiental incorporando-a ao projeto político-pedagógico e adequando-a à realidade local da comunidade escolar, como operacionalizar? Infelizmente a PNEA não resolve, é um dilema, mas a partir de seus princípios e objetivos é possível extrair algumas diretrizes comuns, como, as interações entre ambiente, cultura e sociedade, a visão da complexidade da questão ambiental, o caráter crítico, político, interdisciplinar, contínuo e permanente. E além dessas diretrizes comuns, existem aspectos da educação e da dimensão ambiental que podem ser desenvolvidos em cada nível e modalidade da educação formal. Trabalhando a Educação Ambiental nos níveis e modalidades da Educação Básica É importante enfatizar a sensibilização com a percepção, interação, cuidado e respeito das crianças para com a natureza e cultura destacando a diversidade dessa relação na educação infantil e no início do ensino fundamental. Convém desenvolver nos anos finais do ensino fundamental o raciocínio crítico, prospectivo e interpretativo das questões socioambientais bem como a cidadania ambiental. No ensino médio e na educação de jovens e adultos, o pensamento crítico, contextualizado e político, e a cidadania ambiental devem ser ainda mais aprofundados, podendo ser incentivada a atuação de grupos não apenas para a melhoria da qualidade de vida, mas especialmente para a busca de justiça socioambiental, frente às desigualdades sociais que expõem grupos sociais economicamente vulneráveis em condições de risco ambiental. 50 No âmbito do ensino médio e educação superior, no ensino técnico é fundamental o conhecimento de legislação e gestão ambiental, aplicáveis às atividades profissionais enfatizando a responsabilidade social e ambiental dos profissionais. Seria vantajosa na educação superior a criação de disciplina ou atividade que trate da educação ambiental, de legislação e gestão ambiental, incluindo o enfoque da sustentabilidade na formação dos profissionais que atuam nas diferentes áreas. É importante a revitalização da história e cultura de cada comunidade comparando-as com a cultura contemporânea e seus atuais impactos socioambientais, especialmente aqueles causados por modelos produtivos. Para a educação indígena e quilombola é oportuna em ambas as modalidades bem como na educação no campo, a reflexão sobre processos de proteção ambiental, práticas produtivas e manejo sustentável. A prática da Educação Ambiental na visão da Educação Indígena É uma relação com o comportamento das pessoas, com suas vidas e seus jeitos. É bastante abrangente e se aplica também à educação ambiental quando se fala em educação: porque se está falando de vida e de recursos que tocam a vida, de que pode haver paz dentro de um ambiente quando se consegue entender o papel, a função de cada elemento que faz parte do seu mundo. No caso do povo indígena e a natureza, os choques entre as populações acontecem a partir de orientações e da introdução de conceitos que são de outra realidade ou cultura, que são impostos dentro da comunidade. Percebe-se que a educação, no caso dos povos indígenas está ligada à estrutura social do povo e sua relação com a natureza. Porque essa relação se constrói, não se criam regras, não se impõe sobre a natureza, se obedece ao que a natureza orienta, se planeja de acordo com o que a natureza oferece. 51 Por exemplo, na época de chuva, se faz determinado tipo de trabalho. No verão, se aproveita e se faz outro tipo de trabalho, é um processo comum perceber este procedimento. Então, existem atividades que não se fazem quando está chovendo, e atividades que não se fazem, quando está seco. É esse o entendimento de que as pessoas se obrigam a obedecer ao que a natureza dita como regra. Entra-se em choque com ela quando se criam regras contrárias à orientação da natureza. É muito forte essa relação indígena com a natureza, porque existe um jeito de distribuir ao longo do tempo o descanso para cada uma das espécies. Áreas de refúgio, de reprodução, sejam da fauna ou da flora, a natureza tem um jeito de lidar com essa questão. Há situações que hoje a comunidade indígena está sofrendo porque foi orientada, muitas vezes, a deixar o seu jeito de ser, de estar, respeitar as orientações da natureza para impor uma política diferente (ASHANINKA, F. P., 2006). As culturas indígenas se pautam material e simbolicamente no meio ambiente em que se constituíram – daí sempre se extraiu a matéria-prima para a produção da cultura material (casas, artefatos de uso cotidiano e ritualístico etc.) e para a subsistência (caça, pesca, coleta de frutos e raízes, roça etc.). Essa integração ser humano-meio se dá no dia a dia, nas tarefas domésticas ou de subsistência, nas relações interpessoais, na maneira como cada indivíduo interpreta a realidade a fim de apreendê-la. É nesse contexto que as tradições, os costumes, a língua, a religião e a estrutura social foram construídos e transmitidos de geração em geração. É através dessa mediação cultural que comunidades indígenas exercitam uma educação profundamente comprometida com seu meio socioambiental. Não são apenas os conhecimentos tradicionais que podem acrescentar muito à educação ambiental – nesse aspecto a relevância e as formas de transmissão comunitária dessa mediação cultural devem ser consideradas. 52 Temas transversais na prática da Educação Ambiental Indígena O primeiro tema transversal é a terra e conservação da biodiversidade. A questão territorial é um foco clássico dos movimentos indígenas, batalha de séculos contra governos e interesses econômicos. Autonomia política, econômica e cultural assim como o uso sustentável dos recursos naturais são questões na pauta do dia. A preservação dos biomas nesses territórios é uma demanda atual das lideranças e está associada a outro tema transversal; autossustentação. O universo do trabalho sofre transformações,e nas regiões onde a degradação ambiental gerou déficits graves, a carência, inclusive alimentar, é imensa. Novas necessidades são incorporadas (vestuário, remédios, material escolar), e as comunidades se organizam em associações, fazem parcerias com ONGs e universidades, encaminham projetos e reivindicações aos governos a fim de buscar soluções. E muitas parecem estar construindo esse caminho através de projetos de produção econômica comunitária e familiar, manejo ambiental, registro e difusão cultural, entre outros. Seguem abaixo as diretrizes nacionais para o trabalho em sala de aula com esses temas. Terra e conservação da Biodiversidade (Tema Transversal no1/ RCNEIS) Identificar as áreas indígenas existentes no Brasil e os valores de relação com seu habitat. Reconhecer a riqueza biológica de sua área indígena e do Brasil. Conhecer a Constituição, que assegura o direito à terra e seu usufruto. Valorizar a biodiversidade existente em áreas indígenas. Reconhecer os materiais existentes na natureza que possibilitam as manifestações artístico/culturais de seu povo. Valorizar o meio em que vive destacando a biodiversidade existente nele. Conhecer e discutir a questão das terras indígenas e a situação fundiária no Brasil. 53 Autossustentação (Tema Transversal no 2/ RCNEIS) Aplicar os conhecimentos das diferentes áreas de estudo para apoiar a discussão do mundo produtivo e do trabalho. Permitir aos alunos uma escolha mais consciente das alternativas de autossustentação hoje presentes para sua sociedade ajudando a fazer da escola um local de reflexão sobre a vida e o trabalho, numa perspectiva de progressiva autonomia. Refletir sobre o que permaneceu e o que mudou nessas práticas produtivas e culturais. Conhecer, a partir de diferentes fontes, as alternativas econômicas do grupo étnico antes do contato. Participar da criação de alternativas de autossustento a partir das condições socioambientais atuais. Participar da busca das alternativas de comercialização nos mercados regional, nacional e internacional. Conhecer outras práticas produtivas para o autossustento de sociedades em condições ambientais e socioculturais similares. Compreender a noção de atividade predatória. Conhecer procedimentos e técnicas adequadas cultural e ambientalmente corretas, que permitam o enriquecimento alimentar e a melhoria das condições de vida e saúde. Desenvolver atitudes para o trabalho e a vida social que reforcem os laços de solidariedade familiar e comunitária. A Educação Ambiental na prática das escolas do campo Apesar de ter como preocupação comum o meio ambiente e de reconhecer o papel central da educação na melhoria da relação do ser humano e da sociedade com o ambiente, pesquisadores e educadores ambientais vêm adotando diferentes discursos propondo diferentes correntes, ou seja, maneiras de conceber e de praticar a educação ambiental. É uma complexa dimensão da educação, caracterizada por uma grande diversidade de teorias e práticas, portanto, não pode ser entendida no singular. 54 Defendemos que as escolas do campo precisam de uma educação ambiental diferenciada, específica, isto é, baseada em um contexto próprio, voltada aos interesses e às necessidades dos povos que moram e trabalham no campo. Não podemos esquecer que a realidade do campo é diversa, heterogênea, portanto, a educação ambiental não pode ser para todos os povos, idêntica, mas deve ser articulada às demandas e especificidades de cada território, de cada comunidade, de cada localidade. A educação ambiental deve estar vinculada às causas, aos desafios, aos sonhos e à cultura dos povos que vivem no campo. Em outras palavras, que veicule um saber significativo, crítico, contextualizado, do qual se extraem indicadores para a ação, reforçando um projeto político-pedagógico vinculado a uma cultura política libertária, baseada em valores como a solidariedade, igualdade, diversidade. Por essa razão, necessitamos encontrar um lugar adequado para a educação ambiental dentro do projeto educativo das escolas, bem como corroborar e fortalecer as suas relações com outros aspectos da educação do campo. Necessitamos ter cada vez mais claro qual é o papel político da educação ambiental: ela não é apenas um suplemento da educação, mas é uma educação que submerge a reconstrução do sistema de relações entre as pessoas, o ambiente natural e a sociedade. Exemplos de Projetos de trabalho para a Educação Ambiental nas escolas do campo Por meio de projetos de trabalho intencionalmente planejados (conectados com as políticas públicas de educação, com a proposta político- pedagógica da escola do campo e com as pretensões da comunidade), as questões socioambientais relevantes em nível local, contextualizadas em uma realidade global, podem ser trazidas para dentro da escola. Além de permitirem o acesso a novas informações, os projetos de trabalho na escola, favorecem a problematização da realidade, contribuem para a comunidade ler a realidade (analisá-la e interpretá-la) com outros olhos, 55 averiguar as dificuldades e tumultos socioambientais favorecendo o desenvolvimento de uma sensibilidade política e de valores humanos que aceitam ao sujeito posicionar-se frente à realidade. Na região do Alto Uruguai Gaúcho, a agroecologia, transgênicos, conservação da floresta ombrófila mista conservação e uso sustentável das águas, temas de grande relevância sociocultural, são objetos de projetos de trabalho desenvolvidos pelas escolas rurais, que atendem filhos de agricultores familiares. E as educadoras que atuam nas escolas rurais da região, participantes do Projeto Lambari, têm elaborado seus projetos de trabalho tendo como referência três etapas construídas pelo grupo, descritas a seguir. (Tente trabalhar sua realidade local). 1ª ETAPA: Estudando a realidade local e definindo os temas dos projetos A partir da análise da situação, do contexto e das demandas da comunidade bem como das suas contribuições para a comunidade local são definidos pela comunidade escolar os temas dos projetos de trabalho e seus objetivos gerais. 2ª ETAPA: Tecendo redes de relações Por meio da construção das redes de relações, o tema central do projeto é visto sob a óptica de todas as disciplinas do currículo escolar buscando o diálogo entre as diferentes visões. Nessas redes são definidos não só os conceitos ou proposições a serem trabalhadas, mas também as dúvidas, as contradições existentes. Nas redes os conceitos não procedem necessariamente de outros mais gerais e inclusivos, mas eles adquirem em si mesmos a categoria de nós articuladores que colaboram para a explicação e representação de um fenômeno. Uma nova abrangência dos professores sobre o tema do projeto aparece do confronto das diferentes visões e do uso do conhecimento que 56 cada um detém de sua área. E a troca de conhecimentos específicos permite aos professores apreender aspectos antes não observados. Desse modo são deliberados os objetivos específicos e os conteúdos a serem trabalhados durante o projeto estabelecendo relação entre eles. 3ª ETAPA: Traçando trajetórias São trabalhados pelos professores, os conteúdos selecionados que projetam suas atividades e as confrontam com os outros professores. São então definidas as atividades iniciais do projeto (atividades desencadeadoras), as atividades de desenvolvimento (que buscam a aquisição de novos conhecimentos, de procedimentos e de novos valores com todos os envolvidos no processo) e de fechamento do projeto (produto final). Também são definidos os recursos imprescindíveis e constituído o cronograma de realização do projeto. As atividades também são oferecidas e discutidas com a comunidade escolar, proporcionandoa lógica do projeto que se pretende elaborar e ainda aberto às mudanças que se façam necessárias. Resguardamos que a educação ambiental nas escolas do campo deve abranger o pensar e o fazer, o agir e o refletir, a teoria e a prática. Ela deve adotar o diálogo como sua essência; apontar para a participação; discutir no coletivo; exigir uma postura crítica, de problematização constante estabelecendo uma relação dialética entre os conhecimentos populares, de senso comum com aqueles já sistematizados. É um amplo desafio à educação ambiental do campo estimular um procedimento de reflexão sobre modelos de desenvolvimento rural que sejam responsáveis, economicamente viáveis e socialmente aceitáveis, que contribuam para a redução da pobreza, para a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade, para a transformação dos problemas socioambientais fortalecendo as comunidades, não dissociando a complexidade da sociedade e da natureza. 57 A prática da Educação Ambiental nos espaços de Educação Infantil Num quadro planetário, como educar as crianças, em que cerca de 38 mil hectares de florestas nativas são extinguidas por dia, milhares de espécies desaparecem e “ ,3 ilhão entre os mamíferos humanos (20,6% da população mundial) estão ameaçados de morte pela fome” (DIAS, 200 , p. 23). Certamente não será nosso objetivo ensiná-las a reproduzir um estilo de pensar e de viver a vida, que é calamitoso, que é insalubre! Temos, todos os dias, nas creches e pré-escolas, a oportunidade de proporcionar interações, sensações, condições materiais e imateriais que colaborem para a formação de dois modos de existência: um que potencializa a existência; outro que faz sofrer, que enfraquece (ESPINOSA, 1983). Como autoconstituição e aprendizagem não são procedimentos separados, é fundamental que aqui elas vivenciem experiências positivas, pois, se a vida perpassa no cotidiano das instituições, é aí que ela se assegura como potência ou impotência, de corpo e de espírito. Creches e pré-escolas são espaços excepcionais para aprender- ensinar, porque aqui as crianças adquirem suas primeiras sensações, suas primeiras impressões do viver. Assim, interessados na produção de potência, podemos pensar as instituições de educação infantil como espaços de experiência do que é bom, do que alegra e, frente aos desafios da vida, nos faz mais potentes (DELEUZE, 2002). Mas, como ensinar as crianças na perspectiva de uma vida alegre, saudável e solidária, se vivemos num mundo em que imperam o individualismo, a competição e a destruição da biodiversidade? Ressaltando o modo de funcionamento de creches e pré-escolas, em meios urbanos e até mesmo em zonas rurais, podemos apreender que as crianças estão emparedadas: são mantidas, a maior parte do tempo, em 58 espaços fechados, as rotinas não contemplam suas necessidades e desejos de movimentarem-se livremente nos pátios, sob o céu, em contato com o sol, a terra, a água. Raramente de pés descalços, nas áreas exteriores brincam sobre chão predominantemente acobertado por cimento ou brita; e só se aproximam da água para beber e lavar mãos e rostos. Tomar banhos de mangueira, dar banho em boneca, brincar de comidinha, fazer barquinho para colocar na correnteza das valas quando chove... Nada disso é corriqueiro, ao contrário, é exceção! Se as crianças não convivem com seus elementos, como aprender a respeitar a natureza? Como investir na produção de entendimentos educacionais e hábitos que se estruturem na contramão de uma tendência que é destrutiva? Respondendo estas questões, alinhavou-se algumas ideias para uma educação que esteja voltada para a formação de pessoas dignas, solidárias e envolvidas com a sustentação da vida em nosso planeta. Você conceberá no próximo tópico. Reinventando as velhas rotinas na perspectiva da Educação Ambiental no Ensino Infantil Na probabilidade do cultivo de novas relações dos seres humanos entre si e com a natureza, a educação tem um sentido vasto, suplanta o pacto com a transmissão de informações via razão e busca compreender outras dimensões, como a intuição, a emoção. Envolvida com vontade e uma necessidade de reestruturação da civilização, ela desconfia do poder explicativo do racionalismo científico e valoriza os procedimentos criativos, colaborando para qualificar a vida nos planos das três ecologias. 59 Nessa expectativa, as instituições de educação infantil e suas educadoras e educadores admitem os desafios de uma educação ambiental que vise: Reinventar as afinidades com o corpo, com “o tempo que passa, com os segredos da vida e da morte” (GUATTARI 0, p. 6), em movimentos de encontro de cada um consigo mesmo, de fortalecimento da integridade de corpo-espírito-razão-emoção. Resgatar no melhor de nossas memórias culturais, subsídios – das culturas negra, indígena e de outras etnias que compõem a nação brasileira – que nos ajudem arquitetar novos modos de viver, sentir e pensar a vida sobre a Terra. Estar prudente aos entendimentos e práticas de trabalho que refletem o divórcio entre corpo e mente, que hipervalorizam o intelecto e fazem do corpo simples objeto de controle da mente. Ampliar os espaços e os tempos de movimentarem-se livremente, assim como de relaxar, meditar, estar atento à respiração, aprimorar a alimentação, cuidar da postura. Pensar um novo modo de funcionamento escolar que, por respeitar ritmos e interesses infantis, admita à criança instruir-se a respeitar as vontades do corpo; isso constitui atentar para as rotinas de sono, alimentação e domínio de esfíncteres, a procedimentos de inserção e acolhimento, modeladores de ritmos afetivo-corporais que repercutem em sua ecologia pessoal. Mexer numa rotina de trabalho que supervaloriza os espaços fechados das salas de aula, os materiais industrializados e oportunizar as crianças contato habitual e íntimo com a terra, com a água, como o ar, de tal forma que sejam percebidos e respeitados como fontes fundamentais de vida e de energia. 60 Promover encontros festivos (em que possamos partilhar alimentos, música, projetos) favorecedores de sentimentos de amizade, companheirismo e solidariedade. Esses são sentimentos que precisam ser aprendidos e exercitados no cotidiano, conteúdos que precisam ser introduzidos no planejamento de trabalho da escola. Incorporar o cotidiano as atividades de semear, plantar, cuidar e colher alimentos e outros vegetais; do mesmo modo, assumir cozinhas, hortas, marcenarias, oficinas de produção e conserto de brinquedos como privilegiados espaços educacionais, onde também se aprende matemática, ciências sociais e naturais, língua portuguesa. Questionar e combater as práticas consumistas e a onipresença dos meios de comunicação na vida das crianças abrindo espaço e estimulando as permutas humanas que se dão através da narrativa, da brincadeira e da produção artística. Investir na construção coletiva de propostas pedagógicas que visem uma conexão mais ampla e permitam o desfrute, a admiração e a reverência da natureza como fonte primeira, fundamental à reprodução da vida, e não como simples colônia, domínio de explorações humanas. Além disso – mas este é um argumento para outra conversa – é necessário assumir o campus escolar como espaço de averiguação pedagógica que seja prática ecológica. Isso implica “olhar para o próprio um igo”, isto , tomar consciência do impacto am iental que as creches e pré-escolas provocam adotando compromissos com a redução do consumo de água e de energia e com o desperdício de materiais. Transformar as relações e interações com a natureza discutindo os conceitos de conhecimento e de trabalho que essas interações asseguram; denunciando e rejeitando as propostascurriculares que propõem um conhecimento intelectual, descritivo, que fazem da natureza um simples objeto de estudo. 61 A Educação Ambiental e sua prática nos espaços de Educação de Jovens e Adultos Há uma intenção de se ajustar a discussão por um conceito reducionista e estreito quando se fala em educação de jovens e adultos. No senso comum, há uma intensa associação entre EJA e alfabetização e entre EJA e escolarização –, aceleração, correção de fluxo, aligeiramento e outros desvios! No fundo, as duas associações entre EJA e escolarização são acessíveis quando levamos em consideração o número de jovens e adultos acima de 15 anos de idade que não tiveram a chance de se alfabetizar, ou não tiveram a possibilidade de concluir o ensino fundamental. Ainda há no Brasil quase 16 milhões de jovens e adultos cujo direito mínimo à educação não foi considerado e quase 65 milhões (incluindo os 16 milhões acima) que não apresentaram condições de finalizar o ensino fundamental. Sem desejar negar a importância do processo de alfabetização e a sua continuidade escolar – a alfabetização, no sentido amplo do conceito, e a escolarização são procedimentos eficazes tanto da perspectiva individual de direito subjetivo quanto da perspectiva grupal da democracia participativa –, pondero primordial argumentar que o conceito da educação de jovens e adultos inclui a escolarização, mas, como toda boa educação, extrapola os processos escolares. A educação deve ser crítica e ativa, buscando aprofundar a nossa compreensão do mundo e a capacidade de mudá-lo. A educação não é um procedimento externo à vida; ao contrário, é parte condicional da vida, com força suficiente para modificá-la. Os conteúdos da educação vêm e retornam à vida. Por isso a centralidade da educação ambiental como eixo primordial de educação de jovens e adultos. O papel da educação tem se destacado ao longo dos últimos 40 anos, na grande maioria das conferências sobre o meio ambiente. Iniciando com a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, Tbilisi, em 1970, passando pela Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente, concretizada em Estocolmo, na Suécia, em 1972, e, com mais evidência ainda, na Conferência 62 das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – a ECO 92 ou Rio 92, concretizada aqui no Brasil, no Rio de Janeiro, em 1992, a educação foi determinada como de excepcional importância “na ascensão do desenvolvimento sustentável e para adicionar a capacidade do povo para abordar questões de meio am iente e desenvolvimento” (Agenda 21, Capítulo 36, Base para a ação – 36.3). Porém, geralmente ao frisar o papel da educação, se prioriza o ensino regular e atribui pouco valor para a educação de jovens e adultos. Existem ao menos dois caminhos na teoria e na prática da EJA, aparentemente diferentes que terminam articulando a EJA e as questões do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Em 1993, o Instituto Nacional de Educação Continuada de Adultos (NIACE), do Reino Unido, mencionou um documento intitulado “Aprendendo para o futuro: educação e o meio am iente”. O Instituto argumentava, neste documento, pela importância de a EJA se engajar de uma forma muito mais sólida nas questões ambientais. Apontava uma série de argumentos em favor da sua posição. Primeiramente, não há tempo satisfatório para esperar as gerações mais jovens amadurecerem antes de adotar ações ambientais. Em segundo lugar, a educação ambiental é um processo constante, que acompanha a vida toda, até mesmo porque a compreensão de questões ambientais também muda ao longo do tempo. Terceiro, para a educação ambiental de crianças ter confiabilidade, é necessário que a abrangência dos adultos também mude. E, por último, qualquer modificação ambiental exige o engajamento do elenco mais abrangente possível de pessoas – crianças, jovens e adultos de toda e qualquer faixa etária. Seguindo o mesmo raciocínio, a Declaração de Hamburgo, que resumiu as principais deliberações da V Conferência Internacional de Educação de Adultos (V CONFINTEA), realizada em Hamburgo, Alemanha, em 1997, afirmou no seu artigo 17, Sustentabilidade ambiental, que: A educação voltada para a sustentabilidade ambiental deve ser um procedimento de aprendizagem que deve ser ofertado durante toda a vida e que, ao mesmo tempo, afere os problemas ecológicos dentro de um contexto socioeconômico, 63 político e cultural. Um futuro sustentável não pode ser abordado sem endereçar a relação entre problemas ambientais e paradigmas atuais de desenvolvimento. Educação ambiental para adultos pode desempenhar um papel importante para sensibilizar e mobilizar comunidades e tomadores de decisões da necessidade de ação ambiental sustentável (V CONFERÊNCIA, 1999). A articulação de uma forma clara e consistente a educação de jovens e adultos e a educação ambiental, é um dos caminhos que encontra-se na noção de alfabetização ambiental e que se inicia na América do Norte na década de 1960, e de uma versão ainda mais radical (no sentido etimológico da palavra – de raízes) que se intitula Alfabetização Ecológica. Dois conceitos destacam muito bem o conhecimento ambiental com a Educação de Jovens e Adultos. O primeiro alude que o conhecimento ambiental e a ação que o sustenta requer uma atenção especializada de outras habilidades gerais do processo mais ‘tradicional’ de alfabetização. O segundo é ainda mais enfático, assegurando que a sobrevivência da Humanidade dependerá da alfabetização ecológica – a habilidade de compreender os princípios básicos da ecologia e de viver de acordo com eles (CAPRA, 2003). Entre a alfabetização vista como processo de codificação e decodificação da palavra escrita e de mundo e a alfabetização ambiental existem um terreno comum. De acordo com a UNES O ( 0), “a alfabetização ambiental faz parte de um processo essencial de alfabetização funcional, e mais, dos elementos essenciais para o desenvolvimento sustentável de uma nação”. Essa a ordagem englo a a alfa eti ação ambiental dentro da alfabetização funcional e, por extensão, aconselha que, para ser competente como cidadão, o jovem ou adulto teria que ser capaz de reconhecer o estado dos sistemas ambientais e preparado para enfrentar e resolver os problemas identificados. De acordo com St. Clair (2003), o conceito e prática de alfabetização ambiental têm um potencial admirável para mudar radicalmente a forma como questões ambientais são concebidas. Ressaltam a ação como principal resultado e aconselham que a alfabetização ambiental necessitaria ser considerada tão básica – e universalmente desejável – quanto a leitura e a escrita. 64 De acordo com André Trigueiro, o desenvolvimento da consciência ambiental se dá na perfeita proporção em que acatamos meio ambiente como algo que inicia dentro de cada um de nós, impetrando tudo o que nos cerca e as relações que estabelecemos com o universo. Trata-se de um assunto tão rico e vasto que suas ramificações atingem, de forma transversal, todas as áreas do conhecimento (TRIGUEIRO, 2003). Surge daí o nosso desafio: como as nossas práticas de EJA – sejam escolares ou não-escolares – podem e devem colaborar para esse desenvolvimento da consciência ambiental, que é necessariamente um processo educativo, um processo de aprendizagem? Como qualquer processo educativo, a EJA busca transmitir e gerar novos conhecimentos desenvolvendo uma atitude crítica e criativa frente ao conhecimento acumulado e frente à realidade socioeconômica, cultural e ambiental em que vivemos. Busca também constituir um diálogo entre os saberes e a experiência que jovens e adultos já acumularam e trazem para a sala de aula como parte da sua bagagem intelectual. Nesse contexto, constitui dialogar com a maneira pelos quais jovens e adultosapreendem a sua relação com o meio ambiente, o saber ambiental que já acumularam e a sua coexistência cotidiana com o meio ambiente, não em termos abstratos, mas de forma a articular teoria e prática. Procura ainda promover e fortalecer a percepção do meio am iente “como algo que inicia dentro de cada um de nós” e que, como cidadãos, temos o direito e dever de entender, preservar e proteger, de praticar a nossa cidadania como protagonistas nos processos decisórios sobre políticas ambientais gerando conhecimentos que admitam uma participação informada e ativa na realidade. Nesta perspectiva, fica claro que não se trata de compreender a educação ambiental como disciplina no currículo de EJA, seja no nível de ensino fundamental, seja no ensino médio, mas como um tema transversal a ser arraigado em todas as áreas de conhecimento, desde o princípio do processo na alfabetização. Como o documento do Niace afirma, a educação ambiental compõe um processo constante, que faz parte integral da educação ao longo da vida. A educação ambiental, ao mesmo tempo, tem uma função 65 estratégica extraordinária dentro e fora da escola. Indo além do que assegura o documento, que frisa a seriedade da educação ambiental na educação de jovens e adultos para admitir e facilitar que os conhecimentos adquiridos pelas crianças e as ações desenvolvidas a partir desses conhecimentos recebam confiabilidade e espaço social e político, pondero que a temática oferece um meio para maior consistência entre o ensino regular e a EJA. Há uma nítida separação, em muitas escolas, entre as duas identidades que frequentam a escola: crianças e adolescentes e jovens e adultos. Os últimos são considerados quase como ameaça para a escola, em muitos casos. A educação ambiental oferece a possibilidade de desenvolver projetos que não apenas envolvam e integrem a comunidade escolar, de todas as faixas etárias, mas que também permitam a construção de uma ponte, às vezes tão frágil, entre escola e comunidade, entre escola e realidade ambiental local e entre escola e vida. Concluindo, acredito que a afinidade da educação ambiental na educação de jovens e adultos, de uma forma sólida e não de uma forma figurada como uma disciplina isolada, não é uma opção, mas uma necessidade. De tanto ignorar o papel imprescindível da educação na questão ambiental, que passa pela questão do tipo de sociedade que queremos e qual o meio de desenvolvimento mais apropriado para alcançá-lo, enfrentamos uma circunstância que coloca em risco o próprio futuro do planeta. O efeito estufa, a destruição da camada de ozônio, o desflorestamento, a poluição do ar e das águas, a degradação dos solos agricultáveis não são questões a stratas a serem convenientemente dei adas para os “verdes” resolverem. São questões essênciais a qualquer discussão sobre qualidade de vida e sobre a capacidade do presente modelo de desenvolvimento atender às necessidades da geração presente, sem comprometer as possibilidades de atender às futuras gerações. Dessa forma, a educação ambiental adquire papel estratégico na educação de jovens e adultos como protagonistas no processo de transição para uma sociedade sustentável. E, assim, voltamos para o desafio de Thoreau e a vida no bosque em 1854. 66 Explicando melhor com a pesquisa Sugerimos a você à leitura do artigo, Revisitando as noções de espaço, lugar, paisagem e território, sob uma perspectiva geográfica. Este estudo tem por objetivo entender que o papel da geografia na construção de uma "análise espacial renovada" depende cada vez mais do conhecimento acerca do significado das categorias espaciais, propomos, neste artigo, refletir sobre as noções de espaço, lugar, paisagem e território, a partir de certo número de títulos da literatura geográfica publicada no Brasil. GUIA DE ESTUDO: Após a leitura do artigo, faça uma resenha crítica, apontando suas ideias e comparando com o que leu. 67 Leitura obrigatória Sugerimos que leia o livro Educação Ambiental: princípios e práticas. Este livro reúne as informações básicas conceituais sobre a EA, faz um histórico de suas atividades pelo mundo, sugere mais de cem atividades para sua prática, fornece subsídios para a ampliação dos conhecimentos sobre EA e expõe as diferentes formas legais de ação individual e comunitária que possibilitam um exercício de cidadania, visando uma melhor qualidade de vida. Trata-se de uma obra inovadora pelo seu pioneirismo como documento para estudiosos e leigos, posicionando a EA como instrumento de busca da harmonia racional e responsável entre o homem e o seu meio ambiente. GUIA DE ESTUDO Após a leitura da obra, elabore uma resenha crítica e disponibilize na sala virtual. 68 Pesquisando na Internet A partir da leitura realizada sobre Educação ambiental, faça uma pesquisa para aprofundar seus conhecimentos sobre: REFLEXÃO ÉTICA SOBRE A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL. GUIA DE ESTUDO Após sua pesquisa elabore um texto simples argumentando o assunto abordado e disponibilize na sala virtual. 69 Saiba mais Sugerimos a leitura da entrevista concedida a Sueli Furlan sobre Educação Ambiental nas escolas. Nesta entrevista, ela fala dos novos temas que devem ser abordados em sala de aula e da importância dos gestores assumirem o desafio de transformar suas instituições em escolas sustentáveis. GUIA DE ESTUDO Após a leitura da entrevista, faça um resumo comentando suas principais descobertas sobre o que você entendeu e disponibilize na sala virtual. 70 Vendo com olhos de ver O filme Amazônia em Chamas relata a saga do sindicalista Chico Mendes e dos seringueiros em defesa da Floresta Amazônica contra a exploração indiscriminada. A partir do filme é possível relacionar trabalho, sustento, economia e exploração de recursos naturais. Além das questões socioambientais, é possível extrapolar temas políticos, sociais e culturais. Todos os aspectos da floresta podem ser abordados. Este material fornece atividades e lições que permitem aos professores ganhar uma maior compreensão dessas questões. O material pretende estimular o desenvolvimento de atividades e práticas que possam ser realizadas dentro e fora da sala de aula, envolvendo o ensino e a aprendizagem de Biologia, através de atividades que integram Ciência, Arte e Cultura. GUIA DE ESTUDO Após assistir ao filme Amazônia em Chamas, faça uma autoanálise crítica aos acontecimentos pontuando com o assunto estudado, reforce seus argumentos. Depois disponibilize no ambiente virtual. 71 Revisando Na primeira unidade de estudo, apresentamos um pouco da história da Educação Ambiental, mostrando que ela é capaz de acabar com a insensibilidade ambiental e apresentar soluções para proteger o meio ambiente, e que o futuro do planeta depende das práticas do ser humano. Os valores ecológicos vieram a tomar consciência somente após alguns eventos de degradação, esse processo de destruição ambiental gerou vários sintomas ao nosso planeta como: mudanças climáticas, queimadas, perda da biodiversidade, poluição, falta de água e muito mais. Na década de 50 foi marcada pela preocupação ecológica na comunidade científica, já na década de 60 foi marcado pela preocupação ecológica no sistema social. Na década de 70, período marcado por movimentos em defesa do meio ambiente, mas foi na década de 80 o termo Educação Ambiental tornou-se popular pelo mundo. O MEC aprova a inclusão de conteúdos ecológicos nos currículos cuja finalidade de formar os estudantes com uma consciência ecológica.Na década de 90, o ambientalismo é fortalecido, pois houve em 1992 a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, onde participaram 108 países e decidiram tomar medidas para socorrer o globo terrestre e dar a possibilidade de outras gerações passarem a usufruir o planeta terra com mais qualidade de vida. Essa Conferência conhecida como ECO-92 é reconhecida como o encontro internacional de maior importância. No ano de 1993 o MEC instituiu um Grupo de Trabalho para Educação Ambiental com o objetivo de coordenar, apoiar, acompanhar, avaliar e orientar as ações e desenvolver metas e estratégias para a Educação Ambiental nos sistemas de ensino em todos os níveis e modalidades. Com isso houve a ela oração do novo Parâmetros urriculares Nacionais como o tema “ onvívio social, tica e meio am iente”, as escolas passaram a tra alhar a dimensão ambiental como tema transversal nos currículos do Ensino Fundamental. 72 A agenda 21 foi também citada neste material como uma ferramenta de idealização participativa visando a ampliação do planeta sustentável. Ela visa promover a educação para a sustentabilidade através da propagação e intercâmbio de informações e experiências através de cursos, seminários etc. Na segunda unidade de estudo foi apresentado a relação do meio ambiente e a sociedade, no qual vimos que grande parte da degradação do meio ambiente acontece por culpa do homem. Nunca paramos para pensar que uma simples compra, claro sem necessidade pudesse contribuir para a degradação do meio ambiente levando o fim dos recursos naturais. Por isso é necessário com urgência a mobilização entre as pessoas em relação à conservação dos recursos naturais. Foi apresentada a definição de espaço segundo alguns autores, mas podemos concluir que o espaço geográfico passa existir quando há interação entre o homem e o meio em que vive promovendo alterações de suas características originais. Já a paisagem é um conjunto de elementos naturais e culturais visto pelo homem em um local. A paisagem natural é aquela em que o homem não transformou e a paisagem cultural é aquela que foi modificada pelo homem. O lugar pode ser entendido como parte do espaço geográfico, onde se desenvolvem as atividades cotidianas. A Educação Ambiental tem sido uma temática muito recorrente nos últimos anos e vem sendo motivo de preocupação crescente, colocando em evidência as questões ambientais nas escolas com a finalidade de que desde cedo os estudantes devem alcançar a percepção dos problemas ambientais. Em relação a percepção de risco tendo como base os fenômenos que constituem a ameaça, a classificação dos diferentes riscos ambientais podem ser construídas. Os riscos ambientais podem ser classificados em: classes e subclasses. O conceito de risco ambiental é considerado em 3 categorias básicas: risco natural, risco tecnológico e risco social. Abordamos também sobre planejamento, na qual é importante atualmente na sociedade e por isso tem sido um instrumento de 73 complementação dos projetos de planejamento ambiental, sobretudo na responsabilidade social de gestão e uso dos recursos naturais. No setor ambiental há vários tipos de planejamento: planejamento de obras, organização dos projetos educativos, campanhas e etc. Todo processo de planejamento deve ter quatro etapas: o conhecimento da realidade; a percepção de um plano; a execução do plano; o acompanhamento e a avaliação das ações.A Educação Ambiental é designada a desenvolver nas pessoas conhecimento, habilidade e atitudes voltadas para a preservação do meio ambiente. Na terceira unidade de estudo apresentamos a prática da Educação Ambiental inserida nas escolas e incorporando ao projeto político-pedagógico. É visto a importância de sensibilizar as crianças a respeitar a natureza e cultura no Ensino Infantil e Ensino Fundamental. Convém desenvolver nos anos finais do Ensino Fundamental o raciocínio crítico e interpretativo das questões socioambientais, bem como a cidadania ambiental. No Ensino Médio e na Educação de Jovens Adultos o pensamento crítico deve ser ainda mais aprofundado, incentivando na melhoria de qualidade de vida, mas também na justiça socioambiental. O conhecimento de Legislação e Gestão Ambiental aplicável às atividades profissionais devem ser atribuídas, no Ensino Médio e Superior. A prática da Educação Ambiental na visão da educação indígena está ligada a estrutura social do povo e sua relação com a natureza, não sendo necessárias regras, ou seja, não se impõe sobre a natureza, apenas o que ela orienta. Nas escolas são apresentados aos estudantes temas transversais na prática da Educação Ambiental Indígena e com isso exige algumas diretrizes nacionais para o trabalho em sala de aula com os seguintes temas: conservação da biodiversidade, autossustentação. Abordamos também sobre a Educação Ambiental nas escolas no campo, na qual precisa ser diferenciada, se baseada nos interesses e necessidades da clientela. As escolas trabalham com projetos estudando a realidade local e definindo os temas, o tema central do projeto é visto sob a 74 ótica de todas as disciplinas do currículo escolar, são também traçados trajetórias definindo as atividades iniciais, as atividades de desenvolvimento e o fechamento do projeto. Algumas indagações foram levantadas em relação à prática da Educação Ambiental nos espaços da Educação Infantil: como as crianças podem respeitar a natureza se quase não convivem com ela. É no Ensino Infantil que deve ser ensinar, pois é nesse período que as crianças adquirem suas primeiras sensações. Abordamos também sobre o ensino na EJA. Existem ao menos dois caminhos na teoria e na prática da EJA, aparentemente diferentes que terminam articulando a EJA e as questões do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Em 1993, o Instituto Nacional de Educação Continuada de Adultos (NIACE), do Reino Unido, mencionou um documento intitulado “Aprendendo para o futuro: educação e o meio am iente”. O Instituto argumentava, neste documento, pela importância de a EJA se engajar de uma forma muito mais sólida nas questões ambientais. Vimos também a importância de se constituir um diálogo entre os saberes e a experiência que jovens e adultos já acumularam e trazem para a sala de aula como parte da sua bagagem intelectual. Nesse contexto, constitui dialogar com a maneira em que jovens e adultos apreendem a sua relação com o meio ambiente, o saber ambiental que já acumularam e a sua coexistência cotidiana com o meio ambiente, não em termos abstratos, mas de forma a articular teoria e prática. Nesta perspectiva, fica claro que não se trata de compreender a Educação Ambiental como disciplina no currículo de EJA, seja no nível de ensino fundamental, seja no ensino médio, mas como um tema transversal a ser arraigado, desde o princípio do processo na alfabetização até perpassar todos os níveis de conhecimento. 75 Autoavaliação 1) O que você entende por Educação Ambiental? 2) Faça um breve resumo da História da Educação Ambiental. 3) De acordo com os seus estudos, o que você pode entender sobre a finalidade da Agenda 21? 4) Descreva com suas palavras qual a relação entre sociedade e meio ambiente na atualidade. 5) Diferencie espaço, lugar e paisagem. . 6) Existem algumas diferenças entre riscos, perigo e dano, descreva-os. 7) Os termos como política, gestão, gerenciamento e planejamento vêm sendo utilizado quase sempre como sinônimos, mas na verdade correspondem a definições bem distintas. Descreva cada um deles. 8) Descreva como deve ser trabalhado a Educação Ambiental nos níveis e modalidades da: A) Educação Básica; B) Educação Indígena; C) Educação no campo; D) Educação de Jovens e Adultos.76 Bibliografia ASHANINKA, I. P. Entre diversas culturas. In: OCHOA, M. L. P; TEIXEIRA, G. de A. (Orgs.). Aprendendo com a natureza e conservando nossos conhecimentos culturais. Brasília: Organização dos Professores Indígenas no Acre – Opiac, Comissão Pró-Índio Acre, Ministério do Meio Ambiente, 2006. BAPTISTA, M.V. Planejamento: introdução à metodologia do planejamento social. São Paulo: Moraes, 1991. BARROS, José Deomar de Souza; SILVA, Maria de Fátima Pereira da. Educação para a Sustentabilidade Ambiental e Social em Cachoeira dos Índios – PB. Revista Brasileira de Gestão Ambiental, Mossoró, v.3, n.1, jan a dez 2009, p. 38-44. BERQUE, A. Paisagem-marca, paisagem-matriz: elementos da problemática para uma geografia cultural. In: CORRÊA R.L. e ROSENDAHL, Z. (Orgs.). 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